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Modelagem e estudo de rendimento termodinâmico
de ciclos combinados de geração termelétrica1
Vinícius André Uberti2
Maria Luiza Sperb Indrusiak3
Resumo
Este trabalho tem o propósito de avaliar o rendimento termodinâmico de uma usina
termelétrica que utiliza a turbina a gás General Electric MS7001FA. O recente cresci-
mento da termeletricidade na matriz energética brasileira, aliado ao aumento de de-
manda de energia elétrica, a escassez de novos empreendimentos hidrelétricos viáveis e
ao aumento de oferta de combustíveis fósseis, denotam a necessidade de pesquisa para
aumento do rendimento em processos de geração termelétrica. Foi verificado, através
das simulações, que a eficiência do ciclo Brayton é da ordem de 36% para esse equipa-
mento e que grande quantidade de energia térmica é rejeitada. O aproveitamento de
uma parcela dela é possível com a instalação de um ciclo Rankine, atingindo patamares
de 57% de eficiência. Dessa maneira, é possível perceber a importância dos sistemas
termelétricos operando em ciclos combinados, pois diminuem os custos específicos de
geração, aumentam a capacidade do parque já existente, e elevam o aproveitamento
energético dos combustíveis não renováveis.
Palavras-chave: Geração termelétrica. Rendimento termodinâmico. Ciclo combinado
Brayton-Rankine.
Abstract
This work has the purpose of evaluating the thermodynamic efficiency of a thermal power
plant which operates with a General Electric MS7001FA gas turbine. The recent growth of
the thermoelectricity in the Brazilian energetic matrix, added to energy demand growth,
the few viability of new hydroelectric plants and the growth of fossil fuels availability, show
the need for research to increase the yield of thermal generating processes. It was verified,
thought simulations, that the Brayton cycle efficiency values 36% or thereabouts to this
equipment and that large amount of thermal energy is rejected. The use of a portion of
this energy is possible with the installation of a Rankine cycle, reaching efficiency levels
of 57%. Thus, it is possible to realize the importance of thermoelectric plants operating as
combined cycles, because they reduce specific costs of generation, increase the capacity of
the current electrical system and raise the energetic use of non-renewable fuels.
Keywords: Thermoelectrical generation. Thermodynamic efficiency. Brayton-Rankine
combined cycle.
1 Resumo do Trabalho de Conclusão de Curso apresentado em 24.06.2014, sob orientação da Prof. Dra. Maria Luiza Sperb Indrusiak, na
Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), São Leopoldo, RS, Brasil.
2 Bacharel em Engenharia Elétrica pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), São Leopoldo, RS. Acadêmico do Programa de
Pós-Graduação em Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria, RS, Brasil. E-mail: vuberti@gmail.com
3 Doutora em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, RS, Brasil. Professora da Escola
Politécnica da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), São Leopoldo, RS. E-mail: mlsperb@unisinos.br
Artigo recebido em 03.11.2014 e aceito em 04.05.2015.
8
UBERTI, V. A.; INDRUSIAK, M. L. S.
Revista Liberato, Novo Hamburgo, v. 16, n. 25, p. 01-100, jan./jun. 2015.
1 Introdução
A capacidade de geração de energia elé-
trica no mundo (potência total instalada) gira
em torno de 4.821 GW. Do total, 66,5%, ou
3.210 GW, correspondem a usinas termelétri-
cas que utilizam principalmente carvão mine-
ral, gás natural e derivados de petróleo como
combustível, segundo o Balanço Energético
Nacional 2013 (EMPRESA DE PESQUISA
ENERGÉTICA, 2013).
O Brasil, por outro lado, apresenta sua
matriz eletroenergética baseada na geração hi-
drelétrica, com 69,7% de uma carga instalada
de 121.104 MW (AGÊNCIA NACIONAL DE
ENERGIA ELÉTRICA, 2013). O restante é com-
posto por usinas termelétricas (27,1%), termo-
nucleares (1,7%) e eolielétricas (1,5%).
No entanto, o crescimento previsto para a
demanda de energia elétrica no Brasil até 2030,
segundo o Balanço Energético Nacional 2013,
é elevado e exigirá entre 99.420 MW e 144.100
MW. Ainda, segundo a mesma fonte, os recursos
hídricos inventariados e aproveitados totaliza-
ram, em 2012, 108.160 MW, enquanto os recur-
sos estimados e ainda não explorados somam
apenas 26.577 MW. Ou seja, o país deverá es-
tar preparado para atender elevados patamares
de demanda e, com cada vez menor potencial
hidrelétrico não explorado, fontes de geração
como a térmica e as renováveis devem receber
cada vez mais incentivos.
O que se verifica nos últimos anos, de
acordo com os relatórios anuais da Agência
Nacional de Energia Elétrica (2013), é um cres-
cimento da oferta de energia termelétrica supe-
rior ao das demais fontes e inclusive da oferta
total. No período 2004 a 2012, a termeletricida-
de apresentou um aumento de 87,5% em termos
de potência instalada no país, enquanto que a
hidroeletricidade registrou aumento de 22,2%.
Isso representa um avanço da participação da
termeletricidade na matriz nacional de 19,8%,
em 2004, para 27,1%, em 2012.
O esgotamento de oportunidades de gran-
des empreendimentos hidrelétricos, o aumento
da oferta de combustíveis fósseis, o baixo tempo
de instalação em comparação com as usinas hi-
drelétricas, a possibilidade de instalação próxi-
ma aos grandes centros de carga e a alta relação
entre potência instalada e potência gerada (fator
de capacidade), em comparação com as usinas
eolielétricas e fotovoltaicas, são alguns dos fato-
res responsáveis pelo avanço da participação das
termelétricas no parque gerador brasileiro.
Apesardetudoisso,umaexpansãomaispu-
jante esbarra em questões ambientais e nos altos
custos de operação. Por esses motivos, as usinas
termelétricas cumprem papel de complementar
a geração hidrelétrica, de custo mais baixo, e de
garantir a confiabilidade do Sistema Interligado
Nacional (SIN) em períodos de estiagem.
Uma vez que a instalação de usinas terme-
létricas se mostra necessária, não apenas para
confiabilidade do sistema elétrico, mas também
por necessidade de atendimento da demanda de
energia elétrica, é necessária a busca pela me-
lhor utilização possível dos recursos disponíveis.
Essa é a essência da motivação deste trabalho, a
análise de modos mais eficientes de geração ter-
melétrica, de forma a reduzir o custo específico
de geração, reduzir as emissões atmosféricas es-
pecíficas e prolongar a disponibilidade dos com-
bustíveis não renováveis.
O objetivo deste trabalho é analisar o ren-
dimento termodinâmico de uma usina termelé-
trica de ciclo Brayton que utiliza uma turbina a
gás modelo General Electric MS7001FA. O ren-
dimento foi determinado, através da construção
de um modelo computacional do ciclo, utilizan-
do seus valores operacionais padrão. Esse mode-
lo computacional possibilitou avaliar a influên-
cia das alterações dos parâmetros de entrada da
máquina (vazão de combustível, qualidade do
combustível, temperatura do ar de entrada, etc.)
na potência de saída e no rendimento do ciclo.
Além disto, foi avaliada a possibilidade de
instalação, em termos de rendimento termodi-
nâmico, de um ciclo combinado (inclusão do
ciclo Rankine). Nessa instalação, de forma a re-
cuperar a energia térmica contida nos gases de
exaustão da turbina a gás.
9
Modelagem e estudo de rendimento termodinâmico de...
Revista Liberato, Novo Hamburgo, v. 16, n. 25, p. 01-100, jan./jun. 2015.
Figura 1 - (a) Esquema de funcionamento ciclo Brayton; (b) diagrama T-s do ciclo Brayton ideal
Fonte: Hirano; Mamani (2013).
2 Referencial teórico
2.1 Geração termelétrica a gás: ciclo Brayton
O ciclo Brayton é composto por um com-
pressor de ar, um equipamento de combustão e
uma turbina de expansão. Compressor e turbina
de expansão são acoplados a um mesmo eixo
que também é acoplado ao gerador elétrico,
como na figura 1a.
O ciclo Brayton é um ciclo aberto. O ar at-
mosférico é admitido pelo compressor, onde são
elevadas sua pressão e temperatura. O combus-
tível reage com o ar comprimido nas câmaras de
combustão, liberando energia térmica. Os gases
provenientes da combustão são direcionados à
turbina, onde se expandem, produzindo traba-
lho. Sendo, então, liberados para a atmosfera
em condições de pressão próxima à atmosférica,
mas ainda em alta temperatura.
Os quatro processos do ciclo Brayton são
executados com escoamento em regime per-
manente, de forma que o balanço de energia
por unidade de massa pode ser expresso por:
WTG
= QH
− QL
− WC
	 (1)
em que QH
e QL
são, respectivamente, os ca-
lores fornecido e rejeitado pelo sistema, por
unidade de massa, e WTG
e WC
são os tra-
balhos gerados pela turbina de expansão e
consumido pelo compressor, por unidade de
massa. Todos os termos da equação (1) estão
em kJ/kg.
Pode-se representar o ciclo Brayton por
seu diagrama temperatura-entropia (T-s) que
representa a evolução dessas variáveis, du-
rante cada processo do ciclo, conforme visto
na figura 1b. O diagrama T-s mostra, ainda, a
quantidade de trabalho líquido gerado duran-
te o ciclo, representado pela área interna do
diagrama. Ou seja, quanto maior a quantidade
de calor injetada no fluido de trabalho ou
quanto menor a quantidade de calor rejeita-
da no exaustor, maior será o trabalho líquido
gerado pelo ciclo e, consequentemente, maior
será o rendimento do ciclo. O ciclo Brayton,
aplicado às turbinas a gás atuais, apresenta efi-
ciência termodinâmica da ordem de 30 a 40%
(LORA; NASCIMENTO, 2004).
Conforme Çengel e Boles (2007), compa-
rada aos sistemas de turbina a vapor e propul-
são a diesel, a turbina a gás apresenta maior
relação “potência – tamanho e peso”, maior
vida útil, maior confiabilidade, menor custo
de instalação e operação mais conveniente.
