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Mauro Sequeira Luciano Alfazema
Estudo Comparativo do Nível da Má Nutrição em Crianças dos 0-5 anos de Idade entre
Famílias de Baixa, Média e Altas Rendas Atendidas em Alguns Hospitais da Cidade de
Quelimane.
Licenciatura em Ensino de Biologia com Habilidades em Gestão de Laboratório
Universidade Pedagógica
Quelimane
2016
Índice
Lista de tabelas................................................................................................................................iii
Lista de gráficos..............................................................................................................................iv
Lista de abreviaturas e Unidades ....................................................Error! Bookmark not defined.
Declaração ......................................................................................Error! Bookmark not defined.
Dedicatória......................................................................................Error! Bookmark not defined.
Agradecimentos ..............................................................................Error! Bookmark not defined.
Resumo ............................................................................................................................................iii
Abstract............................................................................................................................................iv
Capitulo I
1. Introdução .................................................................................................................................. 12
1.1. Problematização...................................................................................................................... 14
1.2. Justificativa ............................................................................................................................. 15
1.3. Objectivos ............................................................................................................................... 15
1.3.1. Objectivo geral..................................................................................................................... 16
1.3.2. Objectivos específicos ......................................................................................................... 16
1.4. Hipóteses................................................................................................................................. 16
1.5. Metodologia............................................................................................................................ 16
1.5.1. Tipo de pesquisa .................................................................................................................. 16
1.5.2. Duração da pesquisa.............................................................................................................18
1.5.3. Universo populacional......................................................................................................... 18
1.5.4. Amostra e Amostragem ....................................................................................................... 18
1.5.5. Critérios de inclusão ............................................................................................................ 19
1.5.6. Considerações écticas .......................................................................................................... 19
1.5.7. Variáveis do estudo.............................................................................................................. 19
1.5.8. Técnicas de recolha de dados .............................................................................................. 19
1.5.8.1. Método de observação ...................................................................................................... 20
1.5.8.2. Entrevista semi-estruturada .............................................................................................. 20
1.5.8.3 Análise documental ........................................................................................................... 20
1.5.8.4. Análise e Interpretação dos dados .................................................................................... 20
Capitulo II
2. Fundamentação teórica .............................................................................................................. 22
2.1. Má nutrição............................................................................................................................. 22
2.1.1. Causas da má nutrição ...................................................................................................... ..23
2.1.1.1. Causas da má nutrição por défice de nutrientes.................................................................23
2.1.1.2. Causas da má nutrição por excesso de nutrientes..............................................................24
2.1.2. Diagnóstico da má nutrição ................................................................................................. 24
2.1.2.1. Diagnóstico da má nutrição por défice de nutrientes........................................................24
2.1.2.2. Diagnóstico da má nutrição por excesso de nutrientes.....................................................25
2.1.3. Tratamento da má nutrição ................................................................................................. .26
2.1.3.1. Tratamento da má nutrição por défice de nutrientes..........................................................26
2.1.3.1.1. Tratamento em hospitais.................................................................................................26
2.1.3.1.2. Tratamento nos centros de nutrição................................................................................27
2.1.3.2. Tratamento da má nutrição por excesso de nutrientes.......................................................31
2.1.3.3. Alimentação.......................................................................................................................32
2.1.3.3.1. Alimentação da Criança portadora da má nutrição por défice de nutrientes..................32
2.1.3.3.2. Alimentação da Criança portadora da má nutrição por excesso de nutrientes................34
2.1.3.4. Aconselhamento.................................................................................................................34
Capitulo III
3. Apresentação, Análise e Discussão dos Resultados. ................................................................. 36
3.1. Apresentação e Análise dos Resultados ................................................................................. 36
3.1.1. Resultados da entrevista feita aos responsáveis pela alimentação das crianças mal nutridas.
....................................................................................................................................................... 36
3.1.2. Resultados relacionados às observações.............................................................................. 39
3.2. Discussão dos resultados ........................................................................................................ 40
4. Conclusões e Sugestões ............................................................................................................. 45
4.1. Conclusões.............................................................................................................................. 45
4.2. Sugestões ................................................................................................................................ 46
Referencias bibliograficas ............................................................................................................. 47
Apêndices……………………..…………………………………………………………………..49
Anexos …………………..…………………………………………………...…………………..50
iii
Resumo
O presente trabalho centra-se na abordagem do tema inerente a estudo comparativo do nível de
má nutrição em crianças entre famílias de baixa, média e alta renda atendidas em alguns
Hospitais da Cidade de Quelimane com o seguinte problema: Qual o nível de má nutrição das
crianças de 0 aos 5 anos entre famílias de baixa, média e alta renda atendidas nos Hospitais da
Cidade de Quelimane? E tem como objectivo comparar o nível de má nutrição de crianças entre
famílias de baixa, média e alta renda atendidas nos Hospitais da Cidade de Quelimane. Foi usado
o método qualitativo, quantitativo e descritivo com vista a compreender o modo de vida e fazer
um levantamento de crianças mal nutridas pertencentes a famílias de baixa, média e alta renda
atendidas nos Hospitais da Cidade de Quelimane. A amostra utilizada foi probabilística, aleatória
que foram 74 responsáveis pela alimentação das crianças do 0 aos 5 anos mal nutridas atendidas
no Hospital Provincial, Clínica Saúde Boa Esperança e Centro de Saúde de Icídua. Para a colecta
dos dados foram utilizadas como técnicas; análise documental; entrevista semi-estruturada;
observação directa e questionário estruturado. Os resultados mostram que a maioria dos casos de
má nutrição é devido a diarreias, HIV, e malária. 69% das crianças mal nutridas provêm de
famílias de baixa renda e 31% provêm de famílias de média e alta renda (26% e 5%
respectivamente). Foi constatado durante a pesquisa que as famílias de baixa renda com crianças
mal nutridas, apresentam condições sanitárias inadequadas, mau cuidado na preparação dos
alimentos e sem cuidados com as crianças e em famílias de média e alta renda o que prevalece é o
não cuidado com as crianças. Conclui-se que a má nutrição na cidade de Quelimane afecta todos
os níveis econômicos, verificando-se nas crianças do 0 aos 5 anos pertencentes a famílias de
baixa renda com uma percentagem de 69%, em seguida por média renda 26% e por último alta
renda com 5%. A má nutrição está associada a doenças como as diarreias, HIV, malária e GEAS
e sugere-se aconselhamento nutricional nos serviços de atenção à criança, incluindo
demonstrações culinárias sobre alimentação complementar adequada, usando alimentos locais e
ao Ministério da Saúde a intensificação de trabalhos de educação nutricional de forma a mudar
atitudes e ações de modo a melhorar a saúde das crianças.
Palavras-chave: Criança, Idade, Má nutrição, Nível económico.
iv
Abstract
The present work focuses on the theme of a comparative study of the level of malnutrition in
children among low-, middle- and high-income families attended at Quelimane City Hospitals
with the following problem: What is the level of malnutrition in children From 0 to 5 years
among low, middle and high income families attended at Quelimane City Hospitals? And it aims
to compare the level of malnutrition of children among low-, middle- and high-income families
attended at the Hospitals of the City of Quelimane. The qualitative, quantitative and descriptive
method was used to understand the way of life and to survey malnourished children belonging to
low-, middle- and high-income families attending the Hospitals of the City of Quelimane. The
sample used was random, probabilistic, and 74 were responsible for feeding the malnourished
children from 0 to 5 years old attended at the Provincial Hospital, Clínica Saúde Boa Esperança
and Centro de Saúde de Iciedadea. To collect the data were used as techniques; Documentary
analysis; semi structured interview; Direct observation and structured questionnaire. The results
show that most cases of malnutrition are due to diarrhea, HIV, and malaria. 69% of malnourished
children come from low-income families and 31% from middle- and high-income families (26%
and 5%, respectively). It was found during the research that low-income families with
malnourished children present inadequate sanitary conditions, poor care in food preparation and
no care for children, and in middle- and high-income families. children. It is concluded that
malnutrition in the city of Quelimane affects all economic levels, occurring in children from 0 to
5 years belonging to low-income families with a percentage of 69%, followed by average income
26% and lastly High income with 5%. Malnutrition is associated with diseases such as diarrhea,
HIV, malaria and GEAS, and nutritional counseling is suggested in childcare services, including
culinary demonstrations on adequate complementary feeding, using local foods and the Ministry
of Health to intensify Nutritional education in order to change attitudes and actions in order to
improve children's health.
Keywords: Child, Age, Malnutrition, Economic level.
.
12
Capitulo I
1. Introdução
A má nutrição em crianças de 0 aos 5 anos de idade é um problema actual que preocupa as
autoridades mundiais e principalmente o Governo Moçambicano. Nos últimos anos, o problema
da má nutrição tem sido fortemente associada ao nível económico, ou seja, á renda que cada
família consegue arrecadar para suprir suas necessidades alimentares diárias ou mensais,
influenciando a quantidade e qualidade de ingestão ou consumo de nutrientes essências.
O crescimento do corpo humano é um processo complexo e não linear durante as várias fases da
vida, considerando-se os primeiros anos de vida, um dos períodos mais vulneráveis. (JELLIFFE
& JELLIFFE, 1989: 123), pois, o organismo encontra-se ainda frágil e em processo de
desenvolvimento. Determinantes biológicos, como a constituição genética, sexo, ambiente intra-
uterino, estatura dos pais, assim como factores ambientais, sócio económicos, culturais e
nutricionais influenciam o processo de crescimento e desenvolvimento do Homem.
Múltiplos estudos demonstram que cada criança tem o seu padrão de crescimento, maturação e
que as experiências que ocorrem nos primeiros anos de vida terão repercussão definitiva sobre o
comportamento biológico e social do indivíduo na idade adulta. (EVELETH, 1989: 87).
A má nutrição é um dos maiores problemas de saúde pública do mundo. Segundo MIDS (2003),
“é um dos maiores problemas de saúde e de bem-estar das crianças em Moçambique e os seus
efeitos estão associados à população infantil devido à fragilidade fisiológica em que se encontram
nos primeiros anos de vida, tendo assim, maiores necessidades nutricionais e, por conseguinte
necessitarem de um acompanhamento especial”.
Segundo a OMS (2000), cerca de 60% de mortes em crianças do 0 aos 5 anos registradas estão
associadas a má nutrição, e em Moçambique:
 36% de todas as mortes que ocorrem antes dos cinco anos de idade estão relacionadas a
má nutrição (má nutrição severa e moderada);
 Devido a sua grande prevalência, a má nutrição moderada contribui para mais mortes do
que a má nutrição severa (30% e 6%, respectivamente);
 A má nutrição moderada está implicada em 83% das mortes.
13
Em Moçambique, caso concreto da cidade de Quelimane, é possível encontrar famílias de
diferentes níveis económicos, e poucas são as estratégias de abordagem da má nutrição por
excesso (obesidade), pois este é também um problema de saúde pública que deve ser visto numa
perspectiva populacional ou comunitária decorrente do desenvolvimento. Diante das
transformações imprimidas pela urbanização e pela globalização, a alimentação passou e
continua passando por mudanças que afetam a qualidade dos alimentos produzidos e
industrializados. As mudanças profundas na alimentação têm incorporado novos hábitos e
paladares à população devido aos produtos inventados pela indústria com grandes quantidades de
açúcar, sal e gordura. A globalização tem atingido as cadeias de lanchonetes e restaurantes e a
comida fora de casa, as marmitas, e as comidas rápidas passam a dominar a alimentação trazendo
novos padrões alimentares, novos costumes, hábitos e práticas alimentares.
Tem se verificado que a urbanização e a globalização, actuam de forma a modificar a vida
quotidiana, influenciando os hábitos alimentares e actividades inadequados, considerados os
principais factores no desenvolvimento da obesidade. Dentre os hábitos alimentares e actividades
inadequados está a falta de tempo e o hábito de se alimentar fora de casa. (STIGGER, 2002:259).
A má nutrição é um requisito essencial para mau crescimento e desenvolvimento de todas as
crianças. De acordo com os dados do estudo de base da Segurança alimentar e Nutricional
(SAN), apesar da melhoria das práticas de alimentação infantil atingida nos últimos anos, a má
nutrição das crianças de 0 aos 5 anos, continua a ser um problema de saúde pública nesta idade,
no qual a alimentação tem um papel relevante.
Na cidade de Quelimane não é notório a existência de estudos que revelam, uma comparação do
nível de má nutrição das crianças de 0 aos 5 anos nas famílias de baixa, média e alta renda. A
matéria revela-se escassa nas fontes bibliográficas e o seu tratamento merece destaque na
tentativa de melhorar a qualidade de vida das crianças de 0 aos 5 anos, contribuindo assim para a
erradicação de futuras doenças que possam surgir, pois o estado nutricional na faixa etária
escolhida determina a condição de saúde do futuro adulto.
Partindo do pressuposto de que a alimentação é essencial para o desenvolvimento integral da
criança nos seus primeiros 5 anos, a presente pesquisa teve como objectivo comparar o nível de
má nutrição das crianças de 0 aos 5 anos nas famílias de baixa, média e alta renda atendidas nos
14
Hospitais da Cidade de Quelimane. A comparação do nível de má nutrição das crianças de 0 aos
5 anos nas famílias de baixa, média e alta renda baseou-se na realização de entrevistas semi-
estruturadas, observações, e auscultação da parte envolvida.
Estruturalmente, a pesquisa está organizada em 3 capítulos, nomeadamente: Capítulo I, que
compreende uma secção introdutória que contextualiza o tema do estudo, a problematização onde
é formulado o problema principal a ser investigado, a justificativa, os objectivos da pesquisa e a
metodologia usada na qual se apresenta a estratégia adoptada pelo estudo, os instrumentos que
possibilitaram a recolha de dados, o universo da amostra e respectivo procedimentos de selecção
da população e amostra, procedimentos de recolha de dados e procedimento de análise e
interpretação de dados. Capitulo II, desenvolve o marco teórico, onde são tidas algumas ideias-
chave dos livros publicados sobre tema em estudo com destaque para a comparação do nível de
má nutrição nas crianças do 0 aos 5 anos nas famílias de baixa, média e alta renda. Capitulo III
onde é feita a análise, interpretação e discussão dos resultados do estudo, e por fim irão ser dadas
as considerações finais e sugestões consideradas pertinentes mediante o problema levantado na
pesquisa.
1.1. Problematização
No decorrer dos anos na Cidade de Quelimane tem sido construída uma ideologia, subscrevendo
que a má nutrição das crianças de 0 aos 5 anos, só pode afectar famílias com um poder
económico baixo, sustentando que esses não têm a possibilidade de adquirir certos alimentos que
possam suprir suas necessidades nutricionais. Contudo, verifica-se que não é só uma diminuição
na ingestão de nutrientes que pode condicionar a má nutrição, pois também pode ser devido ao
consumo excessivo de nutrientes. Sendo ambas as condições, resultado de um desequilíbrio entre
as necessidades corporais e o consumo de nutrientes essenciais.
Em Moçambique, caso concreto da cidade de Quelimane, é possível encontrar famílias de
diferentes níveis económicos, e poucas são as estratégias de abordagem da má nutrição por
excesso (obesidade), pois este é também um problema de saúde pública que deve ser visto numa
perspectiva populacional ou comunitária decorrente do desenvolvimento.
Diante dos factos acima arrolados, levanta-se a seguinte questão:
15
“Qual o nível de má nutrição das crianças de 0 aos 5 anos entre famílias de baixa, média e alta
renda atendidas em alguns Hospitais da Cidade de Quelimane?”
1.2. Justificativa
Durante debates protagonizados pelo autor com colegas, amigos e representantes de famílias
residentes na cidade de Quelimane sobre a má nutrição das crianças de 0 aos 5 anos, foram
apresentadas opiniões em relação ao assunto a referir que má nutrição das crianças de 0 aos 5
anos só poder afetar famílias que não têm a possibilidade de adquirir certos alimentos que possam
suprir suas necessidades nutricionais. Situação esta que veio a despertar muita atenção ao autor,
visto que há má nutrição também pode ser devido ao consumo excessivo de nutrientes, que é um
problema decorrente do desenvolvimento e na cidade de Quelimane é possível encontrar famílias
de diferentes níveis económicos e hábitos alimentares. Diante destes factos, surge a pontualidade
de desenvolver a temática desta natureza.
O estudo da má nutrição das crianças de 0 aos 5 na Cidade de Quelimane é tido pertinente, pois
contribuirá para a erradicação de futuras doenças, aumento no nível de desenvolvimento
cognitivo que resultara em alto aproveitamento escolar, como também o aumento das habilidades
no local de trabalho e o potencial de ao longo da vida activa as pessoas darem a sua contribuição
para a economia da cidade de Quelimane, pois o estado nutricional na faixa etária escolhida
determina a condição de saúde do futuro adulto.
Não obstante a comparação dos níveis económicos de famílias das crianças de 0 aos 5 anos mal
nutridas irá trazer uma nova abordagem de como deve ser concebida a má nutrição (no aspecto
excesso e défice de nutrientes) na cidade de Quelimane.
Por se tratar de um trabalho de pesquisa, permitiu o aprofundamento dos conteúdos adquiridos
durante a formação na disciplina de Educação Ambiental e Saúde Pública, Bioquímica e
Fisiologia Animal e Humana, bem como a produção de um conhecimento científico de iniciação
à pesquisa. Os resultados da pesquisa servirão de base para melhorar não só a saúde da criança,
mas também de se proporcionar uma vida livre de doenças, porque é nesta fase que se verifica
um intenso desenvolvimento da criança, contribuindo desde cedo, para uma boa qualidade de
vida e prevenção de infecções e patologias, que pode trazer consequências (obesidade,
16
subnutrição e outros distúrbios alimentares), imediatas tanto futuras para a criança, família e ao
país.
1.3. Objectivos
1.3.1. Objectivo geral
 Comparar o nível de má nutrição das crianças de 0 aos 5 anos entre famílias de baixa,
média e alta renda atendidas em alguns Hospitais da Cidade de Quelimane.
1.3.2. Objectivos específicos
 Identificar crianças de 0 aos 5 anos mal nutridas atendidas em alguns Hospitais da Cidade
de Quelimane;
 Descrever o modo de vida das famílias das crianças de 0 aos 5 anos mal nutridas
atendidas em alguns Hospitais da Cidade de Quelimane em relação à ingestão de
alimentos e saneamento do meio;
 Identificar doenças que possivelmente causaram a má nutrição das crianças de 0 aos 5
anos atendidas em alguns Hospitais da Cidade de Quelimane;
1.4. Hipóteses
H1 - O nível de má nutrição das crianças de 0 aos 5 anos é igual entre famílias de baixa, média e
alta renda;
H0 - O nível de má nutrição das crianças de 0 aos 5 anos não é igual entre famílias de baixa,
média e alta renda.
1.5. Metodologia
1.5.1. Tipo de pesquisa
A presente pesquisa apresenta uma abordagem mista, isto é, do tipo (qualitativa e quantitativa).
Segundo DA SILVA & MENEZES (2001:21), “pesquisa qualitativa, há uma relação dinâmica
entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objectivo e a
subjectividade do sujeito que não pode ser traduzido em números”.
17
Considera-se a presente pesquisa qualitativa porque facilitou o contacto directo entre o
pesquisador e os sujeitos da pesquisa, com vista à perceber suas experiências em relação ao tema
em alusão sem preocupar-se com dados numéricos.
A escolha deste método deve-se ao facto de auxiliar o investigador na compreensão das
percepções e dos discursos dos indivíduos no contexto social em que estes estão inseridos, de
modo a analisar os significados subjectivos construídos pelos actores sociais (Gil, 2008).
Portanto, o método qualitativo enquadra-se neste estudo na medida em que permite compreender
o significado que os munícipes atribuem às suas acções perante a má nutrição em crianças do 0
aos 5 anos de idade.
E quanto ao método quantitativo, segundo MARTINS & BICUDO (1989), a pesquisa
quantitativa lida com factos, ou seja, tudo aquilo que pode se tornar objectivo através da
observação sistemática; evento bem especificado, delimitado e mensurável. Entretanto a escolha
deste método facilitou ao autor na tradução das informações em gráficos para melhor analisar e
interpretar os dados obtidos.
Portanto, para sua efectivação o autor recorreu ao uso de recursos e de técnicas estatísticas em
que o autor fez um estudo comparativo das crianças mal nutridas (0-5 anos), atendidas no
Hospital Provincial, Clínica Boa Esperança e Centro de Saúde de Icídua, da Cidade de
Quelimane., necessitando traduzir em números informações que foram analisadas.
Quanto ao objectivo, a pesquisa é de natureza descritiva, pois segundo DA SILVA & MENEZES
(2001:22) citando GIL (1991) “visa descrever as características de determinada população ou
fenómeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis”. Envolve o uso de técnicas
padronizadas de colecta de dados: questionário e observação sistemática. Assume, “em geral, a
forma de levantamento”.
