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Faculdades São Sebastião
LUIZA FERREIRA DE BARROS FILHA
O COMPUTADOR COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA:
Trabalho de Conclusão do Curso de
Pedagogia apresentado às Faculdades
São Sebastião como condição parcial
para a obtenção do título de Licenciatura
em Pedagogia sob orientação do Prof
Adriano Scala Pandolfi.
São Sebastião – S.P.
2009
Dedico a minha Mãe, meu maior
referencial teórico e prático para toda
minha vida.
AGRADECIMENTOS
A Deus que permitiu que tudo isso fosse possível.
A minha mãe por nem sempre concordar comigo.
A todos os professores que desde Ensino Fundamental e Médio, me ensinaram a
ser professora em especial: Maria Amélia da 2ª série, Aninha e Vera de Ciências,
Cristina de Educação Física, Luis Carlos e Franklin de Artes, Alberto de História,
Glória Geografia, Suzana, Cidinha e Mara de Matemática, Luis Donato, Catarina,
Maria Bernadete de Língua Portuguesa, Renato e Emanuel de Química,
Lourenço de Física, Judith, Sultane e Edileusa Brasil De Inglês.
A Dra Eliane, pelas impagáveis aventuras no retorno para casa.
Aos meus primeiros alunos que me ensinaram algumas das lições mais
importantes.
A equipe da Escola Municipal de Juqueí, primeira escola que lecionei.
Aos alunos e professores da Escola Municipal Prof. Walfrido Maciel Monteiro.
Silas, Valéria, Silvia, Rui, Rosânia que ampliaram minha visão de mundo.
Aos amigos e colegas de trabalho: Hamilton Pereira Rangel, João Paulo, José
Carlos Nobre, José Ricardo Reis, Dalva Maria da Costa, Leonardo Matsuhashi,
Roberto Brito, Rafael Taraschuk, Alan Patrik Pineda Fernandes, Ernesto dos
Santos Neto, Décio, Ronald, Sônia, Natália, Felipe Santos.
A todas as pessoas que, de alguma forma, ajudaram a tornar este sonho real.
“Divinizar ou diabolizar a tecnologia ou a ciência é uma forma altamente negativa e
perigosa de pensar errado”
Paulo Freire
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Imagem 1 ........................................................................................................
1968: Bill Gates (de pé) ao lado de Paul Allen no computador da Lakeside
School.
Imagem 2 ........................................................................................................
Alunos jogando Hex Multiplicativo na aula de informática.
Imagem 3 ........................................................................................................
Proposta inicial. Tela do Jogo Hex Multiplicativo
Imagem 4 ........................................................................................................
Tela inicial do Power Point explicativo.
Imagem 5 ........................................................................................................
Tela 2 do Power Point Atividade Muitos Modos de Multiplicar
Imagem 6 ........................................................................................................
Tela 3 do Power Point Atividade Muitos Modos de Multiplicar
Imagem 7 ........................................................................................................
Tela 4 do Power Point Atividade Muitos Modos de Multiplicar
Imagem 8 ........................................................................................................
Tela 5 do Power Point Atividade Muitos Modos de Multiplicar
Imagem 9 ......................................................................................................
Nova atividade para prática da multiplicação por meio do novo modelo
Imagem 10 ......................................................................................................
Alunos jogando Hex Multiplicativo
1 INTRODUÇÃO
Por meio deste estudo busca-se apresentar o ambiente computacional como
instrumento pedagógico com potencial de auxiliar o educador e aluno do Ensino
Fundamental no processo de aprendizagem. Isto pode ocorrer por meio de
atividades lúdicas, dinâmicas que enfatizam a fundamental importância de uma ação
pedagógica associada aos conteúdos apresentados na sala de aula regular.
O interesse em desenvolver o tema surgiu a partir das experiências em
função do trabalho como Monitora de Informática na rede Municipal de Ensino
Fundamental em São Sebastião. Nesse período, várias turmas foram atendidas e
cada qual uma realidade educacional própria.
O principal objetivo deste estudo é mostrar como ambiente computacional
pode enriquecer as práticas pedagógicas aplicadas na sala de aula regular
favorecendo o aprendizado dos alunos.
O estudo contará com depoimentos de professores e alunos do programa Sua
Escola a 2000 por Hora, parceria entre o Instituto Ayrton Senna e a Microsoft, e o
programa: Salas de Aula do Futuro da Apple – ACOT1 (Apples Classrooms of
Tomorrow).
Os dados obtidos neste estudo visam responder a seguinte questão: o
ambiente computacional pode colaborar para o aprendizado de alunos do Ensino
Fundamental?
O embasamento teórico foi composto a partir dos Parâmetros Curriculares
Nacionais - PCNs, publicações correlatas ao tema de tecnologia e educação,
leituras que se concentraram na relação entre os agentes do processo educacional
escolar em ambiente com recursos tecnológicos computacionais.
A pesquisa contou ainda, com o levantamento feito por Bettega (2004), que
relacionou as principais iniciativas do governo em todas as suas esferas nas últimas
décadas.
A análise do levantamento de dados permitiu que se constituísse uma
imagem do início da crise da educação, no tangível a tecnologia computacional
como instrumento pedagógico, o que envolve o professor - com seus argumentos
para a aceitação ou recusa deste instrumento; o aluno - que se desenvolve em uma
1 O Projeto ACOT - 1992 a 2002 cujo objetivo foi criar diferentes formas de aprendizagem com ajuda da tecnologia ofereceu a cada professor, aluno e sua
família um computador.
sociedade repleta de tecnologias e que também estuda em um local de
convergência desses recursos.
Em decorrência do encontro do professor, da tecnologia na escola e do aluno
surge a necessidade da reformulação dos perfis de atuação de cada um dos
agentes dentro do processo de incorporação da tecnologia computacional como
recurso para a aprendizagem e desenvolvimento da criança.
O foco deste estudo está nas possibilidades e mudanças ocasionadas em
virtude da adoção de recursos computacionais como instrumento pedagógico no
Ensino Fundamental.
O estudo conta com a análise de uma situação em que o computador foi
utilizado como ferramenta pedagógica em favor do desenvolvimento de um grupo de
alunos do sétimo ano do Ensino Fundamental, com significativa defasagem de
aprendizado em um determinado conteúdo da disciplina de Matemática e desse
modo contextualizar os aspectos anteriormente abordados mostrando como o uso
do computador pode ser positivo.
2 DEFINIÇÃO DO TERMO “INFORMÁTICA”
Neste capítulo pretende-se apresentar o que foi compreendido durante o
levantamento de dados para a constituição desta pesquisa, a respeito do termo
Informática. Notou-se que há uma convergência entre os diversos autores
pesquisados no sentido de que a informática decorre das necessidades que o
homem tem de produzir, manipular e transmitir informações, motivo pelo qual ele
está sempre criando equipamentos e meios, cada vez mais eficazes, para o
atendimento de suas necessidades.
A informática surge, então, como ciência encarregada de estudos que
proporcionam o desenvolvimento desses equipamentos e meios. Esta idéia pode ser
mais bem compreendida por meio dos estudos de LANCHARRO, LOPEZ E
FERNANDEZ, (1991, p.1) que afirma que “a informática nasceu da idéia de auxiliar o
homem nos trabalhos rotineiros e repetitivos, em geral cálculos e gerenciamento”.
Para esses autores, citados acima, uma a definição mais popular para o
termo Informática é: “Ciência que estuda o tratamento automático e racional da
informação.” De acordo com os autores, esse termo foi criado no início na década de
60, na França, provém da contração de outras duas palavras: Information
Automatique que significa Informação Automática.
Com o decorrer do tempo, esse termo popularizou-se passando a representar
uma gama de atividades e serviços relacionados a computadores. Exemplo disso,
são as aulas que têm o computador como recurso principal, essas são denominadas
aulas de informática, as iniciativas que as organizam – elaboram e avaliam – a aula
com utilização do computador são chamadas de projetos de informática. Uma
generalização redutora aplicada indistintamente.
Sendo a expressão ”aula de informática” mais bem aceita e melhor
compreendida no meio em que este estudo foi desenvolvido, como uma espécie de
acordo tácito, será adotado para com o sentido de Tecnologia da Informação
Comunicação – TIC, que utiliza recursos computacionais para o desenvolvimento de
atividades pedagógicas.
3 O GOVERNO E OS COMPUTADORES
Neste capítulo será apresentado um breve resumo das propostas do governo,
em favor da adoção da informática como ferramenta pedagógica no Brasil,
destacando-se como elas colaboraram para a reformulação da postura do professor
em relação ao ensino cruzando os olhares de autores como Bettega (2004), Valente
(1999) entre outros.
Valente (1999) relata que apesar do Brasil ter recebido influências dos
Estados Unidos, há variações nas características que motivaram a implementação
da informática na educação nesses dois países. Ainda segundo Valente (1999, p.3),
nos Estados Unidos, “o uso dos computadores é completamente descentralizado e
independente das decisões governamentais.”. De acordo com esse autor, o que
impulsiona essa integração com a educação é o próprio crescimento tecnológico.
Verifica-se, nesse caso, o puro interesse capitalista em se disseminar um
produto mais rapidamente na sociedade, então escola tornou-se um canal propício
para o alcance das metas empresariais.
De acordo com Ahl (1977 apud VALENTE 1999, p.3), “a tecnologia nas
escolas americanas era do giz e quadro negro, o número de escolas que usavam
computadores como recurso educacional era muito pequeno.”. Diferente do que
acontecia nas universidades a disseminação dos computadores nas escolas, de
para o autor, ocorreu devido ao surgimento dos microcomputadores da Apple no
início dos anos 80. Dessa forma Valente (19992, p.3) afirma que:
A presença dos microcomputadores permitiu também a divulgação de novas
modalidades de uso do computador na educação, como ferramenta no
auxílio de resolução de problemas, na produção de textos, manipulação de
banco de dados e controle de processos em tempo real. De acordo com
essa abordagem, o computador passou a assumir um papel fundamental de
complementação, de aperfeiçoamento e de possível mudança na qualidade
da educação, possibilitando a criação e o enriquecimento dos ambientes de
aprendizagem. O Logo3 foi o exemplo mais marcante dessa proposta.
No Brasil, segundo Tajra (2000 apud BETTEGA 2004, p.30) “houve várias
iniciativas governamentais para a instalação de computadores, visando garantir aos
alunos o acesso ao conhecimento de uma tecnologia utilizada na sociedade
moderna.”. Essa autora relata uma série de “ações desenvolvidas” em favor da
tecnologia, como a criação da Comissão Especial de Informática, em 1983,
2 O computador na Sociedade do Conhecimento
3 Linguagem desenvolvida em 1967, baseada na teoria de Piaget e em algumas idéias da Inteligência Artificial (Papert, 1980)
incumbida, segundo Bettega (2004, p.31), de “desenvolver discussões e
implementar ações para levar os computadores às escolas públicas.”. Nessa mesma
época foi criado o projeto EDUCOM4, tido como id “[...] primeira ação oficial e
concreta para levar os computadores às escolas públicas [...]”.
Depois de oferecer às escolas públicas os computadores, surge a
preocupação do governo de o que fazer com eles. Por isso, concursos de programas
educacionais foram lançados visando a constituição de uma proposta educacional.
A partir de 1987, as Secretarias Estaduais de Educação voltaram seus
olhares para a formação do professor, por meio da id“[...] implantação de Centros de
Informática Educacional, visando atender cerca de cem mil usuários em convênio
com as Secretarias Estaduais de Educação[...]”.
O interesse em inserir os professores na tecnologia motivou ações como a da
Secretaria de Estado da Educação de São Paulo que criou o Programa Nacional de
Informática na Educação, o PROINFO5, que existe atualmente e continua a trabalhar
com as propostas dos educadores.
A estrutura do programa é a de formar multiplicadores voluntários, conforme
BETTEGA (2004, p.33) “auxiliam tanto no processo de planejamento e de
incorporação das novas tecnologias quanto no suporte técnico e capacitação dos
professores e das equipes administrativas das escolas.”.
3.1 O COMPUTADOR OCASIONANDO MUDANÇAS
Este capítulo aborda as mudanças de posicionamento do professor no
processo de aprendizagem em decorrência da adoção do computador como nova
ferramenta pedagógica. De modo geral o professor torna-se mediador da construção
do conhecimento pelo aluno.
Com essa nova ordem, o educando é o centro do processo e o computador,
em função de suas variedade de aplicações, é visto como uma ferramenta capaz de
tornar a aprendizagem mais dinâmica.
Contudo essa é uma visão otimista, mas não configura uma unanimidade
entre os educadores, haja vista que nem todos são favoráveis ao uso do computador
para tal propósito. As opiniões contrárias serão consideradas e os argumentos
4 Fusão de Educação com Computador que somente oficializado em 1984 segundo Bettega (2004 p31)
5 Para saber mais acesse: www.mec.gov.br
analisados para que seja possível esclarecer os prós e contras da inserção do
computador na educação.
Considerando os dados apontados sobre as iniciativas do governo em
integrar a tecnologia computacional ao contexto escolar observa-se que dessas
situações origina - se um novo paradigma, onde o aluno é o centro do processo
educacional o que decorre da inserção dos recursos computacionais
potencializadores do contato com outras culturas, modelos de aprendizagens
independentes sem a presença do professor, diferente do modo tradicional, o que
não significa que ele não seja mais necessário, como o exposto nos Parâmetros
Curriculares Nacionais Terceiro e Quarto Ciclo do Ensino Fundamental (1998 p.157)
A tecnologia é um instrumento capaz de aumentar a motivação dos alunos,
se a sua utilização estiver inserida num ambiente de aprendizagem
desafiador. Não é por si só um elemento motivador. Se a proposta de
trabalho não for interessante, os alunos rapidamente perdem a motivação.
