Resgatando a história do maior clube de natação de Curitiba
1. Do Quintal
R$ 1,50 Curitiba, dezembro de 2010 - Ano I - Número 3
Um jornal a serviço dos moradores da região do Pilarzinho, Mercês, Vista Alegre, Abranches e São Lourenço
GOLFINHO Há 35 anos, um
grupo de famílias
curitibanas criava
a primeira escola
exclusiva de natação
De escola de
do País, no Pilarzinho,
o Clube do Golfinho.
Em pouco tempo ele
se tornou referência
campeões...
no Paraná e nos anos
1980 seria uma das
grandes forças da
natação nacional
» Um livro para
ser lido e relido
Chain lança o “Sem Família”,
clássico francês que emocionou
gerações e que agora ressurge com
ilustrações do mestre Poty Lazza-
rotto. Pág. 5
...a criadouro » Gestação
de mosquitos
na bicicleta
Curitibana conta sua experiên-
cia de pedalar na Inglaterra até as
vésperas do parto. Pág. 4
Em 2003, o clube foi
leiloado, fechado, e
até hoje ainda está
abandonado. As piscinas
onde se criaram
tantos campeões, e
eram orgulho para os
moradores vizinhos,
hoje criam mosquitos e
são um pesadelo para
a vizinhança. Mas, um
movimento formado por
moradores e ex-atletas
luta para que o Golfinho
seja resgatado e volte a
ser uma referência no » Uma doença
esporte. Nas Páginas 8, nas escolas
9, 10, 11 e 13 conheça a O “bullying” é uma prática que
história deste clube e a cresce e pode causar danos irrepa-
luta para reerguê-lo. ráveis aos jovens. Pág. 7
» Aprendendo a
cuidar dos idosos
Cuidador de idosos e uma pro-
fissão em alta. Cursos nas Mercês
formam esses profissionais. Pág. 6
2. Curitiba, 25 de agosto a 25 de setembro de 2010
»2 Do Quintal
CARTA AO LEITOR
Um bom
exemplo Levando a
para 2011
O Do Quintal chega ao seu final do seu
vida no verso
primeiro ano de existência, feliz por
ter podido manter os princípios a
Aos 83 anos, dona Nair mostra como é possível
que se propôs na primeira edição: usar a palavra para se manter sempre jovem
o de fazer jornalismo para a região
que abrange. Resgatando histórias,
incentivando a leitura nas escolas
e defendendo as causas locais,
nós pretendemos contribuir para
fazer o nosso quintal cada vez mais
agradável para se viver.
Para essa edição, por exemplo,
conversamos com uma das maiores
especialistas em bullying do País,
a médica Ana Beatriz Barbosa, que
falou desse mal que assola as escolas
e que pode ser feito para controlá-lo.
Divulgamos a homenagem feita a um
dos precursores do ambientalismo
e do montanhismo no Brasil, o
professor Erwin Groger. Contamos
a história da curitibana que pedalou
por ruas inglesas até às vésperas de
dar à luz a seu primeiro filho. Dona Nair, na foto da contra-capa
Divulgamos também, o lançamento do de seu primeiro livro publicado.
Fim de Lágrimas foi publicado
Sem Família, um livro que marcou há dois anos.
gerações e que agora ressurge, pela
Editora e Livraria do Chain, com o
P
requinte de trazer as ilustrações do or que ficar triste se há tanta coisa alegre por aí ? em que, em versos singelos, ela passa uma suave men-
mestre curitibano Poty Lazzarotto. A aparente simplicidade da frase de dona Nair sagem de esperança e de paz.
de Araújo mostra bem como esta mulher de 83 Mas, mesmo antes da primeira publicação, boa par-
E, finalmente, contamos a história do
anos encara a vida. Professora por 45 anos e poetisa te do trabalho de Nair já havia chegado a pessoas de
maior clube exclusivo de natação desde criança, ela transmite sua alegria de viver nos várias partes do Brasil e do exterior. Em abril de 2006,
que o Brasil já teve, o Golfinho. poemas e crônicas já bem conhecidos do seu círculo por exemplo, ela participou do 9º Encontro da 3ª Ida-
Criado no Pilarzinho, por um grupo de amizades, que cultiva no Sesc Água Verde, ponto de de do Mercosul. Ganhou o troféu do primeiro lugar na
de famílias curitibanas, ele hoje encontro de muitos anos. expressão artística, por declamar uma poesia, e uma
está abandonado. Por isso, estamos Dona Nair não tem como hábito ficar recordando o medalha pelo trabalho ser de sua autoria.
apoiando o movimento que busca que já viveu. Para ela, o mais importante é o que vive Acidente
resgatá-lo, não só para a comunidade atualmente e o que ainda virá. Esse despojamento em Em 10 de junho último, dona Nair sofreu um aci-
próxima, mas pela importância de relação ao passado talvez seja um dos motivos pelos dente doméstico, caiu e fraturou o fêmur. Mas isso não
se preservar uma história exemplar. quais diz nunca ser vítima do estresse ou da depressão. a abateu. Tão logo saiu da UTI após a cirurgia, pediu
Perfeita para um país que se prepara E essa postura de satisfação em relação ao mundo tem uma caneta preta e papel, pois tinha que escrever sua
para sediar sua primeira Olimpíada. – segundo ela – ligação direta com o uso que faz da lin- crônica semanal. Não quis abrir mão do ritual que re-
guagem. “É pelo dom da palavra que consigo este meio aliza há quatro anos. É que todas as quartas-feiras à
Por isso, desejamos uma ótima leitura e de vida”, explica. tarde acontece o baile da terceira idade no Sesc. E os
que na próxima edição, em fevereiro O contato com as primeiras letras e outras ativi- participantes já se acostumaram com as mensagens
de 2011, tenhamos outras boas dades artísticas remonta de sua infância. Nascida em deixadas em cada uma das mesas do salão pela poetisa.
notícias para contar. Morretes quando sua família se preparava para mudar Mesmo ainda sem poder andar sem ajuda, ela faz ques-
para Curitiba, enquanto fazia sua formação estudantil, tão de ser levada semanalmente para rever os amigos
primeiro no Instituto de Educação e depois na Facul- do Sesc.
dade de Filosofia Irmãos Maristas, Nair já exercitava
seus dotes artísticos. Chegou a ser locutora da Rádio » Sem pressa
Santa Felicidade – depois transformada em Rádio Ma- Quem geralmente a acompanha é a filha Deborah,
rumby - , onde apresentava o programa Chá das Cinco. também professora e escritora de textos didáticos in-
Também aprendeu violino. fantis, além de consultora educacional. Seu outro filho
EXPEDIENTE Do Quintal A habilidade no uso da linguagem ela também usa-
va para ajudar amigas em assuntos do coração. Sua
é Daniel, que optou pela carreira de assistente social.
Daniel era também o nome de seu marido, falecido em
Propriedade da Editora ETC e Tãao – CNPJ: 12.339.920/0001-18 fama de artesã das palavras fazia com que suas colegas 1993. Deborah deu-lhe há 12 anos o primeiro neto,
a procurassem sempre que tivessem algum problema Ramon, que também tem afinidade com a palavra es-
Jornalista Responsável: Ângela Ribeiro DRT 1574
afetivo. Seus poemas (assinados pelas colegas, claro) crita e gosta de fazer poesias, “mas poesias que rimem
Diretor de Redação: Douglas de Souza Fernandes faziam tanto sucesso que logo passou a ser chamada de – faz questão de explicar.