A componente descritiva ajudou ao autor a descrever com maior exactidão os dados obtidos na
entrevista feita aos responsáveis pela alimentação das crianças de 0 aos 5 anos mal nutridas para
posteriormente poder interpretar estabelecendo relações.
18
1.5.2. Duração da pesquisa
A recolha de dados levou um período de 4 semanas - (de 12 de Fevereiro a 08 de Março de
2016).
1.5.3. Universo Populacional
De acordo com GIL (1999:32), “População (ou universo da pesquisa) é a totalidade de indivíduos
que possuem as mesmas características definidas para um determinado estudo”.
Para a pesquisa, a população em estudo foi composto por um total de 616 responsáveis pelas
crianças do 0 aos 5 anos mal nutridas pertencentes a famílias de baixa, média e alta renda
atendias no Hospital Provincial, Clínica Saúde Boa Esperança e Centro de Saúde de Icídua da
Cidade de Quelimane. (Para mais detalhes veja o apêndice 4).
1.5.4. Amostra e Amostragem
Na perspectiva de GIL (1999:32), “amostra é parte da população ou do universo, seleccionada de
acordo com uma regra ou plano”. Auxiliaram na selecção da amostra os pediatras chefes do
Hospital Provincial, Clínica Saúde Boa Esperança e Centro de Saúde de Icidua da Cidade de
Quelimane, sendo 1 pediatra chefe para cada instituição de saúde acima mencionadas.
Durante a pesquisa estudou-se uma parte populacional que constituiu uma amostra de 74
responsáveis pelas crianças de 0 aos 5 anos mal nutridas, que correspondente a 12% do universo
populacional.
Portanto, a amostra foi constituída por 74 entrevistados responsáveis pelas crianças de 0 aos 5
anos mal nutridas atendidas no Hospital Provincial, Clínica Saúde Boa Esperança e Centro de
Saúde de Icídua da Cidade de Quelimane nomeadamente: 18 responsáveis de número igual de
crianças provenientes do Centro de Saúde de Icídua, 52 responsáveis de número igual de crianças
provenientes do Hospital Provincial e 4 responsáveis de número igual de crianças provenientes da
Clínica Saúde Boa Esperança respectivamente.
Para a selecção dos sujeitos da pesquisa, o autor optou por uma amostra probabilística baseando-
se na escolha aleatória simples dos pesquisados através do livro de registo de pacientes, o que
significa que a selecção se fez de forma a facilitar que todos os responsáveis pelas crianças de 0
19
aos 5 anos mal nutridas atendidas no Hospital Provincial, Clínica Saúde Boa Esperança e Centro
de Saúde de Icídua da Cidade de Quelimane, tivessem a mesma probabilidade de serem
entrevistados, garantindo a recolha de informações credíveis sobre o modo de vida.
1.5.5. Critérios de Inclusão
Como critérios de inclusão para participação na pesquisa foi considerado: Crianças de 0 aos 5
anos de idade residentes na Cidade de Quelimane, que apresentam má nutrição e também que
tenham sido atendidas no Hospital Provincial, Clínica Saúde Boa Esperança e Centro de Saúde de
Icídua.
1.5.6. Considerações éticas
Durante a recolha de dados foi considerado o seguinte:
 Confidencialidade das informações obtidas;
 Anonimato;
 Consentimento dos responsáveis das crianças de 0 aso 5 anos mal nutridas antes de iniciar
a entrevista;
 Não exploração de assuntos sensíveis antes de estabelecer uma boa relação com o
informante.
1.5.7. Variáveis do Estudo
As variáveis analisadas nesta pesquisa foram sobre:
 Nível económico;
 Nutrição.
1.5.8. Técnicas de recolha de dados
Todavia, para garantir a credibilidade dos dados, é fundamental salientar, as técnicas de recolha
de dados que foram levadas acabo com vista a alcançar os objectivos definidos. Para a execução
do trabalho, foram usados as seguintes técnicas de recolha de dados: observação não
participativa, questionário, entrevista semi-estruturada e análise documental.
20
1.5.8.1. Método de observação
Para este estudo, usou-se a observação directa não participativa que consistiu num contacto visual
do local de estudo, com vista a inteirar-se dos mecanismos usados pelos responsáveis pelas
crianças de 0 aos 5 anos mal nutridas, que consistiu na obtenção de dados mediante a observação
do ambiente em que ocorrem os factos. Por sua vez, o autor permaneceu fora da realidade a ser
estudada. Seu papel foi de espectador, não interferindo ou envolvendo-se na situação.
Portanto o contacto com as famílias das crianças mal nutridas identificadas e previamente
selecionadas no Hospital Provincial, Clínica Saúde Boa Esperança e Centro de Saúde de Icidua
da cidade de Quelimane, foi observado seus hábitos alimentares e de higiene durante 120 minutos
num período de 3 vezes em cada 2 semanas.
1.5.8.2. Entrevista semi-estruturada
Portanto, no presente estudo optou-se por usar a entrevista semi-estruturada, porque possibilitou
ao entrevistador através do guião de entrevista, desenvolver cada situação em qualquer direcção
de modo a obter resultados precisos diante dos responsáveis pelas crianças de 0 aos 5 anos mal
nutridas em relação à alimentação para de modo acertado descrever o nível econômico e o modo
de vida das famílias de crianças do 0 aos 5 anos mal nutridas.
1.5.8.3. Análise documental
Foi usado com o propósito de identificar e quantificar crianças de 0 aos 5 anos mal nutridas
registradas nos livros de registros dos pacientes, atendidos no Hospital Provincial, Clinica Saúde
Boa Esperança e Centro de Saúde de Icídua da Cidade de Quelimane.
1.5.8.4. Análise e Interpretação dos dados
Os dados qualitativos foram analisados e interpretação consoantes os critérios de semelhanças e
diferenças de respostas dos sujeitos da pesquisa de forma descritiva para cada questão.
Ainda, para analisar os dados, usou-se o raciocínio indutivo por parte do pesquisador e
vinculados a teorias que abordam sobre o assunto, isto é, a partir das ideias dos sujeitos de
pesquisas o pesquisador vai dar significado à luz das teorias.
21
Por tanto os dados quantitativos foram processados manualmente e introduzidos no programa
estatístico Excel 2007 básico e no Microsoft Word 2007 básico para a elaboração do trabalho de
pesquisa. A análise e interpretação dos dados foram com base nas bibliografias disponíveis e nos
princípios que regem a Universidade Pedagógica de Moçambique.
22
Capitulo II
2. Fundamentação teórica
2.1. Má nutrição
O autor entende má nutrição como sendo a falta ou excesso de nutrientes no organismo,
resultando num desequilíbrio corporal que de acordo com o tipo pode levar a morte.
Para ISMAEL (2013:5), “pode ser o resultado de uma diminuição da ingestão de nutrientes
(desnutrição) ou de um consumo excessivo (hipernutrição). Ambas as condições são o resultado
de um desequilíbrio entre as necessidades corporais e o consumo de nutrientes essenciais”.
(i) Má nutrição por excesso (obesidade) – é determinada pelo Índice de Massa Corporal, que se
calcula através do peso da pessoa dividido pela altura ao quadrado; quando o resultado é igual ou
superior a 25 diz-se que a pessoa tem sobrepeso e quando é igual ou superior a 30 diz-se que a
pessoa é obesa. (ISMAEL, 2013:6).
(ii) Má nutrição por défice - existem diferentes indicadores de desnutrição, que a seguir
descrevemos:
Desnutrição Crónica (Altura/idade): A desnutrição crónica é definida como baixa estatura
para a idade (crianças baixinhas); A baixa estatura para a idade desenvolve-se no período
entre a concepção e os dois anos, e dificilmente é recuperada depois desse período.
Assim, a desnutrição crónica, é causada pela desnutrição tanto da mãe antes e durante a
gravidez, e na lactação, bem como da criança durante os primeiros dois anos de vida. Esta
falha precoce de crescimento aumenta a mortalidade na primeira infância e diminui a
função cognitiva, mental e motora da pessoa, reduzindo o rendimento escolar e
produtividade da pessoa. Alguns autores estimaram que, em Moçambique, as perdas de
produtividade por desnutrição crónica são da ordem de 2-3% do Produto Interno Bruto
(KHAN et al., 2004). A desnutrição crónica pode ser eliminada em crianças menores de
dois anos de idade; ela não tem origem genética, e crianças de todas raças têm o mesmo
potencial para crescer (WHO, 2006:56).
Desnutrição Aguda (Peso/Altura): definida como baixo peso para a altura (criança magra
para a altura; magrinha). A desnutrição aguda pode aparecer em qualquer época da vida
como resultado duma redução de consumo ou associado a infecções. Pode ser recuperada
23
facilmente, através de boas práticas alimentares e cuidados de saúde adequada (KHAN et
al., 2004). Normalmente a desnutrição aguda ocorre em situações de emergência ou de
insegurança alimentar; no caso das crianças é normal acontecer quando estas passam do
aleitamento materno para a alimentação complementar. Este indicador é recomendado em
avaliações de programas de intervenção, por ser sensível as mudanças do estado
nutricional do menor (ISMAEL, 2013:5).
Desnutrição actual (Peso/idade): definida como baixo peso para a idade. É o indicador
normalmente usado pelo sistema de Saúde para o controle de crescimento dos menores de
5 anos (cartão de saúde da criança); e serve para monitorar o crescimento da mesma
(ISMAEL, 2013:6).
2.1.1. Causas da má nutrição
2.1.1.1. Causas da má nutrição por défice de nutrientes
A maioria dos casos, a desnutrição é o resultado de uma ingestão insuficiente de nutrientes, fome,
e doenças. A desnutrição infantil é uma doença de origem multi-causal e complexa que tem suas
raízes na pobreza. Ocorre quando o organismo não recebe os nutrientes necessários para o seu
metabolismo fisiológico, devido à falta de aporte ou problema na utilização do que lhe é ofertado.
(ACC/SCN citado por MONTE, 2000:288).
Segundo ROCHA, et al (2007:288), dentre os fatores que contribuem para a desnutrição na
criança encontram-se as suas necessidades relativamente maiores, tanto de energia como de
proteínas, em relação aos demais membros da família; o baixo conteúdo energético dos alimentos
complementares utilizados e administrados com frequência insuficiente; a disponibilidade
inadequada de alimentos devido à pobreza, desigualdade social, falta de terra para cultivar e
problemas de distribuição intra-familiar; as infecções virais, bacterianas e parasitárias repetidas,
que podem produzir anorexia e reduzir a ingestão de nutrientes, sua absorção e utilização, ou
produzir a sua perda; as fomes causadas por secas ou outros desastres naturais ou guerras; as
práticas inadequadas de cuidado infantil tais como administração de alimentos muito diluídos
e/ou não higienicamente preparados.
24
2.1.1.2. Causas da má nutrição por excesso de nutrientes
Segundo COANA, et al (2012), diversos fatores podem causar obesidade infantil. Entre as mais
comuns estão fatores genéticos, má alimentação, sedentarismo ou uma combinação desses
fatores. Além disso, a obesidade em crianças também pode ser decorrente de alguma condição
médica, como doenças hormonais ou uso de medicamentos a base de corticoides.
Apesar de ser uma doença com influência genética, nem todos os pais e mães com obesidade
também terão filhos com o problema, assim como pais e mães dentro do peso podem gerar filhos
com obesidade. Isso porque a obesidade infantil também tem ligação com os hábitos alimentares
da criança e da família, bem como a realização de atividades físicas. Dessa forma, a alimentação
da criança a quantidade de exercício que ela pratica são fatores determinantes para o
aparecimento da obesidade infantil, ainda que exista histórico familiar do problema. (COANA, et
al , 2012).
2.1.2. Diagnóstico da má nutrição
2.1.2.1. Diagnóstico da má nutrição por défice de nutrientes
Existem diversos métodos de diagnosticar a desnutrição. Eles vão desde uma avaliação clínica
(observação de características como peso, altura e idade) até uma completa avaliação do estado
nutricional do paciente, incluindo, além da análise clínica, dados sobre alimentação, avaliação
bioquímica e imunológica, avaliação metabólica e diagnóstico nutricional. Os profissionais
capacitados para fazer tal diagnóstico são o nutricionista e o médico. (MAHAN, 1995).
a) História clínica - A avaliação e cuidadoso acompanhamento clínico da criança é o guia mais
importante para o diagnóstico e para definir e monitorizar o tratamento da criança. A clínica da
criança é soberana em todos os momentos do tratamento, inclusive nas situações de
impossibilidade de realização ou de dificuldades de interpretações de exames laboratoriais. Onde
os recursos permitirem, exames laboratoriais podem ser feitos para ajudar no tratamento.
(MONTE, 2000:289)
b) Exame clínico - No entanto, é importante lembrar que, no caso da criança desnutrida grave, a
interpretação dos resultados dos exames deve ser cuidadosa, uma vez que os mesmos podem ser
25
alterados pela própria desnutrição, confundindo os trabalhadores de saúde menos experientes.
(MONTE, 2000:290)
c) Determinação do estado nutricional - As alterações bioquímicas e metabólicas são
semelhantes nas crianças com marasmo, Kwashiorkor e Kwashiorkor-marasmático. Devido à
gravidade e complexidade das alterações metabólicas, os exames laboratoriais podem ser de
difícil interpretação ou até mesmo confusos. A proteína sérica total no Kwashiorkor está
diminuída devido à baixa de albumina, em consequência à alteração da sua síntese hepática,
enquanto no marasmo é normal. Os aminoácidos essenciais podem estar baixos e os não
essenciais, normais ou altos, sobretudo no Kwashiorkor. (MONTE, 2000:290)
A imunoglobulina G sérica pode estar alta em decorrência de infecções. A proteína captadora de
retinol pode estar baixa. É frequente que a hemoglobina e o hematócrito estejam baixos. As
concentrações de creatinina e hidroxiprolina urinária são baixas, principalmente nos pacientes
muito emagrecido. Ibid.,291.
Podem ser encontrados sinais bioquímicos de deficiência de vitamina A, riboflavina tiamina,
niacina e ácido ascórbico, bem como de deficiências de minerais como ferro, zinco e magnésio.
Também pode haver sinais bioquímicos de desequilíbrio hidroeletrolítico secundário à
desidratação por diarreia. idem.
2.1.2.2. Diagnóstico da má nutrição por excesso de nutrientes
Para saber se uma criança está acima do peso ou com obesidade, é necessário fazer a conta do
índice de massa corporal. As faixas de índice de massa corporal para as crianças mudam de
acordo com a idade e o sexo, e para orientar os médicos existem tabelas da Organização Mundial
da Saúde (OMS) para fazer esse cálculo. (MAHAN, 1995).
No entanto, o índice de massa corporal não considera fatores como a quantidade de massa
muscular (magra) e a estrutura física da criança, uma vez que o crescimento pode variar muito de
uma para outra. Dessa forma, o médico ou médica pode avaliar outros tópicos para determinar se
o peso da criança está afetando sua saúde. Confira:
 História familiar de obesidade e problemas de saúde relacionados com o peso, como
diabetes;
26
 Hábitos alimentares da criança;
 Nível de atividade física que a criança faz;
Outras condições de saúde que a criança pode ter;
O médico ou médica pode solicitar exames de sangue:
 Colesterol total e frações;
 Glicemia de jejum;
 Exames de sangue para verificar se desequilíbrios hormonais.
2.1.3. Tratamento da má nutrição
2.1.3.1. Tratamento da má nutrição por défice de nutrientes
Na dependência da sua gravidade, as crianças desnutridas podem ser tratadas em hospital, centros
de nutrição, ambulatórios e na comunidade/domicílio.
2.1.3.1.1. Tratamento em hospitais
Devem ser hospitalizadas para tratamento as crianças com manifestações clínicas de
Kwashiorkor, marasmo ou Kwashiorkor-marasmático, cujo peso para a idade (P/I) seja menor
que -3DP ou menos de 70% da mediana dos valores de referência do NCHS, associado à
inapetência acentuada; e/ou diarreia e/ou vômitos; e/ou qualquer infecção associada. Também
devem ser hospitalizadas crianças com DEP grave (P/I <-3DP) que não podem ser referidas para
tratamento ambulatorial, centros de recuperação nutricional e outros (MS-OPAS/OMS &
UNICEF/Tacro, 1997:79). Quando é possível medir a altura, utiliza se o indicador peso por altura
e considera-se desnutrição Grave a presença de edema, emagrecimento importante (menos de
70% do peso/altura ou - 3 DP) ou sinais clínicos de desnutrição grave (OMS, 2000).
A abordagem do tratamento hospitalar é a mesma para crianças com Kwashiorkor, marasmo e
Kwashiorkor-Marasmático. O tratamento deve ser iniciado tão logo a criança seja atendida. Ela
deve ser manuseada o mínimo possível. Para fins de compreensão, o tratamento da criança com
desnutrição grave pode ser dividido em três fases. A duração total mínima prevista é de 26
semanas, atingir a reabilitação e também prevenir recaídas. (MONTE, 2000:291).
27
(i) Fase de estabilização
Na fase de estabilização, que vai do 1º ao 7º dia de tratamento, são identificados e tratados os
problemas com risco de vida, corrigidas as deficiências específicas, assim como as anormalidades
metabólicas, e inicia-se a alimentação. (MONTE, 2000:291).
(ii) Fase de reabilitação
Na fase de reabilitação, que dura do 2º até 6º semana, a criança deve ser alimentada de forma
intensiva para recuperar a maior parte do peso perdido. Aumenta-se a estimulação emocional e
física, treina-se a mãe ou pessoa que cuida da criança para continuar os cuidados em casa e,
finalmente, prepara-se a alta da criança. Se a duração da hospitalização for menor que 6 semanas,
deve-se assegurar o suporte adequado para completar o tratamento de reabilitação em centro de
nutrição, ambulatório e domicílio. (MONTE, 2000:291).
(iii) Fase de acompanhamento
A fase de acompanhamento, da 7º à 26º semana, inicia se imediatamente após a alta,
principalmente se a criança recebeu alta antes de completar a reabilitação. Acompanha se a
criança e sua família, para prevenir a recaída e assegurar a continuidade do desenvolvimento
emocional, físico e mental da criança Ibid.,292.
2.1.3.1.2. Tratamento nos centros de nutrição
Quando a criança tiver completado a fase inicial do tratamento, não tiver complicações e estiver
se alimentando e ganhando peso satisfatoriamente (geralmente 2-3 semanas após a admissão), ela
geralmente pode continuar o tratamento em um centro de reabilitação nutricional, sem ser em
regime de internação. Um centro de reabilitação nutricional segundo MONTE (1998) é um
hospital-dia, um centro de saúde ou uma instalação semelhante que presta cuidado diário através
de uma equipe treinada em reabilitação de crianças desnutridas.
A criança dorme em casa, é trazida ao centro a cada manhã e retorna a sua casa ao final de cada
dia. É necessária uma íntima colaboração entre o hospital e o centro para assegurar a
continuidade do cuidado da criança e facilitar o seu rápido retorno ao hospital, caso surja algum
problema grave. Em áreas urbanas, os centros de reabilitação nutricional devem ser
28
preferivelmente estabelecidos perto do hospital. Em áreas onde não há centros especializados, o
hospital deve continuar a acompanhar a criança até que ela esteja pronta para a alta do tratamento
(MONTE, 1998).
Crianças com desnutrição grave frequentemente estão muito doentes e em risco de vida quando
chegam para tratamento, necessitando, amiúde, de tratamento de emergência. A criança deve ser
mantida aquecida, adequadamente vestida e coberta, e afastada de correntes de ar, principalmente
à noite. Idealmente, a temperatura ambiental deveria ser mantida em 25-300 C porque as crianças
desnutridas graves, particularmente as pequenas, facilmente ficam hipotérmicas. Nos locais de
clima muito quente, deve-se cuidar para que a criança não fique hiperaquecida durante as horas
mais quentes do dia. (MONTE, 2000:292).
Todas as crianças gravemente desnutridas estão em risco de hipoglicemia (glicose sanguínea
<54mg/100 ml ou <3 mol/l), uma importante causa de morte durante os primeiros 2 dias de
tratamento. Hipoglicemia pode decorrer de uma infecção sistêmica grave ou por não alimentação
da criança nas últimas 4-6 horas. Se há suspeita de hipoglicemia, o tratamento deve ser imediato,
sem confirmação laboratorial; o tratamento não trará nenhum malefício mesmo que o diagnóstico
esteja incorreto. (MONTE, 2000:292).
Frequentemente, o único sinal antes de morrer por hipoglicemia é a sonolência. Caso não seja
possível dosar a glicemia, deve-se assumir que todas as crianças gravemente desnutridas têm
hipoglicemia. Se a criança pode beber, dar 50ml de glicose ou sacarose a 10%, ou alimentar a
criança com preparação apropriada para esta fase. Se a criança estiver inconsciente, dar 5ml/kg
de peso corporal de solução estéril de glicose a 10% intravenosa. Se a criança tem convulsões por
hipoglicemia, manter a infusão venosa de glicose com velocidade entre 4 a 6 mg/kg/hora, até
melhor estabilização do paciente. Quando isso ocorrer, dar 50ml de glicose a 10% ou sacarose,
por sonda nasogástrica. (MONTE, 2000:292).
