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relacionamento com os leitores


  Jornalistas ganham plano de
  aposentadoria complementar




                                 A REVISTA DOS JORNALISTAS
                                 ANO 12   n
                                              Nº 56   n
                                                          JANEIRO A JUNHO DE 2009




   Vítimas da notícia
   O risco irreparável do ataque à reputação de inocentes
PRESTAÇÃO DE CONTAS AO CIDADÃO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – 2007/2009




                                 SOMANDO FORÇAS, ESTAMOS
                                RECUPERANDO O NOSSO ESTADO.
                                  VEJA ALGUNS RESULTADOS.
                                        NOS ÚLTIMOS 2 ANOS, O RIO DE JANEIRO COMEÇOU A MUDAR.
                                JÁ NÃO EXISTEM DESAFIOS IMPOSSÍVEIS. JUNTOS, PODEMOS FAZER MAIS.




SAÚDE                                              Mais de 700 policiais especialmente            OBRAS
                                                   treinados.
SAÚDE MODERNIZADA E QUATRO VEZES                                                                  GOVERNO REALIZA OBRAS QUE
                                                   Parcerias com Governo Federal,
MAIS PESSOAS ATENDIDAS                                                                            O ESTADO ESPERAVA HÁ DÉCADAS
                                                   prefeituras e sociedade.
Emergências UPA 24 Horas:                         Renovação da frota:                             Urbanização e habitação beneficiando
 20 unidades construídas em 17 meses.              1.300 veículos comprados.                      200 mil famílias.
 2.019.533 pacientes atendidos.                    Manutenção garantida e terceirizada            Melhorias no saneamento e água de
 1.197.046 exames realizados.                      para 730 novos carros da PM.                   qualidade, para 3,4 milhões de pessoas,
 12.665.814 remédios distribuídos.                                                                com a Nova Cedae.
 Cartão Saúde com cadastro informatizado          Construção do Centro de Inteligência
 e personalizado.                                 Policial mais moderno do país.                  A maior retirada de esgoto da
                                                                                                  Baía de Guanabara, com a ampliação
Ampliação do SAMU:                                Estado líder no Brasil na implementação
                                                                                                  da Estação Alegria.
 50 novas ambulâncias.                            do Pronasci:
 Aumento de 167% nos atendimentos diários.         Mais de 20.000 agentes de segurança            Entrega de 4 pontes importantes para
                                                   realizando cursos de capacitação e 700         o interior do estado:
Modernização da rede de saúde:                     recebendo Bolsa-Auxílio no valor               Resende, Cabo Frio, Campos e São Fidélis.
 R$ 108 milhões para a compra de                   de R$ 400,00.                                   Pavimentação e restauração de 553
 equipamentos (tomógrafos, aparelhos                                                               quilômetros de vias públicas em todo
 de ultrassonografias, leitos etc.)                                                                o Rio de Janeiro.
 em pregões internacionais no fim de 2007.
 O maior investimento em equipamentos
                                                  EDUCAÇÃO                                        Início do Arco Rodoviário,
 hospitalares na história do Rio.                 O SÉCULO XXI CHEGA ÀS ESCOLAS                   que irá desafogar o tráfego para capital
                                                  PÚBLICAS ESTADUAIS                              e Baixada Fluminense, projeto estratégico
Salto de produtividade com maior                                                                  para o desenvolvimento do estado.
economia do dinheiro público:                     Cada professor em sala de aula
 Em 2008, foram quase 6,3 milhões                 recebeu um laptop com conexão para
 de exames contra 2,5 milhões                     internet em banda larga, totalizando
 no ano anterior.                                 50 mil computadores.
                                                                                                  GESTÃO PÚBLICA
 A terceirização dos exames de laboratório                                                        GASTOS DESNECESSÁRIOS TRANSFORMADOS
                                                  Todas as 1.600 escolas estaduais foram
 possibilitou uma redução de gasto anual                                                          EM INVESTIMENTOS PRIORITÁRIOS
                                                  dotadas de laboratórios de informática
 de 135 para 28 milhões de reais.
                                                  conectados à internet.                          Economia de 1,3 bilhão de reais
No total, foram investidos                                                                        em gastos públicos até 2009.
                                                  Todas as 19 mil salas de aula também
na saúde 400 milhões de reais acima                                                                Meta até 2010: 3,5 bilhões de reais.
                                                  receberam um computador com
do piso estabelecido pela lei.
                                                  banda larga.                                    Recursos economizados permitem
Em 2 anos, os atendimentos                                                                        aumento dos investimentos em saúde,
                                                  No total, a rede estadual possui hoje
realizados pela rede pública estadual                                                             segurança e educação.
                                                  10 vezes mais computadores do que tinha
foram multiplicados por 4.
                                                  2 anos antes, em 2006.                          Novo modelo de controle dos
                                                                                                  projetos do governo e de seus objetivos,
                                                  Modernização da gestão das escolas:
                                                                                                  garantindo melhores resultados
                                                   Acompanhamento das atividades
SEGURANÇA                                          de 1 milhão e 500 mil alunos através
                                                                                                  para a população.
REINTEGRAÇÃO DE COMUNIDADES DOMINADAS              de cartões digitais.                           Definição de um plano estratégico,
POR CRIMINOSOS E POLÍCIA REEQUIPADA                                                               com 47 projetos prioritários para
                                                  Criação de portais de internet
Comunidades Dona Marta, Cidade de Deus                                                            o futuro do Rio.
                                                  com conteúdos específicos para alunos
e Batam reintegradas:                             e professores.
 Adoção da filosofia de policiamento
                                                  Desenvolvimento de escolas-piloto
 comunitário.
                                                  focadas nos novos mercados de trabalho,
                                                  como a Nave, na Tijuca, no Rio de Janeiro.




REAFIRMANDO SEU COMPROMISSO COM A TRANSPARÊNCIA NA GESTÃO PÚBLICA, O GOVERNO DO RIO DE JANEIRO OFERECE AOS CIDADÃOS SUA PRESTAÇÃO DE CONTAS.
editorial                    3



                     Q
                                ue a liberdade para a prática do Jornalismo é
                                fundamental numa sociedade democrática prati-
                                camente todos concordam. Mas ela exige muita
                     responsabilidade, já que a mídia tem poder de em pouco
                     tempo destruir uma reputação. E isso pode acontecer em
                     virtude de uma matéria mal-apurada ou mal-intenciona-
                     da mesmo. Este é o assunto da matéria principal desta
                     edição, que, a partir de alguns casos, como o do médico
                     Joaquim Ribeiro Filho, busca refletir sobre os danos que
                     os jornalistas podem causar quando não fazem direito
                     seu trabalho, apurando a veracidade da informação ou
                     aceitando como verdade absoluta a informação da fonte.
                     E discutir se o furo é mais importante que a informação
                     correta. Também discutimos a transparência a partir da
                     decisão da Petrobras de postar em seu blogue os pedi-
                     dos de informação de jornalistas e as respostas que dá.
                     Afinal, a informação pertence à empresa, à sociedade ou
                     ao veículo? E a fonte divulgar a informação antes do meio
                     de comunicação fere a ética? A discussão continua nas
                     redações. Trazemos ainda matéria sobre os blogues de
                     jornalistas, que estão nos veículos e páginas pessoais e
                     estabelecem novo paradigma na relação com os leitores.
                     E exigem novos parâmetros, como o que deve ser corta-
                     do, etc. E ainda saber estabelecer a diferença entre blo-
                     gue jornalístico e blogue de jornalista. Essa reflexão não
                     vai sair da pauta, pois os blogues vieram para ficar. Como
                     veio para ficar o plano de previdência dos jornalistas, o FE-
                     NAJprev. Após quatro anos de um trabalho que começou
                     com o Sindicato do Rio de Janeiro, foi lançado o plano
                     que, administrado pela Petros, vai oferecer aos jornalistas
                     planos para garantir uma aposentadoria melhor. Veja as
Nelson Moreira
Editor responsável   condições nesta edição. E boa leitura.

                                                      Lide nº 56 JANEIRO A JUNHO DE 2009
                                                          n     n
índice
                                                      ALBERTO JACOB FILHO
                                                                            Lide
                                                                            A REVISTA DOS JORNALISTAS

                                                                            Publicação semestral do Sindicato dos
        3        editorial                                                  Jornalistas Profissionais do Município
                                                                            do Rio de Janeiro
                                                                            Rua Evaristo da Veiga 16, 17° andar
                                                                            CEP 20031-040, Centro, Rio de Janeiro (Rj)
        5        cartas                                                     Tel.: (21) 3906-2450. Fax: (21) 3906-2463
                                                                            sindicato-rio@jornalistas.org.br


        6        perfil                                                     Editor:
                                                                            Nelson Moreira (Mtb 17.048)

                                                                            Subeditor:
        11       livros                                                     Manoel Franco

                                                                            Diagramação e produção gráfica:

        12
                                                                            Alessandro Matheus
                 blogue Petrobras      Repórter fotográfico
                                       registrou o nascimento da            Diretoria do Sindicato:
                                       Bossa Nova em Copacabana             Suzana Blass (presidente),
                                                                            Rogério Marques (vice-presidente)
                                                                            Aziz Filho (secretário-geral)
                                                                            Regina Célia Lopes (primeiro-tesoureiro)
                                                                            Nelson Moreira (segundo-tesoureiro)

                                                                            Conselho Fiscal

                                         16      capa                       Júlio César Guimarães, Marília Ferreira
                                                                            Viana e Renata Chaiber

                                                                            Delegados junto à Fenaj
                                     Risco de prejudicar inocentes          Alberto Jacob Filho e Sônia Regina S.
                                     com denúncia mentirosa aumenta         Gomes
                                     responsabilidade dos jornalistas
                                                                            Suplentes
                                                                            Ana Cláudia Costa, José Luís Laranjo,
                                                                            Ilza Araújo, Marisa Bastos e Nacif Elias
                                                    JúLIO CéSAR GuIMARãES


        22       FenajPrev                                                  Comissão de Ética:
                                                                            Carmem Pereira, Iara Cruz, Jorge Freitas,
                                                                            Maurílio Ferreira e Rogério Daflon

        24       blogues                                                    Comissão de apoio:
                                                                            André Jockyman, Beth Costa,
                                                                            Clelmo Carvalho, Elba Boechat,
                 João Saldanha
        28
                                                                            Jorge Antonio Barros, Marcelo Moreira,
                 e caso Bloch                                               Mario Russo, Miro Nunes.

                                                                            Comissão de Jornalistas pela
        29       diploma
                                       Estudantes e jornalistas
                                                                            Igualdade Racial – Cojira-Rio
                                                                            (Coordenação):
                                       protestam contra decisão do          Angélica Basthi, Miro Nunes e
                                       STF e ganham apoio político          Sandra Martins
        30       artigo
                                                                            Impressão: Gráfica MEC Editora
                                                                            Tiragem: cinco mil exemplares

Lide nº 56 JANEIRO A JUNHO DE 2009
    n        n
cartas                  5


Quer criticar? Reclamar? Sugerir? Contestar? Ou, até, elogiar?
É aqui, no espaço que pertence aos leitores da LIDE. Para participar é simples:
por carta: Rua Evaristo da Veiga 16, 17o andar, CEP 20031-040, Centro, Rio de Janeiro, RJ;
por fax: (21) 3906-2463; e por e-mail: sindicato-rio@jornalistas.org.br. Participe!


Duplo ensaio                                                                                                                   Dicas importantes

                                                                                  Lide
                                               Evandro Teixeira conta no Perfil


Saúdo a LIDE pela matéria do Rodri-                                                                                            Gostei muito da matéria da Alaíde da
                                                   curiosidades de sua carreira


                                           Em ascensão, Jornalismo automotivo
                                            mistura paixão com profissionalismo


go Camarão, um jovem talentoso,                                                                                                Silva, na LIDE 55, sobre o trabalho
                                                                                  A REVISTA DOS JORNALISTAS
querido e amigo, sobre o Evandro Tei-                                             ANO 11 Nº 55 JULHO/AGOSTO/SETEMBRO DE 2008
                                                                                             


                                                                                                                               de jornalistas nas editorias de auto-
xeira. Como repórter, cobri várias ma-                                                                                         móveis. Sou estudante de Jornalismo
nifestações de rua ao lado do Evan-                                                                                            e quero me especializar nessa área.
dro. Ele me ajudou muito, me orien-                                                                                            As informações que li são muito im-
tou para evitar confrontos da polícia                                                                                          portantes. Os perigos dos “releases”
com manifestantes. Mas ele próprio                                                                                             e dos “presentes” das empresas aos
botava a cara na reta, para buscar e                                                                                           jornalistas, por exemplo, nos alertam
registrar os momentos mais graves                                                                                              para armadilhas que devemos evitar
da luta pela redemocratização do pa-                                                                                           em nome da ética e da isenção.
ís. Evandro sempre partiu do particu-                 Interesse público                                                        Gosto desse tipo de matéria que leio
                                                     Formação específica é essencial ao bom Jornalismo
lar para o geral. Não se fixava num                                                                                            como se fosse uma aula agradável.




                                           “
ponto, andava de um lado para outro                                                                                                                Thiago Da Costa
procurando o melhor ângulo, a me-
lhor foto. O perfil do Evandro Teixeira,                                                                                       sem Diploma
traçado pelo Rodrigo Camarão, vale                                                                                             Os ministros do STF não se sensibi-
por um duplo ensaio fotobiográfico.
    José Pereira da Silva, Pereirinha
                                            Ministros do STF                                                                   lizaram diante da opinião de jorna-
                                                                                                                               listas e da população em geral, ex-

Grata surpresa
                                             confundiram                                                                       pressa em pesquisas de opinião.
                                                                                                                               Por oito votos a um, o do solitário
Na LIDE 55, tomei conhecimento do
livro ‘Comunicação e Democracia –
                                             liberdade de                                                                      Marco Aurélio de Mello, derrubaram
                                                                                                                               a exigência do diploma de Jornalis-
problemas e perspectivas’, de Rosiley
Maia e Wilson Gomes. O livro ajudou
                                           expressão com a                                                                     mo para se exercer a profissão de
                                                                                                                               jornalista. Confundiram liberdade
muito na pesquisa para a monografia
que comecei a escrever sobre o tema,
                                           profissão. Resta o                                                                  de expressão com a prática de fun-
                                                                                                                               ções que são exclusivas de uma
que em geral só é mais abordado em
                                           Poder Legislativo                                                                   profissão, e que exigem técnica e




                                                                                                  ”
obras publicadas por autores estran-                                                                                           conhecimento teórico específico, a
geiros. Grata surpresa para quem gos-                                                                                          exemplo das profissões de advoga-
ta de (ou precisa) receber informação                                                                                          do, professor, psicólogo, etc. Agora,
sobre comunicação e política.                                Ruy de Souza Panteão                                              resta esperar o Poder Legislativo.
                        Cecília Cortez                             Jornalista                                                                Ruy de Souza Panteão



                                                                                                                                  Lide nº 56 JANEIRO A JUNHO DE 2009
                                                                                                                                      n      n
6       perfil
                                    Antonio Nery

                                                                                            Quando jovens
ALBERTO JACOB FILHO




                                                                                            artistas davam
                                                                                            forma à bossa nova,
                                                                                            repórter fotográfico
                                                                                            registrava ensaios
                                                                                            e shows no circuito
                                                                                            musical/boêmio do
                                                                                            Beco das Garrafas
                                                                                            por Manoel Franco

