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                                                                                                               fUtebol
                                                                                                               Conheça a história de Levi
                                                                                                               Mulford, um jornalista que
                                                                                                               não perde um lance do futebol
Marco André Lima/ Do Quintal




                                                                                                               paranaense há 57 anos. Pág. 15




                                                        Do Quintal
                                             R$ 1,50                                                               25 de agosto a 25 de setembro de 2010 - Ano I - Número 2




                                             Um jornal a serviço dos moradores da região do Pilarzinho, Mercês, Vista Alegre, Abranches e São Lourenço




                                                                                                                                                   Um túnel,
                                                                                                                                                   muitas
                                                                                                                                                   histórias
                                                                                                                                                   Uma misteriosa construção subterrânea nas
                                                                                                                                                   Mercês atiçou a curiosidade e a imaginação
                                                                                                                                                   de gerações e gerações. Nesta edição, o
                                                                                                                                                   Do Quintal traz as únicas fotos já feitas em
                                                                                                                                                   seu interior e a versão de um arquiteto e
                                                                                                                                                   historiador que desvendou o segredo do
                                                                                                                                                   local. Págs. 6 e 7
                                                                                                                             Key Imaguire Júnior
                 Arquivo Jaime Gava




                                      O caminho
                                                                                                                                                   » Bicicleta: adote essa idéia
                                                                                                                                                     No mês da bicicleta, a estreia
                                                                                                                                                     da seção voltada ao transporte
                                                                                                                                                     humano e alternativo. Pág. 4




                                      das pedras
                                                                                                                                                   EDUCAÇÃO
                                                                                                                                                   » O Enem e as escolas
                                                                                                                                                   Notas do Enem 2009 retratam as
                                                                                                                                                   dificuldades que enfrentam as escolas
                                                                                                                                                   estaduais para manter uma boa
                                                                                                                                                   qualidade de ensino. Págs. 10 e 11
                                        Antigamente, Pilarzinho, Abranches e Vista Alegre era a
                                                                                                                                                   » Candidatos respondem
                                      região das pedreiras. Hoje é a dos parques. A família Gava
                                                                                                                                                   Perguntamos aos candidatos a
                                       foi uma das que trabalharam na extração de pedras, que                                                      governador Osmar Dias e Beto Richa
                                         ajudariam a construir a Curitiba de hoje. Págs. 8 e 9                                                     o que eles propõem para resolver os
                                                                                                                                                   problemas das escolas estaduais.
                                                                                                                                                   E eles responderam. Pág. 12
Curitiba, 25 de agosto a 25 de setembro de 2010


»2                                                                            Do Quintal

    CARTA AO LEITOR


    É fácil fazer                                                 Insegurança no Pilarzinho
     um jornal
    Fazer um jornal é fácil. Fazer um bom jornal é
                                                                  é alarmante, diz pesquisa
                                                                  L
       muito difícil. O Do Quintal escolheu a segunda
       opção. E nesta segunda edição, damos mais                       evantamento sobre a criminalidade no Pilarzinho                        os 93 pequenos e micro empresários pesquisa-
       um passo para consolidar nosso projeto de                       mostrou dados alarmantes. Dos 93 empresários                        dos representam 18,5% dos 503 estabelecimentos
       levar informação de boa qualidade ao nosso                      pesquisados, 50 afirmaram terem sido vítimas de                     de comércio varejista em atividade no bairro, con-
       leitor. Temos como princípio que o jornalismo              assaltos, roubos ou arrombamentos entre janeiro de                       forme números da Prefeitura Municipal referen-
       deve ter uma função social que esteja acima do             2009 e maio deste ano. No total foram 134 ocorrências,                   tes a 2007. ou seja, de acordo com a pesquisa, quase
       mero interesse econômico, comercial. É claro               pois muitos foram “visitados” pelos criminosos mais de                   10 por cento dos comerciantes do bairro foram ví-
       que nem uma empresa ou negócio sobrevive                   uma vez. o prejuízo declarado foi de R$ 216, 390,00. A                   timas de criminosos em um período de 15 meses.
       só com bons princípios. Mas acreditamos                    pesquisa foi feita por um
       ser possível ter um retorno econômico não                  grupo de moradores que                                                                                  »          14 vezes
                                                                  participam da Rede de                                                                                        os empresários, que res-
                                                                                                            De 93 comerciantes
       tendo que abrir mão dá ética e do respeito à
       inteligência do leitor.                                    Desenvolvimento local,                                                                                   ponderam o questionário
    Por isso, lançamos a primeira edição com
                                                                  organizada pelo sistema
                                                                  fiep-Sesi. os resultados
                                                                                                         pesquisados, 50 disseram                                          sem se identificar, informa-
                                                                                                                                                                           ram que das 134 ocorrên-
       recursos próprios. Para mostrar que um
       chamado “jornal de bairro” pode sim ser um
                                                                  serão levados às autori-                  ter sido vítimas de                                            cias, 74 foram assalto à mão
                                                                  dades do setor.                                                                                          armada e 60 arrombamen-
       veículo sério, comprometido com quem o lê,
                                                                      A proposta de se fa-               criminosos, num prejuízo                                          tos. Só um dos entrevistados
       ajudando a resgatar a sua história, enaltecendo
       o que há de bom e criticando o que precisa
                                                                  zer um questionário
                                                                  para ser respondido por
                                                                                                           de mais de R$ 216 mil                                           afirmou que seu estabeleci-
                                                                                                                                                                           mento foi atacado 14 vezes
       ser mudado. Nosso compromisso é com isso
       e com questões que consideramos basilares
                                                                  comerciantes locais sur-                 em apenas 15 meses                                              no período, quase uma vez
                                                                  giu da constatação de                                                                                    por mês. o horário dos
       para a boa qualidade de vida: a educação e o
                                                                  que boa parte das víti-                                                                                  crimes variou bastante. A
       meio ambiente, como mostram as reportagens
                                                                  mas de crimes não re-                                                                                    maior parte foi de madru-
       desta edição.
                                                                  gistra queixa na polícia. Situação que foi comprovada                    gada (17 ocorrências), em seguida das 18h às 20h (15), das
    É para continuarmos trilhando esse caminho, que               na pesquisa, onde 23 das 50 vítimas disseram não ter                     13h às 17h (11), das 7h às 13h (4) e das 21h às 24h (3).
       pedimos a você, leitor, que nos apóie nessa                registrado a ocorrência. Por isso, os dados oficiais não                    Por fim, o levantamento mostrou pouca confiança
       empreitada. Primeiro nos dando a honra da                  refletem o que realmente acontece. Com o levantamen-                     dos comerciantes nas providências policiais. Do total de
       leitura. E depois, se gostou do que leu e acha             to pretende-se contribuir para que os responsáveis pela                  vítimas, apenas 27 registraram a ocorrência na polícia.
       importante uma publicação como essa, que                   segurança pública tenham dados reais nos quais se base-                  Destas, apenas seis disseram ter tido notícias dos crimi-
       divulgue o Do Quintal aos amigos, vizinhos,                ar nas futuras ações.                                                    nosos.(DSF)
       colegas. Inicialmente para divulgar o produto
       estamos distribuindo o jornal em condomínios,                                                                                                                                    Marco André Lima
       aos alunos do ensino médio das cinco escolas
       estaduais da região, no comércio e em áreas
       residenciais dos cinco bairros. Mas ele também
       é colocado à venda em bancas e outros pontos
       comerciais. Se você o recebeu gratuitamente
       em um condomínio, por exemplo, junte os
       vizinhos que apóiem a idéia e entre em contato
       conosco para garantir que o jornal continue
       sendo entregue mensalmente no local. Com
       R$ 1,50 não dá nem para dar uma volta de
       ônibus em Curitiba, mas dá para ficar bem
       informado todo mês sobre o que aconteceu
       e o que acontece em seu bairro.



 » FALECIMENTOS

   Ivo Correia Félix
   É com pesar que registramos o falecimento de Ivo Cor-
reia félix, aos 55 anos. Comerciante e morador do Pilarzi-
                                                                  Antenado
nho, ele foi um dos grandes incentivadores do lançamento
do Do Quintal, mas não chegou a vê-lo pronto.
                                                                  Roberto Bittencourt (*)                              alguém interessante morava por ali      sar de não ter me ligado como pro-
                                                                                                                       ou alguma coisa curiosa, alguma coi-    meteu; sei que o Douglas também
                                                                      Casa nova, bairro novo e também
   Benjamim Basso                                                                                                      sa boa acontecia na região da Cruz...   mora, ali, mais para baixo e que exis-
                                                                  o ânimo se renova. Ainda que do
   lamentamos o falecimento de benjamim basso, cuja his-                                                               e isso persistiu até há poucos anos,    te o bar do osni na minha rua, onde
                                                                  Vista Alegre até o Pilarzinho seja um
tória foi contada na edição passada. ele tinha 83 anos e estava                                                        quando, já morando no Vista Alegre,     a única coisa de que eu não gosto é
                                                                  pulo, como se diz, os ares de ambos
hospitalizado, em estado vegetativo, há um ano e meio.                                                                 resolvo esticar uma caminhada até       do som extremamente alto que rola,
                                                                  os bairros são distintos e isso se per-
                                                                                                                       a feira-livre que, em frente à Cruz,    de vez em quando, por ali. Mas uma
                                                                  cebe dos buracos nas ruas aos beirais
                                                                                                                       funciona aos sábados pela manhã.        das coisas que mais me impressio-
                                                                  com lambrequins. tanto num quan-
                                                                                                                       Não, se fosse um bairro distante do     na é o fato de eu vir morar aqui no
                                                                  to noutro, peculiaridades.
EXPEDIENTE                     Do Quintal                             Mas o que importa, o que que-
                                                                  ro contar por puro desejo de com-
                                                                                                                       centro de Curitiba, um Sítio Cerca-
                                                                                                                       do, um Atuba tudo bem, mas aqui, a
                                                                                                                                                               tão ouvido, no tão sonhado, no tão
                                                                                                                                                               querido e desejado Pilarzinho, jus-
                                                                                                                       dez minutos do centro... bem, como      tamente bem próximo à Cruz, que,
                                                                  partilhar contigo é sobre a sensação
Propriedade da Editora ETC e Tãao – CNPJ: 12.339.920/0001-18
                                                                                                                       nada acontece por acaso, aqui estou     hoje, já não causa aquele tipo de
                                                                  de vir morar num bairro que, muito
Jornalista Responsável: Ângela Ribeiro DRt 1574                                                                        a arrumar pertences, a contribuir       impressão de outrora. Mas que per-
                                                                  antes de frequentar as páginas po-
Diretor de Redação: Douglas de Souza fernandes                                                                         com um dos sistemas de habitação        manece marco num espaço onde,
                                                                  liciais, o que hoje não é privilégio
                                                                                                                                                               além do poeta Paulo leminski es-
Projeto gráfico e diagramação: eduardo Picanço Aguida             deste ou daquele, atiçava a minha                    e a aguardar a estúpida lentidão de
                                                                                                                                                               truturar sua inquietação, seus ca-
e Paulo Augusto Krüger de Almeida.                                imaginação nas noites solitárias dos                 uma das operadoras de telefonia fixa
                                                                                                                                                               prichos e seus relaxos e de o Helio
Fotografia: Marco André lima (marcolimaphotos@yahoo.com).         anos 70, quando cheguei em Curi-                     para, depois de um mês, enfim, visi-
                                                                                                                                                               leites abotoar-se todo, também
                                                                  tiba: na Cruz do Pilarzinho, próxi-                  tar minha caixa de mensagens, atu-
Endereço: Rua Professor Ignácio Alves de Souza filho, 343,                                                                                                     o edílson Del Grossi e o Roberto
Pilarzinho, CeP 82110-450.                                        mo à Cruz do Pilarzinho... talvez                    alizar meu blog e fazer uma ligação
                                                                                                                                                               Prado elevam suas antenas no enre-
                                                                  pela ainda recente proximidade                       para Campos Novos.
Telefones: 3527-0501 e 8875-3197.                                                                                                                              dar das torres que aqui se alinham.
E-mails: jornalismo@doquintal.com.br, contato@doquintal.com.br,   dos rituais católicos que, de algum                      Imaginas que tudo acontece as-
comercial@doquintal.com.br. Site: www.doquintal.com.br            modo, povoavam o meu imaginário                      sim mesmo: a Cruz fica logo ali; sei    (*) Roberto Bittencourt é poeta,
Impressão: editora o estado do Paraná                             desde menino. o fato é que sempre                    que a Verinha mora na região, ape-      jornalista e morador do Pilarzinho
Curitiba, 25 de agosto a 25 de setembro de 2010


                                                                         Do Quintal                                                                                                  »3




Um passeio que
 rejuvenesce
Simony Daian Huck




                                                                                                                       Creche para
Um grupo de idosos do Pilarzinho teve
   mais um dia especial no último dia 21
   de agosto, um sábado. Desde março,
   eles fazem um passeio mensal




