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Acadêmicos: Luciana Andretta do Nascimento 30025
Marcelo S. Bazzo 91490
RELATÓRIO DE VISITA TÉCNICA
E.T.E – MANDACARU
A visita ocorreu no dia 21 de novembro de 2016. Fomos recebidos por um
funcionário da SANEPAR que acompanhou toda a visita, nos orientando sobre
as etapas dos processos da estação de tratamento de esgoto.
A ETE recebe, aproximadamente, metade dos esgotos coletados no norte do
município de Maringá, tem uma capacidade de tratamento de 300 l/s e é
composta de tratamento preliminar, primário, secundário e desidratação de
lodo biológico.
A estação possui três tubulações de entrada de efluentes, que são canalizadas
para um único canal. Nesta etapa pode ser necessário que haja adição de cal
para correção de pH, caso este não esteja na faixa adequada para o processo
de tratamento. É importante lembrar que se o pH não estiver acertado no valor
correto, ele pode matar as bactérias anaeróbias, responsáveis pela digestão da
matérias orgânica nas fases sequentes.
O tratamento preliminar é iniciado com o gradeamento grosso por meio de
grade metálica, com limpeza manual, seguido de outro gradeamento por meio
também de grade metálica com remoção mecanizada e disposição de resíduos
em caçamba metálica e posteriormente levados a aterro industrial.
Na seqüência, o efluente passa por um “poço falso”, para decantação de areia
e outros resíduos sólidos, retirados por caminhão e dispensados na caçamba
metálica. Antes de iniciar o tratamento primário, o efluente ainda passa por
duas calhas Parshal para medição de vazão.
O tratamento primário é realizado por meio de quatro reatores anaeróbios, três
do tipo RALF (Reator anaeróbio de lodo fluidizado) e um do tipo RAFA (Reator
anaeróbio de fluxo ascendente) e tubulações para descarga de lodo. Nos dois
tipos de reator ocorre a digestão da matéria orgânica por bactérias anaeróbias.
Naquele do tipo RAFA o processo de digestão da matéria orgânica resulta em
gases, como o gás metano, que são retirados do reator e queimados. Por ser
um reatores fechado exala menos odor, ao contrário dos RALF, que por serem
abertos, exalam forte cheiro. O lodo que acumula no fundo dos reatores é
encaminhado para Unidade de Gestão de Lodo (UGL), onde é homogeneizado,
parcialmente desidratado e misturado com Cal (calagem), e por fim acomodado
em leitos de secagem. Dados referentes ao lodo são avaliados pela EMATER,
indicando a possibilidade de reaproveitamento deste material na agricultura.
A seqüência do tratamento é o encaminhamento para o tratamento secundário,
processo mais refinado que aumenta a qualidade do efluente através de
digestão aeróbia. A água vai para grandes tanques de aeração e os
microorganismos presentes nos esgotos se alimentam da matéria orgânica ali
também presente, convertendo-a em gás carbônico, água e material celular.
Esta decomposição biológica do material orgânico requer a presença de
oxigênio e outras condições ambientais adequadas como temperatura, pH ,
tempo de contato, etc.
Uma bomba permite a elevação do encanamento de entrada de água nos dois
tanques de aeração, que por gravidade sai do recalque e entra no eixo central
de cada tanque, promovendo a distribuição circular, movida pela pressão da
água. Flaps são instalados no distribuidor rotativo hidráulico para promover
maior aeração da água.
A etapa final do tratamento são dois tanques de decantação circulares
alimentados por ação da gravidade, a fim de separar os sólidos, gerados na
lagoa aerada, da água já tratada e em condições de ser encaminhada ao corpo
hídrico receptor (Ribeirão Maringá).

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Visita técnica à ETE Mandacaru

  • 1. Acadêmicos: Luciana Andretta do Nascimento 30025 Marcelo S. Bazzo 91490 RELATÓRIO DE VISITA TÉCNICA E.T.E – MANDACARU A visita ocorreu no dia 21 de novembro de 2016. Fomos recebidos por um funcionário da SANEPAR que acompanhou toda a visita, nos orientando sobre as etapas dos processos da estação de tratamento de esgoto. A ETE recebe, aproximadamente, metade dos esgotos coletados no norte do município de Maringá, tem uma capacidade de tratamento de 300 l/s e é composta de tratamento preliminar, primário, secundário e desidratação de lodo biológico. A estação possui três tubulações de entrada de efluentes, que são canalizadas para um único canal. Nesta etapa pode ser necessário que haja adição de cal para correção de pH, caso este não esteja na faixa adequada para o processo de tratamento. É importante lembrar que se o pH não estiver acertado no valor correto, ele pode matar as bactérias anaeróbias, responsáveis pela digestão da matérias orgânica nas fases sequentes. O tratamento preliminar é iniciado com o gradeamento grosso por meio de grade metálica, com limpeza manual, seguido de outro gradeamento por meio também de grade metálica com remoção mecanizada e disposição de resíduos em caçamba metálica e posteriormente levados a aterro industrial. Na seqüência, o efluente passa por um “poço falso”, para decantação de areia e outros resíduos sólidos, retirados por caminhão e dispensados na caçamba metálica. Antes de iniciar o tratamento primário, o efluente ainda passa por duas calhas Parshal para medição de vazão. O tratamento primário é realizado por meio de quatro reatores anaeróbios, três do tipo RALF (Reator anaeróbio de lodo fluidizado) e um do tipo RAFA (Reator anaeróbio de fluxo ascendente) e tubulações para descarga de lodo. Nos dois tipos de reator ocorre a digestão da matéria orgânica por bactérias anaeróbias. Naquele do tipo RAFA o processo de digestão da matéria orgânica resulta em gases, como o gás metano, que são retirados do reator e queimados. Por ser um reatores fechado exala menos odor, ao contrário dos RALF, que por serem
  • 2. abertos, exalam forte cheiro. O lodo que acumula no fundo dos reatores é encaminhado para Unidade de Gestão de Lodo (UGL), onde é homogeneizado, parcialmente desidratado e misturado com Cal (calagem), e por fim acomodado em leitos de secagem. Dados referentes ao lodo são avaliados pela EMATER, indicando a possibilidade de reaproveitamento deste material na agricultura. A seqüência do tratamento é o encaminhamento para o tratamento secundário, processo mais refinado que aumenta a qualidade do efluente através de digestão aeróbia. A água vai para grandes tanques de aeração e os microorganismos presentes nos esgotos se alimentam da matéria orgânica ali também presente, convertendo-a em gás carbônico, água e material celular. Esta decomposição biológica do material orgânico requer a presença de oxigênio e outras condições ambientais adequadas como temperatura, pH , tempo de contato, etc. Uma bomba permite a elevação do encanamento de entrada de água nos dois tanques de aeração, que por gravidade sai do recalque e entra no eixo central de cada tanque, promovendo a distribuição circular, movida pela pressão da água. Flaps são instalados no distribuidor rotativo hidráulico para promover maior aeração da água. A etapa final do tratamento são dois tanques de decantação circulares alimentados por ação da gravidade, a fim de separar os sólidos, gerados na lagoa aerada, da água já tratada e em condições de ser encaminhada ao corpo hídrico receptor (Ribeirão Maringá).