                                                                                            n No início dos anos 1960, um grupo
                                                                                            de jovens artistas de grande talento se
                                                                                            reunia, ensaiava e se apresentava em
                                                                                            shows no chamado Beco das Garra-
                                                                                            fas, em Copacabana. Nas boates
                                                                                            Bottle’s Bar, Ma Giffe, Bacará e Little
                                                                                            Club, os notáveis João Gilberto, Tom
                                                                                            Jobim, Carlos Lyra, Nara Leão e Vi-
                                                                                            nícius de Moraes, entre outros, eram
                                                                                            protagonistas de um momento histó-
                                                                                            rico. Eles davam forma à bossa nova,
                                                                                            um gênero musical que enriqueceu a
                                                                                            música brasileira e encantou grande
                                                                                            parte do mundo, principalmente a
                                                                                            Europa e os Estados Unidos.
                                                                                                Um jovem repórter fotográfico
                                                                                            trabalhava nas imediações. Contrata-
                                                                                            do pelo restaurante Au Bon Gourmet,
                                                                                            trocava a noite pelo dia registrando
                                                                                            grande parte daqueles momentos de
                                                                                            glória. Durante muito tempo, guar-
                                                                                            dou esse material e só há alguns anos
                                                                                            parou para ordená-lo em arquivo.
                                                                                            Hoje, ele é dono de um dos maiores
                                                                                            e mais importantes acervos de foto-
                                                           Livro que pretende publicar já   grafias com aqueles que fizeram his-
                                                           tem capa, mas falta patrocínio   tória. Sobre o tema, realizou a maio-

                      Lide nº 56 JANEIRO A JUNHO DE 2009
                          n     n
7


NA HORA CERTA,
NO LUGAR CERTO
E COM AS
PESSOAS CERTAS
                                            “
ria de suas exposições – só no ano                              Jamille, que mantinha um bom rela-
passado foram três, uma delas em                                cionamento com a grande comunida-
Nova York, em comemoração aos 50                                de síria da região, ensinou-o a fazer
anos da bossa nova.                            Sempre tive      quitutes deliciosos, doces e salgados.
     Para transitar por ambiente musi-                          Além de pratos da comida árabe, ela
cal tão sofisticado no Rio de Janeiro,      verdadeira paixão   preparava, como poucos, uma delicio-
esse profissional da fotografia passou                          sa galinha com quiabo. O segredo
por situações bem diversas do trabalho       para desenhar      dessa culinária está em receitas que ele
pelo qual optou antes de completar 20                           não se importa em repassar.
anos. Sua origem é interiorana. Nas-         e copiar figuras       À escola ele chegou tarde e não
ceu em 1935 na cidade de Muzambi-                               adquiriu gosto pelo estudo conven-
nho (MG), próximo de Guaxupé,                 ou fotos que      cional. Preferia desenhar e principal-
terra famosa por produzir um café de                            mente copiar figuras e fotos. “Tinha
alta qualidade. Descendente de italia-      me atraíssem pela   verdadeira paixão por copiar.” Tímido
nos e negros e índios brasileiros, por                          e introvertido, foi ótimo seus pais o
                                             beleza plástica


                                                        ”
parte de pai, e de sírios pelo lado da                          terem matriculado no rigoroso Colé-
família materna, foi criado com mui-                            gio São José de Muzambinho, de pa-
tos mimos: é o caçula de uma prole                              dres franciscanos. Ajudou sob dois
formada por três irmãs e somente um                             aspectos: ensinou-o a valorizar a dis-
irmão – outro irmão morreu ao com-                              ciplina e a tornar-se mais sociável.
pletar 30 dias de vida.                                         “Antes, eu era um garoto isolado que
     Dos pais, herdou virtudes e qua-                           não gostava de me relacionar com as
lidades que acrescentaram pontos pre-                           outras crianças. Não gostava de em-
ciosos à sua vida profissional e pessoal.                       pinar papagaio (pipa) nem de jogar
Seu pai, Hugo, ferreiro paciente, era                           pião, como a maioria dos meninos.”
um artista, um artesão que usava o                                  Com a ida para São Paulo com a
seu principal instrumento de traba-                             família, aos 14 anos, sua vida se mo-
lho, a bigorna, para fabricar enxadas,                          dificou radicalmente. “Sou de um
ferraduras, picaretas, etc. Sua mãe,                            tempo e de um lugar em que as pes-

                                                                 Lide nº 56 JANEIRO A JUNHO DE 2009
                                                                      n      n
8        perfil
                             Antonio Nery

                                                    1
REPRODUÇÕES




                                                          2




                                                          3                                           4



              soas chamavam ‘prostituta’ de ‘rapa-      para o Rio de Janeiro, a capital federal   aprendeu princípios de contabilidade,
              riga’, e as mulheres direitas não fuma-   e cultural do país na época. Nos pri-      e entrou finalmente no universo artís-
              vam”, diz hoje, para mostrar as difi-     meiros anos, adolescente, esbarrou         tico. Matriculou-se no Liceu de Artes
              culdades que encontrou ao sair de um      por coincidência com pessoas ligadas       e Ofícios e começou a estudar dese-
              lugarejo provinciano para uma cidade      a jogadores de futebol. A pensão em        nho com Modestino Kanto, autor do
              cosmopolita, a “locomotiva do Bra-        que trabalhou em serviços de faxina,       monumento ao marechal Deodoro da
              sil”. “Fiquei apavorado com aqueles       na Central do Brasil, pertencia a um       Fonseca, no Rio de Janeiro, e mode-
              prédios enormes”, conta. Dias depois,     casal de portugueses, avós do jogador      lagem com o escultor Paulo Mazu-
              tomou um susto ainda maior e achou        Orlando Pingo de Ouro, da Seleção          quelli. No início, passou por um pro-
              que nunca mais iria rever a família.      de 1950. Depois, na empresa Prolar,        blema insólito. “Morria de vergonha
              “Saí e me perdi porque esqueci de         onde servia café para a diretoria, tinha   diante das modelos que posavam nu-
              anotar o endereço de casa. Passei o       oportunidade de estar com os jogado-       as. E elas nem ligavam, claro. Depois
              dia inteiro na rua, e só depois de mui-   res do Fluminense que apareciam lá         me acostumei também.”
              to andar consegui achar onde mora-        para receber o “bicho” – recompensa             Servir ao Exército, na Artilharia
              va. Já era noite, e fiquei realmente      em dinheiro por vitória ou mesmo           Montada, na Quinta da Boa Vista,
              muito amedrontado.”                       empate –, distribuído por um dos do-       motivou-o para comprar a primeira
                   A permanência em São Paulo foi       nos da empresa, diretor do clube.          máquina fotográfica, uma Kapsa, de
              passageira. Serviu apenas como uma             Quando trabalhava na Casa Vitó-       fabricação nacional. “Tratei de cava-
              adaptação para a mudança definitiva       ria, especializada em venda de pneus,      los, organizei o almoxarifado e acam-

              Lide nº 56 JANEIRO A JUNHO DE 2009
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5                                                                      6

                                           7     1. Olívia Marinho e Grande Otelo          8
                                                 em 1956, quando o repórter
                                                 fotográfico tinha 21 anos;
                                                 2. O jovem Abelardo Barbosa,
                                                 Chacrinha; 3. Armando Marques,
                                                 árbitro polêmico de futebol,
                                                 e o controvertido Wilson Simonal
                                                 no Maracanã; 4. Efeito mágico
                                                 na foto em que aparece
                                                 Elizeth Cardoso; 5. Booker
                                                 Pitman com o seu clarinete,
                                                 acariciado pela filha Eliana;
                                                 6. Vinícius de Moraes canta ao
                                                 lado de Tom Jobim ao piano;
                                                 7. Carlinhos Lyra, Nara Leão e
                                                 Vinícius; 8. Paulo Gracindo,
                                                 consagrado ator, também
                                                 trabalhou como locutor na
                                                 Rádio Nacional




    pamentos. Comprei a máquina para           tratado pela revista Noite Ilustrada, foi   Jean Manzon. E em 1960 começou a
    guardar recordações daquele tempo.”        cobrir um ensaio da cantora Dalva de        trabalhar no Copacabana Palace Ho-
    Ao sair de lá, voltou ao antigo empre-     Oliveira. Fez muitas fotos, mas parou       tel. Lá, registrou a presença no Brasil
    go na Casa Vitória e às aulas no Liceu     quando Dalva passou mal, desmaiou           de Tony Bennet, Nat King Cole, Ella
    de Artes e Ofícios, onde aprimorou         e saiu carregada do palco. Com certe-       Fitzgerald, Sammy Davis Jr. e Lennie
    conhecimentos sobre técnicas artísti-      za, Noite Ilustrada quebraria todos os      Dale, entre outras celebridades inter-
    cas: proporção, ritmo, movimento,          seus recordes de venda em banca se          nacionais. Os anos seguintes foram
    equilíbrio, tonalidades de claro e es-     tivesse publicado as fotos do desmaio       marcados pelos encontros com o pes-
    curo, volume e profundidade. Nos           de uma das mais famosas cantoras do         soal da bossa nova, ali perto, no Beco
    fins de semana, arrumava tempo para        país. “Fiz tudo direito, só não fotogra-    das Garrafas.
    fotografar festas, exposições e outros     fei o melhor. Coisa de foca.”                    A carga excessiva de trabalho cria-
    eventos.                                        Na Última Hora trabalhou como          va situações pouco convencionais, co-
         Já na função de repórter fotográfi-   laboratorista fotográfico, mas sempre       mo a do dia do seu casamento com
    co, começou na revista Brasil Munici-      arrumava tempo para fotografar,             Maria da Conceição, em 31 de de-
    palista, “uma picaretagem”, e depois       principalmente nos plantões, quando         zembro de 1960. Logo depois da ceri-
    na Artistas em Foco, uma versão da         havia menos profissionais na redação.       mônia, despediu-se da noiva por volta
    famosa Revista do Rádio, sobre a vida      Em seguida, durante dois anos, foi          das 21h porque tinha de estar no Co-
    de artistas e personalidades. Nessa        laboratorista de uma empresa coman-         pacabana Palace para registrar a festa
    época se deu um caso engraçado. Con-       dada pelo fotógrafo e cineasta francês      de passagem de ano dos hóspedes, a

                                                                                               Lide nº 56 JANEIRO A JUNHO DE 2009
                                                                                                   n     n
10        perfil
               Antonio Nery
maioria estrangeiros endinheirados.
“Fotografava e revelava, enquanto co-
mandava uma equipe de cinco fotó-
grafos, e apresentava as fotos às pesso-
                                           1
as minutos depois. Saí de lá às dez da
manhã do dia seguinte. Durante esses
anos foi sempre assim. Chegava tarde
em casa e ela já nem reclamava mais.”
O casal viveu junto até a morte de
Maria da Conceição, em 2001.
     Entre 1962 a 1969, o repórter
fotográfico passou por vários veículos
de comunicação: revistas Manchete,
Fatos & Fotos e Jóia, de Bloch Edito-                                     3
res, jornais O Dia e A Notícia, Últi-
ma Hora, Folha da Tarde e Folha de
S.Paulo. No jornal O Globo ele en-         2
trou em 1970 e só saiu em 1993. De-
pois, passou a trabalhar como frila em
jornais e revistas. Agora, seu maior       1. Casamento do repórter
desejo é produzir um livro que reúna       fotográfico com Maria da
                                           Conceição; 2. Aos 15 anos,
em pelo menos 200 páginas as fotos         como “mocinho” ou
tiradas em pouco mais de 50 anos de        “bandido”?; 3. No
profissão. As imagens já foram sele-       Copacabana Palace em 1961;
cionadas e os textos, parcialmente         4. Escultura de sua autoria;
                                           5. Desenhar, uma paixão;
concluídos. Para dar prosseguimento
                                           6. O pai, ferreiro, e a mãe,   4   5
ao projeto, ele espera conseguir patro-    quituteira; 7. Pelé, em pose
cínio. Enquanto isso, passa a maior        exclusiva; 8. No Exército,
parte do tempo em casa, em Itaipua-        sentiu necessidade de
çu, onde mora desde 2002.                  comprar a primeira máquina
     Faltou contar uma história. A da
marca do seu nome artístico, origina-      8
da na ocasião em que começou a tra-
balhar nas revistas da Editora Bloch.
Um dia entregou ao chefe de reporta-
gem três fotos que tirou em uma ceri-
mônia, que seria editada como um
sensacionalista “Casamento na Um-
banda”. O repórter que escreveria a                                       6
história passou por maus momentos
porque não dispunha de nada concre-
to para apurar o fato. Mas a matéria
saiu. Na edição, acharam melhor tro-
car o nome do repórter fotográfico, de
Antonio Nery para A. Nery. Justificati-
va: os Bloch iam achar o máximo. n

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livros                 11


PELÉ – ESTRELA NEGRA EM CAMPOS VERDES
ANGÉLICA BASTHI
Pelé enfrentou dificuldades de ordem econômica, familiar, afetiva. Teve problemas com os
filhos, sofreu baques comerciais, viveu dois casamentos e romances. Agora, ressurge como
personagem múltiplo e complexo, idolatrado por admiradores no mundo, mas fiel ao me-
nino que saiu com a familia de Três Corações para conquistar o mundo. É o que a jornalis-
ta relata, com graça e leveza, a partir de vasta e rigorosa pesquisa documental.
196 PÁGINAS – R$ 34,00 – EDITORA GARAMOND




NA HUMILDADE
DIANE DUQUE
Um relato perturbador do inferno. Livro-reportagem no qual a jornalista conta as suas ex-
periências depois de visitar três unidades penitenciárias e centros de recuperação para
dependentes químicos. Presos falam da vida criminosa e da rotina no cárcere, e os depen-
dentes contam de que forma se viciaram e a dificuldade da recuperação. O título Na Hu-
mildade é uma alusão aos dois grupos que usam o termo de diferentes formas.
156 PÁGINAS – R$ 15,00 – EDIÇÃO INDEPENDENTE – www.NAHUMILDADE.COM.BR




CIÊNCIA E JORNALISMO
CREMILDA MEDINA
A linguagem dialógica que a autora pesquisa há mais de quatro décadas articula reflexão
teórica com prática narrativa. Seu pensamento invoca, na essência, outra maneira de estar
no mundo em oposição à técnica tradicional da entrevista ou da observação dos fenômenos
contemporâneos. O leitor é convidado a partilhar a construção do texto: temas envolventes
vêm à tona, salientando o laço democrático entre ciência, sociedade e comunicação social.
120 PÁGINAS – R$ 26,90 – SUMMUS EDITORIAL




REPORTAGEM DE TELEVISÃO
JOÃO ELIAS DA CRUZ NETO
O livro especifica as fases da reportagem para ser exibida na televisão. Apresenta ainda uma
série de cinco reportagens que foram exibidas, analisando as cinco pautas, os cinco textos
dos repórteres e as modificações realizadas pelo editor de texto. Indicado para estudantes
de Jornalismo, para quem deseja trabalhar em televisão ou quer simplesmente conhecer
um pouco mais a respeito do processo de produção de notícia na televisão.
144 PÁGINAS – R$ 23,00 – EDITORA VOZES




                                                         Lide nº 56 JANEIRO A JUNHO DE 2009
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12     tendências




quebra de sigilo
ou diálogo sem
segredos?
Para empresa jornalística, “Fatos e dados” é intimidação; Petrobras
alega necessidade de transparência na relação com a imprensa
por Michel Alecrim                        tagens no início de junho, mostrou           A estratégia é adotada por gran-
                                          que há limites para a “espiadinha”.      des companhias norte-americanas,
n Há jornalistas que afirmam que, se      Mas deu aos leitores a chance de ver     mas os jornais daqui reagiram à novi-
câmeras transmitissem o que aconte-       as reportagens sob novo ângulo.          dade. O blogue acabou “vazando” as
ce nas redações, o programa Big Bro-           O blogue Fatos e Dados (http://     pautas de alguns veículos, abrindo a
ther teria que se aposentar. Provavel-    petrobrasfatosedados.worldpress.         possibilidade de um concorrente ver
mente o que é dito em tom de ane-         com) foi criado pela empresa depois      o que o outro está apurando. Isso le-
dota nunca será testado na prática,       que senadores de oposição ao governo     vou a empresa a mudar o método e a
mas alguns episódios ajudam a di-         pediram a instalação de CPI para         guardar suas postagens até a madru-
mensionar o que provocaria uma exi-       apurar denúncia de corrupção na es-      gada da publicação.
bição desse tipo. Como a decisão da       tatal. Reportagens nos principais veí-       O presidente da Federação Na-
Petrobras de publicar num blogue os       culos, com denúncias de irregularida-    cional dos Jornalistas (Fenaj), Sérgio
e-mails trocados entre sua assessoria e   des na gestão e supostos favorecimen-    Murillo de Andrade, critica a publi-
a imprensa. A divulgação das entre-       tos a aliados políticos, levaram a Pe-   cação prévia dos e-mails com as per-
vistas antes de as matérias irem para     trobras a não se contentar apenas em     guntas e acredita que é importante a
as páginas, como nas primeiras pos-       enviar suas respostas à imprensa.        fonte deixar claro para o repórter que

