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Sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012                                                                                                                                                         OPINIÃO           •   7
                                                                                           O GLOBO

Futuro                                                                                                  LUIZ GARCIA
previsível
TITO RYFF
                                                                                                        A outra festa

                                              B
                                                      rinde ao leitor: este espaço não in-           ra usá-lo em benefício de todos nós. Vi-              dos ficariam bem mais contentes se os


“É
             muito difícil fazer pre-                  cluirá qualquer referência a certa            sivelmente — mas, deve-se reconhecer,                 partidos exigissem de seus quadros, em
            visões, sobretudo quan-
            do se trata do futuro.” A
                                                       festa popular realizada nos pri-              com exceções notáveis e meritórias —                  primeiro lugar e acima de tudo, tais e tais´-
            autoria da frase é contro-                 meiros dias desta semana. Não                 para nele se refastelarem.                            programas, estas e aquelas prioridades.
vertida, embora muitos atribuam es-           porque o autor seja um idoso senhor com                  No primeiro jornal depois do carnaval,                Não é o que acontece. Anuncia-se, sim,
sa observação irônica a Niels Bohr,           qualquer restrição à esfuziante celebra-               noticia-se, com a devida ênfase, que parti-           que aliados do Planalto, como PDT e PR,
um dos pais da física quântica. Sem           ção de ritmo e alegria que encanta turistas            dos aliados do Planalto têm sérias cobran-            têm outro tipo de pauta. O primeiro cobra
dúvida, prever o futuro não é tarefa
fácil. Ainda assim, é ele, o futuro,          do mundo todo. Ou não apenas por isso.                 ças. Não reclamam por ações e progra-                 a vaga de ministro do Trabalho. Se al-
quem dita o destino de indivíduos,              Trata-se essencialmente do humilde re-               mas em benefício da coletividade. Regis-              guém já esqueceu, a vaga existe porque
povos e nações. Melhor tentarmos              conhecimento de que tal senhor — por                   tre-se que nenhum deles critica ou faz mu-            foi necessário abrir mão dos serviços do
nos preparar para o que ele pode              defeito de educação ou incapacidade físi-              xoxo em relação a esse tipo de iniciativa             pedetista Carlos Lupi. Pela simples razão
nos reservar, mesmo sem saber,
com certeza, do que se trata.                 ca lamentável — não dispõe de pé ou ou-                oficial. Mas não é disso que tratam — e,              que trabalhava mais por seus próprios in-
   Mas não é preciso invocar os orá-          vido para dançar ou cantar como aconte-                sim, de aumentar o que se convencionou                teresses do que pelos nossos.
culos para vislumbrar, neste come-            ce com boa parte da população nativa e,                chamar de “mais espaço no governo”.                     Talvez devido à incômoda natureza da
ço de século, a onda crescente de             ao que parece, com todos os visitantes                   A questão do espaço nada tem a ver com              queda de Lupi, seus colegas de partido
uma formidável revolução tecnoló-
                                              dos demais países e continentes.                       programas e projetos do interesse dos pa-             não cobram a pasta: falam apenas em “re-
gica. Os progressos da nanotecnolo-
gia, da robótica, da engenharia gené-           Portanto, neste espaço, para satisfa-                gadores de impostos. E sim, simplesmente              aproximação”, embora um deles tenha
tica, da biotecnologia e do que se            ção do leitorado ranzinza, falemos de                  — mas tristemente —, de mais oportuni-                definido a situação de forma um tanto
convencionou chamar de Tecnolo-               assunto sério. E, claro, chatíssimo.                   dades para a conquista de poder político.             mais direta: “Se você me convida para o
gia da Informação e da Comunicação            Quanto mais não seja, porque recorren-                 Não vamos exagerar: o uso “pessoal” do                baile, é porque quer dançar comigo.”
— a combinação da informática, da
eletrônica e das telecomunicações             te ao longo dos anos e dos séculos: a pai-             poder não não exclui, de forma alguma, a                Fica combinado, então: agora, depois
— vão impactar não apenas a produ-            xão dos políticos pela ocupação e o uso                prestação de serviços à comunidade. Por               do carnaval, recomeça a festa de sempre.
