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JOANITA LOPES
RENATO TEIXEIRA
ROBERTO LOBL
CRITÉRIO BRASIL DE SUSTENTABILIDADE
Trabalho apresentado no 4º Congresso
Brasileiro de Pesquisa – Mercado, Opinião e
Mídia em 2010.
SÃO PAULO
MARÇO DE 2010
ABEP – Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa 2
Trabalho apresentado no 4º Congresso Brasileiro de Pesquisa 2010
São Paulo – 2010 – www.abep.org
SUMÁRIO
1.INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3
1.1 Critério de Sustentabilidade .............................................................................................................. 4
2. OBJETIVOS DE TRABALHO............................................................................................................. 6
3. METODOLOGIA ................................................................................................................................. 7
3.1 Emissões individuais ......................................................................................................................... 7
3.2 Volume de emissões CO2 em 12 meses.......................................................................................... 8
3.3 Engajamento com a sustentabilidade ............................................................................................... 9
3.4 Classificação dos grupos .................................................................................................................. 9
3.5 Segmentação .................................................................................................................................. 10
4. RESULTADOS.................................................................................................................................. 12
4.1 Combustíveis utilizados................................................................................................................... 13
4.2 Segmentos x Classes...................................................................................................................... 14
4.3 Comparativo entre mercados brasileiros ........................................................................................ 14
4.4 Índices de emissão X Posições profissionais ................................................................................. 15
4.5 Análise comparativa entre os grupos.............................................................................................. 15
4.6 Responsabilidade social.................................................................................................................. 16
5. CONCLUSÃO .................................................................................................................................. 17
ANEXOS
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Trabalho apresentado no 4º Congresso Brasileiro de Pesquisa 2010
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1. INTRODUÇÃO
A sustentabilidade se tornou um dos fundamentos da sociedade, estando intimamente
ligada ao desenvolvimento sustentável. Os trabalhos publicados sobre o tema deixam claro
que a sustentabilidade e o desenvolvimento sustentável não podem caminhar de forma
desassociada, pois eles se inter-relacionam se apóiam e se equilibram a fim de tornar
possível a integração e a harmonização das idéias e conceitos relacionados ao crescimento
econômico, a justiça e ao bem estar social, a conservação ambiental e a utilização racional
dos recursos naturais. Ser sustentável é definido como ser ecologicamente correto,
economicamente viável, socialmente justo e culturalmente aceito.
De acordo com o Relatório Brundtland, “Sustentável é o desenvolvimento que satisfaz as
necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir
suas próprias necessidades”. O conceito de desenvolvimento sustentável ainda não
alcançou um consenso, ele vem sendo construído ao longo do tempo (ANEXO 1).
A sustentabilidade também está essencialmente relacionada a projetos de reduções de
emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE). Esta afirmação consta no Protocolo de Kyoto.
Ele prevê que, no período entre 2008 e 2012, chamado de primeiro período de
comprometimento, os países desenvolvidos reduzam suas emissões em 5,2% em relação
aos níveis medidos em 1990. Essa meta representa, aproximadamente, uma redução
mundial nas emissões de 200 milhões de toneladas de carbono por ano. Muitos cientistas e
responsáveis por políticas públicas acreditam que limitar a elevação da temperatura média
global a 2oC é um objetivo fundamental, pois esse limite representa um marco a partir do
qual as implicações do aquecimento global tornam-se muito sérias.
Para cumprir essas metas ambiciosas de redução de GEE, os agentes fundamentais desta
operação são o governo, as empresas e os cidadãos. O governo é responsável pelo
desenvolvimento e implantação de políticas e programas em prol de uma sociedade
sustentável. Neste quesito, o Brasil já desponta com uma das melhores legislações de
regras ambientais do mundo, conforme afirmam Cabral & Scrivano. As empresas também já
estão adotando um modelo de gestão sustentável. Neste novo modelo, passam a ser
consideradas como bem sucedidas empresas que, além de gerar bons resultados do ponto
de vista econômico, gerenciam o impacto do negócio sobre o meio ambiente. Enquanto o
governo e as empresas caminham bem, rumo à implantação de ações que garantem um
mundo sustentável, o que dizer das ações dos cidadãos? As pesquisas de opinião apontam
que os brasileiros prestam atenção nas empresas que se preocupam com o meio ambiente.
E muitos estão dispostos a pagar mais caro por um produto no caso de o valor ser destinado
a projetos de proteção do meio ambiente. Porém, embora o consumidor tenha o respeito ao
meio ambiente, isto se dá mais como uma percepção, ou mera vontade do que como prática
ABEP – Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa 4
Trabalho apresentado no 4º Congresso Brasileiro de Pesquisa 2010
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real do cotidiano. Essa atitude do cidadão se revela uma ameaça, pois a ação individual tem
um papel fundamental na garantia de um mundo sustentável.
1.1 Critérios de sustentabilidade
Um dos principais desafios para um planeta sustentável é a diminuição das emissões de
gases que causam o efeito estufa, como o CO2, CH4, N2O, PFC, HFC e SF6. Desde a
criação nos Estados Unidos do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC -
Intergovernmental Panel on Climate Change) governos e diversas organizações do mundo
passaram a estudar formas de medir e acompanhar as emissões destes gases, e mais
recentemente as empresas passaram a fazer suas medições elaborando seus próprios
inventários, com a preocupação de reduzir sua parcela de responsabilidade das emissões
nocivas ao meio ambiente, principais causadores das mudanças climáticas.
A WRI - World Resource Institute, uma das principais organizações na produção de
indicadores de emissões, aponta o CO2 como o principal gás, na dos GEE, com uma taxa
de 71,4% na composição.
Gas MtCO2e %
CO2 23,719.5 71.4
CH4 6,020.2 18.1
N2O 3,113.8 9.4
PFC 81.3 0.2
HFC 259.2 0.8
SF6 39.5 0.1
Total 33,233.5
WRI - Total GHG Emissions by Gas in 2000
Na divulgação no último ranking da WRI, o Brasil aparece como o sexto maior emissor do
mundo, sendo responsável por 6,9% das emissões de GEE atuais, ficando atrás apenas da
China, USA, Rússia, Índia e Japão. Os dados levantados pelo WRI são importantes para
avaliações comparativas globais, tornando possível a distribuição de responsabilidade entre
os países.
No Brasil, o principal indicador é o Inventário Nacional de Emissões. A primeira edição foi
publicada em 2006 e a segunda edição está prevista para ser divulgada em 2011.
Baseando-se nos dados da primeira edição do Inventário, a Mckinsey publicou um relatório
com os indicadores sumarizados, indicando que “os setores mais relevantes para o Brasil,
tanto em termos de emissões, como em oportunidades de abatimento, estão relacionados
ao uso da terra (agricultura e floresta) e aos meios de transportes. O setor de transporte
rodoviário, definido como as emissões de frota nacional de veículos leves (carros de
passageiros) e veículos comerciais leves e veículos pesados, responde por 6% das
emissões brasileiras de GEE atuais. Na média global, o setor também é o segundo mais
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Trabalho apresentado no 4º Congresso Brasileiro de Pesquisa 2010
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relevante, respondendo por 13% dessas emissões. O setor industrial (cimento, siderurgia,
produtos químicos, petróleo e gás, etc.) representa cerca de 13% das emissões. As
edificações e tratamento de resíduos, são responsáveis por 3% das emissões brasileiras”.
O uso de critérios de sustentabilidade já é uma realidade. A cada dia cresce o uso de
indicadores de sustentabilidade para avaliação de negócios. A criação do Índice de
Sustentabilidade Empresarial da Bovespa, crescimento da quantidade de fundos de
investimento nacionais socialmente responsáveis, bem como as diretrizes internacionais e
índices específicos, como o Dow Jones Sustainability Index, dentre outras inúmeras
iniciativas, sinalizam a nova tendência no mundo dos negócios. Para conhecer o quanto
emite e assim contribuir com o combate à alteração do clima pela redução de emissões, as
empresas realizam inventários de GEE, que são levantamentos das fontes, quantidades e
atividades diretas e indiretas da instituição que geram gases do efeito estufa, ressalta o
Centro de Estudos em Sustentabilidade da FGV. A metodologia mais utilizada no mundo
para isso é o GHG Protocol, cujo Programa Brasileiro é coordenado pelo Centro de Estudo
de Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas, em parceria o World Resources Institute
(WRI), Ministerio do Meio Ambiente (MMA) e outras organizações.
Admite-se que cada vez mais, com o passar do tempo, as marcas líderes só vão
permanecer como tal se também forem reconhecidas como líderes da responsabilidade
corporativa, portanto as empresas cada vez mais vão utilizar os indicadores de
sustentabilidade para se diferenciar no mercado.
Enquanto os critérios para medição da sustentabilidade para instituições, cidades, países
estão sendo desenvolvidos, a vertente individual, ou seja, a sustentabilidade vista sob a
dimensão do indivíduo, tem recebida pouca atenção dos organismos da sociedade. Não
existe um inventário de emissões de GEE para saber o quanto cada indivíduo é
responsável pelo volume lançado na atmosfera, levando em consideração o seu estilo de
vida. As pesquisas de opinião avaliam o engajamento e o envolvimento com tema
sustentabilidade, porém não fazem relação à emissão de GEE.
Os critérios existentes hoje para a análise de emissão per capita também são oriundos da
WRI. Para realizar a medição, leva-se em consideração toda e qualquer emissão de CO2,
ou seja, os cálculos são baseados no volume total de emissão do país dividido pelo número
de habitantes, não contabilizando os hábitos individuais e nem as diferenças regionais. Na
nossa avaliação, o indicador de emissão referente aos transportes é o que mais se aproxima
aos hábitos do indivíduo, pois a sua interferência pode representar uma variação
significativa nas taxas de emissão de CO2 de um país. Porém, é preciso lembrar que no
Brasil os transportes da indústria e do comércio são feitos prioritariamente por rodovias, e
estes não dependem da vontade do indivíduo. Mesmo assim ainda estaríamos falando em
valor médio por indivíduo, e cada indivíduo colabora de maneira diferente. Um morador do
sertão de Pernambuco e um da cidade de São Paulo provavelmente são responsáveis por
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Trabalho apresentado no 4º Congresso Brasileiro de Pesquisa 2010
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volumes de CO2 muito distintos. Essas diferenças são muito importantes na construção de
um critério.