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                                 13




 “    A novidade é
     interessante e
     veio para ficar.
    Vai permitir que
    as pessoas tirem
      suas próprias
       conclusões

             Sérgio Murillo

                            ”
           Presidente da Fenaj




No início, as postagens do blogue
saíam antes do dia da publicação

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14       tendências
                             PAulO SIlvA
                                           pretende divulgar a entrevista a partir
                                           da veiculação da matéria para a com-
                                           paração dos leitores. E avalia que essa
                                           novidade veio para ficar.
                                                “Entrou um componente intimi-
                                           datório na antecipação das perguntas.
                                           Mas essa é uma inovação interessante,
                                           se não forem antecipadas as respostas.
                                           Permitirá que as pessoas tirem suas
                                           próprias conclusões”, afirmou.
                                                A possibilidade de os leitores te-
                                           rem mais informação sobre o traba-
                                           lho dos jornalistas é elogiada pelo
                                           diretor-executivo da Ong Transparên-
                                           cia Brasil, Claudio Weber Abramo,
                                           que já faz esse trabalho de monitora-




“                                                                                    “
                                           mento do poder público.
                                                “Ajuda a melhorar a qualidade da
                                           cobertura. O leitor tem acesso ao que
                                           foi perguntado e respondido. Mas
   Obrigados a                             senti falta de uma repercussão fora
                                           das redações”, comenta o matemático
                                                                                        O leitor tem
 abandonar uma                             e mestre em filosofia da ciência.
                                                Com experiência em reportagem,
                                                                                     acesso ao que foi
   esfera mais                             tema de vários livros seus, e também
                                           em assessoria de imprensa, o profes-
                                                                                       perguntado e
   fechada, os                             sor Nilson Lage vê na iniciativa da
                                           Petrobras uma nova tendência. Para
                                                                                     respondido. Mas
autores serão mais                         ele, mesmo que o público dos meios
                                           tradicionais de comunicação conti-
                                                                                       senti falta de
cautelosos. Haverá                         nue sendo maior, cada vez mais em-
                                           presas e órgãos públicos procurarão
                                                                                     repercussão fora
  mais seriedade                           falar diretamente com as pessoas.           das redações


                         ”                                                                                    ”
                                                “O debate acaba sendo bom para
                                           a profissão. Não é educado revelar o
                                           conteúdo de uma conversa, mas não
         Maurício Azêdo                    é proibido”, diz o professor da Uni-           Claudio Weber Abramo
         Presidente da ABI                 versidade Federal de Santa Catarina.      Diretor da ong Transparência Brasil
                                           Ele reconhece que distorções podem
                                           ocorrer sem que o repórter seja o res-
                                           ponsável, mas o deixaria exposto. “A
                                           corda sempre arrebenta do lado mais
                                           fraco”, diz Lage.
                                                O presidente da Associação Bra-
                                           sileira de Imprensa (ABI), Maurício
                                           Azêdo, acredita que blogues como o

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da Petrobras podem levar a mudanças                                              violação de um terceiro.
em algumas coberturas. O direito de                                                   “Se a comunicação é dirigida a
defesa, para ele, se amplia. “Os auto-                                           uma pessoa e a divulgação se dá por
res serão mais cautelosos, por ter de                                            esta mesma pessoa não podemos con-
abandonar uma esfera mais fechada.                                               cluir pelo descumprimento do precei-
Haverá mais seriedade”, avalia.                                                  to constitucional ou mesmo pelo
     Ninguém da diretoria da Petro-                                              crime de violação de correspondên-
bras quis dar entrevista sobre o blo-                                            cia”, explica o especialista, que apon-
gue, mas a assessoria da empresa ne-                                             ta o direito da pessoa divulgar comu-
gou em e-mail a intenção de causar                                               nicação da qual ela é interlocutora.
intimidação à imprensa. “A verdade é                                                  Com o uso cada vez maior do e-
que o blog é uma ferramenta de co-                                               mail como forma de apuração e de
municação que visa a dar transparên-                                             entrevista, os repórteres precisam ficar
cia aos processos da Petrobras, ofere-                                           atentos ao que digitam. Tudo pode
cendo, de forma democrática, opor-                                               acabar exposto no Big Brother da In-
tunidade para a sociedade conhecer a                                             ternet. Não é comum que profissio-




                                           “
Companhia e os questionamentos                                                   nais tratem de assuntos de sua intimi-
feitos por meio da imprensa, na ínte-                                            dade nos e-mails trocados com fontes,
gra e sem edição”, diz a empresa.                                                mas essa seria uma exceção que, na
     A estatal afirma que não tinha o                                            visão do advogado, poderia impor
intuito de prejudicar o trabalho dos
jornalistas e por isso passou a evitar a
                                            Não podemos                          limite à publicação das conversas.
                                                                                      “Isso ocorre principalmente com
antecipação da postagem. “O relacio-
namento da Petrobras com a impren-
                                             concluir pelo                       relação ao conteúdo da mensagem.
                                                                                 Nesse sentido, temos o inciso X do
sa é pautado pela ética, comum a to-
dos os cidadãos, que devem ter acesso
                                           descumprimento                        artigo 5º da Constituição Federal que
                                                                                 dispõe serem invioláveis a intimidade,
à informação. A Petrobras está divul-
gando as perguntas e respostas a par-
                                              de preceito                        a vida privada, a honra e a imagem
                                                                                 das pessoas”, afirma Souza.
tir de zero hora do dia da publicação
das matérias, comprovando que nun-
                                            constitucional                            A Petrobras se diz no direito de
                                                                                 publicar o conteúdo. “A companhia
ca quis prejudicar o trabalho dos jor-
nalistas, já que tem o objetivo comum
                                           nem pelo crime                        tem liberdade para publicar a íntegra
                                                                                 das respostas que fornece aos veículos
de tornar as informações transparen-          de violação                        de comunicação porque é fonte e de-




                                                                    ”
tes para a sociedade”, informou.                                                 tentora dos dados disponibilizados.
     A publicação das perguntas dos                                              No campo jurídico, especialistas con-
jornalistas gerou um debate inédito                                              sultados reafirmam a legalidade de
na imprensa: a inviolabilidade dos e-           Luiz Henrique Souza              nossa decisão”, alega a empresa.
mails dos repórteres. Acostumados a        Advogado na área de direito digital        A bisbilhotagem comum ao
defender o sigilo das fontes, os jor-                                            mundo das celebridades e dos parti-
nais cobraram proteção à sua corres-                                             cipantes do Big Brother ainda é roti-
pondência. Segundo o advogado Luiz                                               na distante da vida dos jornalistas,
Henrique Souza, especializado na                                                 mas ter seu trabalho cada vez mais
nova modalidade direito digital, a                                               acompanhado pelo público virou ten-
Constituição Federal garante a invio-                                            dência inevitável. E quem está acos-
labilidade do sigilo das correspon-                                              tumado a cobrar transparência está
dências de uma forma geral, contra a                                             tendo que se adaptar a ela. n

                                                                                  Lide nº 56 JANEIRO A JUNHO DE 2009
                                                                                       n      n
16     capa



Risco de publicação de notícias tendenciosas ou manipuladas
aumenta a responsabilidade dos jornalistas. Na busca rápida
por informação de qualidade, profissionais experientes
recomendam rigor na escolha das fontes e preocupação para
evitar erros que prejudiquem inocentes de modo irreparável




A REPUTAÇÃO AL
EM NOSSAS M
por Tatiana Moraes                        detido pela polícia e julgado. Os veí-   parar na lista dos grandes vilões da
                                          culos de comunicação divulgaram o        informação sem fundamento. Este
n O médico Joaquim Ribeiro Filho,         caso com alarde e seu nome ficou em      caso veio se somar a outros, respon-
um dos maiores especialistas em           evidência durante dias. Meses depois,    sáveis por causar danos irreparáveis
transplante de fígado do país, foi acu-   o médico provou sua inocência. Foi       a pessoas envolvidas em noticiários
sado há um ano de ter montado um          absolvido da acusação, tanto em um       mentirosos. A qualidade da informa-
esquema fraudulento para furar a fila     julgamento no Conselho Regional de       ção foi para a lata do lixo. Analistas
única de pacientes à espera de trans-     Medicina quanto em um processo na        de comunicação entendem que o
plante no Hospital do Fundão, no          21ª Vara da Justiça Federal.             desafio do jornalismo é se fazer in-
Rio de Janeiro. Por conta disso, foi          A imprensa, mais uma vez, foi        dispensável, não somente pelos “fu-



Lide nº 56 JANEIRO A JUNHO DE 2009
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                                          marcO aNTONiO Teixeira




LHEIA
MÃOS
 ros”, mas pela apuração bem feita,
 pela notícia divulgada sem erros e
 que dispensa o sensacionalismo. A
 busca da informação, componente
 que nutre as redações, deve ter dire-
 trizes éticas, de respeito ao próximo,
 sob o risco de o jornalismo perder
                                                                   “ Não existe jornal e emissora de
                                                                   rádio ou TV na imprensa profissional
                                                                       que não queira reparar erros


                                                                                                                        ”
 sua essência. É importante ter a
 consciência de que o trabalho da im-
 prensa pode interferir tanto para o                                      Luiz Novaes, editor executivo de O Globo




                                                                                                 Lide nº 56 JANEIRO A JUNHO DE 2009
                                                                                                     n     n
18        capa




“
                                     bem quanto para o mal na vida das        com relação às fontes e evitar aquelas
                                     pessoas e instituições.                  que só se preocupam em “turbinar”
                                                                              as investigações e arranjar culpados.
  O importante é                     CRUELDADE                                Rapidamente, sem provas concretas,
                                         Outro caso de repercussão atingiu    querem passar trabalhos adiante e se
    confirmar a                      cruelmente a jovem Sabrina Aparecida     destacar como servidores públicos
                                     Marques Mendes, de 21 anos. Ela foi      eficientes diante de seus superiores e
    informação,                      apresentada à imprensa pela polícia      até da própria imprensa.
                                     como uma das pessoas que participa-           Por esse motivo, uma agenda te-
  mesmo que seja                     ram do incêndio de um ônibus, em         lefônica com bons contatos ainda tem
                                     ação comandada por traficantes no        um valor inestimável em nosso meio.
 curta. A qualidade                  bairro da Penha, no Rio de Janeiro.      Ela sempre fará a diferença na hora
                                     No incêndio, morreram 13 pessoas,        de apurar casos polêmicos, cercados
  deve prevalecer                    dentre elas uma criança de um ano.       de versões contraditórias.
                                         Além do noticiário que levou em
sobre a quantidade


                         ”
                                     conta apenas a versão da polícia, Sa-    ‘BARRIGA’
                                     brina passou 27 dias presa e viveu            Principalmente num momento
                                     uma experiência augustiante e pavo-      em que a notícia ganha mais veloci-
                                     rosa. Era ameaçada o tempo todo de       dade pelo impulso de novas tecnolo-
             Paulo Cabral
                                     linchamento pelas outras prisioneiras    gias, é indispensável conciliar rapidez
        Correspondente da BBC
                                     e quando saiu de lá soube que perde-     com qualidade. Uma não pode se dis-
                                     ra o emprego. Dias depois, compro-       tanciar da outra sem colocar em risco
                                     vou-se a sua inocência.                  a credibilidade. Paulo Cabral, corres-
                                         Por que isso acontece? “Em sua       pondente da BBC, diz que o jornalis-
                                     essência, todas as infrações cometidas   ta precisa ser cada vez mais cuidadoso
                                     pelos meios de comunicação derivam       e valorizar a informação confiável.
                                     de apuração mal feita”, responde Luiz         “Todo jornalista já errou, eu já
                                     Antônio Novaes, editor executivo do      errei. Vivemos sob pressão para noti-
                                     jornal O Globo.                          ciar novidades. Mas o importante é
                                         Esse é um caso para ser encarado     que só divulguemos a informação
                                     com aguçado senso crítico. As infor-     confirmada, mesmo que esta seja cur-
                                     mações transmitidas pela polícia nem     ta. A qualidade deve prevalecer sobre
                                     sempre são corretas. Nessas matérias,    a quantidade”, ensina.
                                     é comum a reprodução de versões de            O caso da brasileira Paula Olivei-
                                     agentes envolvidos na repressão e        ra, que mora na Suíça, também é em-
                                     também na investigação policial. Na-     blemático e exigiu até a intervenção
                                     da mais natural, pelo fato de esses      da diplomacia do Itamaraty na histó-
                                     policiais estarem na linha de frente     ria. Ela apareceu com o corpo marca-
                                     dos acontecimentos. Jornalistas mais     do por cortes que teriam sido feitos
                                     experientes, no entanto, recomendam      por homens de um grupo nazista
                                     atenção e coerência na apuração.         com estilete. Disse que teve a gravidez
                                         É fundamental ser previdente         interrompida e acusou o grupo racis-



Lide nº 56 JANEIRO A JUNHO DE 2009
    n      n
19




“    As regras da
    justiça comum
   são capazes de
      amparar as
   pessoas que se
  sintam ofendidas
      por calúnia

           Nilo Batista




estação de trem.
                          ”
 Advogado e professor universitário


ta de tê-la torturado perto de uma       Para o deputado federal Miro Teixei-
                                         ra, sempre haverá uma saída. “Há
                                                                                 blicada somente a partir de rigorosa
                                                                                 confirmação ou investigação. Não
    A imprensa brasileira repercutiu     erros, e como há! Mas se colocarmos     pode sob nenhuma hipótese trans-
o caso com alarde e patriotismo equi-    erros e acertos em uma balança, vere-   formar-se em um espetáculo sensa-
vocado. Mais tarde, provou-se que ela    mos que os erros são insignificantes    cionalista para vender mais ou con-
se autoflagelara e não estava grávida.   se considerarmos os benefícios con-     quistar audiência.
Agora se sabe que em Zurique, local      quistados pelo país e pela população         É uma questão ética na qual de-
do ocorrido, nenhuma autoridade da       com os acertos.”                        vem estar envolvidos todos os profis-
cidade foi entrevistada por brasileiro        Além disso, erros podem ser cor-   sionais de um veículo: desde o profis-
para detalhar a história até o momen-    rigidos na edição seguinte, assim co-   sional na “escuta”, repórteres, chefes
to do desmentido oficial pelas auto-     mo as decisões judiciais podem ser      de reportagem, passando por redato-
ridades suíças.                          anuladas nas instâncias superiores,     res, subeditores e editores de área, até
    Nesse caso, ficou em jogo a repu-    garante Miro, que também é jorna-       chegar aos postos da hieraquia supe-
tação de um país. O portal do Ob-        lista e advogado.                       rior, como editores executivos e dire-
servatório da Imprensa classificou o          Mas a força da imprensa é avas-    tores de redação.
noticiário brasileiro como a maior       saladora e não há como negar o vigor         Para minimizar os erros de infor-
“barriga” de toda a história do jorna-   de uma denúncia publicada em um         mação, a solução também se encon-
lismo nacional.                          veículo de alcance nacional. As con-    tra fora do âmbito jornalístico. “É
    Erros e acertos, porém, fazem        sequências serão sempre graves. Uma     preciso que os jornalistas se conscien-
parte do nosso cotidiano profissional.   denúncia deve ser esclarecida e pu-     tizem de sua responsabilidade crimi-