ção de bens e serviços, mas vão pôr           do poder público. Ostensivamente, pa-                  outro lado, os pagadores acima lembra-                Já estamos com saudade da Sapucaí.
à prova, também, nossos valores e a
forma de nos relacionarmos na vida
social. Mais do que isso, é o cruza-

                                                                                                                                                                           Prepotência
                                                                                                                                                              Cavalcante
mento entre esses diferentes eixos
do conhecimento científico e tecno-
lógico que abrirá caminho para um
“admirável mundo novo” que não
conseguimos sequer imaginar. A na-                                                                                                                                         administrativa
notecnologia, associada à engenha-
ria genética e à informática, revolu-                                                                                                                                      OTAVIO LEITE
cionará a medicina. Novos materi-



                                                                                                                                                                           A
ais, mais baratos, resistentes e,                                                                                                                                                  derrubada do elevado da Peri-
quem sabe, facilmente biodegradá-                                                                                                                                                  metral ofende ao bom-senso e
veis surgirão da convergência da na-                                                                                                                                               colide frontalmente com o prin-
notecnologia e da biotecnologia. A                                                                                                                                                 cípio básico da razoabilidade
biotecnologia, a engenharia genéti-                                                                                                                                        dos gastos públicos. Afinal, aplicar cer-
ca, a nanotecnologia e a informática,                                                                                                                                      ca de 1,5 bilhão de reais no “bota-abai-
se unirão para criar super-humanos,                                                                                                                                        xo” e, como alternativa, construir um
com desempenho físico e mental                                                                                                                                             túnel subterrâneo — em área aterrada,
muito superior ao dos seres huma-                                                                                                                                          com lençol freático raso, o que requer
nos de hoje. E, como não podia dei-                                                                                                                                        caríssimas soluções técnicas — justa-
xar de ser, essas novas tecnologias                                                                                                                                        mente numa via consolidada e indis-
vão produzir uma revolução indus-                                                                                                                                          pensável constitui-se, a rigor, num delí-
trial mais abrangente e tão, ou mais,                                                                                                                                      rio.
importante, em seus efeitos, do que                                                                                                                                          São cerca de 100 mil veículos/dia que
aquela que mudou os destinos da                                                                                                                                            por lá trafegam para acessar a Avenida
humanidade no alvorecer e decorrer                                                                                                                                         Brasil, a Ponte Rio-Niterói, bem como,
do século XIX. Ainda mais preocu-                                                                                                                                          no percurso contrário, outros milhares
pante é o fato de que essa nova revo-                                                                                                                                      que se deslocam para o Centro da cida-
lução industrial terá forte impacto                                                                                                                                        de do Rio, ao Aterro do Flamengo. To-
na indústria bélica e, portanto, nas                                                                                                                                       dos já enfrentam engarrafamentos em
formas de controle e dominação mi-                                                                                                                                         muitos horários, e serão condenados
litar.                                                                                                                                                                     ao mesmo dissabor — desta vez no
   Estamos nos preparando para es-                                                                                                                                         subsolo, significando mais um cavalar


                                         Quem te viu, quem te vê
sas transformações? A educação em                                                                                                                                          fermento para a neurose urbana. Além,
nossas escolas, a convivência social                                                                                                                                       do caos durante a obra.
