3. SEC XXI
As 21 Lições de Harari para o SEC XXI - As transformações que estamos
vivendo agora
Num mundo de informações irrelevantes, clareza é poder.
Bloco 1 - Desafio tecnológico - Soando o alarme
• (1) Desilusão • (2)Trabalho • (3) Liberdade • (4)Igualdade
(1) Desilusão - O colapso do comunismo e do fascismo trouxeram a certeza que a democracia liberal
tinha a resposta para única. O livre mercado, a democracia e a globalização resolvem tudo. Isso não
aconteceu (2008). Perdemos a fé na narrativa liberal. A aceleração tecnológica aumenta a sensação de
desorientação e catástrofe. A pessoa comum se sente cada vez mais irrelevante. Como usar o bom
senso nesse mundo onde já não existe o imutável
(2) Trabalho -Qual o limite da capacidade de auto reinvenção em uma vida? A automação além de nos
desempregar, nos superará física e cognitivamente? Podemos ser mais pobres e não ter trabalho mas
termos uma ocupação com sentido? Renda básica universal: o que é renda, o que é básico e o que é
universal? (modelos capitalistas e socialistas)
4. SEC XXI
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• (1) Desilusão • (2)Trabalho • (3) Liberdade • (4)Igualdade
(3) Liberdade - Estamos aprendendo que no fundo não temos livre-arbítrio? Somos algoritmos
bioquímicos – por consequência já hackeados superados? Sentimentos são algoritmos bioquímicos
constituídos por neurônios, hormônios, sinapses e vieses da mente; a intuição é a resposta à capacidade
de reconhecermos padrões subliminares. Tudo aprimoradíssimo por milhões de anos de seleção natural.
Até agora os sentimentos ainda eram o melhor caminho para drivar as escolhas. Entretanto com o
aumento da complexidade no mundo, não dão conta das variáveis e consequências. A perda da
capacidade de escolhermos por nós mesmos. A verdade no Google, a orientação pelo satélite...
Músculos mentais caindo em atrofia. A ética do algoritmo tende a ser superior á nossa, porque
racionalmente a compaixão faz mais sentido lógico. Isso é um paradigma filosófico. A necessidade
costuma nos fazer bypassar a moral. É a abundância que nos eleva. Por enquanto a IA de per si será
ditadora. Para isso ela teria que desenvolver algo chamado consciência.
Inteligência = capacidade de resolver um problema. Consciência = aptidão de sentir coisas como
dor, amor, alegria
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• (1) Desilusão • (2)Trabalho • (3) Liberdade • (4)Igualdade
(4) Igualdade - Se os donos dos dados serão os donos do futuro, há ainda espaço para a igualdade ?
Qualquer posse é um pré-requisito para a desigualdade. Hoje os monopólios concentram os frutos da
globalização em uma escala nunca vista.A classe dos super-ricos realmente poderá ter corpos mais
belos, mais talentos e habilidades que o resto. Terão algo no qual investir seus bilhões e uma vez
conquistado isso, para que o resto da subclasse serve? É perigoso ser obsoleto.
6. SEC XXI
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Bloco 2 - Desafio Político - As respostas possíveis
• (5) Comunidade • (6) Civilização • (7) Nacionalismo • (8) Religião • (9) Imigração
(5) Comunidade - Temos corpos. Redes sociais NÃO vão ser o cimento necessário para a construção de
uma rápida cooperação porque suas comunidades são limitadas aos olhos, pelo menos até a realidade vrtual
entrar massivamente. Somos Sapiens. O on-line acontece à expensas do off-line. Se perdermos nossas
experiências corpóreas nos sentimos alienados e desorientados porque o corpo É a casa para a mente e
consciência. A constatação disso só faz crescer a vontade dos gigantes de tecnologia de expandirem seu
acesso às nossas mentes.
(6) Civilização - Eventos recentes dão a entender que estamos em um choque de civilizações. O ser humano
sempre esteve dividido em comunidades irreconciliáveis? Não. Somos uma única espécie e as civilizações
hoje se confrontam basicamente contra um único inimigo: o mundo globalizado. A civilização é o que seu povo
faz dela – por isso a importância da narrativa despertar as crenças conjuntas que formam uma. Dentro disso,
aquilo que adotamos como identidade civilizatória é evolutivo, mutável e simultâneo. Posso ser alemão,
bávaro, judeu, gay, ultranacionalista e essas identidades vão se chocar o tempo todo. Deveríamos nos
identificar mais pelos nossos dilemas em comum. São todos iguais.