Segundo dados do CAIT, elaborados pelo World Resources Institute - WRI, cada brasileiro é
responsável pela emissão de 1,9 toneladas de CO2 no meio ambiente. O transporte é o
principal emissor de CO2 per capita 0,7 toneladas/ano.
Total de Emissões de CO2 – 2006 – Brasil
MtCO2 % Global
Ton CO2 per
capita
Eletricidade 59,1 0,46% 0,3
Manufatura/Construção 98,2 1,79% 0,5
Transportes 140,8 2,57% 0,7
Combustão (outros óleos) 34,3 1,06% 0,2
Processos Industriais 19,7 1,55% 0,1
Fonte: WRI - GHG Intensity of Economy in 2006
Somos mais de 6 bilhões de habitantes no planeta e para construirmos uma sociedade
sustentável cada um de nós tem que ter em mente o quanto o nosso estilo de vida contribui
para a emissão de GEE e consequentemente para a degradação do meio ambiente. Não
basta o indivíduo cobrar ações do governo e das empresas, ele também tem que fazer a sua
parte na redução dos gases de efeito estufa. Portanto, é essencial que se crie métricas para
uma avaliação sustentável do indivíduo, encorajando o cidadão a obter informação e agir em
resposta a crise climática, de um ponto de vista prático, ou seja, buscando a redução de
gases de efeito estufa, a principal causa para o aquecimento global.
2. OBJETIVOS DO TRABALHO
As empresas de pesquisa têm um papel fundamental nesta fase da discussão social sobre a
sustentabilidade, suas avaliações podem colaborar para:
• direcionamento das ações de sustentabilidade, em nível social e político;
• direcionamento de ações de sustentabilidade da indústria de produtos e serviços;
• na identificação de oportunidades de negócios relacionadas a sustentabilidade e,
• na avaliação de desempenho de produtos e marcas sustentáveis.
É importante a criação de métricas para mensuração de ações de sustentabilidade do
cidadão, pois acreditamos que os indivíduos, independente de sua esfera de atuação, são
os beneficiários finais e mais importantes em qualquer ação para aumentar o engajamento à
sustentabilidade e, também porque existem dimensões importantes na relação dos
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indivíduos com a sustentabilidade que merecem ser exploradas e podem fornecer
elementos para ações efetivas.
Partindo destas premissas, o objetivo deste trabalho é contribuir para identificar na
população brasileira grupos mais e menos sustentáveis, que sirvam como ferramenta para
acompanhamento dos comportamentos sustentáveis, baseados em indicadores de emissão
de CO2, combinados com as opiniões e atitudes dos indivíduos pesquisados.
3. METODOLOGIA
Para realizar a pesquisa referente aos indicadores de emissão CO2 consideramos a
avaliação apenas dos meios de transporte utilizados pelos cidadãos brasileiros para
locomoção. Esta escolha se baseou no fato do transporte ser considerado o principal
emissor de CO2 per capita. Os cálculos de emissão foram realizados com base nos fatores
utilizados pelo IPCC.
Para fazermos a combinação com os indicadores das emissões, utilizamos as informações
da base de dados do Target Group Index, um estudo single source realizado no Brasil de
maneira continua desde 1999 (ANEXO2). Foram utilizados dados referentes ao tempo diário
gasto nos meios de transporte: táxi, metrô, ônibus e trem. Além destas informações,
utilizamos os dados referentes ao tipo de combustível consumido nos últimos 12 meses e o
volume de litros consumidos nos últimos 7 dias para o cálculo das emissões de carros.
Também incluímos no estudo informações sobre a quantidade de viagens de avião, lugares
visitados no Brasil e no exterior nos últimos 12 meses.
Para criação da metodologia também consideramos as opiniões da população frente às
ações sustentáveis. Para tanto, elegemos 10 frases do estudo Target Group Index que
mostram a forma de pensar do brasileiro referente ao assunto.
Com a combinação das emissões e a forma de pensar de cada brasileiro, foi possível
classificar a população brasileira em 5 grupos, que vão do mais sustentável ao menos
sustentável.
3.1 Emissões individuais
Meios de Transporte
Com as informações do tempo médio gasto diariamente nas viagens em ônibus, metrô, trem
e táxi, e a quantidade de CO2 emitidas por cada tipo de veículo, segundo relatórios do
IPCC, foi possível calcular as emissões por meio de transporte por indivíduo, e agregar
estas informações à base de dados.
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Meio de
Transporte
CO2
/Hora
Metrô/ Trem 0,000003
Ônibus 0,088
Taxi 0,25
Avião
Os dados sobre destinos de viagens serviram para o cálculo da quilometragem média por
indivíduo para viagens nacionais e para viagens internacionais. Para cada indivíduo foi
calculado o valor de CO2 emitido no ano, com base nos valores de emissão por km para
trechos nacionais e internacionais foi possível chegar aos valores emitidos por
indivíduos/ano.
Viagem KM kg de CO2 kg de CO2/KM
Nacional 1.600 156,8 0,098
Internacional 20.000 2.220 0,111
Fonte: http://www.keyassociados.com.br/pt-br/calculadora_carbono.php
Carro
Com base nas informações sobre tipo e quantidade de combustível que cada respondente
consumiu na última semana, e com os valores de emissões de CO2 por tipo de combustível
definidos pela DEFRA, foi possível atribuir a quantidade de gás emitida por indivíduo que
utiliza automóvel.
Combustível Kg de Co2
Gasolina 2,32 Litro
Álcool 1,53 Litro
Diesel 2,63 Litro
GNV* 1,22 Kg
Fonte: DEFRA (2007) Act on CO2 Calculator - June 2007
3.2 Volume de emissões CO2 em 12 meses
Com a combinação de todas estas informações foi possível agrupar os indivíduos por
volumes de emissões de CO2 referentes ao uso dos meios de transporte. Na tabela
percebemos que quase um quarto da população estudada não colabora com este tipo de
emissão. Já aqueles que emitem de 1 kg até 899 kg, estes são 45% da população
pesquisada.
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Emissões de CO2 - 12 meses Total
100%
0 Kg 24%
entre 1 até 899 Kg 45%
entre 900 até 1799 Kg 4%
entre 1800 até 3599 Kg 12%
Mais de 3600 Kg 16%
Fonte: Processamento especial do Target Group Index Brasil 2009
3.3 Engajamento com a sustentabilidade
De acordo com o grau de concordância com as frases escolhidas na base de dados do
Target Group Index, os indivíduos foram agrupados em segmentos mais sustentáveis ou
menos sustentáveis, levando-se em consideração a forma de pensar. As frases utilizadas
para este estudo foram:
• Reciclar é um dever de todos
• Faço um esforço consciente para reciclar
• Estou disposto a mudar o meu estilo de vida para beneficiar o meio ambiente
• Eu me preocupo com a poluição e o congestionamento causado pelos automóveis
• Estaria disposto a pagar mais por um produto que seja saudável para o meio ambiente
• Quando é possível compro produtos e artigos produzidos em meu próprio país
• Meu carro só está aqui para me levar de um lugar a outro
• Eu gosto de entender sobre a natureza
• Não creio que a preocupação com o meio ambiente seja excessiva
• Tenho muito interesse com a proteção do meio ambiente
3.4 Classificação dos grupos
Os indivíduos que concordam totalmente ou parcialmente com 8 a 10 destas frases foram
classificados como Heavy Ecos, ou seja, indivíduos com opiniões mais engajadas.
Aqueles que concordam totalmente ou em parte com 5 a 7 destas frases, excluindo os que
discordam totalmente ou parcialmente com 2 ou mais frases foram chamados de Medium
Eco, são aqueles que têm uma preocupação mediana com o tema de sustentabilidade.
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Trabalho apresentado no 4º Congresso Brasileiro de Pesquisa 2010
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As pessoas que se manifestam indiferentes com 4 a 10 frases, excluindo os Heavy e
Medium, foram chamados de Neutros.
Por fim, os que discordam totalmente ou em parte com 2 a 10 frases foram chamados de
Not Ecos, são aqueles que não têm preocupação com a sustentabilidade.
Com este agrupamento, obtivemos como resultado que mais de um quarto da população
concorda com a maior parte dos conceitos sustentáveis sugeridos.
GRUPOS ECO
Heavy ECOs 26%
Medium ECOs 27%
Neutro 19%
Not ECOs 27%
Fonte: Processamento especial do Target Group Index Brasil 2009
3.5 Segmentação
Para segmentar o universo em relação à forma de pensar e de agir, isolamos cada grupo de
indivíduos (Heavy, Medium, Neutro e Not ECO), e em cada um deles subdividimos os
grupos de acordo com os volumes de CO2 emitido. Para isso fizemos um processamento
especial da base de dados do Target Group Index na qual foram inseridos os valores de
emissão de CO2 por indivíduo. O cruzamento das duas informações resultou na matriz
representada abaixo, que nos possibilitou a criação de 5 grupos.
VOLUMES DE CO2 EMITIDOS NO TRANSPORTE
TOTA
L 0 Kg
1 kg –
899 Kg
900 kg -
1.799 Kg
1.800 kg -
3.599 Kg
+3.600
Kg
TOTAL 100% 24% 45% 4% 12% 16%
Heavy ECO 29% 6% 11% 1% 5% 6%
Medium
ECO 27% 6% 13% 1% 3% 4%
Neutro
ECO 17% 5% 8% 1% 1% 2%
Not ECO 27% 7% 13% 1% 3% 3%
Fonte: Processamento especial do Target Group Index Brasil 2009
Os segmentos foram criados com base na hipótese de: indivíduos considerados menos
poluidores e com mais consciência na preservação do meio ambiente, foram classificados
no grupo dos mais sustentáveis (Verde Light). No outro extremo temos o indivíduo
considerado menos consciente e mais poluidor, sendo classificado como menos sustentável
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Trabalho apresentado no 4º Congresso Brasileiro de Pesquisa 2010
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(Vermelho Dark), portanto mais nocivo ao meio ambiente. E entre estes dois segmentos
ficaram os intermediários: Vermelho Light, Verde Dark e Amarelo Dark.