2.2 A turbina a gás GE MS7001FA
A turbina a gás GE MS7001FA é um equi-
pamento bicombustível, capaz de operar tan-
to com Gás Natural (GN) como com Óleo
Combustível para Turbina Elétrica (OCTE). Sua
capacidade nominal de geração é de 160 MW,
combustível
Câmara de
combustão
T
S
1
1
2
2
3
3
4
4
Compressor
Ar
Turbina
a gás
exaustão
QH
QH
QL
QLWc
WTG
p = cte
p = cte
υ=
cte
υ=
cte
(a) (b)
10
UBERTI, V. A.; INDRUSIAK, M. L. S.
Revista Liberato, Novo Hamburgo, v. 16, n. 25, p. 01-100, jan./jun. 2015.
em ambos os casos. A mesma opera, acoplada
eixo a eixo, a um gerador GE 7FH2, de 234
MVA. A velocidade de rotação do conjunto é
de 3600 rpm (60 Hz).
Nesse equipamento, o ar atmosférico é
admitido e encaminhado ao compressor axial,
com 18 estágios de palhetas fixas e móveis,
que tem a finalidade de elevar a pressão do ar
em uma relação de 15,7:1, aumentando a efi-
ciência da queima. O ar comprimido é, então,
dirigido a 14 câmaras de combustão, onde é
misturado ao combustível. Dois ignitores fa-
zem o acendimento inicial da chama. Os gases
provenientes da combustão são encaminha-
dos para a turbina que possui três estágios de
palhetas fixas e móveis. O arranjo desses está-
gios é apresentado na figura 2. Na turbina, os
gases provenientes da combustão expandem,
realizando trabalho ao colocar os estágios mó-
veis (fixos ao eixo) em movimento rotacional.
Figura 2 - Partes principais da turbina GE MS7001FA
Fonte: General Eletric Power Systems (2003).
Para a partida, um sistema de motori-
zação do gerador coloca todo o sistema em
movimento. Após o acendimento da chama, a
turbina ganha velocidade e, com 95% da ro-
tação nominal, é desligada a motorização do
gerador.
Quando operando com OCTE, para efei-
tos de redução de emissões atmosféricas de
NOx, através da redução da temperatura de
queima, é injetada água desmineralizada, jun-
tamente com o óleo, nos queimadores. Essa
água é isenta de sílica e outros compostos que
poderiam aderir aos queimadores em altas
temperaturas.
2.3 Geração termelétrica a vapor: ciclo
Rankine
O ciclo Rankine, figura 3a, é o ciclo ideal
de usinas geradoras de energia com turbina a
vapor e utiliza água como fluido de transporte
de energia, em um ciclo fechado.
MS7001FA
Conjunto da turbina a gás
Partes principais
Combustão
DifusorPeça de
transição
Gás combustível
Combustívellíquido
Injeção de
água/vapor
Ar de
atomização
VIGVS
Liner
Gerador
Entradadear Compressor Turbina Exaustão
B00293 7/2001
11
Modelagem e estudo de rendimento termodinâmico de...
Revista Liberato, Novo Hamburgo, v. 16, n. 25, p. 01-100, jan./jun. 2015.
O diagrama T-s para o ciclo Rankine é
apresentado na figura 3b, onde a área interna
do diagrama representa a quantidade de tra-
balho líquido produzido pelo ciclo.
O trabalho líquido, gerado na turbina de
expansão, nesse ciclo, equivale à quantidade
de calor cedida ao sistema na caldeira, dimi-
nuindo-se a rejeição de calor no condensador
e a energia consumida pela bomba de alimen-
tação da caldeira. Pode-se expressar o balan-
ço energético do ciclo, através da equação (2):
W34
= Q23
− Q41
− W12
	 (2)
em que W34
representa o trabalho por unida-
de de massa, gerado na turbina a vapor; Q23
e Q41
são os valores de energia térmica por
unidade de massa, fornecida pela caldeira e
rejeitada pelo condensador, respectivamen-
te; e W12
é o valor de trabalho por unidade
de massa, consumido pela bomba de alimen-
tação. Todos os termos da equação (2) estão
em kJ/kg.
A eficiência termodinâmica do ciclo a
vapor é sensivelmente afetada pelas tempe-
raturas médias em que o calor é transferido
para o fluido na caldeira e na qual o calor é re-
jeitado pelo condensador. Conforme Çengel
e Boles (2007), todas as propostas para au-
mentar a eficiência térmica do ciclo Rankine
passam por modificações nessas duas etapas,
ressalvando-se as limitações construtivas, de
materiais e de custos de instalação.
2.4 Ciclo combinado
Os ciclos combinados, formados atra-
vés do arranjo de um ciclo Brayton e um ciclo
Rankine em cascata, são estudados e pesquisa-
dos desde a década de 1950. No entanto, restri-
ções tecnológicas impediram sua implementa-
ção até a década de 1970 e, apenas na década de
1990, é que sua utilização tornou-se extensiva
(LORA; NASCIMENTO, 2004).
A geração de vapor no ciclo Rankine
ocorre por uma grande diferença de tempera-
turas entre a água e o gás gerado pela combus-
tão. Esse processo é ineficiente, pois, enquanto
os gases de combustão ultrapassam facilmente
os 1000 °C na caldeira, o vapor atinge apenas
uma temperatura em torno de 500 °C, ou seja,
o calor da combustão não é aproveitado efi-
cientemente. Já no ciclo Brayton, os gases de
combustão também podem superar os 1000 °C
na câmara de combustão, enquanto que a tem-
peratura de exaustão, após expansão na turbi-
na até a pressão atmosférica, fica em torno de
600 °C.
O propósito do ciclo combinado é solu-
cionar as ineficiências termodinâmicas na-
turais desses dois ciclos, combinando-os por
meio de uma caldeira de recuperação, figura 4.
Figura 3 - (a) O ciclo Rankine, (b) Diagrama T-s do ciclo Rankine ideal
Fonte: Çengel; Boles (2007).
Caldeira Vapor sat
Vapor superaq
Água
1
1
2
2
3 T
S
3
4
4
W34
W12
W12
W34
Q41
Q23
Q23
Q41
Turbina
Bomba Condensador
(a) (b)
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Revista Liberato, Novo Hamburgo, v. 16, n. 25, p. 01-100, jan./jun. 2015.
A eficiência térmica de uma planta com
ciclo combinado é descrita por:
ηT
= 		 	
(3)
em que WTG
e WTV
representam as potências gera-
das pelos ciclos Brayton e Rankine, respectivamen-
te, e QF
representa a energia fornecida pelo com-
bustível. Todos os valores representam taxas (em
MW ou MJ/s). O cálculo de energia fornecida ao
sistema é, por sua vez, apresentado na equação (4):
QF
= mC
. PCI 		 (4)
em que mC
é a vazão mássica de combustível, em
kg/s, e PCI é o Poder Calorífico Inferior do com-
bustível, em MJ/kg.
3 Metodologia aplicada
A análise de rendimento termodinâ-
mico proposta é realizada, através de simu-
lações matemáticas, utilizando o software
IPSEpro (Process Simulation Environment) da
Simulation Technology (2003b).
A organização geral da metodologia apli-
cada segue a seguinte ordenação de passos:
1. aquisição de dados operacionais; 2. cálculo
dos rendimentos adiabáticos do compressor e
da turbina; 3. proposta de um modelo - ciclo
Brayton; 4. validação do modelo; 5. determi-
nação do rendimento do ciclo Brayton; 6. pro-
posta de ciclo combinado com base em dados
de projeto; 7. determinação do rendimento do
ciclo combinado.
Figura 4 - Ciclo combinado
Fonte: Hirano; Mamani (2013).
QF
.
..
. .
WTG
+ WTV
Combustível
Bomba
Condensador
Calor recuperado
Caldeira de
recuperação
TG
TV
C
1
2
3
456
7
8
9
10
Ar
QH
QL
Wb WTV
WTG
.
. .
.
.
. .
.
.
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Modelagem e estudo de rendimento termodinâmico de...
Revista Liberato, Novo Hamburgo, v. 16, n. 25, p. 01-100, jan./jun. 2015.
A validação do modelo Brayton proposto
é realizada, comparando os valores de saída do
processo (potência gerada e eficiência global)
do modelo com os valores reais de operação,
para as mesmas condições de entrada.
Foram consideradas seis condições de
operação para a validação, três para GN e três
para OCTE, contemplando cargas nominais e
cargas parciais.
3.1 Equações termodinâmicas
Conforme Çengel e Boles (2007), o rendi-
mento adiabático de compressor representa o
desvio que seu comportamento real possui frente
ao comportamento ideal isentrópico. É represen-
tado pela razão entre o trabalho específico isen-
trópico (Ws
) e o trabalho específico real (Wr
) exi-
gido pelo compressor, conforme equação (5):
ηcomp
= = 	 (5)
em que h1
é a entalpia específica do ar na entrada
do compressor; h2r
é a entalpia específica real do
ar na descarga do compressor; e h2s
, a entalpia es-
pecífica do ar na descarga do compressor para o
caso isentrópico. A hipótese para o ar padrão foi
aplicada (ÇENGEL; BOLES, 2007), utilizando-
se a tabela de propriedades termodinâmicas de
gás perfeito do ar, interpolando os valores entre
os pontos mais próximos encontrados na tabela,
sempre que necessário.
Já o rendimento adiabático da turbina tam-
bém representa seu desvio da situação ideal, o
que é ocasionado pelas irreversibilidades do pro-
cesso real (ÇENGEL; BOLES, 2007). No caso da
turbina, o trabalho específico realizado real (Wr
)
será menor do que o da situação isentrópica (Ws
),
conforme equação (6):
ηturb
= =		 (6)
em que h3
é a entalpia específica do gás de com-
bustão na entrada da turbina; h4r
é a entalpia es-
pecífica real do gás no exausto da turbina; e h4s
, a
entalpia específica, na descarga da turbina, para
o caso isentrópico.
O rendimento termodinâmico do ciclo
Brayton é definido pela equação (7):
ηT
= =			 (7)
Os trabalhos gerados pela turbina e con-
sumidos pelo compressor são, respectivamente,
apresentados pelas equações (8) e (9):
Wturb
= h3
− h4r
= h3
− h4s
. ηturb
(8)
Wcomp
= h1
− h2r
= h1
− h2s
. ηcomp
(9)
em que h1
, h2
, h3
e h4
são, respectivamente, as
entalpias específicas na entrada do compressor,
na saída do compressor, na entrada da turbina
e na saída da turbina, em kJ/kg, e os índices r
e s representam as situações real e isentrópica,
respectivamente.