7. SEC XXI
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• (5) Comunidade • (6) Civilização • (7) Nacionalismo • (8) Religião • (9) Imigração
(7) Nacionalismo - Mas se os desafios são globais, por que observamos o crescimento de nacionalismo
hoje? O Sapiens tem a lealdade ao grupo impressa na psique. A lealdade em massa – a um país, a um
gênero, a uma língua – exige uma construção social imensa. Como escolher entre país, natureza, espécies e
decidir quem abdica do que? O nacionalismo benigno consegue construir muito. O problema é quando eu
deixo de acreditar que minha nação é única para ser suprema. Isso é o fascismo.A segunda grande onda de
ruptura vem do profundo desarranjo ecológico em andamento. De nada adianta só um definir metas se as
consequências climáticas cruzam fronteiras. Para um acordo, precisamos de sentimentos comuns, coisa que
o nacionalismo não consegue entregar.
(8) Religião - Religiões são boas para questões identitárias, mas irrelevantes para problemas técnicos ou
políticos. Não existe uma agricultura cristã ou uma economia muçulmana.... E como elas decidirão em
recomendar ou não o empoderamento da IA?
8. SEC XXI
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• (5) Comunidade • (6) Civilização • (7) Nacionalismo • (8) Religião • (9) Imigração
(9)) Imigração - União Europeia : laboratório do mundo. A pressão migratória está obrigando os europeus a
debater três condições. E escolher – às vezes certo ou errado – em pouquíssimo tempo. Permitir a entrada:
receber imigrantes é uma obrigação ou favor? Adoção dos valores centrais do país anfitrião: até onde? Deve
ser irrestrito ou limitado? E se eles são superiores em número, corromperão a longo prazo a cultura europeia a
ponto dela deixar de existir? O momento de assimilação – quando eles se tornam nós? Curto, médio ou longo
prazo? Quantas gerações? A escala de tempo pessoal é totalmente diferente da escala coletiva.
Biologicamente, as diferenças entre raças são insignificantes; mas entre culturas, não. Há duas visões: a que
propõe celebrar indistintamente a todas como iguais – mesmo que haja ablação de clitóris ou escravidão,
temos que entender; ou a que propõe hierarquizar culturas segundo valores, que podem ser bons ou ruins. Daí
vem o culturismo... Não se pode mais acusar a pessoa de pele diferente de não mudar, mas se pode acusar
uma outra cultura de intolerante com as mulheres... E o problema é usar sempre a cultura para prejulgar
indivíduos. Ainda que o argumento seja válido.
9. SEC XXI
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Bloco 3 - Desespero e Esperança - Mantendo os temores sob controle
• (10) Terrorismo • (11) Guerra • (12) Humildade • (13) Deus • (14) Secularismo
(10) Terrorismo - Terroristas são mestres no controle da mente. O pulo do gato é perceber que eles
conseguem romper a relação de confiança do indivíduo com o Estado.
(11) Guerra - As últimas décadas tem sido a era mais pacífica na história humana. A natureza econômica
da guerra mudou. Já não é tão lucrativa e passou a ter muitas variáveis imprevisíveis. Mas nunca
subestimemos a estupidez humana, certo? O remédio potencialmente mais poderoso na prevenção da
guerra é a humildade: nem minha nação, nem minha religião nem minha cultura são as mais
importantes do mundo.
(12) Humildade - o ser humano não é um espírito superior no que tange à moralidade. A moralidade
está no DNA de todos os mamíferos – ou seja ela precede a nossa existência. Cada povo teve em
separado uma contribuição modesta para a narrativa humana. A formação ética precede qualquer livro
religioso; ela é um subproduto da necessidade de cooperação grupal mamífera.
10. SEC XXI
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• (10) Terrorismo • (11) Guerra • (12) Humildade • (13) Deus • (14) Secularismo
(13) Deus - Se Deus existe, isso depende de que Deus estamos falando: aquele enigma espantoso do
qual nada sabemos mas que serve para explicar o Big Bang ou o sentido da vida? Ou um legislador
mundano inflexível, sobre o qual sabemos tudo; sabemos o que Ele pensa de moda, sexo, alimento e
política e ao qual invocamos para justificar tudo? Dificilmente livros sagrados foram ditados por Deus,
anjos, espíritos ou coisa que o valha. Eles falam à questões de ordem social. Essas leis sociais decerto
funcionaram e algumas seguem assim, mas substancialmente não são diferentes das leis de Estados e
instituições seculares. Se não temos fé em Deus, isso nos faz piores como pessoas? Pois moralidade
não é sobre cumprir mandamentos divinos, é sobre diminuir o sofrimento. Sabemos inatamente que ferir
ao outro abre um rombo em nossa psique.