Projeto gráfico e diagramação: Eduardo Picanço Aguida “Santo Antônio” devido aos reatamentos de namoros Em casa, envolta pelo carinho dos filhos e do neto,
e Paulo Augusto Krüger de Almeida. que conseguia. dona Nair lapida sem pressa os termos de suas novas
Fotografia: Marco André Lima (marcolimaphotos@yahoo.com). obras. Essa vitória sobre a ansiedade , explica, é um
Endereço: Rua Professor Ignácio Alves de Souza Filho, 343, » Livro dos aprendizados trazidos pela maturidade. “Hoje eu
Pilarzinho, CEP 82110-450. Apesar de uma abundante e ininterrupta produção entendo e aceito o nosso passar. E também passei a en-
Telefones: 3527-0501 e 8875-3197. de textos – “tenho vários cadernos repletos de poesia”-, tender as diferenças”, conta. Sobre suas esperanças, diz
E-mails: jornalismo@doquintal.com.br, contato@doquintal.com.br, ela só publicou seu primeiro livro em 2008. Fim de Lá- que é a de “viver para continuar observando as coisas”.
comercial@doquintal.com.br. Site: www.doquintal.com.br grimas, pela DPB Editora, traz uma coletânea poética (DSF)
Impressão: Editora O Estado do Paraná
3. Curitiba, dezembro de 2010
Do Quintal »3
Vendaval, estragos e alívio Preservando a história
A Associação dos Moradores e Amigos
O temporal que atingiu parte de Curitiba no final da tarde do dia 9 de novembro causou muitos
do Abranches (Amada) deu um passo
estragos no Colégio Bento Munhoz, no Pilarzinho. Boa parte do pavilhão superior da escola foi
importante no final de novembro no sentido
destelhada (foto), assim como parte do Laboratório de Informática e da residência do caseiro
de preservar a história do bairro. Ela lançou
da escola. O forte vento também provocou a queda de uma árvore que caiu sobre o portão
uma publicação que reúne trabalhos
de entrada do colégio. Apesar dos estragos, a comunidade escolar respirou aliviada após o
de estudantes de colégios locais sobre
vendaval, pois ninguém ficou ferido. As aulas nas salas atingidas, onde estudam cerca de 500
o passado do Abranches. Participaram
alunos de 5ª a 8ª séries, haviam terminado cerca de 10 minutos antes, e por isso não havia
alunos dos colégios estaduais Sebastião
nenhum estudante ou professor no local na hora do incidente.
Saporski e Santa Gemma Galgani; e do Vicentino São José, que
entrevistaram antigos moradores que contaram como era o bairro nas
Reposição de aulas décadas passadas. Sob o título “III Congresso Literário Viajando pelo
passado, vivendo o presente e sonhando com o futuro” o livreto (foto)
,
Os estragos na estrutura do Bento Munhoz obrigaram a diretora do Colégio, Rosângela Bezerra de
traz também o histórico de instituições locais, como a Sociedade
Melo, a suspender as aulas por uma semana. Nesse período, a equipe técnica da Secretaria de
Abranches e a Paróquia Sant`Ana, e a história do desenvolvimento da
Estado da Educação (Seed) avaliou a situação e iniciou a reconstrução dos telhados atingidos.
educação no bairro.
O trabalho vem sendo prejudicado pelas chuvas e ainda não há previsão de término. Enquanto
isso, explica o diretor adjunto do Bento, Adriano Rosa Martins, explica que os alunos das
salas atingidas estão tendo aulas em outros locais do colégio, como os laboratórios. Para não
atrasar o final do ano letivo, programado para 22 de dezembro, estão sendo realizadas aulas de
reposição aos sábados.
Aniversário musical
Vasquinho
A tempestade de novembro deixou cerca
de 220 mil famílias sem energia elétrica em
Curitiba e Região Metropolitana, além de
derrubar árvores em vários pontos e causar
estragos em residências, mas sem registro
de mortos ou feridos. No Pilarzinho, além
do Colégio Bento, também o Estádio do
Vasquinho, o Erondi Silvério, na Rua Raposo
Tavares, 808, sofreu com a força dos ventos. No dia 10 de outubro, Romário Luis Palhares recebeu amigos do bairro
Placas de propaganda e parte do muro foram e colegas da Receita Federal com quem trabalhou, para comemorar
derrubados. Felizmente também, os prejuízos seu aniversário em grande estilo. Acompanhado pela esposa, Amélia
foram apenas materiais. Rodrigues, ele recepcionou os convidados na Associação dos
Magistrados, no Pilarzinho, para um almoço regado à boa música. No
palco revezaram-se a dupla jovem sertaneja Marco Aurélio e Ricardo,
Abandonados e o grupo musical Zezinho e Natal, com seu requintado repertório
Conscientizar a população para que não abandone cães e gatos pelas ruas e realizar ações para de MPB e samba. Na foto, Romário (à esquerda) no momento do
minimizar o sofrimento dos animais abandonados é o trabalho que vem sendo realizado pelas “parabéns a você” .
moradoras do Pilarzinho Maria Helena Paschoal e Marlene Nunes da Silva. Elas coordenam uma
das comissões do projeto de Desenvolvimento Local no bairro, desenvolvido pelo Sesc/Fiep.
Entre as ações, constam o resgate de animais maltratados, o cuidado deles e uma campanha
de castramento dos animais. Até o momento, elas estão atuando com recursos próprios,
mas buscam o apoio de clínicas veterinárias e pet shops e dos próprios moradores para que CLICK SEU BAIRRO
o trabalho consiga maiores resultados. Quem quiser contribuir de alguma forma, entre em
contato pelos telefones 3338-1141 ou 9837-0000.
Ações pelo bairro
No último sábado de novembro, o pessoal do Sesi/Fiep realizou uma reunião com representantes
dos moradores do Pilarzinho, onde estes apresentaram o que já vem sendo realizado pelo
bairro e a agenda para os próximos seis meses. Além da questão dos animais abandonados,
outras quatro ações foram apresentadas. Uma delas pela comissão de segurança, que informou
que o questionário sobre a ocorrências de crimes no bairro (cujos detalhes foram publicados
na última edição do Do Doquintal) já foi entregue ao comandante do POliciamengo (??). O ccc
agradeceu a colagoração e informou que as informações ajudaram a polícia elaboração das
próximas ações voltadas para a região.
Idosos e Golfinho
Outras ações apresentadas foram o trabalho que já vem sendo realizado pela professora
SôniaBrush na alfabetização de idosos. Além do trabalho voluntário de ensinar as primeiras
letras ao grupo de idosos que atende duas vezes por semana, ela ainda coordena todo mês um
passeio com eles. Tudo sem ajuda oficial. Quem quiser contribuir de alguma forma, ligue para o
número 3313-5644.
E o da comissão para revitalização do Clube do Golfinho, do que trata a reportagem especial nesta
edição do Do Quintal.
Faltaram dois Um fim de tarde nas Mercês, captado pelas lentes do fotógrafo
André Rodrigues.
