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Fundação Juquira Candiru Satyagraha – publicações
Capítulo publicado no livro Saúde no Solo x Agronegócio – Sebastião Pinheiro (2016).
Gaudeamus igitur: Habemus nigra terrae amazoniam
(Alegrai-vos pois: Temos a Terra preta indígena)
Gaudeamus igitur
Juvenes dum sumus.
Post jucundam juventutem
Post molestam senectutem
Nos habebit humus
I - Introdução.
Para muitos os diamantes são eternos, contudo, nada é eterno, nem mesmo o Universo em função do
movimento. O diamante é uma gema mineral raríssima pelas condições necessárias para sua formação, onde o
Carbono é comprimido em altíssimas temperatura e pressão, só encontradas nas profundezas do magma em
épocas remotas. Seu movimento através das chaminés dos vulcões, por sua dureza chega aos nossos dias. A
energia total de sua formação supera a magnitude de Tarajoules por grama, mas o que nos interessa é o
movimento. A eternidade poética, religiosa ou biológica leva ao tempo, que nada mais é que registro do
movimento [M = e x t], fundamental para a Vida que se desenvolve como membranas sobre a superfície deste
planeta.
A pergunta de Erwin Schroedinger: O que é a Vida foi balizado pelo eminente cientista Wladimir
Vernadski: - Vida é a animação (movimento) dos minerais.
Já temos os elementos para iniciar uma análise do mais raro diamante amazônico. Em economia há
muito valor para o raro diamante e pouquíssimo valor para o abundante Carbono, embora no dia-a-dia da
sociedade industrial aumentem as manipulações, pois os seres vivos só podem comer Carbono animado pelo
Sol.
Nossa educação periférica impõe a inconsciência, assim se ignora que o mesmo Carbono que constitui
os diamantes é quem garante e mantém o funcionamento das máquinas inanimadas na forma de: - carvão
mineral, - petróleo ou biomassa.
A energia do carvão mineral do subsolo nacional deu origem aos impérios britânico, francês, austro-
húngaro, alemão, italiano, espanhol, russo e japonês. A disputa pelo monopólio do petróleo ultramarinho levou
as duas maiores guerras da humanidade e descompôs cinco impérios, mas para quê consciência.
As maiores empresas do petróleo (John Davisson Rockefeller e Coroas Britânico-Holandesa) são as que
mais investem em ciência e tecnologia de combustíveis de biomassa para seu domínio hegemônico, embora isto
também seja escamoteado, pois, também, o combustível dos seres vivos (alimentos) faz parte destes mesmos
investimentos e segredos de se tornar uma coisa só através da indústria de alimentos. E, o aumento de Carbono
da biosfera fruto do desequilíbrio entre a produção do Fogo (entropia) e a Síntese do Sol (energia de Gibbs) trás
a mudança climática e oportunidade, para deleite de financeiras, bancos e corporações, onde o meio ambiente é
integrado à ciência e tecnologia rentável com o nome de sustentabilidade controlada. O outrora movimento na
natureza “fator da produção e invariável” é mercadoria. Hoje incorporar Carbono ao solo agrícola é o novo
investimento financeiro dos mesmos grupos e aí está a “Aliança para a Revolução Verde na África”, a partir do
Sol biotecnológico, onde os agrotóxicos é um problema industrial chinês, e de movimentos sociais terceiro-
mundistas com seus fines inconfessáveis.
Logo, veremos o resultado da reunião dos australianos (Setembro 2011) sobre a incorporação do
Carbono no Solo Agrícola e teremos políticas multilaterais impostas e acatadas, pois há mais de cinco lustros a
ciência industrial está instalada na Amazônia garimpando o diamante mais raro possível: A terra Preta
Indígena, que nós iremos comprar e consumir. Contudo, ele nada mais é que as cores do arco-íris no suor
indígena que deram cor à terra amazônica.
Interrompa a leitura e faça o download free do desconhecido livro Húmus (Origin, Chemical
Composition, and Importance in Nature) do Prêmio Nobel Selman Waksman escrito em 1936. Leia-o duas
vezes. Reflita, é sabido desde o século passado que, o húmus é importante na confecção de pilhas e baterias
para a moderação da carga elétrica e maior durabilidade; importante revestimento contra as altas temperaturas1
;
e protetor contra radiação eletromagnética nociva...
Nosso título estampa outro diamante, a alegria nostálgica do esquecido canto dos estudantes, preste a
perderem a liberdade em favor de servir o poder aristocrático ou totalitário na sociedade industrial, que expande
o reducionismo na relação “causa-efeito”, e faz a cada momento, mais distante e inconsciente os processos,
métodos, ações e políticas, para não serem percebidos, entendidos ou rejeitados. O primeiro exemplo é a
questão ambiental e o segundo foi o húmus. Em menos de cinco lustros, de Estocolmo (72) à criação da OMC
(96), a natureza (história natural) se transformou, de empecilho, a patrimônio e, de objeto de veneração, à
fanatismo, moda, e, por último objeto de consumo alienado, manipulado ou induzido.
Neste curtíssimo espaço de tempo a matriz tecnológica e energética alcançou a máxima hegemonia e
mudou a feição do mundo de forma sutil, do petróleo - petroquímica à solar – biotecnologia. Para perceber e
compreender isso é necessário retroceder um ou vários séculos e precisar o gatilho desta evolução mercantil e
seus gestores.
A questão ambiental não tem sua gênese na Conferência sobre o Meio Ambiente e o Homem em
Estocolmo, mas poderíamos encontrar seu “Fiat Lux” na Encíclica “Rerum Novarum” de Leão XIII publicada
em 1891, cinco lustros depois do Manifesto Comunista (1867). A encíclica é uma resposta muito bem
contextualizada à energia revolucionária do citado documento. Ela é uma nova Didactica Magna 1621-1657
(Comenius) que cria os direitos de segunda geração que, antes de cinco lustros fará parte da relação capital e
trabalho nos países industriais (ou centrais), mas só chegará aos países periféricos depois de duas “guerras
mundiais” em neo-colonialismo e começará alcançar a órbita dos árabes cinco lustros depois do fim da guerra
fria.
Dentro desta ordem cada país ocupa seu nicho conforme sua distância do centro e assim se situa sua
academia, que ensina e forjam profissionais, onde desde a alimentação, saúde e acúmulo de riqueza cultuam o
saber permitido.
II – Húmus
Quanto ao húmus, na agronomia se ensina desde 1826 que, o solo é o suporte
inerte das raízes, e não há importância em seu conteúdo, mas na Lei do Mínimo
desenvolvida por Carl Sprengel/(von Liebig), o que foi entendido desde um centro à
uma periferia com a intensidade da aculturação imposta e fidelidade devida, sem
discernimento sobre os interesses financeiros, econômicos, militares ou religiosos
ocultos. O acúmulo de conhecimento neste século e meio consolida o saber, tecnologia e
ciência sobre a edafologia através de métodos, protocolos, convenções, legislações,
normas, classificações que, agora, pela mudança de matriz são jogados de lado e
“esquecidos” peremptoriamente pelo novo, que surge e deve lenta e gradualmente
substituir o anterior sem qualquer percepção de causa-efeito. O solo mutatis mutandis
continua o que sempre foi apesar da catequese confessional dos especialistas de turno.
Entretanto, no México há mais de três mil anos agricultores Tlatlelolco, Teotihuacanos, Olmecas,
Toltecas e Mexicas construíam pequenas ilhas que flutuavam sobre os lagos Chalco-Xochimilco e Xochimilco-
México ou Texcoco, uns eram de água salobra devido as cinzas e água dos vulcões Popocatepelt e Iztaccihuahtl,
e outros de água doce, que para não se misturarem tinham diques (Albarrada) e Aquedutos de Chapultepec
construídos por Netzahualcóyotl (1450), mas os espanhóis os destruíram e as águas se misturaram com
problemas para o abastecimento de alimentos de Tenochtitlán, já com quinhentos mil habitantes...
Para formar estas ilhas flutuantes se afundava na água matéria orgânica que fermentava em ambiente
redutor no fundo do lago. Esta lama colocada sobre estrados de madeira formava as ilhas e a matéria orgânica
em contato com o ar se oxidava imediatamente, e, em poucas horas era possível cultivar legumes, hortaliças e
flores, como ainda hoje vem sendo feito na cidade do México que tem vinte e cinco milhões de habitantes.
Estas ilhas flutuantes com centenas de metros de solo formado pela mão humana são conhecidas como
Chinampas e garantiam o sustento de seus habitantes. O interessante é que com a fermentação redutora, a
matéria orgânica se decompunha em meio a gás sulfídrico, e todos, os sais eram precipitados como sulfetos
altamente insolúveis (Kps = 1 x 10-18
). Assim se conseguia separar o Cloreto de Sódio, sal altamente tóxico
para as plantas e que impede a agricultura, pois o sal ficava solúvel na água sem transtornar a agricultura. Ao
1
A N.A.S.A estudou a estrutura dos cupinzeiros. Especula-se que suas Space Shuttle são revestidas por estes polímeros de húmus.
mesmo tempo em que preparavam a fermentação da matéria orgânica, eliminavam o sal, o que é fantástico.
Mas, qual a importância da presença de lipídeos nessa lama, que solubiliza e retinha substâncias sulfurosas
orgânicas importantes para o metabolismo dos microrganismos do Oxigênio?
- Há algum grande edafólogo ou naturalista que tenha registrado em sua obra ou ensinado isso aos seus
alunos nos últimos quinhentos anos?
- Infelizmente, nem no México por razões óbvias.
As Chinampas de Xochimilco continuam tão ativas hoje, quanta aquela de dois mil anos atrás... Ainda
no México pude acompanhar a produção de abacates em Michoacán, aonde se chega à colher até cinco safras
em um mesmo ano. A presença do Paricutín e outros vulcões formaram ali um solo sobre cinzas vulcânicas e o
ambiente fez desenvolver uma serule com predomínio de fungos micorrízicos. Estes solos negros classificados
como Ultisoles de cor escura em solução têm alta viscosidade pela presença de glomalina, proteína
desenvolvida pelos fungos micorrízicos. Trabalhando neste solo com um geólogo-agrônomo mexicano
percebemos que ao usar farinhas de rocha se aumentava a atividade microbiana do mesmo comprovado pelos
cromatogramas de Pfeiffer (especiais devido à riqueza de ácidos húmicos). O mesmo se pode fazer em
Medellín na Colômbia em solos muito parecidos e também bastante viscosos. O uso desta terra como
“inoculante” nos compostos fermentados do tipo “Bocashi” produz cromatogramas perfeitos.
Depois de conhecer as Chinampas e os Ultisoles, tive a oportunidade de conhecer outro solo feito pela
mão humana, em meu próprio país. Faz muito tempo acompanho os trabalhos dos antropólogos sobre a Terra
Preta Indígena na Amazônia e as teses alemãs, holandesas, inglesas e japonesas sobre o tema, no último
quarto de século sem fascínio ou estupefação.
Da história sabemos dos escritos do derrotado Francisco Orellana ou de seus antecessores do Império
do Mali, onde Mansa Abubakar II2
explorou o grande rio e encontrou povoados com grandes populações. Para
alimentar estas populações seria necessária muita terra fértil. Agora com a terra preta feita pela mão humana é
que estes relatos podem ser corroborados e compreendidos, mas, e a biotecnologia indígena?
III – Neo-Encíclica
Façamos um parêntese. Há mais de três meses em um encarte na revista Carta Capital há a matéria do
The Economist, de 23 de março de 2011, “Nove bilhões de bocas”, que é dividido em oito partes. Após a
leitura geral e verificação nas fontes do autor, a reportagem, é peça de propaganda subliminar do
agronegócio, neo-encíclica dos interesses financeiros internacionais para o status quo, dirigindo rumos,
tendências e controles. Descortina o futuro sem comprometer o modelo de agricultura industrial dos últimos
50 anos, ainda vigente. A releitura de estudo mostra que, todas as questões levantadas pelos críticos ao modelo
ao longo dos últimos cinqüenta anos e ignoradas, agora são trazidas como parte da reflexão meritória
indicando que não há mudança e evolução, apenas hiper-realidade. Não há liberdade ou espaço para
ingenuidade somente interesse político-financeiro.
