1) O Partido Ecologista Os Verdes tentou obter mais informações sobre um plano de intervenção na via navegável do rio Douro exigido em 2010 pelo IPTM para minimizar os riscos da barragem do Tua, mas só conseguiu confirmação da existência do plano.
2) O plano é da responsabilidade da EDP e tem como objetivo aprofundar e alargar o canal entre a foz do Tua e a barragem da Valeira.
3) Manuela Cunha critica a falta de detalhes sobre o plano como prazos,
Plano de intervenção na via navegável do Douro vai ser executado pela EDP
1. 30 | LOCAL | PÚBLICO, QUA 18 JUL 2012
ADRIANO MIRANDA
Plano de intervenção
na via navegável
do Douro vai ser
executado pela EDP
BLICO tentou obter esclarecimentos
Barragem do Tua por parte do IPTM mas, até à hora
Luciano Santos de fecho, a sua Delegação do Norte
e Douro não esclareceu as dúvidas
Os Verdes tentaram, sem colocadas.
O PEV foi informado que terá de
sucesso, perceber se há um
pedir ao ministério para consultar
prazo para execução da o plano. Manuela Cunha avança
obra no Douro, exigida pelo que o requerimento para chegar ao
IPTM em 2010 mesmo será entregue hoje mesmo.
O partido continuará a procurar es-
A EDP — Energias de Portugal é a clarecimentos sobre o assunto no dia
entidade responsável pelo plano de 26 de Julho, data em que é recebido
intervenção na foz do Tua e da via pelo secretário de Estado da Energia,
navegável do Douro, que visa mini- Artur Trindade. A dirigente do PEV
mizar os riscos que a construção da relembrou que o partido tem vindo a
barragem naquele afluente poderá questionar o processo na Assembleia
ter na navegabilidade do rio. A infor- da República desde 2009, sem nunca Numa altura em que há muitos turistas na cidade, cresce o protesto contra a vedação
mação foi avançada pela dirigente do obter respostas concretas.
Partido Ecologista Os Verdes (PEV)
Manuela Cunha, no seguimento da
reunião que decorreu ontem entre
Em Abril, Joaquim Gonçalves
afirmou que o IPTM tinha previsto
o alargamento e aprofundamento do
Canal da ria continua
o partido e a Delegação do Norte e
Douro do Instituto Portuário e dos
Transportes Marítimos (IPTM).
canal navegável ao longo de mais de
seis quilómetros entre a foz do Tua e
a barragem da Valeira. O plano que,
vedado por causa de obra
Manuela Cunha disse ao PÚBLICO
ter-lhe sido confirmada, pelo director
da Delegação do Norte e Douro do
à data, disse existir, teria previsto o
aprofundamento daquele troço dos
2,5 metros até aos 4,2 metros e a du-
que não avança
IPTM, Joaquim Gonçalves, a “exis- plicação da largura, dos 20 para os
tência de um plano de intervenção, 40 metros, numa operação que pre-
da responsabilidade da EDP e acom- via o investimento de 25,5 milhões os cidadãos e os seus agentes eco- vimento cívico, no apelo público.
panhado pelo IPTM”, mas salientou de euros. Aveiro nómicos, sobretudo os da área do A questão também já dominou
que é a única coisa que se sabe do Vem já de 2010 o aviso quanto aos Maria José Santana turismo, pelo que, numa altura de uma das últimas reuniões da assem-
mesmo, uma vez que nem na reunião riscos da obra da EDP para a nave- crise, deveriam ser feitos todos os bleia municipal, onde se ouviram
teve acesso ao plano. Para a dirigente gabilidade do Douro. Num parecer Câmara não sabe se vai esforços no sentido de potenciar vários pedidos para que a estrutura
do PEV, esta foi uma “meia resposta” relativo ao estudo do impacto am- e valorizar os recursos existentes metálica seja retirada. “Enquanto
conseguir entregar a obra
às questões colocadas pelo partido biental da barragem, o próprio IPTM (a ria), eliminando todas as ‘bar- não constrói, mande tirar o taipal”,
quanto ao facto de a construção da alertou para a necessidade de serem de nova ponte a outro reiras’ que os possam penalizar”, solicitou o deputado socialista Nuno
barragem do Tua afectar a navegabi- realizadas obras no canal. Só assim, empreiteiro, e recusa escrevem os dinamizadores do mo- Marques Pereira ao líder do execu-
lidade do Douro. argumentava, se poderá minimizar retirar taipais tivo camarário, Élio Maia. Na oca-
“Não sabemos em que consiste o o efeito que o caudal turbulento que sião, o autarca mostrou-se disponí-
plano, quando arranca, quando foi
exigido, nem quem o vai pagar. Só
será projectado da barragem do Tua
pode ter no Douro, numa das zonas
Quem visita Aveiro e os próprios
habitantes da cidade continuam
Ponte polémica vel para desmontar a estrutura, mas
apenas quando a edilidade tiver a
que existe e que, segundo Joaquim em que o canal de navegação é mais privados de usufruir em pleno da certeza que a obra não avança efec-
D
Gonçalves, as intervenções serão fei- estreito, o que já agora dificulta o trá- paisagem que a torna única: os ca- esde o seu início, o tivamente.
tas à medida da necessidade. O PÚ- fego fluvial. nais da ria. Tudo porque uma par- projecto de construção Nesta altura, e segundo infor-
PAULO RICCA
te considerável do Canal Central se da nova ponte sobre o mou o presidente da câmara, está
encontrada cercada de taipais me- Canal Central tem sido em avaliação a cedência da posição
tálicos, instalados há meses e por marcado pela controvérsia contratual a uma outra empresa, de-
força de uma obra que, afinal, não e contestação, dividindo pois de, em Abril, o empreiteiro que
irá avançar — a nova ponte pedonal, a câmara e uma parte da ganhou o concurso ter desistido da
que ligaria o Rossio ao Alboi. Pelo população. A maioria PSD- obra — terá exigido mais 400 mil eu-
menos para já. Têm sido muitos os CDS/PP foi confrontada com ros, alegando atraso no início da em-
apelos para que a vedação seja des- várias acções de protesto, preitada, e a câmara não aceitou.
montada, especialmente nesta épo- abaixo-assinados e apelos Desconhece-se, assim, qual pode-
ca propícia ao incremento de turis- cívicos, mas recusou sempre rá vir a ser o desfecho deste impasse
tas na cidade, mas, apesar disso, os recuar nos seus propósitos de que já dura há meses, bem como o
taipais continuam a fazer parte das edificar uma nova travessia prazo previsto para a autarquia para
fotografias que muitos vão tirando na ria. Cidadãos unidos no proceder à retirada da vedação que,
ao ex libris da cidade da ria. movimento cívico Por Aveiro segundo o PÚBLICO constatou, tam-
O movimento cívico Por Aveiro, contestam a localização e os bém suscita desagrado nos turistas.
que tem lutado contra a constru- custos da ponte, numa época “Até se compreenderia se houvesse
ção da polémica ponte sobre o Ca- de crise. Mas só a inesperada uma obra em curso, mas se não há a
nal Central (ver caixa), já lançou um desistência do empreiteiro paisagem deveria estar livre”, notou
apelo público a defender a remoção parece ter travado o avanço da Paula Silva, uma visitante da cidade,
imediata do estaleiro no Rossio. “A obra orçada em cerca de 600 oriunda de Lisboa, depois de saber
presença (inútil) do estaleiro pena- mil euros. que a vedação se destinava a uma
Caudal da barragem do Tua pode afectar navegação no rio Douro liza de forma significativa a cidade, obra que não chegou a avançar.