Na matéria da última edição, sobre a história do trabalho de João Gava Neto na pedreira do avô, foi
citado que ele tem duas filhas, Sônia e Guiomar. Na verdade são quatro. Faltaram Silmara, que Você também tem uma imagem interessante sobre a região em
mora no Juvevê, e Hamilton, morador de Campo Largo. que mora, envie para nós. O Do Quintal reserva este espaço
para o leitores que querem mostrar como vêem o seu bairro.
Trocando as bolas É só enviar sua foto para o e-mail marco@marcolima
photography.com. Para que possamos publicá-la, envie
Já na página 14 da primeira edição, um nome foi trocado na escalação do Operário Pilarzinho
informações sobre a foto, o nome do autor, endereço e
da década de 70. Saiu Euclides, mas quem está na foto é Eurides Franco, um dos zagueiros.
quando foi tirada.
Euclides Tomio também jogava como zagueiro, mas também atuou como goleiro. Na época,
devido aos longos cabelos louros que usava, era chamado pelos amigos de Vanusa.
4. Curitiba, dezembro de 2010
»4 Do Quintal
Luis Claudio Patrício
BICICLETA lcpatricio@gmail.com
Grávida, mas sem parar de pedalar
Curitibana conta como foi pedalar na Inglaterra durante sua gravidez
A
curitibana Vanessa Strey ganhou sua primeira bicicleta
quando tinha 6 anos e desde então não parou de peda-
lar. Mesmo quando foi morar na Inglaterra, em 2008,
com o marido também apaixonado por bicicleta, o pro-
fessor doutor em administração Rene Eugenio Seifert Junior. Forma-
da em turismo, aos 29 anos ela e Rene mudaram-se para trabalhar em
Birminghan, segunda maior cidade do país, forte centro comercial, e
famosa por ter dado à luz grupos de rock como Duran Duran, Black
Sabbath e Judas Priest. Foi lá também que ela deu à luz a seu primeiro
filho, Oliver, no último dia 17 de maio.
E até duas semanas antes do parto, Vanessa continuou pedalando.
Foi nessa época em que ela nos falou sobre sua experiência até então.
Depois, já com o filho nos braços, o casal voltou a morar em Curiti-
ba, e completou a história, que mostra que o uso da bicicleta, desde
que observando certos cuidados, é algo seguro em qualquer momento Vanessa, com Oliver na barriga,
da vida – claro, desde que em locais em que se respeita esse meio de numa rua de Birminghan: lá,
transporte. motoristas respeitam ciclistas.
À espera de Oliver
“
Quando descobri que estava grávi o que ela achava, ela falou que como a gravidez
da um dos primeiros pensamentos
que me veio a mente foi : Será que vou ter que
transcorria sem problemas, eu poderia continu-
ar pedalando até quando me sentisse confortá-
Mais um ciclista no mundo
abandonar minha bike??” Conversei com al- vel e segura na bicicleta. E completou: Pode ir
guns amigos e eles diziam que era perigoso e até o final! Até quantos dias antes
isso me deixou receosa. Mas como para che- Às vezes fico imaginando o que eu teria fei- do parto você pedalou?
gar ao meu trabalho demorava em média ape- to se tivesse passado minha gravidez em Curiti-
nas 15 minutos pedalando, resolvi continuar, ba. Acho que é diferente. Na Inglaterra, apesar Vanessa - Pedalei até 37ª semana de gestação. Como o Oliver nas-
tendo cuidado redobrado com os buracos e o de ser conhecida como um dos piores países da ceu uma semana antes da data prevista, pedalamos até duas semanas
trânsito e indo mais devagar. Após passar pe- Europa para ciclistas - com poucas ciclofaixas, antes do seu nascimento, porém fazia trajetos mais curtos.
los meses mais frágeis da gravidez, os três pri- poucos lugares para estacionar etc.-, os moto-
meiros, percebi que não era impossível. Foi aí ristas têm muito mais respeito pelo ciclista do Como foi o seu parto? Você acha
então que decidi continuar enquanto me sen- que no Brasil. Isso dá mais confiança e seguran- que o fato de pedalar durante a
tisse segura e confortável. Parei de pedalar ça quando você compartilha o trânsito com os
entre novembro e dezembro, quando o inver- carros. gravidez teve alguma influência?
no chegou. No final de janeiro, quando estava Em Curitiba, o trânsito é bem mais violen- V - O parto aconteceu dentro da água. O Oliver nasceu na 39ª
com 23 semanas de gravidez, comecei de novo to, logo acho que eu não me sentiria segura an- semana de gestação, talvez porque como a mãe dele não parava de
e desde então ainda não parei. Hoje estou com dando em ruas movimentadas. Espero que isso pedalar ele também queria movimentar as perninhas... Além de pe-
37 semanas de gestação e continuo pedalando! mude! Mas, pensando bem, há em muitas cida- dalar eu também nadei até a 37ª semana. Desde o começo não parei
O meu marido não vê problema nenhum des brasileiras, inclusive Curitiba, ruas alterna- de me exercitar, apenas diminuí o ritmo. E acho que os exercícios in-
em pedalar durante a gravidez. Ele sempre deu tivas em que também é seguro usar a bicicleta. fluenciaram sim sobre o trabalho de parto. Tudo ocorreu muito bem,
muito apoio. Acho sim que isso influenciou na Eu e meu marido estamos voltando pro Bra- normal e controlado. E o parto foi rápido por ser meu primeiro filho,
minha decisão em continuar pedalando até sil em alguns meses, e caso eu fique grávida de cerca de 8 horas desde a primeira contração. Não foi preciso nenhuma
agora. Ele me acompanhou durante quase to-
dos os dias nas últimas semanas, o que também
me deu mais confiança, pois sabia que tinha al-
guém comigo se algo acontecesse.
fiz aqui.
“
novo, penso seriamente em fazer o mesmo que
Já com o pequeno Oliver com 5 meses, per-
guntamos a Vanessa como foi sua experiência
intervenção médica.
Como foi a sua recuperação pós-parto? Quanto
tempo levou para voltar ao peso normal e
Quando perguntei à minha parteira sobre pouco antes e depois do parto.
retomar as atividades?
V - A recuperação após o parto foi super tranqüila. No outro dia
já estava ajudando meu marido com algumas coisas da casa porque
receberíamos visita. Com cinco dias de vida o pequeno Oliver estava
fazendo seu primeiro piquenique no parque. Eu já estava bem disposta
e meu peso voltou ao normal depois de mais ou menos dois meses, mas
acho que isso também foi conseqüência da amamentação.
Como está a saúde e o
desenvolvimento do seu filho?
V - Como só se alimenta de leite materno, Oliver está se desenvol-
vendo muito bem. Ele ainda não teve nenhuma doença ou mesmo uma
gripe. É um bebê forte e saudável. Está agora com cinco meses e meio e
agora estamos começando devagar com frutas. Ainda não andamos de
bicicleta com ele, mas assim que ele começar a sentar vamos dar nosso
primeiro passeio. Estamos ansiosos por esse momento e a cadeirinha
já está a postos.
Vanessa com o marido, Rene, e Oliver
em um de seus primeiros piqueniques.
