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I
CENTRO UNIVERSITÁRIO METODISTA BENNETT
CURSO DE ADMINISTRAÇÃO
ANÁLISE DOS INDICADORES DE GESTÃO
ATMOSFÉRICA DA VALE NO PERÍODO DE 2006-
2010
José Jonas Bastos Souza Junior
RIO DE JANEIRO
JUNHO, 2012
II
CENTRO UNIVERSITÁRIO METODISTA BENNETT
CURSO DE ADMINISTRAÇÃO
ANÁLISE DOS INDICADORES DE GESTÃO
ATMOSFÉRICA DA VALE NO PERÍODO DE 2006-
2010
Monografia apresentada ao curso de
Administração, como parte dos requisitos
necessários para obtenção do título de
Bacharel em Administração.
José Jonas Bastos Souza Junior
Professora Orientadora Ms.Claudia Rosana Felisberto
Scofano
RIO DE JANEIRO
JUNHO, 2012
III
ANÁLISE DOS INDICADORES DE GESTÃO ATMOSFÉRICA DA VALE NO PERÍODO DE
2006-2010
José Jonas Bastos Souza Junior
Professora Orientadora Ms.Claudia Rosana Felisberto Scofano
Monografia de Conclusão submetida ao Curso de Administração do Centro Universitário
Metodista Bennett como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Bacharel
em Administração.
Aprovado por:
_________________________________________
Ms.Claudia Rosana Felisberto Scofano
Professora Orientadora de Conteúdo
_________________________________________
Ms. Deise Luce de Sousa Marques
Professora Participante da Banca de Defesa
_________________________________________
Ms. Carlos Henrique Berrini da Cunha
Professor Participante da Banca de Defesa
Rio de Janeiro
Junho, 2012
IV
Dedico este trabalho a minha família.
V
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus e a todos aqueles que direta ou indiretamente me ajudaram na conclusão
deste trabalho. Dedico um agradecimento especial aos meus pais e a minha esposa, que
sempre estiveram do meu lado.
À minha professora orientadora Claudia Scofano, pela dedicação e paciência durante todos
esses anos, contribuindo com seus conhecimentos para a finalização deste trabalho.
VI
O caminho dos paradoxos é o caminho da verdade.
Oscar Wilde
VII
ANÁLISE DOS INDICADORES DE GESTÃO ATMOSFÉRICA DA VALE NO PERÍODO DE
2006-2010
José Jonas Bastos Souza Junior
Professora Orientadora Ms.Claudia Rosana Felisberto Scofano
Monografia de Conclusão submetida ao Curso de Administração do Centro Universitário
Metodista Bennett como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Bacharel
em Administração.
O objetivo deste trabalho de monografia foi descrever o modelo de gestão atmosférica da
Vale, a fim de analisar os indicadores de GEEs que são contabilizados pela empresa, para o
período de 2006-2010, e demonstrar se estes por sua vez apresentaram diminuição. O
trabalho foi estruturado em três capítulos distintos. O primeiro capítulo apresentou a
problemática do efeito estufa, explicando suas origens, causas e consequências.
Apresentou ainda as origens do conceito de sustentabilidade através da responsabilidade
social e como surgiram as primeiras formalizações. No segundo capítulo foi abordado o
novo paradigma das empresas com respeito ao meio ambiente, sua evolução e conceitos,
assim como os desafios inerentes ao modelo sustentável. No terceiro capítulo foi
demonstrado o resultado da pesquisa realizada através dos dados coletados dos relatórios
de sustentabilidade e de produção da Vale, bem como a análise dos números apresentados.
Como resultado deste trabalho, concluiu-se que apesar da empresa possuir uma política e
um modelo de gestão sustentáveis bem estruturados, a Vale consome uma grande
quantidade de combustíveis de origem fóssil, que são o seu principal fator causador das
emissões de GEEs. E, segundo os dados analisados, conforme sua produção aumenta
maior é o seu consumo de combustíveis e, por conseguinte maiores são suas emissões.
Palavras-chave: Sustentabilidade, Efeito Estufa, Responsabilidade Social e Gestão
Sustentável.
Rio de Janeiro
Junho, 2012
VIII
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
IPCC Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas
GEE Gases de Efeito Estufa
MMA Ministério do Meio Ambiente
CO2 Dióxido de Carbono
CNUMAD Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o
Desenvolvimento
PNUMA Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
OMM Organização Meteorológica Mundial
IX
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Efeito Estufa............................................................................................... 18
Figura 2 Pilares do Programa Carbono Vale............................................................ 42
X
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Resumo dos primeiros eventos voltados para as questões................
ambientais
22
Quadro 2 Resumo dos principais acontecimentos relacionados ao....................
desenvolvimento sustentável
23
Quadro 3 Princípios de Gestão Ambiental do Business Charter for Sustainable
Development
28
Quadro 4 Resumo dos principais conceitos de Desenvolvimento Sustentável... 31
Quadro 5 Benefícios de um sistema de gestão ambiental.................................. 34
Quadro 6 Gerenciamento ecológico – princípios................................................ 38
Quadro 7 Tipos de emissões............................................................................... 45
XI
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 Evolução da produção em toneladas......................................................... 46
Gráfico 2 Relação entre produção e emissões.......................................................... 47
Gráfico 3 Evolução da quantidade de emissões para cada 1 milhão de toneladas...