Quando a criança recuperar a consciência, começar a dar imediata- mente a dieta ou solução de
glicose em água (60g/l). Continuar a alimentação frequente por via oral ou por SNG a cada 2
horas, dia e noite, no mínimo durante o primeiro dia, para prevenir uma reincidência. Todas as
crianças desnutridas com suspeita/diagnóstico de hipoglicemia devem ser também tratadas com
antibiótico de largo espectro para infecções sistêmicas. idem.
29
A hipotermia está associada com mortalidade aumentada. Todas as crianças hipotérmicas
também devem ser tratadas para hipoglicemia e para infecção sistêmica séria. A hipotermia é
frequente nas crianças desnutridas graves menores de 12 meses, com marasmo, com grandes
áreas de pele lesada ou com infecções graves. Se a temperatura axilar tiver abaixo de 35,0o C ou
não aparece para leitura no termômetro axilar disponível, assuma que a criança tem hipotermia.
Aqueça bem a criança, alimente-a imediatamente e trate as infecções existentes. idem.
É difícil diferenciar desidratação e choque séptico em uma criança com desnutrição grave. Em
muitos casos de choque séptico, há uma história de diarreia e um grau de desidratação leve ou
moderado, produzindo um quadro clínico misto. Muitos dos sinais habitualmente usados para
avaliar desidratação não são confiáveis em uma criança com desnutrição grave, tornando difícil
ou impossível detectar desidratação e sua gravidade de forma confiável. Além disso, muitos
sinais de desidratação também são encontrados no choque séptico, fazendo com que a
desidratação seja hiperdiagnosticada e sua gravidade hiperestimada. Frequentemente é necessário
tratar a criança simultaneamente para desidratação e choque séptico. (MONTE, 2000:293).
No tratamento da desidratação, a via oral é a preferencial, sendo a via intravenosa reservada aos
casos em que há sinais definitivos de choque, pois pode facilmente causar hiperidratação e
insuficiência cardíaca. A solução para reidratação oral deve ter menos sódio e mais potássio que a
solução padrão recomendada pela OMS. Magnésio, zinco e cobre também devem ser dados para
corrigir a deficiência desses minerais. A solução de reidratação oral proposta pela OMS para
crianças desnutridas graves contém aproximadamente 45mmol de sódio, 36 mmol de potássio e
3mmol de magnésio por litro. (OMS, 2000).
No tratamento do choque séptico, proceder à hidratação venosa com volume inicial de 15 a 20
ml/kg na primeira hora, com solução salina 0,45% (metade da solução fisiológica) com glicose a
5%2 (soro glicosado fisiológico a 5% -1:1.) ou solução de Ringer lactato com glicose a 5%. Se
possível, adicionar cloreto de potássio estéril (20mmol/l). (OMS, 2000).
Monitorar a criança rigorosamente para hiperidratação, adequando os próximos passos à resposta
observada. Tratar vigorosamente a infecção. Realimentar e iniciar a reidratação oral tão logo
quanto possível. Idem.
30
A insuficiência cardíaca congestiva é usualmente uma complicação da hiperidratação
(especialmente quando é feita infusão ou é dada solução de reidratação padrão), de anemia muito
grave, de transfusão de sangue ou plasma, ou de uma dieta com conteúdo muito alto de sódio. Se
ocorrer sinais de insuficiência cardíaca, toda a ingestão oral e líquida deve ser interrompida até
que a insuficiência cardíaca melhore. Neste caso está indicado o uso de um diurético,
preferencialmente furosemide (1mg/kg). Não dar digital, a menos que a insuficiência cardíaca
seja inequívoca e os níveis de potássio plasmático seja normal. Neste caso, pode-se dar 5mg/kg
de peso corporal de digoxina em dose única, ou oralmente, se a preparação para administração
não estiver disponível (OMS, 2000).
Todas as crianças desnutridas têm deficiência de potássio e de magnésio, que pode demorar duas
ou mais semanas para ser corrigida. O edema é parcialmente resultante dessas deficiências. Há
excesso de sódio corporal, embora o sódio plasmático possa ser baixo. A administração de altas
quantidades de sódio pode levar a criança a óbito. Potássio (2-4mmol/kg/dia) e magnésio extra
(0,3-0,6 mmol/ kg/dia) podem ser adicionados às refeições durante a sua preparação. Fluidos com
baixo teor de sódio devem ser usados para a reidratação. O edema nutricional existente não deve
ser tratado com diurético. Idem.
Quase todas as crianças gravemente desnutridas têm infecções bacterianas na ocasião da
admissão para tratamento hospitalar, e é correto presumir que, com frequência, a infecção é
subclínica e precisa ser urgentemente tratada. A administração de antibiótico imediatamente após
a admissão, até que os resultados dos exames laboratoriais sejam conhecidos, pode salvar a vida
de muitas crianças. A antibioticoterapia pode ser modificada posteriormente, se necessário, de
acordo com os resultados dos exames laboratoriais.
Todas as crianças gravemente desnutridas têm deficiências de vitaminas e de minerais.
Recomenda-se a administração diária, por um mínimo de duas semanas, de suplemento de
multivitaminas (que não tenha ferro), ácido fólico (5mg no primeiro dia e a partir daí 1mg/dia),
zinco (2mg/kg/d) e cobre (0,2mg/kg/dia). Quando a criança começar a ganhar peso, o que
geralmente ocorre no início da segunda semana de tratamento, deve-se iniciar o sulfato Ferroso
(3mg de Fe/kg/d). As crianças gravemente desnutridas estão em alto risco de cegueira por
deficiência de Vitamina A. Esta deve ser dada oralmente no primeiro dia (menores de 6 meses:
50.000UI; 6-12 meses: 100.000UI; Crianças mais velhas: 200.000 UI). Administrar a dose
31
específica para a idade no segundo dia e repetir no mínimo duas semanas depois (MONTE,
2000:293).
Se há anemia muito grave (Hb <4g/dl ou Hb entre 4 e 6g/dl) e/ou dificuldade respiratória, deve-
se tratar com papa de hemácias 10ml/kg lentamente, durante 3 horas, e administrar furosemida
1mg/kg, no começo da transfusão. Monitora-se a criança para insuficiência cardíaca, pelo menos
a cada 15 minutos. Idem.
2.1.3.2. Tratamento da má nutrição por excesso de nutrientes
De acordo com COANA, et al (2012), o tratamento da obesidade é complexo e multidisciplinar.
Não existe nenhum tratamento farmacológico em longo prazo que não envolva mudança de estilo
de vida. Há várias opções de tratamento para a obesidade infantil e o sobrepeso. Quanto maior o
grau de excesso de peso, maior a gravidade da doença. As crianças devem ser abordadas
individualmente e conforme a idade, uma vez que cada uma pode apresentar diferentes fatores
que aumentam seu risco para obesidade. Para as crianças que estão acima do peso ou com
obesidade leve, sem risco de desenvolver outras doenças, pode ser recomendada apenas a
manutenção. A explicação: o crescimento da criança pode fazer com que ela entre numa faixa de
índice de massa corporal saudável, sem necessariamente precisar emagrecer.
Já para crianças com obesidade instalada e risco de desenvolver outras doenças, a perda de peso é
recomenda. O emagrecimento deve ser lento e constante, e os métodos são os mesmos adotados
para adultos – ou seja, comer uma dieta saudável e praticar exercícios. O sucesso depende em
grande parte de seu compromisso de ajudar seu filho ou filha a fazer essas mudanças. (COANA,
et al, 2012),
a) Pratica de atividade física - Além de queimar calorias, os exercícios físicos também ajudam a
fortalecer os ossos e músculos das crianças, melhoram seu humor e ajudam no sono. Outro fator
importante é que o incentivo à atividade física na infância pode fazer com que a criança
mantenha esses hábitos no futuro, evitando a obesidade ao longo da vida.
Crianças devem fazer pelo menos um tipo de atividade física todos os dias, seja ela programa
(academia, esportes ou aulas de dança, por exemplo) ou não programada (brincadeiras, como
pega-pega, esconde-esconde e usar os brinquedos de um parque).
32
b) Medicamentos - Para casos graves de obesidade infantil, já associados com outras condições,
podem ser prescritos medicamentos. No entanto, o tratamento farmacológico não é
frequentemente recomendado para adolescentes e crianças – a não ser que ele tenha alguma
doença que necessite de tratamento com remédios como distúrbios da tireoide ou colesterol alto.
Contudo, os medicamentos não substituem a adoção de hábitos saudáveis, como dieta e prática de
exercícios.
2.1.3.3. Alimentação
2.1.3.3.1. Alimentação da criança portadora da má nutrição por défice de nutrientes
A alimentação da criança deve iniciar logo após a admissão, com refeições pequenas, de baixa
osmolaridade e baixo teor de lactose, oferecidas a cada 2, 3 ou 4 horas, dia e noite. A via oral é a
preferencial e, se essa não for possível, dar por SNG. A meta nutricional nesta fase é atingir a
ingestão máxima de 100 kcal/kg/dia (o mínimo aceitável é de 80 kcal/kg/dia) e 1-1,5g
proteína/kg/dia. Planeja-se para um total de 130 ml/kg/d de líquido (100 ml/kg/dia se a criança
tem edema importante). Se a criança estiver sendo amamentada, o aleitamento materno deve ser
acompanhado de formulação láctea apropriada para cobrir a cota calórica desejada. A via
intravenosa é utilizada excepcionalmente na desnutrição primária. (MONTE, 2000:293).
A quantidade ingerida pela criança deve ser rigorosamente medida e registrada. Se a meta
mínima não for atingida, alimentá-la por SNG, oferecendo primeiro a alimentação por via oral. A
sonda deve ser retirada quando a criança aceitar por via oral 3/4 do total da dieta diária, ou o
volume total em duas refeições consecutivas. Se a ingestão nas próximas 24 horas seguintes não
atingir o mínimo de 80 kcal/kg/dia, reintroduzir a sonda (MONTE, 2000:293).
Para uma criança com bom apetite e sem edema, a fase de estabilização, se feita cuidadosamente,
pode ser completada em dois ou três dias sem problemas.
O retorno do apetite é o sinal da entrada da criança na fase de reabilitação, usualmente uma
semana depois da admissão. Nessa fase, é necessário atingir uma ingestão muito alta, para
permitir um ganho de peso rápido, de> 10g/ kg/dia. Recomenda-se uma transição gradual entre a
fórmula usada na fase inicial e a fórmula usada para crescimento rápido, para evitar o risco de
insuficiência cardíaca, que pode ocorrer quando a criança consome grandes quantidades de
33
alimento nesta fase inicial. A fórmula inicial (75 kcal/100ml e 0,9g proteína/100ml) deve ser
substituída durante 48 horas, pelo mesmo volume de fórmula láctea para o crescimento rápido
(contendo 100kcal e 2,9g de proteína/100ml). Mingaus modificados ou alimentos
complementares modificados podem ser usados, desde que forneçam quantidades comparáveis de
energia e de concentrações de proteína. Após as 48 horas, se a criança estiver aceitando bem a
fórmula, deve-se aumentar 10 ml em cada refeição sucessiva até que a criança deixe resto.
Geralmente isso ocorre quando a ingestão atinge 200 ml/kg/dia. Idem.
Depois da transição gradual, oferecer refeições frequentes, de acordo com a aceitação
(quantidades não limitadas), para atingir a meta nutricional de 150-220 kcal/kg/ dia e 4-6g de
proteína/kg/dia. Se a criança tem mais de 24 meses, podem ser dados alimentos da alimentação
da família, garantindo-se o conteúdo nutricional. O progresso da reabilitação da criança deve ser
avaliado através do seu ganho ponderal. A insuficiência cardíaca é improvável se a transição
gradual for seguida. Entretanto, por precaução, deve-se monitorizar a presença de sinais precoces
de insuficiência cardíaca. Se houver sinais sugestivos de insuficiência cardíaca, reduzir o volume
dado para 100 ml/kg/24 horas e, então, lentamente aumentar para 115 ml/kg/dia durante as 24
horas seguintes, 130 ml/kg/dia pelas 48 horas seguintes, para depois aumentar 10 ml em cada
refeição, como descrito anteriormente.
Se intolerância à lactose com repercussões para o crescimento da criança for diagnosticada, ela
deve ser tratada com fórmulas livres de lactose e modificadas para atender as metas nutricionais
adequadas à reabilitação. Reintroduzir as refeições lácteas integrais antes de dar alta do hospital,
para determinar se a intolerância foi resolvida.
Como na desnutrição grave há um retardo de desenvolvimento mental e comportamental, é
importante prover estimulação essencial, recreação e cuidado afetivo, reforçando o vínculo mãe-
criança. A mãe pode ser envolvida nas tarefas de cuidados da criança e deve ser ensinada a fazer
estimulação essencial.
Durante a internação, deve-se preparar a criança e sua mãe para a alta. Uma criança que tem 85%
-90% do peso para a altura ou o comprimento (equivalente a - 1DP) pode ser considerada
recuperada. A criança provavelmente ainda tem um baixo peso para a idade por causa do
nanismo. Boas práticas de alimentação e estimulação psicológica devem ser continuadas em casa.
34
2.1.3.3.2. Alimentação da criança portadora da má nutrição por excesso de nutrientes
Os pais são os que compram a comida, cozinhar os alimentos e decidir onde o alimento é
ingerido. Mesmo pequenas mudanças podem fazer uma grande diferença na saúde do seu filho:
 Invista nas frutas, legumes e vegetais;
 Prefiro alimentos integrais aos refinados;
 Evite alimentos como biscoitos, bolachas e refeições prontas. Elas são ricas em açúcar,
sódio e gorduras – tudo o que sua filha ou filho não pode comer em exagero;
 Limite o consumo de bebidas adoçadas, incluindo os sucos industrializados. Essas bebidas
são muito calóricas e oferecem poucos ou nenhum nutriente;
 Reduza o número de vezes em que a família vai comer fora, especialmente em
restaurantes de fast-food. Muitas das opções do menu são ricas em gordura e calorias;
 Sirva porções adequadas, uma vez que as crianças comer bem menos do que os adultos.
Se sua filha ou filho não conseguiu comer todo o prato, não o force a terminar.
2.1.3.4. Aconselhamento
Mostrar aos pais ou a quem cuida da criança como alimentar frequentemente e com alimentos
densos em energia e nutrientes, e como fazer terapia recreativa estruturada/estimulação essencial.
De acordo com VALENTE (2003), no acompanhamento, a criança deve ser pesada
semanalmente. Se ela não ganha ou se perde peso em duas semanas, deverá ser referida ao
hospital para reavaliação. Se a criança evolui bem, a frequência de comparecimento pode ser
progressivamente espaçada por uma vez a cada 15 dias durante três meses, mensalmente durante
três meses, a cada dois meses por seis meses e depois semestralmente, até que a criança complete
três anos.
A reabilitação nutricional em ambulatório e na comunidade é possível, embora seja mais longa. A
maior responsabilidade pelo sucesso do tratamento das crianças nessas condições é dos pais.
Portanto, é essencial que eles recebam dos profissionais de saúde e agentes de saúde orientação e
apoios práticos adequados para cuidar das suas crianças. De uma forma geral, a orientação para
essas crianças é semelhante à que é dada na preparação para a alta e no acompanhamento da
criança que foi hospitalizada. (VALENTE, 2003).
35
As mães devem ser orientadas sobre como preparar as refeições com conteúdo nutricional
adequado e saber que a criança precisa ser alimentada no mínimo 5 vezes por dia. Os alimentos
usuais da casa devem ser preparados de forma a conter aproximadamente 100 kcal e 2-3g de
proteína por 100g de alimento. Os suplementos de vitamina, ferro e eletrólitos/minerais devem
ser usados.
Um plano de acompanhamento deve ser seguido e uma rotina efetiva de atendimento 58 deve ser
adotada, pelo menos até que a criança esteja completamente recuperada. O apoio dos
trabalhadores de saúde da comunidade é essencial. Se a criança recebeu alta precoce do hospital,
a supervisão deve ser reforçada no ambulatório e no domicílio, pois o seu risco de recair e de
morrer é muito alto. A criança deve ser cuidadosamente avaliada antes da alta e algum suporte
comunitário deverá estar disponível para prevenção de recaída. O tratamento domiciliar, além de
ser o mais barato para o setor de saúde, pode ser também o preferido pelas mães. (KHANUN, et
al, 1994).
36
Capitulo III
3. Apresentação, Análise e Discussão dos Resultados.
Depois de realizada a colheita dos dados no Hospital Provincial, Clínica Saúde Boa Esperança e
Centro de Saúde de Icídua da cidade de Quelimane e em seguida procedidas as visitas
domiciliares nas residências das famílias das crianças de 0 aos 5 anos mal nutridas pertencentes a
famílias de baixa, média e alta renda atendidas nos estabelecimentos de saúde acima
mencionados, obtiveram-se os resultados que neste capítulo foram apresentados, analisados e
discutidos.
3.1. Apresentação e Análise dos Resultados
3.1.1. Resultados da entrevista feita aos responsáveis pela alimentação das crianças mal
nutridas.
Gráfico 1: Representação percentual das crianças de 0 aos 5 anos mal nutridas de acordo com o
nível económico.
Fonte: Autor (2016).
De acordo com os dados ilustrados no gráfico 1, na maioria dos casos 69% de crianças mal
nutridas que correspondem a 51 provêm de famílias de baixa renda, poucos casos 31% que
coresponde a 23 provêm de famílias de média e alta renda (26% e 5% respectivamente).
69,%
26%
5%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Baixo Medio Alto
37
Tabela 1: Número refeições que as crianças de 0 aos 5 anos mal nutridas dispõem por dia.
Responsáveis Nível econômico Número de refeições
51 Baixo 2 a 3 vezes ao dia
19 Médio 4 a 5 vezes ao dia
4 Alto Mais de 5 vezes ao dia
Total 74
Fonte: Autor (2016).
De acordo com os dados apresentados na tabela 2, fornecidos pelos responsáveis das crianças de
0 aos 5 anos pertencentes a famílias de baixa renda (num total de 51) alimentam-se 2 a 3 vezes
por dia, enquanto que as crianças de 0 aos 5 anos pertencentes a famílias de média renda (num
total de 19) alimentam-se 3 a 4 vezes por dia e por fim as crianças de 0 aos 5 anos pertencentes a
famílias de alta renda (num total de 4) alimentam-se mais de 5 vezes por dia.
Tabela 2: Tipos de alimentos consumidos pelas crianças do 0 aos 5 anos mal nutridas em relação
ao nível económico.
Nível económico baixo Nível económico médio Nível económico alto
1. Verdura
2. Peixe
3. Papa de milho
4. Feijão
5. Massa de milho
6. Arroz
1. Verdura
2. Peixe
3. Papa de milho
4. Feijão
5. Massa de Milho
6. Arroz
7. Papa Instantânea
1. Verdura
2. Peixe
3. Papa instantânea
4. Batata reno
cozida
5. Leite
6. Ovos.
Fonte: Autor (2016).
As crianças de 0 aos 5 anos pertencentes a famílias de baixa renda tem uma alimentação, na base
de: verdura, peixe, papa de milho e feijão, enquanto que as crianças de 0 aos 5 anos pertencentes
a famílias de média renda na base de: verdura, peixe, papa de milho, feijão, massa de milho, arroz
38
e papa instantânea e por fim as crianças de 0 aos 5 anos pertencentes a famílias de alta renda na
base de: papa instantânea, batata reno cozida, verdura, leite e ovos.
Gráfico - 2: Representação percentual das respostas dos responsáveis pela alimentação sobre a
proveniência da água ingerida pelas crianças de 0 aos 5 anos mal nutridas.
Fonte: Autor (2016).
De acordo com o gráfico 2, das 51 crianças provenientes de famílias de baixa renda, 46
consomem água do poço e somente 5 consomem água potável canalizada (correspondendo 90% e
10% respectivamente).
Das 19 crianças proveniente de famílias de média renda, 11consomem água potável canalizada, 2
consomem água mineral e 6 consomem água do poço (correspondendo 58%, 10% e 32%
respectivamente).
Das 4 crianças proveniente de famílias de alta renda, todas bebem água mineral correspondendo a
100%.
Tabela 3: Opinião dos responsáveis pela alimentação sobre as possibilidades de melhoria da dieta
alimentar das crianças de 0 aos 5 anos mal nutrição de acordo com o nível económico.
Responsáveis Nível econômico Possibilidades de melhoria
51 Baixo  Aumentar os alimentos
19 Médio  Adquirirem produtos enlatados.
4 Alto  Nada a ser feito.
Total 74
Fonte: Autor (2016).
