Uma Narrativa de Lucélia-SP: o Avanço do Capital no Oeste do Estado de São Pa...
Uma narrativa de Lucélia: o avanço do capital pelo Oeste do estado de São Paulo e a questão da terra
1. Uma narrativa de Lucélia-SP: o avanço do capital pelo Oeste do Estado
de São Paulo e a questão terra
Aline Yuri Hasegawa
Aline.hasegawa@gmail.com
PPGS/UFSCar
Profa. Dra. Maria Aparecida de Moraes Silva
DEFINIÇÃO DO OBJETO E OBJETIVOS GERAIS
O objetivo geral desta pesquisa foi analisar de que maneira os avanços do
capital pelo Oeste do Estado de São Paulo impactam, especificamente, os
pequenos proprietários rurais nikkei. Inicialmente, a colonização desta que foi
uma das últimas fronteiras agrícolas paulista representou o genocídio de
populações indígenas, nativos destas terras. Como pode ser visualizado pela
imagem ao lado, os terrenos outrora ocupados por estas organizações sociais
estão representados como terrenos despovoados, maneira de se referir a um
território com devir especulativo que precisou ser “limpado” para poder ser
colonizado. Bem sucedido esse processo de matança e aniquilamento,
chegam os imigrantes japoneses e europeus espoliados de suas regiões de
origem: são povos “civilizados” que substituem o “trabalhador nacional” na
cafeicultura e no nascente processo de urbanização. Por fim, novamente,
este mesmo território assiste às investidas do capital e se torna palco do
avanço da agroindústria canavieira, aniquilando modos de vida rurais
historicamente constituídos.
METODOLOGIA
Esta pesquisa foi orientada pela preocupação de
articular uma metodologia que teve como objetivo
principal fazer um cruzamento entre vários níveis da
análise sociológica: desde as estratégias dos sujeitos
envolvidos nos processos sociais, de que maneira eles
articulam e elaboram suas memórias e projetos a fim de
fazerem frente à contingência do cotidiano; até a análise
das formas mais amplas da reprodução do capital pelo
território. Articulamos, assim, a memória à terra,
refletindo profundamente em que bases se assenta o
modo de vida rural e propomos a narrativa cartográfica
como o resultado desse cruzamento. Desse modo,
precisamente na fusão da cartografia e da história oral,
sintetizamos o que nomeamos por narrativa cartográfica.
Pelo encontro dessas duas maneiras de abordar o real
foi possível sintetizar um período relativamente longo de
tempo. De certa maneira, confiamos que elas facilitam e
potencializam a compreensão e visualização da questão
perseguida nesta pesquisa. São, portanto, uma maneira
que se pretende eficaz para apresentar espacialmente
as maneiras pelas quais o capital se expande sobre
territórios ocupados pela lógica da economia natural ou
camponesa.
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