O rendimento global ηg do sistema é a ra-
zão entre a energia líquida nos terminais do ge-
rador e a energia total fornecida pelo combustí-
vel que é calculado através da equação (10):
ηG
= 			 (10)
em que Pgerada
está em kW; mc
está em kg/s; e PCI
em kJ/kg.
4 Simulações
4.1 Aquisição de dados
Para possibilitar os cálculos e simula-
ções previstos, inicialmente, foram coletados
dados práticos de operação da turbina GE
MS7001FA, em uma usina termelétrica situa-
da em Canoas, Rio Grande do Sul (RS), que uti-
liza esse equipamento em ciclo aberto e opera-
ção bicombustível. Nessa usina, é utilizado um
sistema de histórico de informações operacio-
nais que também realiza a transmissão para um
servidor.
Wr
h1
− h2r
Ws
	h3
− h4s
qadm
h3
− h2r
mc
. PCI
.
Pgerada
Ws
h1
− h2s
Wr
	 h3
− h4r
Wliq
Wturb
− Wcomp
	
.
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Revista Liberato, Novo Hamburgo, v. 16, n. 25, p. 01-100, jan./jun. 2015.
A usina tem carga de 160 MW declarada ao
Operador Nacional do Sistema Elétrico (2013).
Em caso de necessidade, essa usina pode ope-
rar em carga base por controle de temperatura
de combustão, atingindo até o patamar de 183
MW, segundo o manual do fabricante.
A característica dessa usina é de operar em
Tabela 1 - Dados operacionais coletados, operação com OCTE
Fonte: Os autores (2014).
27/04/2014
14:00
Caso 1
12/04/2014
16:00
Caso 2
29/04/2014
05:55
Caso 3
Condições ambiente
Pressão (bar) 1,004 1,000 1,005
Temperatura (°C) 23,00 25,10 14,55
Umidade relativa (%) 73 76 93
Condições do gerador
Potência ativa (MW) 89,88 163,10 175,16
Potência reativa (MVAr) -27,92 -40,05 -9,88
FP 0,95 0,97 1,00
Condições da turbina
OCTE
Vazão (kg/s) 8,03 12,11 12,71
Pressão (bar) 18,63 31,53 34,46
Temperatura (°C) 33,00 30,10 27,30
Água desmineralizada
Vazão (kg/s) 9,61 14,95 16,77
Pressão (bar) 16,67 31,40 36,28
Ar de entrada
Vazão (kg/s) 278,19 407,40 431,68
Descarga do compressor
Pressão (bar) 9,28 14,55 14,88
Temperatura (°C) 350,00 410,73 400,00
Relação de compressão 10,43 15,79 16,41
Vazão OCTE + Água (kg/s) 17,64 27,06 29,48
T de combustão (°C) 1.190 1.280 1.280
Gás do exausto
Vazão (kg/s) 295,83 434,46 461,16
Temperatura (°C) 649,00 590,84 587,79
carga base na maior parte do tempo, e, eventual-
mente, em sua carga mínima, que é de 90 MW,
de acordo com sua Licença de Operação. Diante
disso, puderam ser observados três pontos de
operação para a turbina a gás, operando com
OCTE e três pontos de operação, operando com
GN, conforme tabelas 1 e 2.
15
Modelagem e estudo de rendimento termodinâmico de...
Revista Liberato, Novo Hamburgo, v. 16, n. 25, p. 01-100, jan./jun. 2015.
4.2 Cálculo dos rendimentos adiabáticos do
compressor e da turbina
Segundo Çengel e Boles (2007), o rendimento
Tabela 2 - Dados operacionais coletados, operação com GN
Fonte: Os autores (2014).
Tabela 3 - Rendimentos adiabáticos do sistema
Fonte: Os autores (2014).
11/09/2013
03:25
Caso 1
11/09/2013
05:16
Caso 2
11/09/2013
07:20
Caso 3
Condições ambiente
Pressão (bar) 1,007 1,007 1,007
Temperatura (°C) 18,00 18,30 17,30
Umidade relativa (%) 89 88 91
Condições do gerador
Potência ativa (MW) 84,64 120,18 165,00
Potência reativa (MVAr) 8,23 13,73 2,49
FP 1,00 0,99 1,00
Condições da turbina
Gás Natural (GN)
Vazão (kg/s) 6,37 7,89 9,64
Pressão (bar) 25,09 25,09 25,09
Temperatura (°C) 16,43 17,03 16,10
Ar de entrada
Vazão (kg/s) 273,33 332,20 428,49
Descarga do compressor
Pressão (bar) 8,97 11,45 14,86
Temperatura (°C) 334,16 357,00 394,00
Relação de compressão 9,97 12,15 15,54
T de combustão (°C) 1.190 1.230 1.280
Gás do exausto
Vazão (kg/s) 279,70 340,09 438,13
Temperatura (°C) 643,52 621,24 602,67
Caso 1 Caso 2 Caso 3
OCTE
Compressor 0,8448 0,9268 0,8809
Turbina 0,8446 0,9038 0,9212
GN
Compressor 0,8391 0,8875 0,8877
Turbina 0,8658 0,8830 0,8929
isentrópico pode ser calculado através das equações
(6)e(7),paracompressoreturbina,respectivamen-
te. Os valores encontrados, para cada uma das si-
tuações analisadas, foram organizados na tabela 3.
16
UBERTI, V. A.; INDRUSIAK, M. L. S.
Revista Liberato, Novo Hamburgo, v. 16, n. 25, p. 01-100, jan./jun. 2015.
Fonte: Os autores (2014).
Tabela 4 - Rendimentos calculados do ciclo Brayton
Condição do sistema
Rendimento
termodinâmico (%)
Rendimento global (%)
OCTE; 89,88 MW 31,10 28,96
OCTE; 163,10 MW 42,24 34,84
OCTE; 175,16 MW 42,18 35,65
GN; 84,64 MW 32,45 28,13
GN; 120,18 MW 36,56 32,24
GN; 165,00 MW 41,21 36,22
4.4 Simulações
Os dados de operação, apresentados nas
tabelas 1 e 2, além dos dados calculados e
apresentados nas tabelas 3 e 4, foram utiliza-
dos para a simulação do ciclo a gás no software
IPSE da Simulation Technology (2003a). As si-
mulações foram organizadas por tipo de com-
bustível, pois o modelo varia levemente para
Figura 5 - (a) Modelo OCTE, (b) Modelo GN
Fonte: Os autores (2014).
Na figura 5a, é apresentado o modelo da
turbina a gás em operação com OCTE e, na fi-
gura 5b, operando com GN. Esses modelos são
muito semelhantes, mudando apenas a câmara
de combustão, devido ao método de represen-
tação dos combustíveis no software utilizado.
OCTE e GN. Após, realizou-se a simulação de
um ciclo Rankine em série com a turbina a gás,
recuperando parte da energia térmica dos ga-
ses de exaustão.
4.4.1 Modelagem e simulação do ciclo Brayton
Os modelos do ciclo Brayton são visuali-
zados na figura 5
4.4.2Modelagemesimulaçãodociclocombinado
Para avaliar a ampliação da potência ins-
talada na planta, sem o aumento do consumo
de combustível, foi simulado um ciclo Rankine
em série com o ciclo Brayton existente.
29.48
F
A
431.7 461.2
9.64
438.1
438.1
428.5
428.5
428.5
461.2431.7
431.7
mass[kg/s] mass[kg/s]
416.57 1458.3
33.871
1473.9
677.11
17.551
17.551
409.33
647.114.738
14.738
h[kJ/kg] h[kJ/kg]
15.02 15
25.09
14.85
1.007
0.956
1.007
14.86
1.0071.005
0.915
p[bar] p[bar]
401.41 1211.7
16.1
1245.7
609.86
17.3
17.3
394.56
575.4714.55
14.55
t[ºC] t[ºC]
27.3
27.3
4.3 Cálculo de rendimento do ciclo Brayton
No intuito de validar as simulações, o
rendimento termodinâmico do ciclo Brayton e
o rendimento global do sistema foram calcu-
lados, para cada situação simulada, de acordo
com as equações (8) e (11). Os valores encon-
trados são apresentados na tabela 4.
17
Modelagem e estudo de rendimento termodinâmico de...
Revista Liberato, Novo Hamburgo, v. 16, n. 25, p. 01-100, jan./jun. 2015.
Figura 6 - Modelo do ciclo combinado
Fonte: Os autores (2014).
A caldeira de recuperação (HRSG) do
ciclo Rankine foi conectada na saída da turbi-
na de expansão do ciclo Brayton, de forma a
Característica Critério
Pressão de vapor na saída da caldeira (bar) 113,01
Temperatura do vapor na saída da caldeira (°C) 541,9
Temperatura dos gases após caldeira (°C) 120,0
Fonte: Os autores (2014).
Tabela 5 - Critérios de projeto do ciclo Rankine
As características do ciclo Rankine, inse-
ridas nas simulações, são idênticas aos critérios
de projeto da caldeira de recuperação que está
5 Resultados
5.1 Simulações do ciclo Brayton
Os valores de pressão, temperatura, vazão
mássica e entalpia específica foram calculados
pelo software, para todos os pontos do ciclo, as-
sim como os trabalhos produzido pela turbina
e consumido pelo compressor e a potência ge-
rada pelo gerador elétrico.
A tabela 6 apresenta as potências elétricas
F
A
431.7
461.2
461.2
431.7
431.7 71.18
71.18
71.18
71.18
71.18
461.2
29.48
mass[kg/s]
416.57
647.1
1458.3
14.738
14.738 3468.1
3468.1
2170.4
91.218
107.45
128.38
27.3
h[kJ/kg]
15.02
1.007
15
1.005
0.915 113
113
0.03
0.0294
113
0.987
p[bar]
401.41
575.47
1211.7
14.55
14.55 541.9
541.9
24.08
21.744
23.127
120
27.3
t[ºC]
recuperar parte da energia térmica dos gases
de exaustão. Esse arranjo pode ser visualizado
na figura 6.
em construção na mesma usina termelétrica,
onde este trabalho é objeto de estudo. Estes
critérios são apresentados na tabela 5.
geradas no gerador elétrico real e calculadas
pelas simulações.