O triste é que Europa, Japão e EUA se preparam nos últimos cinqüenta anos através de suas
universidades, instalaram laboratórios sociais com as novas tecnologias e formataram o que agora chega à
nossa realidade, mesa e “consciência” para a gestão política teleguiada ou servil.
Durante a ditadura corrupta dos banqueiros (exercida pelos militares), toda crítica feita ao modelo
agrícola era subversão, desinformação ou “denuncismo”. O que importava era o desenvolvimento, combate à
fome e adquirir “know how”. O título diz: “Nove bilhões de bocas”, mas os cálculos feitos demonstrando que
toda a produção mundial dividida por sua população e pelos dias do ano garantia uma exorbitância de mais
de dois quilogramas de alimento/dia/per capita, mas o título continua com o mesmo alarme- propaganda da
época do Reverendo Malthus, embora ainda não tenhamos noção do cerne de seu trabalho, que ia muito além
das progressões entre alimentos e população. O temor era a ruptura das estruturas entre oferta/preço e seu
resultado a barbárie... O estranho é que ela ocorre hoje, em Londres pelo acesso ao consumismo...
Assistimos a Conferência das Nações Unidas em Hertogenbosch, Países Baixos (de 16 a 22 de abril de
1991), que propôs o novo modelo sob o nome de Agricultura e Desenvolvimento Rural Sustentável (SARD por
sua sigla em inglês). Maquiava-se a matriz tecnológica da química como biotecnologia (indústria biológica)
para garantir a exclusividade tecnológica, escala de produção. Para isso era necessário modernizar o discurso
2
Afirma-se que as inscrições nas pedras na confluência das águas (encontro do Solimões com o Negro) é obra de seus
expedicionários africanos. Agora, a Coca-Cola suborna para que o patrimônio tombado com participação da UNESCO volte para
atender os interesses em água de abastecimento daquela honorável empresa. O que está sendo atendido pela justiça local.
da fome, e o estado nacional para o consumo de serviços (certificações, rastreabilidade, agroecologia,
sustentabilidade do solo, água e minorias), acelerando o ritmo da economia pós-industrial.
IV – Fome
Vale a pena outro parêntese: A palavra fome usada após a Segunda Guerra Mundial é muito diferente
de Inedia dos romanos, Starvation e Famine do inglês arcaico, mas de mesma origem, bem classificada por
Cícero no Senado. Tanto babilônicos, quanto egípcios se referiam a elas através das alterações no regime dos
rios Eufrates/Tigre e Nilo, o que para nós hoje seriam as mudanças climáticas (Famine, a short history, de
Grada O. Cormac, Princeton Press, 2009), significando a ausência de comida para todos. A fome da Irlanda
era concomitante com grande exportação de alimentos, idêntico ao, hoje, ocorre na Etiópia e Somália, em
gestão eugenista.
A ideologia não permite ver que, no Paquistão em 1965, para cada quilo de uréia aplicado, a resposta
eram 11 quilos de arroz colhido. Neste, país, solo e agricultura, em 1995, para cada quilo de uréia, a resposta
era somente de 3 quilos do cereal. Uma projeção permite vislumbrar o que acontecerá no mesmo solo dentro
de trinta anos, mas o artigo habilmente tergiversa e o que era subversão, agora é establishment e se mantém o
título “Nove bilhões de bocas”, que oculta o dogma: Where food is scarce or expensive there is rebellion
(onde o alimento é caro ou escasso há revolta), por isso a agricultura, na Europa, EUA e Japão não estão no
mercado. Aqui, o “agrobusiness” nada mais é que agricultura no, e para, o mercado, sem o Estado por
interesse dos bancos e transnacionais em suas piratarias.
Do segundo parágrafo do artigo até o oitavo os preços de alimentos justificam este interesse e culmina
citando Davos onde 17 empresas capitaneadas pela benemerente Fundação Bill & Melinda Gates preparam
uma nova visão para a agricultura. Desinformação, a verdadeira visão para a agricultura foi feita em 1906
quando o Congresso dos EUA resolveu enquadrar o magnata do petróleo J.D Rockefeller obrigando
diversificar suas atividades. Ele contratou uma equipe de consultores capitaneados por dois matemáticos para
construir um modelo de aplicação de seu capital, sem perder poder, força e capacidade regenerativa, ou seja,
sustentabilidade e isto têm “tudo a ver” com nossa terra preta indígena.
V – Necessidades Essenciais
Os elementos da equação eram as três necessidades essenciais de todos os seres vivos NUTRIÇÃO,
PROTEÇÃO E REPRODUÇÃO. O Grupo Rockefeller nada mais fez que aplicar em: - Agricultura (industrial)
até mesmo criou a cadeia produtiva da banana em 1909 (United Fruit e United Brands), que usava a garota
propaganda Carmen Miranda para cantar seus jingles; - Saúde (industrial), que usou o leite em pó & o bebê
Johnson, higiene e criou o gigantesco mercado de vacinas reaproximando humanos e macacos em sentido
contrario à evolução como instrumentos de mercado; - e por derradeiro, a - Reprodução do capital ou
Segurança e globalização da Economia.
Na agricultura ou saúde, nada mudou o que está ocorrendo, hoje, é que os espaços América Latina e
Ásia ultrapassaram o umbral que somente agora chega a África, cinqüenta anos depois. Há uma questão, os
impactos negativos da biotecnologia exponenciam os riscos do ocorrido na América Latina e Ásia com os
insumos químicos e modelo. Contudo não haverá anacrônicas ditaduras e o continente africano está maduro
para absorver os investimentos, permitindo uma grande inversão de dinheiro privado industrial para a
implantação da matriz tecnológica da biotecnologia sem travas ou concorrência de países em desenvolvimento
que agora são obrigados a seguir o modelo anterior, sem possibilidade de qualquer mudança, pelo rígido
controle dos serviços e certificações. Quanto à Segurança temos, todos “democracia” e líderes populares de
fazem coisas maravilhosas para banqueiros e agrado para os consumidores, que antes não consumiam e na
África surge a primavera islâmica, em seu Norte.
O que era “o campesinato”, agora é “pequena propriedade familiar” (igualzinho dos EUA) e deve
adequar-se à realidade industrial financeira, para um nicho de mercado de alta qualidade, agregados de
valores etnológicos, antropológicos e culturais, como as populações tradicionais, onde os serviços garantem a
atividade através de seu uso intenso sob contrato compulsório à Nestlé, Coca-Cola, Pepsi-Cola ou Procter &
Gamble, Coopers.
A ninguém interessa o paradoxo mexicano: No nortista estado de Sinaloa, é comum a colheita de 16
toneladas de milho (irrigado) por hectare/ano. O subsídio é direto em dinheiro e no preço do NPK para
permitir este resultado economicamente. Entretanto, no estado de Chiapas as comunidades remanescentes dos
maias e outras conseguem até 40 toneladas de alimentos diversos no mesmo hectare/ano sem subsídio e a um
baixíssimo custo e não necessitam confundir crematística & economia.
Eles não se importam com a determinação norte-americana pretendida desde que o embaixador
plenipotenciário e vice-presidente de Roosevelt, Henry Agard Wallace, dono da Pionneer Hy-Bred, maior
produtora de sementes do mundo, para que o parágrafo 27 da constituição fosse mudado, pois impedia a
comercialização de terra. Isso foi conseguido através de corrupção em 1981. Hoje a lei proíbe que eles usem
sementes de seus antepassados e são obrigados a comprá-las através de bancos.
São 40 toneladas de alimentos, mas, não faz muito um Ministro de Estado externou que a região de
Monterrey cada vez se parece mais com os EUA ao passo que ao sul, onde está Chiapas cada vez é mais
parecida à Guatemala... O diabo faz a panela, mas não faz a tampa. O México está sendo invadido por norte-
americanos desesperados que antevêem o soçobrar do norte.
Finalmente, nesta parte há outro dogma oculto que somente os pequenos agricultores selecionados e
certificados é que produzirão alimentos naturais em uma produção artesanal (grife) para o mercado elitizado.
Os outros comerão alimentos industrializados de acordo com a qualidade que possam pagar, pois alimentar-se
não é para ter saúde, mas para não ter fome... Que tipo de sociedade usa o alimento para promover eugenia
mercantil?
O poder financeiro ignora que quase meio século antes do Prêmio Nobel de Economia de 1998,
Amartya Sen fazer seus estudos, Mahatma Gandhi dizia que o planeta tem para alimentar a necessidade de
todos, mas não o suficiente para a ambição de alguns. As filigranas são bordadas com muito esmero, mas não
conseguem ocultar seu interesse: No portal do CIMMyT, centro criado pelo interesse do Grupo Rockefeller
que dominou e destruiu a organização camponesa mexicana de produção de sementes comunitárias, estava
escrito em sua inauguração (1966): Agricultura Moderna para a Humanidade. Lá estava Norman Borlaug,
sua Revolução Verde; e, muita semente de trigo tratada com mercúrio que não fora plantada, foi juntada pela
Cargill e trocada com os iraquianos por petróleo como se fosse grão comestível. O resultado foi mais de cem
mil intoxicados no país e uma geração de crianças excepcionais. Hoje, no portal do mesmo centro (1996) está
escrito: Agricultura Sustentável para os pobres. Volto, e faço a projeção o que trará esse portal dentro de
cinco lustros? Ninguém questiona que, para os camponeses indígenas mexicanos o milho do CIMMyT nunca
representou nada, contudo ali era a Meca do Milho dos países pobres... É possível perceber-se a sutileza?
Fazer projeções é superar os desafios, mas a FAO as faz com a necessidade alimentar dos seres
humanos deste planeta para estabelecer um status quo e tendências políticas e preços.
No encarte da Carta Capital há o box sobre biocombustíveis, mas é diversão, pois a questão central
não é a terra ocupada, nem o preço dos alimentos, mas as inversões em biotecnologia, que fazem com que se
possa afirmar que um litro de álcool tem de dez a cem vezes maior investimento em patentes e serviços, sem
precisar enfrentar religiões, etnias, costumes e corrupção, já que a energia do Sol é dominada sem necessidade
de se ocupar o território estrangeiro. Logo, quem dominar os biocombustíveis se libertará do monopólio do
petróleo, ultrapassado e em obsolescência financeira.
Contudo, só os ingênuos acreditam que a fermentação da cana, do milho ou de qualquer outro cultivo
será competitiva. Somente o eucalipto transgênico é que monopolicamente suprirá a matriz. A fermentação de
celulose não é uma tecnologia ao dispor de todos como a do açúcar e amido e seu dono é o Grupo Rockefeller,
monopolista no petróleo, na agricultura e saúde e dono de parte do Reserve Bank que imprime o dólar norte-
americano. Por isso é necessário dizer: O Sol já tem dono. O que não é estranho quando, para se comer se é
obrigado a passar na caixa registradora, quem quiser aumentar a produtividade usando o Sol, também deve
pagar. O dogma oculto é que sem usar insumos, mas com micorrizas, actinorrizos e bactérias geneticamente
modificadas é possível alcançar produções de 35 toneladas por hectare, mas não há campo para a fascinação,
antes o medo e terror devem dominar para abrir as portas dos populares governos democráticos servis.