De acordo com Imbernón (2002 apud BETTEGA 2004, p.39) “a instituição
educativa e a profissão docente desenvolve-se num contexto marcado por uma
mudança acelerada nas formas adotadas pela comunidade social.” E em função de
id [...]” tantas mudanças ocorrendo em curto espaço, ao mesmo tempo em que exige
a reformulação de sua prática educativa o coloca quase que em uma crise
existencial[...].”. Contudo o educador é solicitado para ser o mediador da
aprendizagem e o formador do aluno. Parece uma simples questão de aproveitar a
oportunidade.
Gates (1995), mostra que a adaptação é fundamental para a sobrevivência de
uma empresa dentro de um ramo tão competitivo quanto a de tecnologia de
informação. Empresas como a Apple que vinculava até 1995 o hardware ao software
de forma que id[...] “se você quisesse o software, teria que comprar os
computadores da Apple [...]” entram em graves crises. Para GATES (1995, p.76), “é
cada vez mais importante poder competir e ao mesmo tempo cooperar, mas isso
requer um bocado de maturidade.”. Tal competitividade é percebida entre o
professor e a máquina.
Deste modo é possível estabelecer um paralelo entre a experiência da Apple
e os professores. Muitos vinculam o ensino a sua presença, seguindo assim na
contramão das mudanças na tentativa de assegurar o seu lugar de educador
transmissor de informação como se verifica a seguir pela constatação feita por
Moran, Masetto e Behrens (2006, p.142):
Para nós professores essa mudança de atitude não é fácil. Estamos
acostumados a sentimo-nos seguros com nosso papel tradicional de
comunicar ou transmitir algo que conhecemos muito bem. Sair dessa
posição, entrar em diálogo direto com os alunos, correr o risco de ouvir uma
pergunta para a qual no momento talvez não tenhamos resposta, e propor
aos alunos que pesquisemos juntos para buscarmos a resposta – tudo isso
gera um grande desconforto e uma grande insegurança.
Contudo essa posição já não existe mais, Freire (2007, p.47) afirma que
“ensinar não é transferir conhecimento, mas sim criar possibilidades para a sua
própria produção ou a sua construção.”
Para Moran, Masetto e Behrens (2006, p.71) “é sempre importante conectar o
ensino à vida do aluno.”. Os professores precisam buscar informações sobre as
ferramentas disponíveis de modo que se permita utilizá-las em favor do
desenvolvimento de seus educandos constituindo assim uma prática mediada pela
tecnologia computacional. Os autores citados acima em (2006, p.144), definem
mediação pedagógica como sendo: “O comportamento do professor que se coloca
como um facilitador, incentivador ou motivador da aprendizagem, que se apresenta
com a disposição de ser uma ponte entre o aprendiz e sua aprendizagem”.
Ao assumir essa posição, o educador torna-se também aprendiz, pois
segundo Freire (2007, p.23) “ensinar inexiste sem aprender e vice-versa.”
3.2 A relação dos educadores com o computador na educação
Pretende-se nesse capítulo ponderar a cerca dos argumentos propostos pelos
dois principais grupos de educadores, favoráveis e contrários, que se formam a partir
da proposta do uso do computador na educação como instrumento pedagógico.
Dessa forma busca-se compreender os motivos que levaram a aceitação ou rejeição
do comutador na educação.
O professor tem suas crenças pessoais e trabalha de acordo com elas, do
contrário dificilmente obteria sucesso, mas seu objetivo maior é o desenvolvimento
de seus alunos e certamente não será fácil com ou sem o computador. Para Nespor
(1987 apud SANDHOLTZ, RINGSTAFF, DWYER, 1997, p48) “as crenças têm um
papel importante nos esforços humanos, especialmente em situações nas quais há
uma grande quantidade de incerteza como nas escolas.”, complementando essa
idéia Rokeach (1975 apud SANDHOLTZ, RINGSTAFF, DWYER 1997, p48) afirma
que “elas [as crenças] formam a base das perspectivas dos indivíduos sobre o certo
e o errado, elas predispõem os indivíduos a certos modos de conduta.”.
Defendendo o uso do computador na educação, sobre a máquina afirma
Valente (1995, p.1) que “pode provocar uma mudança de paradigma pedagógico.”.
Segundo esse autor há, pelo menos, duas correntes ideológicas na educação sobre
a presença do computador: uma contra, que ele chama de “Visão Cética” e outra
favorável denominada “Otimista” e cada qual apresenta argumentos para justificar
sua conduta.
Freire (2007, p.35) afirma: ”é próprio do pensar certo à disponibilidade ao
risco, a aceitação do novo que não pode ser negado ou acolhido só porque é novo,
assim como o critério de recusa ao velho não é apenas o cronológico.”. Conduzindo,
desta forma, a uma reflexão sobre os critérios de avaliação daquilo que é proposto
como prática pedagógica.
Os céticos, segundo o autor, consideram a pobreza da educação argumento
conforme a seguir: Valente6 (1995, p2) “a escola não tem carteiras, não tem giz, não
tem merenda, e o professor ganha uma miséria. Nessa pobreza, como falar em
computador?”. Esse autor complementa da seguinte forma id “[...] apenas melhorar
os aspectos físicos da escola não garante uma melhoria no aspecto educacional
[...].”
Analisando dados da Prova Brasil, de 2007, publicados na Revista Nova
Escola do mesmo ano, o Colégio Estadual Januário de Toledo Pizza, no Estado do
Rio de Janeiro, obteve a primeira colocação em matemática com 288,07 pontos,
muito acima da média do Estado 184,44 e da média Nacional 179,98 pontos. O
colégio não possui laboratório de informática ou de outros tipos, nem quadra.
Valente (19957, p.3) salienta que é “necessária uma valorização salarial e da
educação” e que id “[...] isto significa que a escola deve dispor de todos os recursos
existentes na sociedade, caso contrário, a escola continuará obsoleta [...].”. Esse
autor aponta ainda outro argumento utilizado por quem faz oposição ao uso do
computador id “[...] é a desumanização que essa máquina pode provocar na
educação [...].”. Esse argumento permite uma reflexão sobre a possibilidade de o
professor ser substituído pelo computador. Contudo, a defesa é feita da seguinte
6Porquê o computador na educação? disponível em www.nied.inicamp.br/publicacoes/separatas/sep2.pdf
7 Porquê o computador na educação? disponível em www.nied.inicamp.br/publicacoes/separatas/sep2.pdf
forma pelos Parâmetros Curriculares Nacionais Terceiro e Quarto Ciclo do Ensino
Fundamental (1998, p.155):
A tecnologia traz inúmeras contribuições para a atividade de ensino e para
os processos de aprendizagem dos alunos, mas não substitui o professor e,
muito menos os processos criativos do próprio estudante, na produção de
conhecimento. O professor continua sendo quem planeja e desenvolve
situações de ensino a partir do conhecimento que possui sobre o conteúdo,
sobre os processos de aprendizagem, sobre a didática das disciplinas e
sobre a potencialidade da ferramenta tecnológica como um recurso para a
aprendizagem.
O paradigma adotado pelos céticos é chamado, por Valente (1995), de
Instrucionista. O ponto crítico está localizado na postura do professor e o modo
como ele lida com o computador de forma que o educador pretende continuar
atuando como transmissor de conhecimento. Convém enfatizar que, segundo
Valente (1995, p. 3) “se o professor se coloca na posição de somente passar
informação para o aluno ele certamente corre o risco de ser substituído” conclui o
autor.
Analisando, ainda a visão dos otimistas sob ótica de Valente8 (1995, p.4) “os
argumentos nem sempre são tão convincentes. O otimismo é gerado por razões
pouco fundamentadas, correndo o risco de frustrações como já ocorreu com outras
propostas para a educação.”.
Sobre a argumentação da inevitável presença do computador no cotidiano,
Valente (1995, p.5) acredita que “esse argumento é falacioso”, e explica sua postura
sobre o uso da ferramenta do ponto de vista técnico afirmando que id”[...]computador
na educação não significa aprender sobre computadores, mas sim por meio de
computadores[...]” pois para ele, id“[...]o interesse em estudar esse objeto,
tecnológico deve ir além do simples fato de eles permearem a nossa vida[...]”.
Valente (1995, p.6) aponta como sendo “a razão mais nobre e irrefutável do
uso do computador na educação”, aquele que trata de desenvolver o raciocínio do
aluno por meio da proposição de situações problema na qual o computador seja um
elemento colaborativo permitindo que ele construa seu conhecimento por meio de da
ferramenta e isto para Papert (1986 apud Valente 1995, p.12) chama-se paradigma
Construcionista.
8 Computador e conhecimento: publicações NIED: 1995
Independente do posicionamento adotado, Cético Instrucionista ou Otimista
Construcionista o fato é que, a utilização da ferramenta computacional promove
mudanças na postura dos alunos e isso precisa ser considerado como consta nos
Parâmetros Curriculares Nacionais Terceiro e Quarto Ciclo do Ensino Fundamental
(1998, p.156) ao preconizarem que:
A tecnologia deve ser utilizada na escola para ampliar as opções da ação
didática, com o objetivo de criar ambientes de ensino aprendizagem que
favoreçam a postura crítica, a curiosidade, a observação e análise, a troca
de idéias, de forma que o aluno possa ter autonomia no seu processo de
aprendizagem, buscando e ampliando conhecimentos.
Desse modo, Freire (2007, p.33) sugere cuidado, “divinizar ou diabolizar a
tecnologia ou a ciência é uma forma altamente negativa e perigosa de pensar
errado.”. Por isso, de acordo com Freire (2007, p.39) “na formação permanente dos
professores, o momento fundamental é o da reflexão crítica sobre a prática.”. Dessa
forma é necessário sempre reavaliar crenças que recaem sobre as práticas
verificando seu grau de adequação com relação à fase na qual se encontra.
4 REFORMULANDO A SALA DE AULA - O COMPUTADOR NA EDUCAÇÃO
Este capítulo pretende mostrar a necessidade de que haja uma reformulação
das estratégias empregadas em sala de aula para que o computador venha a se
tornar um recurso que agregue valor ao ensino.
Durante as pesquisas verificou-se que os motivos que impulsionaram a
evolução dos computadores estiveram sempre ligados à análise de dados para fins
bélicos, e industriais. O que demonstra, portanto, não ter sido desenvolvida,
inicialmente, com propósitos educacionais. Sobre isso, Valente (1999 p1) afirma que
“esse tipo de aplicação [pedagógica] sempre foi um desafio para os pesquisadores
preocupados com a disseminação dos computadores em nossa sociedade.”
As histórias de sucesso de pessoas como Gates, Allen, e empresas como a
Microsoft que conseguiu manter-se líder durante todas as fases da evolução da
tecnologia, ocorreram muito em função de habilidades em relacionar-se com outras
empresas e adaptar-se às necessidades do mercado empresarial e dos usuários
domésticos. Habilidades como essas são aplicáveis às pessoas, especificamente
aos educadores, em seu relacionamento com as máquinas. A importância do
professor pode ser percebida por meio da opinião expressa por Moran 9(2007 p.3)
O educador continua sendo importante, não como informador nem como
papagaio repetidor de informações prontas, mas como mediador e
organizador de processos. O professor é um pesquisador – junto com os
alunos – e articulador de aprendizagens ativas, um conselheiro de pessoas
diferentes, um avaliador dos resultados. O papel dele é mais nobre, menos
repetitivo e mais criativo do que na escola convencional.
No que tange a estabilidade do professor, de acordo com Gates (1995,
p.232), a tecnologia “não vai substituir professores interessados, administradores
criativos, pais envolvidos e, é claro, aluno diligente.”. Segundo ele, a estrada10,
reunirá os melhores trabalhos de incontáveis professores e autores para que todos
compartilhem deles e explorá-los interativamente. De acordo com os Parâmetros
Curriculares Nacionais Quarto e Quinto Ciclo do Ensino Fundamental (1998, p.154):
É fundamental que o professor tenha conhecimento sobre as possibilidades
do recurso tecnológico, para poder utilizá-lo como instrumento para a
aprendizagem. Caso contrário, não é possível saber como o recurso pode
auxiliar no processo de ensino e aprendizagem.
9 Extraído do artigo “Como utilizar as tecnologias na escola” acesso em 14.dez.2007.
10 Termo utilizado na época para referir-se a Internet.
Freire (2007, p.50) autodescreve-se da seguinte forma: “como professor
crítico sou um aventureiro responsável, predisposto à mudança, à aceitação do
diferente. Nada do que experimentei em minha vida docente deve necessariamente
repetir-se.”
O professor deve preparar-se para receber, analisar e processar essas
informações além de trabalhar com elas motivando seus educandos. Moran, Masetto
e Behrens (2006, p.62), afirmam que “educadores entusiasmados, atraem,
contagiam, estimulam, tornam-se próximos da maior parte dos alunos. Mesmo
quando não concordemos com todas as suas idéias.”.
Para Gates (1995 p233) “chegará o momento em que esse acesso ajudará a
disseminar oportunidades educacionais e pessoais até mesmo entre estudantes que
não tiveram a felicidade de freqüentar as melhores escolas.”. Essa previsão tornou-
se realidade em função, da parceria da Microsoft com o Instituto Ayrton Senna, que
culminou com a criação de um projeto chamado Sua Escola a 2000 por Hora11.
Alguns relatos de alunos extraídos de material de divulgação do programa
confirmam o pensamento de Gates.
Almeida (1988, p.9) aponta que “hoje no Brasil há projetos em todas as áreas
para seu uso: o computador na medicina, na agricultura, nos equipamentos de
guerra, nas pesquisas científicas” e, por conseguinte, a escola também é estimulada
a criar os seus id “[...] uma dezena de escolas de grande porte nas principais capitais
do país, já abriram suas portas ao trabalho com o computador [...].”.