Classificação dos Grupos
Grupos População Emissões kg CO2/Ano
Verde Light 36% 18.443 5.344.710 7,2%
Vermelho Light 33% 16.938 4.879.350 6,6%
Verde Dark 12% 6.278 24.155.833 32,8%
Amarelo Dark 8% 4.260 17.204.185 23,3%
Vermelho Dark 11% 5.811 22.166.989 30,1%
Verde Light : São os que têm consciência de que é importante ter cuidado com o meio
ambiente de maneira geral, e que colaboram minimamente com emissões de CO2. Estes
representam mais de um terço da população, e são responsáveis por apenas 7,2 % das
emissões de CO2 em transporte. Este grupo é resultado da combinação dos cruzamentos
de emissores de 0 a 899 kg de CO2/ano com os Heavy ECOs e Medium ECOs.
Vermelho Light : São os que não possuem nenhuma consciência da importância dos
cuidados com o meio ambiente, e que colaboram minimamente com emissões de CO2.
Estes representam um terço da população, e são responsáveis por apenas 6,6 % das
emissões de CO2 em transporte. Este grupo é resultado da combinação dos cruzamentos
de emissores de 900 ou mais kg de CO2/ano com os Neutro ECOs e Not ECOs.
Verde Dark : São os que têm consciência de que é importante ter cuidado com o meio
ambiente de maneira geral, e que colaboram fortemente com emissões de CO2. Estes
representam apenas 12% da população, porém são responsáveis por quase um terço das
emissões de CO2 em transporte. Este grupo é resultado da combinação dos cruzamentos
de emissores de 900 ou mais kg de CO2/ano com os Heavy ECOs.
Amarelo Dark : São os que têm alguma consciência de que é importante ter cuidado
com o meio ambiente de maneira geral, e que colaboram fortemente com emissões de
CO2. Estes representam apenas 8% da população, e são responsáveis por quase um
quarto das emissões de CO2 em transporte. Este grupo é resultado da combinação dos
cruzamentos de emissores de 900 ou mais kg de CO2/ano com os Medium ECOs.
Vermelho Dark : São os que não têm nenhuma consciência de que é importante ter
cuidado com o meio ambiente, e que colaboram fortemente com emissões de CO2. Estes
representam apenas 11% da população, porém são responsáveis por quase um terço das
emissões de CO2 em transporte. Este grupo é resultado da combinação dos cruzamentos
de emissores de 900 ou mais kg de CO2/ano com os Neutro ECOs e Not ECOs.
Menos de um terço da população analisada é emissora da maior quantidade de CO2, sendo
responsável por 85% dessas emissões, considerando os meios de locomoção utilizados.
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4. RESULTADOS
Ao criar os grupos baseados nas frases, foi possível fazer uma comparação com outros
países latino americanos, tendo em vista que o estudo utilizado é feito de maneira
harmonizada em 8 países. Neste comparativo vimos que o Brasil se destaca entre os 7
países, sendo o país com maior percentual de pessoas que pensam de modo mais
ecológico. Em oposição ao Brasil estão o México e a Venezuela onde mais de 30% dos
pesquisados dizem não concordar com pensamentos ambientalistas, os Not ECOs.
DISTRIBUIÇÃO DOS GRUPOS POR PAÍS
Total Argentina Brasil Chile Colômbia Equador México Peru Venezuela
Total 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100%
Heavy
ECO
23% 13% 31% 17% 12% 13% 23% 16% 12%
Medium
ECO
28% 31% 28% 34% 25% 37% 25% 36% 29%
Neutro
ECO
20% 27% 14% 26% 42% 21% 19% 19% 24%
Not ECO 28% 27% 26% 22% 20% 28% 32% 28% 31%
Target Group Index Latina 2009
Diferente do que nosso senso comum poderia nos apontar, no Brasil,os mais velhos de 35 a
64 anos são os que mais estão de acordo com pensamentos sustentáveis, e os mais jovens
de 20 a 34 neste grupo dos Heavy ECOs representam menos de ¼ da faixa etária.
DISTRIBUIÇÃO DOS GRUPOS POR FAIXA ETÁRIA - BRASIL
20 - 24
anos
25 - 34
anos
35 - 44
anos
45 - 54
anos
55 - 64
anos
Heavy ECOs 21% 24% 32% 34% 31%
Medium ECOs 27% 28% 26% 27% 25%
Neutro ECO 24% 17% 15% 13% 17%
Not ECO 28% 29% 26% 25% 25%
Target Group Index Brasil 2009
Ainda sobre as frases, no caso do Brasil, foi possível acompanhar a evolução dos níveis de
concordância de 6 frases utilizadas neste estudo, para os períodos de 2004 e 2009. Vimos
também que a percepção econômica da população variou nestes anos. Percebemos que
existe uma tendência de queda, cerca de 23% em relação à concordância com as frases,
enquanto o crescimento do otimismo econômico individual cresce em quase 50%.
ABEP – Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa 13
Trabalho apresentado no 4º Congresso Brasileiro de Pesquisa 2010
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Target Group Index Brasil 2004-2009
4.1 Combustíveis utilizados
Apesar de concordarem com pensamentos sustentáveis, na hora de abastecerem seus
carros, os Heavy ECOs ainda não dão preferência aos combustíveis menos poluentes, a
gasolina é a primeira opção. Porém quando comparamos com os outros grupos, notamos
que o álcool é utilizado por um terço dos Heavy ECOs.
COMBUSTÍVEIS USADOS
TOTAL Álcool Gasolina Outros
Heavy ECO 100% 33% 80% 6%
Medium ECO 100% 28% 84% 7%
Neutro ECO 100% 28% 83% 5%
Not ECO 100% 25% 84% 7%
Entre os que compram combustível frequentemente. Resposta Múltipla
Fazendo uma análise mais detalhada dos grupos criados, confirmamos o que o senso
comum nos indicava, as classes sócio econômicas mais altas são as que mais impactam o
meio ambiente com emissões CO2. Em contrapartida, nestas classes também estão
aqueles que demonstram terem maior nível de consciência sobre a preservação do meio
ambiente.
ABEP – Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa 14
Trabalho apresentado no 4º Congresso Brasileiro de Pesquisa 2010
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4.2 Segmentos X Classes
Fazendo a segmentação, vimos que mais de 76% dos Verdes Dark estão nas classes AB.
Como as pessoas destas classes têm um nível de vida mais elevado, incluindo o nível
educacional, podemos inferir que elas teriam mais chance de mudar o estilo de vida e até
mesmo de atuar como influenciadoras.
S E GME NTOS X C L AS S E S
AB
C
DE
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Verde Dark Amarelo Dark Vermelho
Dark
Verde L ight Vermelho
L ig ht
4.3 Comparativo entre mercados brasileiros
Alguns mercados se mostram mais Lights e, portanto menos emissores, Salvador, Fortaleza
e Recife são as praças onde encontramos menores índices de emissão. Por outro lado,
Brasília, Curitiba, São Paulo e Belo Horizonte, os segmentos Darks têm os maiores índices.
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Brasília
Belo
Horizonte
Curitiba Fortaleza
Porto
Alegre
Recife
Rio de
Janeiro
Salvador São Paulo
LIGHT
Verde 90 95 99 108 105 105 116 128 98
Vermelho 73 90 68 124 90 123 104 89 90
DARK
Verde 132 94 153 74 120 63 80 94 121
Amarelo 132 111 124 55 95 68 72 70 106
Vermelho 147 133 118 67 102 74 81 71 107
4.4 Índices de emissão X Posições profissionais
A análise dos grupos por posições profissionais, nos aponta que os ocupantes dos altos
cargos são responsáveis pelos maiores índices de emissões , em contrapartida, também
são os indivíduos com a maior consciência ambiental. Esta “favorabilidade” pode refletir na
disseminação da consciência ambiental entre os subordinados e pares levando-os à práticas
sustentáveis.
Manutenção/
Segurança/
Operário
Artesanato/
serviço
doméstico/
ambulante
Administrativo
(assistente,
secretário)
Técnico/
Mecânico
Média/ Baixa
gerência
Diretor/
Administração
Superior
Profissional
liberal ou
Prestador de
serviço
Não
trabalha
LIGHT
Verde 98 114 92 98 64 74 69 107
Vermelho 120 128 61 66 54 40 37 115
DARK
Verde 66 52 159 143 182 191 250 79
Amarelo 78 59 141 130 245 199 188 74
Vermelho 103 63 147 137 148 180 162 74
4.5 Análise comparativa entre os grupos
Reunidos, os segmentos Darks representam menos de um terço da população analisada, no
entanto são os indivíduos com os maiores índices de emissão de CO2, 85%. No sentido
contrário os segmentos Lights são responsáveis pela emissão de 15% de CO2.
Analisando os segmentos Light, percebemos que os Verde Lights têm a responsabilidade
de 7,2% dessas emissões. Considerando a hipótese de que o Verde Light seria o segmento
ideal, podemos definir um limite de emissões para cada indivíduo utilizando seus
indicadores como parâmetro, desta forma o volume aceitável de emissões seria de no
máximo 5,3 toneladas/ano. Seguindo esta linha de pensamento, os indivíduos classificados
como Verde Dark deveriam ter como meta uma redução nas emissões em torno de 78%,
ABEP – Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa 16
Trabalho apresentado no 4º Congresso Brasileiro de Pesquisa 2010
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para se tornarem Verdes Light. Já os Amarelos Dark e os Vermelhos Dark deveriam reduzir
as emissões em 69% e 76% respectivamente.
Considerando que os segmentos Vermelhos e Amarelos têm menor consciência ambiental,
acreditamos que estes indivíduos teriam maior dificuldade em mudar o seu status nesta
escala, pois para reduzirem as suas emissões o primeiro passo seria mudar a maneira de
pensar.
