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FARMACOLOGIA – 28/07/2021
Antifúngicos
CONCEITOS IMPORTANTES
 Na literatura mais antiga, antimicrobianos eram
relacionados apenas a antibacterianos
o As literaturas mais atuais englobam como
antimicrobianos o tratamento de
microrganismos causadores de doenças,
entram nessa classificação: antifúngicos,
antivirais, antiprotozoários, antihelminticos e
antibacterianos
 Outro conceito importante é o de antibióticos
o Normalmente, as pessoas associam a
antibacterianos  não é errado, apenas
incompleto
o São substâncias específicas: produzidas por
microrganismos que possuem a capacidade
de eliminar outros  se não for produzida
por um microrganismo, não pode ser
chamada de antibiótico
o Penicilina é um exemplo clássico, uma vez que
ela é uma substância produzida por um fungo
que tem atividade contra bactérias
o Nem sempre os antibióticos terão atividade
apenas contra bactérias  existem
substâncias antibióticas que apresentam
atividade antifúngica e antiviral, por exemplo
 Na atualidade, observa-se uma resistência crescente
dos microrganismos, sobretudo, em relação às
práticas clínicas
o Não tomar o medicamento correto, na hora e
na dosagem correta
o Tudo isso corrobora para o surgimento de
uma SUPERBACTÉRIA
o Descarte indevido dos medicamentos também
é um fator contribuinte
 O que se observa em alguns antibiogramas é a
presença de algumas bactérias, por exemplo, que não
são resolvidas com os medicamentos atuais disponíveis
o Não se sabe o que fazer com um paciente com
uma superbactéria (a qual não se tem
tratamento)
 Existem 3 tipos de tratamento para antimicrobianos:
1. Empírico: paciente chega com todas as
características, sinais e sintomas de uma
infecção bacteriana, por exemplo
 Tratamento é imediato, não dá
tempo de descobrir qual o
microrganismo em questão
 Pode ser iniciado através do
resultado de um EAS (sumário de
urina)
 Normalmente, a classe de
medicamentos utilizada apresenta
uma atividade que abrange uma
gama de microrganismos 
medicamento escolhido tem uma
atividade ampla, servindo para
microrganismos diferentes
 Outro caso é uma infecção urinária
com sangramento: por mais que os
exames sejam pedidos, não dá para
esperar pelos resultados para
poder começar a tratar o paciente
OBS.: o problema dos medicamentos de amplo espectro deixa o
paciente suscetível ao desenvolvimento de resistência, pois,
talvez não fosse necessário utilizar um medicamento de um
espectro tão alto  medicamento passa a não fazer mais efeito,
sucessivamente, devido à resistência do microrganismo
CASO 1: quando o paciente está com uma dor de garganta, por
exemplo, ele procura o médico e toma a medicação
recomendada
 Em um segundo momento que o episódio aconteça,
o paciente não irá mais procurar o médico, ele vai
comprar e tomar a medicação como recomendado
da última vez (pelo menos é o que acontece na
maioria dos casos)
CASO 2: médico receita amoxicilina 500mg, 12/12hrs, para ser
tomada durante 7 dias
 Quando chega no 4º/5º dia, paciente começa a
apresentar melhoras e uma dor de barriga (efeito
adverso do remédio, o qual causa uma destruição da
flora), opta por parar o tratamento
2. Prevenção: normalmente é feito quando o
paciente vai passar por uma grande cirurgia
 Para que não ocorra um processo
infeccioso posterior
 Pode causar resistência também
3. Pós-exames: através dos resultados de
cultura e antibiograma
 Normalmente, quando o paciente
chega com características de uma
infecção, pede-se exames normais
(cultura, antibiograma, EAS...)