Analisando os resultados, mostrados na
tabela 6, verifica-se que os valores gerados pela
simulação são bem próximos dos valores da
leitura operacional. O ponto de operação GN
Caso 2 foi o que apresentou maior diferença,
em torno de 2,16%, em relação ao valor de ope-
ração. Todas as situações, no entanto, apresen-
taram diferenças toleráveis frente às simplifica-
ções de cálculo realizadas.
18
UBERTI, V. A.; INDRUSIAK, M. L. S.
Revista Liberato, Novo Hamburgo, v. 16, n. 25, p. 01-100, jan./jun. 2015.
Potências (MW)
OCTE GN
Caso 1 Caso 2 Caso 3 Caso 1 Caso 2 Caso 3
Real 89,88 163,10 175,16 84,64 120,18 165,00
Simulada 88,37 162,99 175,42 84,91 122,78 164,51
É visto, de acordo com os resultados da
tabela 7, que os valores apresentam-se muito
próximos. A maior diferença encontrada entre
os valores é de 1,99% na situação GN Caso 2, o
que já era esperado, uma vez que a potência de
geração, calculada pelo simulador, já era maior
que a potência de geração real.
Diante da análise dos resultados, apresen-
tados nas tabelas 6 e 7, é possível validar o mo-
delo matemático proposto, para as situações sob
estudo, já que as diferenças encontradas em to-
das elas são aceitáveis. Além de diferenças mui-
to pequenas, elas são geradas pelas condições de
incerteza intrínsecas a esse experimento.
É possível ainda, utilizar esse modelo, para
simular outras condições próximas às já simula-
das, de forma a avaliar o impacto que variações
das condições atmosféricas, dos combustíveis
ou das características do ar de entrada possam
trazer ao rendimento e à geração dessa planta.
O próximo passo foi a determinação do
rendimento termodinâmico do ciclo Brayton,
para as situações propostas. O rendimento
Fonte: Os autores (2014).
Tabela 8 - Potência gerada no ciclo Rankine
OCTE GN
Caso 1 Caso 2 Caso 3 Caso 1 Caso 2 Caso 3
Potência Elétrica (MW) 64,73 86,33 86,93 67,06 77,38 87,61
termodinâmico, que foi calculado em cada si-
tuação pelo simulador com base na equação (8),
é apresentado na tabela 9.
O que diferencia o rendimento termodi-
nâmico do rendimento global é que o primei-
ro avalia a eficiência termodinâmica do ciclo,
enquanto que, o segundo avalia a eficiência da
geração de energia elétrica pelo potencial de
energia disponibilizado pelo combustível. Na
prática, o rendimento global considera o gera-
dor elétrico e suas perdas, enquanto que o ter-
modinâmico não.
5.2 Simulações do ciclo combinado
Nesta etapa de simulação, as condições
operacionais anteriores foram mantidas, de for-
ma que os dados, já apresentados para o ciclo
Brayton, seguem válidos. O ciclo Rankine pro-
posto é um ciclo genérico, mas que obedece aos
critérios de projeto da planta em estudo. As po-
tências elétricas, geradas por esse ciclo nas si-
tuações simuladas, são apresentadas na tabela 8.
Fonte: Os autores (2014).
Tabela 7 - Comparativo dos rendimentos globais calculados e simulados
OCTE GN
Caso 1 Caso 2 Caso 3 Caso 1 Caso 2 Caso 3
Rendimento calculado (%) 28,96 34,84 35,65 28,13 32,24 36,22
Rendimento simulado (%) 28,47 34,82 35,70 28,17 32,88 36,06
Na tabela 7, são comparados os rendimen-
tos globais calculados e simulados. Os rendi-
mentos globais foram calculados, de acordo
com a equação (11). Os resultados simulados
consideram a potência disponível nos terminais
do gerador elétrico.
Fonte: Os autores (2014).
Tabela 6 - Comparativo das potências geradas reais e simuladas
19
Modelagem e estudo de rendimento termodinâmico de...
Revista Liberato, Novo Hamburgo, v. 16, n. 25, p. 01-100, jan./jun. 2015.
Fonte: Os autores (2014).
Tabela 9 - Rendimentos dos ciclos
Rendimentos (%)
OCTE GN
Caso 1 Caso 2 Caso 3 Caso 1 Caso 2 Caso 3
Termodinâmico Brayton 29,64 36,17 37,07 29,32 34,17 37,45
Global Brayton 28,47 34,82 35,70 28,17 32,88 36,06
Termodinâmico Rankine 37,84 37,84 37,84 37,84 37,84 37,84
Global Rankine 36,34 36,34 36,34 36,34 36,34 36,34
Termodinâmico c combinado 51,36 55,38 55,50 52,73 55,76 57,44
Global ciclo combinado 49,32 53,26 53,40 50,41 53,61 55,26
A tabela 9 mostra que o rendimento ter-
modinâmico da instalação que, com apenas a
turbina a gás, chegava, no máximo, à ordem
de 37%, em carga base, no ciclo combinado
alcançou patamares superiores a 55%, para a
mesma condição. É possível visualizar, ainda,
que os valores de rendimento termodinâmico
são sempre superiores a 51%.
A melhor situação de operação, para a
turbina a gás, em termos de eficiência ter-
modinâmica, ocorre com carga base (164,51
MW) e Gás Natural como combustível. Essa
eficiência, que já era a mais elevada do ciclo
simples, cresceu de 37,45% para 57,44%. Em
termos de potência elétrica, o valor aumenta-
ria de 164,51 MW para 252,12 MW.
Esses valores concordam com a biblio-
grafia consultada (LORA; NASCIMENTO,
2004), bem como, com os do projeto de ciclo
combinado da usina, de onde foram coletados
os dados operacionais, que prevê uma geração
de 89 MW, no ciclo Rankine, com o sistema
em carga base e uma eficiência global em tor-
no de 57,6%.
6 Conclusões
A geração de energia elétrica em usi-
nas termelétricas, através da queima de
combustíveis fósseis, mostra-se necessária
para o atual momento do Brasil, consideran-
do-se o aumento da demanda por energia elé-
trica. O aumento da oferta desses combustí-
veis, o curto tempo de construção e montagem
de uma instalação termelétrica em compara-
ção com uma hidrelétrica, a possibilidade de
instalação desses empreendimentos próximos
aos grandes centros de carga, além do alto fa-
tor de capacidade de geração dessas usinas em
comparação com os parques eólicos e fotovol-
taicos, tornam a geração termelétrica uma
boa alternativa dentro do cenário de energia
elétrica brasileiro, passando de complementa-
ção e segurança do sistema, para fazer parte
da base de geração.
Contudo, o custo de geração dessa fonte
de produção de energia segue elevado. Para se
tornar uma fonte competitiva, é preciso en-
contrar meios de elevar a eficiência das plan-
tas, tanto as novas como as já em operação,
de forma a aproveitar de uma melhor forma
o potencial de energia dos combustíveis. Para
aumento de rendimento de instalações terme-
létricas, que utilizam turbinas a gás, há a pos-
sibilidade de instalação de um ciclo Rankine,
transformando-as de ciclo Brayton simples,
para ciclo combinado.
Dentro desse contexto, este trabalho
Esses valores, em comparação com os de
geração do ciclo Brayton, mostram uma notá-
vel possibilidade de incremento da geração de
energia elétrica, a partir do consumo da mesma
quantidade de combustível.
Os rendimentos termodinâmicos e glo-
bais individuais de cada ciclo e do ciclo combi-
nado são apresentados na tabela 9.
20
UBERTI, V. A.; INDRUSIAK, M. L. S.
Revista Liberato, Novo Hamburgo, v. 16, n. 25, p. 01-100, jan./jun. 2015.
se propôs a avaliar o rendimento termodi-
nâmico de uma usina termelétrica em ciclo
Brayton simples, que utiliza uma turbina a gás
GE MS7001FA, encontrada em muitas usinas
pelo mundo. Foi criado um modelo computa-
cional que possibilitou a simulação das con-
dições de operação dessa usina e previsão de
comportamento para alterações das condi-
ções operacionais.
Foi verificado, nas simulações realizadas,
que o rendimento termodinâmico dessa insta-
lação varia entre 29,64% e 37,45%, dependen-
do da condição de carga, do combustível e das
condições ambientais. Os resultados obtidos
mostram que, conforme esperado, condições
operacionais afastadas das condições nomi-
nais da máquina resultam em um menor ren-
dimento e temperatura de saída mais elevada.
Foi visualizada, nas simulações com o
ciclo combinado proposto, uma possibilidade
de elevação do rendimento termodinâmico
para um patamar entre 51% e 57%.
Este trabalho demonstrou também a
importância econômica e ambiental de uma
instalação de ciclo combinado. A redução dos
custos da termeletricidade é necessária para
torná-la competitiva com as demais fontes, da
mesma maneira que, tratando-se da utilização
de combustíveis não renováveis, é fundamen-
tal racionalizar sua utilização, de forma a pro-
longar o tempo de acesso a esses recursos.
Em outras palavras, já que para suprir a
demanda de energia elétrica atual é necessária
a queima de combustíveis fósseis; então, é im-
portante destacar que esses combustíveis se-
jam utilizados da melhor forma possível. Em
termos de geração termelétrica, os ciclos com-
binados representam significativo aumento
de eficiência da utilização destes recursos.
Referências
AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA
ELÉTRICA.RelatórioANEEL2012.Brasília,2013.
ÇENGEL, Y. A.; BOLES, M. A. Termodinâmica.
5. ed. Porto Alegre: McGraw-Hill, 2007.
EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA.
Balanço Energético Nacional 2013: ano base
2012:resultadospreliminares.RiodeJaneiro,2013.
GENERAL ELECTRIC POWER SYSTEMS.
Manual de treinamento de operação de turbo-
gerador a gás. Schenectady, 2003.
HIRANO,E.W.;MAMANI,L.A.G.Algoritmos
evolucionários para otimização multi-obje-
tivo no projeto de sistemas térmicos. 2013.