Segmentos População
Emissões kg
CO2/Ano
Verde Light 36% 18.443 5.344.710 7,2%
Vermelho Light 33% 16.938 4.879.350 6,6%
Verde Dark 12% 6.278 24.155.833 32,8%
Amarelo Dark 8% 4.260 17.204.185 23,3%
Vermelho Dark 11% 5.811 22.166.989 30,1%
4.6 Responsabilidade social
Os indivíduos inseridos no segmento Verde Dark também se destacam por se manifestarem
como mais socialmente responsáveis. Quando submetidos a frases de cunho social, os
participantes deste segmento são os que se manifestam mais socialmente responsáveis,
seguidos dos Verdes Light.
total
Verde Light
Vermelho
Light
Verde
Dark
Amarelo
Dark
Vermelho
Dark
Sempre prefiro aquelas empresas
que se comprometem a combater
as desigualdades sociais: Concorda
Totalmente/Parcialmente
100 116 83 130 92 73
Prefiro produtos de empresas que
apoiam projetos sociais e culturais:
Concorda Totalmente/Parcialmente
100 122 73 135 107 70
As pessoas deveriam ajudar mais a
resolver os problemas sociais:
Concorda Totalmente/Parcialmente
100 107 89 113 104 91
Eu estou disposto a trabalhar como
voluntário para uma causa nobre:
Concorda Totalmente/Parcialmente
100 118 80 125 97 78
O mundo é dos mais espertos:
Discorda Totalmente/Parcialmente
100 100 82 141 106 105
Eu me preocupo primeiro comigo
depois com os outros: Discorda
Totalmente/Parcialmente
100 106 91 115 91 97
ABEP – Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa 17
Trabalho apresentado no 4º Congresso Brasileiro de Pesquisa 2010
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5. CONCLUSÃO
Reconhecemos a dificuldade de estabelecer métricas objetivas e universais para
mensuração de emissão de CO2 para indivíduos diferentes. Seguramente, a
definição e adoção destas métricas vão requerer elementos técnicos que
extrapolam a especialidade de pesquisa de mercado ou opinião. Mesmo com
essas dificuldades, os resultados alcançados neste trabalho nos mostram que o
uso dos indicadores de emissão CO2 reconhecidos pelos organismos
internacionais, combinados aos resultados de pesquisas de opiniões da população
refletem um retrato mais próximo do comportamento do brasileiro no que tange
à sustentabilidade.
A segmentação feita neste trabalho permite identificar a posição do indivíduo nos
quesitos emissão de CO2 e forma de pensar. Analisando os resultados obtidos,
vimos que os indivíduos de níveis socioeconômicos mais altos são os que mais
consomem e, naturalmente são os maiores emissores. Por outro lado, estes
mesmos indivíduos fazem parte do grupo mais consciente nas questões
relacionadas à sustentabilidade, portanto com maior potencial para pagar mais
por produtos sustentáveis.
Retratos como este, podem servir como guia no direcionamento de lançamento
de produtos sustentáveis com custo maior, viabilizando economia de escala em
médio prazo e a conseqüente expansão para o mercado de massa.
Este trabalho é o primeiro ensaio no esforço para utilização dos indicadores
oficiais de emissão de CO2 atrelados aos resultados de pesquisa de
opinião/mercado. Novos estudos serão necessários para aprimorar o conceito e a
aplicabilidade da segmentação proposta.
Acreditamos que os institutos de pesquisa devem investir na busca de diferentes
indicadores, para atender às novas demandas deste mercado que vem surgindo
com a adoção de práticas sustentáveis.
ABEP – Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa 18
Trabalho apresentado no 4º Congresso Brasileiro de Pesquisa 2010
São Paulo – 2010 – www.abep.org
BIBLIOGRAFIA
Cabral, Marcelo & Scrivano, Roberta. Brasil lidera em regras ambientais. Jornal
Brasil Econômico. 8 de janeiro de 2010.
Caminhos para uma economia de baixa emissão de carbono no Brasil. Mckinsey
& Company. 2009
Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas.
Sustentabilidade empresarial. Informações disponíveis no site www.ces.fgvsp.br
Relatório Brundtlandt. Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e
Desenvolvimento. Organização das Nações Unidas. 1987
WRI – World Resources Institute. Climate Analysis Indicators Tool (CAIT),
version 6.0, 2009. Country Profiles. http://cait.wri.org
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Trabalho apresentado no 4º Congresso Brasileiro de Pesquisa 2010
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ANEXO 1
1972
Estocolmo, na Suécia: ONU organiza 1ª conferência para discussões sobre o meio ambiente, com
113 países e mais de 400 ONGs. Criação do Programa da ONU para o Meio Ambiente (PNUMA). A
tese de desenvolvimento sustentável apareceu pela primeira vez como saída para a resolução do
dilema “meio ambiente versus crescimento”.
1983
Estados Unidos: Agência de Proteção Ambiental conclui que os gases que provocam o efeito
estufa levariam o planeta ao aquecimento global. O CO2 se transformou em inimigo público do
meio ambiente e ameaça à civilização.
1987
Relatório Brundtland elaborado elaborado pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento, criada pela Assembléia das Nações Unidas da ONU, estabeleceu os
compromissos no zelo com as gerações futuras e popularizou a expressão “desenvolvimento
sustentável”.
1988
EUA: Criação do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC - Intergovernmental
Panel on Climate Change).
1992
Rio de Janeiro: Conferência da ONU sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Rio 92. Resultou
em uma série de tratados balizadores dos cuidados ambientais, o mais conhecido é a Agenda
21, o qual estabelece, em escala planetária, um novo padrão de desenvolvimento, sendo
assinado por 179 países.
1995
Berlim: Primeira Conferência das Partes. É firmado o Mandato de Berlim onde países
industrializados assumem maiores compromissos com a redução de emissões de gases do efeito
estufa. O IPCC publicou seu segundo relatório, o primeiro de grande repercussão, sugere que a
influência humana no clima mundial é perceptível.
1997
Kyoto, Japão : Abertura de um protocolo para assinaturas de países que se comprometeram a
reduzir as emissões de gases nocivos em pelo menos 5% no período entre 2008 e 2012.
1998
O sociólogo inglês John Elkington lança a idéia do conceito “triple bottom line”, com a tese de que
todo negócio deve observar seus impactos ambientais, sociais e econômicos. Os empresários
passam a entender que não há mais como ficar distante das preocupações relacionadas à
sustentabilidade. A criação do Instituto Ethos, no Brasil, neste mesmo ano reforça o movimento.
1999
Nova York, EUA: Surge o Índice de Sustentabilidade Dow Jones. Ao monitorar o desempenho das
empresas que cuidam do meio ambiente, o índice estabeleceu a ponte entre bons negócios e
decisões verdes.
Amsterdã, Holanda: Lançada a primeira versão das Diretrizes para Relatórios de
Sustentabilidade da GRI – Global Reporting Initiative, uma organização não-governamental
internacional, cuja missão é desenvolver e disseminar globalmente diretrizes para elaboração de
relatórios de sustentabilidade utilizados voluntariamente por empresas no mundo todo.
2000
Assinada a Declaração do Milênio, plano de ações de sustentabilidade e erradicação da pobreza a
serem atingidos até 2015, pelo então secretário geral da ONU, Kofi Annan, com compromissos de
desenvolvimento sustentável.
2001
Divulgação do novo relatório do IPCC indica, com imensa repercussão, que grande parte do
aquecimento global observado nos últimos cinquenta anos pode ser atribuída à atividade humana.
2002
Johannesburgo, Africa do Sul: Rio 92+10 Conferência da ONU fez um balanço dos progressos e
fracassos após os dez anos da Rio92. Um dos resultados foi a ênfase no padrão de consumo
como um dos fatores chave para a sustentabilidade. Foi lançado o conceito de “produção e
consumo sustentável”.
2005
Ratificação do Protocolo de Kyoto determina redução, em média, de 5% da emissão de gases que
provocam o efeito estufa até 2012, a partir das taxas de 1990. Governo dos EUA se recusa a
assinar o acordo. O protocolo cria o mercado de créditos de carbono. No Brasil, a Bovespa lança
o Índice de Sustentabilidade Empresarial, inspirado no Índice Dow Jones de Sustentabilidade,
criado em 1999, em Nova York.
2007
Novo relatório de cientistas no IPCC não deixa dúvidas ao afirmar que o aquecimento global se
deve à intervenção humana sobre o planeta.
2008
Empresas brasileiras aderem ao Protocolo de Gases do Efeito Estufa (GHG Protocol), programa
em vigor no mundo desde 2001 que estabelece uma metodologia para medição de emissões,
após treinamentos, ao longo de um ano, 22 companhias nacionais publicam seus inventários.
2009
Acontece em Copenhague a 15a. Conferência das Partes (COP 15), um dos encontros ambientais
mais importantes de todos os tempos. Representantes discutem um novo pacto para conter as
mudanças climáticas. È o maior encontro sobre o tema desde o Protocolo de Kyoto. A reunião
sobre mudança climática de Copenhague na opinião dos especialistas foi um grande fracasso.
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL - LINHA DO TEMPO
ABEP – Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa 20
Trabalho apresentado no 4º Congresso Brasileiro de Pesquisa 2010
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ANEXO 2
O Estudo TARGET GROUP INDEX é um estudo “single-source” que avalia
consumo dos meios e veículos de comunicação, Uso de Produtos,
Comportamentos e Atitudes da população adulta de um país, criado pela BMRB –
Britsh Market Research Bureau da Inglaterra e licenciado por Kantar Media
Research (KMR) dos Estados Unidos da América.
Na América Latina é realizado na Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Equador,
México, Peru e Venezuela.
Em cada país a amostra busca retratar as seguintes regiões:
•Argentina - Buenos Aires/Córdoba, Cuyo/NOA, Litoral, Sur e Capital Federal /
GBA.
• Brasil - Brasília (D.F.) , Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza, Porto Alegre,
Recife , Rio de Janeiro , Salvador, São Paulo, São Paulo (Interior) e
• Sul/Sudeste (Interior).
• Chile - Greater Santiago.
• Colômbia - Bogotá, Medellín, Cali, Barranquilla, Bucaramanga e Pereira.
• Equador - Guayaquil e Quito.
• México - México City (D.F.), Guadalajara, Monterrey e Consolidado de 25
cidades.
• Peru – Lima.
• Venezuela – Caracas, Maracaibo, Barquisimeto, Valencia, Maracay Puerto
la Cruz/Barcelona.
Em 2009 o número de entrevistas para cada país foi de: Argentina, 10.215;
Brasil, 19.456; Chile, 3506; Colômbia, 7018; Equador, 2.002; México, 12.429;
Peru, 3.000 e Venezuela; 2.339.
Para as analises feitas neste paper, foi considerada exclusivamente a população
de 20-64 anos.