 O problema é o tempo que se espera
pelos resultados, logo, trata o
paciente pelos sinais e sintomas
apresentados  pede para o
paciente retornar quando tiver um
resultado
 Quando se está tratando o paciente
e observa-se que o espectro do
medicamento não foi suficiente para
eliminar o microrganismo, tem-se a
certeza que o medicamento que vai
ser passado “agora” vai servir para
o que o paciente tem  caso o
paciente retorne sem sinais ou
sintomas, significa que o
medicamento serviu
INTRODUÇÃO AOS ANTIFÚNGICOS
 Tratamento de fungos é diferenciado quando se fala de
microrganismos
o Apresentam crescimento lento
o Ocorrência de infecções em tecidos de difícil
acesso: dificulta o processo de absorção do
medicamento
o Tempo de tratamento maior (15 dias até 1 ano
e meio): a maioria dos medicamentos
disponíveis mexem com o metabolismo do
paciente
 A patogenia das infecções fúngicas baseia-se na inter-
relação entre o sistema imune do hospedeiro e a
patogenicidade do fungo
o Baixa de imunidade favorece o aparecimento
de infecções oportunistas
 Fatores que contribuem para o aumento das infecções
fúngicas:
a. Uso de cateteres e/ou outros processos
invasivos
b. Uso de corticoides
c. Quimioterapia antineoplásica
d. Imunossupressores ou transplantes
e. Fatores externos: trabalho com sapato
fechado no sol, por exemplo
 As infecções fúngicas podem ser classificadas em:
1. Infecções superficiais: pele, unhas, cabelos
e mucosas
 Vários agentes envolvidos
 “Molhou o cabelo, não pode
prender”  cria um ambiente
propicio para o aparecimento de
fungos por ser um local quente e
úmido
2. Infecções sistêmicas: apresentam-se de
forma disseminada e podem ser
potencialmente fatais
 Número limitado de agentes
3. Infecções oportunistas: causada por uma
baixa de imunidade
Tem-se observado um crescimento alto relacionado a
infecções de unhas
 Está sendo associado à colocação de unhas
postiças
 Processo de colocação das unhas remove a
camada superficial das unhas, criando portas de
entradas para microrganismos
 A infecção acontece quando há uma perturbação
no sistema imunológico, alterando a simbiose
entre o sistema imune e os microrganismos
O ideal seria se ter 100% confiança no que se está trabalhando,
uma vez que, tendo essa confiança, não precisa se preocupar
com contaminação microbiana
 Se não tem nenhum organismo causador de doenças
naquele ambiente/local, significa que a própria pele e
os microrganismos que estão no ambiente (nãoseriam
causadores de problemas) podem criar resistência
 Pode ser que se tenham poucos microrganismos
causadores de doença no ambiente que não seriam
capazes de infeccionar ninguém. Porém, em algum
momento, depois que tiveram contato, eles se
multiplicaram e ganharam resistência  não se pode
utilizar o mesmo medicamento de novo
 O medicamento pode matar 99,9% dos
microrganismos, aquele 0,1% restante pode causar
problema
 Uma única bactéria pode ser causadora de problemas
posteriores
 Nem sempre omedicamento é ruim, as vezes é a forma
como o paciente utiliza-o
 Pode causar problemas sistêmicos
 Agentes mais comuns: Candida sp,
Cryptococcus sp., Aspergillus sp.,
Zygomycetes sp
 Pode-se ter desde uma manchinha de pano branco até
uma paracoccidioidomicose
TRATAMENTO
 Algumas classes são consideradas as principais para o
tratamento:
1. Inibidores da estabilidade da membrana
fúngica: anfotericina B e nistatina
2. Inibidores da síntese do ergosterol:
alilaminas sintéticas e derivados azólicos
Inibidores da estabilidade da membrana fúngica:
ANFOTERICINA B:
 Medicamento desenvolvido em 1950, mas ainda tem um
potencial crescente
 Apresenta uma estrutura grande, por isso, faz parte do
grupo de macrolídeos  é um macrolídeo poliênico
 Foi desenvolvida a partir de Streptomyces nodosus, ou
seja, é um antibiótico
 Possui baixa lipossolubilidade
 Apresenta seletividade ao ergosterol, um componente
da membrana fúngica  tem uma afinidade 500x
maior pelo ergosterol, em comparação com o
colesterol  significa que ela tem um alvo terapêutico
que é 500x mais seletivo no fungo que no ser humano
o Essa seletividade maior com o fungo garante
que não se tenha tanta toxicidade no ser
humano, através do seu mecanismo de ação
 FARMACOCINÉTICA:
o Absorção: mal absorvida no TGI
o Uso parenteral: EV, intratecal, tópica,
intraocular e intra-articular
o Baixa LPP (lipossolubilidade)
o Baixa penetração no humor vítreo, LCR e
líquido amniótico
o Baixa metabolização
o Excreção: renal (em torno de 80%) e biliar
(em menor expressão)
 Caso o paciente apresente uma meningite fúngica, vai
ser necessária a utilização de anfotericina B + outro
medicamento (que tenha uma interação um pouco
maior a nível do SNC)
 De uma forma geral, os efeitos adversos são:
1. Nefrotoxicidade: alta taxa devido a sua
excreção renal
2. Hipocalemia e hipomagnesemia
3. Comprometimento da função hepática
4. Trombocitopenia
5. Reações sistêmicas imediatas: conhecido
como “tempestade de citocinas”
 Paciente vai apresentar: febre,
calafrios, hipotensão, náuseas e
vômitos
 Isso acontece com menos de 1%
dos pacientes
6. Distúrbios hematológicos: anemia
 Ocorre a diminuição de produção e
liberação de eritropoietina
 Muito raro
 É por conta do efeitos adversos que a anfotericina B é
considerada tóxica
 Medicamento de controle muito alto, sendo usado,
principalmente, para infecções graves e disseminadas
causadas por vários microrganismos
o Na maioria das vezes, esses microrganismos
são fungos  por causa do ergosterol
 Antifúngico e antiprotozoário (utilizado para o
tratamento de leishmaniose)
o Na superfície da leishmania tem-se uma
membrana com presença de ergosterol 
utilizada por via parenteral também
 FARMACODINÂMICA:
o Tem a capacidade de formar interações
hidrofóbicas com os esteróis da membrana
 geralmente, acontece com a junção de
duas moléculas, onde a parte hidrofílica fica
“para fora”
o A junção de duas moléculas resulta na
formação de poros: ficam com a parte
hidrofílica livre  passagem livre de água e
alguns elementos (sais minerais) 
desequilíbrio hidroeletrolítico
o O desequilíbrio hidroeletrolítico causa lise no
fungo
 Normalmente, esse medicamento é disponibilizado de
duas formas:
1. Desoxicolato: mais utilizada por ser mais
barato
2. Lipossomal: fica dentro de lipossomas
 Faz com que a anfotericina B
diminuía em torno de 80% a sua
toxicidade
 Todo o processo de distribuição,
metabolização e excreção são
facilitados pela presença da
substância nos lipossomas, fazendo
com que seja diminuído todo o
processo relacionado com a
toxicidade
 É mais caro
NISTATINA:
 Medicamento muito utilizado, principalmente, por
pacientes que estão passando por uma quimioterapia
antineoplásica
 Também é um macrolídeo poliênico, desenvolvido a
partir do Streptomyces noursei
 Apresenta o mesmo mecanismo de ação que
Anfotericina B
 FARMACOCINÉTICA:
o Não éusada por via parenteral: alta toxicidade
o Pouco absorvida por via oral
o Efeito local no TGI
o Uso tópico
o Excreção fecal de forma inalterada
 Medicamento de escolha para candidíase oral,
esofagiana, intestinal e infecções cutâneas por Candida
sp.