Disponível em: <http://slideplayer.com.br/sli-
de/47053/#>. Acesso em: 22 out. 2013.
LORA, E. E. S.; NASCIMENTO, M. A. R.
Geração termelétrica: planejamento, projeto e
operação. Rio de Janeiro: Interciência, 2004. v. 1.
OPERADOR NACIONAL DO SISTEMA
ELÉTRICO. Capacidade regional máxima ins-
taladareservatóriosdoBrasil.2013.Disponível
em: <http://www.ons.org.br/tabela_reservato-
rios/conteudo.asp>. Acesso em: 03 nov. 2013.
SIMULATION TECHNOLOGY. IPSEpro: ad-
vanced power plant library manual: v 4.0.002.
Graz, 2003a.
SIMULATION TECHNOLOGY. IPSEpro: pro-
cess simulation environment manual: v 4.0.001,
Graz, 2003b.

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02 termeletrica

  • 1. Modelagem e estudo de rendimento termodinâmico de ciclos combinados de geração termelétrica1 Vinícius André Uberti2 Maria Luiza Sperb Indrusiak3 Resumo Este trabalho tem o propósito de avaliar o rendimento termodinâmico de uma usina termelétrica que utiliza a turbina a gás General Electric MS7001FA. O recente cresci- mento da termeletricidade na matriz energética brasileira, aliado ao aumento de de- manda de energia elétrica, a escassez de novos empreendimentos hidrelétricos viáveis e ao aumento de oferta de combustíveis fósseis, denotam a necessidade de pesquisa para aumento do rendimento em processos de geração termelétrica. Foi verificado, através das simulações, que a eficiência do ciclo Brayton é da ordem de 36% para esse equipa- mento e que grande quantidade de energia térmica é rejeitada. O aproveitamento de uma parcela dela é possível com a instalação de um ciclo Rankine, atingindo patamares de 57% de eficiência. Dessa maneira, é possível perceber a importância dos sistemas termelétricos operando em ciclos combinados, pois diminuem os custos específicos de geração, aumentam a capacidade do parque já existente, e elevam o aproveitamento energético dos combustíveis não renováveis. Palavras-chave: Geração termelétrica. Rendimento termodinâmico. Ciclo combinado Brayton-Rankine. Abstract This work has the purpose of evaluating the thermodynamic efficiency of a thermal power plant which operates with a General Electric MS7001FA gas turbine. The recent growth of the thermoelectricity in the Brazilian energetic matrix, added to energy demand growth, the few viability of new hydroelectric plants and the growth of fossil fuels availability, show the need for research to increase the yield of thermal generating processes. It was verified, thought simulations, that the Brayton cycle efficiency values 36% or thereabouts to this equipment and that large amount of thermal energy is rejected. The use of a portion of this energy is possible with the installation of a Rankine cycle, reaching efficiency levels of 57%. Thus, it is possible to realize the importance of thermoelectric plants operating as combined cycles, because they reduce specific costs of generation, increase the capacity of the current electrical system and raise the energetic use of non-renewable fuels. Keywords: Thermoelectrical generation. Thermodynamic efficiency. Brayton-Rankine combined cycle. 1 Resumo do Trabalho de Conclusão de Curso apresentado em 24.06.2014, sob orientação da Prof. Dra. Maria Luiza Sperb Indrusiak, na Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), São Leopoldo, RS, Brasil. 2 Bacharel em Engenharia Elétrica pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), São Leopoldo, RS. Acadêmico do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria, RS, Brasil. E-mail: vuberti@gmail.com 3 Doutora em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, RS, Brasil. Professora da Escola Politécnica da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), São Leopoldo, RS. E-mail: mlsperb@unisinos.br Artigo recebido em 03.11.2014 e aceito em 04.05.2015.
  • 2. 8 UBERTI, V. A.; INDRUSIAK, M. L. S. Revista Liberato, Novo Hamburgo, v. 16, n. 25, p. 01-100, jan./jun. 2015. 1 Introdução A capacidade de geração de energia elé- trica no mundo (potência total instalada) gira em torno de 4.821 GW. Do total, 66,5%, ou 3.210 GW, correspondem a usinas termelétri- cas que utilizam principalmente carvão mine- ral, gás natural e derivados de petróleo como combustível, segundo o Balanço Energético Nacional 2013 (EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA, 2013). O Brasil, por outro lado, apresenta sua matriz eletroenergética baseada na geração hi- drelétrica, com 69,7% de uma carga instalada de 121.104 MW (AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2013). O restante é com- posto por usinas termelétricas (27,1%), termo- nucleares (1,7%) e eolielétricas (1,5%). No entanto, o crescimento previsto para a demanda de energia elétrica no Brasil até 2030, segundo o Balanço Energético Nacional 2013, é elevado e exigirá entre 99.420 MW e 144.100 MW. Ainda, segundo a mesma fonte, os recursos hídricos inventariados e aproveitados totaliza- ram, em 2012, 108.160 MW, enquanto os recur- sos estimados e ainda não explorados somam apenas 26.577 MW. Ou seja, o país deverá es- tar preparado para atender elevados patamares de demanda e, com cada vez menor potencial hidrelétrico não explorado, fontes de geração como a térmica e as renováveis devem receber cada vez mais incentivos. O que se verifica nos últimos anos, de acordo com os relatórios anuais da Agência Nacional de Energia Elétrica (2013), é um cres- cimento da oferta de energia termelétrica supe- rior ao das demais fontes e inclusive da oferta total. No período 2004 a 2012, a termeletricida- de apresentou um aumento de 87,5% em termos de potência instalada no país, enquanto que a hidroeletricidade registrou aumento de 22,2%. Isso representa um avanço da participação da termeletricidade na matriz nacional de 19,8%, em 2004, para 27,1%, em 2012. O esgotamento de oportunidades de gran- des empreendimentos hidrelétricos, o aumento da oferta de combustíveis fósseis, o baixo tempo de instalação em comparação com as usinas hi- drelétricas, a possibilidade de instalação próxi- ma aos grandes centros de carga e a alta relação entre potência instalada e potência gerada (fator de capacidade), em comparação com as usinas eolielétricas e fotovoltaicas, são alguns dos fato- res responsáveis pelo avanço da participação das termelétricas no parque gerador brasileiro. Apesardetudoisso,umaexpansãomaispu- jante esbarra em questões ambientais e nos altos custos de operação. Por esses motivos, as usinas termelétricas cumprem papel de complementar a geração hidrelétrica, de custo mais baixo, e de garantir a confiabilidade do Sistema Interligado Nacional (SIN) em períodos de estiagem. Uma vez que a instalação de usinas terme- létricas se mostra necessária, não apenas para confiabilidade do sistema elétrico, mas também por necessidade de atendimento da demanda de energia elétrica, é necessária a busca pela me- lhor utilização possível dos recursos disponíveis. Essa é a essência da motivação deste trabalho, a análise de modos mais eficientes de geração ter- melétrica, de forma a reduzir o custo específico de geração, reduzir as emissões atmosféricas es- pecíficas e prolongar a disponibilidade dos com- bustíveis não renováveis. O objetivo deste trabalho é analisar o ren- dimento termodinâmico de uma usina termelé- trica de ciclo Brayton que utiliza uma turbina a gás modelo General Electric MS7001FA. O ren- dimento foi determinado, através da construção de um modelo computacional do ciclo, utilizan- do seus valores operacionais padrão. Esse mode- lo computacional possibilitou avaliar a influên- cia das alterações dos parâmetros de entrada da máquina (vazão de combustível, qualidade do combustível, temperatura do ar de entrada, etc.) na potência de saída e no rendimento do ciclo. Além disto, foi avaliada a possibilidade de instalação, em termos de rendimento termodi- nâmico, de um ciclo combinado (inclusão do ciclo Rankine). Nessa instalação, de forma a re- cuperar a energia térmica contida nos gases de exaustão da turbina a gás.