VI – Controvérsia sobre “Saúde do Solo”
Fechemos o parêntese e voltemos à nossa adorável Amazônia e à terra preta indígena, onde fomos
subverter a ordem e oferecer aos estudantes algo mais que a palavra mágica criada no V Encontro Brasileiro de
Agricultura Alternativa em Cuiabá (V- EBAA/87): AGROECOLOGIA. É triste, que não se estranhe que nos
cursos de pós-graduação em Agroecologia mais da metade de seu staff seja de sociólogos de formação ou
inclinação e não há laboratórios de biotecnologia... Será porque na fase petroquímica da Revolução Verde não
havia nem 1% deles na Extensão e Cursos de Agronomia criados pelo RBF, quando todos sabiam
antecipadamente da exclusão em massa dos não-adaptados e sua urbanização periférica desestruturante social,
mas criadora de consumidores de alimentos industrializados como meta de médio e longo prazo?
No evento em Manaus, em alguns minutos desmascaramos o mito criado da Agroecologia de finalidades
teleguiadas pelo Rockefeller Brothers Fund. Depois demos um curso de “Saúde do Solo” e realizamos mais de
60 cromatografias de Pfeiffer em amostras de Terra Preta Indígena, coletadas no Instituto Federal da Amazônia
em Manaus, algumas apresentando maior fertilidade a vinte centímetros de profundidade que na superfície por
gênese e mau manejo. O interessante é que em amostras colhidas em sítio arqueológico, não apresentavam
atividade microbiana; estruturação mineral ou presença de proteínas, como se seu metabolismo estivesse
suspenso, a espera da mão humana.
“Saúde do Solo” é um neologismo, surgido há mais de vinte anos nas grandes universidades formatando
os interesses de governos, grandes transnacionais e agentes financeiros internacionais para a substituição e
mudança na matriz tecnológica, que deixa a química dos fertilizantes solúveis e agrotóxicos, enveredando pela
tecnologia da Vida, autodenominada de biotecnologia, carregando os interesses dogmáticos rumo à Eugenia
Mercantil, mas infelizmente, ainda é ignorada nas universidades brasileiras ou tratada sob o viés sociológico-
jornalístico... É a mais agressiva política mercantil para a agricultura mundial desde US State Dept., União
Européia, JICA, GIZ (ex-GTZ). Para enfrentá-la basta saber e fazer biotecnologias indígenas...
O conceito saúde impõe a harmonia das energias em um corpo, o que vale para todo e qualquer ser vivo,
ou seja, a máxima higidez no metabolismo, autopoiesis e imunidade como um sistema aberto de transformação
energética: Mineral, Fermentativa, Respiratória e outros.
Hoje em dia se utiliza o termo “Saúde do Solo”, um neologismo da mudança de matriz tecnológica para
o advento da biotecnologia ou tecnologia da vida. Logo, há que substituir todas as definições, normas e regras
anteriores de sustentação e convenção que definiam o solo “suporte inerte das raízes”, onde sua vida era
empecilho para os negócios mercantis de venda e uso de fertilizantes químicos e agrotóxicos derivados do
petróleo, que agora, estão obsoletos e ultrapassados pelos biocombustíveis.
Entretanto, o novo neologismo traz acoplado como anagrama a “qualidade do solo” construído sobre o
status quo reducionista do uso de venenos através de boas práticas agrícolas vigentes no uso de xenobióticos,
para evitar um colapso mercantil na transição do agronegócios3
, até a consolidação e desenvolvimento do novo
neologismo.
A constatação pela ciência mundial de mais de meia centena de locais de solos antropomórficos com
alta fertilidade ao longo dos rios e vales amazônicos já superou a fase de fascinação. O importante agora é
decifrar seu enigma e aproveitar a onda da biotecnologia de interesse financeiro e econômico e tentar aplicá-la à
Revolução Verde (prioridade planetária para a África) ou nas mudanças conservadoras nos “agronegócios” na
América, Europa e Ásia conforme as metas da Nova Ordem para os organismos multilaterais, blocos, grandes
fundações (Rockefeller, Bill & Melinda Gates, Kellogs, Nippon), em pugna com UBS, U.E. CHINA e
emergentes.
Depois das Chinampas sem solo e dos Ultisoles sem chuvas, temos a “terra preta indígena”, que não é
uma questão de arqueologia, mas simples biologia a ser decifrada, pois trezentos anos depois de abandonada
continua com sua fertilidade e serule apesar dos treze mil milímetros de chuva anual. A agricultura de vazante
nas margens dos rios consolidou civilizações, onde o Egito é uma dádiva do Nilo, pelo depósito de limo e
argilas, sais minerais, húmus, cinzas e rochas vulcânicas. Isto pode ser observado, através dos tempos, em todos
os quadrantes do mundo nos lagos de Tenochtitlán e, também na Amazônia.
A presença do pó de cerâmicos ou munha de carvão analiticamente datado recompõe o quadro, mas é
importante refazer, ou melhor, fazer novamente a “terra preta”, de forma acelerada, no mesmo local, com os
elementos da época, e nas mesmas condições?
Qual foi a influência das cinzas vulcânicas e pedra-pomes (púmice) lançadas na região periodicamente,
pois Bolívia, Peru, Equador e Colômbia possuem mais de 300 vulcões ativos, cujas cinzas ou rochas flutuavam
e se depositavam nas várzeas dos rios, onde eram feitos os cultivos. A observação do benéfico efeito e sua
expansão para áreas altas pelo baixo peso, sua riqueza em Enxofre e Silicatos com mais de quarenta elementos
minerais provocavam e provocam a corrosão química evitando a perda de gás carbônico e metano para a
atmosfera (mudança climática) ao mesmo tempo em que promovia a fermentação da lignina, o
desenvolvimento de liquens e fungos superiores aproveitando a riqueza de Oxigênio no solo para a fermentação
dos restos de alimentos, com seus lipídeos. Repetimos a pergunta: Qual a importância da presença de lipídeos
3
A palavra negócio deriva de negação ao ócio. Agronegócio é essa intervenção no processo natural de produção superando o
reducionismo petroquímico industrial, eliminando o subversivo sufixo “cultura” em Agricultura.
nessa lama solubilizando substâncias sulfurosas orgânicas importantes para o metabolismo dos microrganismos
do Oxigênio? Decifrar o enigma conduzirá à autonomia.
O enriquecimento das áreas com leguminosas, cujas sementes de uso em seus enfeites, colares, cocares,
ativavam o ciclo do Nitrogênio, da mesma forma que as sementes de palmeiras restos de sua alimentação (açaí,
tucumã, patauá, pindó etc.) por suas altas concentrações de Oxigênio e ácidos graxos, ceras e resinas, que na
germinação permitem sintrofia com micorrizas, e mesmo, nas condições de chuvas torrenciais devido impedem
a perda de nutrientes (pontos isoelétricos e euteticos em misturas coloidais). O cromatograma de ninho de
cupinzeiro é muito parecido com o de terra preta, pois ele é composto de húmus da terra, palha vegetal, restos
de seu próprio esterco, saliva e substâncias lipossolúveis adesivas. Isto facilita uma fórmula para a
multiplicação da Terra Preta Indígena tão buscada pelas transnacionais da indústria de alimentos.
A observação da produtividade das áreas de vazantes, acúmulo de sedimentos nas margens do rio e a
necessidade de sustentar uma produtividade os fez criar condições semelhantes através de sedimentos e manejo.
Qual a influência das grandes quantidades de manipueira, com enzimas, vitaminas, N e microelementos
catalisadores como Cobre, Zinco e Ferro, todos vitais para os microrganismos, ainda mais, quando adsorvidos
sobre partículas de cerâmica, munha de carvão ou gorduras e seus sais conservando umidade, calor e nutrientes
essenciais para os microrganismos? A dieta indígena é rica em caças e peixes cujos restos são ossos e espinhas
usadas, diretamente, ou em parte, como cinzas, aumentando a presença de Fósforo, Cálcio e Magnésio de vital
importância no metabolismo e autopoiese dos seres vivos formadores de solo como algas, liquens,
actinomicetes, micorrizos e outros. Gramíneas do tipo do vetiver (Vetiveria sizanioides) com alto conteúdo de
ácido palmítico em suas raízes, igual que as palmeiras permitiram uma grande rede dos actinomicetes e
micorrizos? O uso cíclico destas quantidades, além de um manejo de biomassa em pouco tempo pode formar
um conteúdo de matéria orgânica, cujos resultados, aumentam os tratamentos para melhores colheitas.
No Brasil temos quatro biomas onde podemos repetir os compostos que originaram a “terra preta”
(Caatinga, Cerrado, Amazônia e Mata Atlântica) e obter variáveis ambientais do mesmo processo, sem ficar nas
mãos ou interesses de cientistas vinculados àquelas empresas ou interesses de organismos multilaterais.
Um cálculo per capita de produção de manipueira, caça e pesca, permite saber o total de Fósforo, Cálcio
e Magnésio, Zinco, Ferro e outros, para os devidos cálculos experimentais e uso de um modelo para expansão,
sem a necessidade usar sequências de mRNA, DNA ou PLFA, PMN, SIR, FISH e outros índices similares de
interesse exclusivo de elaboradores de kits de laboratórios e desenvolvimentos de tecnologias exclusivas.
A vantagem é que podemos fazer com os elementos acima compostos nos diversos biomas e com o uso
de farinhas de rochas e construir as equações que a “terra preta indígena está clamando” e nossa cegueira
liebigniana não permite ver ou sentir, até que sejamos obrigados a comprá-la nas lojas que antes vendiam
xenobióticos, das mesmas empresas
Os cromatogramas de Pfeiffer são um poderoso instrumento, que define a ação microbiana, integração
protéica, enzimático-vitamínico, na harmonia na estrutura mineral do solo de forma objetiva, rápida, barata e
“in loco” permitindo um controle par e passo de todos os ensaios para o crescimento da biodiversidade
microbiana, complexidade nas diferentes etapas de fermentação na formação da terra preta, permitindo
prognóstico, diagnóstico e tomada de decisão conforme sua variação geral ou específica em cada um dos
biomas citados. O dilema da ciência atual, é que:
esbarra nos seus objetivos e metas calcados na biologia
molecular, onde as operações, na maioria das vezes
circunscrevem-se às mãos, bancadas e espelhos, e,
pouca reflexão ou raciocínio mental.
VII – Terra Preta Indígena
Há mais ou menos vinte e cinco anos começou a
“Corrida do Ouro” atrás da “Terra Preta Indígena na
Amazônia” com a Universidade de Cornell. Hoje ela
atrai mais de 25.000 pessoas e mais de duzentos
institutos internacionais patrocinados pelo Rockefeller
Brothers Fund; Bill & Melinda Gates Foundation, Coca Cola, Nestlé, Kellogs F., Cargill, Union des Banques
Suisses e outros, pois ela é fundamental para viabilizar a matriz biotecnológica da Aliança para a Revolução
Verde na África e as grandes transnacionais e universidades estão alvoroçadas com os projetos mirabolantes.
Foto/Croma: Oliver N. Blanco
Criar a Terra Preta é difícil, pois é necessário muito tempo, mas se pode expandi-la “ex situ” facilmente para
Mata Atlântica, Cerrado e Caatinga e Jalapão.
Inovar um conceito biotecnológico e obter um inóculo da Terra Preta Indígena é um desafio maior que
o Amazonas4
Na medida em que aumenta a diversidade de microrganismos e quantidade de Carbono é incorporada ao
solo, diminui a necessidade e quantidades periodicamente agregadas, até o estabelecimento de um equilíbrio, ao
final de alguns anos. Em quatro anos se tem uma leitura plena da eficiência do método para acumular Carbono
no Solo e produzir fertilidade em cada um dos biomas nacionais e sua aplicabilidade às condições das savanas
africanas, onde a biomassa é menor e muito maior a presença de animais, de forma inversa à América e
Austrália. Só assim teremos condições de receber os milhões de refugiados ambientais... programados para a
Amazônia pelas Nações Unidas, todos consumidores de barrinhas de cereais da Nestlé, Coca-Cola e Cargill.