                                                                                                                       o Pilarzinho
   organizado pela funcionária de
   saúde Jane Carla Joly e a professora
   Sônia Brüsch, moradoras do bairro.
   Desta vez foi no Pesque e Pague e
   Lanchonete Mina D’água, localizado
   no Cascatinha, em Santa Felicidade.
                                                                                                                       amentos da Cohab, e também áreas de ocupação que estão sendo
                                                                                                                       urbanizadas”, disse luciano Ducci. Atualmente, a Prefeitura tem
A idéia do passeio surgiu durante as                                                                                   41.058 crianças matriculadas na educação infantil.
   aulas de alfafabetização para idosos                                                                                   o prefeito assinou também editais para a pavimentação de 90
   que Sônia ministra gratuitamente                                                                                    ruas, pelo programa Asfalto Cidadão. São ruas de saibro em 22
   desde o início do ano. Segundo ela,                                                                                 bairros que ganharão asfalto definitivo. os recursos são de emen-
                                             O prefeito Luciano Ducci durante a assinatura
   é uma forma de propiciar momentos         da ordem de serviço para a obra.                                          das parlamentares dos vereadores.
   de lazer e interação social para os                                                                                    No Pilarzinho, será asfaltada a Vansolino Granato. No Vista
   senhores e senhoras que na maior             o Pilarzinho ganhará uma nova creche no ano que vem. o                 Alegre, a Chafic Cury.
   parte vem de famílias sem condições       anúncio foi feito pelo prefeito luaciano Ducci, que assinou no dia           No Abranches ganharão asfalto denifitivo as ruas: Walfrido leal,
   para tal.                                 3 de setembro a ordem de serviço para a obra. Além do Pilarzinho,         Maria falate,José Manoel S. Souza, João falate, José Izar, Roberto
                                             outros oito bairros receberão o equipamento. No total serão aber-         luiz bohnenstengel, todas na Vila Nossa Senhora de fátima; no Jar-
Sem apoio oficial, foram as duas que
                                             tas 1.600 vagas para crianças, sendo 150 no Pilarzinho.                   dim Área Verde: Genésio Ramalho, Waldemar Reikda, Miguel Dias
   por conta própria conseguiram um
                                                Serão investidos R$ 11,1 milhões na construção desses Cen-             Gonçalves e Dr. Carlos eloy Reichmann; no Jardim Camila, Stefa-
   ônibus gratuitamente da empresa
                                             tros Municipais de educação Infantil. “As novas creches atendem,          no triska. leya Marques Vieira, Rodovil liodor brenner e Massa-
   Nossa Senhora do Carmo, que
                                             principalmente, áreas de expansão da cidade, que receberam lote-          mori Inouhe; e, finalmente a rua Dovico Dal Prá.
   todo mês coloca um motorista à
   disposição. São elas também que
   arcam com as despesas dos lanches
   servidos em todo passeio. Apesar
   disso, as duas dizem que o trabalho        » Terceira idade                                                         de Melo, a oferta desses cursos atende a uma demanda cada vez
   é compensador. ““Ver a felicidades            A Paróquia São Marcos reúne uma série de atividades voltadas          maior do mercado que se ressente da falta de profissionais qua-
   dos idosos é motivador. Eles ficam        para a terceira Idade, através do Grupo Primavera e do Grupo São          lificados.
                                             Marcos. o primeiro se reúne todas as segundas-feiras e o segundo,
   contentes com coisas simples”, diz
                                             nas quartas-feiras no salão da Paróquia, sempre das 13h30 às 17            » Cursos gratuitos -Construção Civil
   Sônia.                                    horas. Ali, os idosos participam de cursos de trabalhos manuais,              estão abertas as inscrições para cursos de carpinteiro, eletricis-
Os participantes concordam. “O passeio       tais como bordados, tricô, crochê etc. A paróquia tem ainda um            ta, encanador, gesseiro, mecânico de manutenção e pintor ofere-
                                             programa de atendimento às mães carentes através do Clube da              cidos pelo programa Próximo Passo, coordenado pela Secretaria
   é muito bom, pois a gente distrai e sai
                                             Ação Social São Marcos, onde têm aulas de costura, trabalhos ma-          Municipal do trabalho e emprego, com recursos do Ministério
   da rotina”, afirma Sebastião Barbosa.     nuais e outras orientações. Informações podem ser conseguidas             do trabalho e emprego. Ao todo são 1.176 vagas para os sete cur-
   “Esses passeios são bons para reunir      na própria paróquia.                                                      sos de qualificação na área de Construção Civil. Podem participar
   os colegas e jogar baralho e cantar                                                                                 pessoas beneficiárias e dependentes do bolsa família.
   modas de viola”, completa o Antônio        » Bocado do Pobre                                                            ***
   Tuler, violeiro do grupo. Todos dizem        Um outro programa social desenvolvido na Paróquia São Mar-                 As inscrições podem ser feitas nas Agências do trabalhador
   que se sentem mais jovens após os         cos é o bocado do Pobre, que entrega cestas básicas para famílias         nas ruas da cidadania e nos Centros de Referência da Assistência
   passeios.
                                             carentes. essas famílias são cadastradas por voluntários da comu-         Social , da fundação de Ação Social de Curitiba. As inscrições fi-
                                             nidade, que as visitam para conhecer suas condições de vida. os           carão abertas até fecharem todas as turmas, em outubro.
Com a implantação do Projeto de              alimentos das cestas são doados pelos paroquianos que levam os
   Desenvolvimento Local no bairro,          produtos na missa do segundo domingo do mês. As cestas básicas             » Transporte e alimentação
   iniciativa da Fiep/Sesi, tanto
                                             são entregues no terceiro sábado do mês, às 9h da manhã, na Pa-              As aulas são dadas no Senai, na rua João Viana Seiler, 116, no
                                             róquia São Marcos.
   o passeio quanto as aulas de                                                                                        bairro Parolin. Pela manhã as atividades são das 8h às 13h e pela
   alfabetização foram incluídas nele.                                                                                 tarde das 13h30 às 18h30. os cursos têm duração de 200 horas/
                                              » CuritibAtivação                                                        aula, sendo que 80 horas são teóricas e 120 práticas. Além de ser
   Mesmo assim, as duas voluntárias             A Regional da boa Vista realiza o projeto CuritibAtivação, que         gratuito, o aluno recebe vale transporte e lanche para participar
   continuam sem apoio para manter           incentiva os moradores para a prática correta do esporte. Profis-
                                                                                                                       dos cursos.
   as ações. Quem quiser contribuir          sionais medem o peso e a altura das pessoas interessadas em des-
                                             cobrir uma atividade física ideal para seu tipo físico. trata-se de
   com esse trabalho entre em contato
                                             ume evento itinerante que acontece periodicamente para desen-              » Liceu de Ofícios
   pelo telefone (41) 3271-7404 ou
                                             volver a educação para o esporte. Se você quer saber onde o Curi-            o liceu de ofícios do Pilarzinho oferece o curso Como Secre-
   e-mail rede@fiepr.org.br .(DSF com        tibAtivação de setembro vai acontecer, basta ligar para o telefone        tariar com Sucesso, no período de 20 a 24 de setembro, das 18 às
   colaboração de Simony Daian Huck).        3313-5644.                                                                22 horas. e de 4 a 8 de outubro, interessados em aprender a fazer
                                                                                                                       bombons e trufas poderão participar do curso que acontecerá no
Simony Daian Huck
                                              » Cursos no Bento Munhoz                                                 período da manhã. todos os cursos são gratuitos e voltados para
                                                 o Colégio bento Munhoz, do Pilarzinho, criou projetos para            pessoas acima de 16 anos, que tenham feito a 1ª série do ensino
                                             se aproximar da comunidade. São grupos de Horta e Jardinagem,             Médio. o liceu de ofícios do Pilarzinho fica na rua Miguel de
                                             família na escola, Cidadão com educação, Pichação e Valoriza-             lazzari, s/n, ao lado do Posto de Saúde Vista Alegre. telefone :
                                             ção, História e Memória e o curso estratégias de estudo: um dife-         3240-1301.
                                             rencial para o Vestibular. Para isso, a escola tem buscado parcerias,
                                             incentivando os pais e moradores da região a formar uma progra-            » Centro de Criatividade
                                             mação que envolva não só os alunos como a própria comunidade.                 o Centro de Criatividade do Parque São lourenço oferece
                                                                                                                       cursos nas áreas de música, pintura e desenho. As inscrições são
                                              » Profissionalizando                                                     permanentes. Informações pelo telefone 3313-7192 ou 3313
                                                o Colégio Guido Straube, no Vista Alegre, tem trabalhado no            -7193. os cursos oferecidos são: oficina de Artes Infanto – Ju-
                                             sentido de oferecer um diferencial na região. Com um total de 612         venil, oficina de Modelagem Infantil, Clube de Modelagem,
                                             alunos, o colégio busca atender a uma camada de jovens interes-           oficina de História em Quadrinhos, Ateliê de Desenho Artís-
                                             sada no ensino técnico-profissionalizante. este ano, o colégio ofe-       tico , Cerâmica, encadernação,entalhe, Marchetaria, Mosaico,
                                             rece os cursos: técnico em Secretariado, Cuidados com Pessoas             Pintura em cerâmica, Pintura em tela, Restauro em madeira e
O dia começou com um café da manhã           Idosas e Agente Comunitário. Para o ano que vem, o colégio pre-           móveis, tecelagem iniciante, Violão Popular na Música brasilei-
ao ar livre, em Santa Felicidade.            tende oferecer o curso de enfermagem. Para a diretora, Rosália            ra, Violino e Yoga.
Curitiba, 25 de agosto a 25 de setembro de 2010

»4                                                                                     Do Quintal
Maior idade

Envelhecimento da população exige
que o país e a sociedade se repensem                                                                                                 Diferentes,
                                                                                                                                      mas com
A hora e a vez                                                                                                                        direitos iguais
                                                                                                                                     Não há um perfil único de quem passa dos 60, 65




da terceira
                                                                                                                                       anos de idade. Boa parte continua trabalhando
                                                                                                                                       mesmo depois da aposentadoria. Uns gozam
                                                                                                                                       de boa saúde e seguem serelepes as décadas
                                                                                                                                       seguintes; outros, por problemas vários,
                                                                                                                                       ficam dependentes de terceiros até para se




idade
                                                                                                                                       locomover. Uns aproveitam para ter uma
                                                                                                                                       vida mais tranqüila, viajar, fazer o que não
                                                              básicos a essa faixa etária. A própria sociedade ainda
                                                                                                                                       conseguiam quando mais jovens; muitos outros
                                                              precisa aprender a conviver com essa nova realidade.
                                                                                                                                       são obrigados a trabalhar em subempregos
                                                              o preconceito com quem chegou às maiores idades é
                                                                                                                                       para garantir a própria sobrevivência ou ajudar
                                                              comum, uma das consequências desta sociedade cada
                                                                                                                                       filhos e netos.
                                                              vez mais competitiva e com produtos cada vez mais


O
        fato de que o brasil está ficando com uma po-         descartáveis, onde o próprio ser humano passa ser vis-                 Pesquisa feita este ano pela empresa GFK
        pulação cada vez mais envelhecida não é novi-         to como descartável.                                                      levantou que a “terceira idade” no Brasil tem
        dade. o antigo país dos jovens segue uma ten-            A luta para que os mais velhos tenham voz e vez na                     um potencial de consumo de R$ 7,5 bilhões,
dência mundial, a do aumento da expectativa de vida           sociedade deveria ser de todos, já que desde que nasce-                   mais que o dobro da média nacional. Ao
e da diminuição do índice de natalidade. Hoje, já são         mos começamos a envelhecer. então, quando o jovem                         mesmo tempo, neste país de contrastes,
quase 20 milhões de brasileiros com mais de 60 anos,          luta hoje por espaço digno para os “maduros” não está                     milhões de idosos ainda não dispõem do básico
ou 10% de toda a população. o IbGe apurou que, em             fazendo mais que lutar pelos seus próprios direitos no                    para a sobrevivência com dignidade, como a
2008, as crianças de 0 a 14 anos eram 26,47% da popu-         futuro. ou seja, está lutando por ele mesmo.                              assistência à saúde, alimentação adequada, o




                                                              “
lação brasileira, e as pessoas com mais de 65 anos re-                                                                                  convívio familiar, acesso ao lazer e atividades
presentavam 6,53%. Para 2050, a estimativa é a de que                                                                                   sociais.
esses mais jovens representem apenas 13,15% , metade                           A velhice é a última
                                                                                                                                     E foi justamente para garantir esses direitos que há
do atual, e os mais velhos correspondam a 22,71 % dos                          chance que a vida                                        sete anos foi criado o Estatuto do Idoso, através
brasileiros, ou seja, mais que o triplo de 2008.                               nos oferece para acabar                                  da Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003. Nele
   esses números trazem uma boa e uma má notícias.
o lado bom é que a extensão da expectativa de vida é
                                                                               de crescer, madurar                                      constam tudo que os membros da terceira

resultado de avanços tecnológicos e melhorias na qua-                          e, finalmente, terminar                                  idade podem exigir legalmente e as punições a
                                                                                                                                        quem desrespeitá-los.
lidade de vida em geral.o lado ruim, e preocupante, é                          de nascer” (*)
que o brasil ainda não está preparado para atender ade-                                                                              A íntegra do Estatuto do Idoso pode ser vista na
quadamente a todo esse contingente de novos idosos.              * A frase está no artigo que o teólogo Leornardo Boff es-              internet. Um dos sites que a fornece é o Guia
   e não é só por parte do governo, que além de uma           creveu ao completar 70 e que o nosso site (www.doquintal.                 Serasa de Orientação ao Cidadão (WWW.
previdência digna deveria garantir os outros direitos         com.br) transcreve na íntegra.                                            serasaexperian.com.br/guiaidoso)