o O tratamento de candidíase oral é local, ou
seja, é um tratamento bucal  medicamento
precisaentrar emcontato com toda amucosa
oral para que o microrganismo seja
erradicado (deve ser bochecho e gargarejo)
 Quando o paciente está fazendo uso do medicamento
pela via oral, ele vai apresentar efeitos adversos
(náuseas, vômitos e diarreia)
o A dosagem que deveria ser distribuída por
toda a mucosa e o esôfago, o paciente está
tomando (dosagem alta)
 No caso de um uso tópico, o efeito adverso que o
paciente pode apresentar é uma dermatite
Inibidores da síntese do ergosterol: atuam na mesma via, mas
em locais diferentes
TERBINAFINA:
 Atua inibindo a enzima esqualeno epoxidase, no meio da
síntese
o Não se tem mais a síntese de ergosterol no
fim
o Vai haver acúmulo de esqualeno e não haverá
a formação de ergosterol
o Sem ergosterol, sem formação de membrana
fúngica
o Atua diretamente no processo de
multiplicação fúngica
 Uso tópico e por via oral (VO)
 Indicado para dermatofitoses cutâneas e onicomicose
o Atuação apenas em fungos de unha, pele e
cabelos
 Boa absorção: é extremamente lipofílica
 Metabolizado no fígado
 Excretado pela urina
 Contraindicado para: gestantes, pacientes com
insuficiência renal e hepática
 Efeitos adversos:
o Baixa incidência de desconforto do TGI
o Cefaleia
o Prurido
o Erupções cutâneas
o Tontura
o Dores articulares
o Hepatotoxicidade
DERIVADOS AZÓLICOS (AZÓIS):
 Atuam inibindo aenzima 14α-ergosteroldesmetilase, no
fim da síntese
o Leva ao acúmulo de 14α-metilesteróis
o Vai haver desagregação dos fosfolipídeos,
comprometendo as funções enzimáticas
ligadas a membrana
o Essa desagregação inibe o crescimento do
fungo
 São divididos em dois grupos:
1. Imidazóis: cetoconazol e miconazol
2. Triazóis: fluconazol e itraconazol
 Apesar da divisão, apresentam o mesmo mecanismo de
ação
 Cetoconazol e fluconazol apresentam as maiores
atividade de seus grupos, além de serem os mais
antigos
 Miconazol e clotrimazol possuem uma via de
administração tópica
o Sua atividade está mais relacionada com
micoses superficiais
o Normalmente, o efeito deles é para esse tipo
de dermatofitose
o Tem atuação boa
 Itraconazol tem ação tópica, mas é utilizado por via
oral
o Atividade boa relacionada a infecções
superficiais e infecções de TGI
o Absorção ainda não é 100%  absorção
errônea devido a um processo de
lipossolubilidade
o Em alguns casos, pode ser administrado por
via endovenosa para facilitar o processo de
absorção errônea  dosagem específica
 CETOCONAZOL:
o Protótipo da classe: criado em 1977
o A partir dele foram desenvolvidos os outros
fármacos da classe
o Mecanismo de ação: evitar a conversão de
lanosterol a ergosterol, através da inibição da
enzima 14α-ergosterol desmetilase (O MESMO
PARA TODOS OS FÁRMACOS DO GRUPO)
FARMACOCINÉTICA:
o Administração VO e tópica
o Absorção em ambiente ácido  se o
medicamento não é absorvido, por alguma
alteração de pH, não faz efeito
o Ampla distribuição por todos os tecidos e
líquidos teciduais
o Não atinge concentrações terapêuticas no
SNC
o Excretado na bile e urina
EFEITOS ADVERSOS:
o Náuseas, vômitos, anorexia e dor abdominal
em (10-20% dos casos)
o Prurido (2% dos casos)
o Exantema alérgico (4-10% dos casos)
o Toxicidade hepática
o Alterações endócrinas: irregularidade
menstrual, ginecomastia, diminuição do libido,
impotência e oligospermia
INDICAÇÕES:
a. Blastomicose
b. Histoplasmose
c. Coccidioidomicose
d. Paracoccidioidomicose
e. Dermatofitoses
f. Tínea versicolor
g. Candidíase mucocutânea
h. Vulvovaginite por candida
i. Candidíase oral ou esofagiana
 FLUCONAZOL:
FARMACOCINÉTICA:
o Administração VO ou EV  aumento de pH
podem dificultar o processo de absorção
o Biodisponibilidade acima de 90%
o Ampla distribuição nos tecidos, bem como no
LCR, olhos, tecido vaginal, pele, unhas e saliva