A parceria do Instituto Ayrton Senna com a Microsoft utiliza a tecnologia como
suporte técnico e pedagógico sendo definido pela Orientadora Maria Isabel
Guimarães, como “um conjunto de ações que buscam uma nova educação, uma
nova escola no Brasil.”. De acordo com Dolla, Grego (2002,p.33):
De fato, a controvérsia sobre a conveniência ou não da utilização do
computador nas escolas, nos diferentes níveis de ensino, parece tornar-se
obsoleta, e ao debate se coloca para os critérios e as formas de
implementação da informática nas escolas.
A professora Adriana Martinelli, coordenadora desse programa afirma que “o
papel da tecnologia dentro da escola passa a ser um meio fundamental para que o
aluno possa desenvolver competências e habilidades.”.
11 Informações extraídas do CD de divulgação do Programa Sua Escola a 2000 por Hora
Sobre as mudanças na educação em função das tecnologias, Moran12 (2007,
p3) afirma ainda que:
As mudanças na educação dependem, mais do que das novas tecnologias,
de termos educadores, gestores e alunos maduros intelectual, emocional e
eticamente; pessoas curiosas, entusiasmadas, abertas, que saibam motivar
e dialogar; pessoas com as quais valha a pena entrar em contato, porque
dele saímos enriquecidos.
A aluna Gláucia Basílio, da Escola Municipal Professora Leonilda Montandon
em Araxá, Minas Gerais, coloca “depois que o programa sua escola veio pra dentro
da nossa escola, parece que abriu a mente do professor, da direção. Agora agente
aqui dentro da escola faz o nosso papel.”.
Além do Sua Escola, o projeto ACOT também oferece aulas com esse
formato – centrado no aluno como verifica-se no relato da experiência do professor
John Erickson do projeto ACOT às autoras Sandholtz, Ringstaff, Dwyer, (1997,
p.82):
Primeiro ano do projeto: Minha aula expositiva de ciências não durou mais
de dez minutos hoje. No restante do período, os alunos trabalharam em um
projeto. Que efeito isso terá sobre sua aprendizagem? Dois anos mais
tarde: Quando os alunos estão apresentando seus projetos de informática,
eu posso permitir que eles assumam o papel do professor e eu o de aluno...
às vezes, nós pedimos que outros na classe se apresentem como
voluntários para dar as informações primeiro. Eu, por assim dizer, me torno
a última pessoa que dá informações na classe, ao invés de ser a primeira.
No ano seguinte: Eu acho que os alunos estão adquirindo uma quantidade
extraordinária de... conhecimento... embora o esteja fazendo por conta
própria e este conhecimento não esteja sendo transmitindo a eles por um
professor que fica em pé a sua frente.
Mesmo as crianças que apresentam desajustes de comportamento podem
participar da mudança, que deve ser encarada como uma possibilidade de
ajustamento e integração com seu grupo como o relatado pelas autoras a seguir.
Joe é o aluno falante, perturbador e desajustado que todo professor já teve
algum dia. Ele adora o computador. Ele não era popular entre os colegas,
mas pegou muito rápido a linguagem do computador. Os outros estão
perguntando :”Será que o Joe pode vir até aqui me ajudar:” É interessante
ver como o fato de ele ter se tornando um especialista influenciou suas
relações com a classe. (SANDHOLTZ, RINGSTAFF, DWYER 1997. p.86 )
Para a professora de Matemática Cínara Ávila, da Escola Municipal Professora
Leonilda Montandon em Araxá Minas Gerais o projeto também serviu para destacar
a importância do aluno do processo de aprendizagem, “agente viu que, agente já
12 Extraído do artigo: A integração das tecnologias na educação acesso em 18.04.2007
sabia, mas agora mais do que nunca quem faz a escola são os alunos, eles são os
protagonistas. Se eles querem com certeza vai acontecer.”
E do ponto de vista dos alunos a mudança também foi percebida, como fica
explicitado na fala da aluna Gláucia Basílio também de Araxá: “as disciplinas agora
são mais inovadoras, não tem só aquela coisa, é só livro, o computador ajudou muito
a fonte de pesquisa (como fonte de pesquisa) acho que a escola melhorou cem por
cento.”. Gates relata algumas possibilidades em que a estrutura tecnológica
dinamizará a aula tornando-a mais rica e interessante:
Posso imaginar um professor de ciências daqui a uma década, trabalhando
uma aula sobre o Sol, explicando não só a ciência, mas também a história
das descobertas que tornaram possíveis. Enquanto ele fala sobre o Sol
imagens e gráficos aparecerão nos momentos apropriados. Se um aluno
perguntar sobre a fonte da energia solar, ele poderá responder usando
desenhos animados de átomos de hidrogênio e hélio, mostrar erupções e
manchas solares ou outros fenômenos. (GATES 1995, p.237).
De acordo com Valente, (1999, p3) “a implantação da informática, como
auxiliar do processo de construção do conhecimento, implica em mudanças na
escola que vão além da formação do professor.” id “[...] deve criar condições para o
docente construir conhecimento sobre as técnicas computacionais, entender porque
e como integrar o computador na sua prática pedagógica [...].”.
Para Gates (1995, p.244) “Diferentes ritmos de aprendizagens serão
contemplados, pois os computadores serão capazes de dar a atenção individual a
cada um de seus alunos.”. O autor posiciona-se como id “[...] declaradamente
otimista em relação às tecnologias na educação [...]”, e desta forma acredita que
estas irão inicialmente apenas potencializar as ferramentas tradicionais.
Essas propostas não eram mais do que idealizações, na época em que foram
concebidas, há treze anos, no entanto após o período suposto nos pensamentos de
Gates, verifica-se que são absolutamente tangíveis.
5 O PLANEJAMENTO DAS NOVAS AÇÕES PEDAGÓGICAS
O planejamento de ações pedagógicas, sobretudo, as que se propõem a ser
mediadoras, é de vital importância para na prática docente. Planejar a aula,
considerando a realidade das turmas, como aponta Freire (1981), conhecendo a
realidade dos alunos, procurando conhecer seus valores, sua condição de vida, sua
cultura, saberes sonhos e angústias, representa ampliar as chances de acerto, de
sucesso da aula e torna-se um fator de diminuição da indisciplina no laboratório.
Segundo Gandin, Gandin (2008, p.161) caso não haja planejamento
estratégico, “se você não repensar os fundamentos teóricos e gnosiológicos, que
embasam sua prática, pouca diferença faz mudar a forma de agir.”.
Para Moran, Masetto e Behrens (2006 p.144) “O comportamento do professor
que se coloca como um facilitador, incentivador ou motivador da aprendizagem, que
se apresenta com a disposição de ser uma ponte entre o aprendiz e sua
aprendizagem.”
Nos Estados Unidos originou-se o programa: Salas de Aula do Futuro da
Apple – ACOT (Apples Classrooms of Tomorrow), Sandholtz, Ringstaff Dwyer, 1997
p.61 reconhece que “a mudança é evolutiva, nós sugerimos uma abordagem gradual
para alterar o contexto e dar o apoio necessário.”
Esta proposta deu origem a estrutura que auxiliava o professor na adaptação
com sua nova sala de aula, agora informatizada. Essas autoras relatam que no
começo, os professores preocupavam-se com a parte física do computador por isso
id“[...] o treinamento técnico, portanto, é um ingrediente chave que pode reduzir o
estresse e aumentar a confiança [...].” Situações que desgaste podem ser
ocasionadas pelos alunos que, assim como seus professores, estão aprendendo.
O professor David Mendez fez o seguinte relato às autoras Sandholtz,
Ringstaff Dwyer, (1997, p. 64):
Se eu tivesse escolha, eu não acho que olharia novamente para um
computador. Um de meus alunos entrou na rede e perdeu muitas
informações porque ele não sabia o que estava fazendo. É uma situação
típica, e causou um grande problema porque, agora os computadores estão
desligados. Diariamente nós temos que lidar com tantas variáveis como esta
que eu não antecipei ao entrar para este programa. Eu fico ansioso para
que chegue o final de semana para que eu não tenha que fazer coisa
alguma com computadores.
Freire13(1981) lembra que também é necessário ao profissional olhar-se,
analisar-se “estou inteiro, estou disponível, estou marcado pelo preconceito, me
acho dono da verdade, estou aberto para aprender com os alunos?.”.
Quando a aula não é planejada os alunos percebem e desvirtuar o rumo da
aula, torna-se fácil isto porque não há rumo. Essa situação gera desconforto entre
alunos e professor, pois eles se sentem desconsiderados.
Em referência a isso os Parâmetros Curriculares Nacionais Quarto e Quinto
Ciclos do Ensino Fundamental (1998, p.153) recomendam que:
As aulas devem ser planejadas levando-se em consideração: os objetivos e
os conteúdos de aprendizagem; as potencialidades do recurso tecnológico
para promover aprendizagens significativas; os encaminhamentos para
problematizar os conteúdos utilizando tecnologia; e os procedimentos da
máquina que são necessários conhecer para sua manipulação.
Quanto à elaboração dos objetivos, Vasconcelos (2003, p.16) atenta para o
que ele chama de “eventual conflito entre o objetivo expresso (registrado no projeto)
e o objetivo real (sobreviver, cumprir o programa, conseguir controle...).”. Os
objetivos previamente estipulados podem mudar em função de uma necessidade
específica de uma turma, ou por um enfoque diferenciado que um aluno, com uma
simples pergunta, pôde dar à aula. Deste modo, o planejamento, deve ser tão
rigoroso quanto flexível permitindo adaptações que se façam necessárias no
decorrer de sua execução.
O projeto deve estar minuciosamente explicado, pois o grau de detalhamento
dá a medida do cuidado e atenção dedicada à elaboração da proposta Vasconcelos
(2003, p.13) enfatiza que “por trás de toda prática há sempre algum elemento
teórico, algum suporte reflexivo.”.
Soares (2006, p.123) “deve-se considerar para quem se dirige, porque e qual
a especificidade que guarda e necessita explicar.”. Um projeto que apresenta
metodologias genéricas e superficiais pode acarretar em uma prática pautada mais
no improviso que no próprio planejamento e para Vasconcelos (2003, p.13) “como o
improviso não é tão simples de acontecer, devido às estruturas e amarras a
tendência é a reprodução de práticas arcaicas e equivocadas.”.
Na rede municipal de ensino, existe um Projeto Pedagógico que atende às
especificidades que Soares (2006, p.123) já apontada neste estudo, onde todas as
13 Pedagogia do Oprimido.
turmas são atendidas ao menos uma vez por semana, e se após atribuição
igualitária dos horários às turmas, permanecer algum sem utilização, este poderá ser
requerido por alunos, desde que acompanhados por um professor, para eventuais
pesquisas ou desenvolvimento de trabalhos.
Os fatos relatados neste capítulo foram presenciados durante o cumprimento
da carga horária de Estágio Supervisionado no primeiro semestre do ano de 2008.
As condições de utilização das informações exigem que o nome da escola, e dos
envolvidos sejam preservados.
6 A COMUNIDADE E A ESCOLA NO DESENVOLVIMENTO DOS ALUNOS
Quando o Clube das mães da Escola Lakeside resolveu investir a verba
arrecadada em um bazar beneficente na escola de seus filhos no final dos anos
sessenta em Seatle, o computador não tinha tela e servia para pouquíssimas coisas.
No entanto, ao inserir aquele objeto de adulto em um contexto infanto-juvenil o
impacto foi tão marcante quanto decisivo na vida daqueles alunos.
A experiência de jogar o jogo da velha nesta máquina é relata pelo jovem
Gates (1995, p.11):
Para jogar digitávamos nossas jogadas em um teclado semelhante ao de
uma máquina de escrever, depois ficávamos sentados ali em volta, até os
resultados voltarem pipocando em uma barulhenta impressora.
Avançávamos todos para ver quem tinha ganho ou decidir qual a próxima
jogada. Uma partida de jogo da velha, que levaria trinta segundos com
papel e lápis, podia consumir quase todo o horário de almoço. Mas quem
estava se importando? Havia algo de muito atraente naquela máquina.
Tempos depois o jovem Bill, pode entender o que se passava com ele e seus
colegas diante daquele terminal de computador na Lakeside Scholl em Seatle, Gates
(1995, p.13):
O encanto residia no fato de que ali estava aquela máquina imensa, cara,
de gente grande, e nós garotos, podíamos controla-la. Éramos jovens para
dirigir [...], mas podíamos dar ordens àquela máquina enorme e ela
obedecia sempre.
Hoje o jovem Bill, é Bill Gates, um dos mais bem sucedidos do ramo de
tecnologia. Mas o encanto que o levou a ser quem é começou na escola. Se aquele
grupo de mães não houvesse proporcionado aquela experiência, possivelmente
muita coisa não estaria acontecendo atualmente em relação à tecnologia e à
educação.
O fato maior é que a influência foi positiva. Destaca-se que essa ocorreu em
um ambiente de aprendizado formal isto é, dentro de uma escola. O ocorrido pode
servir de exemplo, de motivação para os alunos e educadores, pois mesmo com a
precariedade da máquina a experiência foi fascinante.
A capacidade de interação e a dinâmica proporcionada pelos computadores
aumentaram na mesma proporção que o seu potencial físico. Na visão de Freire
(2007 p31) “a curiosidade ingênua, continuando a ser curiosidade, se criticiza [...]
tornando-se então curiosidade epistemológica, metodicamente rigorizando-se na sua
aproximação com o objeto, conota seus achados maior exatidão.”.
Desta forma caberá ao educador, a opção de como assumir seu papel de
facilitador proposto pelos autores e aderir à ferramenta computacional, podendo com
isso, despertar em seus educandos essa curiosidade valorizada por Freire,
canalizando-a para a efetiva construção de conhecimentos.
7 ESTUDO DE CASO
Uma determinada turma do sétimo ano do Ensino Fundamental, no início do
segundo bimestre, do ano de 2008, apresentou grave defasagem de conteúdo em
Matemática. A situação decorreu de uma atividade diagnóstica para o grupo de
dezoito alunos por meio da qual ficou evidenciado que esses não sabiam multiplicar.