                                                                                                                                     » DENUNCIE
Curitibanos com mais de 60 anos hoje e em 2020                                                                                       Se você for vítima ou presenciar quaisquer casos
                                                                                                                                        de maus-tratos ou de desrespeito ao Estatuto
                                   2010                                                     2020                                        do Idoso, ligue para o 0800-410001. Este é o
                                                                                                                                        número do Disque Idoso, que atende a todos
    Idade         Homens          Mulheres     Total      %          Homens       muheres            Total               %
                                                                                                                                        os municípios do Paraná. Alem de receber
    60-64            28.694         37.222      65.919    3,63          39.297        54.231          95.528               5,04         denúncias, inclusive anônimas, o serviço
                                                                                                                                        presta informações, orientações e encaminha
    65-69            19.230         26.536      45.766    2,52          30.598       44.826            75.424              4,07         reclamações em relação ao idoso. Em Curitiba,
    70-74                13.245     19.450      32.695    1,80          20.848        32.051          52.899               2,85         o serviço atua em parceria com a Fundação de
                                                                                                                                        Ação Social e o Ministério Publico.
    75-79                 8.615     14.780      23.395     1,29         12.229       20.885            33.114               1,79
                                                                                                                                     O serviço funciona nos dias úteis das 8h30 às 12h
    80 e +               8.964       17.718     26.682        1,47      12.709       26.294           30.003               2,10         e das 13h30 às 17h30. Ele pode ser acessado
                                                                                                                                        pelo e-mail disqueidoso@setp.pr.gov.br.
     Total               78.748     115.706    194.454    10,70        115.681       178.287        293.968               15,86
                                                                                                                                     » Direito à vaga
   Curitiba          869.25        948.109    1.817.434       100     880.976       973.074       1.854.050                  100
                                                                                                                                     Por lei federal, quem já completou 60 anos tem
Fonte: Ipardes e IPPUC                                                                                                                  direito a vagas especiais no trânsito. Em
                                                                                                                                        Curitiba, existem 8.260 vagas regulamentadas,
                                                                                                                                        das quais 5% são reservadas ao idoso,
                                                                                                                                        conforme determina o Conselho Nacional
                                                                                                                                        de Trânsito (Contran). Mas, para utilizá-las,
                                                                                                                                        é necessário tirar credencial na Urbs. Para
                                                                                                                                        divulgar isso e os direitos dessa faixa etária
                                                                                                                                        no transporte publico, a Fundação de Ação
                                                                                                                                        Social (FAS), em parceria com o Conselho
                                                                                                                                        Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa, lançou
                                                                                                                                        a campanha “Respeito ao Idoso no Trânsito”     .

                                                                                                                                     » Valor é igual
                                                                                                                                     A credencial garante a vaga, mas não exime do
                                                                                                                                        pagamento. Assim, nestas vagas, o usário
                                                                                                                                        tem que deixar no painel, além da credencial,
                                                                                                                                        o cartão do EstaR que custa R$ 1,00 a hora.
                                                                                                                                        Para fazer o credenciamento é necessário
                                                                                                                                        preencher cadastro na Urbs (www.urbs.curitiba.
                                                                                                                                        pr.gov.br). O uso da credencial é obrigatório
                                                                                                                                        também em áreas privadas - como hospitais,
                                                                                                                                        supermercados etc. Preenchido o cadastro, a
                                                                                                                                        Urbs agenda por e-mail ou pelo no próprio site
                                                                                                                                        a data em que a pessoa deve comparecer para
                                                                                                                                        autenticação da documentação e retirada da
                                                                                                                                        credencial.
Curitiba, 25 de agosto a 25 de setembro de 2010

                                                                                                                                                                                             »5
                                                                              Do Quintal
                                                                                                                                                                          BiCiCLeTa



                                           Luis Claudio Patrício
                                                                                 Um dia
                                                                                 para pensar
                                           lcpatricio@gmail.com



Dia sem carro
No dia 22 de setembro é comemorado no mundo inteiro o dia sem
  carro. O que acontece nesse dia? Em muitas cidades adota-se
  a medida mais óbvia: a restrição ou até mesmo a proibição da
                                                                                 no carro
  circulação de veículos motorizados individuais. Mais do que um
  simples ato simbólico que promove, pelo menos um dia por ano,
  uma redução drástica nos níveis de poluição e ruído; o dia sem
  carro pode servir de laboratório para transformações permanentes               O dia 22 de setembro é uma
  no cenário urbano, através da avaliação e projeção do impacto das
  ações temporárias. Tornando as cidades mais humanas e agradáveis               data para pensar no que
  através da valorização do espaço público e das pessoas.
                                                                                 queremos para o futuro
Mês da Bicicleta


                                                                                 C
Há três anos que a data é celebrada em Curitiba de forma independente                   uritiba realiza no dia 22 de           Nesse dia, ficará fechada para   acesso aos trechos interditados.
   a partir de diversas iniciativas populares. Tudo começou em 22                       setembro mais um Dia sem            o trânsito de automóveis o tre-     Para este ano, a prefeitura orga-
   de setembro de 2007, quando um pequeno grupo se reuniu no                            Carro. Mais do que buscar           cho mais central da avenida Ma-     nizou uma programação cultural
   Parque São Lourenço para lembrar o Dia Sem Carro. Surgiram                    a diminuição momentânea do                 rechal Deodoro - da rua João        para incentivar a adesão da po-
   tantas idéias, que ficou impossível realizar tudo num só dia. Com             tráfego de veículos na cidade, a           Negrão à Marechal floriano          pulação. os espaços destas ruas
   o tempo, chegaram mais pessoas e mais idéias, até que surgiu o                data é um momento para refle-              Peixoto, assim como os acessos      que, normalmente, são usados
   Mês da Bicicleta, ou a Arte Bicicleta Mobilidade, um festival que             xão sobre os problemas cada vez            à praça tiradentes, rua barão do    por carros, vão abrigar terráreo,
   ocorre durante todo o mês de setembro, com atrações culturais,                mais graves causados pelo uso in-          Rio branco entre o Paço Muni-       Condomínio da biodiversida-
   esportivas e educativas. Todas as atividades surgiram de propostas            tenso de automóveis nas cidades.           cipal e a André de barros. Ape-     de, feira de produtos orgânicos,
   populares, onde muitas vezes o papel do organizador e espectador              e um convite ao uso de meios de            nas ônibus, bicicletas, pessoas     atrações artísticas, jogos e brin-
   se confundem. São pessoas ou grupo que apóiam a mobilidade                    transporte sustentáveis, como a            a pé e veículos de serviços es-     quedos, educação de trânsito,
   sustentável e que através de pequenas ações independentes                     bicicleta.                                 senciais e de emergência terão      artesanato e exames de saúde.
   ajudam a transformar o seu próprio bairro. O objetivo é promover
   a discussão a respeito dos problemas gerados pelo excesso de
   trânsito motorizado, demonstrar a viabilidade da bicicleta como
   meio de transporte e ajudar quem estiver interessado em usar
   menos o carro. Além dos vários voluntários, alguns dos grupos
   envolvidos são: Ciclovida – UFPR, Grupo Transporte Humano,
   Coletivo Interlux e Sociedad Peatonal. Alguns deles são aqui mesmo
   da região: Fernando Rosenbaum (Abranches), Goura Nataraj
   (SãoLourenço) e André Caon Lima (Mercês).



O que acontece de 18 a 29 de setembro
18 - Tweed Ride                      Bolha no Passeio Público
É um passeio elegante de bicicle-    com Locomotiva
ta, como nos bons tempos. Você       18h30 - Passeio Público
pode vir com a bike que quiser,
                                     25 – II Curitiba Acclechic
mas use o seu traje mais fino.
Concentração: 15h / saída 16h |      Das 15h às 18h | Praça 29 de                   Índice carro-habitante é o segundo maior do país
Paço da liberdade - Praça Gene-      Março
roso Marques                         26 – Bike Voadora –                             Curitiba tem a segunda população mais moto-              literalmente pararia.
21 e 28 - Oficina de                 basta subir e pedalar para gerar            rizada do país, só perdendo para São Caetano do               » Ter carro não é o problema
construção de veículos               energia e rodar cata-ventos                 Sul (SP). Há 488 carros para cada grupo de mil ha-               Últimos levantamentos do Denatran calculam
 fantásticos                         14h - MoN - Museu oscar Nie-                bitantes na cidade. Já a capital paulista, pródiga em        uma frota de 35, 6 milhões de automóveis no brasil,
9h ás12h e das 14h ás 17h - Cen-                                                 congestionamentos, está em nono lugar, numa pro-             um crescimento acima de 60% em 10 anos. e a facili-
                                     meyer – Rua Marechal Hermes,
tro de Criatividade de Curitiba                                                  porção de 412 carros por mil habitantes. esses são           dade de crédito, isenção de impostos e outros incen-
(Rua Mateus leme, 4700) –            999                                         alguns dos dados levantados pelo Departamento                tivos apontam que a comercialização de veículos só
33137191                             26 – Campeonato                             Nacional de trânsito (Denatran) e divulgados pela            deve aumentar a curto e médio prazos.
21 – Sessão Ciclecine                Metropolitano                               Agência estado no início do mês.                                 especialistas explicam, porém, que o problema
na Cinemateca                        de Mountain Bike                                o estudo aponta para o fato curioso de Curitiba          não está na quantidade de carros comercializados,
Sessões às 19h e 21h | R. Pres.      Centro Politécnico- 9h às 13h               ter um serviço de ônibus considerado modelo, mas             mas em como eles são usados. A média de automó-
Carlos Cavalcanti, 1174                                                          que mantém uma altíssima proporção carro/habi-               veis por habitante é geralmente maior em cidades de
                                     Participe também! Para saber
22 – Marcha das 1001 Bikes/                                                      tante. Segundo o levantamento, a capital paranaense          países desenvolvidos. Mas na europa, onde existem
                                     mais acesse: http://artebicicleta-
Maracatu Estrela do Sul                                                          só não tem tantos congestionamentos quanto a capi-           bons sistemas de transporte público, por exemplo, os
à partir das 17h30 – Saída na Pra-   mobilidade.wordpress.com/                   tal paulista porque apenas 22% da população curiti-          donos de carros usam-no geralmente para viagens e
ça Santos Andrade                    http://bicicletadacuritiba.org/             bana usam diariamente o seu automóvel . Se todos             passeios de final de semana, não para trabalhar ou
24 – Música para sair da             http://transportehumano.com.br              fossem colocados na rua ao mesmo tempo, a cidade             fazer pequenos percursos como é comum no brasil
Curitiba, 25 de agosto a 25 de setembro de 2010

»6                                                                                    Do Quintal
TÚNeL

Construção subterrânea no Vista Alegre alimentou a
imaginação de crianças e adultos durante gerações



O mistério do
túnel desvendado
Douglas de Souza Fernandes                         Além de dentista, seu pai era fotógrafo e foi           brasil pelo Marquês de Pombal, em 1760, os       tijolos. ele explica que esse tipo de construção
                                                   com a sua Yashica 700 que o menino fez o re-            jesuítas, no Paraná, só haviam se estabelecido   é muito rara no brasil, mas comum em países