produzidas
48
Gráfico 4 Principais Ofensores no processo de emissões......................................... 49
XII
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO..........................................................................................................13
1 MUDANÇAS CLIMÁTICAS E SEUS IMPACTOS NO ÂMBITO DA
SOCIEDADE MODERNA .................................................................................17
1.1 Panorama histórico da questão das mudanças climáticas, do efeito estufa e
seus desdobramentos políticos e sociais 17
1.2 Evolução da questão ambiental e o surgimento da Responsabilidade Social
e do novo modelo de crescimento 21
1.3 Desdobramento da Responsabilidade Social nas empresas e a evolução do
conceito de Desenvolvimento Sustentável 26
2 NOVO PARADIGMA DE DESENVOLVIMENTO E A APLICAÇÃO DO
MODELO DE GESTÃO DA SUSTENTABILIDADE.........................................29
2.1 Novo de modelo de gestão sustentável e seus reflexos na sociedade 29
2.2 Gestão estratégica da Sustentabilidade e seus desdobramentos dentro das
grandes empresas 33
2.3 Principais desafios na implementação dos conceitos de sustentabilidade 36
3 EXPERIÊNCIA DA EMPRESA VALE COM INVENTÁRIO DE GEEs E O
PROGRAMA CARBONO VALE.......................................................................39
3.1 Diretrizes Corporativas de Mudanças Climáticas da Vale, Sustentabilidade e
Meio Ambiente 39
3.2 Programa Carbono Vale 41
3.3 Inventário de Gases de Efeito Estufa da Vale e a Análise dos dados
coletados para as emissões de GEEs 43
CONCLUSÃO ...........................................................................................................51
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS…………………………………………............... 53
XIII
INTRODUÇÃO
Atualmente, vários estudos demonstram a fragilidade do meio ambiente, sobretudo
quanto à interferência do homem na natureza. Direta ou indiretamente, todos os
problemas estão ligados ao aumento da temperatura da Terra, que é originado
principalmente pelo aumento da descarga de gases causadores do efeito estufa
(GEEs) na atmosfera terrestre, nos últimos 100 anos. O derretimento das calotas
polares, que é um dos exemplos desse problema, ainda está em processo de
evolução e pode causar grandes catástrofes.
O efeito estufa cria uma camada invisível de gases que formam uma barreira, e
impedem que o calor do sol, refletido na superfície terrestre, volte para o espaço e
seja dissipado. O aumento desses gases é uma consequência da evolução da
sociedade, que passou a consumir cada vez mais os recursos naturais e fazer uso
de grandes quantidades de combustíveis fósseis e de fontes de energia térmica. As
atividades de extração e utilização de forma irresponsável destes recursos tornaram-
se críticas a partir da revolução industrial, seguida da revolução científico-
tecnológica. A poluição de rios, lagos e do ar se tornou grave com o advento das
novas técnicas de produção. A sociedade global tornou-se altamente dependente
dos minérios e do petróleo, principais causadores dos problemas climáticos.
O acompanhamento das mudanças climáticas tornou-se parte integrante da agenda
dos países desenvolvidos e, desde o final da década de 80, são discutidos planos e
propostas para mitigação dos problemas identificados e medidas para evitar os
problemas previstos. O aumento da temperatura do globo pode tornar o planeta
14
inabitável nos próximos anos, inviabilizando o plantio, transformando florestas em
regiões áridas, e extinguindo espécies de fauna e flora além de outras
consequências catastróficas.
Com o intuito de controlar e reduzir estas emissões, de forma que a manutenção da
vida na Terra seja garantida, diversas medidas, estudos, e proposições já foram
realizadas, e estão se desdobrando até hoje. A população mundial tornou-se mais
consciente e exige de seus governantes e das empresas uma atitude diante da
problemática do efeito estufa e em prol da manutenção do meio ambiente.
Novos conceitos relacionados com a forma de gestão dos governos e das empresas
surgiram a partir dos debates e de pesquisas sobre o meio ambiente, e estão sendo
aplicados no mundo todo. Diferente do que acontecia no passado, o preceito
fundamental que define o crescimento e a expansão do capitalismo nos dias de hoje
é o desenvolvimento sustentável. Os estudos das organizações e das melhores
práticas em gestão iniciados a mais de 40 anos atrás começaram a ser revistos e
continuados de forma que o paradigma da empresa que apenas produz lucro se
tornou uma ideia arcaica que não se sustenta mais. Para uma empresa ter sucesso
no mercado competitivo de hoje ela precisa demonstrar seu compromisso com as
questões ecológicas.
Diante de tal panorama, a pergunta da monografia é como funciona o programa de
gestão atmosférica da Vale, e como evoluíram os indicadores referentes ao
inventário de emissões de GEEs para o período de 2006-2010? A hipótese que se
pretende demonstrar é de que o modelo de gestão atmosférica da Vale ganhou
grande impulso com o programa Carbono Zero, entretanto em relação aos
15
indicadores de GEEs, tanto emissões diretas, como indiretas ampliaram-se para o
período analisado 2006-2010.