e a nossa mídia valorizam, como de-                                                                                                                                          Ocorre que essa “empreitada”, além
veriam, o conhecimento científico e                                                                                                                                        do mais, contém graves improprieda-
tecnológico? Nossas empresas, uni-                                                                                                                                         des jurídicas e administrativas que
versidades, centros de pesquisa e        NELSON MOTTA                                vaiado pela esquerda universitária,       tória. Pela visão do Zé Dirceu, fã de       precisam ser consideradas. Não custa
governos interagem o suficiente pa-                                                  Caetano Veloso gritava em seu céle-       Chico, os que são contra o aborto e a       lembrar que o elevado foi construído,



                                         N
ra trabalhar em conjunto pelo de-                o tempo da ditadura, Chico          bre discurso: “Se vocês forem em polí-    favor da pena de morte e da maiori-         substancialmente, no início dos anos
senvolvimento de inovações nesses                Buarque era uma unanimida-          tica como são em estética, estamos        dade penal aos 16 anos são “de direi-       70, com recursos federais, em obra
novos domínios críticos do conheci-              de nacional, ou quase. Até os       feitos.” Os que hoje xingam Chico atu-    ta”. Então a maioria da classe média        executada pelo DER-GB, por delegação
mento? Já definimos, com clareza,                generais-presidentes Costa e        alizam as mesmas palavras.                tão cortejada pelos políticos, que ele-     do antigo DNER. Fora incluído no inti-
quais as áreas tecnológicas que são      Silva e Garrastazu Médici aprecia-            É um clássico da condição humana.       geu um governo de esquerda, é “de           tulado Plano de Linhas Expressas —
estratégicas para o nosso desenvol-      vam as suas músicas mais líricas. É         A inveja e o ressentimento que se         direita” e não sabe?                        Progress, do Ministério dos Transpor-
vimento econômico e social e que,        possível que alguns militares menos         transformam em ódio irracional con-         A ironia é que esta nova e imensa         tes — com o objetivo inequívoco de fa-
por isso, serão consideradas priori-     românticos e mais durões não gos-           tra indivíduos vitoriosos, admirados      classe média, alardeada como gran-          cilitar o fluxo para a Ponte Rio-Niterói.
tárias na distribuição dos escassos      tassem — mas suas filhas gostavam.          por muita gente, que ganham dinhei-       de vitória de governos progressistas,         Toda essa operação foi respaldada
recursos públicos? Já construímos          Hoje, apesar de viver um dos melho-       ro com seu trabalho, que não têm pa-      é cada vez mais conservadora, pelo          por decretos, convênios e lei estadual.
uma matriz que relacione nossas ne-      res momentos de sua carreira, em ple-       trão nem comandante e podem viver         instinto natural de manter suas con-        Portanto, foi erguido em terreno fede-
cessidades e vocações econômicas         na maturidade criativa, já com uma          com liberdade e independência. Sem        quistas recentes, casa, carro, consu-       ral (da Marinha do Brasil), com verba
com o potencial de inovações des-        obra monumental e lugar de honra na         sequer ler o que escrevem sobre           mo, emprego, com lei e ordem e sem          federal, ficando para o ente estadual a
ses vetores do conhecimento cientí-      nossa história, Chico, que sempre se        eles. Para quem escreve, como mili-       sobressaltos. E também gosta de Chi-        competência para operar e manter os
fico e tecnológico que moldarão o        acreditou amado, descobriu nos              tante anônimo de uma engrenagem           co Buarque.                                 5,5 km do elevado. Ainda hoje, figura
século XXI? Se já existem respostas      blogs da internet que é (também) odi-       coletiva, é a oportunidade para des-        As paixões políticas passam, a obra       no Plano Nacional de Viação do mes-
para essas perguntas, onde elas po-      ado. Pelas milícias partidárias que         carregar suas misérias e frustrações      artística permanece. Não se afobe           mo Ministério dos Transportes.
dem ser obtidas pelo povo brasilei-      unem a ignorância e a intolerância pa-      pessoais sobre o invejável invejado.      não, que nada é pra já.                       A União ignora tudo isso? E quanto
ro?                                      ra desqualificar uma obra e um artista      Pena que ele não vai ouvir.                                                           ao volume de dinheiro público ali já in-
   Niels Bohr que me desculpe, mas       pelas suas opiniões politicas. Em 1968,       A política é transitória e contradi-    NELSON MOTTA é jornalista
                                                                                                                                                                           vestido, vai se perder por decisão da
arrisco-me a parafraseá-lo: “é funda-                                                                                                                                      Prefeitura do Rio? Quanto custaria, em
mental fazer previsões, sobretudo                                                                                                                                          valores atuais , uma “nova perimetral”?