5. Curitiba, dezembro de 2010
»5
Do Quintal
LIVRO SEM FAMÍLIA
Um livro inesquecível
Lançamento da Livraria do Chain é um
convite a uma viagem fascinante Foi o primeiro
de Sartre...
Jean-Paul Sartre, um dos escritores franceses
e filósofos mais importantes do século
XX , conta em um dos seus livros, As
Palavras (de 1964, mesmo ano em que ele
se recusou a receber o Prêmio Nobel de
Literatura), que aprendeu a ler com o livro
Sem Família. Cercado pelos livros do avô,
muito cedo ele mostrou que já era hora da
família ensinar-lhe o alfabeto. E foi precoce
também no aprender: “Fui zeloso como
um catecúmeno: ia a ponto de dar a mim
Pela primeira
vez, o livro mesmo aulas particulares: eu montava na
tem a capa e minha cama de armar com o Sem Família
as ilustrações de Hector Malot, que conhecia de cor e,
internas em parte recitando, em parte decifrando,
assinadas
percorri-lhe todas as páginas, uma após
por Poty
Lazzarotto. outra: quando a última foi virada, eu sabia
Aramis Chain: a edição do livro é um sonho realizado. ler. (...)
» ...e continua emocionado
Sem família, do francês Hector Malot, é um clássico crueldade humana, é vítima de preconceitos, passa “O livro apresenta quase uma catarse dos
que há mais de um século comove de crianças a adultos. fome, é explorado por ladrões. Amadurece precocemen- mais temíveis sentimentos humanos:
Poty Lazzarotto é um artista curitibano consagrado aqui te, mas sem abrir mão de sua dignidade. E da ternura. o abandono; a solidão; a rejeição.
e no exterior. Virgínia Lefevre é uma das mais conceitu- E tudo isso é narrado pelo próprio garoto, numa lin- Sentimentos que o protagonista Renato tira
guagem fluente e cativante. de letra. Em sua caminhada, conhece muita
adas tradutoras do país. Junte os três e você terá o mais
Embora escrito há 132 anos, Sem Família continua gente perversa, mas também pessoas
novo lançamento da Livraria e Editora do Chain.
extremamente atual. Ao mesmo tempo em que de- sensíveis e íntegras, como a mãe adotiva
Para Aramis Chain, dono da tradicional livraria
Maria Barbarino e o velho artista Vitalis,
curitibana, publicar Sem Família foi a realização de nuncia a exploração e maus tratos aos quais as crian-
que o ajudam a moldar sua personalidade
um sonho. Ele conta que leu o romance pela primeira ças eram submetidas então (e que infelizmente ainda
e atravessar as dificuldades sem se deixar
vez há mais de 40 anos, e que o livro de Malot mudou atinge milhões de crianças no mundo), Malot fala de
corromper.
sua vida. Desde então o relê de tempos em tempos e a sentimentos universais e atemporais.
cada leitura ainda se emociona. Daí a satisfação ao por Tanto que já foi traduzido praticamente em todo Renato tem um sonho que motiva toda a
no mercado, em outubro, a edição de sua lavra. Ainda o mundo e continua fascinando quem o descobre ou sua caminhada: quer encontrar seus pais
mais com o requinte de ter na capa e nas ilustrações in- quem volta a viajar nele. “Posso assegurar que após ler verdadeiros. E o autor, usando a voz do
ternas a assinatura do mestre e amigo Poty Lazzarotto, o livro, a pessoa não será mais a mesma”, garante Chain, próprio menino, conduz a trama de forma
falecido em 1998. com a autoridade de quem teve essa experiência há mais cativante, que nos faz não querer mais
O livro conta a história de Renato, um menino que de quatro décadas e nunca mais a esqueceu. (DSF) parar de ler. Numa linguagem simples, no
aos 8 anos descobre que a mulher carinhosa que cui- sentido mais positivo do termo, a leitura
da dele não é sua mãe. Não bastasse esse drama, ele é » SERVIÇO flui e nos arrasta com ela. Buscamos o
vendido pelo pai adotivo para Vitalis, um velho cantor Livro: Sem Família (Sans Famile) desfecho dos acontecimentos, mas, ao
ambulante. É junto com esse artista e com os demais Lançamento: Outubro/2010 mesmo tempo, não queremos terminá-lo.
membros da simpática trupe, três cachorrinhos e o ma- Autor: Hector Malot Ficamos tão envolvidos com a história,
caco Boa Vida, que começa a sua comovente e atribu- Tradução : Virgínia Lefevre que quase fazemos parte do livro, e nos
lada jornada pela França e Inglaterra em busca de seus Editora: Chain pegamos, em outras atividades cotidianas,
verdadeiros pais. Páginas : 272 pensando no que foi lido, como se
Nesse trajeto, passa por situações felizes e engra- Ilustrações: Poty Lazzarotto pudéssemos, de alguma forma, resolver
çadas, mas também se depara com exemplos duros da Preço: R$ 29,00 o problema, ajudar o personagem ou,
simplesmente, dar conselhos a ele.
» InfELIzmEntE AtUAL É um livro, em suma, que recomendo para
Escrito há mais de um século, o livro é tristemente atual. Ele é reiteradamente citado até hoje em teses acadê- todas as idades, para todos os gostos, e,
micas e estudos sobre a exploração infantil no Brasil. Outra atualidade surpreendente é quando narra o acidente principalmente, para todos os corações.
em uma mina no interior da França, em que os mineiros ficam presos semanas a fio à espera do socorro. Idêntico
(Donália Mayra Jakimiu Fernandes,
ao que aconteceu este ano na cidade chilena de Capiapó, quando o mundo todo acompanhou o drama que se estudante do curso de letras da UFPR.)
arrastou de 5 de agosto a 12 de outubro. A diferença é que no caso do Chile acompanhamos quase que só o que
acontecia na superfície, e na obra de Malot ficamos sabendo o que acontecia lá embaixo. De forma realista e co-
movente. (DSF)
EM CASA E COM DESCONTO PROMOÇÃO DO
QUINTAL/LIVRARIA DO CHAIN
Na promoção de fim de ano Livraria do Chain/Do Quintal, o livro Sem Família será entregue em
seu endereço (com frete grátis) e ainda com desconto de R$ 2,00 por volume (preço final: R$ 27,00).
A apresentação deste cupom na Livraria do
O pagamento é feito no ato da entrega ou com cheque para 30 dias. Chain (Rua General Carneiro, 441, ao lado da
Faça o seu pedido pelos telefones (041) 3527-0501 e (041) 9852-3071 ou pelo e-mail doquintal@yahoo.com.br Reitoria da Federal) garante desconto de
Entrega em até 48 horas para qualquer região de Curitiba. R$ 2,00 na compra do livro Sem Família.
6. Curitiba, dezembro de 2010
»6
Do Quintal
IDOSO
Cuidar de idoso Guido oferece
curto gratuito
se aprende na escola
Interessado em oferecer mais
uma opção de curso numa área
técnica, garantindo à comunidade
mais oportunidades no mercado
de trabalho, o Colégio Estadual
Guido Straube decidiu ofertar o
Cursos preparam profissionais curso gratuito de Cuidados com
a Pessoa Idosa. O curso técnico –
para a delicada missão de profissionalizante tem a duração
de um ano e meio e vai formar sua
atender aos mais velhos primeira turma em julho de 2011.