O objetivo deste trabalho de monografia é descrever o modelo de gestão
atmosférica da Vale, a fim de analisar os indicadores de GEEs que são
contabilizados pela empresa, para o período de 2006-2010, e demonstrar se estes
por sua vez apresentaram diminuição.
Este tema é atual, e foi escolhido devido a sua importância no âmbito da sociedade
moderna, e em função da evolução da preocupação do ser humano com a natureza
em contraposição ao antigo pensamento capitalista e aos impactos causados pelas
revoluções industrial e científico-tecnológica no meio ambiente.
O assunto é relevante para todos os campos da administração, pois envolve o
estudo de teorias de gestão e métodos práticos com o objetivo de manter o equilíbrio
entre a exploração contínua dos recursos naturais, necessária para a manutenção
do modelo capitalista através do permanente aumento da produção e consumo de
bens e serviços, e a preservação do meio ambiente e da perpetuação da vida no
planeta Terra.
A metodologia desta pesquisa foi do tipo descritiva e explicativa com base em
pesquisa bibliográfica para abordar os capítulos teóricos (primeiro e segundo). Em
seguida utilizou-se uma pesquisa ex post para o período amostral de 2006-2010,
com coleta de dados a partir do Relatório de Sustentabilidade da empresa Vale,
disponível em seu site, para os seguintes dados: Programa Carbono Zero; inventário
de emissões de GEEs (emissões diretas e indiretas).
16
Com o intuito de abordar a questão ambiental que motivou este estudo, foram
estruturados três capítulos da seguinte forma: no primeiro é descrita a problemática
que está sendo analisada, tais como os conceitos de meio ambiente e de efeito
estufa que deram origem aos debates e discussões sobre o clima no mundo inteiro e
motivaram a formalização de acordos e normas. No segundo capítulo são
apresentadas as definições de responsabilidade social e desenvolvimento
sustentável, bem como a descrição de como as empresas estão mudando em
decorrência das questões ambientais. No terceiro capítulo são apresentadas as
informações sobre o Programa Carbono Zero e os dados referentes ao inventário de
GEEs da Vale.
17
1 MUDANÇAS CLIMÁTICAS E SEUS IMPACTOS NO ÂMBITO
DA SOCIEDADE MODERNA
O objetivo deste primeiro capítulo da monografia é apresentar os acordos, normas e
definições sobre o meio ambiente, e a relação que existe entre a evolução da
sociedade e a problemática da degradação do meio ambiente, através do estudo do
efeito estufa, evidenciando suas causas e consequências. Estudos demonstram que
o planeta Terra passou por diversas mudanças climáticas nos últimos 650 mil anos,
sendo que a maioria delas foi causada por ações naturais, no entanto, segundo
divulgado pelo MMA (Ministério do Meio Ambiente, 2011), o aumento da
concentração de dióxido de carbono na atmosfera, que atingiu uma medição recorde
no ano de 2005, foi causada por atividades humanas.
1.1 Panorama histórico da questão das mudanças climáticas, do efeito
estufa e seus desdobramentos políticos e sociais
O clima é um assunto muito discutido atualmente. As evidências de alterações
provocadas pelo homem e a previsão de impactos de grande magnitude nos
diversos ecossistemas do planeta tem sido divulgadas em diversas mídias nas
últimas 20 décadas. O IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas,
2011), que estuda as mudanças e publica relatórios com os resultados encontrados,
informou no relatório de mudanças climáticas publicado em 2007, que o
aquecimento global poderá causar um aumento médio da temperatura terrestre de
2ºC a 5,8°C no decorrer deste século.
O aquecimento global é principalmente causado pelo efeito estufa, que é um
fenômeno natural, que consiste na retenção da energia solar que chega na Terra, e
é refletida de volta para o espaço. Essa energia mantém a temperatura do planeta
próxima da superfície em torno de 14 graus Celsius, garantindo as condições
18
necessárias para o desenvolvimento de vida, caso contrário a Terra seria um planeta
inabitável. (MMA, 2011).
Figura 1 - Efeito Estufa
Fonte: IPCC, 2011.
O mecanismo de retenção funciona através da concentração de diversos gases na
atmosfera, dos quais se destacam o dióxido de carbono (CO2), o metano (CH4), o
óxido nitroso (N2O), o hexafluoreto de enxofre (SF6), os hidrofluorcarbonos (HFCs)
e os perfluorcarbonos (PFCs). Estes gases são conhecidos como GEEs, ou gases
causadores do efeito estufa.
O movimento para análise do risco e definição de ações com
relação ao efeito estufa começou a tomar impulso em 1988,
durante uma conferência conjunta da Organização
Meteorológica Mundial (OMM ou WMO) e do programa das
Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA ou UNEP), com
19
a criação do Painel Intergovernamental sobre mudança do
Clima (PIMC ou IPCC). (ESPARTA, 2008, pp. ).
A criação do IPCC é apenas a continuidade das ações que começaram a tomar
forma em 1962 com a publicação do livro Primavera Silenciosa, conforme descrito
por Dias (2010), e demonstra um maior nível de preocupação com as questões
climáticas, que começa a surgir no final da década de 80, um ano depois que a
União Soviética e os Estados unidos assinaram o tratado que limitava a utilização de
arsenais atômicos. Com a proximidade do fim da guerra fria, os países
desenvolvidos começaram a voltar suas atenções para a destruição que estavam
causando no globo terrestre. (ESPARTA, 2008).