A atividade diagnóstica pretendia justamente sondar os conhecimentos
daquele grupo em Matemática, contudo não se esperava tamanha dificuldade.
A proposta inicial14 constituía-se de um jogo em duplas, chamado Hex
Multiplicativo, tendo como base à multiplicação e a divisão. A grande dificuldade do
grupo ocasionou a reformulação dos planos de aulas subseqüentes destinados
àqueles dezoito alunos.
O replanejamento exigiu que fosse feita uma pesquisa sobre outras formas de
realização do cálculo multiplicativo, sendo elaborada uma nova atividade específica
para este grupo que contou com outros professores especialistas em matemática.
Sob orientação de um grupo de professores, foi utilizado um método diferente
de construir o algoritmo da multiplicação. Para explicá-lo aos alunos a monitoria
criou uma apresentação com auxílio do Microsoft Power Point.
Apresentados ao novo formato, após toda explicação, que fosse necessária,
haveria uma outra atividade onde os alunos poderiam praticar o novo método, como
mostra a tela a seguir:
A nova atividade propunha cálculos apenas por dois dígitos em cada fator. A partir
deste momento, com alguma insistência, uma melhora bastante sutil, foi sentida, e
com mais três atividades de raciocínio lógico, que buscavam a estimulação por meio
da aparente brincadeira, a turma demonstrou condições de retomar a proposta inicial
do jogo multiplicativo e concluí-la.
Destaca-se, nesse caso, a professora de Matemática que acompanhou
diretamente o desenvolvimento da proposta orientando seus alunos e constituindo
uma parceria com os monitores, de forma que o conteúdo oferecido em sala de aula
foi adaptado visando o desenvolvimento dos alunos naquele determinado aspecto.
A turma continua sendo estimulada, mas sua defasagem de aprendizado que
é profunda, está sendo trabalhada em favor de sua diminuição.
14 Planejamento original consta em Anexos.
Desse modo é possível perceber como o computador tem mostrado-se um
bom aliado no desenvolvimento dos alunos dentro da escola, mas sua adoção
requer planejamento e comprometimento dos profissionais envolvidos com a
construção do conhecimento por parte dos alunos.
Embora todo o exposto tenha ocorrido em um ambiente tecnológico, salas
com computadores, o mais importante para o sucesso do intento, foi o interesse que
os monitores e a professora de matemática demonstraram em resgatar aqueles
alunos com problemas.
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Antes do computador, os alunos utilizavam apenas os livros didáticos
escolhidos pela escola dentre uma lista, que representa já uma pré-seleção,
elaborada pelo Ministério da Educação e Cultura. Nesse processo, os alunos não
possuíam nenhuma participação e mesmo os professores não detinham grande
liberdade nas escolhas.
O computador permite que haja maior participação de todos os envolvidos no
processo de aprendizagem, pois, viabiliza o acesso a um grande número de livros
virtuais, chamados e-books, que podem ser lidos sem nenhum custo por meio da
Internet.
Embora sejam de cunho pedagógico, esses materiais não estão salvos de
erros, caberá, então ao educador revisá-los, antes de utilizar com suas turmas. O
mesmo ocorre com a Internet. Os alunos precisam saber que há sites não
confiáveis.
Além dos e-books, estão à disposição dos alunos e professores artigos de
pesquisa científica com informações de qualidade, recentes e diretos da fonte, o que
dificulta alguma manipulação a favor de algum interesse.
Toda essa liberdade de acesso confere também maior responsabilidade ao
aluno, mas principalmente para o educador. A ele cabe a tarefa de “mover os alunos
da zona de conforto”, que as facilidades do mundo moderno colocar- lhes para que
se tornem críticos. E se essa tarefa, que sempre lhe coube, já não era fácil, agora
requer mais empenho, pois o mundo não se limita mais às fronteiras de seu bairro,
seu município, seu país, pois de fato não há mais fronteiras a partir do momento em
que o aluno adquire alguma autonomia sobre a tecnologia computacional.
Isso pode ser bom, ou ruim, vai depender, em parte, do compromisso que a
escola e a sociedade assumirem com a formação de todos os alunos, hoje e no
futuro.
Com base nas experiências pode-se perceber que o computador, por si só,
não produz conhecimento espontaneamente, contudo, mostrou-se uma ferramenta
capaz de auxiliar no aprendizado especialmente por meio de atividades bem
dirigidas e baseadas na realidade dos alunos, É preciso definir as intenções do uso
da ferramenta e compartilhá-las com os alunos, para que eles mantenham o foco na
aprendizagem para a construção de conhecimentos.
O computador tornou-se um mecanismo extremamente atraente para a
educação dos tempos atuais, principalmente pelo encanto que exerce nos alunos.
Entretanto o sucesso do uso do computador, na escola, depende de uma proposta
integradora que promova a aprendizagem significativa.
A educação volta-se cada vez mais para o alunado, colocando-o no centro da
aprendizagem. Analisando, superficialmente, tem-se a sensação de que o professor
encontra-se marginalizado nesse processo. Contudo, esta condição somente se
confirmará se ele próprio permitir.
O educador, enquanto profissional, deve sim estar direcionado ao
aprendizado do aluno, porém ele não é única e exclusivamente profissional. Deste
modo, o horizonte abre-se para a figura humana do educador tímida, porém
insurgente, que deve colocar-se no centro de seu próprio aprendizado.
Ao assumir essa proposta o educador compreendeu sua natureza inacabada,
de que se refere Paulo Freire, dispondo-se a conhecer mais e a aprender sobre
tudo, inclusive informática. Haja vista que as potencialidades do computador não
recaem somente sobre os alunos. Nada impede que o educador procure aprender
sobre a ferramenta, de modo a permitir-lhe construir um acervo pessoal tanto para o
ensino, como para o lazer.
Tornar-se factível elaborar um acervo pessoal de imagens referentes aos
principais assuntos que o professor abordará em um determinado semestre ou
aprender pelo computador novíssimas técnicas de artesanato, por exemplo. Não
haverá limites para o ser – profissional e humano – relação ao que poderá
apreender por meio do computador.
9 REFERÊNCIAS
ALMEIDA, F. J. Educação e informática: os computadores na escola. São Paulo,
Cortez, 1988.
BETTEGA, M.H. Educação continuada na era digital. São Paulo, Cortez:97p.
2004.
CAPRON, H. L., JOHNSONS, J.A. Introdução a Informática. 8.ed. São Paulo:
Pearson Prentice Hall, 2004. 350p.
COSTA, A M N da. A revolução digital e o novo homem - Disponível em
<http://www.psicologiaonline.org.br/trabpsicoinfo> acesso em 20.ago.2008.
DOLLA, E.A.V. GREGO, S.M.D. Construção de programas educacionais
interativos, integrando tecnologia de informática ao conhecimento do
processo educativo. Tecnologia Educacional v.31, p.33. 2002.
FAGUNDES, L.D.C. Inteligência coletiva, Pátio, v1,n1,p14-17, 1997
FREIRE, P. Educação para a mudança. 3.ed Rio de Janeiro Paz e Terra 1981.
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 9.ed Rio de Janeiro Paz e Terra 1981.
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia. 35.ed Rio de Janeiro Paz e Terra 2007.
GANDIN D., GANDIN L.A. Temas para um projeto político pedagógico 9.ed.
Petrópolis: Vozes, 2008. 161p.
GATES, W.B. A estrada do futuro. 2.ed. São Paulo: Companhia das Letras 347p
IMBERNÓN, F. A educação no século XXI, Porto Alegre: Artes Médicas: 2000
205p
LANCHARRO, E. A. LOPEZ, M. G. FERNADEZ, S.P. Informática básica. Pearson
Education do Brasil, São Paulo, p1, 1991.
MEC, Parâmetros Curriculares Nacionais: Introdução – terceiro e quarto ciclo do
Ensino Fundamental, 1998, p153.
MORAN, J.M. A integração das tecnologias na educação. Disponível em
<http://www.eca.usp.br/prof/moran/integracao.htm> acesso em 18.Abr.2007.
______.Educação e tecnologias: mudar para valer! Disponível em
<http://www.eca.usp.br/prof/moran/educatec.htm> acesso em 18.Abr.2007.
______.Como Utilizar as tecnologias na escola. Disponível em
<http://www.eca.usp.br/prof/moran/utilizar.htm> acesso em 18.Abr.2007.
______.Os novos espaços de atuação do educador com as tecnologias;
Disponível em <http://www.eca.usp.br/prof/moran/espacos.htm> acesso em
18.Abr.2007.
______.Educar o educador. Disponível em
<http://www.eca.usp.br/prof/moran/educar.htm> acesso em 18.Abr.2007.
______.As mídias na educação. Disponível em
<http://www.eca.usp.br/prof/moran/midias_educ.htm> acesso em 18.Abr.2007.
NITZKE, J. A. A construção do engenheiro para o terceiro milênio. In: FRANCO,
S.R.K.org. Informática na Educação: estudos interdisciplinares. 1. ed. Rio
Grande do Sul: UFRGS, 2004. p.27.
Nova Escola, Avaliação, ano XXII nº 199 Janeiro/fevereiro 2007 p 34-44
ROCHA, B.T. Mídia e Educação: pesando o currículo na era digital. Tecnologia
Educacional n163/166 out. 2003 set 2004 p91-96
SANDHOLTZ, J.H., RINGSTAFF, D. DWYER, D. Ensinando com Tecnologia:
criando salas de aula centradas nos alunos. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997
167p.
SILVA, L.N. A quarta onda: os novos rumos da sociedade da informação. São
Paulo: Record, 1992 p71-77
VALENTE, J.A. Questão do Software educacional: parâmetros para o
desenvolvimento de software educativo. NIED,memo nº24 1989 Disponível em
<http://www.nied.unicamp.br/publicações/memos/memo24.pdf> acesso em 18 jan
2008.
______.Por quê o computador na educação? Disponível em
<http://www.nied.unicamp.br/publicações/separatas/sep2.pdf> acesso em 18 jan
2008
______.O computador na sociedade do conhecimento. 1.ed. Campinas: NIED
1999 156p
VASCONCELOS, C.S. Planejamento: projeto de ensino-aprendizagem e projeto
político pedagógico, ABC Educatio, sem data, p13.
ANEXOS
ANEXO A
Imagem 2 : Proposta inicial tela do Jogo Hex Multiplicativo
Imagem 3: Tela Inicial do Power Point explicativo Imagem 4: Tela 2
Imagem 5: Tela 3 Imagem 6 Tela 4
Imagem 7: Tela 5 Imagem 8: Tela 6 encerrando a apresentação
Imagem 9: Nova atividade para a prática da multiplicação por meio do novo modelo.
ANEXO B
E.W.M.M.
Diretora:
Coordenadora:
Monitora:
6º ao 9º Ano
Planejamento de Abril – 2008
Primeira e Segunda Semana
Tema: Jogos Matemáticos - Jogo Multiplicativo – Hex Multiplicativo
Objetivos: Além do cálculo mental os objetivos deste jogo são a memorização da
tabuada e a compreensão da divisão como operação inversa da multiplicação.
Apesar de estarmos enfatizando compreensão e reflexão no trato com as operações,
alguns aspectos do cálculo, tais como conhecimento da tabuada, continua sendo
importantes.
Atividade: Jogo Multiplicativo – Hex Multiplicativo
Duração: Uma aula
Recursos: Planilha de Excel, lápis, papel e borracha para rascunho
Disciplinas: Língua Portuguesa, Matemática.
Metodologia: Antes de sair da sala de aula regular os alunos são organizados em
duplas. Ao entrarem no laboratório são instruídos a abrir o arquivo do Microsoft
Excel chamado Jogos Matemáticos e clicar na guia Jogo Multiplicativo. Os jogadores
decidem quem começa e jogam alternadamente. Em cada rodada, o jogador escolhe
dois números entre os “números do jogo” e multiplica-os marcando o resultado na
planilha. Caso o resultado obtido já tiver sido marcado por outro jogador perderá a
vez e adversário jogará duas vezes seguidas. Ganha o jogo àquele que fizer maior
número de pontos ou preencher uma linha ou coluna resultados primeiro.
ANEXO C
E.W.M.M.
Diretora:
Coordenadora:
Monitoras:
6º ao 9º Ano
Avaliação de Abril – 2008
Primeira e Segunda Semana
 Tema: Jogo Multiplicativo – Hex Multiplicativo
 Resultados obtidos: Com as atividades propostas tiveram caráter de avaliação
formativa, pois ainda estou conhecendo as turmas. Dentro desta proposta foi
possível notar quais turmas apresentavam dificuldades e em quais conteúdos.
Tais informações colaboram para a constituição do perfil da sala e das novas
propostas que deverão possibilitar o desenvolvimento das habilidades e
competências desejáveis para cada série favorecendo o desenvolvimento dos
conteúdos em sala de aula.
 Atividade: Enquanto jogavam, aproveitei para observar não apenas como
compreendem as regras, e o domínio dos recursos computacionais, mas
também, como estão em relação às estimativas, tabuada e o algoritmo,
multiplicação. Devido a esta prática pude notar que o 7º ano X possui grande
déficit no conteúdo de matemática, pois não conseguiam resolver contas simples
de multiplicação. Na maioria dos casos não reconheciam sequer a modalidade da
operação executando uma soma onde seria multiplicação. A alternativa
encontrada para esta turma foi interromper o projeto de jogos e visando minorar
este déficit executamos as atividades: Muitos Modos de Multiplicar onde uma
apresentação de Power Point exibia um modo diferente de montar o algoritmo da
multiplicação, desta forma o aluno via mais claramente de onde vinham os
produtos. Após esta apresentação os alunos abriram uma Planilha do Microsoft
Excel que, por meio deste novo algoritmo, tinham de fazer as contas referentes
ao jogo da aula anterior servindo de subsídio para a retomada daquela atividade.