Q    uem foi criança no Vista Alegre das Mer-
     cês até o final dos na os 70 tinha um local
perfeito para exercitar a curiosidade e o es-
                                                   gistro em 1962.
                                                       Segundo ele, nessa época havia ali a base de
                                                   uma pequena casa em cujo porão havia um al-
                                                                                                           em Paranaguá, onde fundaram um colégio em
                                                                                                           1755. em Curitiba, eles viriam a inaugurar o
                                                                                                           Colégio Medianeira, no Prado Velho, mas só
                                                                                                                                                            como o Uruguai e a Argentina. Como desde o
                                                                                                                                                            início do Século XIX o Paraná já tinha relações
                                                                                                                                                            comerciais com esses países, principalmen-
pírito de aventura. era só ir até a chácara da     çapão. Por uma passagem estreita escavada na            em 1957. e pergunta-se: que motivo teriam        te com a exportação de erva-mate, é possível
família Gutierrez, um amplo espaço todo cer-       terra rastejava-se por 6 a 8 metros até uma am-         os religiosos para deixarem seus afazeres edu-   que alguém originário de um deles tenha sido
cado por área nativa e que em parte daria lu-      pla sala abobadada com cerca de dois metros             cacionais e virem para uma área da cidade ain-   diagnosticado com a doença quando estava
gar décadas depois ao bosque Gutierrez. Ali        de altura toda feita em tijolos. Ali havia uma          da coberta por matas para cavarem um túnel?      em Curitiba, foi internado no lazareto, e seja o
onde hoje é o cruzamento das ruas Amapá            outra passagem, mas fechada por uma parede                  Para o professor, a possibilidade de ter     responsável por fazer ou comandar essa obra.
e Andre Zanetti, havia a entrada de um mis-        nova de tijolos. em uma das extremidades da             sido feito por alguém do lazareto é a mais           Ao chegar a essa conclusão, porém, o pro-
terioso túnel. os mais corajosos chegavam          sala, havia um respiro em forma de chaminé.             factível. Na época, os leprosos eram execra-     fessor tem uma ponta de decepção. Afinal,
a entrar na sombria construção subterrânea          » Leprosos                                             dos pela população em geral muito mais do        como comentou em artigo escrito na Revis-
e percorriam o que conseguiam. A maioria,              Quase 50 anos após essa aventura de                 que são hoje. Doentes que saiam de seu re-       ta Coisa Paralela, da UfPR, “definitivamen-
porém, só ouvia as histórias que se contavam       criança, Key chegou à conclusão de que a                duto chegavam a ser apedrejados. Daí não ser     te, eu preferiria o velho pirata, com seu olho
sobre quem teria feito o túnel. essas narrações    construção foi feita por alguém ligado ao la-           impossível ter sido construído para que pu-      de vidro e sua perna de pau; no canto da sala
que incluíam padres jesuítas, leprosos e até um    zareto – local onde eram tratados portado-              dessem se refugiar em caso de algum ataque.      subterrânea escondendo um baú com a ban-
pirata passaram de geração a geração. Até hoje     res da hanseníase, ou lepra – que funciona-             Por ser de desenvolvimento lento, a doença       deira da caveira, um par de garruchas carre-
várias dessas versões estão vivas entre mora-      va próximo dali e que foi desativado com a              não impediria que os doentes pudessem tra-       gadas e um velhíssimo pergaminho com ma-
dores mais antigos. e até hoje não se sabe com     inauguração do leprosário São Roque, em                 balhar normalmente.                              pas de ilhas de tesouro”. Infelizmente, não é.
certeza quem o fez e qual seria sua função.        Piraquara, em 1926.                                      » Quem construiu
   A versão mais plausível é a do historiador          A hipótese de ter sido feito pelo lendário              o que mais chama hoje a
e professor aposentado do curso de Arqui-          Pirata Zulmiro para esconder seu tesouro é              atenção do arquiteto Key é o
tetura e Urbanismo da Universidade federal         descartada simplesmente por não haver qual-             sistema construtivo utilizado no
do Paraná Key Imaguire Júnior. ele também          quer registro histórico de tal personagem. e a          teto. Para suportar o peso, ele foi
é o autor das únicas fotos conhecidas feitas       de que teria sido construído por padres jesu-           construído em arcos, com o uso
no interior do túnel. Hoje morador das Mer-        ítas para fugirem de perseguidores também               de bovedillas, ou seja, vigotes de
cês, Key passou sua infância no Vista Alegre.      não procede. Na época que foram expulsos do             trilhos transversais ligados por

Fotos: Key Imaguire Junior




                                                                                                                                                Já adulto, Key fez um croqui a partir das
                                                                                                                                               lembranças que tinha do esconderijo em
                                                                                                                                               que entrou quando criança.




A entrada para o misterioso túnel. Poucos tinham coragem para entrar.




                                                                                                                                               As passagens eram estreitas,mas as paredes altas
A sala cujo teto teria sido construído com uma técnica até hoje não utilizada no Brasil.                                                       e bem construídas.
Curitiba, 25 de agosto a 25 de setembro de 2010


                                                                                                     Do Quintal                                                                                                         »7

                                                                                                                                                                                                            TÚNeL

Com tantas lendas, entrar no túnel                                                                                                                                               outros túneis,
era uma prova de coragem                                                                                                                                                          outros
                                                                                                                                                                                  mistérios

Jesuítas, pirata
                                                                                                                                                                                 Entre os mais antigos, há a crença
                                                                                                                                                                                    generalizada que o túnel do
                                                                                                                                                                                    Gutierrez iria até o centro da cidade.
                                                                                                                                                                                    Mesmo diante da evidência de que




e o capeta
                                                                                                                                                                                    seria impossível atravessar um túnel
                                                                                                                                                                                    de tal extensão sem equipamentos
                                                                                                                                                                                    especiais, e muito menos construí-lo.

                                                                                                                                                                                 A hipótese voltou a garnhar força nos
                                                                                                                                                                                    últimos tempos, com a descoberta
                                                                                                                                                                                    de túneis ou esconderijos no centro
                                                                                                                                                                                    da cidade. Em 2007, dois rapazes,
                                                                                                                                                                                    o empresário Marcos Ofenbock e
                                                                                                                                                                                    o jornalista Alexandre Nascimento,
                                                                                                                                                                                    divulgaram ter encontrado
                                                                                                                                                                                    possíveis túneis em baixo do Clube
                                                                                                                                                                                    Concórdia e Sociedade Garibaldi,
                                                                                                                                                                                    no centro da cidade. Para eles, tais
                                                                                                                                                                                    construções poderiam ter ligações
                                                                     DSF/Do Quintal




                                                                                                                                                                                    com igrejas da região ou outras
                                                                                                                                                                                    áreas da cidade. Mas não há nada
                                                                                                                                                                                    de concreto que prove isso.

                                                                                                                                                                                 No Clube Concórdia, há de fato um
Professor Key: “Sentados sobre pilhas de tijolos,                                     Arnete Bressa: “Meu tio dizia que o capeta morava ali...”
montávamos engenhosas hipóteses sobre o esconderijo...”                                                                                                                            porão e, nele, um buraco que
                                                                                                                                                                                   parece ser uma passagem. O
                                                                                                                                                                                   problema é que há grades que
    Durante décadas, houve muita gente que entrou no tú-                              que nasceu no bairro e que ainda mora no número 170 da rua
                                                                                                                                                                                   impedem o avanço por ali e até
nel do Gutierrez com intenção de achar o tesouro escondido                            Albino Pachendorff, lembra que os meninos eperavam o caseiro
                                                                                                                                                                                   agora não se sabe com certeza
pelo Pirata Zulmiro ou pelos jesuítas. o professor Key Ima-                           sair para se aventurarem pelo esconderijo. “A gente levava velas,
                                                                                                                                                                                   se realmente há ou havia um
guire conta que havia um certo risco em adentrar o esconde-                           pois era muito escuro”, relembra ele. Hoje, aos 62 anos, Valdir
                                                                                                                                                                                   túnel por ali. A hipótese mais
rijo, “pois a abóboda e paredes estavam esburacadas por esses                         não acredita que o túnel tenha sido feito por um pirata. ele acre-
                                                                                                                                                                                   provável é que seria apenas
neuróticos que procuram ouro escondido em qualquer lugar                              dita que seja obra dos jesuítas.
                                                                                                                                                                                   um esconderijo construído por
antigo”.                                                                                 Virgínia bressan , sobrinha neta do casal João e Virgínia, que
                                                                                                                                                                                   imigrantes durante a segunda
    Para a criançada, porém, entrar no túnel era uma prova de                         eram os caseiros da chácara dos Gutierrez, lembra que o tio di-
                                                                                                                                                                                   guerra mundial. O Concórdia é
coragem e o objetivo principal era descobrir a onde levava a                          zia que dentro do túnel morava o capeta, e por isso ninguém
                                                                                                                                                                                   formado por descendentes de
estranha construção. “A grande aventura era chegar a tal sala –                       podia entrar lá. ela obedeceu, mas sua prima Arnete bressan,
                                                                                                                                                                                   alemães, e a Sociedade Garibaldi,
após entrar pelo alçapão e rastejar pela estreita passagem -, sen-                    hoje com 68 anos, resolveu conferir. “eu entrei, mas só na pri-
                                                                                                                                                                                   por italianos, as duas nações que
tar numa pilha de tijolos e ficar montando engenhosas hipóteses                       meira parte, não fui até o fundo como faziam os meninos. tinha
                                                                                                                                                                                   formavam com o Japão o chamado
sobre o esconderijo – inclusive da conveniência de conhecê-lo                         medo”. Se o diabo morava lá, no momento ele não estava em
                                                                                                                                                                                   Eixo que lutou contra os aliados
em caso de ira incontida de nossos pais”, relembra o professor                        casa, pois Arnete diz não ter visto ninguém por ali.
                                                                                                                                                                                   na Grande Guerra. A construções
de arquitetura e história.                                                               Até hoje, porém, ela acredita que o túnel tenha sido constru-
                                                                                                                                                                                   subterrâneas poderiam ser, então,
    outros lembram que para chegar ao túnel tinham que passar                         ído pelos jesuítas e que iria até as Ruínas de São francisco, no
                                                                                                                                                                                   esconderijos para serem usados
pelo caseiro dos Gutierrez que morava em frente. Valdir Siba,                         centro da cidade. (DSF)
                                                                                                                                                                                   em caso de perseguições.

                                                                                                                                                                                 » Faltam arqueólogos
                                                                                                                                                                                 O professor de História da UFPR e
                                                                                                                                                                                    morador do Vista Alegre, Dennison
                                                                                                                                                                                    de Oliveira, explica que com a Guerra
                                                                                                                                                                                    todo mundo que tivesse livros,
                                                                                                                                                                                    discos ou cartas escritas em alemão,
                                                                                                                                                                                    italiano ou japonês eram suspeitos
                                                                                                                                                                                    de serem “quinta coluna” ou seja,
                                                                                                                                                                                                              ,
                                                                                                                                                                                    espiões a serviço do Eixo. Esses
                                                                                                                                                                                    túneis, portanto, teriam sido usados
                                                                                                                                                                                    para esconder esses materiais e
                                                                                                                                                                                    evitar que fossem destruídos.

                                                                                                                                                                                 Para Dennison, muitos destes mistérios
                                                                                                                                                                                    envolvendo os túneis da cidade
                                                                                                                                                                                    seriam elucidados se houvesse
                                                                                                                                                   Marco André Lima/Do Quintal




                                                                                                                                                                                    arqueólogos pesquisando esses
                                                                                                                                                                                    casos. O problema é que são poucas
                                                                                                                                                                                    universidades que oferecem o curso
                                                                                                                                                                                    no Brasil, apenas em oito estados,
                                                                                                                                                                                    e o Paraná não está entre eles.
                                                                                                                                                                                    Dennison lembra que a arqueologia
                                                                                                                                                                                    já teve bons tempos por aqui
                                                                                                                                                                                    como mostra o acervo do Museu
                                                                                                                                                                                    Paranaense, mas que nos últimos

           Debaixo da antena                                                                                                                                                        anos houve uma regressão. “A
                                                                                                                                                                                    gente espera que o poder público,
           O muro foi construído pouco antes da entrada do túnel. Hoje, o local da entrada do Túnel do Gutierrez está sob                                                           inclusive por conta da legislação já
             o pátio dos fundos da TV Transamérica. Não há sequer vestígio da antiga construção. A empresa faz fundos                                                               existente sobre a preservação de
             com o terreno onde funciona a Associação de Promoção do Adolescente, uma casa lar dirigida pela irmã Diva e                                                            nosso patrimônio arqueológico e
             que atende a crianças órfãs. A religiosa confirma que quando chegou ao local, há pouco mais de três décadas,                                                           histórico, acabe entrando na jogada
             havia no terreno a base de tijolos com uma entrada e que para evitar que as crianças fossem brincar lá dentro,                                                         para garantir que as pesquisas
             foi colocado um tampão. Com a construção do prédio, o misterioso túnel foi soterrado. No local foi erguida a                                                           e estudos nesses locais sejam
             antena da TV Ttransamérica (DSF)                                                                                                                                       feitos com base científica. E que
                                                                                                                                                                                    não fiquem entregues a curiosos e
                                                                                                                                                                                    diletantes” conclui. (DSF)
                                                                                                                                                                                                ,
Curitiba, 25 de agosto a

»8                                                                                                                                                                                                                    Do Qu
Bairro oNTeM



Gava, uma história
esculpida na pedra
                                                                                                     Marco André Lima/Do Quintal

Família veio para o Brasil                                                                                                                                               No trabalho na pedreira nos anos 50, carroças
                                                                                                                                                                         puxavam pedras para o caminhão. No detalhe,

para plantar, mas acabou                                                                                                                                                 o local hoje transformado na Ópera de Arame.


ajudando a construir Curitiba
Douglas de Souza Fernandes                                  enças contagiosas. Somente no dia