                                                                                  Lide nº 56 JANEIRO A JUNHO DE 2009
                                                                                       n      n
20       capa




“
                                     nal e que todos saibam que podem




                                                                                 “
                                     responder por calúnia, ato ilícito e
                                     até por precipitação de julgamento”,
                                     ressalta Nilo Batista.
    Uma agenda                           E há sempre uma maneira prática                 Há
                                     de melhorar a relação mídia-entrevis-
 com fontes bem                      tado-população. O diálogo com os              personagens
                                     responsáveis pelos veículos de comu-
 informadas faz a                    nicação é sempre o melhor caminho.            que se dizem
                                     “Não existe jornal, canal de televisão
 diferença na hora                   ou emissora de rádio na imprensa               jornalistas e
                                     profissional que não queira reparar
  de apurar casos                    erros”, diz Luiz Novaes.                       construíram
                                         Para ele, a imprensa comete abu-
     polêmicos                       so quando não dá o direito de respos-         fortunas com
                                     ta em casos de calúnia, injúria ou
    com versões                      difamação. Administrar com mais                chantagens


                                                                                                          ”
                                     eficiência esse direito de resposta é
   contraditórias                    uma das receitas sugeridas por Miro




                         ”
                                     Teixeira para aperfeiçoar o trabalho
                                     da imprensa. “Em alguns casos, a boa                  Miro Teixeira
                                                                                       Jornalista e advogado
                                     informação está na resposta.”
                                         Ainda sobre o caso do médico
                                     Joaquim Ribeiro, o deputado consi-
                                     dera importante que os veículos de
                                     comunicação se mobilizem no senti-       mo, que interferia diretamente na li-
                                     do de realizar atos de desagravo ao      berdade de imprensa”, atesta o jorna-
                                     profissional e também para concreti-     lista Luiz Novaes, editor-executivo do
                                     zar ações de reparação de danos cau-     jornal O Globo.
                                     sados pelo noticiário mentiroso. A            Segundo o deputado Miro Tei-
                                     sugestão tem fundamento, mas é im-       xeira (PDT-RJ), o caso do médico
                                     provável que os meios de comunica-       Joaquim Ribeiro serve de exemplo
                                     ção se retratem publicamente.            para provar que a existência de uma
                                                                              lei de imprensa, que vigorava na épo-
                                     MAIS LEIS?                               ca do “escândalo”, não assegura au-
                                         Até ser derrubada pelo Supremo       mento de responsabilidade nem coíbe
                                     Tribunal Federal (STF), em abril, a      erros de jornalistas, dos veículos de
                                     Lei de Imprensa ditava as regras desse   comunicação ou dos dois.
                                     relacionamento no cotidiano nacio-            Mas o tema é polêmico quando
                                     nal. Imposta pela força da ditadura,     se trata de saber se há necessidade de
                                     hoje a lei não encontra defensores.      uma nova lei de imprensa ou se o ar-
                                     “Era um antigo retrato do autoritaris-   cabouço jurídico brasileiro está capa-



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                                                                                    mental discutir pontos da lei favorá-
                                                                                    veis ao trabalho jornalístico.
                                                                                         “Agora, o direito de sigilo da fon-
                                                                                    te passa a correr sério risco. Além dis-
                                                                                    so, considerava-se que o crime de
                                                                                    imprensa era praticado apenas pelo
                                                                                    autor do texto. Pelo regimento da jus-
                                                                                    tiça comum, houve uma mudança”,
                                                                                    assegura e destaca: “Os profissionais
                                                                                    da área perderam a proteção à liber-
                                                                                    dade de imprensa.”
                                                                                         Sua preocupação se fundamenta
                                                                                    no confronto entre liberdade de ex-
                                                                                    pressão e o direito a um julgamento
                                                                                    justo. Quanto ao capítulo das indeni-
                                                                                    zações, Miro Teixeira não vê motivo
                                                                                    para preocupação: “Um juiz deverá
                                                                                    ser justo e não determinará valores
                                                                                    além das possibilidades financeiras do
                                                                                    perdedor de uma ação.”
                                                                                         Para Novaes, a legislação em vi-
                                                                                    gor é suficiente para regulamentar o
                                                                                    trabalho da imprensa. Miro concor-
                                                                                    da. “Não precisamos de mais leis. O
                                                                                    Brasil tem lei de imprensa desde o
citado para julgar qualquer questão          A Lei de Imprensa era decrépita        Império. Antes da primeira Consti-
relacionada com a imprensa e o tra-      por se referir a situações ultrapassa-     tuição, a de 1824, conhecemos três.
balho de seus profissionais. Os erros    das. Considerava, por exemplo, “in-        Para todos os casos, existem a Cons-
acontecem, infelizmente, mas eles        tolerável a propaganda de guerra e de      tituição e os Códigos Penal e Civil.”
podem ser reparados, segundo o ad-       processos de subversão da ordem pú-             Os abusos e julgamentos precipi-
vogado Nilo Batista, comentando o        blica e social”, além de prever pena de    tados no passado recente foram co-
caso do médico.                          prisão para jornalistas por delito de      metidos sob a vigência de uma lei de
     “Esse profissional foi execrado,    opinião e não admitir “prova de ver-       imprensa, destaca.
duramente acusado, massacrado pela       dade em casos de acusação contra o               “Acredito na melhor convivência
imprensa, mas no final das contas        presidente da República e integrantes      entre a notícia e a verdade. O jorna-
conseguiu provar sua inocência. As       do governo”.                               lista tem que ser um profissional da
regras da justiça comum são capazes          A mesma lei assegurava, no en-         verdade. Há personagens que se di-
de amparar as pessoas que se sintam      tanto, o respeito ao sigilo das fontes e   zem jornalistas e construíram fortu-
ofendidas por calúnia”, afirma Batis-    informações recolhidas por jornalistas     nas com chantagens. Normalmente,
ta, que é professor titular de Direito   e também fixava teto para indeniza-        têm seus próprios meios de comuni-
Penal da UFRJ e da Uerj e ex-secre-      ções por danos morais. Por esse mo-        cação. Não devem ser confundidos
tário de Justiça do Estado do Rio.       tivo, Nilo Batista considera funda-        com jornalistas.” n



                                                                                     Lide nº 56 JANEIRO A JUNHO DE 2009
                                                                                          n      n
22        FENAJprev


A APOSENTADORIA




                                                                                                                                ALBERTO JACOB FILHO
COMPLEMENTAR
DOS JORNALISTAS
Plano de previdência privada tem uma série de vantagens por
ser administrado pela Petros, uma entidade sem fins lucrativos
n Lançado no dia 10 de julho, no Rio       sobre as movimentações de suas contas      renda mensal. Já o resgate total do in-
de Janeiro, o FENAJprev é uma alter-       no Plano. A partir dos 55 anos já é pos-   vestimento pode ser feito a qualquer
nativa vantajosa para o jornalista inte-   sível ter direito a uma renda, com uma     instante sem prejuízo ao participante.
ressado em adquirir um Plano de Pre-       contribuição mínima de cinco anos.         Não há limite mínimo de idade para
vidência Complementar, independen-              No momento da requisição do           adesão ao Plano.
temente de ter registro em carteira ou     benefício, 25% do valor do montante             O participante também pode al-
de trabalhar como frila.                   acumulado no Plano podem ser resga-        terar o valor das contribuições ou re-
     Por ser administrado pela Petros      tados de uma só vez. O restante será       alizar aportes extras para aumentar o




                                           “
(Fundação Petrobras de Seguridade So-      utilizado para o pagamento de uma          patrimônio, além de contratar cober-
cial), uma entidade sem fins lucrativos,                                              tura extra para benefícios de risco,
o participante paga somente uma taxa                                                  como morte e invalidez. Esta moda-
de administração, que é inferior às pra-                                              lidade é oferecida pela seguradora
ticadas pelos bancos e seguradoras.
    Também pela infraestrutura instala-
                                            A redução da taxa                         Mongeral, parceira da Petros.
                                                                                           Para aderir ao FENAJprev, basta
da e pelo volume de recursos adminis-
trados, a Petros tem possibilidade de
                                            de administração                          ser associado ao Sindicato dos Jorna-
                                                                                      listas Profissionais do Município do
alcançar melhores resultados nos inves-
timentos e não cobra taxa anual sobre
                                             de 6% para 4%                            Rio ou aos sindicatos dos estados de
                                                                                      Pernambuco, Paraná, Tocantins, Goi-
o patrimônio, como fazem bancos e
seguradoras de previdência aberta.
                                            vai significar uma                        ás, Minas Gerais ou Espírito Santo.
                                                                                           O FENAJprev oferece mais van-
     Para maior transparência, o FE-
NAJprev tem um Comitê Gestor
                                             renda maior de                           tagens. Em breve a taxa de adminis-
                                                                                      tração, hoje estabelecida em 6%, será
composto por representantes dos jor-          aposentadoria                           reduzida para 4%, índice bem abaixo




                                                                       ”
nalistas e por técnicos da Petros, in-                                                dos estabelecidos no mercado. “Como
cumbido de acompanhar as questões                                                     o valor do benefício a receber é calcu-
de seguridade e dos investimentos.                                                    lado com base no patrimônio dos par-
     O participante pode acompanhar              Maurício França Rubens               ticipantes, esta redução significa uma
de perto a gestão e recebe informações        Diretor de Seguridade da Petros         renda de aposentadoria maior”, anali-

Lide nº 56 JANEIRO A JUNHO DE 2009
    n      n
FENAJprev                               23




  Lançamento do FENAJprev no Rio: Sérgio Murillo, presidente da
  Fenaj, discursa ao lado de Suzana Blass, presidente do SJPMRJ



sa o diretor de Seguridade da Petros,     de contribuição e a projeção de renda    mações podem ser obtidas ainda pelo
Maurício França Rubens. Também é          para a sua aposentadoria.                telefone 0800 025 35 45.
possível deduzir até 12% do total de           Para se ter uma ideia, uma pessoa        O FENAJprev surgiu de uma ini-
rendimentos anuais no momento da          com 25 anos que opte por se aposen-      ciativa do Sindicato carioca. As con-
declaração do Imposto de Renda.           tar aos 65 anos e tenha contribuído      versações para sua constituição tive-
    A Petros administra planos insti-     com 100 reais por mês, terá um saldo     ram início em 2005 na gestão da di-
tuídos para outros conselhos de classe    acumulado de R$ 396.608,47. Este         retoria presidida por Aziz Filho, hoje
e sindicatos, como o Simeprev do          valor, transformado em renda do Pla-     secretário-geral do Sindicato.
Sindicato dos Médicos, o CRAPrev          no, gera um benefício mensal de R$            O Plano foi encampado pela Fenaj
dos Conselhos de Administração e o        2.444,30. Essa simulação não consi-      que passou a administrar a adesão de
CROPrev dos Conselhos de Odonto-          dera contribuição para cobertura adi-    outros sindicatos. A Petros, escolhida
logia, entre outros.                      cional para Renda de Aposentadoria       para administrá-lo, encaminhou pro-
    Congênere do FENAJprev, o             por Invalidez e Pensão por Morte.        cesso para a Secretaria de Previdência
CROprev obteve nos últimos três anos           Vale lembrar que este é um exem-    Complementar que o aprovou.
rendimentos superiores à poupança e       plo ilustrativo em que foi utilizada          Criada pela Petrobras há 39
ao CDI e bem acima de índices do          uma rentabilidade anual de 9,0% pa-      anos, a Petros é uma entidade de pre-
IPCA (veja tabela ao lado). Em maio       ra simular os valores apresentados. O    vidência fechada sem fins lucrativos.
deste ano, a rentabilidade das aplica-    montante do patrimônio acumulado         Tem um patrimônio de R$ 41 bi-
ções alcançou 1,09%, enquanto o           e da renda dependerá de fatores como     lhões, uma carteira de clientes com
CDI e a poupança mantiveram-se em         valor das contribuições realizadas,      41 empresas, 47 entidades de classe e
0,77% e 0,57%, respectivamente.           tempo de capitalização e rentabilida-    cerca de 130 mil pessoas inscritas nos
    O interessado em aderir ao FE-        de alcançada no período. Mais infor-     planos que administra. n
NAJprev deve acessar a página do
Sindicato dos Jornalistas Profissionais       TABELA COMPARATIVA DE RENTABILIDADE
do Município do Rio de Janeiro na             Período   CROprev   Poupança     CDI                         IPCA
Internet – www.jornalistas.org.br –,          2006      15,71%    8,32%        15,03%                      3,14%
no linque do Plano, onde também               2007      11,59%    7,71%        11,82%                      4,46%
poderá fazer simulações sobre valores         2008      12,57%    7,90%        12,38%                      5,90%

                                                                                    Lide nº 56 JANEIRO A JUNHO DE 2009
                                                                                        n      n
24       mídia




                                           André Machado desaconselha
                                           excesso de intimidade com leitor




Blogue:
você aInda vaI ter um
Fenômeno se espalha democraticamente na Internet e amplia
nova forma de comunicação, mais direta e próxima dos leitores

Lide nº 56 JANEIRO A JUNHO DE 2009
    n     n
25




                                            “
por Marlos Mendes                                                                         com/blogs/andremachado/), especia-
                                                                                          lizado em segurança da informação,
n A Internet facilitou e acelerou o aces-                                                 no ar desde 2007, e dos blogues lite-
so ao consumo da informação, mas foi
o fenômeno dos blogues que efetiva-
                                               Tento deixar                               rários Comentários e Versos do Cada-
                                                                                          falso e Cadafalso II, onde escreve po-
mente permitiu a qualquer cidadão
conectado produzi-la e divulgá-la em
                                            claro o que está                              emas e pequenos contos desde 2001.
                                                                                               Pedro Doria, repórter especial e
grande escala. Nada de software com-
plicado ou linguagens de programação:
                                            acontecendo no                                colunista do Estadão e blogueiro des-
                                                                                          de 2002, quando integrava a equipe
tudo se resume a acessar um site que
funciona como um processador de tex-
                                            mundo e explicar                              da revista eletrônica No Mínimo,
                                                                                          acredita que não existem fórmulas
tos e publicar. De simples diários pes-
soais, os blogues evoluíram para publi-
                                            melhor o que o                                prontas e aposta na experimentação.
                                                                                          “Tento deixar claro o que está acon-
cações pessoais ou coletivas contendo
informações, notícias, comentários e
                                              jornal apenas                               tecendo no mundo e explicar melhor
                                                                                          o que o jornal apenas noticiou. Gosto
opiniões. E todo blogueiro passou a ter          noticiou                                 de pensar que o blogue pode também