Em função dos diversos indícios levantados, e da crescente preocupação global com
o futuro do planeta, diversas ações começaram a tomar forma ao redor do mundo. A
década de 90 foi marcada por diversos acontecimentos voltados para a questão
climática. Camargo informa que 1
(1996 apud WORLD WIDE FUND FOR NATURE
S.D.) em 1990, a demanda mundial por diferentes fontes de energia era quatro
vezes maior do que em 1950.
A conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento (CNUMAD), também conhecida como Cúpula
da Terra, ou Eco-92, foi realizada no Rio de Janeiro em 1992,
com representantes de 179 países que discutiram durante 14
dias os problemas ambientais globais e estabeleceram o
desenvolvimento sustentável como uma das metas a serem
alcançadas pelos governos e sociedades em todo o mundo.
(DIAS, 2010, pp. 33).
A Eco-92 foi palco de grandes discussões sobre o desenvolvimento sustentável no
âmbito empresarial, pois reuniu grandes líderes empresariais e originou cinco
1
CAMARGO, Ana Luiza de Brasil. Desenvolvimento Sustentável: Dimensões e Desafios. São
Paulo: Editora Papirus, 2003.
20
documentos importantes, onde foram descritas diretrizes, objetivos e metas, além de
terem sido estabelecidos os três pilares do desenvolvimento sustentável: a proteção
ao meio ambiente, o desenvolvimento social e o desenvolvimento econômico.
Camargo (2003) ressalta que a Eco-92, ou ainda Rio-92, foi considerado como o
evento global de maior importância do século XX.
A mitigação das mudanças do clima assumiu tamanha importância que no mesmo
ano, com o objetivo de estabilizar a emissão de gases de efeito estufa, e utilizando-
se do primeiro relatório elaborado pelo IPCC, os países membros das Nações
Unidas estabeleceram a chamada Convenção-Quadro sobre mudança do clima
(CQMUNC ou UNFCCC). (ESPARTA, 2008).
O documento estabelece que os níveis de emissões de gases causadores do efeito
estufa devem ser controlados e reduzidos, conforme disposto em seu artigo
segundo:
O objetivo final desta Convenção e de quaisquer instrumentos
jurídicos com ela relacionados que adote a Conferência das
Partes é o de alcançar, em conformidade com as disposições
pertinentes desta Convenção, a estabilização das
concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera num
nível que impeça uma interferência antrópica perigosa no
sistema climático. Esse nível deverá ser alcançado num prazo
suficiente que permita aos ecossistemas adaptarem-se
naturalmente à mudança do clima, que assegure que a
produção de alimentos não seja ameaçada e que permita ao
desenvolvimento econômico prosseguir de maneira
sustentável. (GREENPEACE, 2012).
O posicionamento das Nações Unidas em prol do controle e da redução dos gases
causadores do efeito estufa denota a seriedade do problema para o mundo. O texto
é direto e simplório, de forma que não cause alarde, no entanto, é possível perceber
21
uma preocupação com as consequências do efeito estufa, destacando-se uma crise
na produção de alimentos seguida de uma crise econômica, o que deixa bastante
claro o sentimento de urgência e comprometimento dos países membros da ONU
com a mitigação dos impactos das mudanças do clima.
Uma nova ação foi tomada em 1997 e, de forma complementar à Convenção-
Quadro, surgiu o protocolo de Kyoto, onde foram definidas metas de redução das
emissões gasosas para alguns países:
O Protocolo entrou em vigor no dia 16 de fevereiro de 2005,
logo após o atendimento às condições, que exigiam a
ratificação por, no mínimo, 55% do total de países-membros da
Convenção e que fossem responsáveis por, pelo menos, 55%
do total das emissões de 1990. (MMA, 2011).
A citação acima, apesar de não detalhar o problema, deixa claro que por maior que
seja a conscientização global sobre as questões ambientais e da grande
preocupação com o futuro do planeta e com a manutenção da vida na Terra, uma
série de entraves políticos e conflitos de interesses dos países desenvolvidos
acabaram obstruindo a efetivação do protocolo, que entrou em vigor com 8 anos de
atraso.
O próximo item do capítulo descreve de forma sintética as origens do pensamento
sustentável através do histórico dos principais eventos voltados para o meio
ambiente, e apresenta os principais impactos globais no âmbito político e social das
nações.
1.2 Evolução da questão ambiental e o surgimento da Responsabilidade
Social e do novo modelo de crescimento
22
Os séculos XIX e XX foram marcados por grandes descobertas tecnológicas, pelo
surgimento de novos processos produtivos e melhores meios de transporte. O
mundo ficou menor, apesar das distâncias continuarem as mesmas. Os avanços nos
meios de comunicação permitiram que as pessoas ficassem mais informadas e
atualizadas. Esta enorme quantidade de textos, vídeos, e imagens disponíveis
provocaram uma grande mudança de hábitos e pensamentos ao redor do globo.
A preocupação com as questões ambientais ganhou destaque após a segunda
guerra mundial, entretanto, como mencionado por Camargo (2003), algumas
iniciativas voltadas para os problemas ambientais já haviam acontecido antes da
década de 50, e estão destacadas no Quadro 1.