Encontrei dois doutores em agroecologia formados na Espanha que não conhecem o conceito de Saúde
do Solo... Isto é grave, muito grave, mas não chega a ser um problema. Eles vão querer comprar a Saúde do
Solo na mesma loja ou farmácia que vendia fertilizantes solúveis e agrotóxicos, mas em um mês, sem um
centavo de dinheiro público, privado ou internacional capacitamos 250 pessoas no nordeste, norte e sul para que
a luz da consciência e saber afaste empecilhos induzidos em Pindorama. Em setembro próximo a Austrália
promoverá uma gigantesca conferência sobre a fixação do carbono no solo agrícola, e logo isto será um novo
segmento de inversões financeiras por grandes grupos para respaldar a biotecnologia da terra preta nos cinco
continentes. Alguns ingênuos crêem que, as grandes transnacionais venderão eternamente inóculos como
insumos para a saúde do solo. Isto será intenso no início, mas, depois, o controle das matérias primas (minerais,
fermentação e respiração) através de serviços, certificações e outros, que não mais são que a eliminação da
participação do Estado, através do governo para mercantilizar ao seu gosto os processos naturais da indústria de
alimentos. Isto fará com que os micróbios nativos tenham mais valor para os processos que os microrganismos
selecionados na Holanda, Alemanha, Cuba, China ou Japão.
VIII – Biotecnologia
Em uma tese de mestrado na USP5
, se estudou a biodiversidade (bacteriana) na Terra Preta Indígena,
através de técnicas moleculares independentes de cultivo, onde o DNA genômico total das amostras de solo foi
extraído e usado como molde em uma reação de PCR utilizando oligonucleotídeos específicos do gene 16S
rRNA para o Domínio Bactéria. O produto de PCR amplificado foi clonado no vetor pGEM-T e 980 clones
foram selecionados e comparados com o banco de dados de 16S rRNA do RDP II e GenBank (NCBI-EUA).
Os resultados apresentaram predominância de microrganismos não-conhecidos representando 41,6 %
das seqüências no solo TPI- Balbina, 68,3 % das seqüências de ADJ*
-Balbina, 84,8% das seqüências de solo
TPI-Mina e 47,7 % das seqüências de ADJ*-Mina. O filo mais predominante nas amostras TPIBalbina foi
Firmicutes, representando 37,1% do total de seqüências analisadas.
Os filos em destaque foram Proteobacteria (9,6%), seguidos de Verrucomicrobia (5,6%), Acidobacteria
(2,5%), Gemmatimonadetes (2,5%), Actinobacteria (0,5%) e Nitrospira (0,5%). Por outro lado, em ADJ*-
Balbina destacaram-se os filos Proteobacteria 15,1%, Acidobacteria (12,5%), Firmicutes (2,3%), Nitrospira
(1,1%) e Verrucomicrobia (0,8%). Em TPA-Mina, os filos apresentados foram Proteobacteria (6,5%),
Acidobacteria (4,7%), Firmicutes (1,4%), Nitrospira (1,1%), Planctomycetes (1,1%) e Verrucomicrobia
(0,4%). Contudo, na biblioteca ADJ*-Mina verificou a presença dos filos Acidobacteria (27,2%),
Proteobacteria (14,2%), Firmicutes (3,8%), Verrucomicrobia (3,8%), Nitrospira (1,3%), Planctomycetes
(1,3%), Actinobacteria (0,4%) e Gemmatimonadetes (0,4%).
4
Misturar: 2 parte de Serrapilheira + 0,01 partes de Melaço; 2 parte de Carvão Vegetal (munha) + 0,01 partes de Borra de Café;
2 parte de Casca de Arroz + 0,01 partes de Calcário; 2 parte de Turfa Moída + 0,01 partes de Terra Preta de Índio; 2 parte de Farinha
de Rocha + 0,01 partes de Farinha de Osso; 2 parte de Pó de Olaria + 0,01 partes de Flor de Enxofre e 0,01 partes de frutos de
palmeiras ou gordura de babaçu. Depois de bem misturado umedecer com água de chuva, mas sem escorrer. Colocar em bolsas feitas
de tecido “vual” e pendurar ao ar livre protegido da chuva e insolação direta para que fique bem arejadas. A cada dois ou três dias
borrifar água de chuva para umedecer, sem escorrer e revirar a bolsa de vual fechada para arejar o seu miolo. Depois de quinze dias
de fermentação está pronto para aplicar ao solo dos canteiros para captura de micorrizos e serule e posterior preparo das “bonecas
africanas”, “chouriços microbiolizados” ou semeadas com Vetiver sizanioides, sementes de palmeiras, casuarinas e gramíneas para
captura in situ. O controle de qualidade é feito periodicamente com Cromatogramas de Pfeiffer e microscópio.
5
Fabiana de Souza Cannavan, resumo acessado na webb em 06/09/11.
*
Instrumentos de Estatística.
O pH do solo pode ser** um dos atributos do solo que pode ter**influência direta na diversidade
bacteriana dos solos estudados, assim como pode ter** efeito uma floresta natural sobre as populações
microbianas em seu solo, fato observado na adjacência do solo Terra Preta em Caxiuanã - PA.
A estimativa da riqueza de UTOs pelo Bootstrap* corroborou diretamente os valores de diversidade
obtidos pelos índices de Simpson e Shannon. De um modo geral, uma maior probabilidade de ocorrência de
UTOs únicas empregadas pelo estimador Jackknife* se correlacionou com uma maior percentagem de baixas
freqüências de filotipos nas quatro bibliotecas. Os métodos não-paramétricos ACE e Chao1 para a estimativa
da riqueza de UTOs também corroboraram com os valores obtidos com o estimador Jackknife.
O resumo da tese faz supor os trabalhos (reservados) em poder das grandes fundações internacionais
sobre o potencial da biodiversidade da Terra Preta Indígena, pois os principais gêneros encontrados eram
desconhecidos6
. Cabe o questionamento: Nossa prioridade seria “marcadores moleculares”, já que sequer
temos capacidade sistemática neste campo?
- Mas, o Centro delega ação e serviço à periferia aumentando e estratificando sua qualidade
investigativa a baixo custo. Contudo, buscando “marcadores ambientais”, através de elaborações de compostas
“in situ” e “ex situ” em todos os Institutos Federais de nível médio, a baixíssimo custo teríamos melhores e
maiores condições de fazer ciência e gerar tecnologia com maior autonomia, competitividade e alcançar
autonomia na Sistemática de microrganismos e lutar em mais igualdade pós-moderna, entre o bio-industrial e o
bio-artesanal7
A obra de von Liebig se sintetiza na frase: "Nur an Humus Fehlte es, so meinte man früher, nur an
Ammoniak fehle es, so meint man jetzt" (Antes, se pensava o que falta é Húmus, agora, o que falta é
Amônia.) A defasagem ética deste saber e fazer garante a intenção e interesse das grandes corporações. Os dez
itens abaixo dizem respeito à importância do ácido fúlvico na vida de todos os seres vivos deste planeta, e foi
extraído de um “bate papo” entre pós-graduandos Ivy League (Pobre África com sua Revolução Verde; e nós
com a caricata e periférica agroecologia de consumo).
IX ÁCIDO FÚLVICO
1. O ácido fúlvico é o mais sofisticado eletrólito natural do planeta capaz de
balancear e energizar as propriedades biológicas e ser simultaneamente doador ou
receptor de elétrons conforme a necessidade do metabolismo das células, oxi-
redução ou eletrodo. Além do mais é um poderoso antioxidante, eliminador de
radicais livres. É especialmente ativo na dissolução iônica de minerais e metais em soluções aquosas, que
desaparecem em sua estrutura tornando-se bioquimicamente reativos e móveis. Ele realmente transforma esses
minerais e metais em complexos moleculares de fulvatos totalmente diferente de suas formas mineral ou
metálica.
2. O ácido fúlvico é o caminho natural de "quelação" de cátions, colocando-os em forma rapidamente
absorvível e biodisponível, e, também tem a capacidade única de dissolver a sílica que entra em contato
consigo; aumenta a disponibilidade de nutrientes e os torna mais facilmente absorvíveis, permitindo aos
minerais se regenerarem e prolongarem sua ação como nutrientes essenciais. Ele prepara os minerais para reagir
com as células e permite sua interação uns com outros, dividi-los em sua forma iônica mais simples,
quelatizados através de seus eletrólitos.
3. O ácido fúlvico complexa imediatamente minerais e metais tornando-os disponíveis para as raízes das plantas
e de fácil absorção, através das paredes celulares. Faz minerais como o ferro, que normalmente não são muito
móveis, sejam facilmente transportados através das estruturas da planta. Dissolver e transporta vitaminas,
coenzimas, auxinas, hormônios e antibióticos naturais que geralmente são encontrados em todo o solo
tornando-os disponíveis em quantidades muito superiores ao seu próprio peso.
4. O ácido fúlvico tem estreita associação com enzimas, em especial com as catalisadoras que influenciam
atividades respiratórias e aumentam a atividade de várias enzimas, incluindo fosfatase alcalina, transaminase e
**
negrito nosso, para ressaltar o texto da autora.
6
As expedições: Presidente Roosevelt (1913); Nazistas (1935); Príncipe Charles e doação das Anavillanas (1978); Jacques Costeau
(1984) e outras.
7
O utilizamos, embora seja um pleonasmo.
invertase.
5. O complexo orgânico metal-ácido fúlvico tem baixo peso molecular e tamanho de molécula, mas possuem
alto grau de penetração celular. Complexos de ácido fúlvico e seus quelatos são capazes de facilmente passar
por membranas semipermeáveis, tais como paredes celulares. É importante notar que o ácido fúlvico não tem
apenas a capacidade de transportar nutrientes através das membranas celulares, mas também sensibilizar as
membranas celulares, assim como várias funções fisiológicas.
6. O ácido fúlvico faz o sistema imunológico das plantas funcionarem em alto nível e expostas a ele melhoram
o crescimento. O oxigênio é absorvido de forma mais intensa em sua presença. Um aspecto importante está
relacionado à sua interação/adsorção com xenobióticos, seja antes ou depois de atingir concentrações tóxicas
para os organismos vivos, onde tem uma função especial no que diz respeito ao desaparecimento de
xenobióticos aplicados ao solo. É vital para ajudar novos íons, ligados a poluentes orgânicos, como pesticidas e
herbicidas, e catalisar sua decomposição. Substâncias radioativas reagem rapidamente com o ácido fúlvico,
formam complexos organo-minerais de diferente absorção, estabilidade e solubilidade.
7. O ácido fúlvico é especialmente importante devido à sua capacidade de complexar ou quelatizar cátions e
interagir com sílica. Tem sido demonstrado que essas interações podem aumentar as concentrações dos cátions
e sílica encontrada em soluções aquosas em níveis que estão muito além de sua capacidade de dissolução.
8. Os complexos de ácido fúlvico têm a capacidade de reagir uns com outros, e também interagem com células
para sintetizar ou transmutar novos compostos minerais. A transmutação de sílica vegetal e magnésio para
formar cálcio em ossos animais e humanos é um exemplo típico disto. Ele estimula e aumenta a divisão e
elongamento celular e equilibra as células, criando ótimas condições de crescimento. Aumenta a
permeabilidade das membranas celulares e atua como agente de sensibilização de células específicas. Melhora
a permeabilidade das membranas celulares e intensifica o metabolismo das proteínas. Finalmente, aumenta o
teor de DNA nas células e aumenta a relação de síntese de RNA.
9. No interior das células, o ácido fúlvico tem a capacidade de complexar vitaminas em sua estrutura, em
combinação com minerais complexados, podendo catalisados e utilizados por elas, pois na ausência de minerais
traços adequados as vitaminas são incapazes de desempenhar a sua função.
10. O ácido fúlvico forma complexos monovalente e divalentes estáveis solúveis em água, cátions trivalentes, e
polivalente, o que ajuda no movimento de cátions, que normalmente são difíceis de mobilizar ou transportar,
por serem excelentes quelantes natural, trocadores de cátions, e de vital importância na nutrição das células. É
importante ter em mente que os principais cientistas concordam com Roger J. Williams: "Os blocos de
construção presentes na maquinaria metabólica dos seres humanos não são, na grande maioria dos casos
diferentes daquela dos outros organismos".