11. SEC XXI
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• (10) Terrorismo • (11) Guerra • (12) Humildade • (13) Deus • (14) Secularismo
(14) Secularismo - O secular acredita que a moralidade e a sabedoria são os legados materiais
(inseparáveis) do ser humano. Como qualquer ideal, o secularismo é uma aspiração a ser posta em
prática – por isso mesmo muito difícil.
Verdade: se baseia em observação e não na crença.
Compaixão: entender o sofrimento e liberar o ser senciente dele. Que não matar seja por compaixão e
não por obediência.
Igualdade: existe uma suspeita de hierarquias, pois sofrimento é sofrimento e conhecimento é
conhecimento. Desembaralhar singularidade de superioridade.
Liberdade: pensar, investigar, experimentar para buscar a verdade e a saída para o sofrimento.
Coragem: de admitir nossa ignorância e fazer as perguntas difíceis.
Responsabilidade: se nenhum ser superior toma conta do mundo e distribui a justiça, é nossa total
responsabilidade tudo o que fazemos ou deixamos de fazer.
12. SEC XXI
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• (10) Terrorismo • (11) Guerra • (12) Humildade • (13) Deus • (14) Secularismo
(14) Secularismo - Os seres humanos tem direito natural à vida e à liberdade? Todo ser humano tem
direito à liberdade de opinião e expressão? Então a censura transgride alguma lei da natureza? Se temos
direito à vida, temos direito de usar a biotecnologia para superar a morte? Mas a imortalidade será
precedida pelo direito à propriedade? E no direito à liberdade, como fica a autoridade do algoritmo de me
vasculhar e me conceder, sem saber, desejos ocultos?
Se pergunte: qual o maior erro que a minha ideologia, religião ou crença cometeu? O que ela entendeu
errado? Se você não for capaz de responder a isso seriamente, talvez não seja possível confiar em você.
13. SEC XXI
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Bloco 4 - Verdade - A busca de uma
• (15) Ignorância • (16) Justiça • (17) Pós-verdade • (18) Ficção científica
(15) Ignorância - Sabemos beeeem menos do que pensamos que sabemos.
O eleitor não sabe o que é melhor, o cliente nem sempre tem razão, e os estudantes são ensinados que
pensar por si mesmos é a resposta. Não dá pra ter tanta confiança no indivíduo – lembre-se que não
sabemos direito porque escolhemos o que escolhemos. A originalidade é raríssima, e para tudo
precisamos da tribo. Hoje o mundo está cada vez mais complexo e as pessoas não se dão conta do
ignorantes que são. Verdade e poder são meio que mutuamente excludentes. O poder atrai a informação
distorcida. A verdade demanda tempo e poderosos não tem tempo a perder. Normalmente a verdade
está na periferia, em formação e tem que ser garimpada no meio de muito lixo. Os líderes vivem um
dilema. Se afastam da verdade ou do poder?
14. SEC XXI
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• (15) Ignorância • (16) Justiça • (17) Pós-verdade • (18) Ficção científica
(16) Justiça - Se não compreendemos o mundo, podemos saber a diferença entre o que é justo e
injusto? Como tudo em nós, nosso senso de justiça tem raízes evolutivas. Nasceu da necessidade de
resposta às questões grupais mais básicas – divisão de caça, defesa básica do individual x coletivo. Hoje
temos problemas de escala. Há uma despersonificação da justiça quando aplicada a milhões de seres.
Desempatizamos, pois perdemos relações diretas de causa e efeito. Sou cúmplice de crime ao ser um
pacato cidadão que não se posiciona contra a exploração laboral de crianças vietnamitas? Podemos
tentar adotar a moralidade de intenções , mas não funciona na prática. Os maiores crimes vieram não do
ódio mas da indiferença e ignorância – a banalidade do mal. A maior parte das injustiças hoje vem de
vieses estruturais. Mesmo dando voz a grupos desprivilegiados, não se compreende a todos. Lésbicas
chinesas pode ser mais desfavorecidas que o negro americano por causa do entorno. Ou vice-versa.