                                                                ”
um pouco de jornalista.                                                                   ser uma leitura divertida, por vezes
     Ante o sucesso da blogosfera, os                                                     inusitada, surpreendente, mais leve
veículos de comunicação não tarda-                                                        do que o pesado jornal que se folheia
ram em montar blogues para seus                  Cristina De Luca                         de manhã. Tenho liberdade para pu-
profissionais, criando canais alterna-        Diretora do Gol Mobile                      blicar o que eu quiser”, explica o au-
tivos para os leitores. Para os jornalis-                                                 tor do Pedro Doria Weblog (http://
tas profissionais, o formato se impõe                                                     pedrodoria.com.br).
como um campo obrigatório de ex-                                                               Para não ser apenas mais um em
                                                                       EVANDRO TEIXEIRA




ploração, repleto de desafios e opor-                                                     meio ao turbilhão de informações
tunidades, tanto na produção e divul-                                                     online, é preciso buscar diferenciais.
gação do conteúdo quanto no rela-                                                         “Como a informação virou commodi-
cionamento com o leitor. E, apesar de                                                     ty, a opinião faz a diferença. Os seus
ainda não haver regras sedimentadas                                                       leitores esperam a sua opinião sobre
para ser fazer um “blogue jornalísti-                                                     o que todo mundo está falando. Ou
co”, algumas tendências ganham for-                                                       você acrescenta algo novo ou perde a
ça no mercado.                                                                            relevância. Você não precisa vestir a
     Muitos jornalistas blogueiros                                                        camisa do veículo”, acredita Cristina
apontam a liberdade em relação aos                                                        De Luca, diretora de conteúdo da
padrões da “velha mídia” e o contato                                                      Gol Mobile, que foi editora dos sites
direto e próximo com os leitores co-                                                      Globo Online, Globo.com e O Dia
mo principais vantagens dos blogues.                                                      Online, e desde 2000 mantém um
“Ser mais pessoal e opinativo e apro-                                                     blogue de tecnologia, que já teve vá-
ximar você do leitor são as razões de                                                     rios nomes e endereços e hoje está em
ser do blogue. Mas sem excesso de                                                         www.webdeluca.com.
intimidade”, avalia André Machado,                                                             Autora do blogue Futebol &
repórter da revista e do site Digital, do                                                 Afins, Marluci Martins também apro-
Globo. Ele é autor do blogue Segu-                                                        veita o espaço para ser mais opinativa,
rança Digital (http://oglobo.globo.                                                       o que não pode fazer nas matérias pu-



                                                                                           Lide nº 56 JANEIRO A JUNHO DE 2009
                                                                                                n     n
26        mídia
blicadas no jornal. O desafio é separar




                                          MÁRCIO MERCANTE
o que vai para o blogue e o que vai
para as páginas impressas. “É frus-
trante não poder dar no blogue uma
informação importante, mas o carro-
chefe é o jornal, que tem maior reper-
cussão. O blogue é mais uma brinca-
deira levada a sério”, diz.
     Tão a sério que ela sempre leva
sua câmera digital a tiracolo e publica
comentários sobre o mundo da bola
mesmo nos dias de folga. “Tento atu-
alizar o blogue todos os dias porque é
isso que aproxima e mantém o leitor”,




                                                            “
acredita Marluci, que é subeditora do
Ataque, caderno de esportes do DIA.
     Não há fórmulas tampouco para
o tratamento dado ao conteúdo onli-
ne e o impresso. André Machado co-                             É frustrante, mas a notícia importante
meçou o blogue de segurança da in-
formação para aproveitar pautas que                              vai para o jornal. O blogue é mais
não saíam no papel, o que hoje evita.
                                                                   uma brincadeira levada a sério


                                                                                                                                ”
     “Às vezes, boto lá uma matéria
que saiu no impresso, mas de modo
geral separo as coisas porque na re-
vista Digital escrevo sobre temas va-                                       Marluci Martins, de O Dia e do Futebol & Afins
riados, não apenas segurança”, conta.
O blogue também atualiza temas                                   “Muitas vezes coloco a matéria no   intensa e muitas vezes tensa.
obrigatórios como alertas sobre ata-                        site e dou um post com o linque para         “Você acaba aprendendo a lidar
ques de vírus e novos golpes de                             a matéria, ou faço um opinativo com-     com o público. Aquela distância de
phishing scam (quando o internauta                          plementar. Nas matérias jornalísticas,   respeito entre o jornalista e o leitor,
é induzido a clicar num linque e,                           o tom tem que ser mais neutro. No        que normalmente existe, desaparece
sem querer, instala um código mali-                         blogue, eu posso me espalhar”, diz o     por completo. Os leitores às vezes
cioso em seu computador).                                   crítico musical.                         são carinhosos. Noutras, agressivos
     Pedro Doria considera que a inte-                           Se discussão é o que não               pacas. E estão constantemente
gração ainda é válida. “Costumo tra-                        falta nos veículos online,                    questionando o jornalista”, con-
zer matérias publicadas no impresso                         nos blogues ela fica ainda                     ta Pedro Doria.
para a discussão no blogue. No início                       mais intensa já que o leitor                        André Machado também
a discussão me incomodava. Hoje,                            se sente ainda mais próxi-                     reclama da agressividade de al-
sinto falta dela no impresso”, avalia.                      mo do autor, e ambos                          guns leitores, principalmente
Jamari França, autor do Jam Sessions                        formam uma comunida-
(http://oglobo.globo.com/blogs/jama-                        de unida por interes-                                        Pedro Doria é
ri) e setorista de música há 23 anos,                       ses comuns.                                                  constantemente
também busca harmonizar as mídias.                          A relação é                                                  questionado