ABEP – Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa 21
Trabalho apresentado no 4º Congresso Brasileiro de Pesquisa 2010
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Critério Brasil de Sustentabilidade analisa emissões de CO2 e engajamento com a sustentabilidade

  • 1. JOANITA LOPES RENATO TEIXEIRA ROBERTO LOBL CRITÉRIO BRASIL DE SUSTENTABILIDADE Trabalho apresentado no 4º Congresso Brasileiro de Pesquisa – Mercado, Opinião e Mídia em 2010. SÃO PAULO MARÇO DE 2010
  • 2. ABEP – Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa 2 Trabalho apresentado no 4º Congresso Brasileiro de Pesquisa 2010 São Paulo – 2010 – www.abep.org SUMÁRIO 1.INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3 1.1 Critério de Sustentabilidade .............................................................................................................. 4 2. OBJETIVOS DE TRABALHO............................................................................................................. 6 3. METODOLOGIA ................................................................................................................................. 7 3.1 Emissões individuais ......................................................................................................................... 7 3.2 Volume de emissões CO2 em 12 meses.......................................................................................... 8 3.3 Engajamento com a sustentabilidade ............................................................................................... 9 3.4 Classificação dos grupos .................................................................................................................. 9 3.5 Segmentação .................................................................................................................................. 10 4. RESULTADOS.................................................................................................................................. 12 4.1 Combustíveis utilizados................................................................................................................... 13 4.2 Segmentos x Classes...................................................................................................................... 14 4.3 Comparativo entre mercados brasileiros ........................................................................................ 14 4.4 Índices de emissão X Posições profissionais ................................................................................. 15 4.5 Análise comparativa entre os grupos.............................................................................................. 15 4.6 Responsabilidade social.................................................................................................................. 16 5. CONCLUSÃO .................................................................................................................................. 17 ANEXOS
  • 3. ABEP – Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa 3 Trabalho apresentado no 4º Congresso Brasileiro de Pesquisa 2010 São Paulo – 2010 – www.abep.org 1. INTRODUÇÃO A sustentabilidade se tornou um dos fundamentos da sociedade, estando intimamente ligada ao desenvolvimento sustentável. Os trabalhos publicados sobre o tema deixam claro que a sustentabilidade e o desenvolvimento sustentável não podem caminhar de forma desassociada, pois eles se inter-relacionam se apóiam e se equilibram a fim de tornar possível a integração e a harmonização das idéias e conceitos relacionados ao crescimento econômico, a justiça e ao bem estar social, a conservação ambiental e a utilização racional dos recursos naturais. Ser sustentável é definido como ser ecologicamente correto, economicamente viável, socialmente justo e culturalmente aceito. De acordo com o Relatório Brundtland, “Sustentável é o desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades”. O conceito de desenvolvimento sustentável ainda não alcançou um consenso, ele vem sendo construído ao longo do tempo (ANEXO 1). A sustentabilidade também está essencialmente relacionada a projetos de reduções de emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE). Esta afirmação consta no Protocolo de Kyoto. Ele prevê que, no período entre 2008 e 2012, chamado de primeiro período de comprometimento, os países desenvolvidos reduzam suas emissões em 5,2% em relação aos níveis medidos em 1990. Essa meta representa, aproximadamente, uma redução mundial nas emissões de 200 milhões de toneladas de carbono por ano. Muitos cientistas e responsáveis por políticas públicas acreditam que limitar a elevação da temperatura média global a 2oC é um objetivo fundamental, pois esse limite representa um marco a partir do qual as implicações do aquecimento global tornam-se muito sérias. Para cumprir essas metas ambiciosas de redução de GEE, os agentes fundamentais desta operação são o governo, as empresas e os cidadãos. O governo é responsável pelo desenvolvimento e implantação de políticas e programas em prol de uma sociedade sustentável. Neste quesito, o Brasil já desponta com uma das melhores legislações de regras ambientais do mundo, conforme afirmam Cabral & Scrivano. As empresas também já estão adotando um modelo de gestão sustentável. Neste novo modelo, passam a ser consideradas como bem sucedidas empresas que, além de gerar bons resultados do ponto de vista econômico, gerenciam o impacto do negócio sobre o meio ambiente. Enquanto o governo e as empresas caminham bem, rumo à implantação de ações que garantem um mundo sustentável, o que dizer das ações dos cidadãos? As pesquisas de opinião apontam que os brasileiros prestam atenção nas empresas que se preocupam com o meio ambiente. E muitos estão dispostos a pagar mais caro por um produto no caso de o valor ser destinado a projetos de proteção do meio ambiente. Porém, embora o consumidor tenha o respeito ao meio ambiente, isto se dá mais como uma percepção, ou mera vontade do que como prática
  • 4. ABEP – Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa 4 Trabalho apresentado no 4º Congresso Brasileiro de Pesquisa 2010 São Paulo – 2010 – www.abep.org real do cotidiano. Essa atitude do cidadão se revela uma ameaça, pois a ação individual tem um papel fundamental na garantia de um mundo sustentável. 1.1 Critérios de sustentabilidade Um dos principais desafios para um planeta sustentável é a diminuição das emissões de gases que causam o efeito estufa, como o CO2, CH4, N2O, PFC, HFC e SF6. Desde a criação nos Estados Unidos do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC - Intergovernmental Panel on Climate Change) governos e diversas organizações do mundo passaram a estudar formas de medir e acompanhar as emissões destes gases, e mais recentemente as empresas passaram a fazer suas medições elaborando seus próprios inventários, com a preocupação de reduzir sua parcela de responsabilidade das emissões nocivas ao meio ambiente, principais causadores das mudanças climáticas. A WRI - World Resource Institute, uma das principais organizações na produção de indicadores de emissões, aponta o CO2 como o principal gás, na dos GEE, com uma taxa de 71,4% na composição. Gas MtCO2e % CO2 23,719.5 71.4 CH4 6,020.2 18.1 N2O 3,113.8 9.4 PFC 81.3 0.2 HFC 259.2 0.8 SF6 39.5 0.1 Total 33,233.5 WRI - Total GHG Emissions by Gas in 2000 Na divulgação no último ranking da WRI, o Brasil aparece como o sexto maior emissor do mundo, sendo responsável por 6,9% das emissões de GEE atuais, ficando atrás apenas da China, USA, Rússia, Índia e Japão. Os dados levantados pelo WRI são importantes para avaliações comparativas globais, tornando possível a distribuição de responsabilidade entre os países. No Brasil, o principal indicador é o Inventário Nacional de Emissões. A primeira edição foi publicada em 2006 e a segunda edição está prevista para ser divulgada em 2011. Baseando-se nos dados da primeira edição do Inventário, a Mckinsey publicou um relatório com os indicadores sumarizados, indicando que “os setores mais relevantes para o Brasil, tanto em termos de emissões, como em oportunidades de abatimento, estão relacionados ao uso da terra (agricultura e floresta) e aos meios de transportes. O setor de transporte rodoviário, definido como as emissões de frota nacional de veículos leves (carros de passageiros) e veículos comerciais leves e veículos pesados, responde por 6% das emissões brasileiras de GEE atuais. Na média global, o setor também é o segundo mais
  • 5. ABEP – Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa 5 Trabalho apresentado no 4º Congresso Brasileiro de Pesquisa 2010 São Paulo – 2010 – www.abep.org relevante, respondendo por 13% dessas emissões. O setor industrial (cimento, siderurgia, produtos químicos, petróleo e gás, etc.) representa cerca de 13% das emissões. As edificações e tratamento de resíduos, são responsáveis por 3% das emissões brasileiras”. O uso de critérios de sustentabilidade já é uma realidade. A cada dia cresce o uso de indicadores de sustentabilidade para avaliação de negócios. A criação do Índice de Sustentabilidade Empresarial da Bovespa, crescimento da quantidade de fundos de investimento nacionais socialmente responsáveis, bem como as diretrizes internacionais e índices específicos, como o Dow Jones Sustainability Index, dentre outras inúmeras iniciativas, sinalizam a nova tendência no mundo dos negócios. Para conhecer o quanto emite e assim contribuir com o combate à alteração do clima pela redução de emissões, as empresas realizam inventários de GEE, que são levantamentos das fontes, quantidades e atividades diretas e indiretas da instituição que geram gases do efeito estufa, ressalta o Centro de Estudos em Sustentabilidade da FGV. A metodologia mais utilizada no mundo para isso é o GHG Protocol, cujo Programa Brasileiro é coordenado pelo Centro de Estudo de Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas, em parceria o World Resources Institute (WRI), Ministerio do Meio Ambiente (MMA) e outras organizações. Admite-se que cada vez mais, com o passar do tempo, as marcas líderes só vão permanecer como tal se também forem reconhecidas como líderes da responsabilidade corporativa, portanto as empresas cada vez mais vão utilizar os indicadores de sustentabilidade para se diferenciar no mercado. Enquanto os critérios para medição da sustentabilidade para instituições, cidades, países estão sendo desenvolvidos, a vertente individual, ou seja, a sustentabilidade vista sob a dimensão do indivíduo, tem recebida pouca atenção dos organismos da sociedade. Não existe um inventário de emissões de GEE para saber o quanto cada indivíduo é responsável pelo volume lançado na atmosfera, levando em consideração o seu estilo de vida. As pesquisas de opinião avaliam o engajamento e o envolvimento com tema sustentabilidade, porém não fazem relação à emissão de GEE. Os critérios existentes hoje para a análise de emissão per capita também são oriundos da WRI. Para realizar a medição, leva-se em consideração toda e qualquer emissão de CO2, ou seja, os cálculos são baseados no volume total de emissão do país dividido pelo número de habitantes, não contabilizando os hábitos individuais e nem as diferenças regionais. Na nossa avaliação, o indicador de emissão referente aos transportes é o que mais se aproxima aos hábitos do indivíduo, pois a sua interferência pode representar uma variação significativa nas taxas de emissão de CO2 de um país. Porém, é preciso lembrar que no Brasil os transportes da indústria e do comércio são feitos prioritariamente por rodovias, e estes não dependem da vontade do indivíduo. Mesmo assim ainda estaríamos falando em valor médio por indivíduo, e cada indivíduo colabora de maneira diferente. Um morador do sertão de Pernambuco e um da cidade de São Paulo provavelmente são responsáveis por
