O documento discute a proposta de considerar atividades religiosas como serviços essenciais durante a pandemia. Embora reconheça a importância da religião, o arcebispo argumenta que a prioridade deve ser salvar vidas, e que as celebrações religiosas podem ocorrer virtualmente ou em casa para evitar aglomerações. Ele pede também por medidas para melhorar o transporte público e apoiar os mais vulneráveis.
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Arcebispo de Olinda e Recife sobre projeto de lei de atividades religiosas como serviço essencial
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ARQUIDIOCESE DE OLINDA E RECIFE
CÚRIA METROPOLITANA
Prot. GAM-C-015/2021
Referência: Projeto de lei-atividades religiosas como serviço essencial
Recife, 07 de março de 2021.
Queridos irmãos e irmãs,
Fomos informados que, nesta segunda feira, terão início na Assembleia Legislativa as negociações para
aprovação do projeto que inclui as atividades religiosas, nos templos, como essenciais.
Reconhecemos a religião como grande conforto espiritual para a nossa vida, sobretudo nas ocasiões mais
desafiadoras. Por outro lado, entendemos que, em momento tão grave como estamos passando, quando
cresce assustadoramente no Brasil o número de infectados e falecidos por conta da Covid-19, a
preocupação com as celebrações nas igrejas não pode ser a principal.
A prioridade deve ser salvar vidas. A prática religiosa independe do templo, conforme Mt 18,20: “Onde
dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou ali, no meio deles”. As pessoas podem fazer uso
dos recursos da tecnologia para participar das celebrações, à distância, e realizar suas devoções em suas
casas, em conjunto com sua família, como “Igreja Doméstica”, tão preconizada no Concílio Vaticano II
e no Catecismo da Igreja Católica (cf. LG, 11; CIC 1655 - 1658).
Neste momento devemos concentrar nossas energias no combate à pandemia, procurando fazer a nossa
parte, ou seja: ficando o quanto possível em casa, mantendo o distanciamento social, a higienização,
fazendo uso permanente da máscara e não deixando de tomar a vacina. Cuidemos uns dos outros,
sobretudo dos idosos, dos pobres, daqueles que não têm onde morar.
Achamos importante reconhecer a religião como essencial e agradecemos o empenho do legislativo
estadual. Ao mesmo tempo, esperamos dos governantes e legisladores medidas mais eficazes para evitar,
ou pelo menos diminuir, o escândalo das aglomerações nos transportes públicos, a aprovação de leis que
visem digna condição de vida para os desempregados e melhorias na assistência aos enfermos.
Que Deus tenha misericórdia do nosso povo.
Dom Antônio Fernando Saburido, OSB
Arcebispo de Olinda e Recife
Dom Limacêdo Antonio da Silva
Bispo Auxiliar de Olinda e Recife