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Você pode programar o seu cérebro?
Poder pode. Somos programados e nos programamos. Nascemos com
programas genéticos e somos socialmente programados.
Mas é criando e inovando a programação inata ou adquirida social e
culturalmente que nos tornamos gente. Assim como a aprendizagem da língua
materna tanto nos programa para nos expressarmos através dela, por outro,
lado nos oferece infinitas possibilidades. Novas.
O cérebro pode ser considerado uma máquina útil para fazermos dele o que
bem entendermos. Ele reage assim se for tratado como uma máquina a ser
gerenciada. Entretanto se a programação for incoerente, a neurologia dará
sinais dolorosos ou negativos, de mal estar, indicando que há algo de errado
em forçar nessa direção ou nesse sentido.
O modo como agimos para fazer tarefas não mobiliza a nossa neurologia como
o modo de construir, manter e expandir relacionamentos. Ou seja, não
podemos programar como serão relacionamento pessoais, profissionais ou
sociais. O que é possível, sim é perceber os padrões que surgem ao
interagirmos e estimar tendências. A diferença entre estimar tendências de
uma interação humana e realizar tarefas físicas ou intelectuais é que elas
influenciam os próprios resultados, enquanto a realização pura e simples de
tarefas é inerte: o resultado é fixo. Em matéria de comunicação humana ou
interação humana, resultados é a própria qualidade dela. O objetivo material (a
tarefa) é um marcador de rumo da qualidade das nossas interações e não tem
valor isoladamente. Da mesma forma gestos, olhares, posturas, atitudes
(físicas e mentais) modos de ouvir, ver e falar são marcadores relacionais. Não
são, por ou em si mesmos, “a” relação. A relação é a percepção de padrões
relacionais em comum.
A inteligência (inteligere= ler entre as linhas) relacional está na capacidade de
perceber o que está “entre” essa dança de marcadores internos e externos,
intrapessoais e interpessoais e coletivos e não dentro deles.
Em suma, a compreensão dos modos como nos relacionamos não está contida
nas indicações físicas dos nossos comportamentos e da nossa linguagem e
sim na meta-percepção e meta compreensão do que está “entre”. Nosso
cérebro já vem com programas genéticos e aprende programas sociais e
culturais. Entretanto ir além do programado interagindo de forma não linear
Então “programação mental”, “programar o cérebro” ou “Programação
Neurolinguística” significam o quê?
A rigor não programamos nossos cérebros conscientemente. Eles já vêm
programados para agir por determinações biológicas, de um lado e sócioculturais, do outro lado.
O que nos resta e isso é que nos torna humanos- é recriar, inovar, inventar em
cima do que já vem dado. A criatividade e inovação é a marca registrada do
humano. Nossa neurologia tem em si mesma não apenas programas como
também engenhosidade para criar e inovar aquilo que identificamos como
sendo um padrão pré-existente.
Por exemplo, desenvolvemos melhoras ou curas para doenças geneticamente
transmitidas e medicamentos e vacinas para males que de outra forma nos
matariam. Vivemos muito mais que há 100 anos atrás graças a nossa
inventividade e capacidade de inovar e expandir nossas possibilidades
herdadas.
Geneticamente a diferença entre nós e os mamíferos mais próximos na escala
zoológica é mínima: menos de 10 % de nosso mapa genético é diferente da de
um símio. Isso indica que não seguimos nenhuma cartilha genética linearmente
para aprender e nos desenvolver e sim uma tendência que aparece na
interação com nossos semelhantes.
Como na hipótese darwiniana da seleção natural das espécies, não se trata de
redefinir uma programação ou reprogramar o cérebro e sim da capacidade que
nossa neurologia tem de oferecer novas possibilidades cujo exercício prático,
seleciona naturalmente qual é a melhor, praticando e verificando os resultados
empiricamente. Em bases sensorialmente evidentes.

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Programar o cérebro ou inovar possibilidades

  • 1. Você pode programar o seu cérebro? Poder pode. Somos programados e nos programamos. Nascemos com programas genéticos e somos socialmente programados. Mas é criando e inovando a programação inata ou adquirida social e culturalmente que nos tornamos gente. Assim como a aprendizagem da língua materna tanto nos programa para nos expressarmos através dela, por outro, lado nos oferece infinitas possibilidades. Novas. O cérebro pode ser considerado uma máquina útil para fazermos dele o que bem entendermos. Ele reage assim se for tratado como uma máquina a ser gerenciada. Entretanto se a programação for incoerente, a neurologia dará sinais dolorosos ou negativos, de mal estar, indicando que há algo de errado em forçar nessa direção ou nesse sentido. O modo como agimos para fazer tarefas não mobiliza a nossa neurologia como o modo de construir, manter e expandir relacionamentos. Ou seja, não podemos programar como serão relacionamento pessoais, profissionais ou sociais. O que é possível, sim é perceber os padrões que surgem ao interagirmos e estimar tendências. A diferença entre estimar tendências de uma interação humana e realizar tarefas físicas ou intelectuais é que elas influenciam os próprios resultados, enquanto a realização pura e simples de tarefas é inerte: o resultado é fixo. Em matéria de comunicação humana ou interação humana, resultados é a própria qualidade dela. O objetivo material (a tarefa) é um marcador de rumo da qualidade das nossas interações e não tem valor isoladamente. Da mesma forma gestos, olhares, posturas, atitudes (físicas e mentais) modos de ouvir, ver e falar são marcadores relacionais. Não são, por ou em si mesmos, “a” relação. A relação é a percepção de padrões relacionais em comum. A inteligência (inteligere= ler entre as linhas) relacional está na capacidade de perceber o que está “entre” essa dança de marcadores internos e externos, intrapessoais e interpessoais e coletivos e não dentro deles. Em suma, a compreensão dos modos como nos relacionamos não está contida nas indicações físicas dos nossos comportamentos e da nossa linguagem e sim na meta-percepção e meta compreensão do que está “entre”. Nosso cérebro já vem com programas genéticos e aprende programas sociais e culturais. Entretanto ir além do programado interagindo de forma não linear Então “programação mental”, “programar o cérebro” ou “Programação Neurolinguística” significam o quê? A rigor não programamos nossos cérebros conscientemente. Eles já vêm programados para agir por determinações biológicas, de um lado e sócioculturais, do outro lado. O que nos resta e isso é que nos torna humanos- é recriar, inovar, inventar em cima do que já vem dado. A criatividade e inovação é a marca registrada do humano. Nossa neurologia tem em si mesma não apenas programas como também engenhosidade para criar e inovar aquilo que identificamos como sendo um padrão pré-existente.
  • 2. Por exemplo, desenvolvemos melhoras ou curas para doenças geneticamente transmitidas e medicamentos e vacinas para males que de outra forma nos matariam. Vivemos muito mais que há 100 anos atrás graças a nossa inventividade e capacidade de inovar e expandir nossas possibilidades herdadas. Geneticamente a diferença entre nós e os mamíferos mais próximos na escala zoológica é mínima: menos de 10 % de nosso mapa genético é diferente da de um símio. Isso indica que não seguimos nenhuma cartilha genética linearmente para aprender e nos desenvolver e sim uma tendência que aparece na interação com nossos semelhantes. Como na hipótese darwiniana da seleção natural das espécies, não se trata de redefinir uma programação ou reprogramar o cérebro e sim da capacidade que nossa neurologia tem de oferecer novas possibilidades cujo exercício prático, seleciona naturalmente qual é a melhor, praticando e verificando os resultados empiricamente. Em bases sensorialmente evidentes.