15. SEC XXI
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• (15) Ignorância • (16) Justiça • (17) Pós-verdade • (18) Ficção científica
(16) Justiça - Já que cognitivamente estamos mal equipados, que fazer para escolher e aplicar a
justiça?
Minimizar a questão, tirando a complexidade: bem x mal?
Focar em uma narrativa humana e gerar a empatia?
Tecer teorias da conspiração para tentar abarcar as variáveis?
Criar um dogma – religião, ideologia, futurismo – que nos alivie a pressão da escolha e jogue o peso da
decisão errada no grupo?
Ou desistir e proclamar que a verdade e a justiça fracassaram ? Entramos oficialmente na era da pós-
verdade.
16. SEC XXI
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• (15) Ignorância • (16) Justiça • (17) Pós-verdade • (18) Ficção científica
(17) Pos-Verdade - E se estamos na terrível era da pós-verdade, quando exatamente foi a Era de Ouro
da Verdade? Anos 80? 50? Idade Média? Idade do Bronze? E o que desencadeou a ascensão da pós-
verdade? Mídias sociais? China? Trump e Putin? Desde sempre grupos, países criaram mitos, narrativas
que justificassem suas escolhas e ações. Invasões, guerras, massacres, etc. eram propagadas pelos
grupos de pessoas que os promoveram. Os humanos sempre viveram na época da pós verdade, pois
cada grupo tem as ficções nas quais acreditam. E elas conflitam...
Esse mitos auto-reforçam a coesão grupal. Se somos milhões e as espalhamos, conseguimos que mais
indivíduos cooperem entre si. Construímos mais e melhor. Quando um milhão de pessoas acreditam um
mês em uma historia inventada ela é fake; mas quando dois bilhões acreditam em outra por 2,000 anos –
aí é uma religião ou um dogma verdadeiros. Isso serve não só para religiões.
17. SEC XXI
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• (15) Ignorância • (16) Justiça • (17) Pós-verdade • (18) Ficção científica
(17) Pos-Verdade - Serve para nações (a minha é mais pura e antiga); serve para grupos (as mulheres
são mais sensíveis e inteligentes que os homens); para dogmas (o liberalismo é o único modelo
socioeconômico possível); para sábios (o futuro é lindo e brilhante. Ou feio e cinza). Serve para marcas:
sabemos que a Coca-Cola engorda e dá diabetes, entretanto há décadas seres humanos dizem a outros
que ela é um elo com a vida saudável. E subconscientemente alguns bilhões acreditam.
A verdade é que a verdade nunca teve papel de destaque na agenda humana. A espécie humana
precisa de um delicado balanço entre verdade e ficção para existir. Excesso de ficção distorce a realidade
e cria monstruosidades; mas excesso de verdade impede a cooperação que só ficções criadas juntas
alcançam. Grandes massas precisam de grandes narrativas para grandes feitos
18. SEC XXI
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• (15) Ignorância • (16) Justiça • (17) Pós-verdade • (18) Ficção científica
(17) Pos-Verdade - Considerando que fake news são um problema sério e que é inadmissível a mentira
descarada, e sem acreditar que tudo é fake news – que tal lembrar primeiro que o sofrimento é sempre
real? Talvez o primeiro passo seja admitirmos que esse é um problema muito maior que supomos e que
a saída não é culpabilizar o Face e a imprensa. Isso requer um esforço pessoal maior ainda para
distinguir realidade de ficção e um grau mais baixo de expectativa de ajuste. A maior fake news de
todas é negar a complexidade da realidade. Isso demanda tempo e esforço para auto examinarmos
nossos vieses e preconceitos. E lembrar que se nesse mundo de dados nós somos produto e não cliente,
pagar por informação de boa qualidade e estudar sobre o tema cientificamente é o primeiro passo
para evitar a lavagem cerebral.
19. SEC XXI
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• (15) Ignorância • (16) Justiça • (17) Pós-verdade • (18) Ficção científica
(18) Ficção Científica - Dor é dor, amor é amor, em qualquer lugar onde se esteja. Se você
realmente quiser explorar qualquer realidade poderá faze a em sua mente, dentro ou fora da Matrix. Não
se trata da vitória da mente sobre a matéria. A mente não modela ações históricas e realidades biológicas
a seu bel prazer; na verdade é ela quem é modelada pela biologia e história.