                                         Uma questão de qualidade
quando se trata do futuro.” Por isso,                                                                                                                                        E, para complicar ainda mais o ca-
atrevo-me a afirmar que a revolução                                                                                                                                        so, vale lembrar que a tal demolição,
que já está em curso separará, de                                                                                                                                          no fundo será custeada com recursos
maneira irremediável, as nações em                                                                                                                                         do FGTS, utilizados pela CEF, ao ad-
duas categorias distintas, que não                                                                                                                                         quirir da Prefeitura os tais Certifica-
serão mais aquelas tradicionais, de-     PEDRO DUTRA                                 manados todos no exercício largo do       saudável desafio de ampliar a oferta        dos de Potencial Adicional de Cons-
nominadas, no passado, de “desen-                                                    poder. Nesse contexto singular, o diri-   dos serviços a preços mais competi-         trução (Cepacs). Com efeito, vem a



                                         P
volvidas” e “subdesenvolvidas’, mas             rivatizar é transferir a titulari-   gismo estatal, impositivo ao investi-     tivos. De outro lado, os serviços ae-       pergunta que não quer calar : será so-
que poderíamos chamar de “super-                dade de empresa estatal a aci-       dor privado e tutelar do consumidor,      roportuários, cujos usuários sequer         cialmente justo e adequado utilizar
tecnológicas” e “subtecnológicas”.              onista privado. Concessão é a        é identificado à defesa do interesse      dispõe de um call center junto à con-       1,5 bilhão de uma fonte pública que
As “subtecnológicas”, lamento di-               exploração por terceiro, em-         público, desacreditada a ação do Esta-    cessionária estatal deles, desvelam,        deveria priorizar investimentos em
zer, serão nações de segunda classe.     presa privada ou estatal, de serviço        do, por meio de órgãos técnicos e in-     dramaticamente, a situação da infra-        habitação popular, para financiar o
China e Índia, nossas companheiras       que a Lei atribuiu à União prestar. E       dependentes do governo, para regular      estrutura do país.                          prazer estético contido na derrubada
nos Brics, já anteviram as ameaças e     controle é o poder de o acionista diri-     os mercados e neles reprimir o abuso        Os empedernidos defensores do di-         de um viaduto?
as oportunidades futuras e buscam        gir o destino da empresa, exercido          do poder econômico.                       rigismo estatal deveriam indagar ao           A recuperação urbana (social e eco-
o caminho para transformar-se em         isoladamente ou em conjunto. O Exe-           Em outra perspectiva, a presidente      usuário desses dois serviços qual           nômica) da região portuária do Rio é
nações “supertecnológicas”. Sendo        cutivo retirou da Infraero con-             da República quer nomear apenas           melhor os atende: o privado, sob a          um tema relevante. Em linhas gerais, o
que a Índia, por enquanto, dispõe de     cessões de três aeroportos, leiloou-        técnicos para dirigir aqueles órgãos,     (reforçada) intervenção regulatória         projeto Porto Maravilha tem esse pro-
bem menos recursos do que o Brasil.      as, e as outorgou a empresas priva-         e esse propósito surge como um fa-        do Estado na forma da Lei, ou a pres-       pósito, mas esbarra na prepotência ad-
Apressemo-nos, pois.                     das a esse fim constituídas, das            cho de racionalidade na administra-       tação estatizada desses serviços; em        ministrativa, que ignora a opinião pú-
                                         quais, todavia, a mesma Infraero de-        ção federal. E amparado pelos núme-       resumo: indagar aos 250 milhões de          blica — cada vez mais contrária à der-
TITO RYFF é economista, professor da     tém 49% do capital e participa do           ros da experiência: desde a privatiza-    donos de celulares se eles preferiri-       rubada. A extinção do elevado não po-
UniverCidade e diretor de Relações       controle delas. No novo modelo de           ção em 1998, foram investidos cerca       am contar com o padrão de qualida-          de ser um pressuposto para o soergui-
Institucionais da Rede de Tecnologia e   concessão reponta o dirigismo esta-         de 250 bilhões de reais nas telecomu-     de dos serviços aeroportuários.             mento da região.