O
         nze horas da manhã. Um                             19 de dezembro de 1879 chegaram
         longo silvo de sirene atraves-                     em Morretes, de onde vieram para
         sa a zona norte da cidade.                         Curitiba.
Depois de um breve silêncio,uma                                 Na capital, o jovem casal italiano
estrondosa explosão seguida de                              recebeu da Câmara Municipal uma
uma poeira branca que se assenta                            área na região que abrangia onde
lentamente sobre ruas, casas, varais                        está hoje o Cemitério São Marcos.
de roupas, vegetação. Durante déca-                         Ali construiu sua casa e começou
das, essa foi a rotina que se repetia                       a plantar cereais e hortaliças para
duas vezes por dia (também ás 15h)                          vendê-los no centro da cidade. o
no Pilarzinho e Abranches. Com o                            primeiro filho, João, chegaria em
tempo, os moradores se acostuma-                            1881, quando emilia tinha 20 anos.
ram com o barulho das dinamites                             Depois viriam Roberto (1883),
explodindo pedras no que é hoje o                           bortholo (1887), Mathilde (1894),
Parque tanguá, Ópera de Arame e                             Josephina (1897), Maria (1900),
Universidade do Meio Ambiente.                              luiz (1901) e a caçula Anna, em
Dos anos 20 ao início dos 80, as pe-                        1904, quando emília já tinha 43
dreiras eram a principal referência                         anos de idade.
da região. Assim como são hoje os                               Nas primeiras décadas em solo
parques criados a partir delas.                             curitibano, a família dedicou-se
    As pedras tiradas durante dé-                           exclusivamente à lavoura e a cria-
cadas dos enormes paredões estão                            ção de galinhas, porcos, animais de
hoje em milhares de casas, praças e                         tração e vacas. Conforme os filhos
de ruas curitibanas. Uma das famí-                          cresciam, o trabalho ganhava novos
lias que se destacaram no ofício de                         braços. o novo rumo de atividade
extrair pedras para uso nessas cons-                        só aconteceria no final da década
truções foi a Gava.                                         de 20 do século passado após o
    os primeiros Gava que che-                              casamento do filho mais velho. João
garam a Curitiba, porém, nem                                se casou com Maria fligikowski, e
                                                                                                                                                                                            Marco André Lima/Equipe Do Quintal
imaginavam que um dia a família                             adquiriu uma ampla área de terras,
teria o nome ligado à extração                              que abrangia onde é hoje a Ópe-                            O trabalho era “pedreira”
mineral. Afinal, quando o casal                             ra de Arame. A área ao lado, que                           Quando consideramos que algo é muito
Matheus Gava e emilia Colleti                               incluía a atual Pedreira Paulo le-                           cansativo ou difícil de se fazer, dizemos que
chegou ao brasil, em 1879, vi-                              minski, já pertencia ao município.                           esse trabalho é uma pedreira. E trabalhar
nha com o objetivo de cultivar a                            A vasta área anda era inexplorada                            antigamente nas pedreiras era literalmente
terra e produzir alimentos, assim                           economicamente. Neste período,                               “uma pedreira” Até os anos 50, o transporte
                                                                                                                                        .
como os milhares de conterrâ-                               bortholo, já casado com Margarida                            era feito em carroças e para quebrar os
neos que então deixavam uma                                 de Conto, adquiriu um terreno de                             blocos de pedras eram usadas marretas.
Itália mergulhada no desempre-                              Cielo de Pol no hoje Parque tan-                           João Gava Neto, hoje com 79 anos, trabalhou
go após a unificação do país.                               guá. A área adquirida fazia divisa                            ainda criança um bom tempo na pedreira
    Matheus e emília moravam na                             com a pertencente à empresa Cavo.                             do avô. João deixou a escola aos 11 anos
cidade de Capella Magigiore, na                                 então, a partir dos anos 20, a                            de idade para trabalhar no local onde
província de treviso, região de                             família começava a extração de pe-                                                                            João Gava Neto trabalhou quando
                                                                                                                          seu pai, José Gava, trabalhava. No início,      criança na pedreira do avô.
Vêneto, no nordeste italiano, quan-                         dras que seguiria ininterruptamente                           fazia pequenos serviços como levar os
do decidiram tentar a vida no novo                          por mais de meio século, ajudando                             ponteiros e brocas de aço usados na
continente. Depois de um mês e                              a construir uma nova Curitiba.                                                                                   pela dureza e riscos do trabalho. Daí , já
                                                                                                                          quebra de pedras ao ferreiro que trabalhava
meio de uma desconfortável via-                                                                                                                                              casado e com duas filhas, Sônia e Guiomar,
                                                                                                                          na pedreira. Um serviço mais leve, mas
gem no navio Khonprinz friedrich                                                                                                                                             João começou a trabalhar como carpinteiro.
                                                                                                                          muito mais perigoso, era levar bananas de
Wilhelm, Matheus, então com 23                                                                                                                                               Hoje, mora em Araucária, fabrica
                                                                                                                          dinamite para os locais das explosões.
anos, e emília, 18, ainda tiveram                                                                                                                                            artesanalmente móveis e cadeirinhas para
que ficar de quarentena no Rio de                                                                                      Com o tempo, ele passou a fazer trabalhos             crianças, e visita regularmente as filhas que
Janeiro, como era praxe para veri-                                                                                       mais pesados, como transportar as pedras            continuam morando no Pilarzinho.
ficar se os imigrantes tinham do-                                                                                        e quebrá-las em pedaços menores para
                                                                                                                                                                          Apesar das dificuldades da época, João Gava
                                                                                                                         levá-las ao britador. Como não havia
                                                                                                                                                                            Neto guarda com orgulho as recordações
                                                                                                                         compressor, elas tinham que ser quebradas
                                                                                                                                                                            do trabalho na pedreira. Principalmente
                                                                                                                         na marreta. Para isso, um funcionário
                                          Arquivo/Família




                                                                                                                                                                            em relação às obras feitas com as pedras
                                                                                                                         segurava o ponteiro enquanto um colega
                                                                                                                                                                            tiradas dali. Uma delas foi o prédio do
                                                                                                                         dava as marretadas. Um erro de cálculo
                                                                                                                                                                            Hospital da Cruz Vermelha, na Vicente
                                                                                                                         poderia significar uma mão ou braço
                                                                                                                                                                            Machado. Ele foi um dos que ajudaram a
                                                                                                                         esmagado.
                                                                                                                                                                            levar as pedras para o terreno no Batel, que
                                                                                                                       João Trabalharia na pedreira até o início dos        serviriam de alicerce para a construção do
                                                                                                                          anos 60, quando saiu devido a questões            hospital beneficente inaugurado em 1947.
                                                                                                                          salariais, pois achava que recebia pouco          (DSF)
Matheus e Camilla, também
conhecida por Emília.                                       João Gava.
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Jornal Do Quintal 2º Edição