0%
10%
100%
10%
58%
0%
90%
32%
0%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Baixa Media Alta
Mineral Potável canalizada Poço
39
Segundo a tabela 4, referente às possibilidades de melhoria da dieta alimentar das famílias
estudadas, os responsáveis afirmaram o seguinte:
(i) Baixa renda – 51 dos responsáveis pelas crianças mal nutridas desta faixa econômica
afirmaram que gostariam que exista alguma ajuda, no sentido de aumentar os alimentos
que eles consomem diariamente como mostra o tabela 4;
(ii) Média renda – 19 dos responsáveis pelas crianças mal nutridas desta faixa econômica
apresentaram interesse em melhorar a alimentação das crianças propondo se fosse
possível, dever-se-ia obter produtos enlatados específicos para criança;
(iii)Alta renda – 4 dos responsáveis pelas crianças mal nutridas desta faixa econômica dizem
que está tudo bem em termos da dieta alimentar.
3.1.2. Resultados relacionados às observações.
Tabela 4: Aspectos observados sobre o modo de vida em relação à alimentação das crianças de 0
aos 5 anos mal nutridas.
Nível económico Observações
Baixo
 Condições sanitárias inadequadas (casas de
banho precárias);
 Mau cuidado na preparação dos alimentos (má
lavagem dos alimentos falta de higiene das
mãos na hora preparação das refeições).
 Sem cuidados com as crianças (não controlam
onde a criança come o que come e se comeu).
Médio
 Mau cuidado na preparação dos alimentos (má
lavagem dos alimentos).
 Sem cuidados com as crianças (não controlam
onde a criança come o que come e se comeu).
Alto  Sem cuidados com as crianças (não controlam o
que criança come).
Fonte: Autor (2016).
40
Tabela 5: Informações sobre as doenças que possivelmente levam a má nutrição das crianças de 0
as 5 anos atendidas no Hospital Provincial, Clínica Saúde Esperança e Centro de Saúde de Icídua
da Cidade de Quelimane.
Nível económico Doenças
Baixo
 Diarreias;
 Human Immunodeficiency Virus
(HIV);
 Malária;
Médio
 Malária;
 Diarreias;
 Gastroenterites intestinais (GEAS);
 Human Immunodeficiency Virus
(HIV);
Alto
 Malária;
 GEAS.
Fonte: Autor (2016).
De acordo com a tabela 5, a maioria dos casos de má nutrição é devido a diarreias, HIV, e
malária.
3.2. Discussão dos resultados
De acordo com o gráfico 1, pag. 36 a maioria das crianças com casos de má nutrição é
proveniente de famílias de baixa renda (69%) e uma minoria de média e alta renda (26% e 5%
respectivamente).
A maior incidência da má nutrição das crianças de 0 aos 5 anos no que diz respeito ao nível
económico baixo, comparativamente com o nível económico médio na cidade de Quelimane,
provavelmente não reside no número de refeições nem na variedade dos alimentos (como mostra
a tabela 1, pagina 37 e tabela 3, pagina 38 respectivamente), mas sim devido, condições de
saneamento do meio, acesso restrito a água potável, doenças e cuidados na preparação de
alimentos.
41
Em famílias de alta renda verifica-se um baixo índice de má nutrição das crianças de 0 aos 5 anos
em relação ao nível económico baixo e médio (gráfico 1, pagina 37) devido às diferenças
significativas que podem ser encontradas no número de refeições que é recomendado (tabela 3,
pagina 38), tipos de alimento que compreende uma dieta com maior variedade nutricionais
(tabela 2, pagina 37), condições de saneamento do meio com casas de banho adequadas (tabela 4,
pagina 39), acesso a água potável (gráfico 2, pagina 37), e cuidados na preparação de alimentos,
higiene das mãos na hora preparação das refeições (tabela 4, pagina 39). A incidência de má
nutrição das crianças de 0 aos 5 anos neste nível deve-se provavelmente à malaria (tabela 5,
pagina 40).
Conforme defende OLIVEIRA et al (2007); DRACHLER (2003); ROCHA (2007); AERTS
(2004) e ENGSTROM & ANJOS (1999), demonstrando em vários estudos que:
A associação entre o nível sócio econômico e o estado nutricional de crianças menores de 5 anos,
ficando evidente que nas regiões menos providas de infraestrutura, onde as condições de vida da
população são precárias, encontram-se maior número de crianças desnutridas.
Segundo OLIVEIRA (2007:601):
Condições sócio-económicas inadequadas levam à privação das satisfações básicas que, por sua
vez, se traduz em restrições no consumo alimentar, condições precárias do ambiente sanitário,
promovendo o inadequado crescimento na infância.
As crianças provenientes de famílias de baixa renda alimentam-se com uma frequência abaixo do
recomendado de acordo com as suas necessidades nutricionais 2 a 3 vezes por dia (tabela 2,
pagina 37), contribuído assim para a existência de maior número de casos de má nutrição. Estas
constatações revelam que os responsáveis pela alimentação da família, consideram a criança
como fosse um adulto participando na alimentação da família, desconhecendo que elas têm seus
próprios horários, ou seja, deve-se alimentar num intervalo de três em três horas (números
específico de refeições de no mínimo 5 a 7 refeições ao dia) com necessidades nutricionais
específicas.
Alimentação diversificada baseadas em alimentos de base que ajudam a fornecer energia,
acrescentados aos construtores que ajudam o corpo a crescer (proteínas) e a protectores que
protegem o corpo das doenças, é considerada uma dieta ou alimentação nutritiva, algo que não
ocorre nas famílias acima mencionadas.
42
MARTINS (2008: 93) recomenda:
As crianças, principalmente do 0 aos 5 anos de idade devem ter uma alimentação diferenciada de
6 a 8 vezes ao dia porque lhes ajuda a adquirir maior quantidade de nutrientes possíveis como:
ferro, carboidratos, cálcio, zinco, vitamina A, vitamina C, proteínas e gordura, que são
encontradas em alimentos como: arroz, feijão, carne, frutas, legumes, leite, ovo e óleo.
Para MONTE (2000:67):
Para uma criança do 0 aos 5 anos se manter saudável, é importante consumir alimentos de boa
qualidade e em quantidades suficientes de modo a satisfazer as suas necessidades nutricionais.
Primeiro, os alimentos têm de fornecer energia suficiente para a pessoa se manter activa e forte.
Os alimentos também devem ajudar a formar, reparar e proteger as diversas partes do corpo. Para
isto, é necessário comer diariamente uma combinação de alimentos diversificados.
As crianças de 0 aos 5 anos mal nutridas pertencentes a famílias tanto de baixa, média e alta
renda têm ao seu dispor alimentos capazes de suprir suas necessidades nutricionais (tabela 2,
pagina 37), o que não tem acontecido. Estas constatações revelam possivelmente que haja falta de
conhecimentos de como preparar esses alimentos, como combiná-los e a quantidade e frequência
de ingestão para melhorar a dieta alimentar da criança, contribuído assim no aumento de casos de
má nutrição na cidade de Quelimane.
As crianças de baixa e média renda de 0 aos 5 anos mal nutrição bebem água do poço (gráfico 2,
pagina 37). Boa parte de casas das crianças do 0 aos 5 anos mal nutrição não possui água
canalizada, obrigando os seus responsáveis a recorrer a vizinhos, que esses muitas das vezes
exigem o pagamento de uma taxa ou a deslocar para locais onde exista água potável canalizada a
venda, sem alternativas são obrigados recorrer a poços para adquirirem água para o consumo,
lavar e banho. Geralmente esta água encontra-se sub maus cuidados higiênico no caso dos poços
e devido ao fecalismo ao seu aberto aumentando o risco de contaminação.
Segundo MIDS (2006:62):
A fonte de água potável do agregado familiar está ligada à sua condição sócio econômica.
Agregados familiares pobres são mais prováveis de obter água de fontes contaminadas como
águas paradas e riachos ou poços. A indisponibilidade adequada de água de boa qualidade
aumenta o risco de contaminação alimentar, diarreias, e má nutrição. Os bebes e crianças de
agregados familiares que não tem casa de banho com água corrente têm um maior risco de serem
mal nutridos que os que estão em agregados familiares com esta infraestrutura.
43
De acordo com as possibilidades de melhoria da dieta alimentar das crianças de 0 aos 5 anos
(tabela 4 pagina 39) é possível notar que os responsáveis pela alimentação estão preocupados em
aumentar os produtos alimentícios das crianças incluindo conservas para que a dieta seja
adequada, mostrando não terem conhecimento do que é uma alimentação saudável nem domínio
de como devem ser preparados os alimentos para que estes sirvam como uma fonte de nutrientes
para as crianças (tabela 3, pagina 38).
As famílias de crianças mal nutridas de baixa renda apresentam condições sanitárias inadequadas,
mau cuidado na preparação dos alimentos, maus cuidados com as crianças e o não controle onde
a criança come e se comeu (tabela 4, pagina 39).
Estes factores podem estar contribuindo para que as crianças contraiam doenças (tabela 5, pagina
40), sub condições sanitárias inadequadas, mau cuidado na preparação dos alimentos e o não
cuidado com as crianças, não controle onde a criança come e se comeu, levando a ingestão de
alimentos em quantidades e qualidades inadequadas, contribuído para um desequilíbrio alimentar.
Estas condições comprometem o crescimento sadio das crianças e são factores que se tornam
entraves para a melhoria da qualidade de vida e desenvolvimento de toda uma sociedade.
Segundo MIDS (2006:62):
O tipo de casa de banho usado pelo agregado é reflexo da sua condição financeira, e agregados
pobres são menos prováveis de terem casas de banho adequadas. Condições sanitárias
inadequadas resultam no aumento do risco de diarreias, o que contribui para a má nutrição. As
crianças de agregados familiares que não tem retrete com autoclismo estas têm um maior risco de
serem mal nutridos que crianças em agregados com esta condição.
A maioria dos casos de má nutrição provavelmente são consequências de diarreias, HIV, poucos
casos são devido à malária, e muito poucos casos é devido há gastroenterites intestinais (tabela 5,
pagina 40). Esta situação é preocupante, uma vez que alguma destas doenças está directamente
relacionada com alimentos ingeridos (as diarreias).
Do ponto de vista do autor, a má nutrição esta também associada às diarreias, malaria e HIV, na
medida em que estas doenças intervêm para a fraca absorção de nutrientes e que condiciona uma
baixa imunidade levando a maior necessidade nutricional contribuindo para a ocorrência da má
nutrição ou até ao seu agravamento.
44
ANTUNES (2007:25-30) afirma que:
A nutrição e infecção estão intimamente associadas uma vez que, uma pode prejudicar a outra.
A carência de certos nutrientes, como o ferro, vai ter repercussões na saúde da criança já que
corre maior risco de infecção. Esta é uma carência habitual nos países subdesenvolvidos, levando
a deficiência imunitária e é a segunda causa de susceptibilidade a infecção e mortalidade. A
deficiência em ferro diminui a imunidade celular, a capacidade fagocitária e a imunidade das
mucosas, logo terá efeitos no desencadeamento de uma infecção.
45
4. Conclusões e Sugestões
4.1. Conclusões
Depois de uma análise profunda e discussão dos resultados conclui-se:
 A má nutrição na cidade de Quelimane afecta todos os níveis económicos, verificando-se
nas crianças de 0 aos 5 anos pertencentes a famílias de baixa renda com uma percentagem
maior de 69%, em seguida por famílias de média renda 26% e por último famílias de alta
renda com 5%;
 A má nutrição das crianças de 0 aos 5 anos de famílias de baixa, média e alta renda
atendidas no Hospital Provincial, Clínica Saúde Boa esperança e Centro de Saúde de
Icídua da Cidade de Quelimane, está associada a diversos factores independentemente do
nível econômico, mas sim de: condições sanitárias, acesso a água potável, conhecimento
sobre como e o que deve ser preparado para alimentação das crianças, e cuidados na
preparação dos alimentos;
 As doenças como as diarreias, HIV, malária e GEAS têm influenciado na ocorrência de
casos de má nutrição das crianças de 0 aos 5 anos atendidas no Hospital Provincial,
Clinica Boa Esperança e Centro de Saúde de Icídua, Cidade de Quelimane.
46
4.2. Sugestões
Diante dos resultados obtidos e da análise feita mediante a pesquisa desenvolvida no Hospital
Provincial, Clínica Saúde Boa Esperança e Centro de Saúde de Icídua da Cidade de Quelimane e
na comunidade, sugere-se o seguinte:
 A direção do curso de licenciatura em ensino de biologia que nas Praticas Pedagógicas
sejam realizadas palestras nas escolas-comunidade sobre educação nutricional, de modo a
melhorar a saúde das crianças;
 Aconselhamento nutricional nos serviços de atenção à criança, incluindo demonstrações
culinárias sobre alimentação complementar adequada, usando alimentos locais;
 Ao Ministério da Saúde que estabeleça um programa de capacitação dos agregados
familiares sobre práticas melhoradas de processamento e conservação de alimentos,
incluindo aspectos de higiene e segurança alimentar;
 A FIPAG que expande mais furos de água na cidade de Quelimane de modo abranger
maior número de famílias.
47
Referencias bibliográficas
1. ACC/SCN. Nutrition throughout life. 4th Report on the world nutrition situation. Geneva;
ACC/SCN./World Health Organization: 2000;
2. AERTS, D; DRACHLER, M.L.; GIUGLIANI, E.R.J. Determinants of growth retardation
in Southem Brazil. Cad. Saúde Publica, Rio de Janeiro, set-out, 2004;
3. ANTUNES, H. Nutrição e Infecção nos Primeiros Anos de Vida. Encontro Cientifico:
Intervenção Nutricional na Infância e Aspectos Preventivos. Nestle Nutrition Institute,
2007;
4. COANA, Claudia et al. Krause Alimento, Nutrição e Dioterapia. 13ª Ed. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2012;
5. DA SILVA, E. L. & MENEZES, E. M. Metodologia da pesquisa e elaboração de
dissertação. 3 ed. Rev. Atual. Florianópolis: Laboratório de Ensino a distancia da UFSC.
2001;
6. DRACHLER, M. L. et al. Desigualdade social e outros determinantes da altura em
crianças: uma analise multi nível. Cadernos de Saúde Publica Rio de Janeiro, v. 19, n. 6,
2003;
7. ENGSTROM, E, M. ; ANJOS, L. A: Déficit estatural nas crianças brasileiras: relação
com condições sócio-ambientais e estado nutricional materno. Cadernos de Saúde
Publica, Rio de Janeiro, v. 15, n. 3,1999;
8. EVELETH PB. Population differences in growth-environmental and genetic factors. In:
Falkner F, Tanner JM. Human Growth-a comprehensive treatise.2nd edition. (New York).
Plenum Publishing Corporation Press; 1986;
9. GIL, António Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. São Paulo, Atlas editora,
1999;
10. ISMAEL, Carina. Conceitos de Nutrição: Definições, causas e consequências.
Moçambique ANSA Setembro, 2013;
11. JELLIFFE DB, JELLIFFE EFP: Direct assessment of nutritional status. Anthropometry:
major measurements. In: JELLIFFE B, JELLIFFE eds. Community Nutritional
Assessment with special reference to less technically developed countries. New York:
Oxford University Press. 1989;
48
12. MAHAN, L. K.; ARLIN, M. T. Krause: alimentos, nutrição e dietoterapia. 8a ed. São
Paulo: Roca, 1995;
13. MARTINS & BICUDO. A pesquisa qualitativa e fundamentos e recursos básicos. São
Paulo: UDUC/Morais, 1989;
14. MARTINS, C. Alimentação e Nutrição. Curitiba: Nutro Clínica, 2008;
15. MONTE CMG, Ashworth A, Sá MLB, Diniz RLP. Effectiveness of nutrition centres in
Ceará state, northeast Brazil. Pan Am J Public Health 1998;
16. MONTE CMG, Sá MLB, eds. Guias alimentares para as crianças de 6-23 meses do
Nordeste do Brasil: da teoria à prática. 1 ed. Fortaleza: The British Council Northeast
Brazil/OPS/MS; 1998;
17. MONTE, Cristina M.G. Desnutrição: um desafio secular à nutrição infantil. Jornal de
Pediatria,Brasil. Vol. 76, Supl.3, 2000;
18. MS-OPAS/OMS-UNICEF/Tacro. Aconselhar a mãe ou ao acompanhante- Curso de
capacitação- Atenção integrada às doenças Prevalentes da infância. OPS/ HCT/ ARI/
CDD/ 96.4.(original inglês) versão preliminar Brasília: OPS/MS; 1997;
19. OLIVEIRA, L. P: M. Et al. Preditores do retardo de crescimento linear em pre-
escolares: uma abordagem multinivel. Cadernos de Saúde Publica, Rio de Janeiro, v. 23,
n. 3, 2007;
20. OMS. Manejo da desnutrição grave: um manual para profissionais de saúde de nível
superior (médicos, enfermeiros, nutricionistas e outros) e seus auxiliares.
Genebra/Brasília: Organização Mundial da Saúde/Organização Panamericana da Saúde;
2000;
21. ROCHA, D. S et al. Fatores de risco para déficit nutricional em crianças matriculadas
em creches. Revista de Pediatria, 2007;
22. STIGGER, M.P. Esporte, lazer e estilos de vida: um estudo etnográfico. Campinas:
Autores associados, 2002;
23. VALENTE, F. L. S. Fome, desnutrição e cidadania: inclusão social e direitos humanos.
Saúde e Sociedade, v. 12, n. 1, jan-jun 2003;
24. WHO Department of Equity, Poverty and Social Determinants of Health Report on
inequities in Maternal and Child health in Mozambique, 2006;
25. ______MIDS 2003. Nutrição de crianças e mães em Moçambique. Cadernos de gráficos
de nutrição em áfrica. Marco 2006.
49
Apêndices
50
Anexos
51
Apêndice 1
FICHA PARA AUXÍLIO NA SELECÇÃO DA AMOSTRA
Tema: Estudo comparativo do nível de má nutrição das crianças de 0 aos 5 anos de entre famílias
de baixa, média e alta renda atendidas no Hospital Provincial, Clínica Saúde Boa Esperança e
Centro de Saúde de Icidua da cidade de Quelimane.
QUESTÕES
1. Existe nesse Hospital crianças de 0 aos 5 anos com mal nutrição?
a) Sim ( );
b) Não ( ).
2. Quantas crianças de 0 aos 5 apresentam má nutrição? ( ).
3. Neste Hospital existem crianças do 0 aos 5 anos de idade que são portadores/as de doenças
que podem influenciar (agravar/causar) o seu estado nutricional?
a) Sim ( );
b) Não ( ).
6. Quais são essas doenças?
............................................................................................................................................................
............................................................................................................................................................
............................................................................................................................................................
3. Quais são as moradas/contactos das famílias pertencentes às crianças mal nutridas do 0 aos 5
anos de idade?
............................................................................................................................................................
............................................................................................................................................................
............................................................................................................................................................
............................................................................................................................................................
52
Apêndice 2
GUIÃO DE ENTREVISTA DIRIGIDA AOS RESPONSÁVEIS PELA ALIMENTAÇÃO
DE CADA FAMILIA
Tema: Estudo comparativo do nível de má nutrição das crianças d 0 aos 5 anos de entre famílias
de baixa, média e alta renda atendidas no Hospital Provincial, Clinica Saúde Boa Esperança e
Centro de Saúde de Icidua da cidade de Quelimane
QUESTÕES
1. Quantas refeições a criança dispõem por dia? ( );
2. Quais são os alimentos que, mas prepara (com regularidade) para a criança?
............................................................................................................................................................
............................................................................................................................................................
............................................................................................................................................................
............................................................................................................................................................
3. Qual é a proveniência da água que a criança ingere:
a) Torneira ( ); b) Mineral ( ); c) Poço ( ); d) Outras fontes
.................................................................................................................................
4. Existe algo que pode ser feito em relação à dieta alimentar da criança?
............................................................................................................................................................
............................................................................................................................................................
............................................................................................................................................................
............................................................................................................................................................
............................................................................................................................................................
5. Qual nível econômico pertence à família:
............................................................................................................................................................
............................................................................................................................................................
53
Apêndice 3
GUIÃO DE OBSERVAÇÃO DO MODO DE VIDA FAMÍLIAS DAS CRIANÇAS DO 0
AOS 5 ANOS MAL NUTRIÇÃO
Tema: Estudo comparativo do nível de má nutrição das crianças do 0 aos 5 anos de entre famílias
de baixa, média e alta renda atendidas no Hospital Provincial, Clínica Saúde Boa Esperança e
Centro de Saúde de Icidua da Cidade de Quelimane.