Inovação do Rio de Janeiro.              tal, redivivo em outros mercados.           nicações e, em regime de crescente          Não entre partidos, hoje o debate           Objetivamente, a permanência do
                                           O fundo autoritário de nossa cultura      de concorrência entre prestadores, o      se trava entre a racionalidade admi-        elevado atende ao interesse dos milha-
                                         política, que articula o mando do Exe-      número de acessos a esses serviços        nistrativa e o regressismo político.        res de cidadãos que dele precisam.
     O GLOBO NA INTERNET                 cutivo na vida nacional, atraiu aos         pulou de 14 para mais de 140 por 100.
     OPINIÃO Leia mais artigos           seus quadros tradicionais fração dos        Hoje, o sucesso desse modelo impõe        PEDRO DUTRA é advogado. E-mail:             OTAVIO LEITE é deputado federal
    oglobo.com.br/opinião                herdeiros do socialismo vencido, ir-        aos prestadores, todos privados, o        pdutra@pedrodutra.com.br                    (PSDB-RJ).

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Opinião 24 fev 2

  • 1. h Sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012 OPINIÃO • 7 O GLOBO Futuro LUIZ GARCIA previsível TITO RYFF A outra festa B rinde ao leitor: este espaço não in- ra usá-lo em benefício de todos nós. Vi- dos ficariam bem mais contentes se os “É muito difícil fazer pre- cluirá qualquer referência a certa sivelmente — mas, deve-se reconhecer, partidos exigissem de seus quadros, em visões, sobretudo quan- do se trata do futuro.” A festa popular realizada nos pri- com exceções notáveis e meritórias — primeiro lugar e acima de tudo, tais e tais´- autoria da frase é contro- meiros dias desta semana. Não para nele se refastelarem. programas, estas e aquelas prioridades. vertida, embora muitos atribuam es- porque o autor seja um idoso senhor com No primeiro jornal depois do carnaval, Não é o que acontece. Anuncia-se, sim, sa observação irônica a Niels Bohr, qualquer restrição à esfuziante celebra- noticia-se, com a devida ênfase, que parti- que aliados do Planalto, como PDT e PR, um dos pais da física quântica. Sem ção de ritmo e alegria que encanta turistas dos aliados do Planalto têm sérias cobran- têm outro tipo de pauta. O primeiro cobra dúvida, prever o futuro não é tarefa fácil. Ainda assim, é ele, o futuro, do mundo todo. Ou não apenas por isso. ças. Não reclamam por ações e progra- a vaga de ministro do Trabalho. Se al- quem dita o destino de indivíduos, Trata-se essencialmente do humilde re- mas em benefício da coletividade. Regis- guém já esqueceu, a vaga existe porque povos e nações. Melhor tentarmos conhecimento de que tal senhor — por tre-se que nenhum deles critica ou faz mu- foi necessário abrir mão dos serviços do nos preparar para o que ele pode defeito de educação ou incapacidade físi- xoxo em relação a esse tipo de iniciativa pedetista Carlos Lupi. Pela simples razão nos reservar, mesmo sem saber, com certeza, do que se trata. ca lamentável — não dispõe de pé ou ou- oficial. Mas não é disso que tratam — e, que trabalhava mais por seus próprios in- Mas não é preciso invocar os orá- vido para dançar ou cantar como aconte- sim, de aumentar o que se convencionou teresses do que pelos nossos. culos para vislumbrar, neste come- ce com boa parte da população nativa e, chamar de “mais espaço no governo”. Talvez devido à incômoda natureza da ço de século, a onda crescente de ao que parece, com todos os visitantes A questão do espaço nada tem a ver com queda de Lupi, seus colegas de partido uma formidável revolução tecnoló- dos demais países e continentes. programas e projetos do interesse dos pa- não cobram a pasta: falam apenas em “re- gica. Os progressos da nanotecnolo- gia, da robótica, da engenharia gené- Portanto, neste espaço, para satisfa- gadores de