  • 1. 100% fUtebol Conheça a história de Levi Mulford, um jornalista que não perde um lance do futebol Marco André Lima/ Do Quintal paranaense há 57 anos. Pág. 15 Do Quintal R$ 1,50 25 de agosto a 25 de setembro de 2010 - Ano I - Número 2 Um jornal a serviço dos moradores da região do Pilarzinho, Mercês, Vista Alegre, Abranches e São Lourenço Um túnel, muitas histórias Uma misteriosa construção subterrânea nas Mercês atiçou a curiosidade e a imaginação de gerações e gerações. Nesta edição, o Do Quintal traz as únicas fotos já feitas em seu interior e a versão de um arquiteto e historiador que desvendou o segredo do local. Págs. 6 e 7 Key Imaguire Júnior Arquivo Jaime Gava O caminho » Bicicleta: adote essa idéia No mês da bicicleta, a estreia da seção voltada ao transporte humano e alternativo. Pág. 4 das pedras EDUCAÇÃO » O Enem e as escolas Notas do Enem 2009 retratam as dificuldades que enfrentam as escolas estaduais para manter uma boa qualidade de ensino. Págs. 10 e 11 Antigamente, Pilarzinho, Abranches e Vista Alegre era a » Candidatos respondem região das pedreiras. Hoje é a dos parques. A família Gava Perguntamos aos candidatos a foi uma das que trabalharam na extração de pedras, que governador Osmar Dias e Beto Richa ajudariam a construir a Curitiba de hoje. Págs. 8 e 9 o que eles propõem para resolver os problemas das escolas estaduais. E eles responderam. Pág. 12
  • 2. Curitiba, 25 de agosto a 25 de setembro de 2010 »2 Do Quintal CARTA AO LEITOR É fácil fazer Insegurança no Pilarzinho um jornal Fazer um jornal é fácil. Fazer um bom jornal é é alarmante, diz pesquisa L muito difícil. O Do Quintal escolheu a segunda opção. E nesta segunda edição, damos mais evantamento sobre a criminalidade no Pilarzinho os 93 pequenos e micro empresários pesquisa- um passo para consolidar nosso projeto de mostrou dados alarmantes. Dos 93 empresários dos representam 18,5% dos 503 estabelecimentos levar informação de boa qualidade ao nosso pesquisados, 50 afirmaram terem sido vítimas de de comércio varejista em atividade no bairro, con- leitor. Temos como princípio que o jornalismo assaltos, roubos ou arrombamentos entre janeiro de forme números da Prefeitura Municipal referen- deve ter uma função social que esteja acima do 2009 e maio deste ano. No total foram 134 ocorrências, tes a 2007. ou seja, de acordo com a pesquisa, quase mero interesse econômico, comercial. É claro pois muitos foram “visitados” pelos criminosos mais de 10 por cento dos comerciantes do bairro foram ví- que nem uma empresa ou negócio sobrevive uma vez. o prejuízo declarado foi de R$ 216, 390,00. A timas de criminosos em um período de 15 meses. só com bons princípios. Mas acreditamos pesquisa foi feita por um ser possível ter um retorno econômico não grupo de moradores que » 14 vezes participam da Rede de os empresários, que res- De 93 comerciantes tendo que abrir mão dá ética e do respeito à inteligência do leitor. Desenvolvimento local, ponderam o questionário Por isso, lançamos a primeira edição com organizada pelo sistema fiep-Sesi. os resultados pesquisados, 50 disseram sem se identificar, informa- ram que das 134 ocorrên- recursos próprios. Para mostrar que um chamado “jornal de bairro” pode sim ser um serão levados às autori- ter sido vítimas de cias, 74 foram assalto à mão dades do setor. armada e 60 arrombamen- veículo sério, comprometido com quem o lê, A proposta de se fa- criminosos, num prejuízo tos. Só um dos entrevistados ajudando a resgatar a sua história, enaltecendo o que há de bom e criticando o que precisa zer um questionário para ser respondido por de mais de R$ 216 mil afirmou que seu estabeleci- mento foi atacado 14 vezes ser mudado. Nosso compromisso é com isso e com questões que consideramos basilares comerciantes locais sur- em apenas 15 meses no período, quase uma vez giu da constatação de por mês. o horário dos para a boa qualidade de vida: a educação e o que boa parte das víti- crimes variou bastante. A meio ambiente, como mostram as reportagens mas de crimes não re- maior parte foi de madru- desta edição. gistra queixa na polícia. Situação que foi comprovada gada (17 ocorrências), em seguida das 18h às 20h (15), das É para continuarmos trilhando esse caminho, que na pesquisa, onde 23 das 50 vítimas disseram não ter 13h às 17h (11), das 7h às 13h (4) e das 21h às 24h (3). pedimos a você, leitor, que nos apóie nessa registrado a ocorrência. Por isso, os dados oficiais não Por fim, o levantamento mostrou pouca confiança empreitada. Primeiro nos dando a honra da refletem o que realmente acontece. Com o levantamen- dos comerciantes nas providências policiais. Do total de leitura. E depois, se gostou do que leu e acha to pretende-se contribuir para que os responsáveis pela vítimas, apenas 27 registraram a ocorrência na polícia. importante uma publicação como essa, que segurança pública tenham dados reais nos quais se base- Destas, apenas seis disseram ter tido notícias dos crimi- divulgue o Do Quintal aos amigos, vizinhos, ar nas futuras ações. nosos.(DSF) colegas. Inicialmente para divulgar o produto estamos distribuindo o jornal em condomínios, Marco André Lima aos alunos do ensino médio das cinco escolas estaduais da região, no comércio e em áreas residenciais dos cinco bairros. Mas ele também é colocado à venda em bancas e outros pontos comerciais. Se você o recebeu gratuitamente em um condomínio, por exemplo, junte os vizinhos que apóiem a idéia e entre em contato conosco para garantir que o jornal continue sendo entregue mensalmente no local. Com R$ 1,50 não dá nem para dar uma volta de ônibus em Curitiba, mas dá para ficar bem informado todo mês sobre o que aconteceu e o que acontece em seu bairro. » FALECIMENTOS Ivo Correia Félix É com pesar que registramos o falecimento de Ivo Cor- reia félix, aos 55 anos. Comerciante e morador do Pilarzi- Antenado nho, ele foi um dos grandes incentivadores do lançamento do Do Quintal, mas não chegou a vê-lo pronto. Roberto Bittencourt (*) alguém interessante morava por ali sar de não ter me ligado como pro- ou alguma coisa curiosa, alguma coi- meteu; sei que o Douglas também Casa nova, bairro novo e também Benjamim Basso sa boa acontecia na região da Cruz... mora, ali, mais para baixo e que exis- o ânimo se renova. Ainda que do lamentamos o falecimento de benjamim basso, cuja his- e isso persistiu até há poucos anos, te o bar do osni na minha rua, onde Vista Alegre até o Pilarzinho seja um tória foi contada na edição passada. ele tinha 83 anos e estava quando, já morando no Vista Alegre, a única coisa de que eu não gosto é pulo, como se diz, os ares de ambos hospitalizado, em estado vegetativo, há um ano e meio. resolvo esticar uma caminhada até do som extremamente alto que rola, os bairros são distintos e isso se per- a feira-livre que, em frente à Cruz, de vez em quando, por ali. Mas uma cebe dos buracos nas ruas aos beirais funciona aos sábados pela manhã. das coisas que mais me impressio- com lambrequins. tanto num quan- Não, se fosse um bairro distante do na é o fato de eu vir morar aqui no to noutro, peculiaridades. EXPEDIENTE Do Quintal Mas o que importa, o que que- ro contar por puro desejo de com- centro de Curitiba, um Sítio Cerca- do, um Atuba tudo bem, mas aqui, a tão ouvido, no tão sonhado, no tão querido e desejado Pilarzinho, jus- dez minutos do centro... bem, como tamente bem próximo à Cruz, que, partilhar contigo é sobre a sensação Propriedade da Editora ETC e Tãao – CNPJ: 12.339.920/0001-18 nada acontece por acaso, aqui estou hoje, já não causa aquele tipo de de vir morar num bairro que, muito Jornalista Responsável: Ângela Ribeiro DRt 1574 a arrumar pertences, a contribuir impressão de outrora. Mas que per- antes de frequentar as páginas po- Diretor de Redação: Douglas de Souza fernandes com um dos sistemas de habitação manece marco num espaço onde, liciais, o que hoje não é privilégio além do poeta Paulo leminski es- Projeto gráfico e diagramação: eduardo Picanço Aguida deste ou daquele, atiçava a minha e a aguardar a estúpida lentidão de truturar sua inquietação, seus ca- e Paulo Augusto Krüger de Almeida. imaginação nas noites solitárias dos uma das operadoras de telefonia fixa prichos e seus relaxos e de o Helio Fotografia: Marco André lima (marcolimaphotos@yahoo.com). anos 70, quando cheguei em Curi- para, depois de um mês, enfim, visi- leites abotoar-se todo, também tiba: na Cruz do Pilarzinho, próxi- tar minha caixa de mensagens, atu- Endereço: Rua Professor Ignácio Alves de Souza filho, 343, o edílson Del Grossi e o Roberto Pilarzinho, CeP 82110-450. mo à Cruz do Pilarzinho... talvez alizar meu blog e fazer uma ligação Prado elevam suas antenas no enre- pela ainda recente proximidade para Campos Novos. Telefones: 3527-0501 e 8875-3197. dar das torres que aqui se alinham. E-mails: jornalismo@doquintal.com.br, contato@doquintal.com.br, dos rituais católicos que, de algum Imaginas que tudo acontece as- comercial@doquintal.com.br. Site: www.doquintal.com.br modo, povoavam o meu imaginário sim mesmo: a Cruz fica logo ali; sei (*) Roberto Bittencourt é poeta, Impressão: editora o estado do Paraná desde menino. o fato é que sempre que a Verinha mora na região, ape- jornalista e morador do Pilarzinho
  • 3. Curitiba, 25 de agosto a 25 de setembro de 2010 Do Quintal »3 Um passeio que rejuvenesce Simony Daian Huck Creche para Um grupo de idosos do Pilarzinho teve mais um dia especial no último dia 21 de agosto, um sábado. Desde março, eles fazem um passeio mensal o Pilarzinho organizado pela funcionária de saúde Jane Carla Joly e a professora Sônia Brüsch, moradoras do bairro. Desta vez foi no Pesque e Pague e Lanchonete Mina D’água, localizado no Cascatinha, em Santa Felicidade. amentos da Cohab, e também áreas de ocupação que estão sendo urbanizadas”, disse luciano Ducci. Atualmente, a Prefeitura tem A idéia do passeio surgiu durante as 41.058 crianças matriculadas na educação infantil. aulas de alfafabetização para idosos o prefeito assinou também editais para a pavimentação de 90 que Sônia ministra gratuitamente ruas, pelo programa Asfalto Cidadão. São ruas de saibro em 22 desde o início do ano. Segundo ela, bairros que ganharão asfalto definitivo. os recursos são de emen- O prefeito Luciano Ducci durante a assinatura é uma forma de propiciar momentos da ordem de serviço para a obra. das parlamentares dos vereadores. de lazer e interação social para os No Pilarzinho, será asfaltada a Vansolino Granato. No Vista senhores e senhoras que na maior o Pilarzinho ganhará uma nova creche no ano que vem. o Alegre, a Chafic Cury. parte vem de famílias sem condições anúncio foi feito pelo prefeito luaciano Ducci, que assinou no dia No Abranches ganharão asfalto denifitivo as ruas: Walfrido leal, para tal. 3 de setembro a ordem de serviço para a obra. Além do Pilarzinho, Maria falate,José Manoel S. Souza, João falate, José Izar, Roberto outros oito bairros receberão o equipamento. No total serão aber- luiz bohnenstengel, todas na Vila Nossa Senhora de fátima; no Jar- Sem apoio oficial, foram as duas que tas 1.600 vagas para crianças, sendo 150 no Pilarzinho. dim Área Verde: Genésio Ramalho, Waldemar Reikda, Miguel Dias por conta própria conseguiram um Serão investidos R$ 11,1 milhões na construção desses Cen- Gonçalves e Dr. Carlos eloy Reichmann; no Jardim Camila, Stefa- ônibus gratuitamente da empresa tros Municipais de educação Infantil. “As novas creches atendem, no triska. leya Marques Vieira, Rodovil liodor brenner e Massa- Nossa Senhora do Carmo, que principalmente, áreas de expansão da cidade, que receberam lote- mori Inouhe; e, finalmente a rua Dovico Dal Prá. todo mês coloca um motorista à disposição. São elas também que arcam com as despesas dos lanches servidos em todo passeio. Apesar disso, as duas dizem que o trabalho » Terceira idade de Melo, a oferta desses cursos atende a uma demanda cada vez é compensador. ““Ver a felicidades A Paróquia São Marcos reúne uma série de atividades voltadas maior do mercado que se ressente da falta de profissionais qua- dos idosos é motivador. Eles ficam para a terceira Idade, através do Grupo Primavera e do Grupo São lificados. Marcos. o primeiro se reúne todas as segundas-feiras e o segundo, contentes com coisas simples”, diz nas quartas-feiras no salão da Paróquia, sempre das 13h30 às 17 » Cursos gratuitos -Construção Civil Sônia. horas. Ali, os idosos participam de cursos de trabalhos manuais, estão abertas as inscrições para cursos de carpinteiro, eletricis- Os participantes concordam. “O passeio tais como bordados, tricô, crochê etc. A paróquia tem ainda um ta, encanador, gesseiro, mecânico de manutenção e pintor ofere- programa de atendimento às mães carentes através do Clube da cidos pelo programa Próximo Passo, coordenado pela Secretaria é muito bom, pois a gente distrai e sai Ação Social São Marcos, onde têm aulas de costura, trabalhos ma- Municipal do trabalho e emprego, com recursos do Ministério da rotina”, afirma Sebastião Barbosa. nuais e outras orientações. Informações podem ser conseguidas do trabalho e emprego. Ao todo são 1.176 vagas para os sete cur- “Esses passeios são bons para reunir na própria paróquia. sos de qualificação na área de Construção Civil. Podem participar os colegas e jogar baralho e cantar pessoas beneficiárias e dependentes do bolsa família. modas de viola”, completa o Antônio » Bocado do Pobre *** Tuler, violeiro do grupo. Todos dizem Um outro programa social desenvolvido na Paróquia São Mar- As inscrições podem ser feitas nas Agências do trabalhador que se sentem mais jovens após os cos é o bocado do Pobre, que entrega cestas básicas para famílias nas ruas da cidadania e nos Centros de Referência da Assistência passeios. carentes. essas famílias são cadastradas por voluntários da comu- Social , da fundação de Ação Social de Curitiba. As inscrições fi- nidade, que as visitam para conhecer suas condições de vida. os carão abertas até fecharem todas as turmas, em outubro. Com a implantação do Projeto de alimentos das cestas são doados pelos paroquianos que levam os Desenvolvimento Local no bairro, produtos na missa do segundo domingo do mês. As cestas básicas » Transporte e alimentação iniciativa da Fiep/Sesi, tanto são entregues no terceiro sábado do mês, às 9h da manhã, na Pa- As aulas são dadas no Senai, na rua João Viana Seiler, 116, no róquia São Marcos. o passeio quanto as aulas de bairro Parolin. Pela manhã as atividades são das 8h às 13h e pela alfabetização foram incluídas nele. tarde das 13h30 às 18h30. os cursos têm duração de 200 horas/ » CuritibAtivação aula, sendo que 80 horas são teóricas e 120 práticas. Além de ser Mesmo assim, as duas voluntárias A Regional da boa Vista realiza o projeto CuritibAtivação, que gratuito, o aluno recebe vale transporte e lanche para participar continuam sem apoio para manter incentiva os moradores para a prática correta do esporte. Profis- dos cursos. as ações. Quem quiser contribuir sionais medem o peso e a altura das pessoas interessadas em des- cobrir uma atividade física ideal para seu tipo físico. trata-se de com esse trabalho entre em contato ume evento itinerante que acontece periodicamente para desen- » Liceu de Ofícios pelo telefone (41) 3271-7404 ou volver a educação para o esporte. Se você quer saber onde o Curi- o liceu de ofícios do Pilarzinho oferece o curso Como Secre- e-mail rede@fiepr.org.br .