  • 3. 9 Modelagem e estudo de rendimento termodinâmico de... Revista Liberato, Novo Hamburgo, v. 16, n. 25, p. 01-100, jan./jun. 2015. Figura 1 - (a) Esquema de funcionamento ciclo Brayton; (b) diagrama T-s do ciclo Brayton ideal Fonte: Hirano; Mamani (2013). 2 Referencial teórico 2.1 Geração termelétrica a gás: ciclo Brayton O ciclo Brayton é composto por um com- pressor de ar, um equipamento de combustão e uma turbina de expansão. Compressor e turbina de expansão são acoplados a um mesmo eixo que também é acoplado ao gerador elétrico, como na figura 1a. O ciclo Brayton é um ciclo aberto. O ar at- mosférico é admitido pelo compressor, onde são elevadas sua pressão e temperatura. O combus- tível reage com o ar comprimido nas câmaras de combustão, liberando energia térmica. Os gases provenientes da combustão são direcionados à turbina, onde se expandem, produzindo traba- lho. Sendo, então, liberados para a atmosfera em condições de pressão próxima à atmosférica, mas ainda em alta temperatura. Os quatro processos do ciclo Brayton são executados com escoamento em regime per- manente, de forma que o balanço de energia por unidade de massa pode ser expresso por: WTG = QH − QL − WC (1) em que QH e QL são, respectivamente, os ca- lores fornecido e rejeitado pelo sistema, por unidade de massa, e WTG e WC são os tra- balhos gerados pela turbina de expansão e consumido pelo compressor, por unidade de massa. Todos os termos da equação (1) estão em kJ/kg. Pode-se representar o ciclo Brayton por seu diagrama temperatura-entropia (T-s) que representa a evolução dessas variáveis, du- rante cada processo do ciclo, conforme visto na figura 1b. O diagrama T-s mostra, ainda, a quantidade de trabalho líquido gerado duran- te o ciclo, representado pela área interna do diagrama. Ou seja, quanto maior a quantidade de calor injetada no fluido de trabalho ou quanto menor a quantidade de calor rejeita- da no exaustor, maior será o trabalho líquido gerado pelo ciclo e, consequentemente, maior será o rendimento do ciclo. O ciclo Brayton, aplicado às turbinas a gás atuais, apresenta efi- ciência termodinâmica da ordem de 30 a 40% (LORA; NASCIMENTO, 2004). Conforme Çengel e Boles (2007), compa- rada aos sistemas de turbina a vapor e propul- são a diesel, a turbina a gás apresenta maior relação “potência – tamanho e peso”, maior vida útil, maior confiabilidade, menor custo de instalação e operação mais conveniente. 2.2 A turbina a gás GE MS7001FA A turbina a gás GE MS7001FA é um equi- pamento bicombustível, capaz de operar tan- to com Gás Natural (GN) como com Óleo Combustível para Turbina Elétrica (OCTE). Sua capacidade nominal de geração é de 160 MW, combustível Câmara de combustão T S 1 1 2 2 3 3 4 4 Compressor Ar Turbina a gás exaustão QH QH QL QLWc WTG p = cte p = cte υ= cte υ= cte (a) (b)
  • 4. 10 UBERTI, V. A.; INDRUSIAK, M. L. S. Revista Liberato, Novo Hamburgo, v. 16, n. 25, p. 01-100, jan./jun. 2015. em ambos os casos. A mesma opera, acoplada eixo a eixo, a um gerador GE 7FH2, de 234 MVA. A velocidade de rotação do conjunto é de 3600 rpm (60 Hz). Nesse equipamento, o ar atmosférico é admitido e encaminhado ao compressor axial, com 18 estágios de palhetas fixas e móveis, que tem a finalidade de elevar a pressão do ar em uma relação de 15,7:1, aumentando a efi- ciência da queima. O ar comprimido é, então, dirigido a 14 câmaras de combustão, onde é misturado ao combustível. Dois ignitores fa- zem o acendimento inicial da chama. Os gases provenientes da combustão são encaminha- dos para a turbina que possui três estágios de palhetas fixas e móveis. O arranjo desses está- gios é apresentado na figura 2. Na turbina, os gases provenientes da combustão expandem, realizando trabalho ao colocar os estágios mó- veis (fixos ao eixo) em movimento rotacional. Figura 2 - Partes principais da turbina GE MS7001FA Fonte: General Eletric Power Systems (2003). Para a partida, um sistema de motori- zação do gerador coloca todo o sistema em movimento. Após o acendimento da chama, a turbina ganha velocidade e, com 95% da ro- tação nominal, é desligada a motorização do gerador. Quando operando com OCTE, para efei- tos de redução de emissões atmosféricas de NOx, através da redução da temperatura de queima, é injetada água desmineralizada, jun- tamente com o óleo, nos queimadores. Essa água é isenta de sílica e outros compostos que poderiam aderir aos queimadores em altas temperaturas. 2.3 Geração termelétrica a vapor: ciclo Rankine O ciclo Rankine, figura 3a, é o ciclo ideal de usinas geradoras de energia com turbina a vapor e utiliza água como fluido de transporte de energia, em um ciclo fechado. MS7001FA Conjunto da turbina a gás Partes principais Combustão DifusorPeça de transição Gás combustível Combustívellíquido Injeção de água/vapor Ar de atomização VIGVS Liner Gerador Entradadear Compressor Turbina Exaustão B00293 7/2001
  • 5. 11 Modelagem e estudo de rendimento termodinâmico de... Revista Liberato, Novo Hamburgo, v. 16, n. 25, p. 01-100, jan./jun. 2015. O diagrama T-s para o ciclo Rankine é apresentado na figura 3b, onde a área interna do diagrama representa a quantidade de tra- balho líquido produzido pelo ciclo. O trabalho líquido, gerado na turbina de expansão, nesse ciclo, equivale à quantidade de calor cedida ao sistema na caldeira, dimi- nuindo-se a rejeição de calor no condensador e a energia consumida pela bomba de alimen- tação da caldeira. Pode-se expressar o balan- ço energético do ciclo, através da equação (2): W34 = Q23 − Q41 − W12 (2) em que W34 representa o trabalho por unida- de de massa, gerado na turbina a vapor; Q23 e Q41 são os valores de energia térmica por unidade de massa, fornecida pela caldeira e rejeitada pelo condensador, respectivamen- te; e W12 é o valor de trabalho por unidade de massa, consumido pela bomba de alimen- tação. Todos os termos da equação (2) estão em kJ/kg. A eficiência termodinâmica do ciclo a vapor é sensivelmente afetada pelas tempe- raturas médias em que o calor é transferido para o fluido na caldeira e na qual o calor é re- jeitado pelo condensador. Conforme Çengel e Boles (2007), todas as propostas para au- mentar a eficiência térmica do ciclo Rankine passam por modificações nessas duas etapas, ressalvando-se as limitações construtivas, de materiais e de custos de instalação. 2.4 Ciclo combinado Os ciclos combinados, formados atra- vés do arranjo de um ciclo Brayton e um ciclo Rankine em cascata, são estudados e pesquisa- dos desde a década de 1950. No entanto, restri- ções tecnológicas impediram sua implementa- ção até a década de 1970 e, apenas na década de 1990, é que sua utilização tornou-se extensiva (LORA; NASCIMENTO, 2004). A geração de vapor no ciclo Rankine ocorre por uma grande diferença de tempera- turas entre a água e o gás gerado pela combus- tão. Esse processo é ineficiente, pois, enquanto os gases de combustão ultrapassam facilmente os 1000 °C na caldeira, o vapor atinge apenas uma temperatura em torno de 500 °C, ou seja, o calor da combustão não é aproveitado efi- cientemente. Já no ciclo Brayton, os gases de combustão também podem superar os 1000 °C na câmara de combustão, enquanto que a tem- peratura de exaustão, após expansão na turbi- na até a pressão atmosférica, fica em torno de 600 °C. O propósito do ciclo combinado é solu- cionar as ineficiências termodinâmicas na- turais desses dois ciclos, combinando-os por meio de uma caldeira de recuperação, figura 4. Figura 3 - (a) O ciclo Rankine, (b) Diagrama T-s do ciclo Rankine ideal Fonte: Çengel; Boles (2007). Caldeira Vapor sat Vapor superaq Água 1 1 2 2 3 T S 3 4 4 W34 W12 W12 W34 Q41 Q23 Q23 Q41 Turbina Bomba Condensador (a) (b)
  • 6. 12 UBERTI, V. A.; INDRUSIAK, M. L. S. Revista Liberato, Novo Hamburgo, v. 16, n. 25, p. 01-100, jan./jun. 2015. A eficiência térmica de uma planta com ciclo combinado é descrita por: ηT = (3) em que WTG e WTV representam as potências gera- das pelos ciclos Brayton e Rankine, respectivamen- te, e QF representa a energia fornecida pelo com- bustível. Todos os valores representam taxas (em MW ou MJ/s). O cálculo de energia fornecida ao sistema é, por sua vez, apresentado na equação (4): QF = mC . PCI (4) em que mC é a vazão mássica de combustível, em kg/s, e PCI é o Poder Calorífico Inferior do com- bustível, em MJ/kg. 3 Metodologia aplicada A análise de rendimento termodinâ- mico proposta é realizada, através de simu- lações matemáticas, utilizando o software IPSEpro (Process Simulation Environment) da Simulation Technology (2003b). A organização geral da metodologia apli- cada segue a seguinte ordenação de passos: 1. aquisição de dados operacionais; 2. cálculo dos rendimentos adiabáticos do compressor e da turbina; 3. proposta de um modelo - ciclo Brayton; 4. validação do modelo; 5. determi- nação do rendimento do ciclo Brayton; 6. pro- posta de ciclo combinado com base em dados de projeto; 7. determinação do rendimento do ciclo combinado. Figura 4 - Ciclo combinado Fonte: Hirano; Mamani (2013). QF . .. . . WTG + WTV Combustível Bomba Condensador Calor recuperado Caldeira de recuperação TG TV C 1 2 3 456 7 8 9 10 Ar QH QL Wb WTV WTG . . . . . . . . .
  • 7. 13 Modelagem e estudo de rendimento termodinâmico de... Revista Liberato, Novo Hamburgo, v. 16, n. 25, p. 01-100, jan./jun. 2015. A validação do modelo Brayton proposto é realizada, comparando os valores de saída do processo (potência gerada e eficiência global) do modelo com os valores reais de operação, para as mesmas condições de entrada. Foram consideradas seis condições de operação para a validação, três para GN e três para OCTE, contemplando cargas nominais e cargas parciais. 3.1 Equações termodinâmicas Conforme Çengel e Boles (2007), o rendi- mento adiabático de compressor representa o desvio que seu comportamento real possui frente ao comportamento ideal isentrópico. É represen- tado pela razão entre o trabalho específico isen- trópico (Ws ) e o trabalho específico real (Wr ) exi- gido pelo compressor, conforme equação (5): ηcomp = = (5) em que h1 é a entalpia específica do ar na entrada do compressor; h2r é a entalpia específica real do ar na descarga do compressor; e h2s , a entalpia es- pecífica do ar na descarga do compressor para o caso isentrópico. A hipótese para o ar padrão foi aplicada (ÇENGEL; BOLES, 2007), utilizando- se a tabela de propriedades termodinâmicas de gás perfeito do ar, interpolando os valores entre os pontos mais próximos encontrados na tabela, sempre que necessário. Já o rendimento adiabático da turbina tam- bém representa seu desvio da situação ideal, o que é ocasionado pelas irreversibilidades do pro- cesso real (ÇENGEL; BOLES, 2007). No caso da turbina, o trabalho específico realizado real (Wr ) será menor do que o da situação isentrópica (Ws ), conforme equação (6): ηturb = = (6) em que h3 é a entalpia específica do gás de com- bustão na entrada da turbina; h4r é a entalpia es- pecífica real do gás no exausto da turbina; e h4s , a entalpia específica, na descarga da turbina, para o caso isentrópico. O rendimento termodinâmico do ciclo Brayton é definido pela equação (7): ηT = = (7) Os trabalhos gerados pela turbina e con- sumidos pelo compressor são, respectivamente, apresentados pelas equações (8) e (9): Wturb = h3 − h4r = h3 − h4s . ηturb (8) Wcomp = h1 − h2r = h1 − h2s . ηcomp (9) em que h1 , h2 , h3 e h4 são, respectivamente, as entalpias específicas na entrada do compressor, na saída do compressor, na entrada da turbina e na saída da turbina, em kJ/kg, e os índices r e s representam as situações real e isentrópica, respectivamente. O rendimento global ηg do sistema é a ra- zão entre a energia líquida nos terminais do ge- rador e a energia total fornecida pelo combustí- vel que é calculado através da equação (10): ηG = (10) em que Pgerada está em kW; mc está em kg/s; e PCI em kJ/kg. 4 Simulações 4.1 Aquisição de dados Para possibilitar os cálculos e simula- ções previstos, inicialmente, foram coletados dados práticos de operação da turbina GE MS7001FA, em uma usina termelétrica situa- da em Canoas, Rio Grande do Sul (RS), que uti- liza esse equipamento em ciclo aberto e opera- ção bicombustível. Nessa usina, é utilizado um sistema de histórico de informações operacio- nais que também realiza a transmissão para um servidor. Wr h1 − h2r Ws h3 − h4s qadm h3 − h2r mc . PCI . Pgerada Ws h1 − h2s Wr h3 − h4r Wliq Wturb − Wcomp .