O filme de ficção mais importante dos últimos anos, nessa perspectiva, tanto pelo conteúdo como por
quem fez, é Divertidamente, da Disney Pixar. Pela primeira vez admitimos abertamente para crianças e
adultos que não somos donos de nós, que não somos uno, e que nossa mente é a Matrix. Abrigamos
unidades (alegria, tristeza, raiva,etc.) autônomas mas inseparáveis, que jamais transcenderão a Matrix,
sob pena de ruírem todo o sistema. Admirável Mundo Novo, de Huxley, a mãe das distopias
simplesmente mostra o insuportável que a utopia pode ser. Um mundo onde a dor não existe, o prazer é
a mola de tudo, e o controle bioquímico total nos leva a sermos incapazes de compreender que um
mundo sem inconformidade, tentações, erros morte, feiura e tristeza já não é mais humano. Está tudo na
mente
20. SEC XXI
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Bloco 5 - Resiliência - A era da perplexidade
• (19) Educação • (20) Sentido • (21) Meditação
(19)Educação - A mudança é a única constante. Como ensinar aos filhos as habilidades que lhes
permitam compreender a si e ao mundo e sobreviver? Mais informações não significam mais
conhecimento e mesmo mais conhecimento não garantem escolhas corretas para problemas globais.
TEDs modelam raciocínio, mas filmes de Hollywood constroem percepções de amor – e já sabemos que
escolhas, nos seres humanos, são tudo menos lógicas.
Num mundo assim, o que o professor menos tem que dar aos alunos é mais informação. Isso eles já
tem aos montes. Temos que ensinar a extrair sentido, perceber o que é importante e o que não é e
colar fragmentos de info num quadro maior.
As escolas deveriam talvez ensinar os 4 Cs: criatividade, pensamento crítico, comunicação,
colaboração. E o mais crítico: habilidade de lidar com mudanças, pois as novas gerações terão
que se reinventar inúmeras vezes, até quase o limite de seu esgotamento.
21. SEC XXI
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• (19) Educação • (20) Sentido • (21) Meditação
(19)Educação - Com a estranheza sendo o novo normal, as referências passadas deixam de ser guias.
Coisas novas se amontoando nos deixam sem saber o certo a fazer. Indivíduos necessitarão de doses
imensas de equilíbrio emocional e flexibilidade mental. Só que resiliência não se desenvolve ouvindo
uma aula nem lendo um livro. Nem o modelo escolar permite; faltam aos professores a flexibilidade
mental que o século XXI exige.
O melhor conselho seria: jovem, ignore os adultos, porque ninguém sabe bem o que fazer. Não
confie tampouco na tecnologia. Provavelmente como você é o produto dela e não cliente, existe a
possibilidade muito concreta dela moldar a sua vida e você estar servindo a ela – e não ela a você.
Confiar em si mesmo? Hum, mas se a maioria das pessoas não se conhece bem, você acha que é a
exceção? Essa voz e essa intuição na sua cabeça refletem anos de propaganda, lavagem cerebral
ideológica com alguns bugs bioquímicos.Deixe as ilusões para trás, elas pesam muito.
22. SEC XXI
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• (19) Educação • (20) Sentido • (21) Meditação
(20)Sentido - Gostamos que nos contem o sentido da vida com histórias, afinal somos uma
espécie de ficções. De preferência, alguma que nos dê um sentido cósmico à nossa passagem por aqui.
Esperamos a revelação (nacionalismos ou dogmas) que nos dão uma narrativa linear, geralmente com a
paz e prosperidade duradouras ao final. Algumas narrativas cobrem a eternidade, outras menos tempo.
Estamos seguros que nada foi em vão. Uma vida mais longa não é mais significativa. Ok. Só que
narrativas não precisam ser verdadeiras – precisam ser boas. Mas precisamos delas porque nos
fornecem nossa identidade. Para assegurarmos que nossas narrativas não se desfarão e pareçam cada
vez mais reais, criamos rituais. Hinos de países, sacrifícios de animais, velas, alimentos, títulos e cargos
são um fortíssimo apoio à estabilidade da sociedade e grupo. Observe o ritual e não encontrará a
verdade e sim a harmonia. Quanto mais sofrimento, mais real a narrativa se torna. Afinal o sacrifício
sempre convence a própria pessoa de que sua narrativa é real. Eu não posso ser um monstro se mato
um cabrito degolado aos deuses SE a narrativa for verdadeira, certo? Porque se os deuses não existem e
eu mato um cabrito doce e inocente, o que isso faz de mim?