o Excreção renal
EFEITOS ADVERSOS:
o Náuseas
o Vômitos
o Cefaleias
o Exantema
o Alopecia reversível (por VO)
o Stevens-Johnson
INDICAÇÕES:
o Candidíase sistêmica
o Meningites: criptocócica ou por coccídeos
o Prevenção de infecções fúngicas em
pacientes submetidos a transplante de
medula óssea  tratamento de prevenção
o Ineficaz no tratamento de aspergilose

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  • 1. FARMACOLOGIA – 28/07/2021 Antifúngicos CONCEITOS IMPORTANTES  Na literatura mais antiga, antimicrobianos eram relacionados apenas a antibacterianos o As literaturas mais atuais englobam como antimicrobianos o tratamento de microrganismos causadores de doenças, entram nessa classificação: antifúngicos, antivirais, antiprotozoários, antihelminticos e antibacterianos  Outro conceito importante é o de antibióticos o Normalmente, as pessoas associam a antibacterianos  não é errado, apenas incompleto o São substâncias específicas: produzidas por microrganismos que possuem a capacidade de eliminar outros  se não for produzida por um microrganismo, não pode ser chamada de antibiótico o Penicilina é um exemplo clássico, uma vez que ela é uma substância produzida por um fungo que tem atividade contra bactérias o Nem sempre os antibióticos terão atividade apenas contra bactérias  existem substâncias antibióticas que apresentam atividade antifúngica e antiviral, por exemplo  Na atualidade, observa-se uma resistência crescente dos microrganismos, sobretudo, em relação às práticas clínicas o Não tomar o medicamento correto, na hora e na dosagem correta o Tudo isso corrobora para o surgimento de uma SUPERBACTÉRIA o Descarte indevido dos medicamentos também é um fator contribuinte  O que se observa em alguns antibiogramas é a presença de algumas bactérias, por exemplo, que não são resolvidas com os medicamentos atuais disponíveis o Não se sabe o que fazer com um paciente com uma superbactéria (a qual não se tem tratamento)  Existem 3 tipos de tratamento para antimicrobianos: 1. Empírico: paciente chega com todas as características, sinais e sintomas de uma infecção bacteriana, por exemplo  Tratamento é imediato, não dá tempo de descobrir qual o microrganismo em questão  Pode ser iniciado através do resultado de um EAS (sumário de urina)  Normalmente, a classe de medicamentos utilizada apresenta uma atividade que abrange uma gama de microrganismos  medicamento escolhido tem uma atividade ampla, servindo para microrganismos diferentes  Outro caso é uma infecção urinária com sangramento: por mais que os exames sejam pedidos, não dá para esperar pelos resultados para poder começar a tratar o paciente OBS.: o problema dos medicamentos de amplo espectro deixa o paciente suscetível ao desenvolvimento de resistência, pois, talvez não fosse necessário utilizar um medicamento de um espectro tão alto  medicamento passa a não fazer mais efeito, sucessivamente, devido à resistência do microrganismo CASO 1: quando o paciente está com uma dor de garganta, por exemplo, ele procura o médico e toma a medicação recomendada  Em um segundo momento que o episódio aconteça, o paciente não irá mais procurar o médico, ele vai comprar e tomar a medicação como recomendado da última vez (pelo menos é o que acontece na maioria dos casos) CASO 2: médico receita amoxicilina 500mg, 12/12hrs, para ser tomada durante 7 dias  Quando chega no 4º/5º dia, paciente começa a apresentar melhoras e uma dor de barriga (efeito adverso do remédio, o qual causa uma destruição da flora), opta por parar o tratamento
