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O RATO E A LUA

                                                    12 de Abril
                                            Dia do Cosmonauta




 O ratinho Larico apontou para a Lua e disse:
  – Mãe, mãezinha, eu quero comer aquele queijo.
  – Meu filho, aquilo não é um queijo, é a Lua.
  – Então eu quero comer a Lua...
  – Não digas tolices, Larico. A Lua não serve para comer.
A Lua não é um queijo.
  – Então eu quero comer um queijo.
  – Ratinho impossível! Só pensa em comer. Vou fazer
companhia aos seus irmãos, que são mais ajuizados.
  O Larico ficou sozinho a olhar para a Lua, com a água a
crescer-lhe na boca.
  De repente, zás! Sentiu-se preso numa rede, que lhe tin-
ham atirado. Ouviu vozes. "Muito cuidado! Não o
magoem. Mandem-no para o centro de observações."

                            1
No Centro de Observações e Pesquisas Espaciais
(C.O.P.E.), deram-lhe um banho, enfiaram-lhe um capacete
na cabeça e meteram-no num foguete que ia partir,
imaginem para onde? Que ia partir para a Lua.
   O foguete partiu, Fuuuimmm! Chegou à Lua.
   No dia seguinte, os jornais traziam em grandes letras –
UM RATO ASTRONAUTA; LARICO, O HEROI;
RATOS CONQUISTAM A LUA, etc, etc. Mas um sábio,
muito sábio, que passava as noites a espiar a Lua, através
de um grande óculo, um telescópio, descobriu este facto
alarmante: a Lua tinha um bocadinho a menos.
   Ficaram todos os sábios e os não sábios apavorados: "Ai,
a Lua com um bocadinho a menos". É que já não era um
bocadinho, mas um bocadão. A Lua diminuía a olhos
vistos. Ratada aqui, ratada acolá, já não era o globo branco
que estamos habituados a ver, mas uma coisa sem forma
definida, ao longe tão pequena como um pedacito de
queijo...
   Os sábios punham as mãos na cabeça, sem achar
solução. Mandar um homem para a Lua não era possível,
porque os astronautas estavam todos de férias, sabe-se lá
onde. Mandar uma ratoeira? E quem colocava a ratoeira
em condições de apanhar o rato? Só se mandassem um
gato. Era uma ideia. Mas não, não podia ser. Os gatos não
tinham preparação para tais viagens. Enjoavam. Borravam-
-se de medo...
   Debatiam-se os sábios nestas dúvidas, quase dispostos a
riscar a Lua da lista dos planetas, quando a mãe do Larico,
toda lampeira, decidiu, à sua conta, tomar providências.



                             2
Alçou a cabeça para o céu e, sem mais aquelas, gritou ou
guinchou, numa voz que ribombou pelos ares e fez tremer
ainda mais as estrelas do firmamento:
  – Larico atrevido, salte imediatamente daí para baixo ou
apanha uma grande sova!
  O ratinho obedeceu.
  Foi assim que nós nos salvámos de ficar sem Lua.


  FIM




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  • 1. O RATO E A LUA 12 de Abril Dia do Cosmonauta O ratinho Larico apontou para a Lua e disse: – Mãe, mãezinha, eu quero comer aquele queijo. – Meu filho, aquilo não é um queijo, é a Lua. – Então eu quero comer a Lua... – Não digas tolices, Larico. A Lua não serve para comer. A Lua não é um queijo. – Então eu quero comer um queijo. – Ratinho impossível! Só pensa em comer. Vou fazer companhia aos seus irmãos, que são mais ajuizados. O Larico ficou sozinho a olhar para a Lua, com a água a crescer-lhe na boca. De repente, zás! Sentiu-se preso numa rede, que lhe tin- ham atirado. Ouviu vozes. "Muito cuidado! Não o magoem. Mandem-no para o centro de observações." 1
  • 2. No Centro de Observações e Pesquisas Espaciais (C.O.P.E.), deram-lhe um banho, enfiaram-lhe um capacete na cabeça e meteram-no num foguete que ia partir, imaginem para onde? Que ia partir para a Lua. O foguete partiu, Fuuuimmm! Chegou à Lua. No dia seguinte, os jornais traziam em grandes letras – UM RATO ASTRONAUTA; LARICO, O HEROI; RATOS CONQUISTAM A LUA, etc, etc. Mas um sábio, muito sábio, que passava as noites a espiar a Lua, através de um grande óculo, um telescópio, descobriu este facto alarmante: a Lua tinha um bocadinho a menos. Ficaram todos os sábios e os não sábios apavorados: "Ai, a Lua com um bocadinho a menos". É que já não era um bocadinho, mas um bocadão. A Lua diminuía a olhos vistos. Ratada aqui, ratada acolá, já não era o globo branco que estamos habituados a ver, mas uma coisa sem forma definida, ao longe tão pequena como um pedacito de queijo... Os sábios punham as mãos na cabeça, sem achar solução. Mandar um homem para a Lua não era possível, porque os astronautas estavam todos de férias, sabe-se lá onde. Mandar uma ratoeira? E quem colocava a ratoeira em condições de apanhar o rato? Só se mandassem um gato. Era uma ideia. Mas não, não podia ser. Os gatos não tinham preparação para tais viagens. Enjoavam. Borravam- -se de medo... Debatiam-se os sábios nestas dúvidas, quase dispostos a riscar a Lua da lista dos planetas, quando a mãe do Larico, toda lampeira, decidiu, à sua conta, tomar providências. 2
  • 3. Alçou a cabeça para o céu e, sem mais aquelas, gritou ou guinchou, numa voz que ribombou pelos ares e fez tremer ainda mais as estrelas do firmamento: – Larico atrevido, salte imediatamente daí para baixo ou apanha uma grande sova! O ratinho obedeceu. Foi assim que nós nos salvámos de ficar sem Lua. FIM 3