(DSF com tibAtivação de setembro vai acontecer, basta ligar para o telefone tariar com Sucesso, no período de 20 a 24 de setembro, das 18 às colaboração de Simony Daian Huck). 3313-5644. 22 horas. e de 4 a 8 de outubro, interessados em aprender a fazer bombons e trufas poderão participar do curso que acontecerá no Simony Daian Huck » Cursos no Bento Munhoz período da manhã. todos os cursos são gratuitos e voltados para o Colégio bento Munhoz, do Pilarzinho, criou projetos para pessoas acima de 16 anos, que tenham feito a 1ª série do ensino se aproximar da comunidade. São grupos de Horta e Jardinagem, Médio. o liceu de ofícios do Pilarzinho fica na rua Miguel de família na escola, Cidadão com educação, Pichação e Valoriza- lazzari, s/n, ao lado do Posto de Saúde Vista Alegre. telefone : ção, História e Memória e o curso estratégias de estudo: um dife- 3240-1301. rencial para o Vestibular. Para isso, a escola tem buscado parcerias, incentivando os pais e moradores da região a formar uma progra- » Centro de Criatividade mação que envolva não só os alunos como a própria comunidade. o Centro de Criatividade do Parque São lourenço oferece cursos nas áreas de música, pintura e desenho. As inscrições são » Profissionalizando permanentes. Informações pelo telefone 3313-7192 ou 3313 o Colégio Guido Straube, no Vista Alegre, tem trabalhado no -7193. os cursos oferecidos são: oficina de Artes Infanto – Ju- sentido de oferecer um diferencial na região. Com um total de 612 venil, oficina de Modelagem Infantil, Clube de Modelagem, alunos, o colégio busca atender a uma camada de jovens interes- oficina de História em Quadrinhos, Ateliê de Desenho Artís- sada no ensino técnico-profissionalizante. este ano, o colégio ofe- tico , Cerâmica, encadernação,entalhe, Marchetaria, Mosaico, rece os cursos: técnico em Secretariado, Cuidados com Pessoas Pintura em cerâmica, Pintura em tela, Restauro em madeira e O dia começou com um café da manhã Idosas e Agente Comunitário. Para o ano que vem, o colégio pre- móveis, tecelagem iniciante, Violão Popular na Música brasilei- ao ar livre, em Santa Felicidade. tende oferecer o curso de enfermagem. Para a diretora, Rosália ra, Violino e Yoga.
  • 4. Curitiba, 25 de agosto a 25 de setembro de 2010 »4 Do Quintal Maior idade Envelhecimento da população exige que o país e a sociedade se repensem Diferentes, mas com A hora e a vez direitos iguais Não há um perfil único de quem passa dos 60, 65 da terceira anos de idade. Boa parte continua trabalhando mesmo depois da aposentadoria. Uns gozam de boa saúde e seguem serelepes as décadas seguintes; outros, por problemas vários, ficam dependentes de terceiros até para se idade locomover. Uns aproveitam para ter uma vida mais tranqüila, viajar, fazer o que não básicos a essa faixa etária. A própria sociedade ainda conseguiam quando mais jovens; muitos outros precisa aprender a conviver com essa nova realidade. são obrigados a trabalhar em subempregos o preconceito com quem chegou às maiores idades é para garantir a própria sobrevivência ou ajudar comum, uma das consequências desta sociedade cada filhos e netos. vez mais competitiva e com produtos cada vez mais O fato de que o brasil está ficando com uma po- descartáveis, onde o próprio ser humano passa ser vis- Pesquisa feita este ano pela empresa GFK pulação cada vez mais envelhecida não é novi- to como descartável. levantou que a “terceira idade” no Brasil tem dade. o antigo país dos jovens segue uma ten- A luta para que os mais velhos tenham voz e vez na um potencial de consumo de R$ 7,5 bilhões, dência mundial, a do aumento da expectativa de vida sociedade deveria ser de todos, já que desde que nasce- mais que o dobro da média nacional. Ao e da diminuição do índice de natalidade. Hoje, já são mos começamos a envelhecer. então, quando o jovem mesmo tempo, neste país de contrastes, quase 20 milhões de brasileiros com mais de 60 anos, luta hoje por espaço digno para os “maduros” não está milhões de idosos ainda não dispõem do básico ou 10% de toda a população. o IbGe apurou que, em fazendo mais que lutar pelos seus próprios direitos no para a sobrevivência com dignidade, como a 2008, as crianças de 0 a 14 anos eram 26,47% da popu- futuro. ou seja, está lutando por ele mesmo. assistência à saúde, alimentação adequada, o “ lação brasileira, e as pessoas com mais de 65 anos re- convívio familiar, acesso ao lazer e atividades presentavam 6,53%. Para 2050, a estimativa é a de que sociais. esses mais jovens representem apenas 13,15% , metade A velhice é a última E foi justamente para garantir esses direitos que há do atual, e os mais velhos correspondam a 22,71 % dos chance que a vida sete anos foi criado o Estatuto do Idoso, através brasileiros, ou seja, mais que o triplo de 2008. nos oferece para acabar da Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003. Nele esses números trazem uma boa e uma má notícias. o lado bom é que a extensão da expectativa de vida é de crescer, madurar constam tudo que os membros da terceira resultado de avanços tecnológicos e melhorias na qua- e, finalmente, terminar idade podem exigir legalmente e as punições a quem desrespeitá-los. lidade de vida em geral.o lado ruim, e preocupante, é de nascer” (*) que o brasil ainda não está preparado para atender ade- A íntegra do Estatuto do Idoso pode ser vista na quadamente a todo esse contingente de novos idosos. * A frase está no artigo que o teólogo Leornardo Boff es- internet. Um dos sites que a fornece é o Guia e não é só por parte do governo, que além de uma creveu ao completar 70 e que o nosso site (www.doquintal. Serasa de Orientação ao Cidadão (WWW. previdência digna deveria garantir os outros direitos com.br) transcreve na íntegra. serasaexperian.com.br/guiaidoso) » DENUNCIE Curitibanos com mais de 60 anos hoje e em 2020 Se você for vítima ou presenciar quaisquer casos de maus-tratos ou de desrespeito ao Estatuto 2010 2020 do Idoso, ligue para o 0800-410001. Este é o número do Disque Idoso, que atende a todos Idade Homens Mulheres Total % Homens muheres Total % os municípios do Paraná. Alem de receber 60-64 28.694 37.222 65.919 3,63 39.297 54.231 95.528 5,04 denúncias, inclusive anônimas, o serviço presta informações, orientações e encaminha 65-69 19.230 26.536 45.766 2,52 30.598 44.826 75.424 4,07 reclamações em relação ao idoso. Em Curitiba, 70-74 13.245 19.450 32.695 1,80 20.848 32.051 52.899 2,85 o serviço atua em parceria com a Fundação de Ação Social e o Ministério Publico. 75-79 8.615 14.780 23.395 1,29 12.229 20.885 33.114 1,79 O serviço funciona nos dias úteis das 8h30 às 12h 80 e + 8.964 17.718 26.682 1,47 12.709 26.294 30.003 2,10 e das 13h30 às 17h30. Ele pode ser acessado pelo e-mail disqueidoso@setp.pr.gov.br. Total 78.748 115.706 194.454 10,70 115.681 178.287 293.968 15,86 » Direito à vaga Curitiba 869.25 948.109 1.817.434 100 880.976 973.074 1.854.050 100 Por lei federal, quem já completou 60 anos tem Fonte: Ipardes e IPPUC direito a vagas especiais no trânsito. Em Curitiba, existem 8.260 vagas regulamentadas, das quais 5% são reservadas ao idoso, conforme determina o Conselho Nacional de Trânsito (Contran). Mas, para utilizá-las, é necessário tirar credencial na Urbs. Para divulgar isso e os direitos dessa faixa etária no transporte publico, a Fundação de Ação Social (FAS), em parceria com o Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa, lançou a campanha “Respeito ao Idoso no Trânsito” . » Valor é igual A credencial garante a vaga, mas não exime do pagamento. Assim, nestas vagas, o usário tem que deixar no painel, além da credencial, o cartão do EstaR que custa R$ 1,00 a hora. Para fazer o credenciamento é necessário preencher cadastro na Urbs (www.urbs.curitiba. pr.gov.br). O uso da credencial é obrigatório também em áreas privadas - como hospitais, supermercados etc. Preenchido o cadastro, a Urbs agenda por e-mail ou pelo no próprio site a data em que a pessoa deve comparecer para autenticação da documentação e retirada da credencial.
  • 5. Curitiba, 25 de agosto a 25 de setembro de 2010 »5 Do Quintal BiCiCLeTa Luis Claudio Patrício Um dia para pensar lcpatricio@gmail.com Dia sem carro No dia 22 de setembro é comemorado no mundo inteiro o dia sem carro. O que acontece nesse dia? Em muitas cidades adota-se a medida mais óbvia: a restrição ou até mesmo a proibição da no carro circulação de veículos motorizados individuais. Mais do que um simples ato simbólico que promove, pelo menos um dia por ano, uma redução drástica nos níveis de poluição e ruído; o dia sem carro pode servir de laboratório para transformações permanentes O dia 22 de setembro é uma no cenário urbano, através da avaliação e projeção do impacto das ações temporárias. Tornando as cidades mais humanas e agradáveis data para pensar no que através da valorização do espaço público e das pessoas. queremos para o futuro Mês da Bicicleta C Há três anos que a data é celebrada em Curitiba de forma independente uritiba realiza no dia 22 de Nesse dia, ficará fechada para acesso aos trechos interditados. a partir de diversas iniciativas populares. Tudo começou em 22 setembro mais um Dia sem o trânsito de automóveis o tre- Para este ano, a prefeitura orga- de setembro de 2007, quando um pequeno grupo se reuniu no Carro. Mais do que buscar cho mais central da avenida Ma- nizou uma programação cultural Parque São Lourenço para lembrar o Dia Sem Carro. Surgiram a diminuição momentânea do rechal Deodoro - da rua João para incentivar a adesão da po- tantas idéias, que ficou impossível realizar tudo num só dia. Com tráfego de veículos na cidade, a Negrão à Marechal floriano pulação. os espaços destas ruas o tempo, chegaram mais pessoas e mais idéias, até que surgiu o data é um momento para refle- Peixoto, assim como os acessos que, normalmente, são usados Mês da Bicicleta, ou a Arte Bicicleta Mobilidade, um festival que xão sobre os problemas cada vez à praça tiradentes, rua barão do por carros, vão abrigar terráreo, ocorre durante todo o mês de setembro, com atrações culturais, mais graves causados pelo uso in- Rio branco entre o Paço Muni- Condomínio da biodiversida- esportivas e educativas. Todas as atividades surgiram de propostas tenso de automóveis nas cidades. cipal e a André de barros. Ape- de, feira de produtos orgânicos, populares, onde muitas vezes o papel do organizador e espectador e um convite ao uso de meios de nas ônibus, bicicletas, pessoas atrações artísticas, jogos e brin- se confundem. São pessoas ou grupo que apóiam a mobilidade transporte sustentáveis, como a a pé e veículos de serviços es- quedos, educação de trânsito, sustentável e que através de pequenas ações independentes bicicleta. senciais e de emergência terão artesanato e exames de saúde. ajudam a transformar o seu próprio bairro. O objetivo é promover a discussão a respeito dos problemas gerados pelo excesso de trânsito motorizado, demonstrar a viabilidade da bicicleta como meio de transporte e ajudar quem estiver interessado em usar menos o carro. Além dos vários voluntários, alguns dos grupos envolvidos são: Ciclovida – UFPR, Grupo Transporte Humano, Coletivo Interlux e Sociedad Peatonal. Alguns deles são aqui mesmo da região: Fernando Rosenbaum (Abranches), Goura Nataraj (SãoLourenço) e André Caon Lima (Mercês). O que acontece de 18 a 29 de setembro 18 - Tweed Ride Bolha no Passeio Público É um passeio elegante de bicicle- com Locomotiva ta, como nos bons tempos. Você 18h30 - Passeio Público pode vir com a bike que quiser, 25 – II Curitiba Acclechic mas use o seu traje mais fino. Concentração: 15h / saída 16h | Das 15h às 18h | Praça 29 de Índice carro-habitante é o segundo maior do país Paço da liberdade - Praça Gene- Março roso Marques 26 – Bike Voadora – Curitiba tem a segunda população mais moto- literalmente pararia. 21 e 28 - Oficina de basta subir e pedalar para gerar rizada do país, só perdendo para São Caetano do » Ter carro não é o problema construção de veículos energia e rodar cata-ventos Sul (SP). Há 488 carros para cada grupo de mil ha- Últimos levantamentos do Denatran calculam fantásticos 14h - MoN - Museu oscar Nie- bitantes na cidade. Já a capital paulista, pródiga em uma frota de 35, 6 milhões de automóveis no brasil, 9h ás12h e das 14h ás 17h - Cen- congestionamentos, está em nono lugar, numa pro- um crescimento acima de 60% em 10 anos. e a facili- meyer – Rua Marechal Hermes, tro de Criatividade de Curitiba porção de 412 carros por mil habitantes. esses são dade de crédito, isenção de impostos e outros incen- (Rua Mateus leme, 4700) – 999 alguns dos dados levantados pelo Departamento tivos apontam que a comercialização de veículos só 33137191 26 – Campeonato Nacional de trânsito (Denatran) e divulgados pela deve aumentar a curto e médio prazos. 21 – Sessão Ciclecine Metropolitano Agência estado no início do mês. especialistas explicam, porém, que o problema na Cinemateca de Mountain Bike o estudo aponta para o fato curioso de Curitiba não está na quantidade de carros comercializados, Sessões às 19h e 21h | R. Pres. Centro Politécnico- 9h às 13h ter um serviço de ônibus considerado modelo, mas mas em como eles são usados. A média de automó- Carlos Cavalcanti, 1174 que mantém uma altíssima proporção carro/habi- veis por habitante é geralmente maior em cidades de Participe também! Para saber 22 – Marcha das 1001 Bikes/ tante. Segundo o levantamento, a capital paranaense países desenvolvidos. Mas na europa, onde existem mais acesse: http://artebicicleta- Maracatu Estrela do Sul só não tem tantos congestionamentos quanto a capi- bons sistemas de transporte público, por exemplo, os à partir das 17h30 – Saída na Pra- mobilidade.wordpress.com/ tal paulista porque apenas 22% da população curiti- donos de carros usam-no geralmente para viagens e ça Santos Andrade http://bicicletadacuritiba.org/ bana usam diariamente o seu automóvel . Se todos passeios de final de semana, não para trabalhar ou 24 – Música para sair da http://transportehumano.com.br fossem colocados na rua ao mesmo tempo, a cidade fazer pequenos percursos como é comum no brasil