  • 2. 2. Prevenção: normalmente é feito quando o paciente vai passar por uma grande cirurgia  Para que não ocorra um processo infeccioso posterior  Pode causar resistência também 3. Pós-exames: através dos resultados de cultura e antibiograma  Normalmente, quando o paciente chega com características de uma infecção, pede-se exames normais (cultura, antibiograma, EAS...)  O problema é o tempo que se espera pelos resultados, logo, trata o paciente pelos sinais e sintomas apresentados  pede para o paciente retornar quando tiver um resultado  Quando se está tratando o paciente e observa-se que o espectro do medicamento não foi suficiente para eliminar o microrganismo, tem-se a certeza que o medicamento que vai ser passado “agora” vai servir para o que o paciente tem  caso o paciente retorne sem sinais ou sintomas, significa que o medicamento serviu INTRODUÇÃO AOS ANTIFÚNGICOS  Tratamento de fungos é diferenciado quando se fala de microrganismos o Apresentam crescimento lento o Ocorrência de infecções em tecidos de difícil acesso: dificulta o processo de absorção do medicamento o Tempo de tratamento maior (15 dias até 1 ano e meio): a maioria dos medicamentos disponíveis mexem com o metabolismo do paciente  A patogenia das infecções fúngicas baseia-se na inter- relação entre o sistema imune do hospedeiro e a patogenicidade do fungo o Baixa de imunidade favorece o aparecimento de infecções oportunistas  Fatores que contribuem para o aumento das infecções fúngicas: a. Uso de cateteres e/ou outros processos invasivos b. Uso de corticoides c. Quimioterapia antineoplásica d. Imunossupressores ou transplantes e. Fatores externos: trabalho com sapato fechado no sol, por exemplo  As infecções fúngicas podem ser classificadas em: 1. Infecções superficiais: pele, unhas, cabelos e mucosas  Vários agentes envolvidos  “Molhou o cabelo, não pode prender”  cria um ambiente propicio para o aparecimento de fungos por ser um local quente e úmido 2. Infecções sistêmicas: apresentam-se de forma disseminada e podem ser potencialmente fatais  Número limitado de agentes 3. Infecções oportunistas: causada por uma baixa de imunidade Tem-se observado um crescimento alto relacionado a infecções de unhas  Está sendo associado à colocação de unhas postiças  Processo de colocação das unhas remove a camada superficial das unhas, criando portas de entradas para microrganismos  A infecção acontece quando há uma perturbação no sistema imunológico, alterando a simbiose entre o sistema imune e os microrganismos O ideal seria se ter 100% confiança no que se está trabalhando, uma vez que, tendo essa confiança, não precisa se preocupar com contaminação microbiana  Se não tem nenhum organismo causador de doenças naquele ambiente/local, significa que a própria pele e os microrganismos que estão no ambiente (nãoseriam causadores de problemas) podem criar resistência  Pode ser que se tenham poucos microrganismos causadores de doença no ambiente que não seriam capazes de infeccionar ninguém. Porém, em algum momento, depois que tiveram contato, eles se multiplicaram e ganharam resistência  não se pode utilizar o mesmo medicamento de novo  O medicamento pode matar 99,9% dos microrganismos, aquele 0,1% restante pode causar problema  Uma única bactéria pode ser causadora de problemas posteriores  Nem sempre omedicamento é ruim, as vezes é a forma como o paciente utiliza-o
  • 3.  Pode causar problemas sistêmicos  Agentes mais comuns: Candida sp, Cryptococcus sp., Aspergillus sp., Zygomycetes sp  Pode-se ter desde uma manchinha de pano branco até uma paracoccidioidomicose TRATAMENTO  Algumas classes são consideradas as principais para o tratamento: 1. Inibidores da estabilidade da membrana fúngica: anfotericina B e nistatina 2. Inibidores da síntese do ergosterol: alilaminas sintéticas e derivados azólicos Inibidores da estabilidade da membrana fúngica: ANFOTERICINA B:  Medicamento desenvolvido em 1950, mas ainda tem um potencial crescente  Apresenta uma estrutura grande, por isso, faz parte do grupo de