impostos. E sim, simplesmente aproximação”, embora um deles tenha tica, da biotecnologia e do que se ção do leitorado ranzinza, falemos de — mas tristemente —, de mais oportuni- definido a situação de forma um tanto convencionou chamar de Tecnolo- assunto sério. E, claro, chatíssimo. dades para a conquista de poder político. mais direta: “Se você me convida para o gia da Informação e da Comunicação Quanto mais não seja, porque recorren- Não vamos exagerar: o uso “pessoal” do baile, é porque quer dançar comigo.” — a combinação da informática, da eletrônica e das telecomunicações te ao longo dos anos e dos séculos: a pai- poder não não exclui, de forma alguma, a Fica combinado, então: agora, depois — vão impactar não apenas a produ- xão dos políticos pela ocupação e o uso prestação de serviços à comunidade. Por do carnaval, recomeça a festa de sempre. ção de bens e serviços, mas vão pôr do poder público. Ostensivamente, pa- outro lado, os pagadores acima lembra- Já estamos com saudade da Sapucaí. à prova, também, nossos valores e a forma de nos relacionarmos na vida social. Mais do que isso, é o cruza- Prepotência Cavalcante mento entre esses diferentes eixos do conhecimento científico e tecno- lógico que abrirá caminho para um “admirável mundo novo” que não conseguimos sequer imaginar. A na- administrativa notecnologia, associada à engenha- ria genética e à informática, revolu- OTAVIO LEITE cionará a medicina. Novos materi- A ais, mais baratos, resistentes e, derrubada do elevado da Peri- quem sabe, facilmente biodegradá- metral ofende ao bom-senso e veis surgirão da convergência da na- colide frontalmente com o prin- notecnologia e da biotecnologia. A cípio básico da razoabilidade biotecnologia, a engenharia genéti- dos gastos públicos. Afinal, aplicar cer- ca, a nanotecnologia e a informática, ca de 1,5 bilhão de reais no “bota-abai- se unirão para criar super-humanos, xo” e, como alternativa, construir um com desempenho físico e mental túnel subterrâneo — em área aterrada, muito superior ao dos seres huma- com lençol freático raso, o que requer nos de hoje. E, como não podia dei- caríssimas soluções técnicas — justa- xar de ser, essas novas tecnologias mente numa via consolidada e indis- vão produzir uma revolução indus- pensável constitui-se, a rigor, num delí- trial mais abrangente e tão, ou mais, rio. importante, em seus efeitos, do que São cerca de 100 mil veículos/dia que aquela que mudou os destinos da por lá trafegam para acessar a Avenida humanidade no alvorecer e decorrer Brasil, a Ponte Rio-Niterói, bem como, do século XIX. Ainda mais preocu- no percurso contrário, outros milhares pante é o fato de que essa nova revo- que se deslocam para o Centro da cida- lução industrial terá forte impacto de do Rio, ao Aterro do Flamengo. To- na indústria bélica e, portanto, nas dos já enfrentam engarrafamentos em formas de controle e dominação mi- muitos horários, e serão condenados litar. ao mesmo dissabor — desta vez no Estamos nos preparando para es- subsolo, significando mais um cavalar Quem te viu, quem te vê sas transformações? A educação em fermento para a neurose urbana. Além, nossas escolas, a convivência social do caos durante a obra. e a nossa mídia valorizam, como de- Ocorre que essa “empreitada”, além veriam, o conhecimento científico e do mais, contém graves improprieda- tecnológico? Nossas empresas, uni- des jurídicas e administrativas que versidades, centros de pesquisa e NELSON MOTTA vaiado pela esquerda universitária, tória. Pela visão do Zé Dirceu, fã de precisam ser consideradas. Não custa governos interagem o suficiente pa- Caetano Veloso gritava em seu céle- Chico, os que são contra o aborto e a lembrar que o elevado foi construído, N ra trabalhar em conjunto pelo de- o tempo da ditadura, Chico bre discurso: “Se vocês forem em polí- favor da pena de morte e da maiori- substancialmente, no início dos anos senvolvimento de inovações nesses