  • 6. Curitiba, 25 de agosto a 25 de setembro de 2010 »6 Do Quintal TÚNeL Construção subterrânea no Vista Alegre alimentou a imaginação de crianças e adultos durante gerações O mistério do túnel desvendado Douglas de Souza Fernandes Além de dentista, seu pai era fotógrafo e foi brasil pelo Marquês de Pombal, em 1760, os tijolos. ele explica que esse tipo de construção com a sua Yashica 700 que o menino fez o re- jesuítas, no Paraná, só haviam se estabelecido é muito rara no brasil, mas comum em países Q uem foi criança no Vista Alegre das Mer- cês até o final dos na os 70 tinha um local perfeito para exercitar a curiosidade e o es- gistro em 1962. Segundo ele, nessa época havia ali a base de uma pequena casa em cujo porão havia um al- em Paranaguá, onde fundaram um colégio em 1755. em Curitiba, eles viriam a inaugurar o Colégio Medianeira, no Prado Velho, mas só como o Uruguai e a Argentina. Como desde o início do Século XIX o Paraná já tinha relações comerciais com esses países, principalmen- pírito de aventura. era só ir até a chácara da çapão. Por uma passagem estreita escavada na em 1957. e pergunta-se: que motivo teriam te com a exportação de erva-mate, é possível família Gutierrez, um amplo espaço todo cer- terra rastejava-se por 6 a 8 metros até uma am- os religiosos para deixarem seus afazeres edu- que alguém originário de um deles tenha sido cado por área nativa e que em parte daria lu- pla sala abobadada com cerca de dois metros cacionais e virem para uma área da cidade ain- diagnosticado com a doença quando estava gar décadas depois ao bosque Gutierrez. Ali de altura toda feita em tijolos. Ali havia uma da coberta por matas para cavarem um túnel? em Curitiba, foi internado no lazareto, e seja o onde hoje é o cruzamento das ruas Amapá outra passagem, mas fechada por uma parede Para o professor, a possibilidade de ter responsável por fazer ou comandar essa obra. e Andre Zanetti, havia a entrada de um mis- nova de tijolos. em uma das extremidades da sido feito por alguém do lazareto é a mais Ao chegar a essa conclusão, porém, o pro- terioso túnel. os mais corajosos chegavam sala, havia um respiro em forma de chaminé. factível. Na época, os leprosos eram execra- fessor tem uma ponta de decepção. Afinal, a entrar na sombria construção subterrânea » Leprosos dos pela população em geral muito mais do como comentou em artigo escrito na Revis- e percorriam o que conseguiam. A maioria, Quase 50 anos após essa aventura de que são hoje. Doentes que saiam de seu re- ta Coisa Paralela, da UfPR, “definitivamen- porém, só ouvia as histórias que se contavam criança, Key chegou à conclusão de que a duto chegavam a ser apedrejados. Daí não ser te, eu preferiria o velho pirata, com seu olho sobre quem teria feito o túnel. essas narrações construção foi feita por alguém ligado ao la- impossível ter sido construído para que pu- de vidro e sua perna de pau; no canto da sala que incluíam padres jesuítas, leprosos e até um zareto – local onde eram tratados portado- dessem se refugiar em caso de algum ataque. subterrânea escondendo um baú com a ban- pirata passaram de geração a geração. Até hoje res da hanseníase, ou lepra – que funciona- Por ser de desenvolvimento lento, a doença deira da caveira, um par de garruchas carre- várias dessas versões estão vivas entre mora- va próximo dali e que foi desativado com a não impediria que os doentes pudessem tra- gadas e um velhíssimo pergaminho com ma- dores mais antigos. e até hoje não se sabe com inauguração do leprosário São Roque, em balhar normalmente. pas de ilhas de tesouro”. Infelizmente, não é. certeza quem o fez e qual seria sua função. Piraquara, em 1926. » Quem construiu A versão mais plausível é a do historiador A hipótese de ter sido feito pelo lendário o que mais chama hoje a e professor aposentado do curso de Arqui- Pirata Zulmiro para esconder seu tesouro é atenção do arquiteto Key é o tetura e Urbanismo da Universidade federal descartada simplesmente por não haver qual- sistema construtivo utilizado no do Paraná Key Imaguire Júnior. ele também quer registro histórico de tal personagem. e a teto. Para suportar o peso, ele foi é o autor das únicas fotos conhecidas feitas de que teria sido construído por padres jesu- construído em arcos, com o uso no interior do túnel. Hoje morador das Mer- ítas para fugirem de perseguidores também de bovedillas, ou seja, vigotes de cês, Key passou sua infância no Vista Alegre. não procede. Na época que foram expulsos do trilhos transversais ligados por Fotos: Key Imaguire Junior Já adulto, Key fez um croqui a partir das lembranças que tinha do esconderijo em que entrou quando criança. A entrada para o misterioso túnel. Poucos tinham coragem para entrar. As passagens eram estreitas,mas as paredes altas A sala cujo teto teria sido construído com uma técnica até hoje não utilizada no Brasil. e bem construídas.
  • 7. Curitiba, 25 de agosto a 25 de setembro de 2010 Do Quintal »7 TÚNeL Com tantas lendas, entrar no túnel outros túneis, era uma prova de coragem outros mistérios Jesuítas, pirata Entre os mais antigos, há a crença generalizada que o túnel do Gutierrez iria até o centro da cidade. Mesmo diante da evidência de que e o capeta seria impossível atravessar um túnel de tal extensão sem equipamentos especiais, e muito menos construí-lo. A hipótese voltou a garnhar força nos últimos tempos, com a descoberta de túneis ou esconderijos no centro da cidade. Em 2007, dois rapazes, o empresário Marcos Ofenbock e o jornalista Alexandre Nascimento, divulgaram ter encontrado possíveis túneis em baixo do Clube Concórdia e Sociedade Garibaldi, no centro da cidade. Para eles, tais construções poderiam ter ligações DSF/Do Quintal com igrejas da região ou outras áreas da cidade. Mas não há nada de concreto que prove isso. No Clube Concórdia, há de fato um Professor Key: “Sentados sobre pilhas de tijolos, Arnete Bressa: “Meu tio dizia que o capeta morava ali...” montávamos engenhosas hipóteses sobre o esconderijo...” porão e, nele, um buraco que parece ser uma passagem. O problema é que há grades que Durante décadas, houve muita gente que entrou no tú- que nasceu no bairro e que ainda mora no número 170 da rua impedem o avanço por ali e até nel do Gutierrez com intenção de achar o tesouro escondido Albino Pachendorff, lembra que os meninos eperavam o caseiro agora não se sabe com certeza pelo Pirata Zulmiro ou pelos jesuítas. o professor Key Ima- sair para se aventurarem pelo esconderijo. “A gente levava velas, se realmente há ou havia um guire conta que havia um certo risco em adentrar o esconde- pois era muito escuro”, relembra ele. Hoje, aos 62 anos, Valdir túnel por ali. A hipótese mais rijo, “pois a abóboda e paredes estavam esburacadas por esses não acredita que o túnel tenha sido feito por um pirata. ele acre- provável é que seria apenas neuróticos que procuram ouro escondido em qualquer lugar dita que seja obra dos jesuítas. um esconderijo construído por antigo”. Virgínia bressan , sobrinha neta do casal João e Virgínia, que imigrantes durante a segunda Para a criançada, porém, entrar no túnel era uma prova de eram os caseiros da chácara dos Gutierrez, lembra que o tio di- guerra mundial. O Concórdia é coragem e o objetivo principal era descobrir a onde levava a zia que dentro do túnel morava o capeta, e por isso ninguém formado por descendentes de estranha construção. “A grande aventura era chegar a tal sala – podia entrar lá. ela obedeceu, mas sua prima Arnete bressan, alemães, e a Sociedade Garibaldi, após entrar pelo alçapão e rastejar pela estreita passagem -, sen- hoje com 68 anos, resolveu conferir. “eu entrei, mas só na pri- por italianos, as duas nações que tar numa pilha de tijolos e ficar montando engenhosas hipóteses meira parte, não fui até o fundo como faziam os meninos. tinha formavam com o Japão o chamado sobre o esconderijo – inclusive da conveniência de conhecê-lo medo”. Se o diabo morava lá, no momento ele não estava em Eixo que lutou contra os aliados em caso de ira incontida de nossos pais”, relembra o professor casa, pois Arnete diz não ter visto ninguém por ali. na Grande Guerra. A construções de arquitetura e história. Até hoje, porém, ela acredita que o túnel tenha sido constru- subterrâneas poderiam ser, então, outros lembram que para chegar ao túnel tinham que passar ído pelos jesuítas e que iria até as Ruínas de São francisco, no esconderijos para serem usados pelo caseiro dos Gutierrez que morava em frente. Valdir Siba, centro da cidade. (DSF) em caso de perseguições. » Faltam arqueólogos O professor de História da UFPR e morador do Vista Alegre, Dennison de Oliveira, explica que com a Guerra todo mundo que tivesse livros, discos ou cartas escritas em alemão, italiano ou japonês eram suspeitos de serem “quinta coluna” ou seja, , espiões a serviço do Eixo. Esses túneis, portanto, teriam sido usados para esconder esses materiais e evitar que fossem destruídos. Para Dennison, muitos destes mistérios envolvendo os túneis da cidade seriam elucidados se houvesse Marco André Lima/Do Quintal arqueólogos pesquisando esses casos. O problema é que são poucas universidades que oferecem o curso no Brasil, apenas em oito estados, e o Paraná não está entre eles. Dennison lembra que a arqueologia já teve bons tempos por aqui como mostra o acervo do Museu Paranaense, mas que nos últimos Debaixo da antena anos houve uma regressão. “A gente espera que o poder público, O muro foi construído pouco antes da entrada do túnel. Hoje, o local da entrada do Túnel do Gutierrez está sob inclusive por conta da legislação já o pátio dos fundos da TV Transamérica. Não há sequer vestígio da antiga construção. A empresa faz fundos existente sobre a preservação de com o terreno onde funciona a Associação de Promoção do Adolescente, uma casa lar dirigida pela irmã Diva e nosso patrimônio arqueológico e que atende a crianças órfãs. A religiosa confirma que quando chegou ao local, há pouco mais de três décadas, histórico, acabe entrando na jogada havia no terreno a base de tijolos com uma entrada e que para evitar que as crianças fossem brincar lá dentro, para garantir que as pesquisas foi colocado um tampão. Com a construção do prédio, o misterioso túnel foi soterrado. No local foi erguida a e estudos nesses locais sejam antena da TV Ttransamérica (DSF) feitos com base científica. E que não fiquem entregues a curiosos e diletantes” conclui. (DSF) ,
  • 8. Curitiba, 25 de agosto a »8 Do Qu Bairro oNTeM Gava, uma história esculpida na pedra Marco André Lima/Do Quintal Família veio para o Brasil No trabalho na pedreira nos anos 50, carroças puxavam pedras para o caminhão. No detalhe, para plantar, mas acabou o local hoje transformado na Ópera de Arame. ajudando a construir Curitiba Douglas de Souza Fernandes enças contagiosas. Somente no dia O nze horas da manhã. Um 19 de dezembro de 1879 chegaram longo silvo de sirene atraves- em Morretes, de onde vieram para sa a zona norte da cidade. Curitiba. Depois de um breve silêncio,uma Na capital, o jovem casal italiano estrondosa explosão seguida de recebeu da Câmara Municipal uma uma poeira branca que se assenta área na região que abrangia onde lentamente sobre ruas, casas, varais está hoje o Cemitério São Marcos. de roupas, vegetação. Durante déca- Ali construiu sua casa e começou das, essa foi a rotina que se repetia a plantar cereais e hortaliças para duas vezes por dia (também ás 15h) vendê-los no centro da cidade. o no Pilarzinho e Abranches. Com o primeiro filho, João, chegaria em tempo, os moradores se acostuma- 1881, quando emilia tinha 20 anos. ram com o barulho das dinamites Depois viriam Roberto (1883), explodindo pedras no que é hoje o bortholo (1887), Mathilde (1894), Parque tanguá, Ópera de Arame e Josephina (1897), Maria (1900), Universidade do Meio Ambiente. luiz (1901) e a caçula Anna, em Dos anos 20 ao início dos 80, as pe- 1904, quando emília já tinha 43 dreiras eram a principal referência anos de idade. da região. Assim como são hoje os Nas primeiras décadas em solo parques criados a partir delas. curitibano, a família dedicou-se As pedras tiradas durante dé- exclusivamente à lavoura e a cria- cadas dos enormes paredões estão ção de galinhas, porcos, animais de hoje em milhares de casas, praças e tração e vacas. Conforme os filhos de ruas curitibanas. Uma das famí- cresciam, o trabalho ganhava novos lias que se destacaram no ofício de braços. o novo rumo de atividade extrair pedras para uso nessas cons- só aconteceria no final da década truções foi a Gava. de 20 do século passado após o os primeiros Gava que che- casamento do filho mais velho. João garam a Curitiba, porém, nem se casou com Maria fligikowski, e Marco André Lima/Equipe Do Quintal imaginavam que um dia a família adquiriu uma ampla área de terras, teria o nome ligado à extração que abrangia onde é hoje a Ópe- O trabalho era “pedreira” mineral. Afinal, quando o casal ra de Arame. A área ao lado, que Quando consideramos que algo é muito Matheus Gava e emilia Colleti incluía a atual Pedreira Paulo le- cansativo ou difícil de se fazer, dizemos que chegou ao brasil, em 1879, vi- minski, já pertencia ao município. esse trabalho é uma pedreira. E trabalhar nha com o objetivo de cultivar a A vasta área anda era inexplorada antigamente nas pedreiras era literalmente terra e produzir alimentos, assim economicamente. Neste período, “uma pedreira” Até os anos 50, o transporte . como os milhares de conterrâ- bortholo, já casado com Margarida era feito em carroças e para quebrar os neos que então deixavam uma de Conto, adquiriu um terreno de blocos de pedras eram usadas marretas. Itália mergulhada no desempre- Cielo de Pol no hoje Parque tan- João Gava Neto, hoje com 79 anos, trabalhou go após a unificação do país. guá. A área adquirida fazia divisa ainda criança um bom tempo na pedreira Matheus e emília moravam na com a pertencente à empresa Cavo. do avô. João deixou a escola aos 11 anos cidade de Capella Magigiore, na então, a partir dos anos 20, a de idade para trabalhar no local onde província de treviso, região de família começava a extração de pe- João Gava Neto trabalhou quando seu pai, José Gava, trabalhava. No início, criança na pedreira do avô. Vêneto, no nordeste italiano, quan- dras que seguiria ininterruptamente fazia pequenos serviços como levar os do decidiram tentar a vida no novo por mais de meio século, ajudando ponteiros e brocas de aço usados na continente. Depois de um mês e a construir uma nova Curitiba. pela dureza e riscos do trabalho. Daí , já quebra de pedras ao ferreiro que trabalhava meio de uma desconfortável via- casado e com duas filhas, Sônia e Guiomar, na pedreira. Um serviço mais leve, mas gem no navio Khonprinz friedrich João começou a trabalhar como carpinteiro. muito mais perigoso, era levar bananas de Wilhelm, Matheus, então com 23 Hoje, mora em Araucária, fabrica dinamite para os locais das explosões. anos, e emília, 18, ainda tiveram artesanalmente móveis e cadeirinhas para que ficar de quarentena no Rio de Com o tempo, ele passou a fazer trabalhos crianças, e visita regularmente as filhas que Janeiro, como era praxe para veri- mais pesados, como transportar as pedras continuam morando no Pilarzinho. ficar se os imigrantes tinham do- e quebrá-las em pedaços menores para Apesar das dificuldades da época, João Gava levá-las ao britador. Como não havia Neto guarda com orgulho as recordações compressor, elas tinham que ser quebradas do trabalho na pedreira. Principalmente na marreta. Para isso, um funcionário Arquivo/Família em relação às obras feitas com as pedras segurava o ponteiro enquanto um colega tiradas dali. Uma delas foi o prédio do dava as marretadas. Um erro de cálculo Hospital da Cruz Vermelha, na Vicente poderia significar uma mão ou braço Machado. Ele foi um dos que ajudaram a esmagado. levar as pedras para o terreno no Batel, que João Trabalharia na pedreira até o início dos serviriam de alicerce para a construção do anos 60, quando saiu devido a questões hospital beneficente inaugurado em 1947. salariais, pois achava que recebia pouco (DSF) Matheus e Camilla, também conhecida por Emília. João Gava.