Aspectos Observação
Higiene
Saneamento
54
Apêndice 4
NÚMERO DE CRIANÇAS MAL NUTRIDAS POR CADA HOSPITAL/BAIRRO
Instituições de
Saúde
Proveniência/bairro das crianças
do 0 aos 5 anos mal nutridas
Total Número
Centro de Saúde
de Icidua
Icidua
182
116
Madal 66
Clínica Saúde
Boa Esperança
Aeroporto
4
3
Chuabodembe 1
Hospital
Provincial de
Quelimane
Janeiro 82
Coalane I
430
31
Torrone 10
Torrone velho 17
Coalane II 26
Sinacura 5
Manhawa 83
Icidua 126
Madal 29
Sangarivera 4
Aeroporto 1
Vila-PIta 2
Bairro-Popular 1
Floresta 13

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Estudo Comparativo do Nível da Má Nutrição em Crianças dos 0-5 anos de Idade entre Famílias de Baixa, Média e Altas Rendas Atendidas

  • 1. Mauro Sequeira Luciano Alfazema Estudo Comparativo do Nível da Má Nutrição em Crianças dos 0-5 anos de Idade entre Famílias de Baixa, Média e Altas Rendas Atendidas em Alguns Hospitais da Cidade de Quelimane. Licenciatura em Ensino de Biologia com Habilidades em Gestão de Laboratório Universidade Pedagógica Quelimane 2016
  • 2. Índice Lista de tabelas................................................................................................................................iii Lista de gráficos..............................................................................................................................iv Lista de abreviaturas e Unidades ....................................................Error! Bookmark not defined. Declaração ......................................................................................Error! Bookmark not defined. Dedicatória......................................................................................Error! Bookmark not defined. Agradecimentos ..............................................................................Error! Bookmark not defined. Resumo ............................................................................................................................................iii Abstract............................................................................................................................................iv Capitulo I 1. Introdução .................................................................................................................................. 12 1.1. Problematização...................................................................................................................... 14 1.2. Justificativa ............................................................................................................................. 15 1.3. Objectivos ............................................................................................................................... 15 1.3.1. Objectivo geral..................................................................................................................... 16 1.3.2. Objectivos específicos ......................................................................................................... 16 1.4. Hipóteses................................................................................................................................. 16 1.5. Metodologia............................................................................................................................ 16 1.5.1. Tipo de pesquisa .................................................................................................................. 16 1.5.2. Duração da pesquisa.............................................................................................................18 1.5.3. Universo populacional......................................................................................................... 18 1.5.4. Amostra e Amostragem ....................................................................................................... 18 1.5.5. Critérios de inclusão ............................................................................................................ 19 1.5.6. Considerações écticas .......................................................................................................... 19 1.5.7. Variáveis do estudo.............................................................................................................. 19
  • 3. 1.5.8. Técnicas de recolha de dados .............................................................................................. 19 1.5.8.1. Método de observação ...................................................................................................... 20 1.5.8.2. Entrevista semi-estruturada .............................................................................................. 20 1.5.8.3 Análise documental ........................................................................................................... 20 1.5.8.4. Análise e Interpretação dos dados .................................................................................... 20 Capitulo II 2. Fundamentação teórica .............................................................................................................. 22 2.1. Má nutrição............................................................................................................................. 22 2.1.1. Causas da má nutrição ...................................................................................................... ..23 2.1.1.1. Causas da má nutrição por défice de nutrientes.................................................................23 2.1.1.2. Causas da má nutrição por excesso de nutrientes..............................................................24 2.1.2. Diagnóstico da má nutrição ................................................................................................. 24 2.1.2.1. Diagnóstico da má nutrição por défice de nutrientes........................................................24 2.1.2.2. Diagnóstico da má nutrição por excesso de nutrientes.....................................................25 2.1.3. Tratamento da má nutrição ................................................................................................. .26 2.1.3.1. Tratamento da má nutrição por défice de nutrientes..........................................................26 2.1.3.1.1. Tratamento em hospitais.................................................................................................26 2.1.3.1.2. Tratamento nos centros de nutrição................................................................................27 2.1.3.2. Tratamento da má nutrição por excesso de nutrientes.......................................................31 2.1.3.3. Alimentação.......................................................................................................................32 2.1.3.3.1. Alimentação da Criança portadora da má nutrição por défice de nutrientes..................32 2.1.3.3.2. Alimentação da Criança portadora da má nutrição por excesso de nutrientes................34 2.1.3.4. Aconselhamento.................................................................................................................34 Capitulo III 3. Apresentação, Análise e Discussão dos Resultados. ................................................................. 36 3.1. Apresentação e Análise dos Resultados ................................................................................. 36
  • 4. 3.1.1. Resultados da entrevista feita aos responsáveis pela alimentação das crianças mal nutridas. ....................................................................................................................................................... 36 3.1.2. Resultados relacionados às observações.............................................................................. 39 3.2. Discussão dos resultados ........................................................................................................ 40 4. Conclusões e Sugestões ............................................................................................................. 45 4.1. Conclusões.............................................................................................................................. 45 4.2. Sugestões ................................................................................................................................ 46 Referencias bibliograficas ............................................................................................................. 47 Apêndices……………………..…………………………………………………………………..49 Anexos …………………..…………………………………………………...…………………..50
  • 5. iii Resumo O presente trabalho centra-se na abordagem do tema inerente a estudo comparativo do nível de má nutrição em crianças entre famílias de baixa, média e alta renda atendidas em alguns Hospitais da Cidade de Quelimane com o seguinte problema: Qual o nível de má nutrição das crianças de 0 aos 5 anos entre famílias de baixa, média e alta renda atendidas nos Hospitais da Cidade de Quelimane? E tem como objectivo comparar o nível de má nutrição de crianças entre famílias de baixa, média e alta renda atendidas nos Hospitais da Cidade de Quelimane. Foi usado o método qualitativo, quantitativo e descritivo com vista a compreender o modo de vida e fazer um levantamento de crianças mal nutridas pertencentes a famílias de baixa, média e alta renda atendidas nos Hospitais da Cidade de Quelimane. A amostra utilizada foi probabilística, aleatória que foram 74 responsáveis pela alimentação das crianças do 0 aos 5 anos mal nutridas atendidas no Hospital Provincial, Clínica Saúde Boa Esperança e Centro de Saúde de Icídua. Para a colecta dos dados foram utilizadas como técnicas; análise documental; entrevista semi-estruturada; observação directa e questionário estruturado. Os resultados mostram que a maioria dos casos de má nutrição é devido a diarreias, HIV, e malária. 69% das crianças mal nutridas provêm de famílias de baixa renda e 31% provêm de famílias de média e alta renda (26% e 5% respectivamente). Foi constatado durante a pesquisa que as famílias de baixa renda com crianças mal nutridas, apresentam condições sanitárias inadequadas, mau cuidado na preparação dos alimentos e sem cuidados com as crianças e em famílias de média e alta renda o que prevalece é o não cuidado com as crianças. Conclui-se que a má nutrição na cidade de Quelimane afecta todos os níveis econômicos, verificando-se nas crianças do 0 aos 5 anos pertencentes a famílias de baixa renda com uma percentagem de 69%, em seguida por média renda 26% e por último alta renda com 5%. A má nutrição está associada a doenças como as diarreias, HIV, malária e GEAS e sugere-se aconselhamento nutricional nos serviços de atenção à criança, incluindo demonstrações culinárias sobre alimentação complementar adequada, usando alimentos locais e ao Ministério da Saúde a intensificação de trabalhos de educação nutricional de forma a mudar atitudes e ações de modo a melhorar a saúde das crianças. Palavras-chave: Criança, Idade, Má nutrição, Nível económico.
  • 6. iv Abstract The present work focuses on the theme of a comparative study of the level of malnutrition in children among low-, middle- and high-income families attended at Quelimane City Hospitals with the following problem: What is the level of malnutrition in children From 0 to 5 years among low, middle and high income families attended at Quelimane City Hospitals? And it aims to compare the level of malnutrition of children among low-, middle- and high-income families attended at the Hospitals of the City of Quelimane. The qualitative, quantitative and descriptive method was used to understand the way of life and to survey malnourished children belonging to low-, middle- and high-income families attending the Hospitals of the City of Quelimane. The sample used was random, probabilistic, and 74 were responsible for feeding the malnourished children from 0 to 5 years old attended at the Provincial Hospital, Clínica Saúde Boa Esperança and Centro de Saúde de Iciedadea. To collect the data were used as techniques; Documentary analysis; semi structured interview; Direct observation and structured questionnaire. The results show that most cases of malnutrition are due to diarrhea, HIV, and malaria. 69% of malnourished children come from low-income families and 31% from middle- and high-income families (26% and 5%, respectively). It was found during the research that low-income families with malnourished children present inadequate sanitary conditions, poor care in food preparation and no care for children, and in middle- and high-income families. children. It is concluded that malnutrition in the city of Quelimane affects all economic levels, occurring in children from 0 to 5 years belonging to low-income families with a percentage of 69%, followed by average income 26% and lastly High income with 5%. Malnutrition is associated with diseases such as diarrhea, HIV, malaria and GEAS, and nutritional counseling is suggested in childcare services, including culinary demonstrations on adequate complementary feeding, using local foods and the Ministry of Health to intensify Nutritional education in order to change attitudes and actions in order to improve children's health. Keywords: Child, Age, Malnutrition, Economic level. .
  • 7. 12 Capitulo I 1. Introdução A má nutrição em crianças de 0 aos 5 anos de idade é um problema actual que preocupa as autoridades mundiais e principalmente o Governo Moçambicano. Nos últimos anos, o problema da má nutrição tem sido fortemente associada ao nível económico, ou seja, á renda que cada família consegue arrecadar para suprir suas necessidades alimentares diárias ou mensais, influenciando a quantidade e qualidade de ingestão ou consumo de nutrientes essências. O crescimento do corpo humano é um processo complexo e não linear durante as várias fases da vida, considerando-se os primeiros anos de vida, um dos períodos mais vulneráveis. (JELLIFFE & JELLIFFE, 1989: 123), pois, o organismo encontra-se ainda frágil e em processo de desenvolvimento. Determinantes biológicos, como a constituição genética, sexo, ambiente intra- uterino, estatura dos pais, assim como factores ambientais, sócio económicos, culturais e nutricionais influenciam o processo de crescimento e desenvolvimento do Homem. Múltiplos estudos demonstram que cada criança tem o seu padrão de crescimento, maturação e que as experiências que ocorrem nos primeiros anos de vida terão repercussão definitiva sobre o comportamento biológico e social do indivíduo na idade adulta. (EVELETH, 1989: 87). A má nutrição é um dos maiores problemas de saúde pública do mundo. Segundo MIDS (2003), “é um dos maiores problemas de saúde e de bem-estar das crianças em Moçambique e os seus efeitos estão associados à população infantil devido à fragilidade fisiológica em que se encontram nos primeiros anos de vida, tendo assim, maiores necessidades nutricionais e, por conseguinte necessitarem de um acompanhamento especial”. Segundo a OMS (2000), cerca de 60% de mortes em crianças do 0 aos 5 anos registradas estão associadas a má nutrição, e em Moçambique:  36% de todas as mortes que ocorrem antes dos cinco anos de idade estão relacionadas a má nutrição (má nutrição severa e moderada);  Devido a sua grande prevalência, a má nutrição moderada contribui para mais mortes do que a má nutrição severa (30% e 6%, respectivamente);  A má nutrição moderada está implicada em 83% das mortes.
  • 8. 13 Em Moçambique, caso concreto da cidade de Quelimane, é possível encontrar famílias de diferentes níveis económicos, e poucas são as estratégias de abordagem da má nutrição por excesso (obesidade), pois este é também um problema de saúde pública que deve ser visto numa perspectiva populacional ou comunitária decorrente do desenvolvimento. Diante das transformações imprimidas pela urbanização e pela globalização, a alimentação passou e continua passando por mudanças que afetam a qualidade dos alimentos produzidos e industrializados. As mudanças profundas na alimentação têm incorporado novos hábitos e paladares à população devido aos produtos inventados pela indústria com grandes quantidades de açúcar, sal e gordura. A globalização tem atingido as cadeias de lanchonetes e restaurantes e a comida fora de casa, as marmitas, e as comidas rápidas passam a dominar a alimentação trazendo novos padrões alimentares, novos costumes, hábitos e práticas alimentares. Tem se verificado que a urbanização e a globalização, actuam de forma a modificar a vida quotidiana, influenciando os hábitos alimentares e actividades inadequados, considerados os principais factores no desenvolvimento da obesidade. Dentre os hábitos alimentares e actividades inadequados está a falta de tempo e o hábito de se alimentar fora de casa. (STIGGER, 2002:259). A má nutrição é um requisito essencial para mau crescimento e desenvolvimento de todas as crianças. De acordo com os dados do estudo de base da Segurança alimentar e Nutricional (SAN), apesar da melhoria das práticas de alimentação infantil atingida nos últimos anos, a má nutrição das crianças de 0 aos 5 anos, continua a ser um problema de saúde pública nesta idade, no qual a alimentação tem um papel relevante. Na cidade de Quelimane não é notório a existência de estudos que revelam, uma comparação do nível de má nutrição das crianças de 0 aos 5 anos nas famílias de baixa, média e alta renda. A matéria revela-se escassa nas fontes bibliográficas e o seu tratamento merece destaque na tentativa de melhorar a qualidade de vida das crianças de 0 aos 5 anos, contribuindo assim para a erradicação de futuras doenças que possam surgir, pois o estado nutricional na faixa etária escolhida determina a condição de saúde do futuro adulto. Partindo do pressuposto de que a alimentação é essencial para o desenvolvimento integral da criança nos seus primeiros 5 anos, a presente pesquisa teve como objectivo comparar o nível de má nutrição das crianças de 0 aos 5 anos nas famílias de baixa, média e alta renda atendidas nos
  • 9. 14 Hospitais da Cidade de Quelimane. A comparação do nível de má nutrição das crianças de 0 aos 5 anos nas famílias de baixa, média e alta renda baseou-se na realização de entrevistas semi- estruturadas, observações, e auscultação da parte envolvida. Estruturalmente, a pesquisa está organizada em 3 capítulos, nomeadamente: Capítulo I, que compreende uma secção introdutória que contextualiza o tema do estudo, a problematização onde é formulado o problema principal a ser investigado, a justificativa, os objectivos da pesquisa e a metodologia usada na qual se apresenta a estratégia adoptada pelo estudo, os instrumentos que possibilitaram a recolha de dados, o universo da amostra e respectivo procedimentos de selecção da população e amostra, procedimentos de recolha de dados e procedimento de análise e interpretação de dados. Capitulo II, desenvolve o marco teórico, onde são tidas algumas ideias- chave dos livros publicados sobre tema em estudo com destaque para a comparação do nível de má nutrição nas crianças do 0 aos 5 anos nas famílias de baixa, média e alta renda. Capitulo III onde é feita a análise, interpretação e discussão dos resultados do estudo, e por fim irão ser dadas as considerações finais e sugestões consideradas pertinentes mediante o problema levantado na pesquisa. 1.1. Problematização No decorrer dos anos na Cidade de Quelimane tem sido construída uma ideologia, subscrevendo que a má nutrição das crianças de 0 aos 5 anos, só pode afectar famílias com um poder económico baixo, sustentando que esses não têm a possibilidade de adquirir certos alimentos que possam suprir suas necessidades nutricionais. Contudo, verifica-se que não é só uma diminuição na ingestão de nutrientes que pode condicionar a má nutrição, pois também pode ser devido ao consumo excessivo de nutrientes. Sendo ambas as condições, resultado de um desequilíbrio entre as necessidades corporais e o consumo de nutrientes essenciais. Em Moçambique, caso concreto da cidade de Quelimane, é possível encontrar famílias de diferentes níveis económicos, e poucas são as estratégias de abordagem da má nutrição por excesso (obesidade), pois este é também um problema de saúde pública que deve ser visto numa perspectiva populacional ou comunitária decorrente do desenvolvimento. Diante dos factos acima arrolados, levanta-se a seguinte questão:
  • 10. 15 “Qual o nível de má nutrição das crianças de 0 aos 5 anos entre famílias de baixa, média e alta renda atendidas em alguns Hospitais da Cidade de Quelimane?” 1.2. Justificativa Durante debates protagonizados pelo autor com colegas, amigos e representantes de famílias residentes na cidade de Quelimane sobre a má nutrição das crianças de 0 aos 5 anos, foram apresentadas opiniões em relação ao assunto a referir que má nutrição das crianças de 0 aos 5 anos só poder afetar famílias que não têm a possibilidade de adquirir certos alimentos que possam suprir suas necessidades nutricionais. Situação esta que veio a despertar muita atenção ao autor, visto que há má nutrição também pode ser devido ao consumo excessivo de nutrientes, que é um problema decorrente do desenvolvimento e na cidade de Quelimane é possível encontrar famílias de diferentes níveis económicos e hábitos alimentares. Diante destes factos, surge a pontualidade de desenvolver a temática desta natureza. O estudo da má nutrição das crianças de 0 aos 5 na Cidade de Quelimane é tido pertinente, pois contribuirá para a erradicação de futuras doenças, aumento no nível de desenvolvimento cognitivo que resultara em alto aproveitamento escolar, como também o aumento das habilidades no local de trabalho e o potencial de ao longo da vida activa as pessoas darem a sua contribuição para a economia da cidade de Quelimane, pois o estado nutricional na faixa etária escolhida determina a condição de saúde do futuro adulto. Não obstante a comparação dos níveis económicos de famílias das crianças de 0 aos 5 anos mal nutridas irá trazer uma nova abordagem de como deve ser concebida a má nutrição (no aspecto excesso e défice de nutrientes) na cidade de Quelimane. Por se tratar de um trabalho de pesquisa, permitiu o aprofundamento dos conteúdos adquiridos durante a formação na disciplina de Educação Ambiental e Saúde Pública, Bioquímica e Fisiologia Animal e Humana, bem como a produção de um conhecimento científico de iniciação à pesquisa. Os resultados da pesquisa servirão de base para melhorar não só a saúde da criança, mas também de se proporcionar uma vida livre de doenças, porque é nesta fase que se verifica um intenso desenvolvimento da criança, contribuindo desde cedo, para uma boa qualidade de vida e prevenção de infecções e patologias, que pode trazer consequências (obesidade,
  • 11. 16 subnutrição e outros distúrbios alimentares), imediatas tanto futuras para a criança, família e ao país. 1.3. Objectivos 1.3.1. Objectivo geral  Comparar o nível de má nutrição das crianças de 0 aos 5 anos entre famílias de baixa, média e alta renda atendidas em alguns Hospitais da Cidade de Quelimane. 1.3.2. Objectivos específicos  Identificar crianças de 0 aos 5 anos mal nutridas atendidas em alguns Hospitais da Cidade de Quelimane;  Descrever o modo de vida das famílias das crianças de 0 aos 5 anos mal nutridas atendidas em alguns Hospitais da Cidade de Quelimane em relação à ingestão de alimentos e saneamento do meio;  Identificar doenças que possivelmente causaram a má nutrição das crianças de 0 aos 5 anos atendidas em alguns Hospitais da Cidade de Quelimane; 1.4. Hipóteses H1 - O nível de má nutrição das crianças de 0 aos 5 anos é igual entre famílias de baixa, média e alta renda; H0 - O nível de má nutrição das crianças de 0 aos 5 anos não é igual entre famílias de baixa, média e alta renda. 1.5. Metodologia 1.5.1. Tipo de pesquisa A presente pesquisa apresenta uma abordagem mista, isto é, do tipo (qualitativa e quantitativa). Segundo DA SILVA & MENEZES (2001:21), “pesquisa qualitativa, há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objectivo e a subjectividade do sujeito que não pode ser traduzido em números”.
  • 12. 17 Considera-se a presente pesquisa qualitativa porque facilitou o contacto directo entre o pesquisador e os sujeitos da pesquisa, com vista à perceber suas experiências em relação ao tema em alusão sem preocupar-se com dados numéricos. A escolha deste método deve-se ao facto de auxiliar o investigador na compreensão das percepções e dos discursos dos indivíduos no contexto social em que estes estão inseridos, de modo a analisar os significados subjectivos construídos pelos actores sociais (Gil, 2008). Portanto, o método qualitativo enquadra-se neste estudo na medida em que permite compreender o significado que os munícipes atribuem às suas acções perante a má nutrição em crianças do 0 aos 5 anos de idade. E quanto ao método quantitativo, segundo MARTINS & BICUDO (1989), a pesquisa quantitativa lida com factos, ou seja, tudo aquilo que pode se tornar objectivo através da observação sistemática; evento bem especificado, delimitado e mensurável. Entretanto a escolha deste método facilitou ao autor na tradução das informações em gráficos para melhor analisar e interpretar os dados obtidos. Portanto, para sua efectivação o autor recorreu ao uso de recursos e de técnicas estatísticas em que o autor fez um estudo comparativo das crianças mal nutridas (0-5 anos), atendidas no Hospital Provincial, Clínica Boa Esperança e Centro de Saúde de Icídua, da Cidade de Quelimane., necessitando traduzir em números informações que foram analisadas. Quanto ao objectivo, a pesquisa é de natureza descritiva, pois segundo DA SILVA & MENEZES (2001:22) citando GIL (1991) “visa descrever as características de determinada população ou fenómeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis”. Envolve o uso de técnicas padronizadas de colecta de dados: questionário e observação sistemática. Assume, “em geral, a forma de levantamento”. A componente descritiva ajudou ao autor a descrever com maior exactidão os dados obtidos na entrevista feita aos responsáveis pela alimentação das crianças de 0 aos 5 anos mal nutridas para posteriormente poder interpretar estabelecendo relações.