Além desse curso, o colégio Guido
tativa de vida dos idosos, e a bus- Straube oferta os cursos de Secreta-
O
Ângela Ribeiro
processo de envelhe- ca da manutenção da qualidade riado, com duração de dois semes-
cimento da população de vida, que exige um enfoque no tres e Agentes Comunitário de Saú-
brasileira e o aumento atendimento para essa faixa etária. de, com duração de três semestres.
da expectativa de vida de nossos Também é cada vez maior o núme- Segundo a coordenadora do
idosos tem exigido a capacitação ro de profissionais de enfermagem curso, Claudete dos Santos Ra-
de profissionais para garantir in- interessados em se especializar no mos, a idéia de oferecer o curso de
dependência e qualidade de vida a atendimento aos mais velhos, ou Cuidados com a Pessoa Idosa veio
essa faixa etária. Se antes o cuida- mesmo de pessoas que tem ido- da falta de pessoas capacitadas para
dor do idoso tinha o perfil de um sos em casa e que querem se ca- lidar com o idoso, o que exigiu
empregado doméstico, hoje as exi- pacitar para cuidar de seus entes uma nova área técnica. A equipe
gências são muito maiores. É por mais velhos. Outra grande parcela do Guido Straube pretende, além
isso que várias escolas estão crian- que tem buscado o curso é forma- de fornecer essa mão-de-obra ca-
do cursos para a formação desses da por pessoas que querem entrar Cuidar de idosos requer dedicação e conhecimentos técnicos. pacitada, conscientizar a comuni-
profissionais interessados em se no mercado de trabalho atuando dade da importância da formação
especializar no atendimento à cha- como cuidadores em residências » necessária preparação soas cujo parente tem problemas técnica que possibilita a inserção
mada maior idade. cujos familiares trabalham e não Com uma carga horária de 80 neurológicos, ou doenças como o no mercado de trabalho e, conse-
É o caso da Escola Vicentina tem tempo de cuidar de seus pais, horas, o curso reúne disciplinas Mal de Alzheimer . Essas pessoas quentemente, o aumento da renda
Catarina Labourér, tradicional es- sogros ou avós. de diversas áreas, como princípios também têm suas vidas alteradas familiar. “O fato do colégio ficar
cola de enfermagem das Mercês, Embora não tenha o caráter básicos de enfermagem, noções e precisam, portanto, de um acom- num local privilegiado, próximo ao
que oferece o curso de Cuidador profissionalizante, o curso de Cui- de nutrição, psicologia e fisiotera- panhamento e uma maior compre- centro e atendido por várias linhas
de Idosos. Criado em 2004 para dador de Idosos da Escola Catari- pia: “as famílias têm exigido maior ensão psicológica para lidar com a de transporte, faz com que pessoas
atender uma necessidade que vi- na Labourér abrange um extenso conhecimento das doenças espe- difícil missão de cuidar do idoso”- de toda a cidade, além da Região
nha sendo apontada pela própria programa para a capacitação dos cíficas do idoso, sem contar que acrescentou a coordenadora. Metropolitana, tenham acesso ao
comunidade, o curso tem atraído cuidadores. Segundo a irmã Maria o cuidador conheça os cuidados Serviço : O curso de Cuidador ensino técnico- profissionalizante
um número cada vez maior de in- do Socorro, cuidar de alguém que físicos e psicológicos necessários de Idosos da Escola Técnica de En- e gratuito. Isso contribui para a in-
teressados. Prova disso é que a pri- tem limitações físicas ou psíquicas para lidar com os limites que a ida- fermagem Catarina Labouré acon- serção de muitas pessoas no mer-
meira turma teve oito alunos e, no exige um conhecimento com base de impõe”. No caso de familiares, a tece as segundas, quartas e sextas, cado de trabalho” – explicou a co-
ano passado, foi necessário abrir científica, além de valores éticos e pessoa que tem um idoso em casa das 19 às 21 horas. Os alunos fa- ordenadora.
duas turmas de 30 alunos para morais. “Uma pessoa que vai aten- também precisa de uma estrutura zem ainda 15 horas de estágio no O colégio já está formando uma
suprir a demanda. Já neste ano, a der a um idoso deve saber respeitar psicológica que lhe prepare para asilo Ricardo Tarumã. A próxima nova turma para iniciar em feverei-
escola teve de oferecer vagas para a diversidade de expressões cultu- lidar com os desafios do dia-a-dia turma começa no dia 14 de feverei- ro de 2011. Para ingressar no curso
três turmas, tamanha a procura rais para adaptar-se às diferentes junto a um ente mais velho. Muitas ro de 2011, com inscrições a partir é necessário ter concluído o En-
pelo curso. estruturas institucionais e familia- vezes as pessoas não estão prepara- de janeiro. sino Médio e ter disponibilidade
A razão para isso, segundo a res. Sem contar, o conhecimento Endereço: Rua Jacarezinho, 1000, no período noturno, das 18h50 às
das para entender a psicologia do
2h:30, de segunda à sexta-feira. O
irmã Maria do Socorro Costa No- básico em diversas áreas que as ca- idoso, todos os impasses e medos Mercês.
curso tem reunido alunos de 25 a
gueira, coordenadora do curso pacitem para garantir a qualidade que ele enfrenta com o processo de Valor: Duas parcelas de R$ 140,00.
50 anos de idade que fazem aulas
desde 2005, é o aumento na expec- de vida do idoso”. envelhecimento. “Ou mesmo pes- Telefone: 3219-3650
de ambiente e Segurança, Anato-
mia e Fisiologia Humana no Pro-
Cartilha dá dicas sobre cuidados cesso de Envelhecimento, Ativi-
dades Ocupacionais Laborativas,
A projeção do Instituto Brasileiro de existem hoje aproximadamente 3,8 leigos. Ele ensina, por exemplo, a como Direitos Humanos e Cidadania,
Geografia e Estatística (IBGE) é de que milhões de idosos com algum grau de dar banho, como lidar em casos de História do Envelhecimento, Ati-
em 2050 a população de idosos será de dependência no país. Por isso, o mercado quedas, convulsões, oferece dicas para vidades Físicas e Lazer e Filoso-
63 milhões de pessoas. Em 1980 eram 10 de trabalho para os chamados cuidadores fia, além de um estágio supervi-
uma alimentação saudável e ainda como
sionado. As aulas são ministradas
idosos para cada 100 jovens, e em 2050 de idosos já tem bastante demanda e a transferir um idoso acamado para uma
por profissionais na área de saúde,
serão 172 idosos para cada 100 jovens, tendência é aumentar cada vez mais. cadeira. O arquivo está disponível para como enfermeiros, psicólogos e fi-
porque a esperança de vida ao nascer saiu
O Ministério da Saúde lançou em 2008 leitura e/ou download no endereço sioterapeutas. (AR)
de 43,3 anos, na década de 1950, para 72,5 Serviço: O Colégio Guido Strau-
o Guia Prático do Cuidador do Idoso. eletrônico no link http://bvsms.saude.
anos em 2007, segundo o IBGE. be fica na rua Jacarezinho, 1680,
Em linguagem acessível, o manual traz gov.br/bvs/publicacoes/guia_pratico_
Mercês.