Eles são um centro-tecnológico e mercantil, jamais entenderão o cerne do pensamento de
Netzahualcóyotl:
“Amo el canto del Tzentzontle, [sabiá]
pájaro de cuatrocientas voces,
amo el color del jade y
el enervante perfume de las flores,
pero amo más a mi hermano, el hombre.”

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Húmus: o diamante raro da Amazônia

  • 1. Fundação Juquira Candiru Satyagraha – publicações Capítulo publicado no livro Saúde no Solo x Agronegócio – Sebastião Pinheiro (2016). Gaudeamus igitur: Habemus nigra terrae amazoniam (Alegrai-vos pois: Temos a Terra preta indígena) Gaudeamus igitur Juvenes dum sumus. Post jucundam juventutem Post molestam senectutem Nos habebit humus I - Introdução. Para muitos os diamantes são eternos, contudo, nada é eterno, nem mesmo o Universo em função do movimento. O diamante é uma gema mineral raríssima pelas condições necessárias para sua formação, onde o Carbono é comprimido em altíssimas temperatura e pressão, só encontradas nas profundezas do magma em épocas remotas. Seu movimento através das chaminés dos vulcões, por sua dureza chega aos nossos dias. A energia total de sua formação supera a magnitude de Tarajoules por grama, mas o que nos interessa é o movimento. A eternidade poética, religiosa ou biológica leva ao tempo, que nada mais é que registro do movimento [M = e x t], fundamental para a Vida que se desenvolve como membranas sobre a superfície deste planeta. A pergunta de Erwin Schroedinger: O que é a Vida foi balizado pelo eminente cientista Wladimir Vernadski: - Vida é a animação (movimento) dos minerais. Já temos os elementos para iniciar uma análise do mais raro diamante amazônico. Em economia há muito valor para o raro diamante e pouquíssimo valor para o abundante Carbono, embora no dia-a-dia da sociedade industrial aumentem as manipulações, pois os seres vivos só podem comer Carbono animado pelo Sol. Nossa educação periférica impõe a inconsciência, assim se ignora que o mesmo Carbono que constitui os diamantes é quem garante e mantém o funcionamento das máquinas inanimadas na forma de: - carvão mineral, - petróleo ou biomassa. A energia do carvão mineral do subsolo nacional deu origem aos impérios britânico, francês, austro- húngaro, alemão, italiano, espanhol, russo e japonês. A disputa pelo monopólio do petróleo ultramarinho levou as duas maiores guerras da humanidade e descompôs cinco impérios, mas para quê consciência. As maiores empresas do petróleo (John Davisson Rockefeller e Coroas Britânico-Holandesa) são as que mais investem em ciência e tecnologia de combustíveis de biomassa para seu domínio hegemônico, embora isto também seja escamoteado, pois, também, o combustível dos seres vivos (alimentos) faz parte destes mesmos investimentos e segredos de se tornar uma coisa só através da indústria de alimentos. E, o aumento de Carbono da biosfera fruto do desequilíbrio entre a produção do Fogo (entropia) e a Síntese do Sol (energia de Gibbs) trás a mudança climática e oportunidade, para deleite de financeiras, bancos e corporações, onde o meio ambiente é integrado à ciência e tecnologia rentável com o nome de sustentabilidade controlada. O outrora movimento na natureza “fator da produção e invariável” é mercadoria. Hoje incorporar Carbono ao solo agrícola é o novo investimento financeiro dos mesmos grupos e aí está a “Aliança para a Revolução Verde na África”, a partir do Sol biotecnológico, onde os agrotóxicos é um problema industrial chinês, e de movimentos sociais terceiro- mundistas com seus fines inconfessáveis. Logo, veremos o resultado da reunião dos australianos (Setembro 2011) sobre a incorporação do Carbono no Solo Agrícola e teremos políticas multilaterais impostas e acatadas, pois há mais de cinco lustros a ciência industrial está instalada na Amazônia garimpando o diamante mais raro possível: A terra Preta Indígena, que nós iremos comprar e consumir. Contudo, ele nada mais é que as cores do arco-íris no suor indígena que deram cor à terra amazônica. Interrompa a leitura e faça o download free do desconhecido livro Húmus (Origin, Chemical Composition, and Importance in Nature) do Prêmio Nobel Selman Waksman escrito em 1936. Leia-o duas vezes. Reflita, é sabido desde o século passado que, o húmus é importante na confecção de pilhas e baterias
  • 2. para a moderação da carga elétrica e maior durabilidade; importante revestimento contra as altas temperaturas1 ; e protetor contra radiação eletromagnética nociva... Nosso título estampa outro diamante, a alegria nostálgica do esquecido canto dos estudantes, preste a perderem a liberdade em favor de servir o poder aristocrático ou totalitário na sociedade industrial, que expande o reducionismo na relação “causa-efeito”, e faz a cada momento, mais distante e inconsciente os processos, métodos, ações e políticas, para não serem percebidos, entendidos ou rejeitados. O primeiro exemplo é a questão ambiental e o segundo foi o húmus. Em menos de cinco lustros, de Estocolmo (72) à criação da OMC (96), a natureza (história natural) se transformou, de empecilho, a patrimônio e, de objeto de veneração, à fanatismo, moda, e, por último objeto de consumo alienado, manipulado ou induzido. Neste curtíssimo espaço de tempo a matriz tecnológica e energética alcançou a máxima hegemonia e mudou a feição do mundo de forma sutil, do petróleo - petroquímica à solar – biotecnologia. Para perceber e compreender isso é necessário retroceder um ou vários séculos e precisar o gatilho desta evolução mercantil e seus gestores. A questão ambiental não tem sua gênese na Conferência sobre o Meio Ambiente e o Homem em Estocolmo, mas poderíamos encontrar seu “Fiat Lux” na Encíclica “Rerum Novarum” de Leão XIII publicada em 1891, cinco lustros depois do Manifesto Comunista (1867). A encíclica é uma resposta muito bem contextualizada à energia revolucionária do citado documento. Ela é uma nova Didactica Magna 1621-1657 (Comenius) que cria os direitos de segunda geração que, antes de cinco lustros fará parte da relação capital e trabalho nos países industriais (ou centrais), mas só chegará aos países periféricos depois de duas “guerras mundiais” em neo-colonialismo e começará alcançar a órbita dos árabes cinco lustros depois do fim da guerra fria. Dentro desta ordem cada país ocupa seu nicho conforme sua distância do centro e assim se situa sua academia, que ensina e forjam profissionais, onde desde a alimentação, saúde e acúmulo de riqueza cultuam o saber permitido. II – Húmus Quanto ao húmus, na agronomia se ensina desde 1826 que, o solo é o suporte inerte das raízes, e não há importância em seu conteúdo, mas na Lei do Mínimo desenvolvida por Carl Sprengel/(von Liebig), o que foi entendido desde um centro à uma periferia com a intensidade da aculturação imposta e fidelidade devida, sem discernimento sobre os interesses financeiros, econômicos, militares ou religiosos ocultos. O acúmulo de conhecimento neste século e meio consolida o saber, tecnologia e ciência sobre a edafologia através de métodos, protocolos, convenções, legislações, normas, classificações que, agora, pela mudança de matriz são jogados de lado e “esquecidos” peremptoriamente pelo novo, que surge e deve lenta e gradualmente substituir o anterior sem qualquer percepção de causa-efeito. O solo mutatis mutandis continua o que sempre foi apesar da catequese confessional dos especialistas de turno. Entretanto, no México há mais de três mil anos agricultores Tlatlelolco, Teotihuacanos, Olmecas, Toltecas e Mexicas construíam pequenas ilhas que flutuavam sobre os lagos Chalco-Xochimilco e Xochimilco- México ou Texcoco, uns eram de água salobra devido as cinzas e água dos vulcões Popocatepelt e Iztaccihuahtl, e outros de água doce, que para não se misturarem tinham diques (Albarrada) e Aquedutos de Chapultepec construídos por Netzahualcóyotl (1450), mas os espanhóis os destruíram e as águas se misturaram com problemas para o abastecimento de alimentos de Tenochtitlán, já com quinhentos mil habitantes... Para formar estas ilhas flutuantes se afundava na água matéria orgânica que fermentava em ambiente redutor no fundo do lago. Esta lama colocada sobre estrados de madeira formava as ilhas e a matéria orgânica em contato com o ar se oxidava imediatamente, e, em poucas horas era possível cultivar legumes, hortaliças e flores, como ainda hoje vem sendo feito na cidade do México que tem vinte e cinco milhões de habitantes. Estas ilhas flutuantes com centenas de metros de solo formado pela mão humana são conhecidas como Chinampas e garantiam o sustento de seus habitantes. O interessante é que com a fermentação redutora, a matéria orgânica se decompunha em meio a gás sulfídrico, e todos, os sais eram precipitados como sulfetos altamente insolúveis (Kps = 1 x 10-18 ). Assim se conseguia separar o Cloreto de Sódio, sal altamente tóxico para as plantas e que impede a agricultura, pois o sal ficava solúvel na água sem transtornar a agricultura. Ao 1 A N.A.S.A estudou a estrutura dos cupinzeiros. Especula-se que suas Space Shuttle são revestidas por estes polímeros de húmus.
  • 3. mesmo tempo em que preparavam a fermentação da matéria orgânica, eliminavam o sal, o que é fantástico. Mas, qual a importância da presença de lipídeos nessa lama, que solubiliza e retinha substâncias sulfurosas orgânicas importantes para o metabolismo dos microrganismos do Oxigênio? - Há algum grande edafólogo ou naturalista que tenha registrado em sua obra ou ensinado isso aos seus alunos nos últimos quinhentos anos? - Infelizmente, nem no México por razões óbvias. As Chinampas de Xochimilco continuam tão ativas hoje, quanta aquela de dois mil anos atrás... Ainda no México pude acompanhar a produção de abacates em Michoacán, aonde se chega à colher até cinco safras em um mesmo ano. A presença do Paricutín e outros vulcões formaram ali um solo sobre cinzas vulcânicas e o ambiente fez desenvolver uma serule com predomínio de fungos micorrízicos. Estes solos negros classificados como Ultisoles de cor escura em solução têm alta viscosidade pela presença de glomalina, proteína desenvolvida pelos fungos micorrízicos. Trabalhando neste solo com um geólogo-agrônomo mexicano percebemos que ao usar farinhas de rocha se aumentava a atividade microbiana do mesmo comprovado pelos cromatogramas de Pfeiffer (especiais devido à riqueza de ácidos húmicos). O mesmo se pode fazer em Medellín na Colômbia em solos muito parecidos e também bastante viscosos. O uso desta terra como “inoculante” nos compostos fermentados do tipo “Bocashi” produz cromatogramas perfeitos. Depois de conhecer as Chinampas e os Ultisoles, tive a oportunidade de conhecer outro solo feito pela mão humana, em meu próprio país. Faz muito tempo acompanho os trabalhos dos antropólogos sobre a Terra Preta Indígena na Amazônia e as teses alemãs, holandesas, inglesas e japonesas sobre o tema, no último quarto de século sem fascínio ou estupefação. Da história sabemos dos escritos do derrotado Francisco Orellana ou de seus antecessores do Império do Mali, onde Mansa Abubakar II2 explorou o grande rio e encontrou povoados com grandes populações. Para alimentar estas populações seria necessária muita terra fértil. Agora com a terra preta feita pela mão humana é que estes relatos podem ser corroborados e compreendidos, mas, e a biotecnologia indígena? III – Neo-Encíclica Façamos um parêntese. Há mais de três meses em um encarte na revista Carta Capital há a matéria do The Economist, de 23 de março de 2011, “Nove bilhões de bocas”, que é dividido em oito partes. Após a leitura geral e verificação nas fontes do autor, a reportagem, é peça de propaganda subliminar do agronegócio, neo-encíclica dos interesses financeiros internacionais para o status quo, dirigindo rumos, tendências e controles. Descortina o futuro sem comprometer o modelo de agricultura industrial dos últimos 50 anos, ainda vigente. A releitura de estudo mostra que, todas as questões levantadas pelos críticos ao modelo ao longo dos últimos cinqüenta anos e ignoradas, agora são trazidas como parte da reflexão meritória indicando que não há mudança e evolução, apenas hiper-realidade. Não há liberdade ou espaço para ingenuidade somente interesse político-financeiro. O triste é que Europa, Japão e EUA se preparam nos últimos cinqüenta anos através de suas universidades, instalaram laboratórios sociais com as novas tecnologias e formataram o que agora chega à nossa realidade, mesa e “consciência” para a gestão política teleguiada ou servil. Durante a ditadura corrupta dos banqueiros (exercida pelos militares), toda crítica feita ao modelo agrícola era subversão, desinformação ou “denuncismo”. O que importava era o desenvolvimento, combate à fome e adquirir “know how”. O título diz: “Nove bilhões de bocas”, mas os cálculos feitos demonstrando que toda a produção mundial dividida por sua população e pelos dias do ano garantia uma exorbitância de mais de dois quilogramas de alimento/dia/per capita, mas o título continua com o mesmo alarme- propaganda da época do Reverendo Malthus, embora ainda não tenhamos noção do cerne de seu trabalho, que ia muito além das progressões entre alimentos e população. O temor era a ruptura das estruturas entre oferta/preço e seu resultado a barbárie... O estranho é que ela ocorre hoje, em Londres pelo acesso ao consumismo... Assistimos a Conferência das Nações Unidas em Hertogenbosch, Países Baixos (de 16 a 22 de abril de 1991), que propôs o novo modelo sob o nome de Agricultura e Desenvolvimento Rural Sustentável (SARD por sua sigla em inglês). Maquiava-se a matriz tecnológica da química como biotecnologia (indústria biológica) para garantir a exclusividade tecnológica, escala de produção. Para isso era necessário modernizar o discurso 2 Afirma-se que as inscrições nas pedras na confluência das águas (encontro do Solimões com o Negro) é obra de seus expedicionários africanos. Agora, a Coca-Cola suborna para que o patrimônio tombado com participação da UNESCO volte para atender os interesses em água de abastecimento daquela honorável empresa. O que está sendo atendido pela justiça local.