  • 8. 14 UBERTI, V. A.; INDRUSIAK, M. L. S. Revista Liberato, Novo Hamburgo, v. 16, n. 25, p. 01-100, jan./jun. 2015. A usina tem carga de 160 MW declarada ao Operador Nacional do Sistema Elétrico (2013). Em caso de necessidade, essa usina pode ope- rar em carga base por controle de temperatura de combustão, atingindo até o patamar de 183 MW, segundo o manual do fabricante. A característica dessa usina é de operar em Tabela 1 - Dados operacionais coletados, operação com OCTE Fonte: Os autores (2014). 27/04/2014 14:00 Caso 1 12/04/2014 16:00 Caso 2 29/04/2014 05:55 Caso 3 Condições ambiente Pressão (bar) 1,004 1,000 1,005 Temperatura (°C) 23,00 25,10 14,55 Umidade relativa (%) 73 76 93 Condições do gerador Potência ativa (MW) 89,88 163,10 175,16 Potência reativa (MVAr) -27,92 -40,05 -9,88 FP 0,95 0,97 1,00 Condições da turbina OCTE Vazão (kg/s) 8,03 12,11 12,71 Pressão (bar) 18,63 31,53 34,46 Temperatura (°C) 33,00 30,10 27,30 Água desmineralizada Vazão (kg/s) 9,61 14,95 16,77 Pressão (bar) 16,67 31,40 36,28 Ar de entrada Vazão (kg/s) 278,19 407,40 431,68 Descarga do compressor Pressão (bar) 9,28 14,55 14,88 Temperatura (°C) 350,00 410,73 400,00 Relação de compressão 10,43 15,79 16,41 Vazão OCTE + Água (kg/s) 17,64 27,06 29,48 T de combustão (°C) 1.190 1.280 1.280 Gás do exausto Vazão (kg/s) 295,83 434,46 461,16 Temperatura (°C) 649,00 590,84 587,79 carga base na maior parte do tempo, e, eventual- mente, em sua carga mínima, que é de 90 MW, de acordo com sua Licença de Operação. Diante disso, puderam ser observados três pontos de operação para a turbina a gás, operando com OCTE e três pontos de operação, operando com GN, conforme tabelas 1 e 2.
  • 9. 15 Modelagem e estudo de rendimento termodinâmico de... Revista Liberato, Novo Hamburgo, v. 16, n. 25, p. 01-100, jan./jun. 2015. 4.2 Cálculo dos rendimentos adiabáticos do compressor e da turbina Segundo Çengel e Boles (2007), o rendimento Tabela 2 - Dados operacionais coletados, operação com GN Fonte: Os autores (2014). Tabela 3 - Rendimentos adiabáticos do sistema Fonte: Os autores (2014). 11/09/2013 03:25 Caso 1 11/09/2013 05:16 Caso 2 11/09/2013 07:20 Caso 3 Condições ambiente Pressão (bar) 1,007 1,007 1,007 Temperatura (°C) 18,00 18,30 17,30 Umidade relativa (%) 89 88 91 Condições do gerador Potência ativa (MW) 84,64 120,18 165,00 Potência reativa (MVAr) 8,23 13,73 2,49 FP 1,00 0,99 1,00 Condições da turbina Gás Natural (GN) Vazão (kg/s) 6,37 7,89 9,64 Pressão (bar) 25,09 25,09 25,09 Temperatura (°C) 16,43 17,03 16,10 Ar de entrada Vazão (kg/s) 273,33 332,20 428,49 Descarga do compressor Pressão (bar) 8,97 11,45 14,86 Temperatura (°C) 334,16 357,00 394,00 Relação de compressão 9,97 12,15 15,54 T de combustão (°C) 1.190 1.230 1.280 Gás do exausto Vazão (kg/s) 279,70 340,09 438,13 Temperatura (°C) 643,52 621,24 602,67 Caso 1 Caso 2 Caso 3 OCTE Compressor 0,8448 0,9268 0,8809 Turbina 0,8446 0,9038 0,9212 GN Compressor 0,8391 0,8875 0,8877 Turbina 0,8658 0,8830 0,8929 isentrópico pode ser calculado através das equações (6)e(7),paracompressoreturbina,respectivamen- te. Os valores encontrados, para cada uma das si- tuações analisadas, foram organizados na tabela 3.
  • 10. 16 UBERTI, V. A.; INDRUSIAK, M. L. S. Revista Liberato, Novo Hamburgo, v. 16, n. 25, p. 01-100, jan./jun. 2015. Fonte: Os autores (2014). Tabela 4 - Rendimentos calculados do ciclo Brayton Condição do sistema Rendimento termodinâmico (%) Rendimento global (%) OCTE; 89,88 MW 31,10 28,96 OCTE; 163,10 MW 42,24 34,84 OCTE; 175,16 MW 42,18 35,65 GN; 84,64 MW 32,45 28,13 GN; 120,18 MW 36,56 32,24 GN; 165,00 MW 41,21 36,22 4.4 Simulações Os dados de operação, apresentados nas tabelas 1 e 2, além dos dados calculados e apresentados nas tabelas 3 e 4, foram utiliza- dos para a simulação do ciclo a gás no software IPSE da Simulation Technology (2003a). As si- mulações foram organizadas por tipo de com- bustível, pois o modelo varia levemente para Figura 5 - (a) Modelo OCTE, (b) Modelo GN Fonte: Os autores (2014). Na figura 5a, é apresentado o modelo da turbina a gás em operação com OCTE e, na fi- gura 5b, operando com GN. Esses modelos são muito semelhantes, mudando apenas a câmara de combustão, devido ao método de represen- tação dos combustíveis no software utilizado. OCTE e GN. Após, realizou-se a simulação de um ciclo Rankine em série com a turbina a gás, recuperando parte da energia térmica dos ga- ses de exaustão. 4.4.1 Modelagem e simulação do ciclo Brayton Os modelos do ciclo Brayton são visuali- zados na figura 5 4.4.2Modelagemesimulaçãodociclocombinado Para avaliar a ampliação da potência ins- talada na planta, sem o aumento do consumo de combustível, foi simulado um ciclo Rankine em série com o ciclo Brayton existente. 29.48 F A 431.7 461.2 9.64 438.1 438.1 428.5 428.5 428.5 461.2431.7 431.7 mass[kg/s] mass[kg/s] 416.57 1458.3 33.871 1473.9 677.11 17.551 17.551 409.33 647.114.738 14.738 h[kJ/kg] h[kJ/kg] 15.02 15 25.09 14.85 1.007 0.956 1.007 14.86 1.0071.005 0.915 p[bar] p[bar] 401.41 1211.7 16.1 1245.7 609.86 17.3 17.3 394.56 575.4714.55 14.55 t[ºC] t[ºC] 27.3 27.3 4.3 Cálculo de rendimento do ciclo Brayton No intuito de validar as simulações, o rendimento termodinâmico do ciclo Brayton e o rendimento global do sistema foram calcu- lados, para cada situação simulada, de acordo com as equações (8) e (11). Os valores encon- trados são apresentados na tabela 4.
  • 11. 17 Modelagem e estudo de rendimento termodinâmico de... Revista Liberato, Novo Hamburgo, v. 16, n. 25, p. 01-100, jan./jun. 2015. Figura 6 - Modelo do ciclo combinado Fonte: Os autores (2014). A caldeira de recuperação (HRSG) do ciclo Rankine foi conectada na saída da turbi- na de expansão do ciclo Brayton, de forma a Característica Critério Pressão de vapor na saída da caldeira (bar) 113,01 Temperatura do vapor na saída da caldeira (°C) 541,9 Temperatura dos gases após caldeira (°C) 120,0 Fonte: Os autores (2014). Tabela 5 - Critérios de projeto do ciclo Rankine As características do ciclo Rankine, inse- ridas nas simulações, são idênticas aos critérios de projeto da caldeira de recuperação que está 5 Resultados 5.1 Simulações do ciclo Brayton Os valores de pressão, temperatura, vazão mássica e entalpia específica foram calculados pelo software, para todos os pontos do ciclo, as- sim como os trabalhos produzido pela turbina e consumido pelo compressor e a potência ge- rada pelo gerador elétrico. A tabela 6 apresenta as potências elétricas F A 431.7 461.2 461.2 431.7 431.7 71.18 71.18 71.18 71.18 71.18 461.2 29.48 mass[kg/s] 416.57 647.1 1458.3 14.738 14.738 3468.1 3468.1 2170.4 91.218 107.45 128.38 27.3 h[kJ/kg] 15.02 1.007 15 1.005 0.915 113 113 0.03 0.0294 113 0.987 p[bar] 401.41 575.47 1211.7 14.55 14.55 541.9 541.9 24.08 21.744 23.127 120 27.3 t[ºC] recuperar parte da energia térmica dos gases de exaustão. Esse arranjo pode ser visualizado na figura 6. em construção na mesma usina termelétrica, onde este trabalho é objeto de estudo. Estes critérios são apresentados na tabela 5. geradas no gerador elétrico real e calculadas pelas simulações. Analisando os resultados, mostrados na tabela 6, verifica-se que os valores gerados pela simulação são bem próximos dos valores da leitura operacional. O ponto de operação GN Caso 2 foi o que apresentou maior diferença, em torno de 2,16%, em relação ao valor de ope- ração. Todas as situações, no entanto, apresen- taram diferenças toleráveis frente às simplifica- ções de cálculo realizadas.