Além disso, segundo o Ministério da Saúde, noções práticas para profissionais e cuidador.pdf
Telefone: 3335-8241.
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7. Curitiba, dezembro de 2010
Do Quintal »7
BULLYING
Um mal que assola as escolas
Marco André Lima
O bullying
atinge
instituições
públicas e
privadas e pode
causar danos
irreparáveis
Douglas Fernandes
U ma grave doença, muitas
vezes invisível, se alas-
tra por escolas de todo o
mundo. Muitas vezes provoca da-
Ana Beatriz: ‘Um problema de saúde pública”.
nos para toda a vida, chegando a
copata mora ao lado, ela esteve em te desde sempre no ambiente es- Nas particulares, muitas vezes famílias, fique mais atenta e comba-
causar mortes. A “patologia” é mun-
Curitiba em setembro participando colar, mas as formas de agressões tenta-se esconder os casos. Ela lem- ta de forma mais eficaz esse mal de
dial, mas ganhou nome próprio nos
Estados Unidos : bullying. Sem da 1ª Bienal do Livro, onde lançou estão ficando cada vez mais graves, brou de uma propaganda de escola consequências devastadoras. Mas
tradução exata para o português, o sua mais recente obra: Bullyng – e com a internet ganharam nova que viu no Rio de Janeiro em que que pode ser controlado.
termo vem de bully, ou seja, “valen- Mentes perigosas nas escolas. O dimensão. Surgiu o ciberbullying. se dizia que naquela instituição não
tão”, aquele que tenta se impor em Do Quintal esteve lá e a entrevistou Nele, os agressores usam comu- havia bullyng. “Eu não teria cora-
seu grupo com a violência física ou com exclusividade. nidades, e-mails, torpedos e blogs gem de colocar meu filho numa
por meio de humilhações psicoló- Para a psiquiatra, não há dúvida para humilhar colegas. Isso já levou escola dessas. Não confiaria nela”,
gicas. A situação é tão grave, que no de que o bullying se tornou um caso jovens de várias partes do mundo afirma.
último mês de outubro o Conselho de saúde pública, ganhando contor- a se suicidarem por não suportar a E pesquisa feita pelo IBGE em SERVIÇO:
Nacional de Justiça lançou uma car- nos sórdidos com graves consequ- pressão. junho último mostra que em Curi- Para baixar ou ler a Carti-
tilha voltada às escolas e órgãos pú- ências para as vítimas, incluindo » Em todas as escolas tiba a ocorrência de bullying está lha de Combate ao Bullying,
blicos em que ensina como identifi- traumas psicológicos e até mesmo Em graus e formas diferentes, o acima da média nacional. O levan- acesse www.cnj.jus.br/images/
car e como combater esse mal. suicídios. Ela esclarece que bullying bullying acontece em todas as esco- tamento mostrou que dentre os Justica_nas_escolas/cartilha_
O texto da cartilha é de uma trata-se de atos de violência (física las, sejam particulares ou públicas. alunos de escolas públicas e parti- web.pdf
das maiores autoridades brasileiras ou não) praticados de forma inten- Ana Beatriz, inclusive, considera culares entrevistados, 35,2 % dis- Para denunciar o bullyng
no assunto, a médica psiquiátrica cional e repetitiva contra um ou que a situação é melhor enfrentada seram já ter sido vítimas da prática, cibernético ou qualquer ou-
carioca Ana Beatriz Barbosa Silva. mais alunos que não se encontram nas escolas públicas, que têm uma o terceiro maior índice entre as ca- tro crime contra os direitos
Autora de vários livros, entre eles em condições de se defender. orientação mais padronizada para pitais do país. Ficou atrás somente humanos, como pornografia
Mentes Inquietas - TDAH: Desa- Ou seja, embora em alguns ca- os casos e que geralmente acionam de Brasília, 35,6% e Belo Horizonte infantil e outros, acesse a Sa-
tenção, Hiperatividade e Impulsi- sos possa parecer, não há nada de os Conselhos Tutelares e Delega- (35, 5%). Um alerta para que toda ferNet, no endereço http://
vidade e Mentes perigosas – O psi- “brincadeira” no bullying. Ele exis- cias da Criança e do Adolescente. a comunidade escolar, incluindo as www.safernet.org.br.
E se eu fosse você?
Saiba como identificar
Além de provocar sérios danos para
No livro e na Cartilha, Ana Beatriz explica os ou por achar que não há a quem recorrer, não as vítimas, o bullying também traz
consequências para o agressor, além
tipos de bullyng e como pais e professores po- contar a ninguém o que passa com ele. A seguir, das possíveis penalidades criminais
dem contribuir para inibir sua prática no am- alguns trechos resumidos que podem ajudar a do ato. São muitos desses agressores
juvenis que exercitando a intolerância
biente escolar. É comum a vítima, por vergonha identificar vítimas e agressores:
desde cedo se tornam os adultos que
irão espancar futuramente homosse-
xuais, negros, índios, nordestinos, o
torcedor do time adversário, ou seja,
» QUEM PRATICA » AS CONSEQUÊNCIAS todos que considerarem inferiores. E
sem medir a dor que provocam nos
Meninos e meninas praticam o bullying. O Todas as vítimas, sem exceção, sofrem com os agredidos.
que varia é a forma. Entre os primeiros é ataques de bullying (em maior ou menor pro-
Uma das práticas que a psiquiatra
mais visível, pois geralmente utilizam a vio- porção). Muitas levarão marcas profundas pro-
venientes das agres¬sões para a vida adulta, e ne- Ana Beatriz vem incentivando para
lência física. Já entre as meninas, é mais dis-
simulado, geralmente utilizando-se de fo- cessitarão de apoio psiquiátrico e/ou psicológico combater isso nas escolas é uma ação
focas, intrigas e isolamento das colegas. para a supe¬ração do problema. simples, mas que pode trazer grandes
resultados. Trata-se de um conjunto
» AS VÍTIMAS têm amigos. Apresentam diversas desculpas
» O PAPEL DOS PAIS de atividades sob o nome “Se eu fos-
(inclusive doenças físicas) para faltar às aulas. se você”. Nelas, os professores incenti-
Na Escola: No recreio ficam isoladas do grupo, Em muitos casos, o fenômeno começa em casa.
ou perto de adultos que possam protegê-las; na Os pais, muitas vezes, não questionam suas vam os alunos a se colocarem na situ-
sala de aula apresentam postura retraída, faltas » OS AGRESSORES próprias condutas e valores, eximindo-se da ação do “outro”. Com isso, o estudan-
frequentes às aulas, mos¬tram-se comumente responsabilidade de educadores. O exemplo te passa a pensar sobre o que sentiria
tristes, deprimidas ou aflitas; nas atividades em Na escola: Os agressores fazem brincadeiras de dentro de casa é fundamental. O ensinamento
mau gosto, gozações, colocam apelidos pejorati-
caso fosse ele o agredido ou segregado.