Lide nº 56 JANEIRO A JUNHO DE 2009
    n      n
Revista lide56
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  • 1. Lide Blogues tornam mais popular relacionamento com os leitores Jornalistas ganham plano de aposentadoria complementar A REVISTA DOS JORNALISTAS ANO 12 n Nº 56 n JANEIRO A JUNHO DE 2009 Vítimas da notícia O risco irreparável do ataque à reputação de inocentes
  • 2. PRESTAÇÃO DE CONTAS AO CIDADÃO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – 2007/2009 SOMANDO FORÇAS, ESTAMOS RECUPERANDO O NOSSO ESTADO. VEJA ALGUNS RESULTADOS. NOS ÚLTIMOS 2 ANOS, O RIO DE JANEIRO COMEÇOU A MUDAR. JÁ NÃO EXISTEM DESAFIOS IMPOSSÍVEIS. JUNTOS, PODEMOS FAZER MAIS. SAÚDE Mais de 700 policiais especialmente OBRAS treinados. SAÚDE MODERNIZADA E QUATRO VEZES GOVERNO REALIZA OBRAS QUE Parcerias com Governo Federal, MAIS PESSOAS ATENDIDAS O ESTADO ESPERAVA HÁ DÉCADAS prefeituras e sociedade. Emergências UPA 24 Horas: Renovação da frota: Urbanização e habitação beneficiando 20 unidades construídas em 17 meses. 1.300 veículos comprados. 200 mil famílias. 2.019.533 pacientes atendidos. Manutenção garantida e terceirizada Melhorias no saneamento e água de 1.197.046 exames realizados. para 730 novos carros da PM. qualidade, para 3,4 milhões de pessoas, 12.665.814 remédios distribuídos. com a Nova Cedae. Cartão Saúde com cadastro informatizado Construção do Centro de Inteligência e personalizado. Policial mais moderno do país. A maior retirada de esgoto da Baía de Guanabara, com a ampliação Ampliação do SAMU: Estado líder no Brasil na implementação da Estação Alegria. 50 novas ambulâncias. do Pronasci: Aumento de 167% nos atendimentos diários. Mais de 20.000 agentes de segurança Entrega de 4 pontes importantes para realizando cursos de capacitação e 700 o interior do estado: Modernização da rede de saúde: recebendo Bolsa-Auxílio no valor Resende, Cabo Frio, Campos e São Fidélis. R$ 108 milhões para a compra de de R$ 400,00. Pavimentação e restauração de 553 equipamentos (tomógrafos, aparelhos quilômetros de vias públicas em todo de ultrassonografias, leitos etc.) o Rio de Janeiro. em pregões internacionais no fim de 2007. O maior investimento em equipamentos EDUCAÇÃO Início do Arco Rodoviário, hospitalares na história do Rio. O SÉCULO XXI CHEGA ÀS ESCOLAS que irá desafogar o tráfego para capital PÚBLICAS ESTADUAIS e Baixada Fluminense, projeto estratégico Salto de produtividade com maior para o desenvolvimento do estado. economia do dinheiro público: Cada professor em sala de aula Em 2008, foram quase 6,3 milhões recebeu um laptop com conexão para de exames contra 2,5 milhões internet em banda larga, totalizando no ano anterior. 50 mil computadores. GESTÃO PÚBLICA A terceirização dos exames de laboratório GASTOS DESNECESSÁRIOS TRANSFORMADOS Todas as 1.600 escolas estaduais foram possibilitou uma redução de gasto anual EM INVESTIMENTOS PRIORITÁRIOS dotadas de laboratórios de informática de 135 para 28 milhões de reais. conectados à internet. Economia de 1,3 bilhão de reais No total, foram investidos em gastos públicos até 2009. Todas as 19 mil salas de aula também na saúde 400 milhões de reais acima Meta até 2010: 3,5 bilhões de reais. receberam um computador com do piso estabelecido pela lei. banda larga. Recursos economizados permitem Em 2 anos, os atendimentos aumento dos investimentos em saúde, No total, a rede estadual possui hoje realizados pela rede pública estadual segurança e educação. 10 vezes mais computadores do que tinha foram multiplicados por 4. 2 anos antes, em 2006. Novo modelo de controle dos projetos do governo e de seus objetivos, Modernização da gestão das escolas: garantindo melhores resultados Acompanhamento das atividades SEGURANÇA de 1 milhão e 500 mil alunos através para a população. REINTEGRAÇÃO DE COMUNIDADES DOMINADAS de cartões digitais. Definição de um plano estratégico, POR CRIMINOSOS E POLÍCIA REEQUIPADA com 47 projetos prioritários para Criação de portais de internet Comunidades Dona Marta, Cidade de Deus o futuro do Rio. com conteúdos específicos para alunos e Batam reintegradas: e professores. Adoção da filosofia de policiamento Desenvolvimento de escolas-piloto comunitário. focadas nos novos mercados de trabalho, como a Nave, na Tijuca, no Rio de Janeiro. REAFIRMANDO SEU COMPROMISSO COM A TRANSPARÊNCIA NA GESTÃO PÚBLICA, O GOVERNO DO RIO DE JANEIRO OFERECE AOS CIDADÃOS SUA PRESTAÇÃO DE CONTAS.
  • 3. editorial 3 Q ue a liberdade para a prática do Jornalismo é fundamental numa sociedade democrática prati- camente todos concordam. Mas ela exige muita responsabilidade, já que a mídia tem poder de em pouco tempo destruir uma reputação. E isso pode acontecer em virtude de uma matéria mal-apurada ou mal-intenciona- da mesmo. Este é o assunto da matéria principal desta edição, que, a partir de alguns casos, como o do médico Joaquim Ribeiro Filho, busca refletir sobre os danos que os jornalistas podem causar quando não fazem direito seu trabalho, apurando a veracidade da informação ou aceitando como verdade absoluta a informação da fonte. E discutir se o furo é mais importante que a informação correta. Também discutimos a transparência a partir da decisão da Petrobras de postar em seu blogue os pedi- dos de informação de jornalistas e as respostas que dá. Afinal, a informação pertence à empresa, à sociedade ou ao veículo? E a fonte divulgar a informação antes do meio de comunicação fere a ética? A discussão continua nas redações. Trazemos ainda matéria sobre os blogues de jornalistas, que estão nos veículos e páginas pessoais e estabelecem novo paradigma na relação com os leitores. E exigem novos parâmetros, como o que deve ser corta- do, etc. E ainda saber estabelecer a diferença entre blo- gue jornalístico e blogue de jornalista. Essa reflexão não vai sair da pauta, pois os blogues vieram para ficar. Como veio para ficar o plano de previdência dos jornalistas, o FE- NAJprev. Após quatro anos de um trabalho que começou com o Sindicato do Rio de Janeiro, foi lançado o plano que, administrado pela Petros, vai oferecer aos jornalistas planos para garantir uma aposentadoria melhor. Veja as Nelson Moreira Editor responsável condições nesta edição. E boa leitura. Lide nº 56 JANEIRO A JUNHO DE 2009 n n
  • 4. índice ALBERTO JACOB FILHO Lide A REVISTA DOS JORNALISTAS Publicação semestral do Sindicato dos 3 editorial Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro Rua Evaristo da Veiga 16, 17° andar CEP 20031-040, Centro, Rio de Janeiro (Rj) 5 cartas Tel.: (21) 3906-2450. Fax: (21) 3906-2463 sindicato-rio@jornalistas.org.br 6 perfil Editor: Nelson Moreira (Mtb 17.048) Subeditor: 11 livros Manoel Franco Diagramação e produção gráfica: 12 Alessandro Matheus blogue Petrobras Repórter fotográfico registrou o nascimento da Diretoria do Sindicato: Bossa Nova em Copacabana Suzana Blass (presidente), Rogério Marques (vice-presidente) Aziz Filho (secretário-geral) Regina Célia Lopes (primeiro-tesoureiro) Nelson Moreira (segundo-tesoureiro) Conselho Fiscal 16 capa Júlio César Guimarães, Marília Ferreira Viana e Renata Chaiber Delegados junto à Fenaj Risco de prejudicar inocentes Alberto Jacob Filho e Sônia Regina S. com denúncia mentirosa aumenta Gomes responsabilidade dos jornalistas Suplentes Ana Cláudia Costa, José Luís Laranjo, Ilza Araújo, Marisa Bastos e Nacif Elias JúLIO CéSAR GuIMARãES 22 FenajPrev Comissão de Ética: Carmem Pereira, Iara Cruz, Jorge Freitas, Maurílio Ferreira e Rogério Daflon 24 blogues Comissão de apoio: André Jockyman, Beth Costa, Clelmo Carvalho, Elba Boechat, João Saldanha 28 Jorge Antonio Barros, Marcelo Moreira, e caso Bloch Mario Russo, Miro Nunes. Comissão de Jornalistas pela 29 diploma Estudantes e jornalistas Igualdade Racial – Cojira-Rio (Coordenação): protestam contra decisão do Angélica Basthi, Miro Nunes e STF e ganham apoio político Sandra Martins 30 artigo Impressão: Gráfica MEC Editora Tiragem: cinco mil exemplares Lide nº 56 JANEIRO A JUNHO DE 2009 n n
  • 5. cartas 5 Quer criticar? Reclamar? Sugerir? Contestar? Ou, até, elogiar? É aqui, no espaço que pertence aos leitores da LIDE. Para participar é simples: por carta: Rua Evaristo da Veiga 16, 17o andar, CEP 20031-040, Centro, Rio de Janeiro, RJ; por fax: (21) 3906-2463; e por e-mail: sindicato-rio@jornalistas.org.br. Participe! Duplo ensaio Dicas importantes Lide Evandro Teixeira conta no Perfil Saúdo a LIDE pela matéria do Rodri- Gostei muito da matéria da Alaíde da curiosidades de sua carreira Em ascensão, Jornalismo automotivo mistura paixão com profissionalismo go Camarão, um jovem talentoso, Silva, na LIDE 55, sobre o trabalho A REVISTA DOS JORNALISTAS querido e amigo, sobre o Evandro Tei- ANO 11 Nº 55 JULHO/AGOSTO/SETEMBRO DE 2008   de jornalistas nas editorias de auto- xeira. Como repórter, cobri várias ma- móveis. Sou estudante de Jornalismo nifestações de rua ao lado do Evan- e quero me especializar nessa área. dro. Ele me ajudou muito, me orien- As informações que li são muito im- tou para evitar confrontos da polícia portantes. Os perigos dos “releases” com manifestantes. Mas ele próprio e dos “presentes” das empresas aos botava a cara na reta, para buscar e jornalistas, por exemplo, nos alertam registrar os momentos mais graves para armadilhas que devemos evitar da luta pela redemocratização do pa- em nome da ética e da isenção. ís. Evandro sempre partiu do particu- Interesse público Gosto desse tipo de matéria que leio Formação específica é essencial ao bom Jornalismo lar para o geral. Não se fixava num como se fosse uma aula agradável. “ ponto, andava de um lado para outro Thiago Da Costa procurando o melhor ângulo, a me- lhor foto. O perfil do Evandro Teixeira, sem Diploma traçado pelo Rodrigo Camarão, vale Os ministros do STF não se sensibi- por um duplo ensaio fotobiográfico. José Pereira da Silva, Pereirinha Ministros do STF lizaram diante da opinião de jorna- listas e da população em geral, ex- Grata surpresa confundiram pressa em pesquisas de opinião. Por oito votos a um, o do solitário Na LIDE 55, tomei conhecimento do livro ‘Comunicação e Democracia – liberdade de Marco Aurélio de Mello, derrubaram a exigência do diploma de Jornalis- problemas e perspectivas’, de Rosiley Maia e Wilson Gomes. O livro ajudou expressão com a mo para se exercer a profissão de jornalista. Confundiram liberdade muito na pesquisa para a monografia que comecei a escrever sobre o tema, profissão. Resta o de expressão com a prática de fun- ções que são exclusivas de uma que em geral só é mais abordado em Poder Legislativo profissão, e que exigem técnica e ” obras publicadas por autores estran- conhecimento teórico específico, a geiros. Grata surpresa para quem gos- exemplo das profissões de advoga- ta de (ou precisa) receber informação do, professor, psicólogo, etc. Agora, sobre comunicação e política. Ruy de Souza Panteão resta esperar o Poder Legislativo. Cecília Cortez Jornalista Ruy de Souza Panteão Lide nº 56 JANEIRO A JUNHO DE 2009 n n
  • 6. 6 perfil Antonio Nery Quando jovens ALBERTO JACOB FILHO artistas davam forma à bossa nova, repórter fotográfico registrava ensaios e shows no circuito musical/boêmio do Beco das Garrafas por Manoel Franco n No início dos anos 1960, um grupo de jovens artistas de grande talento se reunia, ensaiava e se apresentava em shows no chamado Beco das Garra- fas, em Copacabana. Nas boates Bottle’s Bar, Ma Giffe, Bacará e Little Club, os notáveis João Gilberto, Tom Jobim, Carlos Lyra, Nara Leão e Vi- nícius de Moraes, entre outros, eram protagonistas de um momento histó- rico. Eles davam forma à bossa nova, um gênero musical que enriqueceu a música brasileira e encantou grande parte do mundo, principalmente a Europa e os Estados Unidos. Um jovem repórter fotográfico trabalhava nas imediações. Contrata- do pelo restaurante Au Bon Gourmet, trocava a noite pelo dia registrando grande parte daqueles momentos de glória. Durante muito tempo, guar- dou esse material e só há alguns anos parou para ordená-lo em arquivo. Hoje, ele é dono de um dos maiores e mais importantes acervos de foto- Livro que pretende publicar já grafias com aqueles que fizeram his- tem capa, mas falta patrocínio tória. Sobre o tema, realizou a maio- Lide nº 56 JANEIRO A JUNHO DE 2009 n n
  • 7. 7 NA HORA CERTA, NO LUGAR CERTO E COM AS PESSOAS CERTAS “ ria de suas exposições – só no ano Jamille, que mantinha um bom rela- passado foram três, uma delas em cionamento com a grande comunida- Nova York, em comemoração aos 50 de síria da região, ensinou-o a fazer anos da bossa nova. Sempre tive quitutes deliciosos, doces e salgados. Para transitar por ambiente musi- Além de pratos da comida árabe, ela cal tão sofisticado no Rio de Janeiro, verdadeira paixão preparava, como poucos, uma delicio- esse profissional da fotografia passou sa galinha com quiabo. O segredo por situações bem diversas do trabalho para desenhar dessa culinária está em receitas que ele pelo qual optou antes de completar 20 não se importa em repassar. anos. Sua origem é interiorana. Nas- e copiar figuras À escola ele chegou tarde e não ceu em 1935 na cidade de Muzambi- adquiriu gosto pelo estudo conven- nho (MG), próximo de Guaxupé, ou fotos que cional. Preferia desenhar e principal- terra famosa por produzir um café de mente copiar figuras e fotos. “Tinha alta qualidade. Descendente de italia- me atraíssem pela verdadeira paixão por copiar.” Tímido nos e negros e índios brasileiros, por e introvertido, foi ótimo seus pais o beleza plástica ” parte de pai, e de sírios pelo lado da terem matriculado no rigoroso Colé- família materna, foi criado com mui- gio São José de Muzambinho, de pa- tos mimos: é o caçula de uma prole dres franciscanos. Ajudou sob dois formada por três irmãs e somente um aspectos: ensinou-o a valorizar a dis- irmão – outro irmão morreu ao com- ciplina e a tornar-se mais sociável. pletar 30 dias de vida. “Antes, eu era um garoto isolado que Dos pais, herdou virtudes e qua- não gostava de me relacionar com as lidades que acrescentaram pontos pre- outras crianças. Não gostava de em- ciosos à sua vida profissional e pessoal. pinar papagaio (pipa) nem de jogar Seu pai, Hugo, ferreiro paciente, era pião, como a maioria dos meninos.” um artista, um artesão que usava o Com a ida para São Paulo com a seu principal instrumento de traba- família, aos 14 anos, sua vida se mo- lho, a bigorna, para fabricar enxadas, dificou radicalmente. “Sou de um ferraduras, picaretas, etc. Sua mãe, tempo e de um lugar em que as pes- Lide nº 56 JANEIRO A JUNHO DE 2009 n n
  • 8. 8 perfil Antonio Nery 1 REPRODUÇÕES 2 3 4 soas chamavam ‘prostituta’ de ‘rapa- para o Rio de Janeiro, a capital federal aprendeu princípios de contabilidade, riga’, e as mulheres direitas não fuma- e cultural do país na época. Nos pri- e entrou finalmente no universo artís- vam”, diz hoje, para mostrar as difi- meiros anos, adolescente, esbarrou tico. Matriculou-se no Liceu de Artes culdades que encontrou ao sair de um por coincidência com pessoas ligadas e Ofícios e começou a estudar dese- lugarejo provinciano para uma cidade a jogadores de futebol. A pensão em nho com Modestino Kanto, autor do cosmopolita, a “locomotiva do Bra- que trabalhou em serviços de faxina, monumento ao marechal Deodoro da sil”. “Fiquei apavorado com aqueles na Central do Brasil, pertencia a um Fonseca, no Rio de Janeiro, e mode- prédios enormes”, conta. Dias depois, casal de portugueses, avós do jogador lagem com o escultor Paulo Mazu- tomou um susto ainda maior e achou Orlando Pingo de Ouro, da Seleção quelli. No início, passou por um pro- que nunca mais iria rever a família. de 1950. Depois, na empresa Prolar, blema insólito. “Morria de vergonha “Saí e me perdi porque esqueci de onde servia café para a diretoria, tinha diante das modelos que posavam nu- anotar o endereço de casa. Passei o oportunidade de estar com os jogado- as. E elas nem ligavam, claro. Depois dia inteiro na rua, e só depois de mui- res do Fluminense que apareciam lá me acostumei também.” to andar consegui achar onde mora- para receber o “bicho” – recompensa Servir ao Exército, na Artilharia va. Já era noite, e fiquei realmente em dinheiro por vitória ou mesmo Montada, na Quinta da Boa Vista, muito amedrontado.” empate –, distribuído por um dos do- motivou-o para comprar a primeira A permanência em São Paulo foi nos da empresa, diretor do clube. máquina fotográfica, uma Kapsa, de passageira. Serviu apenas como uma Quando trabalhava na Casa Vitó- fabricação nacional. “Tratei de cava- adaptação para a mudança definitiva ria, especializada em venda de pneus, los, organizei o almoxarifado e acam- Lide nº 56 JANEIRO A JUNHO DE 2009 n n
  • 9. 5 6 7 1. Olívia Marinho e Grande Otelo 8 em 1956, quando o repórter fotográfico tinha 21 anos; 2. O jovem Abelardo Barbosa, Chacrinha; 3. Armando Marques, árbitro polêmico de futebol, e o controvertido Wilson Simonal no Maracanã; 4. Efeito mágico na foto em que aparece Elizeth Cardoso; 5. Booker Pitman com o seu clarinete, acariciado pela filha Eliana; 6. Vinícius de Moraes canta ao lado de Tom Jobim ao piano; 7. Carlinhos Lyra, Nara Leão e Vinícius; 8. Paulo Gracindo, consagrado ator, também trabalhou como locutor na Rádio Nacional pamentos. Comprei a máquina para tratado pela revista Noite Ilustrada, foi Jean Manzon. E em 1960 começou a guardar recordações daquele tempo.” cobrir um ensaio da cantora Dalva de trabalhar no Copacabana Palace Ho- Ao sair de lá, voltou ao antigo empre- Oliveira. Fez muitas fotos, mas parou tel. Lá, registrou a presença no Brasil go na Casa Vitória e às aulas no Liceu quando Dalva passou mal, desmaiou de Tony Bennet, Nat King Cole, Ella de Artes e Ofícios, onde aprimorou e saiu carregada do palco. Com certe- Fitzgerald, Sammy Davis Jr. e Lennie conhecimentos sobre técnicas artísti- za, Noite Ilustrada quebraria todos os Dale, entre outras celebridades inter- cas: proporção, ritmo, movimento, seus recordes de venda em banca se nacionais. Os anos seguintes foram equilíbrio, tonalidades de claro e es- tivesse publicado as fotos do desmaio marcados pelos encontros com o pes- curo, volume e profundidade. Nos de uma das mais famosas cantoras do soal da bossa nova, ali perto, no Beco fins de semana, arrumava tempo para país. “Fiz tudo direito, só não fotogra- das Garrafas. fotografar festas, exposições e outros fei o melhor. Coisa de foca.” A carga excessiva de trabalho cria- eventos. Na Última Hora trabalhou como va situações pouco convencionais, co- Já na função de repórter fotográfi- laboratorista fotográfico, mas sempre mo a do dia do seu casamento com co, começou na revista Brasil Munici- arrumava tempo para fotografar, Maria da Conceição, em 31 de de- palista, “uma picaretagem”, e depois principalmente nos plantões, quando zembro de 1960. Logo depois da ceri- na Artistas em Foco, uma versão da havia menos profissionais na redação. mônia, despediu-se da noiva por volta famosa Revista do Rádio, sobre a vida Em seguida, durante dois anos, foi das 21h porque tinha de estar no Co- de artistas e personalidades. Nessa laboratorista de uma empresa coman- pacabana Palace para registrar a festa época se deu um caso engraçado. Con- dada pelo fotógrafo e cineasta francês de passagem de ano dos hóspedes, a Lide nº 56 JANEIRO A JUNHO DE 2009 n n