Ano Acontecimento
1933 Carta de Atenas
1934
1a Conferência Brasileira de Proteção à
Natureza, realizada no Museu Nacional
1937
Criação do primeiro parque Nacional
Brasileiro, o Parque Nacional de Itatiaia
1945
Criação da ONU, Organização das Nações
Unidas
1948
Criação da União Internacional para a
Conservação da Natureza (UICN), por um
grupo de cientistas vinculados à ONU
1949
Realização da Conferência Científica das
Nações Unidas sobre a Conservação e a
Utilização de Recursos
1958
Estabelecimento da Fundação Brasileira para
a Conservação da natureza
Quadro 1 - Resumo dos primeiros eventos voltados para as questões
ambientais
Fonte: Adaptado de CAMARGO, 2010, p.45-46.
A Carta de Atenas pode ser considerada o marco inicial e um dos motivadores para
que nos anos 30 tenham ocorrido mais dois eventos relevantes, seguidos de mais
23
três eventos nos anos 40. O quadro destaca ainda o pioneirismo brasileiro na busca
pela preservação ambiental.
O quadro 2 mostra que a partir de 1960, uma série de três grandes eventos ocorreu
em cada década, o que demonstra que com o passar do tempo houve uma
continuidade dos debates em função da preservação do meio ambiente e dos
recursos naturais, com o objetivo de avaliar as ações e decisões tomadas
anteriormente, bem como traçar novas metas e buscar novas soluções para os
problemas ambientais.
Ano Acontecimento
1962 Publicação do livro Primavera Silenciosa
1968 Criação do Clube de Roma
1968
Conferência da UNESCO sobre a conservação e
o uso racional dos recusos da biosfera
1971 Criação do programa MAB da UNESCO
1972 Publicação do livro Os limites do crescimento
1972
Conferência das Nações unidas sobre o Meio
Ambiente Humano em Estocolmo, Suécia
1980 I Estratégia Munidal para a Conservação
1983
É formada pela ONU a Comissão mundial sobre o
Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CMMAD)
1987
É publicado o informe Brundtland, da CMMAD, o
"Nosso Futuro Comum"
1991
II Estratégia Mundial para a Conservação:
"Cuidando da Terra"
1992
Conferência das Nações unidas sobre o Meio
Ambiente e Desenvolvimento, ou Cúpula da Terra
1997 Rio+5
2000
I Foro Mundial de âmbito Ministerial - Malmo
(Suécia)
2002
Cúpula Mundial sobre o Desenvolvimento
Sustentável - Rio+10
Quadro 2 - Resumo dos principais acontecimentos relacionados ao
desenvolvimento sustentável
Fonte: Adaptado de DIAS, 2010, p.35-37.
Já no início dos anos 60 era possível perceber os estragos causados pela
Revolução Industrial do século XVIII. O aumento da demanda por bens
24
industrializados, a fuga do campo, e o crescimento da população mundial elevaram
o consumo de recursos naturais de forma nunca antes vista, como destaca Dias
(2010).
Desde o início da Revolução Industrial, a implantação de
técnicas de produção e consumo predatórias vem provocando
um grande impacto das atividades humanas sobre os sistemas
naturais. (CAMARGO, 2003, pp. 28).
Os autores se complementam uma vez que ambos destacam os impactos da
Revolução Industrial no meio ambiente. Em diversas regiões do mundo a fauna e a
flora começaram a ser afetados, como foi o caso da extinção de alguns animais, de
fortes secas, o surgimento de solos inférteis e a poluição de lagos e rios. Ações
causadas pelo desenvolvimento desenfreado iniciado no século XVIII.
Foi em função das mudanças de comportamento com relação ao meio ambiente, e
de maior conscientização da população mundial sobre as questões climáticas, que
as empresas precisaram se tornar mais eficientes, competitivas, e responsáveis.
Segundo Dias (2010), as empresas modernas passaram a desempenhar um novo
papel, que as diferencia das demais, onde existe uma preocupação com o
desenvolvimento social, com a qualidade de vida, e com a utilização de recursos
naturais em conformidade com as políticas de proteção ambiental, que é chamado
de responsabilidade social.
Este conceito não é recente, surgiu por volta de 1919, e foi bastante discutido e
aprimorado desde então. A ideia de uma empresa preocupada apenas com seus
acionistas, e voltada somente para a geração de lucros, começou a ser criticada nos
Estados Unidos da América durante a segunda guerra mundial, e deixou de ser um
modelo, abrindo espaço para as discussões sobre moral e ética. (KRAEMER, 2011).
25
Na década de 80 o termo desenvolvimento sustentável surge como resultado das
críticas e discussões sobre o modelo de crescimento vigente na época, conforme
destacado por Camargo (2003), e incorpora em seu conceito as dimensões sociais,
políticas e culturais.
No entendimento de Dias (2010), um dos fatores que está motivando as empresas a
realizarem ações voltadas para o bem estar social e preservação do meio ambiente,
é a pressão contínua exercida pela sociedade e pelo poder público. Apesar da
obrigatoriedade de seguir a legislação e evitar conflitos com a opinião pública, as
empresas perceberam que é necessário mudar sua imagem junto aos consumidores
de seus produtos e serviços.