grupo sempre são as últimas a serem escolhidas de ética, solidariedade e altruísmo inicia ainda
ou são excluídas; e em casos mais dramáticos vos, difamam, ameaçam e menosprezam alguns no berço. Ana Beatriz também defende que
apresentam hematomas, arranhões, cortes, rou- alunos. Fur¬tam ou roubam dinheiro e lanches. A direção da escola deve acionar os pais todas as escolas criem comissões anti-
pas danificadas ou rasgadas. Estão sempre enturmados. e os órgãos de proteção à criança e ao adoles- -bullying com representantes de toda
Em Casa: Frequentemente se queixam de Em casa: mantêm atitudes desafiadoras e cente etc. Em situações que envolvam atos in-
agressivas. São arrogantes no agir,no falar e no
a comunidade escolar. A partir dela, é
dores de cabeça, enjôo, dor de estômago, perda fracionais (ou ilícitos) a escola também tem o
de apetite, insônia. Sintomas que tendem a ser vestir, demonstrando superioridade. Manipulam dever de fazer a ocorrência policial. Tais proce- possível criar uma política interna es-
mais intensos no período que antecede o horá- pessoas para se safar das confusões em que se en- dimentos evitam a impunidade e inibem novos pecífica de combate às agressões e dar
rio de entrarem na escola. Geralmente elas não volveram. atos. um encaminhamento adequado aos
casos registrados. (DSF)
8. Curitiba, deze
»8 Do Qu
ESPECIAL
Golfinho, a histó Do trabalho de um grupo de famílias curitibanas, surgia há 35 anos n
atletas que colocariam o Paraná pela primeira vez entre os grandes
de campeões, o que se cria ali são mosquitos. Um movimento surgid
volte a ser uma referência no esporte e se torne um exemplo
Nestas, e nas páginas 10, 11 e 13, conheça um pouco da história do Clube
Douglas de Souza Fernandes
E nquanto o Brasil se prepara para sediar
sua primeira Olimpíada, em 2016, uma
estrutura que serviu por mais de 20
anos para formar campeões da natação brasi-
leira está abandonada, servindo de criadouro
de mosquitos e outras pragas urbanas. O Clu-
be do Golfinho, que foi referência da natação
de alto nível dos anos 70 ao final dos 90 do
século passado, hoje se tornou um problema
para os moradores próximos ao antigo número
28 da Rua São Salvador, no bairro Pilarzinho.
Foi ali que na metade dos anos 70 se tornou
concreto o sonho de um grupo de pais abne-
gados que se juntou para criar um espaço para
seus filhos treinarem e competirem de igual
pra igual com o melhor da natação do País.
O Clube do Golfinho, porém, começou a
ser gestado alguns anos antes, dentro do Cen-
tro Israelita do Paraná. A semente havia sido
trazida da Sociedade Água Verde, ainda nos
anos 60. Era na piscina desse clube, que filhos
de dezenas de famílias curitibanas davam na
época suas primeiras braçadas. Muitos garotos Ilana Kriger, ao bater o recorde sul-americano no Minas Tênis Clube, em 1977.
ficaram apaixonados pelo esporte devido à for-
ma de ensinar do técnico Paulo Falcão.
A Água Verde, porém, encerrou suas aulas guns inicialmente, pareceu um delírio: criar o
de natação. Paulo foi desligado e logo contrata- primeiro clube do País exclusivo para o ensino
do pelo Centro Israelita do Paraná, e atrás dele da natação. Boa vontade havia, faltava o res-
foram os “órfãos do Água Verde”. tante. Júlio Gomel, conceituado médico uro-
Apesar do entusiasmo do técnico e dos logista e que tinha então o filho Flávio dando
atletas mirins, o treino no Centro Israelita era suas primeiras braçadas no Israelita, conta que
feito de forma precária. Isso porque se tratava Berek então juntou mais cinco amigos: além
de um clube social e os jovens atletas tinham dele, Abrão Fucks, Mauro Prieto, Ivan Gubert
que dividir a piscina com os sócios que busca- e Kozo Kazai, e propôs o seguinte: comprarem
vam na água só diversão. Mesmo assim, a de- um terreno, dividir uma parte - onde construi-
terminação das famílias fez com que se criasse riam algumas casas para comercializar -, e com
um grupo forte. Dessa união surgiu a idéia do isso bancar o restante do terreno que seria do-
nome Golfinho para designar a equipe. ado para o Clube.
Foi escolhido um terreno de 16 mil metros
» José finkel quadrados da planta Bortolo Gava, no Pilarzi-
Dentre os pais dessa gurizada, estava uma pes- nho. A área se resumia a um imenso matagal.
soa que deixaria marcas indeléveis na história da Nem rua em frente havia. Pouco menos da me-
natação paranaense, o empresário Berek Kriger. tade ficou para os compradores e o restante, 8
Sua relação com a natação começou quan- mil e 312 metros quadrados, foi doado para o
do pôs os filhos Joel, Thalma e Ilana para Golfinho.
aprenderem a nadar na Água Verde. Em pouco O espaço estava garantido. Faltavam as pis-
tempo, se tornou o presidente da Associação cinas. Para levantar os recursos, os pais mobi-
de Desportos Aquáticos do Paraná, e já tinha Berek Kriger, falando, durante uma reunião no 2º José Finkel, em 1973. lizaram outros pais e os amigos e em pouco
contatos e o respeito dos principais dirigentes tempo estavam vendidos 250 títulos do futuro
do setor no Brasil. A morte veio em poucas semanas e com ela Brasil ter um campeonato de inverno. A suges- clube.
Foi com essa bagagem que, em 1972, ele uma imensa comoção, que provocou inclusive tão foi bem acolhida, foi instalado um sistema Além disso, todos ajudavam como podiam.
criou o Troféu José Finkel, que se tornaria um uma debandada de atletas do israelita, pois ha- de aquecimento nas piscinas do Israeleita, e já Pais arquitetos fizeram o projeto, pais enge-
marco na natação competitiva do país, e que via quem creditasse a doença de Finkel ao trei- na primeira edição o José Finkel teve a partici- nheiros acompanharam a obra, outros man-
este ano chegou à sua 39ª edição, como um dos namento nas águas frias do clube. pação dos principais clubes do Rio e São Paulo. tinham contato com autoridades para conse-
principais torneios nacionais. Arrasado com a morte do jovem atleta, Be- Mas, embora o sucesso da iniciativa, as di- guir ajuda. Foi assim que o então prefeito, Saul
A idéia surgiu após um fato trágico com rek, porém, viu que a melhor forma de home- ficuldades no Israelita continuavam. No inver- Raiz, mandou máquinas para arrumar o terre-
um dos atletas do Israelita. José Finkel tinha nageá-lo seria criar um troféu com o seu nome. no, tudo bem. Mas, no verão, os jovens atletas no e fazer as escavações para as piscinas. Em
17 anos e era a principal promessa paranaen- Então, mobilizou a nata da natação nacional usavam cinco das seis raias da piscina, toman- pouco tempo, começava-se a construção de
se até então. Era o melhor peitista do Estado para apoiar sua idéea. O argumento usado por do o espaço dos sócios. Foi aí que a diretoria três piscinas, uma de 25 metros e duas outras
e quem o acompanhava sabia que era questão Berek foi que o Brasil não era competitivo por- do Israelita chamou os pais e deu um prazo menores, para o aprendizado da gurizada.
de tempo para ele se tornar um destaque na- que no inverno a natação praticamente parava para que encontrassem uma solução.
cional. Mas não houve tempo. Aparentemente durante o inverno e que era justamente nessa » Prisão
sem motivos, ele começou a se sentir mal. Exa- época que aconteciam as principais competi- » O início Berek, porém, não pôde acompanhar de
mes detectaram um câncer linfático no jovem. ções no Hemisfério Norte. Daí a necessidade do Berek, então, propôs uma ação que, para al- perto boa parte das obras. Socialista, ele parti-
9. embro de 2010
uintal »9
ESPECIAL
ória de um sonho
no Pilarzinho um clube de natação que faria história. Ali se formariam
do Brasil. Após anos de glória, o declínio e o abandono. Hoje, em vez
do no bairro e com o apoio de ex-atletas, porém, luta para que o local
o ao país que se prepara para sediar sua primeira Olimpíada.
do Golfinho e de quem transformou este sonho numa concreta realidade.