  • 13. 18 1.5.2. Duração da pesquisa A recolha de dados levou um período de 4 semanas - (de 12 de Fevereiro a 08 de Março de 2016). 1.5.3. Universo Populacional De acordo com GIL (1999:32), “População (ou universo da pesquisa) é a totalidade de indivíduos que possuem as mesmas características definidas para um determinado estudo”. Para a pesquisa, a população em estudo foi composto por um total de 616 responsáveis pelas crianças do 0 aos 5 anos mal nutridas pertencentes a famílias de baixa, média e alta renda atendias no Hospital Provincial, Clínica Saúde Boa Esperança e Centro de Saúde de Icídua da Cidade de Quelimane. (Para mais detalhes veja o apêndice 4). 1.5.4. Amostra e Amostragem Na perspectiva de GIL (1999:32), “amostra é parte da população ou do universo, seleccionada de acordo com uma regra ou plano”. Auxiliaram na selecção da amostra os pediatras chefes do Hospital Provincial, Clínica Saúde Boa Esperança e Centro de Saúde de Icidua da Cidade de Quelimane, sendo 1 pediatra chefe para cada instituição de saúde acima mencionadas. Durante a pesquisa estudou-se uma parte populacional que constituiu uma amostra de 74 responsáveis pelas crianças de 0 aos 5 anos mal nutridas, que correspondente a 12% do universo populacional. Portanto, a amostra foi constituída por 74 entrevistados responsáveis pelas crianças de 0 aos 5 anos mal nutridas atendidas no Hospital Provincial, Clínica Saúde Boa Esperança e Centro de Saúde de Icídua da Cidade de Quelimane nomeadamente: 18 responsáveis de número igual de crianças provenientes do Centro de Saúde de Icídua, 52 responsáveis de número igual de crianças provenientes do Hospital Provincial e 4 responsáveis de número igual de crianças provenientes da Clínica Saúde Boa Esperança respectivamente. Para a selecção dos sujeitos da pesquisa, o autor optou por uma amostra probabilística baseando- se na escolha aleatória simples dos pesquisados através do livro de registo de pacientes, o que significa que a selecção se fez de forma a facilitar que todos os responsáveis pelas crianças de 0
  • 14. 19 aos 5 anos mal nutridas atendidas no Hospital Provincial, Clínica Saúde Boa Esperança e Centro de Saúde de Icídua da Cidade de Quelimane, tivessem a mesma probabilidade de serem entrevistados, garantindo a recolha de informações credíveis sobre o modo de vida. 1.5.5. Critérios de Inclusão Como critérios de inclusão para participação na pesquisa foi considerado: Crianças de 0 aos 5 anos de idade residentes na Cidade de Quelimane, que apresentam má nutrição e também que tenham sido atendidas no Hospital Provincial, Clínica Saúde Boa Esperança e Centro de Saúde de Icídua. 1.5.6. Considerações éticas Durante a recolha de dados foi considerado o seguinte:  Confidencialidade das informações obtidas;  Anonimato;  Consentimento dos responsáveis das crianças de 0 aso 5 anos mal nutridas antes de iniciar a entrevista;  Não exploração de assuntos sensíveis antes de estabelecer uma boa relação com o informante. 1.5.7. Variáveis do Estudo As variáveis analisadas nesta pesquisa foram sobre:  Nível económico;  Nutrição. 1.5.8. Técnicas de recolha de dados Todavia, para garantir a credibilidade dos dados, é fundamental salientar, as técnicas de recolha de dados que foram levadas acabo com vista a alcançar os objectivos definidos. Para a execução do trabalho, foram usados as seguintes técnicas de recolha de dados: observação não participativa, questionário, entrevista semi-estruturada e análise documental.
  • 15. 20 1.5.8.1. Método de observação Para este estudo, usou-se a observação directa não participativa que consistiu num contacto visual do local de estudo, com vista a inteirar-se dos mecanismos usados pelos responsáveis pelas crianças de 0 aos 5 anos mal nutridas, que consistiu na obtenção de dados mediante a observação do ambiente em que ocorrem os factos. Por sua vez, o autor permaneceu fora da realidade a ser estudada. Seu papel foi de espectador, não interferindo ou envolvendo-se na situação. Portanto o contacto com as famílias das crianças mal nutridas identificadas e previamente selecionadas no Hospital Provincial, Clínica Saúde Boa Esperança e Centro de Saúde de Icidua da cidade de Quelimane, foi observado seus hábitos alimentares e de higiene durante 120 minutos num período de 3 vezes em cada 2 semanas. 1.5.8.2. Entrevista semi-estruturada Portanto, no presente estudo optou-se por usar a entrevista semi-estruturada, porque possibilitou ao entrevistador através do guião de entrevista, desenvolver cada situação em qualquer direcção de modo a obter resultados precisos diante dos responsáveis pelas crianças de 0 aos 5 anos mal nutridas em relação à alimentação para de modo acertado descrever o nível econômico e o modo de vida das famílias de crianças do 0 aos 5 anos mal nutridas. 1.5.8.3. Análise documental Foi usado com o propósito de identificar e quantificar crianças de 0 aos 5 anos mal nutridas registradas nos livros de registros dos pacientes, atendidos no Hospital Provincial, Clinica Saúde Boa Esperança e Centro de Saúde de Icídua da Cidade de Quelimane. 1.5.8.4. Análise e Interpretação dos dados Os dados qualitativos foram analisados e interpretação consoantes os critérios de semelhanças e diferenças de respostas dos sujeitos da pesquisa de forma descritiva para cada questão. Ainda, para analisar os dados, usou-se o raciocínio indutivo por parte do pesquisador e vinculados a teorias que abordam sobre o assunto, isto é, a partir das ideias dos sujeitos de pesquisas o pesquisador vai dar significado à luz das teorias.
  • 16. 21 Por tanto os dados quantitativos foram processados manualmente e introduzidos no programa estatístico Excel 2007 básico e no Microsoft Word 2007 básico para a elaboração do trabalho de pesquisa. A análise e interpretação dos dados foram com base nas bibliografias disponíveis e nos princípios que regem a Universidade Pedagógica de Moçambique.
  • 17. 22 Capitulo II 2. Fundamentação teórica 2.1. Má nutrição O autor entende má nutrição como sendo a falta ou excesso de nutrientes no organismo, resultando num desequilíbrio corporal que de acordo com o tipo pode levar a morte. Para ISMAEL (2013:5), “pode ser o resultado de uma diminuição da ingestão de nutrientes (desnutrição) ou de um consumo excessivo (hipernutrição). Ambas as condições são o resultado de um desequilíbrio entre as necessidades corporais e o consumo de nutrientes essenciais”. (i) Má nutrição por excesso (obesidade) – é determinada pelo Índice de Massa Corporal, que se calcula através do peso da pessoa dividido pela altura ao quadrado; quando o resultado é igual ou superior a 25 diz-se que a pessoa tem sobrepeso e quando é igual ou superior a 30 diz-se que a pessoa é obesa. (ISMAEL, 2013:6). (ii) Má nutrição por défice - existem diferentes indicadores de desnutrição, que a seguir descrevemos: Desnutrição Crónica (Altura/idade): A desnutrição crónica é definida como baixa estatura para a idade (crianças baixinhas); A baixa estatura para a idade desenvolve-se no período entre a concepção e os dois anos, e dificilmente é recuperada depois desse período. Assim, a desnutrição crónica, é causada pela desnutrição tanto da mãe antes e durante a gravidez, e na lactação, bem como da criança durante os primeiros dois anos de vida. Esta falha precoce de crescimento aumenta a mortalidade na primeira infância e diminui a função cognitiva, mental e motora da pessoa, reduzindo o rendimento escolar e produtividade da pessoa. Alguns autores estimaram que, em Moçambique, as perdas de produtividade por desnutrição crónica são da ordem de 2-3% do Produto Interno Bruto (KHAN et al., 2004). A desnutrição crónica pode ser eliminada em crianças menores de dois anos de idade; ela não tem origem genética, e crianças de todas raças têm o mesmo potencial para crescer (WHO, 2006:56). Desnutrição Aguda (Peso/Altura): definida como baixo peso para a altura (criança magra para a altura; magrinha). A desnutrição aguda pode aparecer em qualquer época da vida como resultado duma redução de consumo ou associado a infecções. Pode ser recuperada
  • 18. 23 facilmente, através de boas práticas alimentares e cuidados de saúde adequada (KHAN et al., 2004). Normalmente a desnutrição aguda ocorre em situações de emergência ou de insegurança alimentar; no caso das crianças é normal acontecer quando estas passam do aleitamento materno para a alimentação complementar. Este indicador é recomendado em avaliações de programas de intervenção, por ser sensível as mudanças do estado nutricional do menor (ISMAEL, 2013:5). Desnutrição actual (Peso/idade): definida como baixo peso para a idade. É o indicador normalmente usado pelo sistema de Saúde para o controle de crescimento dos menores de 5 anos (cartão de saúde da criança); e serve para monitorar o crescimento da mesma (ISMAEL, 2013:6). 2.1.1. Causas da má nutrição 2.1.1.1. Causas da má nutrição por défice de nutrientes A maioria dos casos, a desnutrição é o resultado de uma ingestão insuficiente de nutrientes, fome, e doenças. A desnutrição infantil é uma doença de origem multi-causal e complexa que tem suas raízes na pobreza. Ocorre quando o organismo não recebe os nutrientes necessários para o seu metabolismo fisiológico, devido à falta de aporte ou problema na utilização do que lhe é ofertado. (ACC/SCN citado por MONTE, 2000:288). Segundo ROCHA, et al (2007:288), dentre os fatores que contribuem para a desnutrição na criança encontram-se as suas necessidades relativamente maiores, tanto de energia como de proteínas, em relação aos demais membros da família; o baixo conteúdo energético dos alimentos complementares utilizados e administrados com frequência insuficiente; a disponibilidade inadequada de alimentos devido à pobreza, desigualdade social, falta de terra para cultivar e problemas de distribuição intra-familiar; as infecções virais, bacterianas e parasitárias repetidas, que podem produzir anorexia e reduzir a ingestão de nutrientes, sua absorção e utilização, ou produzir a sua perda; as fomes causadas por secas ou outros desastres naturais ou guerras; as práticas inadequadas de cuidado infantil tais como administração de alimentos muito diluídos e/ou não higienicamente preparados.
  • 19. 24 2.1.1.2. Causas da má nutrição por excesso de nutrientes Segundo COANA, et al (2012), diversos fatores podem causar obesidade infantil. Entre as mais comuns estão fatores genéticos, má alimentação, sedentarismo ou uma combinação desses fatores. Além disso, a obesidade em crianças também pode ser decorrente de alguma condição médica, como doenças hormonais ou uso de medicamentos a base de corticoides. Apesar de ser uma doença com influência genética, nem todos os pais e mães com obesidade também terão filhos com o problema, assim como pais e mães dentro do peso podem gerar filhos com obesidade. Isso porque a obesidade infantil também tem ligação com os hábitos alimentares da criança e da família, bem como a realização de atividades físicas. Dessa forma, a alimentação da criança a quantidade de exercício que ela pratica são fatores determinantes para o aparecimento da obesidade infantil, ainda que exista histórico familiar do problema. (COANA, et al , 2012). 2.1.2. Diagnóstico da má nutrição 2.1.2.1. Diagnóstico da má nutrição por défice de nutrientes Existem diversos métodos de diagnosticar a desnutrição. Eles vão desde uma avaliação clínica (observação de características como peso, altura e idade) até uma completa avaliação do estado nutricional do paciente, incluindo, além da análise clínica, dados sobre alimentação, avaliação bioquímica e imunológica, avaliação metabólica e diagnóstico nutricional. Os profissionais capacitados para fazer tal diagnóstico são o nutricionista e o médico. (MAHAN, 1995). a) História clínica - A avaliação e cuidadoso acompanhamento clínico da criança é o guia mais importante para o diagnóstico e para definir e monitorizar o tratamento da criança. A clínica da criança é soberana em todos os momentos do tratamento, inclusive nas situações de impossibilidade de realização ou de dificuldades de interpretações de exames laboratoriais. Onde os recursos permitirem, exames laboratoriais podem ser feitos para ajudar no tratamento. (MONTE, 2000:289) b) Exame clínico - No entanto, é importante lembrar que, no caso da criança desnutrida grave, a interpretação dos resultados dos exames deve ser cuidadosa, uma vez que os mesmos podem ser
  • 20. 25 alterados pela própria desnutrição, confundindo os trabalhadores de saúde menos experientes. (MONTE, 2000:290) c) Determinação do estado nutricional - As alterações bioquímicas e metabólicas são semelhantes nas crianças com marasmo, Kwashiorkor e Kwashiorkor-marasmático. Devido à gravidade e complexidade das alterações metabólicas, os exames laboratoriais podem ser de difícil interpretação ou até mesmo confusos. A proteína sérica total no Kwashiorkor está diminuída devido à baixa de albumina, em consequência à alteração da sua síntese hepática, enquanto no marasmo é normal. Os aminoácidos essenciais podem estar baixos e os não essenciais, normais ou altos, sobretudo no Kwashiorkor. (MONTE, 2000:290) A imunoglobulina G sérica pode estar alta em decorrência de infecções. A proteína captadora de retinol pode estar baixa. É frequente que a hemoglobina e o hematócrito estejam baixos. As concentrações de creatinina e hidroxiprolina urinária são baixas, principalmente nos pacientes muito emagrecido. Ibid.,291. Podem ser encontrados sinais bioquímicos de deficiência de vitamina A, riboflavina tiamina, niacina e ácido ascórbico, bem como de deficiências de minerais como ferro, zinco e magnésio. Também pode haver sinais bioquímicos de desequilíbrio hidroeletrolítico secundário à desidratação por diarreia. idem. 2.1.2.2. Diagnóstico da má nutrição por excesso de nutrientes Para saber se uma criança está acima do peso ou com obesidade, é necessário fazer a conta do índice de massa corporal. As faixas de índice de massa corporal para as crianças mudam de acordo com a idade e o sexo, e para orientar os médicos existem tabelas da Organização Mundial da Saúde (OMS) para fazer esse cálculo. (MAHAN, 1995). No entanto, o índice de massa corporal não considera fatores como a quantidade de massa muscular (magra) e a estrutura física da criança, uma vez que o crescimento pode variar muito de uma para outra. Dessa forma, o médico ou médica pode avaliar outros tópicos para determinar se o peso da criança está afetando sua saúde. Confira:  História familiar de obesidade e problemas de saúde relacionados com o peso, como diabetes;
  • 21. 26  Hábitos alimentares da criança;  Nível de atividade física que a criança faz; Outras condições de saúde que a criança pode ter; O médico ou médica pode solicitar exames de sangue:  Colesterol total e frações;  Glicemia de jejum;  Exames de sangue para verificar se desequilíbrios hormonais. 2.1.3. Tratamento da má nutrição 2.1.3.1. Tratamento da má nutrição por défice de nutrientes Na dependência da sua gravidade, as crianças desnutridas podem ser tratadas em hospital, centros de nutrição, ambulatórios e na comunidade/domicílio. 2.1.3.1.1. Tratamento em hospitais Devem ser hospitalizadas para tratamento as crianças com manifestações clínicas de Kwashiorkor, marasmo ou Kwashiorkor-marasmático, cujo peso para a idade (P/I) seja menor que -3DP ou menos de 70% da mediana dos valores de referência do NCHS, associado à inapetência acentuada; e/ou diarreia e/ou vômitos; e/ou qualquer infecção associada. Também devem ser hospitalizadas crianças com DEP grave (P/I <-3DP) que não podem ser referidas para tratamento ambulatorial, centros de recuperação nutricional e outros (MS-OPAS/OMS & UNICEF/Tacro, 1997:79). Quando é possível medir a altura, utiliza se o indicador peso por altura e considera-se desnutrição Grave a presença de edema, emagrecimento importante (menos de 70% do peso/altura ou - 3 DP) ou sinais clínicos de desnutrição grave (OMS, 2000). A abordagem do tratamento hospitalar é a mesma para crianças com Kwashiorkor, marasmo e Kwashiorkor-Marasmático. O tratamento deve ser iniciado tão logo a criança seja atendida. Ela deve ser manuseada o mínimo possível. Para fins de compreensão, o tratamento da criança com desnutrição grave pode ser dividido em três fases. A duração total mínima prevista é de 26 semanas, atingir a reabilitação e também prevenir recaídas. (MONTE, 2000:291).
  • 22. 27 (i) Fase de estabilização Na fase de estabilização, que vai do 1º ao 7º dia de tratamento, são identificados e tratados os problemas com risco de vida, corrigidas as deficiências específicas, assim como as anormalidades metabólicas, e inicia-se a alimentação. (MONTE, 2000:291). (ii) Fase de reabilitação Na fase de reabilitação, que dura do 2º até 6º semana, a criança deve ser alimentada de forma intensiva para recuperar a maior parte do peso perdido. Aumenta-se a estimulação emocional e física, treina-se a mãe ou pessoa que cuida da criança para continuar os cuidados em casa e, finalmente, prepara-se a alta da criança. Se a duração da hospitalização for menor que 6 semanas, deve-se assegurar o suporte adequado para completar o tratamento de reabilitação em centro de nutrição, ambulatório e domicílio. (MONTE, 2000:291). (iii) Fase de acompanhamento A fase de acompanhamento, da 7º à 26º semana, inicia se imediatamente após a alta, principalmente se a criança recebeu alta antes de completar a reabilitação. Acompanha se a criança e sua família, para prevenir a recaída e assegurar a continuidade do desenvolvimento emocional, físico e mental da criança Ibid.,292. 2.1.3.1.2. Tratamento nos centros de nutrição Quando a criança tiver completado a fase inicial do tratamento, não tiver complicações e estiver se alimentando e ganhando peso satisfatoriamente (geralmente 2-3 semanas após a admissão), ela geralmente pode continuar o tratamento em um centro de reabilitação nutricional, sem ser em regime de internação. Um centro de reabilitação nutricional segundo MONTE (1998) é um hospital-dia, um centro de saúde ou uma instalação semelhante que presta cuidado diário através de uma equipe treinada em reabilitação de crianças desnutridas. A criança dorme em casa, é trazida ao centro a cada manhã e retorna a sua casa ao final de cada dia. É necessária uma íntima colaboração entre o hospital e o centro para assegurar a continuidade do cuidado da criança e facilitar o seu rápido retorno ao hospital, caso surja algum problema grave. Em áreas urbanas, os centros de reabilitação nutricional devem ser
  • 23. 28 preferivelmente estabelecidos perto do hospital. Em áreas onde não há centros especializados, o hospital deve continuar a acompanhar a criança até que ela esteja pronta para a alta do tratamento (MONTE, 1998). Crianças com desnutrição grave frequentemente estão muito doentes e em risco de vida quando chegam para tratamento, necessitando, amiúde, de tratamento de emergência. A criança deve ser mantida aquecida, adequadamente vestida e coberta, e afastada de correntes de ar, principalmente à noite. Idealmente, a temperatura ambiental deveria ser mantida em 25-300 C porque as crianças desnutridas graves, particularmente as pequenas, facilmente ficam hipotérmicas. Nos locais de clima muito quente, deve-se cuidar para que a criança não fique hiperaquecida durante as horas mais quentes do dia. (MONTE, 2000:292). Todas as crianças gravemente desnutridas estão em risco de hipoglicemia (glicose sanguínea <54mg/100 ml ou <3 mol/l), uma importante causa de morte durante os primeiros 2 dias de tratamento. Hipoglicemia pode decorrer de uma infecção sistêmica grave ou por não alimentação da criança nas últimas 4-6 horas. Se há suspeita de hipoglicemia, o tratamento deve ser imediato, sem confirmação laboratorial; o tratamento não trará nenhum malefício mesmo que o diagnóstico esteja incorreto. (MONTE, 2000:292). Frequentemente, o único sinal antes de morrer por hipoglicemia é a sonolência. Caso não seja possível dosar a glicemia, deve-se assumir que todas as crianças gravemente desnutridas têm hipoglicemia. Se a criança pode beber, dar 50ml de glicose ou sacarose a 10%, ou alimentar a criança com preparação apropriada para esta fase. Se a criança estiver inconsciente, dar 5ml/kg de peso corporal de solução estéril de glicose a 10% intravenosa. Se a criança tem convulsões por hipoglicemia, manter a infusão venosa de glicose com velocidade entre 4 a 6 mg/kg/hora, até melhor estabilização do paciente. Quando isso ocorrer, dar 50ml de glicose a 10% ou sacarose, por sonda nasogástrica. (MONTE, 2000:292). Quando a criança recuperar a consciência, começar a dar imediata- mente a dieta ou solução de glicose em água (60g/l). Continuar a alimentação frequente por via oral ou por SNG a cada 2 horas, dia e noite, no mínimo durante o primeiro dia, para prevenir uma reincidência. Todas as crianças desnutridas com suspeita/diagnóstico de hipoglicemia devem ser também tratadas com antibiótico de largo espectro para infecções sistêmicas. idem.