A turma foi não, parte, receptiva com a nova proposta demonstrando que haviam
criado uma rejeição à matemática devido à grande dificuldade que apresentam.
Este comportamento está sendo contornado com auxílio da professora de
matemática. Ao final da proposta as alunas apresentaram certas melhora
inclusive em sala de aula regular conseguindo desenvolver outros conteúdos.
 Ação Conjunta: Em relação à turma com déficit de conteúdo, 7º ano X, a
professora X que ministra aula de matemática para a classe tem acompanhado
mais atentamente a turma e as atividades da informática estão sendo
direcionadas para a resolução deste problema. As demais turmas estão
acompanhando e desenvolvendo as propostas como o esperado e com a
participação dos professores.

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O COMPUTADOR COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA

  • 1. Faculdades São Sebastião LUIZA FERREIRA DE BARROS FILHA O COMPUTADOR COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA: Trabalho de Conclusão do Curso de Pedagogia apresentado às Faculdades São Sebastião como condição parcial para a obtenção do título de Licenciatura em Pedagogia sob orientação do Prof Adriano Scala Pandolfi. São Sebastião – S.P. 2009
  • 2. Dedico a minha Mãe, meu maior referencial teórico e prático para toda minha vida.
  • 3. AGRADECIMENTOS A Deus que permitiu que tudo isso fosse possível. A minha mãe por nem sempre concordar comigo. A todos os professores que desde Ensino Fundamental e Médio, me ensinaram a ser professora em especial: Maria Amélia da 2ª série, Aninha e Vera de Ciências, Cristina de Educação Física, Luis Carlos e Franklin de Artes, Alberto de História, Glória Geografia, Suzana, Cidinha e Mara de Matemática, Luis Donato, Catarina, Maria Bernadete de Língua Portuguesa, Renato e Emanuel de Química, Lourenço de Física, Judith, Sultane e Edileusa Brasil De Inglês. A Dra Eliane, pelas impagáveis aventuras no retorno para casa. Aos meus primeiros alunos que me ensinaram algumas das lições mais importantes. A equipe da Escola Municipal de Juqueí, primeira escola que lecionei. Aos alunos e professores da Escola Municipal Prof. Walfrido Maciel Monteiro. Silas, Valéria, Silvia, Rui, Rosânia que ampliaram minha visão de mundo. Aos amigos e colegas de trabalho: Hamilton Pereira Rangel, João Paulo, José Carlos Nobre, José Ricardo Reis, Dalva Maria da Costa, Leonardo Matsuhashi, Roberto Brito, Rafael Taraschuk, Alan Patrik Pineda Fernandes, Ernesto dos Santos Neto, Décio, Ronald, Sônia, Natália, Felipe Santos. A todas as pessoas que, de alguma forma, ajudaram a tornar este sonho real.
  • 4. “Divinizar ou diabolizar a tecnologia ou a ciência é uma forma altamente negativa e perigosa de pensar errado” Paulo Freire
  • 5. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Imagem 1 ........................................................................................................ 1968: Bill Gates (de pé) ao lado de Paul Allen no computador da Lakeside School. Imagem 2 ........................................................................................................ Alunos jogando Hex Multiplicativo na aula de informática. Imagem 3 ........................................................................................................ Proposta inicial. Tela do Jogo Hex Multiplicativo Imagem 4 ........................................................................................................ Tela inicial do Power Point explicativo. Imagem 5 ........................................................................................................ Tela 2 do Power Point Atividade Muitos Modos de Multiplicar Imagem 6 ........................................................................................................ Tela 3 do Power Point Atividade Muitos Modos de Multiplicar Imagem 7 ........................................................................................................ Tela 4 do Power Point Atividade Muitos Modos de Multiplicar Imagem 8 ........................................................................................................ Tela 5 do Power Point Atividade Muitos Modos de Multiplicar Imagem 9 ...................................................................................................... Nova atividade para prática da multiplicação por meio do novo modelo Imagem 10 ...................................................................................................... Alunos jogando Hex Multiplicativo
  • 6. 1 INTRODUÇÃO Por meio deste estudo busca-se apresentar o ambiente computacional como instrumento pedagógico com potencial de auxiliar o educador e aluno do Ensino Fundamental no processo de aprendizagem. Isto pode ocorrer por meio de atividades lúdicas, dinâmicas que enfatizam a fundamental importância de uma ação pedagógica associada aos conteúdos apresentados na sala de aula regular. O interesse em desenvolver o tema surgiu a partir das experiências em função do trabalho como Monitora de Informática na rede Municipal de Ensino Fundamental em São Sebastião. Nesse período, várias turmas foram atendidas e cada qual uma realidade educacional própria. O principal objetivo deste estudo é mostrar como ambiente computacional pode enriquecer as práticas pedagógicas aplicadas na sala de aula regular favorecendo o aprendizado dos alunos. O estudo contará com depoimentos de professores e alunos do programa Sua Escola a 2000 por Hora, parceria entre o Instituto Ayrton Senna e a Microsoft, e o programa: Salas de Aula do Futuro da Apple – ACOT1 (Apples Classrooms of Tomorrow). Os dados obtidos neste estudo visam responder a seguinte questão: o ambiente computacional pode colaborar para o aprendizado de alunos do Ensino Fundamental? O embasamento teórico foi composto a partir dos Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs, publicações correlatas ao tema de tecnologia e educação, leituras que se concentraram na relação entre os agentes do processo educacional escolar em ambiente com recursos tecnológicos computacionais. A pesquisa contou ainda, com o levantamento feito por Bettega (2004), que relacionou as principais iniciativas do governo em todas as suas esferas nas últimas décadas. A análise do levantamento de dados permitiu que se constituísse uma imagem do início da crise da educação, no tangível a tecnologia computacional como instrumento pedagógico, o que envolve o professor - com seus argumentos para a aceitação ou recusa deste instrumento; o aluno - que se desenvolve em uma 1 O Projeto ACOT - 1992 a 2002 cujo objetivo foi criar diferentes formas de aprendizagem com ajuda da tecnologia ofereceu a cada professor, aluno e sua família um computador.
  • 7. sociedade repleta de tecnologias e que também estuda em um local de convergência desses recursos. Em decorrência do encontro do professor, da tecnologia na escola e do aluno surge a necessidade da reformulação dos perfis de atuação de cada um dos agentes dentro do processo de incorporação da tecnologia computacional como recurso para a aprendizagem e desenvolvimento da criança. O foco deste estudo está nas possibilidades e mudanças ocasionadas em virtude da adoção de recursos computacionais como instrumento pedagógico no Ensino Fundamental. O estudo conta com a análise de uma situação em que o computador foi utilizado como ferramenta pedagógica em favor do desenvolvimento de um grupo de alunos do sétimo ano do Ensino Fundamental, com significativa defasagem de aprendizado em um determinado conteúdo da disciplina de Matemática e desse modo contextualizar os aspectos anteriormente abordados mostrando como o uso do computador pode ser positivo.
  • 8. 2 DEFINIÇÃO DO TERMO “INFORMÁTICA” Neste capítulo pretende-se apresentar o que foi compreendido durante o levantamento de dados para a constituição desta pesquisa, a respeito do termo Informática. Notou-se que há uma convergência entre os diversos autores pesquisados no sentido de que a informática decorre das necessidades que o homem tem de produzir, manipular e transmitir informações, motivo pelo qual ele está sempre criando equipamentos e meios, cada vez mais eficazes, para o atendimento de suas necessidades. A informática surge, então, como ciência encarregada de estudos que proporcionam o desenvolvimento desses equipamentos e meios. Esta idéia pode ser mais bem compreendida por meio dos estudos de LANCHARRO, LOPEZ E FERNANDEZ, (1991, p.1) que afirma que “a informática nasceu da idéia de auxiliar o homem nos trabalhos rotineiros e repetitivos, em geral cálculos e gerenciamento”. Para esses autores, citados acima, uma a definição mais popular para o termo Informática é: “Ciência que estuda o tratamento automático e racional da informação.” De acordo com os autores, esse termo foi criado no início na década de 60, na França, provém da contração de outras duas palavras: Information Automatique que significa Informação Automática. Com o decorrer do tempo, esse termo popularizou-se passando a representar uma gama de atividades e serviços relacionados a computadores. Exemplo disso, são as aulas que têm o computador como recurso principal, essas são denominadas aulas de informática, as iniciativas que as organizam – elaboram e avaliam – a aula com utilização do computador são chamadas de projetos de informática. Uma generalização redutora aplicada indistintamente. Sendo a expressão ”aula de informática” mais bem aceita e melhor compreendida no meio em que este estudo foi desenvolvido, como uma espécie de acordo tácito, será adotado para com o sentido de Tecnologia da Informação Comunicação – TIC, que utiliza recursos computacionais para o desenvolvimento de atividades pedagógicas.
  • 9. 3 O GOVERNO E OS COMPUTADORES Neste capítulo será apresentado um breve resumo das propostas do governo, em favor da adoção da informática como ferramenta pedagógica no Brasil, destacando-se como elas colaboraram para a reformulação da postura do professor em relação ao ensino cruzando os olhares de autores como Bettega (2004), Valente (1999) entre outros. Valente (1999) relata que apesar do Brasil ter recebido influências dos Estados Unidos, há variações nas características que motivaram a implementação da informática na educação nesses dois países. Ainda segundo Valente (1999, p.3), nos Estados Unidos, “o uso dos computadores é completamente descentralizado e independente das decisões governamentais.”. De acordo com esse autor, o que impulsiona essa integração com a educação é o próprio crescimento tecnológico. Verifica-se, nesse caso, o puro interesse capitalista em se disseminar um produto mais rapidamente na sociedade, então escola tornou-se um canal propício para o alcance das metas empresariais. De acordo com Ahl (1977 apud VALENTE 1999, p.3), “a tecnologia nas escolas americanas era do giz e quadro negro, o número de escolas que usavam computadores como recurso educacional era muito pequeno.”. Diferente do que acontecia nas universidades a disseminação dos computadores nas escolas, de para o autor, ocorreu devido ao surgimento dos microcomputadores da Apple no início dos anos 80. Dessa forma Valente (19992, p.3) afirma que: A presença dos microcomputadores permitiu também a divulgação de novas modalidades de uso do computador na educação, como ferramenta no auxílio de resolução de problemas, na produção de textos, manipulação de banco de dados e controle de processos em tempo real. De acordo com essa abordagem, o computador passou a assumir um papel fundamental de complementação, de aperfeiçoamento e de possível mudança na qualidade da educação, possibilitando a criação e o enriquecimento dos ambientes de aprendizagem. O Logo3 foi o exemplo mais marcante dessa proposta. No Brasil, segundo Tajra (2000 apud BETTEGA 2004, p.30) “houve várias iniciativas governamentais para a instalação de computadores, visando garantir aos alunos o acesso ao conhecimento de uma tecnologia utilizada na sociedade moderna.”. Essa autora relata uma série de “ações desenvolvidas” em favor da tecnologia, como a criação da Comissão Especial de Informática, em 1983, 2 O computador na Sociedade do Conhecimento 3 Linguagem desenvolvida em 1967, baseada na teoria de Piaget e em algumas idéias da Inteligência Artificial (Papert, 1980)
  • 10. incumbida, segundo Bettega (2004, p.31), de “desenvolver discussões e implementar ações para levar os computadores às escolas públicas.”. Nessa mesma época foi criado o projeto EDUCOM4, tido como id “[...] primeira ação oficial e concreta para levar os computadores às escolas públicas [...]”. Depois de oferecer às escolas públicas os computadores, surge a preocupação do governo de o que fazer com eles. Por isso, concursos de programas educacionais foram lançados visando a constituição de uma proposta educacional. A partir de 1987, as Secretarias Estaduais de Educação voltaram seus olhares para a formação do professor, por meio da id“[...] implantação de Centros de Informática Educacional, visando atender cerca de cem mil usuários em convênio com as Secretarias Estaduais de Educação[...]”. O interesse em inserir os professores na tecnologia motivou ações como a da Secretaria de Estado da Educação de São Paulo que criou o Programa Nacional de Informática na Educação, o PROINFO5, que existe atualmente e continua a trabalhar com as propostas dos educadores. A estrutura do programa é a de formar multiplicadores voluntários, conforme BETTEGA (2004, p.33) “auxiliam tanto no processo de planejamento e de incorporação das novas tecnologias quanto no suporte técnico e capacitação dos professores e das equipes administrativas das escolas.”. 3.1 O COMPUTADOR OCASIONANDO MUDANÇAS Este capítulo aborda as mudanças de posicionamento do professor no processo de aprendizagem em decorrência da adoção do computador como nova ferramenta pedagógica. De modo geral o professor torna-se mediador da construção do conhecimento pelo aluno. Com essa nova ordem, o educando é o centro do processo e o computador, em função de suas variedade de aplicações, é visto como uma ferramenta capaz de tornar a aprendizagem mais dinâmica. Contudo essa é uma visão otimista, mas não configura uma unanimidade entre os educadores, haja vista que nem todos são favoráveis ao uso do computador para tal propósito. As opiniões contrárias serão consideradas e os argumentos 4 Fusão de Educação com Computador que somente oficializado em 1984 segundo Bettega (2004 p31) 5 Para saber mais acesse: www.mec.gov.br