  • 4. da fome, e o estado nacional para o consumo de serviços (certificações, rastreabilidade, agroecologia, sustentabilidade do solo, água e minorias), acelerando o ritmo da economia pós-industrial. IV – Fome Vale a pena outro parêntese: A palavra fome usada após a Segunda Guerra Mundial é muito diferente de Inedia dos romanos, Starvation e Famine do inglês arcaico, mas de mesma origem, bem classificada por Cícero no Senado. Tanto babilônicos, quanto egípcios se referiam a elas através das alterações no regime dos rios Eufrates/Tigre e Nilo, o que para nós hoje seriam as mudanças climáticas (Famine, a short history, de Grada O. Cormac, Princeton Press, 2009), significando a ausência de comida para todos. A fome da Irlanda era concomitante com grande exportação de alimentos, idêntico ao, hoje, ocorre na Etiópia e Somália, em gestão eugenista. A ideologia não permite ver que, no Paquistão em 1965, para cada quilo de uréia aplicado, a resposta eram 11 quilos de arroz colhido. Neste, país, solo e agricultura, em 1995, para cada quilo de uréia, a resposta era somente de 3 quilos do cereal. Uma projeção permite vislumbrar o que acontecerá no mesmo solo dentro de trinta anos, mas o artigo habilmente tergiversa e o que era subversão, agora é establishment e se mantém o título “Nove bilhões de bocas”, que oculta o dogma: Where food is scarce or expensive there is rebellion (onde o alimento é caro ou escasso há revolta), por isso a agricultura, na Europa, EUA e Japão não estão no mercado. Aqui, o “agrobusiness” nada mais é que agricultura no, e para, o mercado, sem o Estado por interesse dos bancos e transnacionais em suas piratarias. Do segundo parágrafo do artigo até o oitavo os preços de alimentos justificam este interesse e culmina citando Davos onde 17 empresas capitaneadas pela benemerente Fundação Bill & Melinda Gates preparam uma nova visão para a agricultura. Desinformação, a verdadeira visão para a agricultura foi feita em 1906 quando o Congresso dos EUA resolveu enquadrar o magnata do petróleo J.D Rockefeller obrigando diversificar suas atividades. Ele contratou uma equipe de consultores capitaneados por dois matemáticos para construir um modelo de aplicação de seu capital, sem perder poder, força e capacidade regenerativa, ou seja, sustentabilidade e isto têm “tudo a ver” com nossa terra preta indígena. V – Necessidades Essenciais Os elementos da equação eram as três necessidades essenciais de todos os seres vivos NUTRIÇÃO, PROTEÇÃO E REPRODUÇÃO. O Grupo Rockefeller nada mais fez que aplicar em: - Agricultura (industrial) até mesmo criou a cadeia produtiva da banana em 1909 (United Fruit e United Brands), que usava a garota propaganda Carmen Miranda para cantar seus jingles; - Saúde (industrial), que usou o leite em pó & o bebê Johnson, higiene e criou o gigantesco mercado de vacinas reaproximando humanos e macacos em sentido contrario à evolução como instrumentos de mercado; - e por derradeiro, a - Reprodução do capital ou Segurança e globalização da Economia. Na agricultura ou saúde, nada mudou o que está ocorrendo, hoje, é que os espaços América Latina e Ásia ultrapassaram o umbral que somente agora chega a África, cinqüenta anos depois. Há uma questão, os impactos negativos da biotecnologia exponenciam os riscos do ocorrido na América Latina e Ásia com os insumos químicos e modelo. Contudo não haverá anacrônicas ditaduras e o continente africano está maduro para absorver os investimentos, permitindo uma grande inversão de dinheiro privado industrial para a implantação da matriz tecnológica da biotecnologia sem travas ou concorrência de países em desenvolvimento que agora são obrigados a seguir o modelo anterior, sem possibilidade de qualquer mudança, pelo rígido controle dos serviços e certificações. Quanto à Segurança temos, todos “democracia” e líderes populares de fazem coisas maravilhosas para banqueiros e agrado para os consumidores, que antes não consumiam e na África surge a primavera islâmica, em seu Norte. O que era “o campesinato”, agora é “pequena propriedade familiar” (igualzinho dos EUA) e deve adequar-se à realidade industrial financeira, para um nicho de mercado de alta qualidade, agregados de valores etnológicos, antropológicos e culturais, como as populações tradicionais, onde os serviços garantem a atividade através de seu uso intenso sob contrato compulsório à Nestlé, Coca-Cola, Pepsi-Cola ou Procter & Gamble, Coopers. A ninguém interessa o paradoxo mexicano: No nortista estado de Sinaloa, é comum a colheita de 16 toneladas de milho (irrigado) por hectare/ano. O subsídio é direto em dinheiro e no preço do NPK para
  • 5. permitir este resultado economicamente. Entretanto, no estado de Chiapas as comunidades remanescentes dos maias e outras conseguem até 40 toneladas de alimentos diversos no mesmo hectare/ano sem subsídio e a um baixíssimo custo e não necessitam confundir crematística & economia. Eles não se importam com a determinação norte-americana pretendida desde que o embaixador plenipotenciário e vice-presidente de Roosevelt, Henry Agard Wallace, dono da Pionneer Hy-Bred, maior produtora de sementes do mundo, para que o parágrafo 27 da constituição fosse mudado, pois impedia a comercialização de terra. Isso foi conseguido através de corrupção em 1981. Hoje a lei proíbe que eles usem sementes de seus antepassados e são obrigados a comprá-las através de bancos. São 40 toneladas de alimentos, mas, não faz muito um Ministro de Estado externou que a região de Monterrey cada vez se parece mais com os EUA ao passo que ao sul, onde está Chiapas cada vez é mais parecida à Guatemala... O diabo faz a panela, mas não faz a tampa. O México está sendo invadido por norte- americanos desesperados que antevêem o soçobrar do norte. Finalmente, nesta parte há outro dogma oculto que somente os pequenos agricultores selecionados e certificados é que produzirão alimentos naturais em uma produção artesanal (grife) para o mercado elitizado. Os outros comerão alimentos industrializados de acordo com a qualidade que possam pagar, pois alimentar-se não é para ter saúde, mas para não ter fome... Que tipo de sociedade usa o alimento para promover eugenia mercantil? O poder financeiro ignora que quase meio século antes do Prêmio Nobel de Economia de 1998, Amartya Sen fazer seus estudos, Mahatma Gandhi dizia que o planeta tem para alimentar a necessidade de todos, mas não o suficiente para a ambição de alguns. As filigranas são bordadas com muito esmero, mas não conseguem ocultar seu interesse: No portal do CIMMyT, centro criado pelo interesse do Grupo Rockefeller que dominou e destruiu a organização camponesa mexicana de produção de sementes comunitárias, estava escrito em sua inauguração (1966): Agricultura Moderna para a Humanidade. Lá estava Norman Borlaug, sua Revolução Verde; e, muita semente de trigo tratada com mercúrio que não fora plantada, foi juntada pela Cargill e trocada com os iraquianos por petróleo como se fosse grão comestível. O resultado foi mais de cem mil intoxicados no país e uma geração de crianças excepcionais. Hoje, no portal do mesmo centro (1996) está escrito: Agricultura Sustentável para os pobres. Volto, e faço a projeção o que trará esse portal dentro de cinco lustros? Ninguém questiona que, para os camponeses indígenas mexicanos o milho do CIMMyT nunca representou nada, contudo ali era a Meca do Milho dos países pobres... É possível perceber-se a sutileza? Fazer projeções é superar os desafios, mas a FAO as faz com a necessidade alimentar dos seres humanos deste planeta para estabelecer um status quo e tendências políticas e preços. No encarte da Carta Capital há o box sobre biocombustíveis, mas é diversão, pois a questão central não é a terra ocupada, nem o preço dos alimentos, mas as inversões em biotecnologia, que fazem com que se possa afirmar que um litro de álcool tem de dez a cem vezes maior investimento em patentes e serviços, sem precisar enfrentar religiões, etnias, costumes e corrupção, já que a energia do Sol é dominada sem necessidade de se ocupar o território estrangeiro. Logo, quem dominar os biocombustíveis se libertará do monopólio do petróleo, ultrapassado e em obsolescência financeira. Contudo, só os ingênuos acreditam que a fermentação da cana, do milho ou de qualquer outro cultivo será competitiva. Somente o eucalipto transgênico é que monopolicamente suprirá a matriz. A fermentação de celulose não é uma tecnologia ao dispor de todos como a do açúcar e amido e seu dono é o Grupo Rockefeller, monopolista no petróleo, na agricultura e saúde e dono de parte do Reserve Bank que imprime o dólar norte- americano. Por isso é necessário dizer: O Sol já tem dono. O que não é estranho quando, para se comer se é obrigado a passar na caixa registradora, quem quiser aumentar a produtividade usando o Sol, também deve pagar. O dogma oculto é que sem usar insumos, mas com micorrizas, actinorrizos e bactérias geneticamente modificadas é possível alcançar produções de 35 toneladas por hectare, mas não há campo para a fascinação, antes o medo e terror devem dominar para abrir as portas dos populares governos democráticos servis. VI – Controvérsia sobre “Saúde do Solo” Fechemos o parêntese e voltemos à nossa adorável Amazônia e à terra preta indígena, onde fomos subverter a ordem e oferecer aos estudantes algo mais que a palavra mágica criada no V Encontro Brasileiro de Agricultura Alternativa em Cuiabá (V- EBAA/87): AGROECOLOGIA. É triste, que não se estranhe que nos cursos de pós-graduação em Agroecologia mais da metade de seu staff seja de sociólogos de formação ou inclinação e não há laboratórios de biotecnologia... Será porque na fase petroquímica da Revolução Verde não havia nem 1% deles na Extensão e Cursos de Agronomia criados pelo RBF, quando todos sabiam