  • 24. 29 A hipotermia está associada com mortalidade aumentada. Todas as crianças hipotérmicas também devem ser tratadas para hipoglicemia e para infecção sistêmica séria. A hipotermia é frequente nas crianças desnutridas graves menores de 12 meses, com marasmo, com grandes áreas de pele lesada ou com infecções graves. Se a temperatura axilar tiver abaixo de 35,0o C ou não aparece para leitura no termômetro axilar disponível, assuma que a criança tem hipotermia. Aqueça bem a criança, alimente-a imediatamente e trate as infecções existentes. idem. É difícil diferenciar desidratação e choque séptico em uma criança com desnutrição grave. Em muitos casos de choque séptico, há uma história de diarreia e um grau de desidratação leve ou moderado, produzindo um quadro clínico misto. Muitos dos sinais habitualmente usados para avaliar desidratação não são confiáveis em uma criança com desnutrição grave, tornando difícil ou impossível detectar desidratação e sua gravidade de forma confiável. Além disso, muitos sinais de desidratação também são encontrados no choque séptico, fazendo com que a desidratação seja hiperdiagnosticada e sua gravidade hiperestimada. Frequentemente é necessário tratar a criança simultaneamente para desidratação e choque séptico. (MONTE, 2000:293). No tratamento da desidratação, a via oral é a preferencial, sendo a via intravenosa reservada aos casos em que há sinais definitivos de choque, pois pode facilmente causar hiperidratação e insuficiência cardíaca. A solução para reidratação oral deve ter menos sódio e mais potássio que a solução padrão recomendada pela OMS. Magnésio, zinco e cobre também devem ser dados para corrigir a deficiência desses minerais. A solução de reidratação oral proposta pela OMS para crianças desnutridas graves contém aproximadamente 45mmol de sódio, 36 mmol de potássio e 3mmol de magnésio por litro. (OMS, 2000). No tratamento do choque séptico, proceder à hidratação venosa com volume inicial de 15 a 20 ml/kg na primeira hora, com solução salina 0,45% (metade da solução fisiológica) com glicose a 5%2 (soro glicosado fisiológico a 5% -1:1.) ou solução de Ringer lactato com glicose a 5%. Se possível, adicionar cloreto de potássio estéril (20mmol/l). (OMS, 2000). Monitorar a criança rigorosamente para hiperidratação, adequando os próximos passos à resposta observada. Tratar vigorosamente a infecção. Realimentar e iniciar a reidratação oral tão logo quanto possível. Idem.
  • 25. 30 A insuficiência cardíaca congestiva é usualmente uma complicação da hiperidratação (especialmente quando é feita infusão ou é dada solução de reidratação padrão), de anemia muito grave, de transfusão de sangue ou plasma, ou de uma dieta com conteúdo muito alto de sódio. Se ocorrer sinais de insuficiência cardíaca, toda a ingestão oral e líquida deve ser interrompida até que a insuficiência cardíaca melhore. Neste caso está indicado o uso de um diurético, preferencialmente furosemide (1mg/kg). Não dar digital, a menos que a insuficiência cardíaca seja inequívoca e os níveis de potássio plasmático seja normal. Neste caso, pode-se dar 5mg/kg de peso corporal de digoxina em dose única, ou oralmente, se a preparação para administração não estiver disponível (OMS, 2000). Todas as crianças desnutridas têm deficiência de potássio e de magnésio, que pode demorar duas ou mais semanas para ser corrigida. O edema é parcialmente resultante dessas deficiências. Há excesso de sódio corporal, embora o sódio plasmático possa ser baixo. A administração de altas quantidades de sódio pode levar a criança a óbito. Potássio (2-4mmol/kg/dia) e magnésio extra (0,3-0,6 mmol/ kg/dia) podem ser adicionados às refeições durante a sua preparação. Fluidos com baixo teor de sódio devem ser usados para a reidratação. O edema nutricional existente não deve ser tratado com diurético. Idem. Quase todas as crianças gravemente desnutridas têm infecções bacterianas na ocasião da admissão para tratamento hospitalar, e é correto presumir que, com frequência, a infecção é subclínica e precisa ser urgentemente tratada. A administração de antibiótico imediatamente após a admissão, até que os resultados dos exames laboratoriais sejam conhecidos, pode salvar a vida de muitas crianças. A antibioticoterapia pode ser modificada posteriormente, se necessário, de acordo com os resultados dos exames laboratoriais. Todas as crianças gravemente desnutridas têm deficiências de vitaminas e de minerais. Recomenda-se a administração diária, por um mínimo de duas semanas, de suplemento de multivitaminas (que não tenha ferro), ácido fólico (5mg no primeiro dia e a partir daí 1mg/dia), zinco (2mg/kg/d) e cobre (0,2mg/kg/dia). Quando a criança começar a ganhar peso, o que geralmente ocorre no início da segunda semana de tratamento, deve-se iniciar o sulfato Ferroso (3mg de Fe/kg/d). As crianças gravemente desnutridas estão em alto risco de cegueira por deficiência de Vitamina A. Esta deve ser dada oralmente no primeiro dia (menores de 6 meses: 50.000UI; 6-12 meses: 100.000UI; Crianças mais velhas: 200.000 UI). Administrar a dose
  • 26. 31 específica para a idade no segundo dia e repetir no mínimo duas semanas depois (MONTE, 2000:293). Se há anemia muito grave (Hb <4g/dl ou Hb entre 4 e 6g/dl) e/ou dificuldade respiratória, deve- se tratar com papa de hemácias 10ml/kg lentamente, durante 3 horas, e administrar furosemida 1mg/kg, no começo da transfusão. Monitora-se a criança para insuficiência cardíaca, pelo menos a cada 15 minutos. Idem. 2.1.3.2. Tratamento da má nutrição por excesso de nutrientes De acordo com COANA, et al (2012), o tratamento da obesidade é complexo e multidisciplinar. Não existe nenhum tratamento farmacológico em longo prazo que não envolva mudança de estilo de vida. Há várias opções de tratamento para a obesidade infantil e o sobrepeso. Quanto maior o grau de excesso de peso, maior a gravidade da doença. As crianças devem ser abordadas individualmente e conforme a idade, uma vez que cada uma pode apresentar diferentes fatores que aumentam seu risco para obesidade. Para as crianças que estão acima do peso ou com obesidade leve, sem risco de desenvolver outras doenças, pode ser recomendada apenas a manutenção. A explicação: o crescimento da criança pode fazer com que ela entre numa faixa de índice de massa corporal saudável, sem necessariamente precisar emagrecer. Já para crianças com obesidade instalada e risco de desenvolver outras doenças, a perda de peso é recomenda. O emagrecimento deve ser lento e constante, e os métodos são os mesmos adotados para adultos – ou seja, comer uma dieta saudável e praticar exercícios. O sucesso depende em grande parte de seu compromisso de ajudar seu filho ou filha a fazer essas mudanças. (COANA, et al, 2012), a) Pratica de atividade física - Além de queimar calorias, os exercícios físicos também ajudam a fortalecer os ossos e músculos das crianças, melhoram seu humor e ajudam no sono. Outro fator importante é que o incentivo à atividade física na infância pode fazer com que a criança mantenha esses hábitos no futuro, evitando a obesidade ao longo da vida. Crianças devem fazer pelo menos um tipo de atividade física todos os dias, seja ela programa (academia, esportes ou aulas de dança, por exemplo) ou não programada (brincadeiras, como pega-pega, esconde-esconde e usar os brinquedos de um parque).
  • 27. 32 b) Medicamentos - Para casos graves de obesidade infantil, já associados com outras condições, podem ser prescritos medicamentos. No entanto, o tratamento farmacológico não é frequentemente recomendado para adolescentes e crianças – a não ser que ele tenha alguma doença que necessite de tratamento com remédios como distúrbios da tireoide ou colesterol alto. Contudo, os medicamentos não substituem a adoção de hábitos saudáveis, como dieta e prática de exercícios. 2.1.3.3. Alimentação 2.1.3.3.1. Alimentação da criança portadora da má nutrição por défice de nutrientes A alimentação da criança deve iniciar logo após a admissão, com refeições pequenas, de baixa osmolaridade e baixo teor de lactose, oferecidas a cada 2, 3 ou 4 horas, dia e noite. A via oral é a preferencial e, se essa não for possível, dar por SNG. A meta nutricional nesta fase é atingir a ingestão máxima de 100 kcal/kg/dia (o mínimo aceitável é de 80 kcal/kg/dia) e 1-1,5g proteína/kg/dia. Planeja-se para um total de 130 ml/kg/d de líquido (100 ml/kg/dia se a criança tem edema importante). Se a criança estiver sendo amamentada, o aleitamento materno deve ser acompanhado de formulação láctea apropriada para cobrir a cota calórica desejada. A via intravenosa é utilizada excepcionalmente na desnutrição primária. (MONTE, 2000:293). A quantidade ingerida pela criança deve ser rigorosamente medida e registrada. Se a meta mínima não for atingida, alimentá-la por SNG, oferecendo primeiro a alimentação por via oral. A sonda deve ser retirada quando a criança aceitar por via oral 3/4 do total da dieta diária, ou o volume total em duas refeições consecutivas. Se a ingestão nas próximas 24 horas seguintes não atingir o mínimo de 80 kcal/kg/dia, reintroduzir a sonda (MONTE, 2000:293). Para uma criança com bom apetite e sem edema, a fase de estabilização, se feita cuidadosamente, pode ser completada em dois ou três dias sem problemas. O retorno do apetite é o sinal da entrada da criança na fase de reabilitação, usualmente uma semana depois da admissão. Nessa fase, é necessário atingir uma ingestão muito alta, para permitir um ganho de peso rápido, de> 10g/ kg/dia. Recomenda-se uma transição gradual entre a fórmula usada na fase inicial e a fórmula usada para crescimento rápido, para evitar o risco de insuficiência cardíaca, que pode ocorrer quando a criança consome grandes quantidades de
  • 28. 33 alimento nesta fase inicial. A fórmula inicial (75 kcal/100ml e 0,9g proteína/100ml) deve ser substituída durante 48 horas, pelo mesmo volume de fórmula láctea para o crescimento rápido (contendo 100kcal e 2,9g de proteína/100ml). Mingaus modificados ou alimentos complementares modificados podem ser usados, desde que forneçam quantidades comparáveis de energia e de concentrações de proteína. Após as 48 horas, se a criança estiver aceitando bem a fórmula, deve-se aumentar 10 ml em cada refeição sucessiva até que a criança deixe resto. Geralmente isso ocorre quando a ingestão atinge 200 ml/kg/dia. Idem. Depois da transição gradual, oferecer refeições frequentes, de acordo com a aceitação (quantidades não limitadas), para atingir a meta nutricional de 150-220 kcal/kg/ dia e 4-6g de proteína/kg/dia. Se a criança tem mais de 24 meses, podem ser dados alimentos da alimentação da família, garantindo-se o conteúdo nutricional. O progresso da reabilitação da criança deve ser avaliado através do seu ganho ponderal. A insuficiência cardíaca é improvável se a transição gradual for seguida. Entretanto, por precaução, deve-se monitorizar a presença de sinais precoces de insuficiência cardíaca. Se houver sinais sugestivos de insuficiência cardíaca, reduzir o volume dado para 100 ml/kg/24 horas e, então, lentamente aumentar para 115 ml/kg/dia durante as 24 horas seguintes, 130 ml/kg/dia pelas 48 horas seguintes, para depois aumentar 10 ml em cada refeição, como descrito anteriormente. Se intolerância à lactose com repercussões para o crescimento da criança for diagnosticada, ela deve ser tratada com fórmulas livres de lactose e modificadas para atender as metas nutricionais adequadas à reabilitação. Reintroduzir as refeições lácteas integrais antes de dar alta do hospital, para determinar se a intolerância foi resolvida. Como na desnutrição grave há um retardo de desenvolvimento mental e comportamental, é importante prover estimulação essencial, recreação e cuidado afetivo, reforçando o vínculo mãe- criança. A mãe pode ser envolvida nas tarefas de cuidados da criança e deve ser ensinada a fazer estimulação essencial. Durante a internação, deve-se preparar a criança e sua mãe para a alta. Uma criança que tem 85% -90% do peso para a altura ou o comprimento (equivalente a - 1DP) pode ser considerada recuperada. A criança provavelmente ainda tem um baixo peso para a idade por causa do nanismo. Boas práticas de alimentação e estimulação psicológica devem ser continuadas em casa.
  • 29. 34 2.1.3.3.2. Alimentação da criança portadora da má nutrição por excesso de nutrientes Os pais são os que compram a comida, cozinhar os alimentos e decidir onde o alimento é ingerido. Mesmo pequenas mudanças podem fazer uma grande diferença na saúde do seu filho:  Invista nas frutas, legumes e vegetais;  Prefiro alimentos integrais aos refinados;  Evite alimentos como biscoitos, bolachas e refeições prontas. Elas são ricas em açúcar, sódio e gorduras – tudo o que sua filha ou filho não pode comer em exagero;  Limite o consumo de bebidas adoçadas, incluindo os sucos industrializados. Essas bebidas são muito calóricas e oferecem poucos ou nenhum nutriente;  Reduza o número de vezes em que a família vai comer fora, especialmente em restaurantes de fast-food. Muitas das opções do menu são ricas em gordura e calorias;  Sirva porções adequadas, uma vez que as crianças comer bem menos do que os adultos. Se sua filha ou filho não conseguiu comer todo o prato, não o force a terminar. 2.1.3.4. Aconselhamento Mostrar aos pais ou a quem cuida da criança como alimentar frequentemente e com alimentos densos em energia e nutrientes, e como fazer terapia recreativa estruturada/estimulação essencial. De acordo com VALENTE (2003), no acompanhamento, a criança deve ser pesada semanalmente. Se ela não ganha ou se perde peso em duas semanas, deverá ser referida ao hospital para reavaliação. Se a criança evolui bem, a frequência de comparecimento pode ser progressivamente espaçada por uma vez a cada 15 dias durante três meses, mensalmente durante três meses, a cada dois meses por seis meses e depois semestralmente, até que a criança complete três anos. A reabilitação nutricional em ambulatório e na comunidade é possível, embora seja mais longa. A maior responsabilidade pelo sucesso do tratamento das crianças nessas condições é dos pais. Portanto, é essencial que eles recebam dos profissionais de saúde e agentes de saúde orientação e apoios práticos adequados para cuidar das suas crianças. De uma forma geral, a orientação para essas crianças é semelhante à que é dada na preparação para a alta e no acompanhamento da criança que foi hospitalizada. (VALENTE, 2003).
  • 30. 35 As mães devem ser orientadas sobre como preparar as refeições com conteúdo nutricional adequado e saber que a criança precisa ser alimentada no mínimo 5 vezes por dia. Os alimentos usuais da casa devem ser preparados de forma a conter aproximadamente 100 kcal e 2-3g de proteína por 100g de alimento. Os suplementos de vitamina, ferro e eletrólitos/minerais devem ser usados. Um plano de acompanhamento deve ser seguido e uma rotina efetiva de atendimento 58 deve ser adotada, pelo menos até que a criança esteja completamente recuperada. O apoio dos trabalhadores de saúde da comunidade é essencial. Se a criança recebeu alta precoce do hospital, a supervisão deve ser reforçada no ambulatório e no domicílio, pois o seu risco de recair e de morrer é muito alto. A criança deve ser cuidadosamente avaliada antes da alta e algum suporte comunitário deverá estar disponível para prevenção de recaída. O tratamento domiciliar, além de ser o mais barato para o setor de saúde, pode ser também o preferido pelas mães. (KHANUN, et al, 1994).
  • 31. 36 Capitulo III 3. Apresentação, Análise e Discussão dos Resultados. Depois de realizada a colheita dos dados no Hospital Provincial, Clínica Saúde Boa Esperança e Centro de Saúde de Icídua da cidade de Quelimane e em seguida procedidas as visitas domiciliares nas residências das famílias das crianças de 0 aos 5 anos mal nutridas pertencentes a famílias de baixa, média e alta renda atendidas nos estabelecimentos de saúde acima mencionados, obtiveram-se os resultados que neste capítulo foram apresentados, analisados e discutidos. 3.1. Apresentação e Análise dos Resultados 3.1.1. Resultados da entrevista feita aos responsáveis pela alimentação das crianças mal nutridas. Gráfico 1: Representação percentual das crianças de 0 aos 5 anos mal nutridas de acordo com o nível económico. Fonte: Autor (2016). De acordo com os dados ilustrados no gráfico 1, na maioria dos casos 69% de crianças mal nutridas que correspondem a 51 provêm de famílias de baixa renda, poucos casos 31% que coresponde a 23 provêm de famílias de média e alta renda (26% e 5% respectivamente). 69,% 26% 5% 0% 20% 40% 60% 80% 100% Baixo Medio Alto
  • 32. 37 Tabela 1: Número refeições que as crianças de 0 aos 5 anos mal nutridas dispõem por dia. Responsáveis Nível econômico Número de refeições 51 Baixo 2 a 3 vezes ao dia 19 Médio 4 a 5 vezes ao dia 4 Alto Mais de 5 vezes ao dia Total 74 Fonte: Autor (2016). De acordo com os dados apresentados na tabela 2, fornecidos pelos responsáveis das crianças de 0 aos 5 anos pertencentes a famílias de baixa renda (num total de 51) alimentam-se 2 a 3 vezes por dia, enquanto que as crianças de 0 aos 5 anos pertencentes a famílias de média renda (num total de 19) alimentam-se 3 a 4 vezes por dia e por fim as crianças de 0 aos 5 anos pertencentes a famílias de alta renda (num total de 4) alimentam-se mais de 5 vezes por dia. Tabela 2: Tipos de alimentos consumidos pelas crianças do 0 aos 5 anos mal nutridas em relação ao nível económico. Nível económico baixo Nível económico médio Nível económico alto 1. Verdura 2. Peixe 3. Papa de milho 4. Feijão 5. Massa de milho 6. Arroz 1. Verdura 2. Peixe 3. Papa de milho 4. Feijão 5. Massa de Milho 6. Arroz 7. Papa Instantânea 1. Verdura 2. Peixe 3. Papa instantânea 4. Batata reno cozida 5. Leite 6. Ovos. Fonte: Autor (2016). As crianças de 0 aos 5 anos pertencentes a famílias de baixa renda tem uma alimentação, na base de: verdura, peixe, papa de milho e feijão, enquanto que as crianças de 0 aos 5 anos pertencentes a famílias de média renda na base de: verdura, peixe, papa de milho, feijão, massa de milho, arroz
  • 33. 38 e papa instantânea e por fim as crianças de 0 aos 5 anos pertencentes a famílias de alta renda na base de: papa instantânea, batata reno cozida, verdura, leite e ovos. Gráfico - 2: Representação percentual das respostas dos responsáveis pela alimentação sobre a proveniência da água ingerida pelas crianças de 0 aos 5 anos mal nutridas. Fonte: Autor (2016). De acordo com o gráfico 2, das 51 crianças provenientes de famílias de baixa renda, 46 consomem água do poço e somente 5 consomem água potável canalizada (correspondendo 90% e 10% respectivamente). Das 19 crianças proveniente de famílias de média renda, 11consomem água potável canalizada, 2 consomem água mineral e 6 consomem água do poço (correspondendo 58%, 10% e 32% respectivamente). Das 4 crianças proveniente de famílias de alta renda, todas bebem água mineral correspondendo a 100%. Tabela 3: Opinião dos responsáveis pela alimentação sobre as possibilidades de melhoria da dieta alimentar das crianças de 0 aos 5 anos mal nutrição de acordo com o nível económico. Responsáveis Nível econômico Possibilidades de melhoria 51 Baixo  Aumentar os alimentos 19 Médio  Adquirirem produtos enlatados. 4 Alto  Nada a ser feito. Total 74 Fonte: Autor (2016). 0% 10% 100% 10% 58% 0% 90% 32% 0% 0% 20% 40% 60% 80% 100% Baixa Media Alta Mineral Potável canalizada Poço
  • 34. 39 Segundo a tabela 4, referente às possibilidades de melhoria da dieta alimentar das famílias estudadas, os responsáveis afirmaram o seguinte: (i) Baixa renda – 51 dos responsáveis pelas crianças mal nutridas desta faixa econômica afirmaram que gostariam que exista alguma ajuda, no sentido de aumentar os alimentos que eles consomem diariamente como mostra o tabela 4; (ii) Média renda – 19 dos responsáveis pelas crianças mal nutridas desta faixa econômica apresentaram interesse em melhorar a alimentação das crianças propondo se fosse possível, dever-se-ia obter produtos enlatados específicos para criança; (iii)Alta renda – 4 dos responsáveis pelas crianças mal nutridas desta faixa econômica dizem que está tudo bem em termos da dieta alimentar. 3.1.2. Resultados relacionados às observações. Tabela 4: Aspectos observados sobre o modo de vida em relação à alimentação das crianças de 0 aos 5 anos mal nutridas. Nível económico Observações Baixo  Condições sanitárias inadequadas (casas de banho precárias);  Mau cuidado na preparação dos alimentos (má lavagem dos alimentos falta de higiene das mãos na hora preparação das refeições).  Sem cuidados com as crianças (não controlam onde a criança come o que come e se comeu). Médio  Mau cuidado na preparação dos alimentos (má lavagem dos alimentos).  Sem cuidados com as crianças (não controlam onde a criança come o que come e se comeu). Alto  Sem cuidados com as crianças (não controlam o que criança come). Fonte: Autor (2016).