Buarque era uma unanimida- tica como são em estética, estamos dade penal aos 16 anos são “de direi- 70, com recursos federais, em obra novos domínios críticos do conheci- de nacional, ou quase. Até os feitos.” Os que hoje xingam Chico atu- ta”. Então a maioria da classe média executada pelo DER-GB, por delegação mento? Já definimos, com clareza, generais-presidentes Costa e alizam as mesmas palavras. tão cortejada pelos políticos, que ele- do antigo DNER. Fora incluído no inti- quais as áreas tecnológicas que são Silva e Garrastazu Médici aprecia- É um clássico da condição humana. geu um governo de esquerda, é “de tulado Plano de Linhas Expressas — estratégicas para o nosso desenvol- vam as suas músicas mais líricas. É A inveja e o ressentimento que se direita” e não sabe? Progress, do Ministério dos Transpor- vimento econômico e social e que, possível que alguns militares menos transformam em ódio irracional con- A ironia é que esta nova e imensa tes — com o objetivo inequívoco de fa- por isso, serão consideradas priori- românticos e mais durões não gos- tra indivíduos vitoriosos, admirados classe média, alardeada como gran- cilitar o fluxo para a Ponte Rio-Niterói. tárias na distribuição dos escassos tassem — mas suas filhas gostavam. por muita gente, que ganham dinhei- de vitória de governos progressistas, Toda essa operação foi respaldada recursos públicos? Já construímos Hoje, apesar de viver um dos melho- ro com seu trabalho, que não têm pa- é cada vez mais conservadora, pelo por decretos, convênios e lei estadual. uma matriz que relacione nossas ne- res momentos de sua carreira, em ple- trão nem comandante e podem viver instinto natural de manter suas con- Portanto, foi erguido em terreno fede- cessidades e vocações econômicas na maturidade criativa, já com uma com liberdade e independência. Sem quistas recentes, casa, carro, consu- ral (da Marinha do Brasil), com verba com o potencial de inovações des- obra monumental e lugar de honra na sequer ler o que escrevem sobre mo, emprego, com lei e ordem e sem federal, ficando para o ente estadual a ses vetores do conhecimento cientí- nossa história, Chico, que sempre se eles. Para quem escreve, como mili- sobressaltos. E também gosta de Chi- competência para operar e manter os fico e tecnológico que moldarão o acreditou amado, descobriu nos tante anônimo de uma engrenagem co Buarque. 5,5 km do elevado. Ainda hoje, figura século XXI? Se já existem respostas blogs da internet que é (também) odi- coletiva, é a oportunidade para des- As paixões políticas passam, a obra no Plano Nacional de Viação do mes- para essas perguntas, onde elas po- ado. Pelas milícias partidárias que carregar suas misérias e frustrações artística permanece. Não se afobe mo Ministério dos Transportes. dem ser obtidas pelo povo brasilei- unem a ignorância e a intolerância pa- pessoais sobre o invejável invejado. não, que nada é pra já. A União ignora tudo isso? E quanto ro? ra desqualificar uma obra e um artista Pena que ele não vai ouvir. ao volume de dinheiro público ali já in- Niels Bohr que me desculpe, mas pelas suas opiniões politicas. Em 1968, A política é transitória e contradi- NELSON MOTTA é jornalista vestido, vai se perder por decisão da arrisco-me a parafraseá-lo: “é funda- Prefeitura do Rio? Quanto custaria, em mental fazer previsões, sobretudo valores atuais , uma “nova perimetral”? Uma questão de qualidade quando se trata do futuro.” Por isso, E, para complicar ainda mais o ca- atrevo-me a afirmar que a revolução so, vale lembrar que a tal demolição, que já está em curso separará, de no fundo será custeada com recursos maneira irremediável, as nações em do FGTS, utilizados pela CEF, ao ad- duas categorias distintas, que não quirir da Prefeitura os tais Certifica- serão mais aquelas tradicionais, de- PEDRO DUTRA manados todos no exercício largo do saudável desafio de ampliar a oferta dos de Potencial Adicional de