Carolina Maria de Jesus nasceu em 1914 em Minas Gerais em uma família pobre e teve pouca educação formal. Ela se mudou para São Paulo em 1947 e vivia catando papel na favela para sustentar seus três filhos. Seus diários da vida na favela foram publicados em 1960 como Quarto de Despejo, que vendeu mais de 100 mil cópias. Carolina publicou outros livros mas nenhum obteve o mesmo sucesso. Ela faleceu em 1977 quase esquecida.
Carolina Maria de Jesus biografia escritora favelada
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Carolina Maria de Jesus
Dados biográficos
Carolina Maria de Jesus nasceu
em Sacramento – MG, em 14
de Março de 1914, filha de
negros que migraram para a
cidade no início das atividades
pecuárias no Estado. Oriunda
de família muito humilde,
Carolina estudou pouco. Em
1923, foi matriculada no colégio
Allan Kardec – primeira escola
espírita do Brasil – na qual
crianças pobres eram mantidas
por pessoas influentes da
sociedade. Lá estudou por dois
anos, sustentada pela Sra.
Maria Leite Monteiro de Barros,
para quem a mãe de Carolina
trabalhava como lavadeira.
Mudou-se para São Paulo em 1947, quando a cidade iniciava seu processo
de modernização e assistia ao surgimento de suas primeiras favelas. Carolina e
seus três filhos – João José de Jesus, José Carlos de Jesus e Vera Eunice de
Jesus Lima – residiam na favela de Canindé. Sozinha, vivia de catar papéis nas
ruas da cidade, vindo desse ofício a sua única fonte de renda. O cotidiano do
subúrbio ou do “quarto de despejo” social era registrado nos cadernos que a
escritora recolhia do lixo e que se transformariam nos “diários de uma favelada”.
A escritora foi "descoberta" pelo jornalista Audálio Dantas, na década de 50.
Carolina estava em uma praça perto da favela, quando percebeu que alguns
malandros estavam destruindo os brinquedos ali instalados para as crianças. Sem
pensar, ameaçou denunciar os infratores, fazendo deles personagens do seu livro
de memórias. Assim, o jovem jornalista descobriu que aquela mulher negra e
favelada possuía inúmeros cadernos nos quais registrava o dia-a-dia do subúrbio
paulistano. A publicação de Quarto de Despejo deu-se em 1960, tendo o livro uma
vendagem recorde de trinta mil exemplares, na primeira edição, chegando ao total
de cem mil livros vendidos, na segunda e terceira edições. Além disso, foi
traduzido para treze idiomas e vendido em mais de quarenta países. A publicação
e a tiragem dos exemplares demonstram o interesse do público e da mídia pela
narrativa de denúncia, tão em voga nos anos 50 e 60.
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Carolina publicou ainda mais três livros: Casa de Alvenaria (1961), Pedaços
de Fome (1963), Provérbios (1963) e Diário de Bitita (1982), sendo esse último
uma publicação póstuma, realizada, primeiramente, em Paris, com o título Journal
de Bitita, que teria recebido, primeiramente, o título de Um Brasil para brasileiros.
Apesar de tantas publicações, nenhuma delas conseguiu repetir o sucesso de
público que Quarto de despejo obteve. Segundo Vogt (1983), Carolina teria ainda
deixado inéditos dois romances: Felizarda e Os escravos.
Em 13 de fevereiro de 1977, a autora faleceu em um pequeno sítio, quase
esquecida pelo público e pela imprensa, na periferia de São Paulo.