  • 11. analisados para que seja possível esclarecer os prós e contras da inserção do computador na educação. Considerando os dados apontados sobre as iniciativas do governo em integrar a tecnologia computacional ao contexto escolar observa-se que dessas situações origina - se um novo paradigma, onde o aluno é o centro do processo educacional o que decorre da inserção dos recursos computacionais potencializadores do contato com outras culturas, modelos de aprendizagens independentes sem a presença do professor, diferente do modo tradicional, o que não significa que ele não seja mais necessário, como o exposto nos Parâmetros Curriculares Nacionais Terceiro e Quarto Ciclo do Ensino Fundamental (1998 p.157) A tecnologia é um instrumento capaz de aumentar a motivação dos alunos, se a sua utilização estiver inserida num ambiente de aprendizagem desafiador. Não é por si só um elemento motivador. Se a proposta de trabalho não for interessante, os alunos rapidamente perdem a motivação. De acordo com Imbernón (2002 apud BETTEGA 2004, p.39) “a instituição educativa e a profissão docente desenvolve-se num contexto marcado por uma mudança acelerada nas formas adotadas pela comunidade social.” E em função de id [...]” tantas mudanças ocorrendo em curto espaço, ao mesmo tempo em que exige a reformulação de sua prática educativa o coloca quase que em uma crise existencial[...].”. Contudo o educador é solicitado para ser o mediador da aprendizagem e o formador do aluno. Parece uma simples questão de aproveitar a oportunidade. Gates (1995), mostra que a adaptação é fundamental para a sobrevivência de uma empresa dentro de um ramo tão competitivo quanto a de tecnologia de informação. Empresas como a Apple que vinculava até 1995 o hardware ao software de forma que id[...] “se você quisesse o software, teria que comprar os computadores da Apple [...]” entram em graves crises. Para GATES (1995, p.76), “é cada vez mais importante poder competir e ao mesmo tempo cooperar, mas isso requer um bocado de maturidade.”. Tal competitividade é percebida entre o professor e a máquina. Deste modo é possível estabelecer um paralelo entre a experiência da Apple e os professores. Muitos vinculam o ensino a sua presença, seguindo assim na contramão das mudanças na tentativa de assegurar o seu lugar de educador
  • 12. transmissor de informação como se verifica a seguir pela constatação feita por Moran, Masetto e Behrens (2006, p.142): Para nós professores essa mudança de atitude não é fácil. Estamos acostumados a sentimo-nos seguros com nosso papel tradicional de comunicar ou transmitir algo que conhecemos muito bem. Sair dessa posição, entrar em diálogo direto com os alunos, correr o risco de ouvir uma pergunta para a qual no momento talvez não tenhamos resposta, e propor aos alunos que pesquisemos juntos para buscarmos a resposta – tudo isso gera um grande desconforto e uma grande insegurança. Contudo essa posição já não existe mais, Freire (2007, p.47) afirma que “ensinar não é transferir conhecimento, mas sim criar possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção.” Para Moran, Masetto e Behrens (2006, p.71) “é sempre importante conectar o ensino à vida do aluno.”. Os professores precisam buscar informações sobre as ferramentas disponíveis de modo que se permita utilizá-las em favor do desenvolvimento de seus educandos constituindo assim uma prática mediada pela tecnologia computacional. Os autores citados acima em (2006, p.144), definem mediação pedagógica como sendo: “O comportamento do professor que se coloca como um facilitador, incentivador ou motivador da aprendizagem, que se apresenta com a disposição de ser uma ponte entre o aprendiz e sua aprendizagem”. Ao assumir essa posição, o educador torna-se também aprendiz, pois segundo Freire (2007, p.23) “ensinar inexiste sem aprender e vice-versa.” 3.2 A relação dos educadores com o computador na educação Pretende-se nesse capítulo ponderar a cerca dos argumentos propostos pelos dois principais grupos de educadores, favoráveis e contrários, que se formam a partir da proposta do uso do computador na educação como instrumento pedagógico. Dessa forma busca-se compreender os motivos que levaram a aceitação ou rejeição do comutador na educação. O professor tem suas crenças pessoais e trabalha de acordo com elas, do contrário dificilmente obteria sucesso, mas seu objetivo maior é o desenvolvimento de seus alunos e certamente não será fácil com ou sem o computador. Para Nespor (1987 apud SANDHOLTZ, RINGSTAFF, DWYER, 1997, p48) “as crenças têm um papel importante nos esforços humanos, especialmente em situações nas quais há uma grande quantidade de incerteza como nas escolas.”, complementando essa
  • 13. idéia Rokeach (1975 apud SANDHOLTZ, RINGSTAFF, DWYER 1997, p48) afirma que “elas [as crenças] formam a base das perspectivas dos indivíduos sobre o certo e o errado, elas predispõem os indivíduos a certos modos de conduta.”. Defendendo o uso do computador na educação, sobre a máquina afirma Valente (1995, p.1) que “pode provocar uma mudança de paradigma pedagógico.”. Segundo esse autor há, pelo menos, duas correntes ideológicas na educação sobre a presença do computador: uma contra, que ele chama de “Visão Cética” e outra favorável denominada “Otimista” e cada qual apresenta argumentos para justificar sua conduta. Freire (2007, p.35) afirma: ”é próprio do pensar certo à disponibilidade ao risco, a aceitação do novo que não pode ser negado ou acolhido só porque é novo, assim como o critério de recusa ao velho não é apenas o cronológico.”. Conduzindo, desta forma, a uma reflexão sobre os critérios de avaliação daquilo que é proposto como prática pedagógica. Os céticos, segundo o autor, consideram a pobreza da educação argumento conforme a seguir: Valente6 (1995, p2) “a escola não tem carteiras, não tem giz, não tem merenda, e o professor ganha uma miséria. Nessa pobreza, como falar em computador?”. Esse autor complementa da seguinte forma id “[...] apenas melhorar os aspectos físicos da escola não garante uma melhoria no aspecto educacional [...].” Analisando dados da Prova Brasil, de 2007, publicados na Revista Nova Escola do mesmo ano, o Colégio Estadual Januário de Toledo Pizza, no Estado do Rio de Janeiro, obteve a primeira colocação em matemática com 288,07 pontos, muito acima da média do Estado 184,44 e da média Nacional 179,98 pontos. O colégio não possui laboratório de informática ou de outros tipos, nem quadra. Valente (19957, p.3) salienta que é “necessária uma valorização salarial e da educação” e que id “[...] isto significa que a escola deve dispor de todos os recursos existentes na sociedade, caso contrário, a escola continuará obsoleta [...].”. Esse autor aponta ainda outro argumento utilizado por quem faz oposição ao uso do computador id “[...] é a desumanização que essa máquina pode provocar na educação [...].”. Esse argumento permite uma reflexão sobre a possibilidade de o professor ser substituído pelo computador. Contudo, a defesa é feita da seguinte 6Porquê o computador na educação? disponível em www.nied.inicamp.br/publicacoes/separatas/sep2.pdf 7 Porquê o computador na educação? disponível em www.nied.inicamp.br/publicacoes/separatas/sep2.pdf
  • 14. forma pelos Parâmetros Curriculares Nacionais Terceiro e Quarto Ciclo do Ensino Fundamental (1998, p.155): A tecnologia traz inúmeras contribuições para a atividade de ensino e para os processos de aprendizagem dos alunos, mas não substitui o professor e, muito menos os processos criativos do próprio estudante, na produção de conhecimento. O professor continua sendo quem planeja e desenvolve situações de ensino a partir do conhecimento que possui sobre o conteúdo, sobre os processos de aprendizagem, sobre a didática das disciplinas e sobre a potencialidade da ferramenta tecnológica como um recurso para a aprendizagem. O paradigma adotado pelos céticos é chamado, por Valente (1995), de Instrucionista. O ponto crítico está localizado na postura do professor e o modo como ele lida com o computador de forma que o educador pretende continuar atuando como transmissor de conhecimento. Convém enfatizar que, segundo Valente (1995, p. 3) “se o professor se coloca na posição de somente passar informação para o aluno ele certamente corre o risco de ser substituído” conclui o autor. Analisando, ainda a visão dos otimistas sob ótica de Valente8 (1995, p.4) “os argumentos nem sempre são tão convincentes. O otimismo é gerado por razões pouco fundamentadas, correndo o risco de frustrações como já ocorreu com outras propostas para a educação.”. Sobre a argumentação da inevitável presença do computador no cotidiano, Valente (1995, p.5) acredita que “esse argumento é falacioso”, e explica sua postura sobre o uso da ferramenta do ponto de vista técnico afirmando que id”[...]computador na educação não significa aprender sobre computadores, mas sim por meio de computadores[...]” pois para ele, id“[...]o interesse em estudar esse objeto, tecnológico deve ir além do simples fato de eles permearem a nossa vida[...]”. Valente (1995, p.6) aponta como sendo “a razão mais nobre e irrefutável do uso do computador na educação”, aquele que trata de desenvolver o raciocínio do aluno por meio da proposição de situações problema na qual o computador seja um elemento colaborativo permitindo que ele construa seu conhecimento por meio de da ferramenta e isto para Papert (1986 apud Valente 1995, p.12) chama-se paradigma Construcionista. 8 Computador e conhecimento: publicações NIED: 1995
  • 15. Independente do posicionamento adotado, Cético Instrucionista ou Otimista Construcionista o fato é que, a utilização da ferramenta computacional promove mudanças na postura dos alunos e isso precisa ser considerado como consta nos Parâmetros Curriculares Nacionais Terceiro e Quarto Ciclo do Ensino Fundamental (1998, p.156) ao preconizarem que: A tecnologia deve ser utilizada na escola para ampliar as opções da ação didática, com o objetivo de criar ambientes de ensino aprendizagem que favoreçam a postura crítica, a curiosidade, a observação e análise, a troca de idéias, de forma que o aluno possa ter autonomia no seu processo de aprendizagem, buscando e ampliando conhecimentos. Desse modo, Freire (2007, p.33) sugere cuidado, “divinizar ou diabolizar a tecnologia ou a ciência é uma forma altamente negativa e perigosa de pensar errado.”. Por isso, de acordo com Freire (2007, p.39) “na formação permanente dos professores, o momento fundamental é o da reflexão crítica sobre a prática.”. Dessa forma é necessário sempre reavaliar crenças que recaem sobre as práticas verificando seu grau de adequação com relação à fase na qual se encontra.
  • 16. 4 REFORMULANDO A SALA DE AULA - O COMPUTADOR NA EDUCAÇÃO Este capítulo pretende mostrar a necessidade de que haja uma reformulação das estratégias empregadas em sala de aula para que o computador venha a se tornar um recurso que agregue valor ao ensino. Durante as pesquisas verificou-se que os motivos que impulsionaram a evolução dos computadores estiveram sempre ligados à análise de dados para fins bélicos, e industriais. O que demonstra, portanto, não ter sido desenvolvida, inicialmente, com propósitos educacionais. Sobre isso, Valente (1999 p1) afirma que “esse tipo de aplicação [pedagógica] sempre foi um desafio para os pesquisadores preocupados com a disseminação dos computadores em nossa sociedade.” As histórias de sucesso de pessoas como Gates, Allen, e empresas como a Microsoft que conseguiu manter-se líder durante todas as fases da evolução da tecnologia, ocorreram muito em função de habilidades em relacionar-se com outras empresas e adaptar-se às necessidades do mercado empresarial e dos usuários domésticos. Habilidades como essas são aplicáveis às pessoas, especificamente aos educadores, em seu relacionamento com as máquinas. A importância do professor pode ser percebida por meio da opinião expressa por Moran 9(2007 p.3) O educador continua sendo importante, não como informador nem como papagaio repetidor de informações prontas, mas como mediador e organizador de processos. O professor é um pesquisador – junto com os alunos – e articulador de aprendizagens ativas, um conselheiro de pessoas diferentes, um avaliador dos resultados. O papel dele é mais nobre, menos repetitivo e mais criativo do que na escola convencional. No que tange a estabilidade do professor, de acordo com Gates (1995, p.232), a tecnologia “não vai substituir professores interessados, administradores criativos, pais envolvidos e, é claro, aluno diligente.”. Segundo ele, a estrada10, reunirá os melhores trabalhos de incontáveis professores e autores para que todos compartilhem deles e explorá-los interativamente. De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais Quarto e Quinto Ciclo do Ensino Fundamental (1998, p.154): É fundamental que o professor tenha conhecimento sobre as possibilidades do recurso tecnológico, para poder utilizá-lo como instrumento para a aprendizagem. Caso contrário, não é possível saber como o recurso pode auxiliar no processo de ensino e aprendizagem. 9 Extraído do artigo “Como utilizar as tecnologias na escola” acesso em 14.dez.2007. 10 Termo utilizado na época para referir-se a Internet.