Em 1999, a ONU (Organização das Nações Unidas) lançou o Pacto Global pelas
Nações Unidas, onde foram apresentados 10 princípios universais, dos quais três
são referentes ao meio ambiente, e em um deles especificamente está escrito que
as empresas devem “promover a responsabilidade ambiental”. (DIAS, op cit).
Não há definição única ou consensual para sustentabilidade
corporativa, mas a idéia básica é a de que a atividade das
empresas desenvolve-se em um contexto socioambiental que
condiciona a qualidade e a disponibilidade de dois tipos
fundamentais de capital, o natural e o humano. (LEMME, 2010,
pp. 39).
Os termos responsabilidade ambiental, sustentabilidade e responsabilidade social se
misturam, pois são conceitos muito próximos. Apesar de não existir uma definição
formal para o termo, a diretriz básica da sustentabilidade corporativa é buscar o
equilíbrio entre os diversos tipos de capitais. A empresa passa a ser vista como
integrante dos ecossistemas globais, e seu crescimento não pode ser predatório, de
forma que prejudique as outras partes.
26
O Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável (World
Business Council of Sustainable Development – WBCSD) apresentou uma definição
para Responsabilidade Social, através de um documento divulgado em 2002 durante
o evento conhecido como Rio+10.
O compromisso da empresa de contribuir ao desenvolvimento
econômico sustentável, trabalhando com os empregados, suas
famílias, a comunidade local e a sociedade em geral para
melhorar sua qualidade de vida. (WBCSD, 2002).
As empresas possuem um novo papel diante da problemática ambiental e social,
além da condição de gerar lucros para seus acionistas e empregos para as
comunidades locais. Fazem parte do novo paradigma: atuar junto aos governos,
participar de atividades em prol do bem comum, e buscar o crescimento através de
novos meios que não causem impactos sociais e ambientais negativos.
No próximo tópico estão descritos os desdobramentos dos eventos que ocorreram
no mundo em prol da conscientização da sociedade do fato que a evolução da
humanidade causou diversos problemas ambientais, e que as empresas como
grandes responsáveis pelos impactos ambientais possuem um papel social muito
importante.
1.3 Desdobramento da Responsabilidade Social nas empresas e a
evolução do conceito de Desenvolvimento Sustentável
As empresas tradicionalmente são vistas meramente como instituições econômicas
cuja responsabilidade é buscar melhorias nos processos produtivos e na gestão com
o objetivo de minimizar custos e maximizar os lucros. Não são levadas em
consideração as variáveis sociais e políticas.
A justificativa para o sentido de responsabilidade social por
parte da empresa fundamenta-se na liberdade que a sociedade
27
concede à empresa para existir. Podemos considerar a
existência de um contrato social. Uma empresa, como outras
organizações legítimas, tem a liberdade de existir e trabalhar
por um objetivo legítimo. O pagamento dessa liberdade é a
contribuição da empresa para com a sociedade. (DONAIRE,
2011, pp. 20).
A relação da empresa com a sociedade é orgânica e consiste basicamente de uma
troca. Ao passo que as empresas buscam gerar lucros e dependem dos
consumidores para isto, a sociedade depende das empresas para poder trabalhar e
viver melhor através do consumo de bens e serviços. No entanto, a existência e a
sobrevivência das empresas estão sujeitas às condições impostas pela sociedade.
Atualmente, as ações decisórias das empresas referentes à utilização dos recursos
de qualquer tipo (materiais, naturais, humanos ou de capital) representam seu novo
papel. A visão de que o retorno financeiro é a principal razão de ser da organização
está sendo substituída por uma postura socioambiental, e é considerada como um
dos indicadores de uma gestão sustentável. (OLIVEIRA, 2008).
Donaire (2011) enfatiza os princípios que visam alcançar o Desenvolvimento
Sustentável, resultantes de um estudo realizado pela Câmara de Comércio
Internacional. Estes princípios têm por objetivo auxiliar as diversas empresas em
escala global a obter sucesso na aplicação de seus modelos de Gestão Ambiental.
Os princípios estão descritos no Quadro 3.
28
PRINCÍPIOS DE GESTÃO AMBIENTAL
1 PRIORIDADE ORGANIZACIONAL
2 GESTÃO INTEGRADA
3 PROCESSO DE MELHORIA
4 EDUCAÇÃO DO PESSOAL
5 PRIORIDADE DE ENFOQUE
6 PRODUTOS E SERVIÇOS
7 ORIENTAÇÃO AO CONSUMIDOR
8 EQUIPAMENTOS E OPERACIONALIZAÇÃO
9 PESQUISA
10 ENFOQUE PREVENTIVO
11 FORNECEDORES E SUBCONTRATADOS
12 PLANOS DE EMERGÊNCIA
13 TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA
14 CONTRIBUIÇÃO AO ESFORÇO COMUM
15 TRANSPARÊNCIA DE ATITUDE
16 ATENDIMENTO E DIVULGAÇÃO
Quadro 3 – Princípios de Gestão Ambiental do Business Charter For
Sustainable Development
Fonte: Adaptado de DONAIRE, 2011, p.60-63.
