1. Smart energy | Maio/Junho 201338
Dentre os benefícios garantidos às distribuidoras, o destaque fica por conta
da confiabilidade, escalabilidade, baixo custo operacional e interoperabilidade
Por Ronald Eduardo Avelar*
O
O setor elétrico tem passado por uma transforma-
ção regulatória importante,principalmente quan-
domencionamosapublicaçãodaregulamentação
domedidoreletrônico,tarifabrancae,emparticular,
a MP 579/12 (Lei Nº 12.783/2013),na qual o governo
promoveareduçãotarifáriaerenovaçãodasconces-
sões.Ainda neste contexto,outro fator importante
a ser considerado e que tem gerado incertezas no
setor elétrico, é o terceiro ciclo de revisão tarifária.
Sem dúvida, tais medidas influenciaram nas decisões do setor,
sendo que tanto as concessionárias de energia como os fornecedo-
res tecnológicos,prestadores de serviços e governo sofreram impac-
tos ou foram agentes de mudanças.
Ao focar nas empresas concessionárias de energia, tais medidas
resultaram em impactos e incertezas, principalmente quando se
considera o planejamento para os próximos anos.
Com relação aos fornecedores, a incerteza resulta em replaneja-
mento, estudos estratégicos e busca de tecnologias cada vez mais
inovadoras para seus produtos e processos com o objetivo de alcan-
çar alto grau de competitividade.
Para o órgão regulador ou governo, a busca da sustentabilidade
do setor e a garantia da qualidade de fornecimento aos consumido-
res finais e à sociedade como um todo são seus maiores objetivos.
Dito isso, é extremamente importante que programas e políti-
cas públicas que incentivem o setor e fomentem a modernização
do setor elétrico seja o foco, principalmente para garantir a qua-
lidade dos serviços e suportem o crescimento do País no médio e
longo prazo. Um exemplo é o programa recém-lançado pelo gover-
no chamado Inova Energia,que investe em tecnologias inovadoras
para o setor elétrico.
Neste novo cenário, as concessionárias de energia começam
a buscar uma maior otimização e melhorias em seus processos e
qualidade na prestação de serviços aos consumidores de energia,
por meio de tecnologias que resultem na redução do custo opera-
cional, principalmente para reverter o impacto resultante das mu-
danças regulatórias. E esta inovação tecnológica está diretamente
relacionada à evolução do conceito smart grid ou redes inteligentes.
Para que esta inovação tecnológica atinja a expectativa do setor,
as redes inteligentes deverão garantir diversas características e re-
sultados, sendo as principais: confiabilidade, escalabilidade, baixo
custo operacional e interoperabilidade, ou seja, sustentabilidade
tecnológica.
Para tanto, o grande gargalo é a infraestrutura de telecomunica-
ções para suportar as redes inteligentes,um tema de grande discus-
são de âmbito mundial.
Sustentabilidade tecnológica:
infraestrutura de comunicação
Como se tem observado nos últimos anos em projetos experi-
mentais, as implementações na área de redes inteligentes tem fo-
cado principalmente em melhorias de processos: leitura remota,
processo de corte/religação de
energia, combate a fraudes e
monitoramento de chaves auto-
máticas.
Apenas recentemente inten-
sificou-se o foco no consumidor
de energia, com o objetivo de
introduzi-lo como um agente
participativo na modernização
do setor elétrico, agregando va-
lor ao processo de inovação. De
fato, sua participação é funda-
mental para a sustentabilidade
da transformação do setor.
Sendo assim, a infraestrutu-
ra de telecomunicações deve
abranger não tão somente o
fornecimento de energia, mas também os mais diversos dispositi-
vos encontrados nas cidades, promovendo uma comunicação M2M
(Machine-to-Machine).
A visão da Fujitsu está baseada em uma rede de comunicação
“centrada no ser humano”, na qual o medidor de energia é apenas
mais um componente ou“sensor”desta enorme rede de comunica-
ção, que cria uma sociedade interligada por meio dos mais diversos
dispositivos (semáforos, iluminação pública, automação, celulares,
etc). O desafio está na comunicação inteligente de “última milha”,
entre estes dispositivos (Neighborhood Area Network – NAN) e a
rede já existente (Wide Area Network–WAN). Esta infraestrutura de
O grande gargalo
das redes
inteligentes é a
infraestrutura de
telecomunicações,
um tema de grande
discussão de
âmbito mundial
Tech Front | Redes Inteligentes
A modernização do setor
elétrico por meio das
redes inteligentes
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comunicação é a base para alcançar o conceito de “Cidades Inteli-
gentes”,ou seja,uma sociedade mais eficiente,segura e sustentável.
É neste contexto que nasce
a tecnologia Fujitsu WisReed
A tecnologia WisReed, baseada em inteligência artificial, consiste
em garantir que os pacotes de dados dos milhares de sensores ins-
talados, sejam entregues ao seu destino de uma forma otimizada,
extremante rápida e confiável. Ela consiste em um protocolo de ro-
teamento inteligente e otimizado,que está embutido nos medidores
de energia ou sensores,formando uma enorme rede de comunicação.
É uma tecnologia de comunicação ad hoc distribuída autônoma que
permite a construção automática de uma rede sem a necessidade de
configuração, capacidade de auto restauração no caso de uma falha,
além de adaptar-se rapidamente às alterações que ocorram na rede.
A tecnologia WisReed garante escalabilidade, pois com um úni-
co gateway permite a comunicação com milhares de sensores (ou
medidores de energia),um baixo custo operacional,não requer con-
figurações em campo ou instalação de diversos equipamentos na
rede demandando um menor número de equipes operacionais; e
interoperabilidade, uma vez que está baseada em padrões de mer-
cado, como TCP/IP, WiFi e 802.15.4g.
Quando avaliamos a segurança, esta tecnologia foca em me-
todologias avançadas de criptografia e autenticação, baseada na
experiência de longa data da Fujitsu.
Além disso, devido ao seu alto desempenho, oferece a possibili-
dade de promover o gerenciamento de energia pelo lado da deman-
da,viabilizando a geração distribuída e integrar com dispositivos de
automação da distribuição, características cada vez mais importan-
tes e discutidas no setor elétrico.
Rumo ao futuro
A Fujitsu continuará aprimorando sua tecnologia WisReed, com
o objetivo de torná-la cada vez mais versátil, em linha com as ten-
dências de mercado. Paralelamente, manterá o foco na pesquisa
tecnológica de ponta, para assim concretizar uma solução cada
vez mais robusta e confiável, que permita a integração das mais
diversas aplicações das redes inteligentes ou smart grid, que serão
implementadas no futuro, suportando o setor elétrico em sua mo-
dernização e transformação. n
*Ronald Eduardo Avelar é engenheiro
especialista para Sistemas Inteligentes de
Comunicação para Soluções Smart Grid na
Fujitsu do Brasil.