  • 17. Freire (2007, p.50) autodescreve-se da seguinte forma: “como professor crítico sou um aventureiro responsável, predisposto à mudança, à aceitação do diferente. Nada do que experimentei em minha vida docente deve necessariamente repetir-se.” O professor deve preparar-se para receber, analisar e processar essas informações além de trabalhar com elas motivando seus educandos. Moran, Masetto e Behrens (2006, p.62), afirmam que “educadores entusiasmados, atraem, contagiam, estimulam, tornam-se próximos da maior parte dos alunos. Mesmo quando não concordemos com todas as suas idéias.”. Para Gates (1995 p233) “chegará o momento em que esse acesso ajudará a disseminar oportunidades educacionais e pessoais até mesmo entre estudantes que não tiveram a felicidade de freqüentar as melhores escolas.”. Essa previsão tornou- se realidade em função, da parceria da Microsoft com o Instituto Ayrton Senna, que culminou com a criação de um projeto chamado Sua Escola a 2000 por Hora11. Alguns relatos de alunos extraídos de material de divulgação do programa confirmam o pensamento de Gates. Almeida (1988, p.9) aponta que “hoje no Brasil há projetos em todas as áreas para seu uso: o computador na medicina, na agricultura, nos equipamentos de guerra, nas pesquisas científicas” e, por conseguinte, a escola também é estimulada a criar os seus id “[...] uma dezena de escolas de grande porte nas principais capitais do país, já abriram suas portas ao trabalho com o computador [...].”. A parceria do Instituto Ayrton Senna com a Microsoft utiliza a tecnologia como suporte técnico e pedagógico sendo definido pela Orientadora Maria Isabel Guimarães, como “um conjunto de ações que buscam uma nova educação, uma nova escola no Brasil.”. De acordo com Dolla, Grego (2002,p.33): De fato, a controvérsia sobre a conveniência ou não da utilização do computador nas escolas, nos diferentes níveis de ensino, parece tornar-se obsoleta, e ao debate se coloca para os critérios e as formas de implementação da informática nas escolas. A professora Adriana Martinelli, coordenadora desse programa afirma que “o papel da tecnologia dentro da escola passa a ser um meio fundamental para que o aluno possa desenvolver competências e habilidades.”. 11 Informações extraídas do CD de divulgação do Programa Sua Escola a 2000 por Hora
  • 18. Sobre as mudanças na educação em função das tecnologias, Moran12 (2007, p3) afirma ainda que: As mudanças na educação dependem, mais do que das novas tecnologias, de termos educadores, gestores e alunos maduros intelectual, emocional e eticamente; pessoas curiosas, entusiasmadas, abertas, que saibam motivar e dialogar; pessoas com as quais valha a pena entrar em contato, porque dele saímos enriquecidos. A aluna Gláucia Basílio, da Escola Municipal Professora Leonilda Montandon em Araxá, Minas Gerais, coloca “depois que o programa sua escola veio pra dentro da nossa escola, parece que abriu a mente do professor, da direção. Agora agente aqui dentro da escola faz o nosso papel.”. Além do Sua Escola, o projeto ACOT também oferece aulas com esse formato – centrado no aluno como verifica-se no relato da experiência do professor John Erickson do projeto ACOT às autoras Sandholtz, Ringstaff, Dwyer, (1997, p.82): Primeiro ano do projeto: Minha aula expositiva de ciências não durou mais de dez minutos hoje. No restante do período, os alunos trabalharam em um projeto. Que efeito isso terá sobre sua aprendizagem? Dois anos mais tarde: Quando os alunos estão apresentando seus projetos de informática, eu posso permitir que eles assumam o papel do professor e eu o de aluno... às vezes, nós pedimos que outros na classe se apresentem como voluntários para dar as informações primeiro. Eu, por assim dizer, me torno a última pessoa que dá informações na classe, ao invés de ser a primeira. No ano seguinte: Eu acho que os alunos estão adquirindo uma quantidade extraordinária de... conhecimento... embora o esteja fazendo por conta própria e este conhecimento não esteja sendo transmitindo a eles por um professor que fica em pé a sua frente. Mesmo as crianças que apresentam desajustes de comportamento podem participar da mudança, que deve ser encarada como uma possibilidade de ajustamento e integração com seu grupo como o relatado pelas autoras a seguir. Joe é o aluno falante, perturbador e desajustado que todo professor já teve algum dia. Ele adora o computador. Ele não era popular entre os colegas, mas pegou muito rápido a linguagem do computador. Os outros estão perguntando :”Será que o Joe pode vir até aqui me ajudar:” É interessante ver como o fato de ele ter se tornando um especialista influenciou suas relações com a classe. (SANDHOLTZ, RINGSTAFF, DWYER 1997. p.86 ) Para a professora de Matemática Cínara Ávila, da Escola Municipal Professora Leonilda Montandon em Araxá Minas Gerais o projeto também serviu para destacar a importância do aluno do processo de aprendizagem, “agente viu que, agente já 12 Extraído do artigo: A integração das tecnologias na educação acesso em 18.04.2007
  • 19. sabia, mas agora mais do que nunca quem faz a escola são os alunos, eles são os protagonistas. Se eles querem com certeza vai acontecer.” E do ponto de vista dos alunos a mudança também foi percebida, como fica explicitado na fala da aluna Gláucia Basílio também de Araxá: “as disciplinas agora são mais inovadoras, não tem só aquela coisa, é só livro, o computador ajudou muito a fonte de pesquisa (como fonte de pesquisa) acho que a escola melhorou cem por cento.”. Gates relata algumas possibilidades em que a estrutura tecnológica dinamizará a aula tornando-a mais rica e interessante: Posso imaginar um professor de ciências daqui a uma década, trabalhando uma aula sobre o Sol, explicando não só a ciência, mas também a história das descobertas que tornaram possíveis. Enquanto ele fala sobre o Sol imagens e gráficos aparecerão nos momentos apropriados. Se um aluno perguntar sobre a fonte da energia solar, ele poderá responder usando desenhos animados de átomos de hidrogênio e hélio, mostrar erupções e manchas solares ou outros fenômenos. (GATES 1995, p.237). De acordo com Valente, (1999, p3) “a implantação da informática, como auxiliar do processo de construção do conhecimento, implica em mudanças na escola que vão além da formação do professor.” id “[...] deve criar condições para o docente construir conhecimento sobre as técnicas computacionais, entender porque e como integrar o computador na sua prática pedagógica [...].”. Para Gates (1995, p.244) “Diferentes ritmos de aprendizagens serão contemplados, pois os computadores serão capazes de dar a atenção individual a cada um de seus alunos.”. O autor posiciona-se como id “[...] declaradamente otimista em relação às tecnologias na educação [...]”, e desta forma acredita que estas irão inicialmente apenas potencializar as ferramentas tradicionais. Essas propostas não eram mais do que idealizações, na época em que foram concebidas, há treze anos, no entanto após o período suposto nos pensamentos de Gates, verifica-se que são absolutamente tangíveis.
  • 20. 5 O PLANEJAMENTO DAS NOVAS AÇÕES PEDAGÓGICAS O planejamento de ações pedagógicas, sobretudo, as que se propõem a ser mediadoras, é de vital importância para na prática docente. Planejar a aula, considerando a realidade das turmas, como aponta Freire (1981), conhecendo a realidade dos alunos, procurando conhecer seus valores, sua condição de vida, sua cultura, saberes sonhos e angústias, representa ampliar as chances de acerto, de sucesso da aula e torna-se um fator de diminuição da indisciplina no laboratório. Segundo Gandin, Gandin (2008, p.161) caso não haja planejamento estratégico, “se você não repensar os fundamentos teóricos e gnosiológicos, que embasam sua prática, pouca diferença faz mudar a forma de agir.”. Para Moran, Masetto e Behrens (2006 p.144) “O comportamento do professor que se coloca como um facilitador, incentivador ou motivador da aprendizagem, que se apresenta com a disposição de ser uma ponte entre o aprendiz e sua aprendizagem.” Nos Estados Unidos originou-se o programa: Salas de Aula do Futuro da Apple – ACOT (Apples Classrooms of Tomorrow), Sandholtz, Ringstaff Dwyer, 1997 p.61 reconhece que “a mudança é evolutiva, nós sugerimos uma abordagem gradual para alterar o contexto e dar o apoio necessário.” Esta proposta deu origem a estrutura que auxiliava o professor na adaptação com sua nova sala de aula, agora informatizada. Essas autoras relatam que no começo, os professores preocupavam-se com a parte física do computador por isso id“[...] o treinamento técnico, portanto, é um ingrediente chave que pode reduzir o estresse e aumentar a confiança [...].” Situações que desgaste podem ser ocasionadas pelos alunos que, assim como seus professores, estão aprendendo. O professor David Mendez fez o seguinte relato às autoras Sandholtz, Ringstaff Dwyer, (1997, p. 64): Se eu tivesse escolha, eu não acho que olharia novamente para um computador. Um de meus alunos entrou na rede e perdeu muitas informações porque ele não sabia o que estava fazendo. É uma situação típica, e causou um grande problema porque, agora os computadores estão desligados. Diariamente nós temos que lidar com tantas variáveis como esta que eu não antecipei ao entrar para este programa. Eu fico ansioso para que chegue o final de semana para que eu não tenha que fazer coisa alguma com computadores.
  • 21. Freire13(1981) lembra que também é necessário ao profissional olhar-se, analisar-se “estou inteiro, estou disponível, estou marcado pelo preconceito, me acho dono da verdade, estou aberto para aprender com os alunos?.”. Quando a aula não é planejada os alunos percebem e desvirtuar o rumo da aula, torna-se fácil isto porque não há rumo. Essa situação gera desconforto entre alunos e professor, pois eles se sentem desconsiderados. Em referência a isso os Parâmetros Curriculares Nacionais Quarto e Quinto Ciclos do Ensino Fundamental (1998, p.153) recomendam que: As aulas devem ser planejadas levando-se em consideração: os objetivos e os conteúdos de aprendizagem; as potencialidades do recurso tecnológico para promover aprendizagens significativas; os encaminhamentos para problematizar os conteúdos utilizando tecnologia; e os procedimentos da máquina que são necessários conhecer para sua manipulação. Quanto à elaboração dos objetivos, Vasconcelos (2003, p.16) atenta para o que ele chama de “eventual conflito entre o objetivo expresso (registrado no projeto) e o objetivo real (sobreviver, cumprir o programa, conseguir controle...).”. Os objetivos previamente estipulados podem mudar em função de uma necessidade específica de uma turma, ou por um enfoque diferenciado que um aluno, com uma simples pergunta, pôde dar à aula. Deste modo, o planejamento, deve ser tão rigoroso quanto flexível permitindo adaptações que se façam necessárias no decorrer de sua execução. O projeto deve estar minuciosamente explicado, pois o grau de detalhamento dá a medida do cuidado e atenção dedicada à elaboração da proposta Vasconcelos (2003, p.13) enfatiza que “por trás de toda prática há sempre algum elemento teórico, algum suporte reflexivo.”. Soares (2006, p.123) “deve-se considerar para quem se dirige, porque e qual a especificidade que guarda e necessita explicar.”. Um projeto que apresenta metodologias genéricas e superficiais pode acarretar em uma prática pautada mais no improviso que no próprio planejamento e para Vasconcelos (2003, p.13) “como o improviso não é tão simples de acontecer, devido às estruturas e amarras a tendência é a reprodução de práticas arcaicas e equivocadas.”. Na rede municipal de ensino, existe um Projeto Pedagógico que atende às especificidades que Soares (2006, p.123) já apontada neste estudo, onde todas as 13 Pedagogia do Oprimido.
  • 22. turmas são atendidas ao menos uma vez por semana, e se após atribuição igualitária dos horários às turmas, permanecer algum sem utilização, este poderá ser requerido por alunos, desde que acompanhados por um professor, para eventuais pesquisas ou desenvolvimento de trabalhos. Os fatos relatados neste capítulo foram presenciados durante o cumprimento da carga horária de Estágio Supervisionado no primeiro semestre do ano de 2008. As condições de utilização das informações exigem que o nome da escola, e dos envolvidos sejam preservados.
  • 23. 6 A COMUNIDADE E A ESCOLA NO DESENVOLVIMENTO DOS ALUNOS Quando o Clube das mães da Escola Lakeside resolveu investir a verba arrecadada em um bazar beneficente na escola de seus filhos no final dos anos sessenta em Seatle, o computador não tinha tela e servia para pouquíssimas coisas. No entanto, ao inserir aquele objeto de adulto em um contexto infanto-juvenil o impacto foi tão marcante quanto decisivo na vida daqueles alunos. A experiência de jogar o jogo da velha nesta máquina é relata pelo jovem Gates (1995, p.11): Para jogar digitávamos nossas jogadas em um teclado semelhante ao de uma máquina de escrever, depois ficávamos sentados ali em volta, até os resultados voltarem pipocando em uma barulhenta impressora. Avançávamos todos para ver quem tinha ganho ou decidir qual a próxima jogada. Uma partida de jogo da velha, que levaria trinta segundos com papel e lápis, podia consumir quase todo o horário de almoço. Mas quem estava se importando? Havia algo de muito atraente naquela máquina. Tempos depois o jovem Bill, pode entender o que se passava com ele e seus colegas diante daquele terminal de computador na Lakeside Scholl em Seatle, Gates (1995, p.13): O encanto residia no fato de que ali estava aquela máquina imensa, cara, de gente grande, e nós garotos, podíamos controla-la. Éramos jovens para dirigir [...], mas podíamos dar ordens àquela máquina enorme e ela obedecia sempre. Hoje o jovem Bill, é Bill Gates, um dos mais bem sucedidos do ramo de tecnologia. Mas o encanto que o levou a ser quem é começou na escola. Se aquele grupo de mães não houvesse proporcionado aquela experiência, possivelmente muita coisa não estaria acontecendo atualmente em relação à tecnologia e à educação. O fato maior é que a influência foi positiva. Destaca-se que essa ocorreu em um ambiente de aprendizado formal isto é, dentro de uma escola. O ocorrido pode servir de exemplo, de motivação para os alunos e educadores, pois mesmo com a precariedade da máquina a experiência foi fascinante. A capacidade de interação e a dinâmica proporcionada pelos computadores aumentaram na mesma proporção que o seu potencial físico. Na visão de Freire (2007 p31) “a curiosidade ingênua, continuando a ser curiosidade, se criticiza [...] tornando-se então curiosidade epistemológica, metodicamente rigorizando-se na sua aproximação com o objeto, conota seus achados maior exatidão.”.
  • 24. Desta forma caberá ao educador, a opção de como assumir seu papel de facilitador proposto pelos autores e aderir à ferramenta computacional, podendo com isso, despertar em seus educandos essa curiosidade valorizada por Freire, canalizando-a para a efetiva construção de conhecimentos.