  • 10. 10 perfil Antonio Nery maioria estrangeiros endinheirados. “Fotografava e revelava, enquanto co- mandava uma equipe de cinco fotó- grafos, e apresentava as fotos às pesso- 1 as minutos depois. Saí de lá às dez da manhã do dia seguinte. Durante esses anos foi sempre assim. Chegava tarde em casa e ela já nem reclamava mais.” O casal viveu junto até a morte de Maria da Conceição, em 2001. Entre 1962 a 1969, o repórter fotográfico passou por vários veículos de comunicação: revistas Manchete, Fatos & Fotos e Jóia, de Bloch Edito- 3 res, jornais O Dia e A Notícia, Últi- ma Hora, Folha da Tarde e Folha de S.Paulo. No jornal O Globo ele en- 2 trou em 1970 e só saiu em 1993. De- pois, passou a trabalhar como frila em jornais e revistas. Agora, seu maior 1. Casamento do repórter desejo é produzir um livro que reúna fotográfico com Maria da Conceição; 2. Aos 15 anos, em pelo menos 200 páginas as fotos como “mocinho” ou tiradas em pouco mais de 50 anos de “bandido”?; 3. No profissão. As imagens já foram sele- Copacabana Palace em 1961; cionadas e os textos, parcialmente 4. Escultura de sua autoria; 5. Desenhar, uma paixão; concluídos. Para dar prosseguimento 6. O pai, ferreiro, e a mãe, 4 5 ao projeto, ele espera conseguir patro- quituteira; 7. Pelé, em pose cínio. Enquanto isso, passa a maior exclusiva; 8. No Exército, parte do tempo em casa, em Itaipua- sentiu necessidade de çu, onde mora desde 2002. comprar a primeira máquina Faltou contar uma história. A da marca do seu nome artístico, origina- 8 da na ocasião em que começou a tra- balhar nas revistas da Editora Bloch. Um dia entregou ao chefe de reporta- gem três fotos que tirou em uma ceri- mônia, que seria editada como um sensacionalista “Casamento na Um- banda”. O repórter que escreveria a 6 história passou por maus momentos porque não dispunha de nada concre- to para apurar o fato. Mas a matéria saiu. Na edição, acharam melhor tro- car o nome do repórter fotográfico, de Antonio Nery para A. Nery. Justificati- va: os Bloch iam achar o máximo. n Lide nº 56 JANEIRO A JUNHO DE 2009 n n 7
  • 11. livros 11 PELÉ – ESTRELA NEGRA EM CAMPOS VERDES ANGÉLICA BASTHI Pelé enfrentou dificuldades de ordem econômica, familiar, afetiva. Teve problemas com os filhos, sofreu baques comerciais, viveu dois casamentos e romances. Agora, ressurge como personagem múltiplo e complexo, idolatrado por admiradores no mundo, mas fiel ao me- nino que saiu com a familia de Três Corações para conquistar o mundo. É o que a jornalis- ta relata, com graça e leveza, a partir de vasta e rigorosa pesquisa documental. 196 PÁGINAS – R$ 34,00 – EDITORA GARAMOND NA HUMILDADE DIANE DUQUE Um relato perturbador do inferno. Livro-reportagem no qual a jornalista conta as suas ex- periências depois de visitar três unidades penitenciárias e centros de recuperação para dependentes químicos. Presos falam da vida criminosa e da rotina no cárcere, e os depen- dentes contam de que forma se viciaram e a dificuldade da recuperação. O título Na Hu- mildade é uma alusão aos dois grupos que usam o termo de diferentes formas. 156 PÁGINAS – R$ 15,00 – EDIÇÃO INDEPENDENTE – www.NAHUMILDADE.COM.BR CIÊNCIA E JORNALISMO CREMILDA MEDINA A linguagem dialógica que a autora pesquisa há mais de quatro décadas articula reflexão teórica com prática narrativa. Seu pensamento invoca, na essência, outra maneira de estar no mundo em oposição à técnica tradicional da entrevista ou da observação dos fenômenos contemporâneos. O leitor é convidado a partilhar a construção do texto: temas envolventes vêm à tona, salientando o laço democrático entre ciência, sociedade e comunicação social. 120 PÁGINAS – R$ 26,90 – SUMMUS EDITORIAL REPORTAGEM DE TELEVISÃO JOÃO ELIAS DA CRUZ NETO O livro especifica as fases da reportagem para ser exibida na televisão. Apresenta ainda uma série de cinco reportagens que foram exibidas, analisando as cinco pautas, os cinco textos dos repórteres e as modificações realizadas pelo editor de texto. Indicado para estudantes de Jornalismo, para quem deseja trabalhar em televisão ou quer simplesmente conhecer um pouco mais a respeito do processo de produção de notícia na televisão. 144 PÁGINAS – R$ 23,00 – EDITORA VOZES Lide nº 56 JANEIRO A JUNHO DE 2009 n n
  • 12. 12 tendências quebra de sigilo ou diálogo sem segredos? Para empresa jornalística, “Fatos e dados” é intimidação; Petrobras alega necessidade de transparência na relação com a imprensa por Michel Alecrim tagens no início de junho, mostrou A estratégia é adotada por gran- que há limites para a “espiadinha”. des companhias norte-americanas, n Há jornalistas que afirmam que, se Mas deu aos leitores a chance de ver mas os jornais daqui reagiram à novi- câmeras transmitissem o que aconte- as reportagens sob novo ângulo. dade. O blogue acabou “vazando” as ce nas redações, o programa Big Bro- O blogue Fatos e Dados (http:// pautas de alguns veículos, abrindo a ther teria que se aposentar. Provavel- petrobrasfatosedados.worldpress. possibilidade de um concorrente ver mente o que é dito em tom de ane- com) foi criado pela empresa depois o que o outro está apurando. Isso le- dota nunca será testado na prática, que senadores de oposição ao governo vou a empresa a mudar o método e a mas alguns episódios ajudam a di- pediram a instalação de CPI para guardar suas postagens até a madru- mensionar o que provocaria uma exi- apurar denúncia de corrupção na es- gada da publicação. bição desse tipo. Como a decisão da tatal. Reportagens nos principais veí- O presidente da Federação Na- Petrobras de publicar num blogue os culos, com denúncias de irregularida- cional dos Jornalistas (Fenaj), Sérgio e-mails trocados entre sua assessoria e des na gestão e supostos favorecimen- Murillo de Andrade, critica a publi- a imprensa. A divulgação das entre- tos a aliados políticos, levaram a Pe- cação prévia dos e-mails com as per- vistas antes de as matérias irem para trobras a não se contentar apenas em guntas e acredita que é importante a as páginas, como nas primeiras pos- enviar suas respostas à imprensa. fonte deixar claro para o repórter que Lide nº 56 JANEIRO A JUNHO DE 2009 n n
  • 13. 00 13 “ A novidade é interessante e veio para ficar. Vai permitir que as pessoas tirem suas próprias conclusões Sérgio Murillo ” Presidente da Fenaj No início, as postagens do blogue saíam antes do dia da publicação Lide nº 56 JANEIRO A JUNHO DE 2009 n n
  • 14. 14 tendências PAulO SIlvA pretende divulgar a entrevista a partir da veiculação da matéria para a com- paração dos leitores. E avalia que essa novidade veio para ficar. “Entrou um componente intimi- datório na antecipação das perguntas. Mas essa é uma inovação interessante, se não forem antecipadas as respostas. Permitirá que as pessoas tirem suas próprias conclusões”, afirmou. A possibilidade de os leitores te- rem mais informação sobre o traba- lho dos jornalistas é elogiada pelo diretor-executivo da Ong Transparên- cia Brasil, Claudio Weber Abramo, que já faz esse trabalho de monitora- “ “ mento do poder público. “Ajuda a melhorar a qualidade da cobertura. O leitor tem acesso ao que foi perguntado e respondido. Mas Obrigados a senti falta de uma repercussão fora das redações”, comenta o matemático O leitor tem abandonar uma e mestre em filosofia da ciência. Com experiência em reportagem, acesso ao que foi esfera mais tema de vários livros seus, e também em assessoria de imprensa, o profes- perguntado e fechada, os sor Nilson Lage vê na iniciativa da Petrobras uma nova tendência. Para respondido. Mas autores serão mais ele, mesmo que o público dos meios tradicionais de comunicação conti- senti falta de cautelosos. Haverá nue sendo maior, cada vez mais em- presas e órgãos públicos procurarão repercussão fora mais seriedade falar diretamente com as pessoas. das redações ” ” “O debate acaba sendo bom para a profissão. Não é educado revelar o conteúdo de uma conversa, mas não Maurício Azêdo é proibido”, diz o professor da Uni- Claudio Weber Abramo Presidente da ABI versidade Federal de Santa Catarina. Diretor da ong Transparência Brasil Ele reconhece que distorções podem ocorrer sem que o repórter seja o res- ponsável, mas o deixaria exposto. “A corda sempre arrebenta do lado mais fraco”, diz Lage. O presidente da Associação Bra- sileira de Imprensa (ABI), Maurício Azêdo, acredita que blogues como o Lide nº 56 JANEIRO A JUNHO DE 2009 n n
  • 15. 00 15 da Petrobras podem levar a mudanças violação de um terceiro. em algumas coberturas. O direito de “Se a comunicação é dirigida a defesa, para ele, se amplia. “Os auto- uma pessoa e a divulgação se dá por res serão mais cautelosos, por ter de esta mesma pessoa não podemos con- abandonar uma esfera mais fechada. cluir pelo descumprimento do precei- Haverá mais seriedade”, avalia. to constitucional ou mesmo pelo Ninguém da diretoria da Petro- crime de violação de correspondên- bras quis dar entrevista sobre o blo- cia”, explica o especialista, que apon- gue, mas a assessoria da empresa ne- ta o direito da pessoa divulgar comu- gou em e-mail a intenção de causar nicação da qual ela é interlocutora. intimidação à imprensa. “A verdade é Com o uso cada vez maior do e- que o blog é uma ferramenta de co- mail como forma de apuração e de municação que visa a dar transparên- entrevista, os repórteres precisam ficar cia aos processos da Petrobras, ofere- atentos ao que digitam. Tudo pode cendo, de forma democrática, opor- acabar exposto no Big Brother da In- tunidade para a sociedade conhecer a ternet. Não é comum que profissio- “ Companhia e os questionamentos nais tratem de assuntos de sua intimi- feitos por meio da imprensa, na ínte- dade nos e-mails trocados com fontes, gra e sem edição”, diz a empresa. mas essa seria uma exceção que, na A estatal afirma que não tinha o visão do advogado, poderia impor intuito de prejudicar o trabalho dos jornalistas e por isso passou a evitar a Não podemos limite à publicação das conversas. “Isso ocorre principalmente com antecipação da postagem. “O relacio- namento da Petrobras com a impren- concluir pelo relação ao conteúdo da mensagem. Nesse sentido, temos o inciso X do sa é pautado pela ética, comum a to- dos os cidadãos, que devem ter acesso descumprimento artigo 5º da Constituição Federal que dispõe serem invioláveis a intimidade, à informação. A Petrobras está divul- gando as perguntas e respostas a par- de preceito a vida privada, a honra e a imagem das pessoas”, afirma Souza. tir de zero hora do dia da publicação das matérias, comprovando que nun- constitucional A Petrobras se diz no direito de publicar o conteúdo. “A companhia ca quis prejudicar o trabalho dos jor- nalistas, já que tem o objetivo comum nem pelo crime tem liberdade para publicar a íntegra das respostas que fornece aos veículos de tornar as informações transparen- de violação de comunicação porque é fonte e de- ” tes para a sociedade”, informou. tentora dos dados disponibilizados. A publicação das perguntas dos No campo jurídico, especialistas con- jornalistas gerou um debate inédito sultados reafirmam a legalidade de na imprensa: a inviolabilidade dos e- Luiz Henrique Souza nossa decisão”, alega a empresa. mails dos repórteres. Acostumados a Advogado na área de direito digital A bisbilhotagem comum ao defender o sigilo das fontes, os jor- mundo das celebridades e dos parti- nais cobraram proteção à sua corres- cipantes do Big Brother ainda é roti- pondência. Segundo o advogado Luiz na distante da vida dos jornalistas, Henrique Souza, especializado na mas ter seu trabalho cada vez mais nova modalidade direito digital, a acompanhado pelo público virou ten- Constituição Federal garante a invio- dência inevitável. E quem está acos- labilidade do sigilo das correspon- tumado a cobrar transparência está dências de uma forma geral, contra a tendo que se adaptar a ela. n Lide nº 56 JANEIRO A JUNHO DE 2009 n n
  • 16. 16 capa Risco de publicação de notícias tendenciosas ou manipuladas aumenta a responsabilidade dos jornalistas. Na busca rápida por informação de qualidade, profissionais experientes recomendam rigor na escolha das fontes e preocupação para evitar erros que prejudiquem inocentes de modo irreparável A REPUTAÇÃO AL EM NOSSAS M por Tatiana Moraes detido pela polícia e julgado. Os veí- parar na lista dos grandes vilões da culos de comunicação divulgaram o informação sem fundamento. Este n O médico Joaquim Ribeiro Filho, caso com alarde e seu nome ficou em caso veio se somar a outros, respon- um dos maiores especialistas em evidência durante dias. Meses depois, sáveis por causar danos irreparáveis transplante de fígado do país, foi acu- o médico provou sua inocência. Foi a pessoas envolvidas em noticiários sado há um ano de ter montado um absolvido da acusação, tanto em um mentirosos. A qualidade da informa- esquema fraudulento para furar a fila julgamento no Conselho Regional de ção foi para a lata do lixo. Analistas única de pacientes à espera de trans- Medicina quanto em um processo na de comunicação entendem que o plante no Hospital do Fundão, no 21ª Vara da Justiça Federal. desafio do jornalismo é se fazer in- Rio de Janeiro. Por conta disso, foi A imprensa, mais uma vez, foi dispensável, não somente pelos “fu- Lide nº 56 JANEIRO A JUNHO DE 2009 n n
  • 17. 17 marcO aNTONiO Teixeira LHEIA MÃOS ros”, mas pela apuração bem feita, pela notícia divulgada sem erros e que dispensa o sensacionalismo. A busca da informação, componente que nutre as redações, deve ter dire- trizes éticas, de respeito ao próximo, sob o risco de o jornalismo perder “ Não existe jornal e emissora de rádio ou TV na imprensa profissional que não queira reparar erros ” sua essência. É importante ter a consciência de que o trabalho da im- prensa pode interferir tanto para o Luiz Novaes, editor executivo de O Globo Lide nº 56 JANEIRO A JUNHO DE 2009 n n
  • 18. 18 capa “ bem quanto para o mal na vida das com relação às fontes e evitar aquelas pessoas e instituições. que só se preocupam em “turbinar” as investigações e arranjar culpados. O importante é CRUELDADE Rapidamente, sem provas concretas, Outro caso de repercussão atingiu querem passar trabalhos adiante e se confirmar a cruelmente a jovem Sabrina Aparecida destacar como servidores públicos Marques Mendes, de 21 anos. Ela foi eficientes diante de seus superiores e informação, apresentada à imprensa pela polícia até da própria imprensa. como uma das pessoas que participa- Por esse motivo, uma agenda te- mesmo que seja ram do incêndio de um ônibus, em lefônica com bons contatos ainda tem ação comandada por traficantes no um valor inestimável em nosso meio. curta. A qualidade bairro da Penha, no Rio de Janeiro. Ela sempre fará a diferença na hora No incêndio, morreram 13 pessoas, de apurar casos polêmicos, cercados deve prevalecer dentre elas uma criança de um ano. de versões contraditórias. Além do noticiário que levou em sobre a quantidade ” conta apenas a versão da polícia, Sa- ‘BARRIGA’ brina passou 27 dias presa e viveu Principalmente num momento uma experiência augustiante e pavo- em que a notícia ganha mais veloci- rosa. Era ameaçada o tempo todo de dade pelo impulso de novas tecnolo- Paulo Cabral linchamento pelas outras prisioneiras gias, é indispensável conciliar rapidez Correspondente da BBC e quando saiu de lá soube que perde- com qualidade. Uma não pode se dis- ra o emprego. Dias depois, compro- tanciar da outra sem colocar em risco vou-se a sua inocência. a credibilidade. Paulo Cabral, corres- Por que isso acontece? “Em sua pondente da BBC, diz que o jornalis- essência, todas as infrações cometidas ta precisa ser cada vez mais cuidadoso pelos meios de comunicação derivam e valorizar a informação confiável. de apuração mal feita”, responde Luiz “Todo jornalista já errou, eu já Antônio Novaes, editor executivo do errei. Vivemos sob pressão para noti- jornal O Globo. ciar novidades. Mas o importante é Esse é um caso para ser encarado que só divulguemos a informação com aguçado senso crítico. As infor- confirmada, mesmo que esta seja cur- mações transmitidas pela polícia nem ta. A qualidade deve prevalecer sobre sempre são corretas. Nessas matérias, a quantidade”, ensina. é comum a reprodução de versões de O caso da brasileira Paula Olivei- agentes envolvidos na repressão e ra, que mora na Suíça, também é em- também na investigação policial. Na- blemático e exigiu até a intervenção da mais natural, pelo fato de esses da diplomacia do Itamaraty na histó- policiais estarem na linha de frente ria. Ela apareceu com o corpo marca- dos acontecimentos. Jornalistas mais do por cortes que teriam sido feitos experientes, no entanto, recomendam por homens de um grupo nazista atenção e coerência na apuração. com estilete. Disse que teve a gravidez É fundamental ser previdente interrompida e acusou o grupo racis- Lide nº 56 JANEIRO A JUNHO DE 2009 n n