23. SEC XXI
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• (19) Educação • (20) Sentido • (21) Meditação
(20)Sentido - E por último temos mitologia liberal temos o Homo assume o papel de centro do
Universo. Santificando a própria capacidade de escolha do sentido da vida. Vale qualquer uma
desde que seja “individual” e “livre”. Mas livre é confuso, lembra? Podemos ter liberdade de fazer o
que desejar mas não temos liberdade de desejar o que fazer. Progressivamente vamos descobrindo
que controlamos cada vez menos coisas – dentro e fora de nós. E que nossos desejos são muito menos
nossos que pensamos. Somos muito pouco únicos, na verdade. Talvez se pudermos compreendermo-
nos, nos conhecendo melhor daremos um passo crucial para então escolher melhor.
No fundo não existe nenhuma história....exceto as que continuamente criamos em nossas mentes. Se
o universo não tem enredo, cabe aos homens criarem esse enredo e o sentido da vida. Se bateu
desespero, respire fundo. Não há resposta certa e coletiva possível a problemas globais urgentes
que pedem ação conjunta: falência ecológica, modo nuclear e disrupturas tecnológicas massivas.
24. SEC XXI
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• (19) Educação • (20) Sentido • (21) Meditação
(20)Sentido - Não há escape dentro de politicas, ideologias, nacionalismo, estado, religião; trabalho,
liberdade e igualdade são construções sociais ameaçadas pelo futuro que nós mesmos vamos
modelando; achar a verdade e a justiça, diminuindo a ignorância é missão duríssima por conta da
complexidade do mundo; nossas ficções compartilhadas de futuro no fundo tratam dos perigos e
ameaças numa ótica externa; não sabemos o que escolher não sabemos porque escolhemos o que
escolhemos...Se bateu desespero de novo, respire mais fundo. Pra completar, temos que ensinar e
preparar uma geração que terá que fazer as escolhas mais urgentes da história do Sapiens . Isso
sem ter a menor ideia de como faze-lo. E se não o fizermos nas próximas décadas, talvez percamos
completamente a chance de influir num futuro menos aleatório para nossa espécie. Respire fundo pela
terceira vez.
25. SEC XXI
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• (19) Educação • (20) Sentido • (21) Meditação
(21)Medtação - O único lugar onde o insight acontecerá é na mente. Olhe a sua mente por 10
segundos. Sorry, você não vai conseguir. Você não vai ser capaz de fazer nem isso na sua respiração
por 5 segundos antes de se perder. Quando conseguir, talvez seja promovido de porteiro a ascensorista
de você mesmo. CEO? Hann. Não.
A questão é: se você é incapaz de conhecer algo tão básico como sua mente ou suas sensações, e
observar a realidade como ela é, como pode crer saber o que é certo? Afinal você não sobe porque
está escolhendo que escolhe acreditar. As reações que temos nunca são ao que acontece lá fora. São
às SENSAÇÕES que temos ao que acontece. A neurociência avançou muito nesses anos, mas a
única consciência que um cientista consegue observar ainda é a sua própria. Não existem
ferramentas de laboratório para isso. Meditação não é religião. A moralidade precede a existência.
Meditação é qualquer método para observar a mente de modo contínuo. Meditação não tem nada a
ver com a busca da felicidade ou suposta iluminação.
26. SEC XXI
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• (19) Educação • (20) Sentido • (21) Meditação
(21) Medtação - Ela endereça a busca da consciência, que é o maior mistério do universo. Se toda e
qualquer minúscula decisão, ação, sentimento passa pela nossa consciência antes de existir, talvez a
busca mais importante pessoal (e que pode demandar anos de vida) seja essa.
Criamos a IA, vamos para Marte, buscamos a vida eterna. Mas ainda não entendemos a consciência – a
raiz e alavanca de nossas escolhas como espécie dominante e ameaçada. Precisamos entender o centro
da vida: nossa mente. Ainda temos um pouco de tempo para saber quem somos e decidir se ainda
queremos decidir por nós mesmos. E se seremos capazes de faze-lo..