A complexidade nos modelos de gestão aumentou substancialmente, uma vez que
novos fatores precisam ser levados em consideração no momento de se estabelecer
um modelo de crescimento sustentável. O Quadro 3 elenca uma série de princípios
que devem ser incorporados pelas empresas para obter sucesso em suas
implementações do novo modelo de gestão. A pesquisa da Câmara de Comércio
Internacional não é uma fórmula, e não introduz novos conceitos. No entanto,
estabelece um padrão organizado que pode servir de guia para as empresas que
buscam se adaptar ao novo paradigma da gestão ambiental.
No próximo capítulo será apresentado o conceito de Sustentabilidade, suas origens,
seus desdobramentos e desafios para a sociedade e para as empresas, que são as
grandes responsáveis pelo aumento da concentração de gases causadores do efeito
estufa na atmosfera terrestre.
29
2 NOVO PARADIGMA DE DESENVOLVIMENTO E A APLICAÇÃO
DO MODELO DE GESTÃO DA SUSTENTABILIDADE
O objetivo deste segundo capítulo da monografia é estabelecer uma continuidade ao
tema apresentado, demonstrando através de novos conceitos apresentados a
evolução do pensamento sustentável nas sociedades e nas empresas, bem como
demonstrar a importância da questão ambiental.
2.1 Novo de modelo de gestão sustentável e seus reflexos na sociedade
As mudanças climáticas têm ocorrido lentamente com o passar dos anos sem
chamar a atenção do ser humano. Klabin (2010) cita o aumento do nível do mar e o
derretimento das calotas polares como alguns dos acontecimentos que passaram
despercebidos nas últimas duas décadas. A letargia da sociedade com relação à
destruição do meio ambiente só foi quebrada quando o planeta começou a ser
assolado por grandes catástrofes.
Uma vez que a humanidade se sente ameaçada, mudanças de comportamento e de
pensamento começam a tomar forma em direção à preservação do meio ambiente.
A sociedade, na forma de consumidores passa a exigir uma atitude dos governos, e
das empresas públicas e privadas no que tange a seus processos produtivos. No
entanto, o mundo capitalista não pode parar de produzir, ou simplesmente reduzir
sua capacidade, caso contrário entrará em colapso.
Portanto, é em função da mudança de comportamento que atualmente o mundo
enfrenta um grande dilema. O modelo de desenvolvimento econômico que foi
utilizado no último século é pautado no crescimento, despreocupado com a
natureza, causando impactos negativos ao meio ambiente. Este modelo, arraigado
30
na maioria das empresas, entra em choque com o atual modelo de desenvolvimento
sustentável, que visa preservar a natureza através do planejamento e da
consciência de que os recursos naturais são escassos (KLABIN, 2010).
Bellen (2005) defende que a primeira definição para o termo desenvolvimento
sustentável foi descrita em um documento de 1980, denominado World’s
Conservation Strategy. Entretanto, não existe um consenso sobre o momento em
que surgiram as primeiras propostas de um modelo de gestão sustentável.
Segundo Klabin (opcit), o marco a partir do qual a expressão foi utilizada
formalmente é o Relatório Brutland. Enquanto a maioria das fontes aponta para a
década de 80, em SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL: Conceito e Indicadores,
entende-se que a questão já havia sido debatida na década de 70 2
(1999 apud
ROMEIRO.) em função da publicação do relatório do Clube de Roma, que dividiu o
mundo em duas frentes opostas sobre as questões ambientais, e aonde se originou
o termo ecodesenvolvimento.
O Quadro 4 apresenta algumas definições identificadas por Bellen (2005), e permite
analisar de forma simples um padrão entre elas. Todas possuem em comum, de
forma explícita ou implícita, um anseio pela busca do equilíbrio entre
desenvolvimento e preservação.
2
KLABIN, Israel. Sustentabilidade e Geração de Valor: A transição para o Século XXI. Rio de
Janeiro: Elsevier Editora, 2010
31
Autor Ano Definição
Goldsmith 1972
Atendimento dos propósitos e intenções de uma
sociedade indefinidamente enquanto que satisfaz
seus membros de forma ótima.
WCED 1987
Atendimento das necessidades do presente sem
comprometer o atendimento das necessidades
futuras.
Constanza 1991
Deve garantir a continuidade da vida humana
indefinidamente sem prejudicar o crescimento e
o desenvolvimento de sua cultura, e de modo
que o meio ambiente e toda sua complexidade e
diversidade não sejam destruídas no processo.
Pronk e Ul
Haq
1992
Crescimento econômico baseado na
preservação, utilizando a capacidades do
sistema e considerando que os recursos são
finitos, trazendo justiça para todos os habitantes
do planeta sem privilégio de espécies.
Dahl 1997
É um conceito que compreende uma relação
muito forte entre os princípios, a ética, as
crenças e os valores fundamentais de uma
sociedade e sua concepção de sustentabilidade.
Quadro 4 - Resumo dos principais conceitos de Desenvolvimento Sustentável
Fonte: Adaptado de BELLEN, 2010, p.23-27.
Bellen (2005) destaca que 3
(1999 apud BOSSEL.) a análise da sustentabilidade
deve ser realizada levando-se em consideração o fator temporal, pois é muito difícil
analisar no momento presente questões que possam ser ameaças ou
oportunidades. Ainda sobre o conceito de desenvolvimento sustentável, o autor
defende que o meio ambiente é capaz de suportar uma determinada carga. Foi esta
capacidade de carga que no passado permitiu que diversas sociedades evoluíssem
de maneira sustentável. Atualmente, a sustentabilidade demanda da sociedade uma
atenção maior, pois o meio ambiente não é mais capaz de responder às suas
demandas.