  • 19. 19 “ As regras da justiça comum são capazes de amparar as pessoas que se sintam ofendidas por calúnia Nilo Batista estação de trem. ” Advogado e professor universitário ta de tê-la torturado perto de uma Para o deputado federal Miro Teixei- ra, sempre haverá uma saída. “Há blicada somente a partir de rigorosa confirmação ou investigação. Não A imprensa brasileira repercutiu erros, e como há! Mas se colocarmos pode sob nenhuma hipótese trans- o caso com alarde e patriotismo equi- erros e acertos em uma balança, vere- formar-se em um espetáculo sensa- vocado. Mais tarde, provou-se que ela mos que os erros são insignificantes cionalista para vender mais ou con- se autoflagelara e não estava grávida. se considerarmos os benefícios con- quistar audiência. Agora se sabe que em Zurique, local quistados pelo país e pela população É uma questão ética na qual de- do ocorrido, nenhuma autoridade da com os acertos.” vem estar envolvidos todos os profis- cidade foi entrevistada por brasileiro Além disso, erros podem ser cor- sionais de um veículo: desde o profis- para detalhar a história até o momen- rigidos na edição seguinte, assim co- sional na “escuta”, repórteres, chefes to do desmentido oficial pelas auto- mo as decisões judiciais podem ser de reportagem, passando por redato- ridades suíças. anuladas nas instâncias superiores, res, subeditores e editores de área, até Nesse caso, ficou em jogo a repu- garante Miro, que também é jorna- chegar aos postos da hieraquia supe- tação de um país. O portal do Ob- lista e advogado. rior, como editores executivos e dire- servatório da Imprensa classificou o Mas a força da imprensa é avas- tores de redação. noticiário brasileiro como a maior saladora e não há como negar o vigor Para minimizar os erros de infor- “barriga” de toda a história do jorna- de uma denúncia publicada em um mação, a solução também se encon- lismo nacional. veículo de alcance nacional. As con- tra fora do âmbito jornalístico. “É Erros e acertos, porém, fazem sequências serão sempre graves. Uma preciso que os jornalistas se conscien- parte do nosso cotidiano profissional. denúncia deve ser esclarecida e pu- tizem de sua responsabilidade crimi- Lide nº 56 JANEIRO A JUNHO DE 2009 n n
  • 20. 20 capa “ nal e que todos saibam que podem “ responder por calúnia, ato ilícito e até por precipitação de julgamento”, ressalta Nilo Batista. Uma agenda E há sempre uma maneira prática Há de melhorar a relação mídia-entrevis- com fontes bem tado-população. O diálogo com os personagens responsáveis pelos veículos de comu- informadas faz a nicação é sempre o melhor caminho. que se dizem “Não existe jornal, canal de televisão diferença na hora ou emissora de rádio na imprensa jornalistas e profissional que não queira reparar de apurar casos erros”, diz Luiz Novaes. construíram Para ele, a imprensa comete abu- polêmicos so quando não dá o direito de respos- fortunas com ta em casos de calúnia, injúria ou com versões difamação. Administrar com mais chantagens ” eficiência esse direito de resposta é contraditórias uma das receitas sugeridas por Miro ” Teixeira para aperfeiçoar o trabalho da imprensa. “Em alguns casos, a boa Miro Teixeira Jornalista e advogado informação está na resposta.” Ainda sobre o caso do médico Joaquim Ribeiro, o deputado consi- dera importante que os veículos de comunicação se mobilizem no senti- mo, que interferia diretamente na li- do de realizar atos de desagravo ao berdade de imprensa”, atesta o jorna- profissional e também para concreti- lista Luiz Novaes, editor-executivo do zar ações de reparação de danos cau- jornal O Globo. sados pelo noticiário mentiroso. A Segundo o deputado Miro Tei- sugestão tem fundamento, mas é im- xeira (PDT-RJ), o caso do médico provável que os meios de comunica- Joaquim Ribeiro serve de exemplo ção se retratem publicamente. para provar que a existência de uma lei de imprensa, que vigorava na épo- MAIS LEIS? ca do “escândalo”, não assegura au- Até ser derrubada pelo Supremo mento de responsabilidade nem coíbe Tribunal Federal (STF), em abril, a erros de jornalistas, dos veículos de Lei de Imprensa ditava as regras desse comunicação ou dos dois. relacionamento no cotidiano nacio- Mas o tema é polêmico quando nal. Imposta pela força da ditadura, se trata de saber se há necessidade de hoje a lei não encontra defensores. uma nova lei de imprensa ou se o ar- “Era um antigo retrato do autoritaris- cabouço jurídico brasileiro está capa- Lide nº 56 JANEIRO A JUNHO DE 2009 n n
  • 21. 21 mental discutir pontos da lei favorá- veis ao trabalho jornalístico. “Agora, o direito de sigilo da fon- te passa a correr sério risco. Além dis- so, considerava-se que o crime de imprensa era praticado apenas pelo autor do texto. Pelo regimento da jus- tiça comum, houve uma mudança”, assegura e destaca: “Os profissionais da área perderam a proteção à liber- dade de imprensa.” Sua preocupação se fundamenta no confronto entre liberdade de ex- pressão e o direito a um julgamento justo. Quanto ao capítulo das indeni- zações, Miro Teixeira não vê motivo para preocupação: “Um juiz deverá ser justo e não determinará valores além das possibilidades financeiras do perdedor de uma ação.” Para Novaes, a legislação em vi- gor é suficiente para regulamentar o trabalho da imprensa. Miro concor- da. “Não precisamos de mais leis. O Brasil tem lei de imprensa desde o citado para julgar qualquer questão A Lei de Imprensa era decrépita Império. Antes da primeira Consti- relacionada com a imprensa e o tra- por se referir a situações ultrapassa- tuição, a de 1824, conhecemos três. balho de seus profissionais. Os erros das. Considerava, por exemplo, “in- Para todos os casos, existem a Cons- acontecem, infelizmente, mas eles tolerável a propaganda de guerra e de tituição e os Códigos Penal e Civil.” podem ser reparados, segundo o ad- processos de subversão da ordem pú- Os abusos e julgamentos precipi- vogado Nilo Batista, comentando o blica e social”, além de prever pena de tados no passado recente foram co- caso do médico. prisão para jornalistas por delito de metidos sob a vigência de uma lei de “Esse profissional foi execrado, opinião e não admitir “prova de ver- imprensa, destaca. duramente acusado, massacrado pela dade em casos de acusação contra o “Acredito na melhor convivência imprensa, mas no final das contas presidente da República e integrantes entre a notícia e a verdade. O jorna- conseguiu provar sua inocência. As do governo”. lista tem que ser um profissional da regras da justiça comum são capazes A mesma lei assegurava, no en- verdade. Há personagens que se di- de amparar as pessoas que se sintam tanto, o respeito ao sigilo das fontes e zem jornalistas e construíram fortu- ofendidas por calúnia”, afirma Batis- informações recolhidas por jornalistas nas com chantagens. Normalmente, ta, que é professor titular de Direito e também fixava teto para indeniza- têm seus próprios meios de comuni- Penal da UFRJ e da Uerj e ex-secre- ções por danos morais. Por esse mo- cação. Não devem ser confundidos tário de Justiça do Estado do Rio. tivo, Nilo Batista considera funda- com jornalistas.” n Lide nº 56 JANEIRO A JUNHO DE 2009 n n
  • 22. 22 FENAJprev A APOSENTADORIA ALBERTO JACOB FILHO COMPLEMENTAR DOS JORNALISTAS Plano de previdência privada tem uma série de vantagens por ser administrado pela Petros, uma entidade sem fins lucrativos n Lançado no dia 10 de julho, no Rio sobre as movimentações de suas contas renda mensal. Já o resgate total do in- de Janeiro, o FENAJprev é uma alter- no Plano. A partir dos 55 anos já é pos- vestimento pode ser feito a qualquer nativa vantajosa para o jornalista inte- sível ter direito a uma renda, com uma instante sem prejuízo ao participante. ressado em adquirir um Plano de Pre- contribuição mínima de cinco anos. Não há limite mínimo de idade para vidência Complementar, independen- No momento da requisição do adesão ao Plano. temente de ter registro em carteira ou benefício, 25% do valor do montante O participante também pode al- de trabalhar como frila. acumulado no Plano podem ser resga- terar o valor das contribuições ou re- Por ser administrado pela Petros tados de uma só vez. O restante será alizar aportes extras para aumentar o “ (Fundação Petrobras de Seguridade So- utilizado para o pagamento de uma patrimônio, além de contratar cober- cial), uma entidade sem fins lucrativos, tura extra para benefícios de risco, o participante paga somente uma taxa como morte e invalidez. Esta moda- de administração, que é inferior às pra- lidade é oferecida pela seguradora ticadas pelos bancos e seguradoras. Também pela infraestrutura instala- A redução da taxa Mongeral, parceira da Petros. Para aderir ao FENAJprev, basta da e pelo volume de recursos adminis- trados, a Petros tem possibilidade de de administração ser associado ao Sindicato dos Jorna- listas Profissionais do Município do alcançar melhores resultados nos inves- timentos e não cobra taxa anual sobre de 6% para 4% Rio ou aos sindicatos dos estados de Pernambuco, Paraná, Tocantins, Goi- o patrimônio, como fazem bancos e seguradoras de previdência aberta. vai significar uma ás, Minas Gerais ou Espírito Santo. O FENAJprev oferece mais van- Para maior transparência, o FE- NAJprev tem um Comitê Gestor renda maior de tagens. Em breve a taxa de adminis- tração, hoje estabelecida em 6%, será composto por representantes dos jor- aposentadoria reduzida para 4%, índice bem abaixo ” nalistas e por técnicos da Petros, in- dos estabelecidos no mercado. “Como cumbido de acompanhar as questões o valor do benefício a receber é calcu- de seguridade e dos investimentos. lado com base no patrimônio dos par- O participante pode acompanhar Maurício França Rubens ticipantes, esta redução significa uma de perto a gestão e recebe informações Diretor de Seguridade da Petros renda de aposentadoria maior”, anali- Lide nº 56 JANEIRO A JUNHO DE 2009 n n
  • 23. FENAJprev 23 Lançamento do FENAJprev no Rio: Sérgio Murillo, presidente da Fenaj, discursa ao lado de Suzana Blass, presidente do SJPMRJ sa o diretor de Seguridade da Petros, de contribuição e a projeção de renda mações podem ser obtidas ainda pelo Maurício França Rubens. Também é para a sua aposentadoria. telefone 0800 025 35 45. possível deduzir até 12% do total de Para se ter uma ideia, uma pessoa O FENAJprev surgiu de uma ini- rendimentos anuais no momento da com 25 anos que opte por se aposen- ciativa do Sindicato carioca. As con- declaração do Imposto de Renda. tar aos 65 anos e tenha contribuído versações para sua constituição tive- A Petros administra planos insti- com 100 reais por mês, terá um saldo ram início em 2005 na gestão da di- tuídos para outros conselhos de classe acumulado de R$ 396.608,47. Este retoria presidida por Aziz Filho, hoje e sindicatos, como o Simeprev do valor, transformado em renda do Pla- secretário-geral do Sindicato. Sindicato dos Médicos, o CRAPrev no, gera um benefício mensal de R$ O Plano foi encampado pela Fenaj dos Conselhos de Administração e o 2.444,30. Essa simulação não consi- que passou a administrar a adesão de CROPrev dos Conselhos de Odonto- dera contribuição para cobertura adi- outros sindicatos. A Petros, escolhida logia, entre outros. cional para Renda de Aposentadoria para administrá-lo, encaminhou pro- Congênere do FENAJprev, o por Invalidez e Pensão por Morte. cesso para a Secretaria de Previdência CROprev obteve nos últimos três anos Vale lembrar que este é um exem- Complementar que o aprovou. rendimentos superiores à poupança e plo ilustrativo em que foi utilizada Criada pela Petrobras há 39 ao CDI e bem acima de índices do uma rentabilidade anual de 9,0% pa- anos, a Petros é uma entidade de pre- IPCA (veja tabela ao lado). Em maio ra simular os valores apresentados. O vidência fechada sem fins lucrativos. deste ano, a rentabilidade das aplica- montante do patrimônio acumulado Tem um patrimônio de R$ 41 bi- ções alcançou 1,09%, enquanto o e da renda dependerá de fatores como lhões, uma carteira de clientes com CDI e a poupança mantiveram-se em valor das contribuições realizadas, 41 empresas, 47 entidades de classe e 0,77% e 0,57%, respectivamente. tempo de capitalização e rentabilida- cerca de 130 mil pessoas inscritas nos O interessado em aderir ao FE- de alcançada no período. Mais infor- planos que administra. n NAJprev deve acessar a página do Sindicato dos Jornalistas Profissionais TABELA COMPARATIVA DE RENTABILIDADE do Município do Rio de Janeiro na Período CROprev Poupança CDI IPCA Internet – www.jornalistas.org.br –, 2006 15,71% 8,32% 15,03% 3,14% no linque do Plano, onde também 2007 11,59% 7,71% 11,82% 4,46% poderá fazer simulações sobre valores 2008 12,57% 7,90% 12,38% 5,90% Lide nº 56 JANEIRO A JUNHO DE 2009 n n
  • 24. 24 mídia André Machado desaconselha excesso de intimidade com leitor Blogue: você aInda vaI ter um Fenômeno se espalha democraticamente na Internet e amplia nova forma de comunicação, mais direta e próxima dos leitores Lide nº 56 JANEIRO A JUNHO DE 2009 n n
  • 25. 25 “ por Marlos Mendes com/blogs/andremachado/), especia- lizado em segurança da informação, n A Internet facilitou e acelerou o aces- no ar desde 2007, e dos blogues lite- so ao consumo da informação, mas foi o fenômeno dos blogues que efetiva- Tento deixar rários Comentários e Versos do Cada- falso e Cadafalso II, onde escreve po- mente permitiu a qualquer cidadão conectado produzi-la e divulgá-la em claro o que está emas e pequenos contos desde 2001. Pedro Doria, repórter especial e grande escala. Nada de software com- plicado ou linguagens de programação: acontecendo no colunista do Estadão e blogueiro des- de 2002, quando integrava a equipe tudo se resume a acessar um site que funciona como um processador de tex- mundo e explicar da revista eletrônica No Mínimo, acredita que não existem fórmulas tos e publicar. De simples diários pes- soais, os blogues evoluíram para publi- melhor o que o prontas e aposta na experimentação. “Tento deixar claro o que está acon- cações pessoais ou coletivas contendo informações, notícias, comentários e jornal apenas tecendo no mundo e explicar melhor o que o jornal apenas noticiou. Gosto opiniões. E todo blogueiro passou a ter noticiou de pensar que o blogue pode também ” um pouco de jornalista. ser uma leitura divertida, por vezes Ante o sucesso da blogosfera, os inusitada, surpreendente, mais leve veículos de comunicação não tarda- do que o pesado jornal que se folheia ram em montar blogues para seus Cristina De Luca de manhã. Tenho liberdade para pu- profissionais, criando canais alterna- Diretora do Gol Mobile blicar o que eu quiser”, explica o au- tivos para os leitores. Para os jornalis- tor do Pedro Doria Weblog (http:// tas profissionais, o formato se impõe pedrodoria.com.br). como um campo obrigatório de ex- Para não ser apenas mais um em EVANDRO TEIXEIRA ploração, repleto de desafios e opor- meio ao turbilhão de informações tunidades, tanto na produção e divul- online, é preciso buscar diferenciais. gação do conteúdo quanto no rela- “Como a informação virou commodi- cionamento com o leitor. E, apesar de ty, a opinião faz a diferença. Os seus ainda não haver regras sedimentadas leitores esperam a sua opinião sobre para ser fazer um “blogue jornalísti- o que todo mundo está falando. Ou co”, algumas tendências ganham for- você acrescenta algo novo ou perde a ça no mercado. relevância. Você não precisa vestir a Muitos jornalistas blogueiros camisa do veículo”, acredita Cristina apontam a liberdade em relação aos De Luca, diretora de conteúdo da padrões da “velha mídia” e o contato Gol Mobile, que foi editora dos sites direto e próximo com os leitores co- Globo Online, Globo.com e O Dia mo principais vantagens dos blogues. Online, e desde 2000 mantém um “Ser mais pessoal e opinativo e apro- blogue de tecnologia, que já teve vá- ximar você do leitor são as razões de rios nomes e endereços e hoje está em ser do blogue. Mas sem excesso de www.webdeluca.com. intimidade”, avalia André Machado, Autora do blogue Futebol & repórter da revista e do site Digital, do Afins, Marluci Martins também apro- Globo. Ele é autor do blogue Segu- veita o espaço para ser mais opinativa, rança Digital (http://oglobo.globo. o que não pode fazer nas matérias pu- Lide nº 56 JANEIRO A JUNHO DE 2009 n n
  • 26. 26 mídia blicadas no jornal. O desafio é separar MÁRCIO MERCANTE o que vai para o blogue e o que vai para as páginas impressas. “É frus- trante não poder dar no blogue uma informação importante, mas o carro- chefe é o jornal, que tem maior reper- cussão. O blogue é mais uma brinca- deira levada a sério”, diz. Tão a sério que ela sempre leva sua câmera digital a tiracolo e publica comentários sobre o mundo da bola mesmo nos dias de folga. “Tento atu- alizar o blogue todos os dias porque é isso que aproxima e mantém o leitor”, “ acredita Marluci, que é subeditora do Ataque, caderno de esportes do DIA. Não há fórmulas tampouco para o tratamento dado ao conteúdo onli- ne e o impresso. André Machado co- É frustrante, mas a notícia importante meçou o blogue de segurança da in- formação para aproveitar pautas que vai para o jornal. O blogue é mais não saíam no papel, o que hoje evita. uma brincadeira levada a sério ” “Às vezes, boto lá uma matéria que saiu no impresso, mas de modo geral separo as coisas porque na re- vista Digital escrevo sobre temas va- Marluci Martins, de O Dia e do Futebol & Afins riados, não apenas segurança”, conta. O blogue também atualiza temas “Muitas vezes coloco a matéria no intensa e muitas vezes tensa. obrigatórios como alertas sobre ata- site e dou um post com o linque para “Você acaba aprendendo a lidar ques de vírus e novos golpes de a matéria, ou faço um opinativo com- com o público. Aquela distância de phishing scam (quando o internauta plementar. Nas matérias jornalísticas, respeito entre o jornalista e o leitor, é induzido a clicar num linque e, o tom tem que ser mais neutro. No que normalmente existe, desaparece sem querer, instala um código mali- blogue, eu posso me espalhar”, diz o por completo. Os leitores às vezes cioso em seu computador). crítico musical. são carinhosos. Noutras, agressivos Pedro Doria considera que a inte- Se discussão é o que não pacas. E estão constantemente gração ainda é válida. “Costumo tra- falta nos veículos online, questionando o jornalista”, con- zer matérias publicadas no impresso nos blogues ela fica ainda ta Pedro Doria. para a discussão no blogue. No início mais intensa já que o leitor André Machado também a discussão me incomodava. Hoje, se sente ainda mais próxi- reclama da agressividade de al- sinto falta dela no impresso”, avalia. mo do autor, e ambos guns leitores, principalmente Jamari França, autor do Jam Sessions formam uma comunida- (http://oglobo.globo.com/blogs/jama- de unida por interes- Pedro Doria é ri) e setorista de música há 23 anos, ses comuns. constantemente também busca harmonizar as mídias. A relação é questionado Lide nº 56 JANEIRO A JUNHO DE 2009 n n