  • 35. 40 Tabela 5: Informações sobre as doenças que possivelmente levam a má nutrição das crianças de 0 as 5 anos atendidas no Hospital Provincial, Clínica Saúde Esperança e Centro de Saúde de Icídua da Cidade de Quelimane. Nível económico Doenças Baixo  Diarreias;  Human Immunodeficiency Virus (HIV);  Malária; Médio  Malária;  Diarreias;  Gastroenterites intestinais (GEAS);  Human Immunodeficiency Virus (HIV); Alto  Malária;  GEAS. Fonte: Autor (2016). De acordo com a tabela 5, a maioria dos casos de má nutrição é devido a diarreias, HIV, e malária. 3.2. Discussão dos resultados De acordo com o gráfico 1, pag. 36 a maioria das crianças com casos de má nutrição é proveniente de famílias de baixa renda (69%) e uma minoria de média e alta renda (26% e 5% respectivamente). A maior incidência da má nutrição das crianças de 0 aos 5 anos no que diz respeito ao nível económico baixo, comparativamente com o nível económico médio na cidade de Quelimane, provavelmente não reside no número de refeições nem na variedade dos alimentos (como mostra a tabela 1, pagina 37 e tabela 3, pagina 38 respectivamente), mas sim devido, condições de saneamento do meio, acesso restrito a água potável, doenças e cuidados na preparação de alimentos.
  • 36. 41 Em famílias de alta renda verifica-se um baixo índice de má nutrição das crianças de 0 aos 5 anos em relação ao nível económico baixo e médio (gráfico 1, pagina 37) devido às diferenças significativas que podem ser encontradas no número de refeições que é recomendado (tabela 3, pagina 38), tipos de alimento que compreende uma dieta com maior variedade nutricionais (tabela 2, pagina 37), condições de saneamento do meio com casas de banho adequadas (tabela 4, pagina 39), acesso a água potável (gráfico 2, pagina 37), e cuidados na preparação de alimentos, higiene das mãos na hora preparação das refeições (tabela 4, pagina 39). A incidência de má nutrição das crianças de 0 aos 5 anos neste nível deve-se provavelmente à malaria (tabela 5, pagina 40). Conforme defende OLIVEIRA et al (2007); DRACHLER (2003); ROCHA (2007); AERTS (2004) e ENGSTROM & ANJOS (1999), demonstrando em vários estudos que: A associação entre o nível sócio econômico e o estado nutricional de crianças menores de 5 anos, ficando evidente que nas regiões menos providas de infraestrutura, onde as condições de vida da população são precárias, encontram-se maior número de crianças desnutridas. Segundo OLIVEIRA (2007:601): Condições sócio-económicas inadequadas levam à privação das satisfações básicas que, por sua vez, se traduz em restrições no consumo alimentar, condições precárias do ambiente sanitário, promovendo o inadequado crescimento na infância. As crianças provenientes de famílias de baixa renda alimentam-se com uma frequência abaixo do recomendado de acordo com as suas necessidades nutricionais 2 a 3 vezes por dia (tabela 2, pagina 37), contribuído assim para a existência de maior número de casos de má nutrição. Estas constatações revelam que os responsáveis pela alimentação da família, consideram a criança como fosse um adulto participando na alimentação da família, desconhecendo que elas têm seus próprios horários, ou seja, deve-se alimentar num intervalo de três em três horas (números específico de refeições de no mínimo 5 a 7 refeições ao dia) com necessidades nutricionais específicas. Alimentação diversificada baseadas em alimentos de base que ajudam a fornecer energia, acrescentados aos construtores que ajudam o corpo a crescer (proteínas) e a protectores que protegem o corpo das doenças, é considerada uma dieta ou alimentação nutritiva, algo que não ocorre nas famílias acima mencionadas.
  • 37. 42 MARTINS (2008: 93) recomenda: As crianças, principalmente do 0 aos 5 anos de idade devem ter uma alimentação diferenciada de 6 a 8 vezes ao dia porque lhes ajuda a adquirir maior quantidade de nutrientes possíveis como: ferro, carboidratos, cálcio, zinco, vitamina A, vitamina C, proteínas e gordura, que são encontradas em alimentos como: arroz, feijão, carne, frutas, legumes, leite, ovo e óleo. Para MONTE (2000:67): Para uma criança do 0 aos 5 anos se manter saudável, é importante consumir alimentos de boa qualidade e em quantidades suficientes de modo a satisfazer as suas necessidades nutricionais. Primeiro, os alimentos têm de fornecer energia suficiente para a pessoa se manter activa e forte. Os alimentos também devem ajudar a formar, reparar e proteger as diversas partes do corpo. Para isto, é necessário comer diariamente uma combinação de alimentos diversificados. As crianças de 0 aos 5 anos mal nutridas pertencentes a famílias tanto de baixa, média e alta renda têm ao seu dispor alimentos capazes de suprir suas necessidades nutricionais (tabela 2, pagina 37), o que não tem acontecido. Estas constatações revelam possivelmente que haja falta de conhecimentos de como preparar esses alimentos, como combiná-los e a quantidade e frequência de ingestão para melhorar a dieta alimentar da criança, contribuído assim no aumento de casos de má nutrição na cidade de Quelimane. As crianças de baixa e média renda de 0 aos 5 anos mal nutrição bebem água do poço (gráfico 2, pagina 37). Boa parte de casas das crianças do 0 aos 5 anos mal nutrição não possui água canalizada, obrigando os seus responsáveis a recorrer a vizinhos, que esses muitas das vezes exigem o pagamento de uma taxa ou a deslocar para locais onde exista água potável canalizada a venda, sem alternativas são obrigados recorrer a poços para adquirirem água para o consumo, lavar e banho. Geralmente esta água encontra-se sub maus cuidados higiênico no caso dos poços e devido ao fecalismo ao seu aberto aumentando o risco de contaminação. Segundo MIDS (2006:62): A fonte de água potável do agregado familiar está ligada à sua condição sócio econômica. Agregados familiares pobres são mais prováveis de obter água de fontes contaminadas como águas paradas e riachos ou poços. A indisponibilidade adequada de água de boa qualidade aumenta o risco de contaminação alimentar, diarreias, e má nutrição. Os bebes e crianças de agregados familiares que não tem casa de banho com água corrente têm um maior risco de serem mal nutridos que os que estão em agregados familiares com esta infraestrutura.
  • 38. 43 De acordo com as possibilidades de melhoria da dieta alimentar das crianças de 0 aos 5 anos (tabela 4 pagina 39) é possível notar que os responsáveis pela alimentação estão preocupados em aumentar os produtos alimentícios das crianças incluindo conservas para que a dieta seja adequada, mostrando não terem conhecimento do que é uma alimentação saudável nem domínio de como devem ser preparados os alimentos para que estes sirvam como uma fonte de nutrientes para as crianças (tabela 3, pagina 38). As famílias de crianças mal nutridas de baixa renda apresentam condições sanitárias inadequadas, mau cuidado na preparação dos alimentos, maus cuidados com as crianças e o não controle onde a criança come e se comeu (tabela 4, pagina 39). Estes factores podem estar contribuindo para que as crianças contraiam doenças (tabela 5, pagina 40), sub condições sanitárias inadequadas, mau cuidado na preparação dos alimentos e o não cuidado com as crianças, não controle onde a criança come e se comeu, levando a ingestão de alimentos em quantidades e qualidades inadequadas, contribuído para um desequilíbrio alimentar. Estas condições comprometem o crescimento sadio das crianças e são factores que se tornam entraves para a melhoria da qualidade de vida e desenvolvimento de toda uma sociedade. Segundo MIDS (2006:62): O tipo de casa de banho usado pelo agregado é reflexo da sua condição financeira, e agregados pobres são menos prováveis de terem casas de banho adequadas. Condições sanitárias inadequadas resultam no aumento do risco de diarreias, o que contribui para a má nutrição. As crianças de agregados familiares que não tem retrete com autoclismo estas têm um maior risco de serem mal nutridos que crianças em agregados com esta condição. A maioria dos casos de má nutrição provavelmente são consequências de diarreias, HIV, poucos casos são devido à malária, e muito poucos casos é devido há gastroenterites intestinais (tabela 5, pagina 40). Esta situação é preocupante, uma vez que alguma destas doenças está directamente relacionada com alimentos ingeridos (as diarreias). Do ponto de vista do autor, a má nutrição esta também associada às diarreias, malaria e HIV, na medida em que estas doenças intervêm para a fraca absorção de nutrientes e que condiciona uma baixa imunidade levando a maior necessidade nutricional contribuindo para a ocorrência da má nutrição ou até ao seu agravamento.
  • 39. 44 ANTUNES (2007:25-30) afirma que: A nutrição e infecção estão intimamente associadas uma vez que, uma pode prejudicar a outra. A carência de certos nutrientes, como o ferro, vai ter repercussões na saúde da criança já que corre maior risco de infecção. Esta é uma carência habitual nos países subdesenvolvidos, levando a deficiência imunitária e é a segunda causa de susceptibilidade a infecção e mortalidade. A deficiência em ferro diminui a imunidade celular, a capacidade fagocitária e a imunidade das mucosas, logo terá efeitos no desencadeamento de uma infecção.
  • 40. 45 4. Conclusões e Sugestões 4.1. Conclusões Depois de uma análise profunda e discussão dos resultados conclui-se:  A má nutrição na cidade de Quelimane afecta todos os níveis económicos, verificando-se nas crianças de 0 aos 5 anos pertencentes a famílias de baixa renda com uma percentagem maior de 69%, em seguida por famílias de média renda 26% e por último famílias de alta renda com 5%;  A má nutrição das crianças de 0 aos 5 anos de famílias de baixa, média e alta renda atendidas no Hospital Provincial, Clínica Saúde Boa esperança e Centro de Saúde de Icídua da Cidade de Quelimane, está associada a diversos factores independentemente do nível econômico, mas sim de: condições sanitárias, acesso a água potável, conhecimento sobre como e o que deve ser preparado para alimentação das crianças, e cuidados na preparação dos alimentos;  As doenças como as diarreias, HIV, malária e GEAS têm influenciado na ocorrência de casos de má nutrição das crianças de 0 aos 5 anos atendidas no Hospital Provincial, Clinica Boa Esperança e Centro de Saúde de Icídua, Cidade de Quelimane.
  • 41. 46 4.2. Sugestões Diante dos resultados obtidos e da análise feita mediante a pesquisa desenvolvida no Hospital Provincial, Clínica Saúde Boa Esperança e Centro de Saúde de Icídua da Cidade de Quelimane e na comunidade, sugere-se o seguinte:  A direção do curso de licenciatura em ensino de biologia que nas Praticas Pedagógicas sejam realizadas palestras nas escolas-comunidade sobre educação nutricional, de modo a melhorar a saúde das crianças;  Aconselhamento nutricional nos serviços de atenção à criança, incluindo demonstrações culinárias sobre alimentação complementar adequada, usando alimentos locais;  Ao Ministério da Saúde que estabeleça um programa de capacitação dos agregados familiares sobre práticas melhoradas de processamento e conservação de alimentos, incluindo aspectos de higiene e segurança alimentar;  A FIPAG que expande mais furos de água na cidade de Quelimane de modo abranger maior número de famílias.
  • 42. 47 Referencias bibliográficas 1. ACC/SCN. Nutrition throughout life. 4th Report on the world nutrition situation. Geneva; ACC/SCN./World Health Organization: 2000; 2. AERTS, D; DRACHLER, M.L.; GIUGLIANI, E.R.J. Determinants of growth retardation in Southem Brazil. Cad. Saúde Publica, Rio de Janeiro, set-out, 2004; 3. ANTUNES, H. Nutrição e Infecção nos Primeiros Anos de Vida. Encontro Cientifico: Intervenção Nutricional na Infância e Aspectos Preventivos. Nestle Nutrition Institute, 2007; 4. COANA, Claudia et al. Krause Alimento, Nutrição e Dioterapia. 13ª Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012; 5. DA SILVA, E. L. & MENEZES, E. M. Metodologia da pesquisa e elaboração de dissertação. 3 ed. Rev. Atual. Florianópolis: Laboratório de Ensino a distancia da UFSC. 2001; 6. DRACHLER, M. L. et al. Desigualdade social e outros determinantes da altura em crianças: uma analise multi nível. Cadernos de Saúde Publica Rio de Janeiro, v. 19, n. 6, 2003; 7. ENGSTROM, E, M. ; ANJOS, L. A: Déficit estatural nas crianças brasileiras: relação com condições sócio-ambientais e estado nutricional materno. Cadernos de Saúde Publica, Rio de Janeiro, v. 15, n. 3,1999; 8. EVELETH PB. Population differences in growth-environmental and genetic factors. In: Falkner F, Tanner JM. Human Growth-a comprehensive treatise.2nd edition. (New York). Plenum Publishing Corporation Press; 1986; 9. GIL, António Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. São Paulo, Atlas editora, 1999; 10. ISMAEL, Carina. Conceitos de Nutrição: Definições, causas e consequências. Moçambique ANSA Setembro, 2013; 11. JELLIFFE DB, JELLIFFE EFP: Direct assessment of nutritional status. Anthropometry: major measurements. In: JELLIFFE B, JELLIFFE eds. Community Nutritional Assessment with special reference to less technically developed countries. New York: Oxford University Press. 1989;
  • 43. 48 12. MAHAN, L. K.; ARLIN, M. T. Krause: alimentos, nutrição e dietoterapia. 8a ed. São Paulo: Roca, 1995; 13. MARTINS & BICUDO. A pesquisa qualitativa e fundamentos e recursos básicos. São Paulo: UDUC/Morais, 1989; 14. MARTINS, C. Alimentação e Nutrição. Curitiba: Nutro Clínica, 2008; 15. MONTE CMG, Ashworth A, Sá MLB, Diniz RLP. Effectiveness of nutrition centres in Ceará state, northeast Brazil. Pan Am J Public Health 1998; 16. MONTE CMG, Sá MLB, eds. Guias alimentares para as crianças de 6-23 meses do Nordeste do Brasil: da teoria à prática. 1 ed. Fortaleza: The British Council Northeast Brazil/OPS/MS; 1998; 17. MONTE, Cristina M.G. Desnutrição: um desafio secular à nutrição infantil. Jornal de Pediatria,Brasil. Vol. 76, Supl.3, 2000; 18. MS-OPAS/OMS-UNICEF/Tacro. Aconselhar a mãe ou ao acompanhante- Curso de capacitação- Atenção integrada às doenças Prevalentes da infância. OPS/ HCT/ ARI/ CDD/ 96.4.(original inglês) versão preliminar Brasília: OPS/MS; 1997; 19. OLIVEIRA, L. P: M. Et al. Preditores do retardo de crescimento linear em pre- escolares: uma abordagem multinivel. Cadernos de Saúde Publica, Rio de Janeiro, v. 23, n. 3, 2007; 20. OMS. Manejo da desnutrição grave: um manual para profissionais de saúde de nível superior (médicos, enfermeiros, nutricionistas e outros) e seus auxiliares. Genebra/Brasília: Organização Mundial da Saúde/Organização Panamericana da Saúde; 2000; 21. ROCHA, D. S et al. Fatores de risco para déficit nutricional em crianças matriculadas em creches. Revista de Pediatria, 2007; 22. STIGGER, M.P. Esporte, lazer e estilos de vida: um estudo etnográfico. Campinas: Autores associados, 2002; 23. VALENTE, F. L. S. Fome, desnutrição e cidadania: inclusão social e direitos humanos. Saúde e Sociedade, v. 12, n. 1, jan-jun 2003; 24. WHO Department of Equity, Poverty and Social Determinants of Health Report on inequities in Maternal and Child health in Mozambique, 2006; 25. ______MIDS 2003. Nutrição de crianças e mães em Moçambique. Cadernos de gráficos de nutrição em áfrica. Marco 2006.
  • 46. 51 Apêndice 1 FICHA PARA AUXÍLIO NA SELECÇÃO DA AMOSTRA Tema: Estudo comparativo do nível de má nutrição das crianças de 0 aos 5 anos de entre famílias de baixa, média e alta renda atendidas no Hospital Provincial, Clínica Saúde Boa Esperança e Centro de Saúde de Icidua da cidade de Quelimane. QUESTÕES 1. Existe nesse Hospital crianças de 0 aos 5 anos com mal nutrição? a) Sim ( ); b) Não ( ). 2. Quantas crianças de 0 aos 5 apresentam má nutrição? ( ). 3. Neste Hospital existem crianças do 0 aos 5 anos de idade que são portadores/as de doenças que podem influenciar (agravar/causar) o seu estado nutricional? a) Sim ( ); b) Não ( ). 6. Quais são essas doenças? ............................................................................................................................................................ ............................................................................................................................................................ ............................................................................................................................................................ 3. Quais são as moradas/contactos das famílias pertencentes às crianças mal nutridas do 0 aos 5 anos de idade? ............................................................................................................................................................ ............................................................................................................................................................ ............................................................................................................................................................ ............................................................................................................................................................
  • 47. 52 Apêndice 2 GUIÃO DE ENTREVISTA DIRIGIDA AOS RESPONSÁVEIS PELA ALIMENTAÇÃO DE CADA FAMILIA Tema: Estudo comparativo do nível de má nutrição das crianças d 0 aos 5 anos de entre famílias de baixa, média e alta renda atendidas no Hospital Provincial, Clinica Saúde Boa Esperança e Centro de Saúde de Icidua da cidade de Quelimane QUESTÕES 1. Quantas refeições a criança dispõem por dia? ( ); 2. Quais são os alimentos que, mas prepara (com regularidade) para a criança? ............................................................................................................................................................ ............................................................................................................................................................ ............................................................................................................................................................ ............................................................................................................................................................ 3. Qual é a proveniência da água que a criança ingere: a) Torneira ( ); b) Mineral ( ); c) Poço ( ); d) Outras fontes ................................................................................................................................. 4. Existe algo que pode ser feito em relação à dieta alimentar da criança? ............................................................................................................................................................ ............................................................................................................................................................ ............................................................................................................................................................ ............................................................................................................................................................ ............................................................................................................................................................ 5. Qual nível econômico pertence à família: ............................................................................................................................................................ ............................................................................................................................................................
  • 48. 53 Apêndice 3 GUIÃO DE OBSERVAÇÃO DO MODO DE VIDA FAMÍLIAS DAS CRIANÇAS DO 0 AOS 5 ANOS MAL NUTRIÇÃO Tema: Estudo comparativo do nível de má nutrição das crianças do 0 aos 5 anos de entre famílias de baixa, média e alta renda atendidas no Hospital Provincial, Clínica Saúde Boa Esperança e Centro de Saúde de Icidua da Cidade de Quelimane. Aspectos Observação Higiene Saneamento
  • 49. 54 Apêndice 4 NÚMERO DE CRIANÇAS MAL NUTRIDAS POR CADA HOSPITAL/BAIRRO Instituições de Saúde Proveniência/bairro das crianças do 0 aos 5 anos mal nutridas Total Número Centro de Saúde de Icidua Icidua 182 116 Madal 66 Clínica Saúde Boa Esperança Aeroporto 4 3 Chuabodembe 1 Hospital Provincial de Quelimane Janeiro 82 Coalane I 430 31 Torrone 10 Torrone velho 17 Coalane II 26 Sinacura 5 Manhawa 83 Icidua 126 Madal 29 Sangarivera 4 Aeroporto 1 Vila-PIta 2 Bairro-Popular 1 Floresta 13