O Coronel Ricardo Franco de Almeida Serra, um engenheiro militar português, contribuiu para a construção de fortes e mapeamento topográfico no Brasil colonial no século 18. Ele assumiu o comando do Forte de Coimbra em Mato Grosso do Sul em 1797 e liderou com coragem sua defesa contra ataques espanhóis em 1801, inspirando seus subordinados. Sua liderança heróica contribuiu para a soberania do povo brasileiro.
Noticiário do Exército sobre a Tomada de Monte Castelo
Coronel Ricardo Franco defende Forte Coimbra contra ataque espanhol em 1801
1.
2. Coronel Ricardo Franco de Almeida Serra, nobre
militar de origem portuguesa nascido na cidade
do Porto, Portugal, em 03 de agosto de 1748, já
era formado em Engenharia e Infantaria quando
veio para o Brasil. O ano era 1780 e o jovem oficial integrava o
Real Corpo de Engenheiros do Rei de Portugal.
Aqui chegando, Ricardo Franco prestou incontáveis contribuições
no campo da construção de fortes e levantamentos topográficos,
cumprindo a missão de desbravar e proporcionar melhores
condições de defesa das fronteiras norte e centro-oeste do Brasil-
Colônia, que ainda se encontrava em formação.
Não bastasse tantos serviços prestados na área de Engenharia,
destacou-se também por um ato de bravura que registrou seu
nome na História.
Em agosto de 1797, o Tenente-Coronel Ricardo Franco de Almeida
Serra assumiu o comando do Forte de Coimbra, na região hoje de
Corumbá, Mato Grosso do Sul. Essa edificação tem como data
oficial de sua fundação o dia 13 de setembro de 1775. Mas as
decisões de sua fundação, como local, data, tipo de construção e
arquitetura, tiveram suas origens e objetivos muito antes.
Após a assinatura do Tratado de Madri em 1750 – que revogou o
Tratado de Tordesilhas, assinado em 1494 – houve a necessidade
da demarcação de terras pela coroa portuguesa e seria muito
conveniente a construção de algum ponto demarcatório naquela
região. Foi daí que nasceu a ideia de se construir um presídio bem
ao sul, uma fortificação rio Paraguai abaixo para impedir o avanço
dos castelhanos e a atuação dos índios. O local escolhido era o
chamado Fecho dos Morros, bem abaixo da posição atual do forte,
próximo à cidade de Porto Murtinho.
Mas o Forte seria construído em local diverso do inicialmente
escolhido, acima do Fecho dos Morros, o que mostrou ser uma
decisão estrategicamente perfeita. A distância era boa para um
apoio militar, nem muito acima nem muito abaixo; tinha uma
3. maior distância rio acima de guarnições castelhanas e tinha
melhores condições militares para impedir avanços rio acima.
O domínio de outras guarnições militares conseguido pelos
espanhóis enquanto que o Forte Coimbra resistia a ataques
castellanos veio mostrar o acerto em sua localização. Tanto que,
em um novo ataque espanhol no ano de 1801, mesmo inferiorizados
material e numericamente, os brasileiros e portugueses resistiram
ao poderio do inimigo. À uma intimação do comandante espanhol
para depor suas armas, Ricardo Franco respondeu negativamente,
com altivez, mantendo-se firme na defesa do aquartelamento. Sua
atitude corajosa inspirou os subordinados a combaterem com
inquestionável valentia. Ao final de uma sangrenta batalha, os
soldados luso-brasileiros frustraram a ação inimiga, preservando
o domínio sobre a fortificação. O audaz engenheiro viria a falecer
em 21 de janeiro de 1809, aos 61anos, ainda no comando do Forte
Coimbra, cercado do respeito e admiração de seus comandados. E
seus restos permanecem no Forte até hoje, repousados sob um
monumento.
A atitude heroica do Coronel Ricardo Franco de Almeida Serra foi
uma valiosa contribuição ao espírito valente e soberano do povo
brasileiro. Nada mais justo então que hoje, três de agosto, seus
discípulos, integrantes do Quadro de Engenheiros Militares,
rendam merecida homenagem ao seu ilustre Patrono.
“... Sempre avante, Engenheiros, sem abandono
da coragem na defesa de nossa terra, inspirado no
exemplo do teu Patrono ...”
Fonte: Noticiário do Exército ANO LII nº 10.495