  • 6. ABEP – Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa 6 Trabalho apresentado no 4º Congresso Brasileiro de Pesquisa 2010 São Paulo – 2010 – www.abep.org volumes de CO2 muito distintos. Essas diferenças são muito importantes na construção de um critério. Segundo dados do CAIT, elaborados pelo World Resources Institute - WRI, cada brasileiro é responsável pela emissão de 1,9 toneladas de CO2 no meio ambiente. O transporte é o principal emissor de CO2 per capita 0,7 toneladas/ano. Total de Emissões de CO2 – 2006 – Brasil MtCO2 % Global Ton CO2 per capita Eletricidade 59,1 0,46% 0,3 Manufatura/Construção 98,2 1,79% 0,5 Transportes 140,8 2,57% 0,7 Combustão (outros óleos) 34,3 1,06% 0,2 Processos Industriais 19,7 1,55% 0,1 Fonte: WRI - GHG Intensity of Economy in 2006 Somos mais de 6 bilhões de habitantes no planeta e para construirmos uma sociedade sustentável cada um de nós tem que ter em mente o quanto o nosso estilo de vida contribui para a emissão de GEE e consequentemente para a degradação do meio ambiente. Não basta o indivíduo cobrar ações do governo e das empresas, ele também tem que fazer a sua parte na redução dos gases de efeito estufa. Portanto, é essencial que se crie métricas para uma avaliação sustentável do indivíduo, encorajando o cidadão a obter informação e agir em resposta a crise climática, de um ponto de vista prático, ou seja, buscando a redução de gases de efeito estufa, a principal causa para o aquecimento global. 2. OBJETIVOS DO TRABALHO As empresas de pesquisa têm um papel fundamental nesta fase da discussão social sobre a sustentabilidade, suas avaliações podem colaborar para: • direcionamento das ações de sustentabilidade, em nível social e político; • direcionamento de ações de sustentabilidade da indústria de produtos e serviços; • na identificação de oportunidades de negócios relacionadas a sustentabilidade e, • na avaliação de desempenho de produtos e marcas sustentáveis. É importante a criação de métricas para mensuração de ações de sustentabilidade do cidadão, pois acreditamos que os indivíduos, independente de sua esfera de atuação, são os beneficiários finais e mais importantes em qualquer ação para aumentar o engajamento à sustentabilidade e, também porque existem dimensões importantes na relação dos
  • 7. ABEP – Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa 7 Trabalho apresentado no 4º Congresso Brasileiro de Pesquisa 2010 São Paulo – 2010 – www.abep.org indivíduos com a sustentabilidade que merecem ser exploradas e podem fornecer elementos para ações efetivas. Partindo destas premissas, o objetivo deste trabalho é contribuir para identificar na população brasileira grupos mais e menos sustentáveis, que sirvam como ferramenta para acompanhamento dos comportamentos sustentáveis, baseados em indicadores de emissão de CO2, combinados com as opiniões e atitudes dos indivíduos pesquisados. 3. METODOLOGIA Para realizar a pesquisa referente aos indicadores de emissão CO2 consideramos a avaliação apenas dos meios de transporte utilizados pelos cidadãos brasileiros para locomoção. Esta escolha se baseou no fato do transporte ser considerado o principal emissor de CO2 per capita. Os cálculos de emissão foram realizados com base nos fatores utilizados pelo IPCC. Para fazermos a combinação com os indicadores das emissões, utilizamos as informações da base de dados do Target Group Index, um estudo single source realizado no Brasil de maneira continua desde 1999 (ANEXO2). Foram utilizados dados referentes ao tempo diário gasto nos meios de transporte: táxi, metrô, ônibus e trem. Além destas informações, utilizamos os dados referentes ao tipo de combustível consumido nos últimos 12 meses e o volume de litros consumidos nos últimos 7 dias para o cálculo das emissões de carros. Também incluímos no estudo informações sobre a quantidade de viagens de avião, lugares visitados no Brasil e no exterior nos últimos 12 meses. Para criação da metodologia também consideramos as opiniões da população frente às ações sustentáveis. Para tanto, elegemos 10 frases do estudo Target Group Index que mostram a forma de pensar do brasileiro referente ao assunto. Com a combinação das emissões e a forma de pensar de cada brasileiro, foi possível classificar a população brasileira em 5 grupos, que vão do mais sustentável ao menos sustentável. 3.1 Emissões individuais Meios de Transporte Com as informações do tempo médio gasto diariamente nas viagens em ônibus, metrô, trem e táxi, e a quantidade de CO2 emitidas por cada tipo de veículo, segundo relatórios do IPCC, foi possível calcular as emissões por meio de transporte por indivíduo, e agregar estas informações à base de dados.
  • 8. ABEP – Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa 8 Trabalho apresentado no 4º Congresso Brasileiro de Pesquisa 2010 São Paulo – 2010 – www.abep.org Meio de Transporte CO2 /Hora Metrô/ Trem 0,000003 Ônibus 0,088 Taxi 0,25 Avião Os dados sobre destinos de viagens serviram para o cálculo da quilometragem média por indivíduo para viagens nacionais e para viagens internacionais. Para cada indivíduo foi calculado o valor de CO2 emitido no ano, com base nos valores de emissão por km para trechos nacionais e internacionais foi possível chegar aos valores emitidos por indivíduos/ano. Viagem KM kg de CO2 kg de CO2/KM Nacional 1.600 156,8 0,098 Internacional 20.000 2.220 0,111 Fonte: http://www.keyassociados.com.br/pt-br/calculadora_carbono.php Carro Com base nas informações sobre tipo e quantidade de combustível que cada respondente consumiu na última semana, e com os valores de emissões de CO2 por tipo de combustível definidos pela DEFRA, foi possível atribuir a quantidade de gás emitida por indivíduo que utiliza automóvel. Combustível Kg de Co2 Gasolina 2,32 Litro Álcool 1,53 Litro Diesel 2,63 Litro GNV* 1,22 Kg Fonte: DEFRA (2007) Act on CO2 Calculator - June 2007 3.2 Volume de emissões CO2 em 12 meses Com a combinação de todas estas informações foi possível agrupar os indivíduos por volumes de emissões de CO2 referentes ao uso dos meios de transporte. Na tabela percebemos que quase um quarto da população estudada não colabora com este tipo de emissão. Já aqueles que emitem de 1 kg até 899 kg, estes são 45% da população pesquisada.
  • 9. ABEP – Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa 9 Trabalho apresentado no 4º Congresso Brasileiro de Pesquisa 2010 São Paulo – 2010 – www.abep.org Emissões de CO2 - 12 meses Total 100% 0 Kg 24% entre 1 até 899 Kg 45% entre 900 até 1799 Kg 4% entre 1800 até 3599 Kg 12% Mais de 3600 Kg 16% Fonte: Processamento especial do Target Group Index Brasil 2009 3.3 Engajamento com a sustentabilidade De acordo com o grau de concordância com as frases escolhidas na base de dados do Target Group Index, os indivíduos foram agrupados em segmentos mais sustentáveis ou menos sustentáveis, levando-se em consideração a forma de pensar. As frases utilizadas para este estudo foram: • Reciclar é um dever de todos • Faço um esforço consciente para reciclar • Estou disposto a mudar o meu estilo de vida para beneficiar o meio ambiente • Eu me preocupo com a poluição e o congestionamento causado pelos automóveis • Estaria disposto a pagar mais por um produto que seja saudável para o meio ambiente • Quando é possível compro produtos e artigos produzidos em meu próprio país • Meu carro só está aqui para me levar de um lugar a outro • Eu gosto de entender sobre a natureza • Não creio que a preocupação com o meio ambiente seja excessiva • Tenho muito interesse com a proteção do meio ambiente 3.4 Classificação dos grupos Os indivíduos que concordam totalmente ou parcialmente com 8 a 10 destas frases foram classificados como Heavy Ecos, ou seja, indivíduos com opiniões mais engajadas. Aqueles que concordam totalmente ou em parte com 5 a 7 destas frases, excluindo os que discordam totalmente ou parcialmente com 2 ou mais frases foram chamados de Medium Eco, são aqueles que têm uma preocupação mediana com o tema de sustentabilidade.
  • 10. ABEP – Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa 10 Trabalho apresentado no 4º Congresso Brasileiro de Pesquisa 2010 São Paulo – 2010 – www.abep.org As pessoas que se manifestam indiferentes com 4 a 10 frases, excluindo os Heavy e Medium, foram chamados de Neutros. Por fim, os que discordam totalmente ou em parte com 2 a 10 frases foram chamados de Not Ecos, são aqueles que não têm preocupação com a sustentabilidade. Com este agrupamento, obtivemos como resultado que mais de um quarto da população concorda com a maior parte dos conceitos sustentáveis sugeridos. GRUPOS ECO Heavy ECOs 26% Medium ECOs 27% Neutro 19% Not ECOs 27% Fonte: Processamento especial do Target Group Index Brasil 2009 3.5 Segmentação Para segmentar o universo em relação à forma de pensar e de agir, isolamos cada grupo de indivíduos (Heavy, Medium, Neutro e Not ECO), e em cada um deles subdividimos os grupos de acordo com os volumes de CO2 emitido. Para isso fizemos um processamento especial da base de dados do Target Group Index na qual foram inseridos os valores de emissão de CO2 por indivíduo. O cruzamento das duas informações resultou na matriz representada abaixo, que nos possibilitou a criação de 5 grupos. VOLUMES DE CO2 EMITIDOS NO TRANSPORTE TOTA L 0 Kg 1 kg – 899 Kg 900 kg - 1.799 Kg 1.800 kg - 3.599 Kg +3.600 Kg TOTAL 100% 24% 45% 4% 12% 16% Heavy ECO 29% 6% 11% 1% 5% 6% Medium ECO 27% 6% 13% 1% 3% 4% Neutro ECO 17% 5% 8% 1% 1% 2% Not ECO 27% 7% 13% 1% 3% 3% Fonte: Processamento especial do Target Group Index Brasil 2009 Os segmentos foram criados com base na hipótese de: indivíduos considerados menos poluidores e com mais consciência na preservação do meio ambiente, foram classificados no grupo dos mais sustentáveis (Verde Light). No outro extremo temos o indivíduo considerado menos consciente e mais poluidor, sendo classificado como menos sustentável
  • 11. ABEP – Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa 11 Trabalho apresentado no 4º Congresso Brasileiro de Pesquisa 2010 São Paulo – 2010 – www.abep.org (Vermelho Dark), portanto mais nocivo ao meio ambiente. E entre estes dois segmentos ficaram os intermediários: Vermelho Light, Verde Dark e Amarelo Dark. Classificação dos Grupos Grupos População Emissões kg CO2/Ano Verde Light 36% 18.443 5.344.710 7,2% Vermelho Light 33% 16.938 4.879.350 6,6% Verde Dark 12% 6.278 24.155.833 32,8% Amarelo Dark 8% 4.260 17.204.185 23,3% Vermelho Dark 11% 5.811 22.166.989 30,1% Verde Light : São os que têm consciência de que é importante ter cuidado com o meio ambiente de maneira geral, e que colaboram minimamente com emissões de CO2. Estes representam mais de um terço da população, e são responsáveis por apenas 7,2 % das emissões de CO2 em transporte. Este grupo é resultado da combinação dos cruzamentos de emissores de 0 a 899 kg de CO2/ano com os Heavy ECOs e Medium ECOs. Vermelho Light : São os que não possuem nenhuma consciência da importância dos cuidados com o meio ambiente, e que colaboram minimamente com emissões de CO2. Estes representam um terço da população, e são responsáveis por apenas 6,6 % das emissões de CO2 em transporte. Este grupo é resultado da combinação dos cruzamentos de emissores de 900 ou mais kg de CO2/ano com os Neutro ECOs e Not ECOs. Verde Dark : São os que têm consciência de que é importante ter cuidado com o meio ambiente de maneira geral, e que colaboram fortemente com emissões de CO2. Estes representam apenas 12% da população, porém são responsáveis por quase um terço das emissões de CO2 em transporte. Este grupo é resultado da combinação dos cruzamentos de emissores de 900 ou mais kg de CO2/ano com os Heavy ECOs. Amarelo Dark : São os que têm alguma consciência de que é importante ter cuidado com o meio ambiente de maneira geral, e que colaboram fortemente com emissões de CO2. Estes representam apenas 8% da população, e são responsáveis por quase um quarto das emissões de CO2 em transporte. Este grupo é resultado da combinação dos cruzamentos de emissores de 900 ou mais kg de CO2/ano com os Medium ECOs. Vermelho Dark : São os que não têm nenhuma consciência de que é importante ter cuidado com o meio ambiente, e que colaboram fortemente com emissões de CO2. Estes representam apenas 11% da população, porém são responsáveis por quase um terço das emissões de CO2 em transporte. Este grupo é resultado da combinação dos cruzamentos de emissores de 900 ou mais kg de CO2/ano com os Neutro ECOs e Not ECOs. Menos de um terço da população analisada é emissora da maior quantidade de CO2, sendo responsável por 85% dessas emissões, considerando os meios de locomoção utilizados.