  • 6. antecipadamente da exclusão em massa dos não-adaptados e sua urbanização periférica desestruturante social, mas criadora de consumidores de alimentos industrializados como meta de médio e longo prazo? No evento em Manaus, em alguns minutos desmascaramos o mito criado da Agroecologia de finalidades teleguiadas pelo Rockefeller Brothers Fund. Depois demos um curso de “Saúde do Solo” e realizamos mais de 60 cromatografias de Pfeiffer em amostras de Terra Preta Indígena, coletadas no Instituto Federal da Amazônia em Manaus, algumas apresentando maior fertilidade a vinte centímetros de profundidade que na superfície por gênese e mau manejo. O interessante é que em amostras colhidas em sítio arqueológico, não apresentavam atividade microbiana; estruturação mineral ou presença de proteínas, como se seu metabolismo estivesse suspenso, a espera da mão humana. “Saúde do Solo” é um neologismo, surgido há mais de vinte anos nas grandes universidades formatando os interesses de governos, grandes transnacionais e agentes financeiros internacionais para a substituição e mudança na matriz tecnológica, que deixa a química dos fertilizantes solúveis e agrotóxicos, enveredando pela tecnologia da Vida, autodenominada de biotecnologia, carregando os interesses dogmáticos rumo à Eugenia Mercantil, mas infelizmente, ainda é ignorada nas universidades brasileiras ou tratada sob o viés sociológico- jornalístico... É a mais agressiva política mercantil para a agricultura mundial desde US State Dept., União Européia, JICA, GIZ (ex-GTZ). Para enfrentá-la basta saber e fazer biotecnologias indígenas... O conceito saúde impõe a harmonia das energias em um corpo, o que vale para todo e qualquer ser vivo, ou seja, a máxima higidez no metabolismo, autopoiesis e imunidade como um sistema aberto de transformação energética: Mineral, Fermentativa, Respiratória e outros. Hoje em dia se utiliza o termo “Saúde do Solo”, um neologismo da mudança de matriz tecnológica para o advento da biotecnologia ou tecnologia da vida. Logo, há que substituir todas as definições, normas e regras anteriores de sustentação e convenção que definiam o solo “suporte inerte das raízes”, onde sua vida era empecilho para os negócios mercantis de venda e uso de fertilizantes químicos e agrotóxicos derivados do petróleo, que agora, estão obsoletos e ultrapassados pelos biocombustíveis. Entretanto, o novo neologismo traz acoplado como anagrama a “qualidade do solo” construído sobre o status quo reducionista do uso de venenos através de boas práticas agrícolas vigentes no uso de xenobióticos, para evitar um colapso mercantil na transição do agronegócios3 , até a consolidação e desenvolvimento do novo neologismo. A constatação pela ciência mundial de mais de meia centena de locais de solos antropomórficos com alta fertilidade ao longo dos rios e vales amazônicos já superou a fase de fascinação. O importante agora é decifrar seu enigma e aproveitar a onda da biotecnologia de interesse financeiro e econômico e tentar aplicá-la à Revolução Verde (prioridade planetária para a África) ou nas mudanças conservadoras nos “agronegócios” na América, Europa e Ásia conforme as metas da Nova Ordem para os organismos multilaterais, blocos, grandes fundações (Rockefeller, Bill & Melinda Gates, Kellogs, Nippon), em pugna com UBS, U.E. CHINA e emergentes. Depois das Chinampas sem solo e dos Ultisoles sem chuvas, temos a “terra preta indígena”, que não é uma questão de arqueologia, mas simples biologia a ser decifrada, pois trezentos anos depois de abandonada continua com sua fertilidade e serule apesar dos treze mil milímetros de chuva anual. A agricultura de vazante nas margens dos rios consolidou civilizações, onde o Egito é uma dádiva do Nilo, pelo depósito de limo e argilas, sais minerais, húmus, cinzas e rochas vulcânicas. Isto pode ser observado, através dos tempos, em todos os quadrantes do mundo nos lagos de Tenochtitlán e, também na Amazônia. A presença do pó de cerâmicos ou munha de carvão analiticamente datado recompõe o quadro, mas é importante refazer, ou melhor, fazer novamente a “terra preta”, de forma acelerada, no mesmo local, com os elementos da época, e nas mesmas condições? Qual foi a influência das cinzas vulcânicas e pedra-pomes (púmice) lançadas na região periodicamente, pois Bolívia, Peru, Equador e Colômbia possuem mais de 300 vulcões ativos, cujas cinzas ou rochas flutuavam e se depositavam nas várzeas dos rios, onde eram feitos os cultivos. A observação do benéfico efeito e sua expansão para áreas altas pelo baixo peso, sua riqueza em Enxofre e Silicatos com mais de quarenta elementos minerais provocavam e provocam a corrosão química evitando a perda de gás carbônico e metano para a atmosfera (mudança climática) ao mesmo tempo em que promovia a fermentação da lignina, o desenvolvimento de liquens e fungos superiores aproveitando a riqueza de Oxigênio no solo para a fermentação dos restos de alimentos, com seus lipídeos. Repetimos a pergunta: Qual a importância da presença de lipídeos 3 A palavra negócio deriva de negação ao ócio. Agronegócio é essa intervenção no processo natural de produção superando o reducionismo petroquímico industrial, eliminando o subversivo sufixo “cultura” em Agricultura.
  • 7. nessa lama solubilizando substâncias sulfurosas orgânicas importantes para o metabolismo dos microrganismos do Oxigênio? Decifrar o enigma conduzirá à autonomia. O enriquecimento das áreas com leguminosas, cujas sementes de uso em seus enfeites, colares, cocares, ativavam o ciclo do Nitrogênio, da mesma forma que as sementes de palmeiras restos de sua alimentação (açaí, tucumã, patauá, pindó etc.) por suas altas concentrações de Oxigênio e ácidos graxos, ceras e resinas, que na germinação permitem sintrofia com micorrizas, e mesmo, nas condições de chuvas torrenciais devido impedem a perda de nutrientes (pontos isoelétricos e euteticos em misturas coloidais). O cromatograma de ninho de cupinzeiro é muito parecido com o de terra preta, pois ele é composto de húmus da terra, palha vegetal, restos de seu próprio esterco, saliva e substâncias lipossolúveis adesivas. Isto facilita uma fórmula para a multiplicação da Terra Preta Indígena tão buscada pelas transnacionais da indústria de alimentos. A observação da produtividade das áreas de vazantes, acúmulo de sedimentos nas margens do rio e a necessidade de sustentar uma produtividade os fez criar condições semelhantes através de sedimentos e manejo. Qual a influência das grandes quantidades de manipueira, com enzimas, vitaminas, N e microelementos catalisadores como Cobre, Zinco e Ferro, todos vitais para os microrganismos, ainda mais, quando adsorvidos sobre partículas de cerâmica, munha de carvão ou gorduras e seus sais conservando umidade, calor e nutrientes essenciais para os microrganismos? A dieta indígena é rica em caças e peixes cujos restos são ossos e espinhas usadas, diretamente, ou em parte, como cinzas, aumentando a presença de Fósforo, Cálcio e Magnésio de vital importância no metabolismo e autopoiese dos seres vivos formadores de solo como algas, liquens, actinomicetes, micorrizos e outros. Gramíneas do tipo do vetiver (Vetiveria sizanioides) com alto conteúdo de ácido palmítico em suas raízes, igual que as palmeiras permitiram uma grande rede dos actinomicetes e micorrizos? O uso cíclico destas quantidades, além de um manejo de biomassa em pouco tempo pode formar um conteúdo de matéria orgânica, cujos resultados, aumentam os tratamentos para melhores colheitas. No Brasil temos quatro biomas onde podemos repetir os compostos que originaram a “terra preta” (Caatinga, Cerrado, Amazônia e Mata Atlântica) e obter variáveis ambientais do mesmo processo, sem ficar nas mãos ou interesses de cientistas vinculados àquelas empresas ou interesses de organismos multilaterais. Um cálculo per capita de produção de manipueira, caça e pesca, permite saber o total de Fósforo, Cálcio e Magnésio, Zinco, Ferro e outros, para os devidos cálculos experimentais e uso de um modelo para expansão, sem a necessidade usar sequências de mRNA, DNA ou PLFA, PMN, SIR, FISH e outros índices similares de interesse exclusivo de elaboradores de kits de laboratórios e desenvolvimentos de tecnologias exclusivas. A vantagem é que podemos fazer com os elementos acima compostos nos diversos biomas e com o uso de farinhas de rochas e construir as equações que a “terra preta indígena está clamando” e nossa cegueira liebigniana não permite ver ou sentir, até que sejamos obrigados a comprá-la nas lojas que antes vendiam xenobióticos, das mesmas empresas Os cromatogramas de Pfeiffer são um poderoso instrumento, que define a ação microbiana, integração protéica, enzimático-vitamínico, na harmonia na estrutura mineral do solo de forma objetiva, rápida, barata e “in loco” permitindo um controle par e passo de todos os ensaios para o crescimento da biodiversidade microbiana, complexidade nas diferentes etapas de fermentação na formação da terra preta, permitindo prognóstico, diagnóstico e tomada de decisão conforme sua variação geral ou específica em cada um dos biomas citados. O dilema da ciência atual, é que: esbarra nos seus objetivos e metas calcados na biologia molecular, onde as operações, na maioria das vezes circunscrevem-se às mãos, bancadas e espelhos, e, pouca reflexão ou raciocínio mental. VII – Terra Preta Indígena Há mais ou menos vinte e cinco anos começou a “Corrida do Ouro” atrás da “Terra Preta Indígena na Amazônia” com a Universidade de Cornell. Hoje ela atrai mais de 25.000 pessoas e mais de duzentos institutos internacionais patrocinados pelo Rockefeller Brothers Fund; Bill & Melinda Gates Foundation, Coca Cola, Nestlé, Kellogs F., Cargill, Union des Banques Suisses e outros, pois ela é fundamental para viabilizar a matriz biotecnológica da Aliança para a Revolução Verde na África e as grandes transnacionais e universidades estão alvoroçadas com os projetos mirabolantes. Foto/Croma: Oliver N. Blanco
  • 8. Criar a Terra Preta é difícil, pois é necessário muito tempo, mas se pode expandi-la “ex situ” facilmente para Mata Atlântica, Cerrado e Caatinga e Jalapão. Inovar um conceito biotecnológico e obter um inóculo da Terra Preta Indígena é um desafio maior que o Amazonas4 Na medida em que aumenta a diversidade de microrganismos e quantidade de Carbono é incorporada ao solo, diminui a necessidade e quantidades periodicamente agregadas, até o estabelecimento de um equilíbrio, ao final de alguns anos. Em quatro anos se tem uma leitura plena da eficiência do método para acumular Carbono no Solo e produzir fertilidade em cada um dos biomas nacionais e sua aplicabilidade às condições das savanas africanas, onde a biomassa é menor e muito maior a presença de animais, de forma inversa à América e Austrália. Só assim teremos condições de receber os milhões de refugiados ambientais... programados para a Amazônia pelas Nações Unidas, todos consumidores de barrinhas de cereais da Nestlé, Coca-Cola e Cargill. Encontrei dois doutores em agroecologia formados na Espanha que não conhecem o conceito de Saúde do Solo... Isto é grave, muito grave, mas não chega a ser um problema. Eles vão querer comprar a Saúde do Solo na mesma loja ou farmácia que vendia fertilizantes solúveis e agrotóxicos, mas em um mês, sem um centavo de dinheiro público, privado ou internacional capacitamos 250 pessoas no nordeste, norte e sul para que a luz da consciência e saber afaste empecilhos induzidos em Pindorama. Em setembro próximo a Austrália promoverá uma gigantesca conferência sobre a fixação do carbono no solo agrícola, e logo isto será um novo segmento de inversões financeiras por grandes grupos para respaldar a biotecnologia da terra preta nos cinco continentes. Alguns ingênuos crêem que, as grandes transnacionais venderão eternamente inóculos como insumos para a saúde do solo. Isto será intenso no início, mas, depois, o controle das matérias primas (minerais, fermentação e respiração) através de serviços, certificações e outros, que não mais são que a eliminação da participação do Estado, através do governo