macrolídeos  é um macrolídeo poliênico  Foi desenvolvida a partir de Streptomyces nodosus, ou seja, é um antibiótico  Possui baixa lipossolubilidade  Apresenta seletividade ao ergosterol, um componente da membrana fúngica  tem uma afinidade 500x maior pelo ergosterol, em comparação com o colesterol  significa que ela tem um alvo terapêutico que é 500x mais seletivo no fungo que no ser humano o Essa seletividade maior com o fungo garante que não se tenha tanta toxicidade no ser humano, através do seu mecanismo de ação  FARMACOCINÉTICA: o Absorção: mal absorvida no TGI o Uso parenteral: EV, intratecal, tópica, intraocular e intra-articular o Baixa LPP (lipossolubilidade) o Baixa penetração no humor vítreo, LCR e líquido amniótico o Baixa metabolização o Excreção: renal (em torno de 80%) e biliar (em menor expressão)  Caso o paciente apresente uma meningite fúngica, vai ser necessária a utilização de anfotericina B + outro medicamento (que tenha uma interação um pouco maior a nível do SNC)  De uma forma geral, os efeitos adversos são: 1. Nefrotoxicidade: alta taxa devido a sua excreção renal 2. Hipocalemia e hipomagnesemia 3. Comprometimento da função hepática 4. Trombocitopenia 5. Reações sistêmicas imediatas: conhecido como “tempestade de citocinas”  Paciente vai apresentar: febre, calafrios, hipotensão, náuseas e vômitos  Isso acontece com menos de 1% dos pacientes 6. Distúrbios hematológicos: anemia  Ocorre a diminuição de produção e liberação de eritropoietina  Muito raro  É por conta do efeitos adversos que a anfotericina B é considerada tóxica  Medicamento de controle muito alto, sendo usado, principalmente, para infecções graves e disseminadas causadas por vários microrganismos o Na maioria das vezes, esses microrganismos são fungos  por causa do ergosterol  Antifúngico e antiprotozoário (utilizado para o tratamento de leishmaniose) o Na superfície da leishmania tem-se uma membrana com presença de ergosterol  utilizada por via parenteral também  FARMACODINÂMICA: o Tem a capacidade de formar interações hidrofóbicas com os esteróis da membrana  geralmente, acontece com a junção de duas moléculas, onde a parte hidrofílica fica “para fora” o A junção de duas moléculas resulta na formação de poros: ficam com a parte hidrofílica livre  passagem livre de água e alguns elementos (sais minerais)  desequilíbrio hidroeletrolítico
  • 4. o O desequilíbrio hidroeletrolítico causa lise no fungo  Normalmente, esse medicamento é disponibilizado de duas formas: 1. Desoxicolato: mais utilizada por ser mais barato 2. Lipossomal: fica dentro de lipossomas  Faz com que a anfotericina B diminuía em torno de 80% a sua toxicidade  Todo o processo de distribuição, metabolização e excreção são facilitados pela presença da substância nos lipossomas, fazendo com que seja diminuído todo o processo relacionado com a toxicidade  É mais caro NISTATINA:  Medicamento muito utilizado, principalmente, por pacientes que estão passando por uma quimioterapia antineoplásica  Também é um macrolídeo poliênico, desenvolvido a partir do Streptomyces noursei  Apresenta o mesmo mecanismo de ação que Anfotericina B  FARMACOCINÉTICA: o Não éusada por via parenteral: alta toxicidade o Pouco absorvida por via oral o Efeito local no TGI o Uso tópico o Excreção fecal de forma inalterada  Medicamento de escolha para candidíase oral, esofagiana, intestinal e infecções cutâneas por Candida sp. o O tratamento de candidíase oral é local, ou seja, é um tratamento bucal  medicamento precisaentrar emcontato com toda amucosa oral para que o microrganismo seja erradicado (deve ser bochecho e gargarejo)  Quando o paciente está fazendo uso do medicamento pela via oral, ele vai apresentar efeitos adversos (náuseas, vômitos e diarreia) o A dosagem que deveria ser distribuída por