  • 12. ABEP – Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa 12 Trabalho apresentado no 4º Congresso Brasileiro de Pesquisa 2010 São Paulo – 2010 – www.abep.org 4. RESULTADOS Ao criar os grupos baseados nas frases, foi possível fazer uma comparação com outros países latino americanos, tendo em vista que o estudo utilizado é feito de maneira harmonizada em 8 países. Neste comparativo vimos que o Brasil se destaca entre os 7 países, sendo o país com maior percentual de pessoas que pensam de modo mais ecológico. Em oposição ao Brasil estão o México e a Venezuela onde mais de 30% dos pesquisados dizem não concordar com pensamentos ambientalistas, os Not ECOs. DISTRIBUIÇÃO DOS GRUPOS POR PAÍS Total Argentina Brasil Chile Colômbia Equador México Peru Venezuela Total 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% Heavy ECO 23% 13% 31% 17% 12% 13% 23% 16% 12% Medium ECO 28% 31% 28% 34% 25% 37% 25% 36% 29% Neutro ECO 20% 27% 14% 26% 42% 21% 19% 19% 24% Not ECO 28% 27% 26% 22% 20% 28% 32% 28% 31% Target Group Index Latina 2009 Diferente do que nosso senso comum poderia nos apontar, no Brasil,os mais velhos de 35 a 64 anos são os que mais estão de acordo com pensamentos sustentáveis, e os mais jovens de 20 a 34 neste grupo dos Heavy ECOs representam menos de ¼ da faixa etária. DISTRIBUIÇÃO DOS GRUPOS POR FAIXA ETÁRIA - BRASIL 20 - 24 anos 25 - 34 anos 35 - 44 anos 45 - 54 anos 55 - 64 anos Heavy ECOs 21% 24% 32% 34% 31% Medium ECOs 27% 28% 26% 27% 25% Neutro ECO 24% 17% 15% 13% 17% Not ECO 28% 29% 26% 25% 25% Target Group Index Brasil 2009 Ainda sobre as frases, no caso do Brasil, foi possível acompanhar a evolução dos níveis de concordância de 6 frases utilizadas neste estudo, para os períodos de 2004 e 2009. Vimos também que a percepção econômica da população variou nestes anos. Percebemos que existe uma tendência de queda, cerca de 23% em relação à concordância com as frases, enquanto o crescimento do otimismo econômico individual cresce em quase 50%.
  • 13. ABEP – Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa 13 Trabalho apresentado no 4º Congresso Brasileiro de Pesquisa 2010 São Paulo – 2010 – www.abep.org Target Group Index Brasil 2004-2009 4.1 Combustíveis utilizados Apesar de concordarem com pensamentos sustentáveis, na hora de abastecerem seus carros, os Heavy ECOs ainda não dão preferência aos combustíveis menos poluentes, a gasolina é a primeira opção. Porém quando comparamos com os outros grupos, notamos que o álcool é utilizado por um terço dos Heavy ECOs. COMBUSTÍVEIS USADOS TOTAL Álcool Gasolina Outros Heavy ECO 100% 33% 80% 6% Medium ECO 100% 28% 84% 7% Neutro ECO 100% 28% 83% 5% Not ECO 100% 25% 84% 7% Entre os que compram combustível frequentemente. Resposta Múltipla Fazendo uma análise mais detalhada dos grupos criados, confirmamos o que o senso comum nos indicava, as classes sócio econômicas mais altas são as que mais impactam o meio ambiente com emissões CO2. Em contrapartida, nestas classes também estão aqueles que demonstram terem maior nível de consciência sobre a preservação do meio ambiente.
  • 14. ABEP – Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa 14 Trabalho apresentado no 4º Congresso Brasileiro de Pesquisa 2010 São Paulo – 2010 – www.abep.org 4.2 Segmentos X Classes Fazendo a segmentação, vimos que mais de 76% dos Verdes Dark estão nas classes AB. Como as pessoas destas classes têm um nível de vida mais elevado, incluindo o nível educacional, podemos inferir que elas teriam mais chance de mudar o estilo de vida e até mesmo de atuar como influenciadoras. S E GME NTOS X C L AS S E S AB C DE 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% Verde Dark Amarelo Dark Vermelho Dark Verde L ight Vermelho L ig ht 4.3 Comparativo entre mercados brasileiros Alguns mercados se mostram mais Lights e, portanto menos emissores, Salvador, Fortaleza e Recife são as praças onde encontramos menores índices de emissão. Por outro lado, Brasília, Curitiba, São Paulo e Belo Horizonte, os segmentos Darks têm os maiores índices.
  • 15. ABEP – Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa 15 Trabalho apresentado no 4º Congresso Brasileiro de Pesquisa 2010 São Paulo – 2010 – www.abep.org Brasília Belo Horizonte Curitiba Fortaleza Porto Alegre Recife Rio de Janeiro Salvador São Paulo LIGHT Verde 90 95 99 108 105 105 116 128 98 Vermelho 73 90 68 124 90 123 104 89 90 DARK Verde 132 94 153 74 120 63 80 94 121 Amarelo 132 111 124 55 95 68 72 70 106 Vermelho 147 133 118 67 102 74 81 71 107 4.4 Índices de emissão X Posições profissionais A análise dos grupos por posições profissionais, nos aponta que os ocupantes dos altos cargos são responsáveis pelos maiores índices de emissões , em contrapartida, também são os indivíduos com a maior consciência ambiental. Esta “favorabilidade” pode refletir na disseminação da consciência ambiental entre os subordinados e pares levando-os à práticas sustentáveis. Manutenção/ Segurança/ Operário Artesanato/ serviço doméstico/ ambulante Administrativo (assistente, secretário) Técnico/ Mecânico Média/ Baixa gerência Diretor/ Administração Superior Profissional liberal ou Prestador de serviço Não trabalha LIGHT Verde 98 114 92 98 64 74 69 107 Vermelho 120 128 61 66 54 40 37 115 DARK Verde 66 52 159 143 182 191 250 79 Amarelo 78 59 141 130 245 199 188 74 Vermelho 103 63 147 137 148 180 162 74 4.5 Análise comparativa entre os grupos Reunidos, os segmentos Darks representam menos de um terço da população analisada, no entanto são os indivíduos com os maiores índices de emissão de CO2, 85%. No sentido contrário os segmentos Lights são responsáveis pela emissão de 15% de CO2. Analisando os segmentos Light, percebemos que os Verde Lights têm a responsabilidade de 7,2% dessas emissões. Considerando a hipótese de que o Verde Light seria o segmento ideal, podemos definir um limite de emissões para cada indivíduo utilizando seus indicadores como parâmetro, desta forma o volume aceitável de emissões seria de no máximo 5,3 toneladas/ano. Seguindo esta linha de pensamento, os indivíduos classificados como Verde Dark deveriam ter como meta uma redução nas emissões em torno de 78%,
  • 16. ABEP – Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa 16 Trabalho apresentado no 4º Congresso Brasileiro de Pesquisa 2010 São Paulo – 2010 – www.abep.org para se tornarem Verdes Light. Já os Amarelos Dark e os Vermelhos Dark deveriam reduzir as emissões em 69% e 76% respectivamente. Considerando que os segmentos Vermelhos e Amarelos têm menor consciência ambiental, acreditamos que estes indivíduos teriam maior dificuldade em mudar o seu status nesta escala, pois para reduzirem as suas emissões o primeiro passo seria mudar a maneira de pensar. Segmentos População Emissões kg CO2/Ano Verde Light 36% 18.443 5.344.710 7,2% Vermelho Light 33% 16.938 4.879.350 6,6% Verde Dark 12% 6.278 24.155.833 32,8% Amarelo Dark 8% 4.260 17.204.185 23,3% Vermelho Dark 11% 5.811 22.166.989 30,1% 4.6 Responsabilidade social Os indivíduos inseridos no segmento Verde Dark também se destacam por se manifestarem como mais socialmente responsáveis. Quando submetidos a frases de cunho social, os participantes deste segmento são os que se manifestam mais socialmente responsáveis, seguidos dos Verdes Light. total Verde Light Vermelho Light Verde Dark Amarelo Dark Vermelho Dark Sempre prefiro aquelas empresas que se comprometem a combater as desigualdades sociais: Concorda Totalmente/Parcialmente 100 116 83 130 92 73 Prefiro produtos de empresas que apoiam projetos sociais e culturais: Concorda Totalmente/Parcialmente 100 122 73 135 107 70 As pessoas deveriam ajudar mais a resolver os problemas sociais: Concorda Totalmente/Parcialmente 100 107 89 113 104 91 Eu estou disposto a trabalhar como voluntário para uma causa nobre: Concorda Totalmente/Parcialmente 100 118 80 125 97 78 O mundo é dos mais espertos: Discorda Totalmente/Parcialmente 100 100 82 141 106 105 Eu me preocupo primeiro comigo depois com os outros: Discorda Totalmente/Parcialmente 100 106 91 115 91 97
  • 17. ABEP – Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa 17 Trabalho apresentado no 4º Congresso Brasileiro de Pesquisa 2010 São Paulo – 2010 – www.abep.org 5. CONCLUSÃO Reconhecemos a dificuldade de estabelecer métricas objetivas e universais para mensuração de emissão de CO2 para indivíduos diferentes. Seguramente, a definição e adoção destas métricas vão requerer elementos técnicos que extrapolam a especialidade de pesquisa de mercado ou opinião. Mesmo com essas dificuldades, os resultados alcançados neste trabalho nos mostram que o uso dos indicadores de emissão CO2 reconhecidos pelos organismos internacionais, combinados aos resultados de pesquisas de opiniões da população refletem um retrato mais próximo do comportamento do brasileiro no que tange à sustentabilidade. A segmentação feita neste trabalho permite identificar a posição do indivíduo nos quesitos emissão de CO2 e forma de pensar. Analisando os resultados obtidos, vimos que os indivíduos de níveis socioeconômicos mais altos são os que mais consomem e, naturalmente são os maiores emissores. Por outro lado, estes mesmos indivíduos fazem parte do grupo mais consciente nas questões relacionadas à sustentabilidade, portanto com maior potencial para pagar mais por produtos sustentáveis. Retratos como este, podem servir como guia no direcionamento de lançamento de produtos sustentáveis com custo maior, viabilizando economia de escala em médio prazo e a conseqüente expansão para o mercado de massa. Este trabalho é o primeiro ensaio no esforço para utilização dos indicadores oficiais de emissão de CO2 atrelados aos resultados de pesquisa de opinião/mercado. Novos estudos serão necessários para aprimorar o conceito e a aplicabilidade da segmentação proposta. Acreditamos que os institutos de pesquisa devem investir na busca de diferentes indicadores, para atender às novas demandas deste mercado que vem surgindo com a adoção de práticas sustentáveis.