  • 12. 18 UBERTI, V. A.; INDRUSIAK, M. L. S. Revista Liberato, Novo Hamburgo, v. 16, n. 25, p. 01-100, jan./jun. 2015. Potências (MW) OCTE GN Caso 1 Caso 2 Caso 3 Caso 1 Caso 2 Caso 3 Real 89,88 163,10 175,16 84,64 120,18 165,00 Simulada 88,37 162,99 175,42 84,91 122,78 164,51 É visto, de acordo com os resultados da tabela 7, que os valores apresentam-se muito próximos. A maior diferença encontrada entre os valores é de 1,99% na situação GN Caso 2, o que já era esperado, uma vez que a potência de geração, calculada pelo simulador, já era maior que a potência de geração real. Diante da análise dos resultados, apresen- tados nas tabelas 6 e 7, é possível validar o mo- delo matemático proposto, para as situações sob estudo, já que as diferenças encontradas em to- das elas são aceitáveis. Além de diferenças mui- to pequenas, elas são geradas pelas condições de incerteza intrínsecas a esse experimento. É possível ainda, utilizar esse modelo, para simular outras condições próximas às já simula- das, de forma a avaliar o impacto que variações das condições atmosféricas, dos combustíveis ou das características do ar de entrada possam trazer ao rendimento e à geração dessa planta. O próximo passo foi a determinação do rendimento termodinâmico do ciclo Brayton, para as situações propostas. O rendimento Fonte: Os autores (2014). Tabela 8 - Potência gerada no ciclo Rankine OCTE GN Caso 1 Caso 2 Caso 3 Caso 1 Caso 2 Caso 3 Potência Elétrica (MW) 64,73 86,33 86,93 67,06 77,38 87,61 termodinâmico, que foi calculado em cada si- tuação pelo simulador com base na equação (8), é apresentado na tabela 9. O que diferencia o rendimento termodi- nâmico do rendimento global é que o primei- ro avalia a eficiência termodinâmica do ciclo, enquanto que, o segundo avalia a eficiência da geração de energia elétrica pelo potencial de energia disponibilizado pelo combustível. Na prática, o rendimento global considera o gera- dor elétrico e suas perdas, enquanto que o ter- modinâmico não. 5.2 Simulações do ciclo combinado Nesta etapa de simulação, as condições operacionais anteriores foram mantidas, de for- ma que os dados, já apresentados para o ciclo Brayton, seguem válidos. O ciclo Rankine pro- posto é um ciclo genérico, mas que obedece aos critérios de projeto da planta em estudo. As po- tências elétricas, geradas por esse ciclo nas si- tuações simuladas, são apresentadas na tabela 8. Fonte: Os autores (2014). Tabela 7 - Comparativo dos rendimentos globais calculados e simulados OCTE GN Caso 1 Caso 2 Caso 3 Caso 1 Caso 2 Caso 3 Rendimento calculado (%) 28,96 34,84 35,65 28,13 32,24 36,22 Rendimento simulado (%) 28,47 34,82 35,70 28,17 32,88 36,06 Na tabela 7, são comparados os rendimen- tos globais calculados e simulados. Os rendi- mentos globais foram calculados, de acordo com a equação (11). Os resultados simulados consideram a potência disponível nos terminais do gerador elétrico. Fonte: Os autores (2014). Tabela 6 - Comparativo das potências geradas reais e simuladas
  • 13. 19 Modelagem e estudo de rendimento termodinâmico de... Revista Liberato, Novo Hamburgo, v. 16, n. 25, p. 01-100, jan./jun. 2015. Fonte: Os autores (2014). Tabela 9 - Rendimentos dos ciclos Rendimentos (%) OCTE GN Caso 1 Caso 2 Caso 3 Caso 1 Caso 2 Caso 3 Termodinâmico Brayton 29,64 36,17 37,07 29,32 34,17 37,45 Global Brayton 28,47 34,82 35,70 28,17 32,88 36,06 Termodinâmico Rankine 37,84 37,84 37,84 37,84 37,84 37,84 Global Rankine 36,34 36,34 36,34 36,34 36,34 36,34 Termodinâmico c combinado 51,36 55,38 55,50 52,73 55,76 57,44 Global ciclo combinado 49,32 53,26 53,40 50,41 53,61 55,26 A tabela 9 mostra que o rendimento ter- modinâmico da instalação que, com apenas a turbina a gás, chegava, no máximo, à ordem de 37%, em carga base, no ciclo combinado alcançou patamares superiores a 55%, para a mesma condição. É possível visualizar, ainda, que os valores de rendimento termodinâmico são sempre superiores a 51%. A melhor situação de operação, para a turbina a gás, em termos de eficiência ter- modinâmica, ocorre com carga base (164,51 MW) e Gás Natural como combustível. Essa eficiência, que já era a mais elevada do ciclo simples, cresceu de 37,45% para 57,44%. Em termos de potência elétrica, o valor aumenta- ria de 164,51 MW para 252,12 MW. Esses valores concordam com a biblio- grafia consultada (LORA; NASCIMENTO, 2004), bem como, com os do projeto de ciclo combinado da usina, de onde foram coletados os dados operacionais, que prevê uma geração de 89 MW, no ciclo Rankine, com o sistema em carga base e uma eficiência global em tor- no de 57,6%. 6 Conclusões A geração de energia elétrica em usi- nas termelétricas, através da queima de combustíveis fósseis, mostra-se necessária para o atual momento do Brasil, consideran- do-se o aumento da demanda por energia elé- trica. O aumento da oferta desses combustí- veis, o curto tempo de construção e montagem de uma instalação termelétrica em compara- ção com uma hidrelétrica, a possibilidade de instalação desses empreendimentos próximos aos grandes centros de carga, além do alto fa- tor de capacidade de geração dessas usinas em comparação com os parques eólicos e fotovol- taicos, tornam a geração termelétrica uma boa alternativa dentro do cenário de energia elétrica brasileiro, passando de complementa- ção e segurança do sistema, para fazer parte da base de geração. Contudo, o custo de geração dessa fonte de produção de energia segue elevado. Para se tornar uma fonte competitiva, é preciso en- contrar meios de elevar a eficiência das plan- tas, tanto as novas como as já em operação, de forma a aproveitar de uma melhor forma o potencial de energia dos combustíveis. Para aumento de rendimento de instalações terme- létricas, que utilizam turbinas a gás, há a pos- sibilidade de instalação de um ciclo Rankine, transformando-as de ciclo Brayton simples, para ciclo combinado. Dentro desse contexto, este trabalho Esses valores, em comparação com os de geração do ciclo Brayton, mostram uma notá- vel possibilidade de incremento da geração de energia elétrica, a partir do consumo da mesma quantidade de combustível. Os rendimentos termodinâmicos e glo- bais individuais de cada ciclo e do ciclo combi- nado são apresentados na tabela 9.
  • 14. 20 UBERTI, V. A.; INDRUSIAK, M. L. S. Revista Liberato, Novo Hamburgo, v. 16, n. 25, p. 01-100, jan./jun. 2015. se propôs a avaliar o rendimento termodi- nâmico de uma usina termelétrica em ciclo Brayton simples, que utiliza uma turbina a gás GE MS7001FA, encontrada em muitas usinas pelo mundo. Foi criado um modelo computa- cional que possibilitou a simulação das con- dições de operação dessa usina e previsão de comportamento para alterações das condi- ções operacionais. Foi verificado, nas simulações realizadas, que o rendimento termodinâmico dessa insta- lação varia entre 29,64% e 37,45%, dependen- do da condição de carga, do combustível e das condições ambientais. Os resultados obtidos mostram que, conforme esperado, condições operacionais afastadas das condições nomi- nais da máquina resultam em um menor ren- dimento e temperatura de saída mais elevada. Foi visualizada, nas simulações com o ciclo combinado proposto, uma possibilidade de elevação do rendimento termodinâmico para um patamar entre 51% e 57%. Este trabalho demonstrou também a importância econômica e ambiental de uma instalação de ciclo combinado. A redução dos custos da termeletricidade é necessária para torná-la competitiva com as demais fontes, da mesma maneira que, tratando-se da utilização de combustíveis não renováveis, é fundamen- tal racionalizar sua utilização, de forma a pro- longar o tempo de acesso a esses recursos. Em outras palavras, já que para suprir a demanda de energia elétrica atual é necessária a queima de combustíveis fósseis; então, é im- portante destacar que esses combustíveis se- jam utilizados da melhor forma possível. Em termos de geração termelétrica, os ciclos com- binados representam significativo aumento de eficiência da utilização destes recursos. Referências AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA.RelatórioANEEL2012.Brasília,2013. ÇENGEL, Y. A.; BOLES, M. A. Termodinâmica. 5. ed. Porto Alegre: McGraw-Hill, 2007. EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA. Balanço Energético Nacional 2013: ano base 2012:resultadospreliminares.RiodeJaneiro,2013. GENERAL ELECTRIC POWER SYSTEMS. Manual de treinamento de operação de turbo- gerador a gás. Schenectady, 2003. HIRANO,E.W.;MAMANI,L.A.G.Algoritmos evolucionários para otimização multi-obje- tivo no projeto de sistemas térmicos. 2013. Disponível em: <http://slideplayer.com.br/sli- de/47053/#>. Acesso em: 22 out. 2013. LORA, E. E. S.; NASCIMENTO, M. A. R. Geração termelétrica: planejamento, projeto e operação. Rio de Janeiro: Interciência, 2004. v. 1. OPERADOR NACIONAL DO SISTEMA ELÉTRICO. Capacidade regional máxima ins- taladareservatóriosdoBrasil.2013.Disponível em: <http://www.ons.org.br/tabela_reservato- rios/conteudo.asp>. Acesso em: 03 nov. 2013. SIMULATION TECHNOLOGY. IPSEpro: ad- vanced power plant library manual: v 4.0.002. Graz, 2003a. SIMULATION TECHNOLOGY. IPSEpro: pro- cess simulation environment manual: v 4.0.001, Graz, 2003b.