  • 25. 7 ESTUDO DE CASO Uma determinada turma do sétimo ano do Ensino Fundamental, no início do segundo bimestre, do ano de 2008, apresentou grave defasagem de conteúdo em Matemática. A situação decorreu de uma atividade diagnóstica para o grupo de dezoito alunos por meio da qual ficou evidenciado que esses não sabiam multiplicar. A atividade diagnóstica pretendia justamente sondar os conhecimentos daquele grupo em Matemática, contudo não se esperava tamanha dificuldade. A proposta inicial14 constituía-se de um jogo em duplas, chamado Hex Multiplicativo, tendo como base à multiplicação e a divisão. A grande dificuldade do grupo ocasionou a reformulação dos planos de aulas subseqüentes destinados àqueles dezoito alunos. O replanejamento exigiu que fosse feita uma pesquisa sobre outras formas de realização do cálculo multiplicativo, sendo elaborada uma nova atividade específica para este grupo que contou com outros professores especialistas em matemática. Sob orientação de um grupo de professores, foi utilizado um método diferente de construir o algoritmo da multiplicação. Para explicá-lo aos alunos a monitoria criou uma apresentação com auxílio do Microsoft Power Point. Apresentados ao novo formato, após toda explicação, que fosse necessária, haveria uma outra atividade onde os alunos poderiam praticar o novo método, como mostra a tela a seguir: A nova atividade propunha cálculos apenas por dois dígitos em cada fator. A partir deste momento, com alguma insistência, uma melhora bastante sutil, foi sentida, e com mais três atividades de raciocínio lógico, que buscavam a estimulação por meio da aparente brincadeira, a turma demonstrou condições de retomar a proposta inicial do jogo multiplicativo e concluí-la. Destaca-se, nesse caso, a professora de Matemática que acompanhou diretamente o desenvolvimento da proposta orientando seus alunos e constituindo uma parceria com os monitores, de forma que o conteúdo oferecido em sala de aula foi adaptado visando o desenvolvimento dos alunos naquele determinado aspecto. A turma continua sendo estimulada, mas sua defasagem de aprendizado que é profunda, está sendo trabalhada em favor de sua diminuição. 14 Planejamento original consta em Anexos.
  • 26. Desse modo é possível perceber como o computador tem mostrado-se um bom aliado no desenvolvimento dos alunos dentro da escola, mas sua adoção requer planejamento e comprometimento dos profissionais envolvidos com a construção do conhecimento por parte dos alunos. Embora todo o exposto tenha ocorrido em um ambiente tecnológico, salas com computadores, o mais importante para o sucesso do intento, foi o interesse que os monitores e a professora de matemática demonstraram em resgatar aqueles alunos com problemas.
  • 27. 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS Antes do computador, os alunos utilizavam apenas os livros didáticos escolhidos pela escola dentre uma lista, que representa já uma pré-seleção, elaborada pelo Ministério da Educação e Cultura. Nesse processo, os alunos não possuíam nenhuma participação e mesmo os professores não detinham grande liberdade nas escolhas. O computador permite que haja maior participação de todos os envolvidos no processo de aprendizagem, pois, viabiliza o acesso a um grande número de livros virtuais, chamados e-books, que podem ser lidos sem nenhum custo por meio da Internet. Embora sejam de cunho pedagógico, esses materiais não estão salvos de erros, caberá, então ao educador revisá-los, antes de utilizar com suas turmas. O mesmo ocorre com a Internet. Os alunos precisam saber que há sites não confiáveis. Além dos e-books, estão à disposição dos alunos e professores artigos de pesquisa científica com informações de qualidade, recentes e diretos da fonte, o que dificulta alguma manipulação a favor de algum interesse. Toda essa liberdade de acesso confere também maior responsabilidade ao aluno, mas principalmente para o educador. A ele cabe a tarefa de “mover os alunos da zona de conforto”, que as facilidades do mundo moderno colocar- lhes para que se tornem críticos. E se essa tarefa, que sempre lhe coube, já não era fácil, agora requer mais empenho, pois o mundo não se limita mais às fronteiras de seu bairro, seu município, seu país, pois de fato não há mais fronteiras a partir do momento em que o aluno adquire alguma autonomia sobre a tecnologia computacional. Isso pode ser bom, ou ruim, vai depender, em parte, do compromisso que a escola e a sociedade assumirem com a formação de todos os alunos, hoje e no futuro. Com base nas experiências pode-se perceber que o computador, por si só, não produz conhecimento espontaneamente, contudo, mostrou-se uma ferramenta capaz de auxiliar no aprendizado especialmente por meio de atividades bem dirigidas e baseadas na realidade dos alunos, É preciso definir as intenções do uso da ferramenta e compartilhá-las com os alunos, para que eles mantenham o foco na aprendizagem para a construção de conhecimentos.
  • 28. O computador tornou-se um mecanismo extremamente atraente para a educação dos tempos atuais, principalmente pelo encanto que exerce nos alunos. Entretanto o sucesso do uso do computador, na escola, depende de uma proposta integradora que promova a aprendizagem significativa. A educação volta-se cada vez mais para o alunado, colocando-o no centro da aprendizagem. Analisando, superficialmente, tem-se a sensação de que o professor encontra-se marginalizado nesse processo. Contudo, esta condição somente se confirmará se ele próprio permitir. O educador, enquanto profissional, deve sim estar direcionado ao aprendizado do aluno, porém ele não é única e exclusivamente profissional. Deste modo, o horizonte abre-se para a figura humana do educador tímida, porém insurgente, que deve colocar-se no centro de seu próprio aprendizado. Ao assumir essa proposta o educador compreendeu sua natureza inacabada, de que se refere Paulo Freire, dispondo-se a conhecer mais e a aprender sobre tudo, inclusive informática. Haja vista que as potencialidades do computador não recaem somente sobre os alunos. Nada impede que o educador procure aprender sobre a ferramenta, de modo a permitir-lhe construir um acervo pessoal tanto para o ensino, como para o lazer. Tornar-se factível elaborar um acervo pessoal de imagens referentes aos principais assuntos que o professor abordará em um determinado semestre ou aprender pelo computador novíssimas técnicas de artesanato, por exemplo. Não haverá limites para o ser – profissional e humano – relação ao que poderá apreender por meio do computador.
  • 29. 9 REFERÊNCIAS ALMEIDA, F. J. Educação e informática: os computadores na escola. São Paulo, Cortez, 1988. BETTEGA, M.H. Educação continuada na era digital. São Paulo, Cortez:97p. 2004. CAPRON, H. L., JOHNSONS, J.A. Introdução a Informática. 8.ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2004. 350p. COSTA, A M N da. A revolução digital e o novo homem - Disponível em <http://www.psicologiaonline.org.br/trabpsicoinfo> acesso em 20.ago.2008. DOLLA, E.A.V. GREGO, S.M.D. Construção de programas educacionais interativos, integrando tecnologia de informática ao conhecimento do processo educativo. Tecnologia Educacional v.31, p.33. 2002. FAGUNDES, L.D.C. Inteligência coletiva, Pátio, v1,n1,p14-17, 1997 FREIRE, P. Educação para a mudança. 3.ed Rio de Janeiro Paz e Terra 1981. FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 9.ed Rio de Janeiro Paz e Terra 1981. FREIRE, P. Pedagogia da autonomia. 35.ed Rio de Janeiro Paz e Terra 2007. GANDIN D., GANDIN L.A. Temas para um projeto político pedagógico 9.ed. Petrópolis: Vozes, 2008. 161p. GATES, W.B. A estrada do futuro. 2.ed. São Paulo: Companhia das Letras 347p IMBERNÓN, F. A educação no século XXI, Porto Alegre: Artes Médicas: 2000 205p LANCHARRO, E. A. LOPEZ, M. G. FERNADEZ, S.P. Informática básica. Pearson Education do Brasil, São Paulo, p1, 1991. MEC, Parâmetros Curriculares Nacionais: Introdução – terceiro e quarto ciclo do Ensino Fundamental, 1998, p153. MORAN, J.M. A integração das tecnologias na educação. Disponível em <http://www.eca.usp.br/prof/moran/integracao.htm> acesso em 18.Abr.2007. ______.Educação e tecnologias: mudar para valer! Disponível em <http://www.eca.usp.br/prof/moran/educatec.htm> acesso em 18.Abr.2007. ______.Como Utilizar as tecnologias na escola. Disponível em <http://www.eca.usp.br/prof/moran/utilizar.htm> acesso em 18.Abr.2007.
  • 30. ______.Os novos espaços de atuação do educador com as tecnologias; Disponível em <http://www.eca.usp.br/prof/moran/espacos.htm> acesso em 18.Abr.2007. ______.Educar o educador. Disponível em <http://www.eca.usp.br/prof/moran/educar.htm> acesso em 18.Abr.2007. ______.As mídias na educação. Disponível em <http://www.eca.usp.br/prof/moran/midias_educ.htm> acesso em 18.Abr.2007. NITZKE, J. A. A construção do engenheiro para o terceiro milênio. In: FRANCO, S.R.K.org. Informática na Educação: estudos interdisciplinares. 1. ed. Rio Grande do Sul: UFRGS, 2004. p.27. Nova Escola, Avaliação, ano XXII nº 199 Janeiro/fevereiro 2007 p 34-44 ROCHA, B.T. Mídia e Educação: pesando o currículo na era digital. Tecnologia Educacional n163/166 out. 2003 set 2004 p91-96 SANDHOLTZ, J.H., RINGSTAFF, D. DWYER, D. Ensinando com Tecnologia: criando salas de aula centradas nos alunos. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997 167p. SILVA, L.N. A quarta onda: os novos rumos da sociedade da informação. São Paulo: Record, 1992 p71-77 VALENTE, J.A. Questão do Software educacional: parâmetros para o desenvolvimento de software educativo. NIED,memo nº24 1989 Disponível em <http://www.nied.unicamp.br/publicações/memos/memo24.pdf> acesso em 18 jan 2008. ______.Por quê o computador na educação? Disponível em <http://www.nied.unicamp.br/publicações/separatas/sep2.pdf> acesso em 18 jan 2008 ______.O computador na sociedade do conhecimento. 1.ed. Campinas: NIED 1999 156p VASCONCELOS, C.S. Planejamento: projeto de ensino-aprendizagem e projeto político pedagógico, ABC Educatio, sem data, p13.
  • 32. ANEXO A Imagem 2 : Proposta inicial tela do Jogo Hex Multiplicativo Imagem 3: Tela Inicial do Power Point explicativo Imagem 4: Tela 2
  • 33. Imagem 5: Tela 3 Imagem 6 Tela 4 Imagem 7: Tela 5 Imagem 8: Tela 6 encerrando a apresentação
  • 34. Imagem 9: Nova atividade para a prática da multiplicação por meio do novo modelo.
  • 35. ANEXO B E.W.M.M. Diretora: Coordenadora: Monitora: 6º ao 9º Ano Planejamento de Abril – 2008 Primeira e Segunda Semana Tema: Jogos Matemáticos - Jogo Multiplicativo – Hex Multiplicativo Objetivos: Além do cálculo mental os objetivos deste jogo são a memorização da tabuada e a compreensão da divisão como operação inversa da multiplicação. Apesar de estarmos enfatizando compreensão e reflexão no trato com as operações, alguns aspectos do cálculo, tais como conhecimento da tabuada, continua sendo importantes. Atividade: Jogo Multiplicativo – Hex Multiplicativo Duração: Uma aula Recursos: Planilha de Excel, lápis, papel e borracha para rascunho Disciplinas: Língua Portuguesa, Matemática. Metodologia: Antes de sair da sala de aula regular os alunos são organizados em duplas. Ao entrarem no laboratório são instruídos a abrir o arquivo do Microsoft Excel chamado Jogos Matemáticos e clicar na guia Jogo Multiplicativo. Os jogadores decidem quem começa e jogam alternadamente. Em cada rodada, o jogador escolhe dois números entre os “números do jogo” e multiplica-os marcando o resultado na planilha. Caso o resultado obtido já tiver sido marcado por outro jogador perderá a vez e adversário jogará duas vezes seguidas. Ganha o jogo àquele que fizer maior número de pontos ou preencher uma linha ou coluna resultados primeiro.
  • 36. ANEXO C E.W.M.M. Diretora: Coordenadora: Monitoras: 6º ao 9º Ano Avaliação de Abril – 2008 Primeira e Segunda Semana  Tema: Jogo Multiplicativo – Hex Multiplicativo  Resultados obtidos: Com as atividades propostas tiveram caráter de avaliação formativa, pois ainda estou conhecendo as turmas. Dentro desta proposta foi possível notar quais turmas apresentavam dificuldades e em quais conteúdos. Tais informações colaboram para a constituição do perfil da sala e das novas propostas que deverão possibilitar o desenvolvimento das habilidades e competências desejáveis para cada série favorecendo o desenvolvimento dos conteúdos em sala de aula.  Atividade: Enquanto jogavam, aproveitei para observar não apenas como compreendem as regras, e o domínio dos recursos computacionais, mas também, como estão em relação às estimativas, tabuada e o algoritmo, multiplicação. Devido a esta prática pude notar que o 7º ano X possui grande déficit no conteúdo de matemática, pois não conseguiam resolver contas simples de multiplicação. Na maioria dos casos não reconheciam sequer a modalidade da operação executando uma soma onde seria multiplicação. A alternativa encontrada para esta turma foi interromper o projeto de jogos e visando minorar este déficit executamos as atividades: Muitos Modos de Multiplicar onde uma apresentação de Power Point exibia um modo diferente de montar o algoritmo da multiplicação, desta forma o aluno via mais claramente de onde vinham os produtos. Após esta apresentação os alunos abriram uma Planilha do Microsoft Excel que, por meio deste novo algoritmo, tinham de fazer as contas referentes ao jogo da aula anterior servindo de subsídio para a retomada daquela atividade.
  • 37. A turma foi não, parte, receptiva com a nova proposta demonstrando que haviam criado uma rejeição à matemática devido à grande dificuldade que apresentam. Este comportamento está sendo contornado com auxílio da professora de matemática. Ao final da proposta as alunas apresentaram certas melhora inclusive em sala de aula regular conseguindo desenvolver outros conteúdos.  Ação Conjunta: Em relação à turma com déficit de conteúdo, 7º ano X, a professora X que ministra aula de matemática para a classe tem acompanhado mais atentamente a turma e as atividades da informática estão sendo direcionadas para a resolução deste problema. As demais turmas estão acompanhando e desenvolvendo as propostas como o esperado e com a participação dos professores.