  • 18. ABEP – Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa 18 Trabalho apresentado no 4º Congresso Brasileiro de Pesquisa 2010 São Paulo – 2010 – www.abep.org BIBLIOGRAFIA Cabral, Marcelo & Scrivano, Roberta. Brasil lidera em regras ambientais. Jornal Brasil Econômico. 8 de janeiro de 2010. Caminhos para uma economia de baixa emissão de carbono no Brasil. Mckinsey & Company. 2009 Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas. Sustentabilidade empresarial. Informações disponíveis no site www.ces.fgvsp.br Relatório Brundtlandt. Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento. Organização das Nações Unidas. 1987 WRI – World Resources Institute. Climate Analysis Indicators Tool (CAIT), version 6.0, 2009. Country Profiles. http://cait.wri.org
  • 19. ABEP – Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa 19 Trabalho apresentado no 4º Congresso Brasileiro de Pesquisa 2010 São Paulo – 2010 – www.abep.org ANEXO 1 1972 Estocolmo, na Suécia: ONU organiza 1ª conferência para discussões sobre o meio ambiente, com 113 países e mais de 400 ONGs. Criação do Programa da ONU para o Meio Ambiente (PNUMA). A tese de desenvolvimento sustentável apareceu pela primeira vez como saída para a resolução do dilema “meio ambiente versus crescimento”. 1983 Estados Unidos: Agência de Proteção Ambiental conclui que os gases que provocam o efeito estufa levariam o planeta ao aquecimento global. O CO2 se transformou em inimigo público do meio ambiente e ameaça à civilização. 1987 Relatório Brundtland elaborado elaborado pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, criada pela Assembléia das Nações Unidas da ONU, estabeleceu os compromissos no zelo com as gerações futuras e popularizou a expressão “desenvolvimento sustentável”. 1988 EUA: Criação do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC - Intergovernmental Panel on Climate Change). 1992 Rio de Janeiro: Conferência da ONU sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Rio 92. Resultou em uma série de tratados balizadores dos cuidados ambientais, o mais conhecido é a Agenda 21, o qual estabelece, em escala planetária, um novo padrão de desenvolvimento, sendo assinado por 179 países. 1995 Berlim: Primeira Conferência das Partes. É firmado o Mandato de Berlim onde países industrializados assumem maiores compromissos com a redução de emissões de gases do efeito estufa. O IPCC publicou seu segundo relatório, o primeiro de grande repercussão, sugere que a influência humana no clima mundial é perceptível. 1997 Kyoto, Japão : Abertura de um protocolo para assinaturas de países que se comprometeram a reduzir as emissões de gases nocivos em pelo menos 5% no período entre 2008 e 2012. 1998 O sociólogo inglês John Elkington lança a idéia do conceito “triple bottom line”, com a tese de que todo negócio deve observar seus impactos ambientais, sociais e econômicos. Os empresários passam a entender que não há mais como ficar distante das preocupações relacionadas à sustentabilidade. A criação do Instituto Ethos, no Brasil, neste mesmo ano reforça o movimento. 1999 Nova York, EUA: Surge o Índice de Sustentabilidade Dow Jones. Ao monitorar o desempenho das empresas que cuidam do meio ambiente, o índice estabeleceu a ponte entre bons negócios e decisões verdes. Amsterdã, Holanda: Lançada a primeira versão das Diretrizes para Relatórios de Sustentabilidade da GRI – Global Reporting Initiative, uma organização não-governamental internacional, cuja missão é desenvolver e disseminar globalmente diretrizes para elaboração de relatórios de sustentabilidade utilizados voluntariamente por empresas no mundo todo. 2000 Assinada a Declaração do Milênio, plano de ações de sustentabilidade e erradicação da pobreza a serem atingidos até 2015, pelo então secretário geral da ONU, Kofi Annan, com compromissos de desenvolvimento sustentável. 2001 Divulgação do novo relatório do IPCC indica, com imensa repercussão, que grande parte do aquecimento global observado nos últimos cinquenta anos pode ser atribuída à atividade humana. 2002 Johannesburgo, Africa do Sul: Rio 92+10 Conferência da ONU fez um balanço dos progressos e fracassos após os dez anos da Rio92. Um dos resultados foi a ênfase no padrão de consumo como um dos fatores chave para a sustentabilidade. Foi lançado o conceito de “produção e consumo sustentável”. 2005 Ratificação do Protocolo de Kyoto determina redução, em média, de 5% da emissão de gases que provocam o efeito estufa até 2012, a partir das taxas de 1990. Governo dos EUA se recusa a assinar o acordo. O protocolo cria o mercado de créditos de carbono. No Brasil, a Bovespa lança o Índice de Sustentabilidade Empresarial, inspirado no Índice Dow Jones de Sustentabilidade, criado em 1999, em Nova York. 2007 Novo relatório de cientistas no IPCC não deixa dúvidas ao afirmar que o aquecimento global se deve à intervenção humana sobre o planeta. 2008 Empresas brasileiras aderem ao Protocolo de Gases do Efeito Estufa (GHG Protocol), programa em vigor no mundo desde 2001 que estabelece uma metodologia para medição de emissões, após treinamentos, ao longo de um ano, 22 companhias nacionais publicam seus inventários. 2009 Acontece em Copenhague a 15a. Conferência das Partes (COP 15), um dos encontros ambientais mais importantes de todos os tempos. Representantes discutem um novo pacto para conter as mudanças climáticas. È o maior encontro sobre o tema desde o Protocolo de Kyoto. A reunião sobre mudança climática de Copenhague na opinião dos especialistas foi um grande fracasso. DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL - LINHA DO TEMPO
  • 20. ABEP – Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa 20 Trabalho apresentado no 4º Congresso Brasileiro de Pesquisa 2010 São Paulo – 2010 – www.abep.org ANEXO 2 O Estudo TARGET GROUP INDEX é um estudo “single-source” que avalia consumo dos meios e veículos de comunicação, Uso de Produtos, Comportamentos e Atitudes da população adulta de um país, criado pela BMRB – Britsh Market Research Bureau da Inglaterra e licenciado por Kantar Media Research (KMR) dos Estados Unidos da América. Na América Latina é realizado na Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, México, Peru e Venezuela. Em cada país a amostra busca retratar as seguintes regiões: •Argentina - Buenos Aires/Córdoba, Cuyo/NOA, Litoral, Sur e Capital Federal / GBA. • Brasil - Brasília (D.F.) , Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza, Porto Alegre, Recife , Rio de Janeiro , Salvador, São Paulo, São Paulo (Interior) e • Sul/Sudeste (Interior). • Chile - Greater Santiago. • Colômbia - Bogotá, Medellín, Cali, Barranquilla, Bucaramanga e Pereira. • Equador - Guayaquil e Quito. • México - México City (D.F.), Guadalajara, Monterrey e Consolidado de 25 cidades. • Peru – Lima. • Venezuela – Caracas, Maracaibo, Barquisimeto, Valencia, Maracay Puerto la Cruz/Barcelona. Em 2009 o número de entrevistas para cada país foi de: Argentina, 10.215; Brasil, 19.456; Chile, 3506; Colômbia, 7018; Equador, 2.002; México, 12.429; Peru, 3.000 e Venezuela; 2.339. Para as analises feitas neste paper, foi considerada exclusivamente a população de 20-64 anos.
  • 21. ABEP – Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa 21 Trabalho apresentado no 4º Congresso Brasileiro de Pesquisa 2010 São Paulo – 2010 – www.abep.org