toda a mucosa e o esôfago, o paciente está tomando (dosagem alta)  No caso de um uso tópico, o efeito adverso que o paciente pode apresentar é uma dermatite Inibidores da síntese do ergosterol: atuam na mesma via, mas em locais diferentes TERBINAFINA:  Atua inibindo a enzima esqualeno epoxidase, no meio da síntese o Não se tem mais a síntese de ergosterol no fim o Vai haver acúmulo de esqualeno e não haverá a formação de ergosterol o Sem ergosterol, sem formação de membrana fúngica o Atua diretamente no processo de multiplicação fúngica  Uso tópico e por via oral (VO)  Indicado para dermatofitoses cutâneas e onicomicose o Atuação apenas em fungos de unha, pele e cabelos  Boa absorção: é extremamente lipofílica  Metabolizado no fígado  Excretado pela urina  Contraindicado para: gestantes, pacientes com insuficiência renal e hepática  Efeitos adversos: o Baixa incidência de desconforto do TGI o Cefaleia o Prurido o Erupções cutâneas o Tontura o Dores articulares o Hepatotoxicidade
  • 5. DERIVADOS AZÓLICOS (AZÓIS):  Atuam inibindo aenzima 14α-ergosteroldesmetilase, no fim da síntese o Leva ao acúmulo de 14α-metilesteróis o Vai haver desagregação dos fosfolipídeos, comprometendo as funções enzimáticas ligadas a membrana o Essa desagregação inibe o crescimento do fungo  São divididos em dois grupos: 1. Imidazóis: cetoconazol e miconazol 2. Triazóis: fluconazol e itraconazol  Apesar da divisão, apresentam o mesmo mecanismo de ação  Cetoconazol e fluconazol apresentam as maiores atividade de seus grupos, além de serem os mais antigos  Miconazol e clotrimazol possuem uma via de administração tópica o Sua atividade está mais relacionada com micoses superficiais o Normalmente, o efeito deles é para esse tipo de dermatofitose o Tem atuação boa  Itraconazol tem ação tópica, mas é utilizado por via oral o Atividade boa relacionada a infecções superficiais e infecções de TGI o Absorção ainda não é 100%  absorção errônea devido a um processo de lipossolubilidade o Em alguns casos, pode ser administrado por via endovenosa para facilitar o processo de absorção errônea  dosagem específica  CETOCONAZOL: o Protótipo da classe: criado em 1977 o A partir dele foram desenvolvidos os outros fármacos da classe o Mecanismo de ação: evitar a conversão de lanosterol a ergosterol, através da inibição da enzima 14α-ergosterol desmetilase (O MESMO PARA TODOS OS FÁRMACOS DO GRUPO) FARMACOCINÉTICA: o Administração VO e tópica o Absorção em ambiente ácido  se o medicamento não é absorvido, por alguma alteração de pH, não faz efeito o Ampla distribuição por todos os tecidos e líquidos teciduais o Não atinge concentrações terapêuticas no SNC o Excretado na bile e urina EFEITOS ADVERSOS: o Náuseas, vômitos, anorexia e dor abdominal em (10-20% dos casos) o Prurido (2% dos casos) o Exantema alérgico (4-10% dos casos) o Toxicidade hepática o Alterações endócrinas: irregularidade menstrual, ginecomastia, diminuição do libido, impotência e oligospermia INDICAÇÕES: a. Blastomicose b. Histoplasmose c. Coccidioidomicose d. Paracoccidioidomicose e. Dermatofitoses f. Tínea versicolor g. Candidíase mucocutânea h. Vulvovaginite por candida i. Candidíase oral ou esofagiana  FLUCONAZOL: FARMACOCINÉTICA: o Administração VO ou EV  aumento de pH podem dificultar o processo de absorção o Biodisponibilidade acima de 90% o Ampla distribuição nos tecidos, bem como no LCR, olhos, tecido vaginal, pele, unhas e saliva o Excreção renal EFEITOS ADVERSOS: o Náuseas o Vômitos o Cefaleias o Exantema o Alopecia reversível (por VO)
  • 6. o Stevens-Johnson INDICAÇÕES: o Candidíase sistêmica o Meningites: criptocócica ou por coccídeos o Prevenção de infecções fúngicas em pacientes submetidos a transplante de medula óssea  tratamento de prevenção o Ineficaz no tratamento de aspergilose