Cons- nominadas, no passado, de “desen- poder. Nesse contexto singular, o diri- dos serviços a preços mais competi- trução (Cepacs). Com efeito, vem a P volvidas” e “subdesenvolvidas’, mas rivatizar é transferir a titulari- gismo estatal, impositivo ao investi- tivos. De outro lado, os serviços ae- pergunta que não quer calar : será so- que poderíamos chamar de “super- dade de empresa estatal a aci- dor privado e tutelar do consumidor, roportuários, cujos usuários sequer cialmente justo e adequado utilizar tecnológicas” e “subtecnológicas”. onista privado. Concessão é a é identificado à defesa do interesse dispõe de um call center junto à con- 1,5 bilhão de uma fonte pública que As “subtecnológicas”, lamento di- exploração por terceiro, em- público, desacreditada a ação do Esta- cessionária estatal deles, desvelam, deveria priorizar investimentos em zer, serão nações de segunda classe. presa privada ou estatal, de serviço do, por meio de órgãos técnicos e in- dramaticamente, a situação da infra- habitação popular, para financiar o China e Índia, nossas companheiras que a Lei atribuiu à União prestar. E dependentes do governo, para regular estrutura do país. prazer estético contido na derrubada nos Brics, já anteviram as ameaças e controle é o poder de o acionista diri- os mercados e neles reprimir o abuso Os empedernidos defensores do di- de um viaduto? as oportunidades futuras e buscam gir o destino da empresa, exercido do poder econômico. rigismo estatal deveriam indagar ao A recuperação urbana (social e eco- o caminho para transformar-se em isoladamente ou em conjunto. O Exe- Em outra perspectiva, a presidente usuário desses dois serviços qual nômica) da região portuária do Rio é nações “supertecnológicas”. Sendo cutivo retirou da Infraero con- da República quer nomear apenas melhor os atende: o privado, sob a um tema relevante. Em linhas gerais, o que a Índia, por enquanto, dispõe de cessões de três aeroportos, leiloou- técnicos para dirigir aqueles órgãos, (reforçada) intervenção regulatória projeto Porto Maravilha tem esse pro- bem menos recursos do que o Brasil. as, e as outorgou a empresas priva- e esse propósito surge como um fa- do Estado na forma da Lei, ou a pres- pósito, mas esbarra na prepotência ad- Apressemo-nos, pois. das a esse fim constituídas, das cho de racionalidade na administra- tação estatizada desses serviços; em ministrativa, que ignora a opinião pú- quais, todavia, a mesma Infraero de- ção federal. E amparado pelos núme- resumo: indagar aos 250 milhões de blica — cada vez mais contrária à der- TITO RYFF é economista, professor da tém 49% do capital e participa do ros da experiência: desde a privatiza- donos de celulares se eles preferiri- rubada. A extinção do elevado não po- UniverCidade e diretor de Relações controle delas. No novo modelo de ção em 1998, foram investidos cerca am contar com o padrão de qualida- de ser um pressuposto para o soergui- Institucionais da Rede de Tecnologia e concessão reponta o dirigismo esta- de 250 bilhões de reais nas telecomu- de dos serviços aeroportuários. mento da região. Inovação do Rio de Janeiro. tal, redivivo em outros mercados. nicações e, em regime de crescente Não entre partidos, hoje o debate Objetivamente, a permanência do O fundo autoritário de nossa cultura de concorrência entre prestadores, o se trava entre a racionalidade admi- elevado atende ao interesse dos milha- política, que articula o mando do Exe- número de acessos a esses serviços nistrativa e o regressismo político. res de cidadãos que dele precisam. O GLOBO NA INTERNET cutivo na vida nacional, atraiu aos pulou de 14 para mais de 140 por 100. OPINIÃO Leia mais artigos seus quadros tradicionais fração dos Hoje, o sucesso desse modelo impõe PEDRO DUTRA é advogado. E-mail: OTAVIO LEITE é deputado federal oglobo.com.br/opinião herdeiros do socialismo vencido, ir- aos prestadores, todos privados, o pdutra@pedrodutra.com.br (PSDB-RJ).