1) A região sul da Bahia vive sua pior crise apesar do sucesso do cacau na década de 1970.
2) O governo federal confiscou o centro de pesquisa CEPLAC e transformou as contribuições dos agricultores em impostos.
3) Atualmente, a vassoura-de-bruxa está dizimando as lavouras de cacau e os agricultores pedem ao governo que devolva o patrimônio confiscado e forneça recursos urgentes para enfrentar a crise.
1. (ART A ABERTA
A Região Sul da Bahia vive a sua pior crise. No entanto. na década de setenta foram
alcançados todos os recordes em todos os indicadores na história do Brasil. O Cacau gerou
para o pais cerca de 6.8% do PIB nacional. o cultivo do cacau ocupava uma área de 650 mil
hectares. 7~%em produção efetiva. Apresentava o maior indice de produtividade do mundo.
exportava 90% de sua produção. era o quarto produto na pauta de exportação. terceiro agrí·
cola e se firmava como uma das maiores riquezas econômicas do pais.
Com nossa contribuição de 10%. retirada da vendado cacau foi criado o maior centro da
pesquisa de culturas tropicais· CEPLAC - PATRIMÓNIO DO CACAUICUL TOR
O enorme volume de riquezas circulantes na região. a po{Pá'da e atrativa receita da
eeplac, despertaram a cobiça do governo federal, que violentamente confiscou o centro de
pesquisa e ainda transformou nossa contribuição em imposto. tirando·nos os recursos, des·
truindo nossa estrutura. Estavam fechadas as portas.
Hoje. a região vê sua lavoura ser dizimada pelo clima adverso, pelos erros na politica
econômica e no pouco caso de fiscalização sanitária que permitiu a entrada da vassoura de
bruxa no Sul da Bah t a : lepra que voa de árvore em árvore apo dr-e oendo e multilando os frutos.
Estamos agora vivendo na esperança de receber recursos. cuja liberação foi anunciada
desde abril do oorrente ano e que. até hoje. espera regula~entações e verbas. Sendo esta
libereção a única e última chanee de sobrevivenoía do cacau.
Somos agricultores duplamente penalizados pois a nossa lavoura além de estar sendo
destruida é uma reserva de Mata Atlântica. mantendo um alto nivel de ecossistema. o que í.n-
pede·nos mudanças de cultivo. Triste sina a nossa, ajudamos a salvar o planeta e morremos
de fome.
Esta na hora do governo nos devolver o enorme patrimônio que nos foi confiscado em
Bras11ia (Procuradoria da Republica no DF). Acre. Amazonas, Pará. Espírito Santo e Rondô·
nia (fazendas experimentais e apartamentos). Rio de Janeiro (prédio comercial fi apa r t a-
mentos) e na Bah a (fazendas predios e apartamentos).
í Nada mais justo que esta região
reivindique o que é seu.
A Nação precisa ter conhecimento das condições do tão cri ticado e prometido crédito,
para não se pensar em "manobra. Condições estas que são verdadeiros atentados à cidada·
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nia. não basta darmos os nossos bens como garantia real. é preciso certidões negativas de
toda nossa vida civíl em qualquer instância, como se fossemos nós os, grandes fraudadores.
Em caso de inadimplência de uma parcela por sessenta dias. autoriza o Banco do Brasil a
confiscar nosso dinheiro em qualquer agência bancária do país, teremos também que reco-
nhecer publicamente com placas nás FAZENDAS o nome do "BENFEITOR. 1 1
Estamos cansados de promessas. nosso problema social é um fato. são, 250.000
trabalhadores desempregados - os novos migrantes .• URGE AÇÃO!
Ilhéus, novembro de 1995
REGIAo SUL DA BAHIA