para mercantilizar ao seu gosto os processos naturais da indústria de alimentos. Isto fará com que os micróbios nativos tenham mais valor para os processos que os microrganismos selecionados na Holanda, Alemanha, Cuba, China ou Japão. VIII – Biotecnologia Em uma tese de mestrado na USP5 , se estudou a biodiversidade (bacteriana) na Terra Preta Indígena, através de técnicas moleculares independentes de cultivo, onde o DNA genômico total das amostras de solo foi extraído e usado como molde em uma reação de PCR utilizando oligonucleotídeos específicos do gene 16S rRNA para o Domínio Bactéria. O produto de PCR amplificado foi clonado no vetor pGEM-T e 980 clones foram selecionados e comparados com o banco de dados de 16S rRNA do RDP II e GenBank (NCBI-EUA). Os resultados apresentaram predominância de microrganismos não-conhecidos representando 41,6 % das seqüências no solo TPI- Balbina, 68,3 % das seqüências de ADJ* -Balbina, 84,8% das seqüências de solo TPI-Mina e 47,7 % das seqüências de ADJ*-Mina. O filo mais predominante nas amostras TPIBalbina foi Firmicutes, representando 37,1% do total de seqüências analisadas. Os filos em destaque foram Proteobacteria (9,6%), seguidos de Verrucomicrobia (5,6%), Acidobacteria (2,5%), Gemmatimonadetes (2,5%), Actinobacteria (0,5%) e Nitrospira (0,5%). Por outro lado, em ADJ*- Balbina destacaram-se os filos Proteobacteria 15,1%, Acidobacteria (12,5%), Firmicutes (2,3%), Nitrospira (1,1%) e Verrucomicrobia (0,8%). Em TPA-Mina, os filos apresentados foram Proteobacteria (6,5%), Acidobacteria (4,7%), Firmicutes (1,4%), Nitrospira (1,1%), Planctomycetes (1,1%) e Verrucomicrobia (0,4%). Contudo, na biblioteca ADJ*-Mina verificou a presença dos filos Acidobacteria (27,2%), Proteobacteria (14,2%), Firmicutes (3,8%), Verrucomicrobia (3,8%), Nitrospira (1,3%), Planctomycetes (1,3%), Actinobacteria (0,4%) e Gemmatimonadetes (0,4%). 4 Misturar: 2 parte de Serrapilheira + 0,01 partes de Melaço; 2 parte de Carvão Vegetal (munha) + 0,01 partes de Borra de Café; 2 parte de Casca de Arroz + 0,01 partes de Calcário; 2 parte de Turfa Moída + 0,01 partes de Terra Preta de Índio; 2 parte de Farinha de Rocha + 0,01 partes de Farinha de Osso; 2 parte de Pó de Olaria + 0,01 partes de Flor de Enxofre e 0,01 partes de frutos de palmeiras ou gordura de babaçu. Depois de bem misturado umedecer com água de chuva, mas sem escorrer. Colocar em bolsas feitas de tecido “vual” e pendurar ao ar livre protegido da chuva e insolação direta para que fique bem arejadas. A cada dois ou três dias borrifar água de chuva para umedecer, sem escorrer e revirar a bolsa de vual fechada para arejar o seu miolo. Depois de quinze dias de fermentação está pronto para aplicar ao solo dos canteiros para captura de micorrizos e serule e posterior preparo das “bonecas africanas”, “chouriços microbiolizados” ou semeadas com Vetiver sizanioides, sementes de palmeiras, casuarinas e gramíneas para captura in situ. O controle de qualidade é feito periodicamente com Cromatogramas de Pfeiffer e microscópio. 5 Fabiana de Souza Cannavan, resumo acessado na webb em 06/09/11. * Instrumentos de Estatística.
  • 9. O pH do solo pode ser** um dos atributos do solo que pode ter**influência direta na diversidade bacteriana dos solos estudados, assim como pode ter** efeito uma floresta natural sobre as populações microbianas em seu solo, fato observado na adjacência do solo Terra Preta em Caxiuanã - PA. A estimativa da riqueza de UTOs pelo Bootstrap* corroborou diretamente os valores de diversidade obtidos pelos índices de Simpson e Shannon. De um modo geral, uma maior probabilidade de ocorrência de UTOs únicas empregadas pelo estimador Jackknife* se correlacionou com uma maior percentagem de baixas freqüências de filotipos nas quatro bibliotecas. Os métodos não-paramétricos ACE e Chao1 para a estimativa da riqueza de UTOs também corroboraram com os valores obtidos com o estimador Jackknife. O resumo da tese faz supor os trabalhos (reservados) em poder das grandes fundações internacionais sobre o potencial da biodiversidade da Terra Preta Indígena, pois os principais gêneros encontrados eram desconhecidos6 . Cabe o questionamento: Nossa prioridade seria “marcadores moleculares”, já que sequer temos capacidade sistemática neste campo? - Mas, o Centro delega ação e serviço à periferia aumentando e estratificando sua qualidade investigativa a baixo custo. Contudo, buscando “marcadores ambientais”, através de elaborações de compostas “in situ” e “ex situ” em todos os Institutos Federais de nível médio, a baixíssimo custo teríamos melhores e maiores condições de fazer ciência e gerar tecnologia com maior autonomia, competitividade e alcançar autonomia na Sistemática de microrganismos e lutar em mais igualdade pós-moderna, entre o bio-industrial e o bio-artesanal7 A obra de von Liebig se sintetiza na frase: "Nur an Humus Fehlte es, so meinte man früher, nur an Ammoniak fehle es, so meint man jetzt" (Antes, se pensava o que falta é Húmus, agora, o que falta é Amônia.) A defasagem ética deste saber e fazer garante a intenção e interesse das grandes corporações. Os dez itens abaixo dizem respeito à importância do ácido fúlvico na vida de todos os seres vivos deste planeta, e foi extraído de um “bate papo” entre pós-graduandos Ivy League (Pobre África com sua Revolução Verde; e nós com a caricata e periférica agroecologia de consumo). IX ÁCIDO FÚLVICO 1. O ácido fúlvico é o mais sofisticado eletrólito natural do planeta capaz de balancear e energizar as propriedades biológicas e ser simultaneamente doador ou receptor de elétrons conforme a necessidade do metabolismo das células, oxi- redução ou eletrodo. Além do mais é um poderoso antioxidante, eliminador de radicais livres. É especialmente ativo na dissolução iônica de minerais e metais em soluções aquosas, que desaparecem em sua estrutura tornando-se bioquimicamente reativos e móveis. Ele realmente transforma esses minerais e metais em complexos moleculares de fulvatos totalmente diferente de suas formas mineral ou metálica. 2. O ácido fúlvico é o caminho natural de "quelação" de cátions, colocando-os em forma rapidamente absorvível e biodisponível, e, também tem a capacidade única de dissolver a sílica que entra em contato consigo; aumenta a disponibilidade de nutrientes e os torna mais facilmente absorvíveis, permitindo aos minerais se regenerarem e prolongarem sua ação como nutrientes essenciais. Ele prepara os minerais para reagir com as células e permite sua interação uns com outros, dividi-los em sua forma iônica mais simples, quelatizados através de seus eletrólitos. 3. O ácido fúlvico complexa imediatamente minerais e metais tornando-os disponíveis para as raízes das plantas e de fácil absorção, através das paredes celulares. Faz minerais como o ferro, que normalmente não são muito móveis, sejam facilmente transportados através das estruturas da planta. Dissolver e transporta vitaminas, coenzimas, auxinas, hormônios e antibióticos naturais que geralmente são encontrados em todo o solo tornando-os disponíveis em quantidades muito superiores ao seu próprio peso. 4. O ácido fúlvico tem estreita associação com enzimas, em especial com as catalisadoras que influenciam atividades respiratórias e aumentam a atividade de várias enzimas, incluindo fosfatase alcalina, transaminase e ** negrito nosso, para ressaltar o texto da autora. 6 As expedições: Presidente Roosevelt (1913); Nazistas (1935); Príncipe Charles e doação das Anavillanas (1978); Jacques Costeau (1984) e outras. 7 O utilizamos, embora seja um pleonasmo.
  • 10. invertase. 5. O complexo orgânico metal-ácido fúlvico tem baixo peso molecular e tamanho de molécula, mas possuem alto grau de penetração celular. Complexos de ácido fúlvico e seus quelatos são capazes de facilmente passar por membranas semipermeáveis, tais como paredes celulares. É importante notar que o ácido fúlvico não tem apenas a capacidade de transportar nutrientes através das membranas celulares, mas também sensibilizar as membranas celulares, assim como várias funções fisiológicas. 6. O ácido fúlvico faz o sistema imunológico das plantas funcionarem em alto nível e expostas a ele melhoram o crescimento. O oxigênio é absorvido de forma mais intensa em sua presença. Um aspecto importante está relacionado à sua interação/adsorção com xenobióticos, seja antes ou depois de atingir concentrações tóxicas para os organismos vivos, onde tem uma função especial no que diz respeito ao desaparecimento de xenobióticos aplicados ao solo. É vital para ajudar novos íons, ligados a poluentes orgânicos, como pesticidas e herbicidas, e catalisar sua decomposição. Substâncias radioativas reagem rapidamente com o ácido fúlvico, formam complexos organo-minerais de diferente absorção, estabilidade e solubilidade. 7. O ácido fúlvico é especialmente importante devido à sua capacidade de complexar ou quelatizar cátions e interagir com sílica. Tem sido demonstrado que essas interações podem aumentar as concentrações dos cátions e sílica encontrada em soluções aquosas em níveis que estão muito além de sua capacidade de dissolução. 8. Os complexos de ácido fúlvico têm a capacidade de reagir uns com outros, e também interagem com células para sintetizar ou transmutar novos compostos minerais. A transmutação de sílica vegetal e magnésio para formar cálcio em ossos animais e humanos é um exemplo típico disto. Ele estimula e aumenta a divisão e elongamento celular e equilibra as células, criando ótimas condições de crescimento. Aumenta a permeabilidade das membranas celulares e atua como agente de sensibilização de células específicas. Melhora a permeabilidade das membranas celulares e intensifica o metabolismo das proteínas. Finalmente, aumenta o teor de DNA nas células e aumenta a relação de síntese de RNA. 9. No interior das células, o ácido fúlvico tem a capacidade de complexar vitaminas em sua estrutura, em combinação com minerais complexados, podendo catalisados e utilizados por elas, pois na ausência de minerais traços adequados as vitaminas são incapazes de desempenhar a sua função. 10. O ácido fúlvico forma complexos monovalente e divalentes estáveis solúveis em água, cátions trivalentes, e polivalente, o que ajuda no movimento de cátions, que normalmente são difíceis de mobilizar ou transportar, por serem excelentes quelantes natural, trocadores de cátions, e de vital importância na nutrição das células. É importante ter em mente que os principais cientistas concordam com Roger J. Williams: "Os blocos de construção presentes na maquinaria metabólica dos seres humanos não são, na grande maioria dos casos diferentes daquela dos outros organismos". Eles são um centro-tecnológico e mercantil, jamais entenderão o cerne do pensamento de Netzahualcóyotl: “Amo el canto del Tzentzontle, [sabiá] pájaro de cuatrocientas voces, amo el color del jade y el enervante perfume de las flores, pero amo más a mi hermano, el hombre.”