Ilana, a primeira recordista
Antes do Golfinho, nenhum nada- sua presença na Copa Latina, que se-
dor paranaense tinha conquistado des- ria realizada em Roma, em março, e no
taque na natação nacional. A primeira a qual ela voltaria a bater o recorde, bai-
realizar a façanha foi Ilana Kriger. Não xando-o para 2:25:20.
por acaso, filha de Berek, o mentor do Apesar da pouca idade, ela já com-
Golfinho. Aos 17 anos, estudando e putava dez anos de competições, in-
morando em São Paulo, mas nadando cluindo três participações internacio-
pelo Golfinho, ela bateu o recorde sul- nais, no Chile, Uruguai e França. Seus
-americano dos 200 metros costa. ótimos resultados, porém, não foram
Quando a menina Ilana entrou na suficientes para mantê-la na natação.
piscina do Minas Tênis Clube, em Belo No mesmo ano se mudaria para a
Horizonte, no dia 3 de fevereiro de Califórnia, nos EUA. Hoje, mais de 30
1977, sabia que ficaria entre as primei- anos depois, ela explica que o que pe-
ras. Pois meses antes, no campeonato sou para a sua saída precoce foi a falta de
estadual que a classificou para o Tro- infraestrutura que encontrou no clube
féu Brasil de Natação, ela havia feito o norte-americano. Pelos resultados que
tempo de 2 minutos, 29 segundos e 11 teve por lá, sentiu que não conseguiria
décimos, apenas um segundo e 60 dé- um bom desempenho no ano seguinte.
cimos acima do recorde que pertencia Cansada da rotina de treinos, resolveu,
a Rosamaria Prado, do Andradina Tênis então, dedicar-se somente aos estudos.
Clube. Mas não imaginava que 2 minu- Passou no vestibular para o Curso de
tos, 25 segundos e 88 décimos depois, Desenho Industrial na PUC e voltou a
cipava de um grupo de intelectuais locais con- Berek também teve a felicidade de ver sua monopolizaria a atenção de todos que morar em Curitiba. Hoje é a diretora de
trários à ditadura instalada no país na década filha, Ilana, bater o recorde sul-americano dos acompanhavam o primeiro dia de pro- Varejo na Área de Tecnologia Educacio-
passada. Por isso, já havia sido preso em 1964, 200m costas, em 1977. Em 1979, seria inaugu- vas do principal campeonato nacional. nal.do Grupo Positivo.
1966 e 1967, mas sempre só por alguns dias. rada a piscina olímpica de 50 metros, marco na Isso numa competição que tinha, entre A lembrança dos tempos do Golfi-
Agora, acusado de financiar pessoas ligadas à história do clube. outros destaques, Djan Madruga, o pri- nho, porém, continua viva em sua me-
luta armada, ele ficaria detido por oito meses Nos anos seguintes, bater recordes no gol- meiro nadador brasileiro a bater um re- mória. Assim como o esforço e a dedi-
no quartel do Exército, na Marechal com a finho se tornaria comum. O Clube se firmaria corde olímpico. cação de seu pai e dos demais fundado-
Getúlio Vargas, até ser julgado e considerado na década seguinte como uma das forças da Ao repórter do jornal O Globo que res do clube para transformar a cidade
inocente. natação brasileira. cobria o evento, ela disse que não espe- numa potência da natação. É por isso
Mas, poucos sabem que mesmo enquanto rava tanto assédio após a prova. “Estou que ela torce para que o poder público
estava preso, Berek saía do quartel para visitar » O declínio confusa. Não sabia que um recorde é tão encampe o que sobrou do clube e o use
a família e dar um pulinho no Pilarzinho para O sucesso externo, porém, criou brigas in- importante. Estou impressionada com para prestar um serviço à comunidade,
ver como estavam as obras. Não se sabe ao cer- ternas. Alguns dizem que pais que não tinham número de pessoas que se aproximam ensinando a natação para as novas gera-
to como ele conseguia o “indulto”, mas o fato é os filhos entre os primeiros começaram a ques- de mim, para conversar e entrevistar. ções. Uma forma de manter viva a me-
que de vez em quando avisavam a família, e a tionar a atenção dada a seus rebentos, criando Desculpe, se não responder direito às mória de quem conseguiu transformar
filha Thalma ia buscá-lo de carro em frente ao cisões. Outros apontam a má administração.A perguntas”, comentou ela. um sonho numa poderosa realidade.
quartel e, depois das visitas, levava-o de volta. maioria que acompanhou a história do clube, Seu desempenho também garantiu (DSF)
Numa dessas visitas, foi homenageado porém, concorda que o grande motivo do de-
pelos atletas e demais dirigentes, sendo joga- clínio foi a saída dos pais fundadores. Confor-
do na piscina recém-construída. O Clube se- me os filhos cresciam e encerravam suas car-
ria inaugurado oficialmente em dezembro de reiras nas piscinas, eles também foram se afas-
1975. tando.
Amigos dizem, porém, que depois da prisão As dívidas do Golfinho levaram a sua sede a
ele nunca voltaria a ser como antes, inclusive ser incorporada pela Sociedade Juventus, que
se afastando um tempo da natação e da cidade. também afundada em dívidas com a Previdên-
Ele continuaria ligado ao Golfinho, porém, cia, teria o imóvel leiloado em setembro de
até o início dos anos 80. Em 81, começaria a 2003. Atualmente, o imóvel está indisponível
construir o Centro de Natação Berek Kriger, pela Justiça e pesa sobre ele uma dívida, entre
inaugurado em 1982 e que funcionaria até tributos federais e de IPTU, em torno de R$
2002, um ano após sua morte, em 29 de abril 2 milhões.
de 2001. Poderia ser o triste fim do clube que fez
história na natação paranaense e brasileira. Po-
» O auge rém, está em curso um movimento para que a
Antes de se afastar, porém, Berek havia dei- estrutura deixada pelo Golfinho seja resgatada
xado toda a estrutura para o Golfinho crescer. pelo Poder Público para atender à população e,
Foi ele, junto com o vice Júlio Gomel, que quem sabe, formar novos campeões. Seria um
buscaram na Argentina, o técnico Carlos Fer- final feliz bem apropriado para um sonho de
nandez, na época já um cobra na formação de um grupo de curitibanos que foi, durante um
nadadores. tempo, um exemplo nacional. Thalma, Ilana e a mãe, Rosa Kriger: família unida na natação.