3
, Hans Michael van. Desenvolvimento sustentável: diferentes abordagens conceituais e
práticas. São Paulo: Editora FGV, 2005. Capítulo 3
32
Conforme o documento Nosso Futuro Comum (Relatório de
Brundtland), desenvolvido pela Comissão Mundial sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento em 1991, o desenvolvimento
sustentável é aquele que atende as necessidades presentes
sem comprometer a capacidade das gerações futuras
atenderem também as suas necessidades. (ARAÚJO, 2006, pp.
06).
Independente de qual foi o evento ou documento que deu início à grande mudança
de comportamento em busca da preservação do planeta e da vida na Terra, e da
definição mais correta ou abrangente, o Relatório de Brundtland enfatiza de forma
clara que a humanidade deve se preocupar em não esgotar as reservas naturais, ou
limitar a capacidade produtiva futura em detrimento da satisfação da sua
necessidade atual.
Alcançar o progresso em direção à sustentabilidade é
claramente uma escolha da sociedade, das organizações, das
comunidades e dos indivíduos. Como envolve diversas
escolhas, a mudança só é possível se existir grande
envolvimento da sociedade. Em resumo, o desenvolvimento
sustentável força a sociedade a pensar em termos de longo
prazo e reconhecer o seu lugar dentro da biosfera. (BELLEN,
2010, pp. 38).
O desenvolvimento de um modelo de gestão sustentável é consequência da
mudança de comportamento da sociedade, que amadureceu através das evidências
do caos ecológico que está tomando conta do planeta. As empresas são forçadas a
adotar novas estratégias para satisfazer as novas demandas da sociedade.
A seguir é descrito como as empresas estão se adaptando ao novo modelo de
gestão, agora focado na questão ambiental e nas questões sociais, qual sua
importância no planejamento estratégico e os impactos na definição de metas e
objetivos.
33
2.2 Gestão estratégica da Sustentabilidade e seus desdobramentos dentro
das grandes empresas
O grande questionamento referente à implementação de um modelo sustentável,
como descrito por Pinheiro (2006), é como as empresas podem manter sua
atividade viável ao mesmo tempo em que não afetam negativamente o meio
ambiente. Dentre muitas dificuldades na adoção desse modelo de gestão, uma das
maiores é vender a ideia de que é possível substituir o modelo tradicional
mecanicista por uma abordagem ecológica.
Para Kraemer (2011) as organizações devem rever seus paradigmas e realizar
mudanças culturais. Elas precisam aceitar que são sistemas abertos, que produzem
bens e serviços, mas que também consomem recursos naturais finitos, que poluem
e causam danos ao meio ambiente.
Algumas empresas já não pensam somente na maximização
dos lucros, como era antes. Atualmente elas entendem que a
organização que souber identificar os pontos fortes da
sustentabilidade corporativa, ou seja, as áreas de
sobreposição fundamental de interesses empresariais e de
interesses sociais – e neles operar – acabarão superando
seus concorrentes. (SUSTENTABILIDADE CORPORATIVA,
2011).
A sustentabilidade começa a ser vista como uma maneira tornar a empresa mais
competitiva. É um fator de diferenciação que cada vez mais está sendo valorizado
pela sociedade e pelos governos, por mais que existam custos envolvidos no
processo.
34
Diversos são os benefícios de um sistema de gestão ambiental (SGA). 4
(2000 apud
NORTH) divide em dois tipos: econômicos e estratégicos, descritos no Quadro 5:
BENEFÍCIOS ECONÔMICOS
Economia de Custos
Redução do consumo de água, energia e outros insumos.
Reciclagem, venda e aproveitamento e resíduos, e diminuição
de efluentes.
Redução de multas e penalidades por poluição.
Incremento de Receita
Aumento da contribuição marginal de “produtos verdes”, que
podem ser vendidos a preços mais altos.
Aumento da participação no mercado, devido à inovação dos
produtos e à menor concorrência.
Linhas de novos produtos para novos mercados.
BENEFÍCIOS ESTRATÉGICOS
Melhoria da imagem institucional.
Renovação da carteira de produtos.
Aumento da produtividade.
Alto comprometimento do pessoal.
Melhoria nas relações de trabalho.
Melhoria da criatividade para novos desafios.
Melhoria das relações com os órgãos governamentais,
comunidade e grupos ambientalistas.
Acesso assegurado ao mercado externo.
Melhor adequação aos padrões ambientais.
Quadro 5 – Benefícios de um sistema de gestão ambiental
Fonte: Kraemer, 2011, p.12.
Contudo, o modelo de gestão ambiental é dinâmico e não se aplica em todas as
empresas igualmente. Ele precisa ser construído a partir das características de cada
organização. O desenho da estratégia acontece em função da análise da missão da
empresa e da compreensão de sua cadeia de suprimentos, seguido de um
diagnóstico onde se pretende entender como ela funciona e qual o contexto
ambiental no qual se insere. (ANDRADE, 2006).
4
KRAEMER, Maria Elisabeth Pereira. Gestão ambiental: um enfoque no desenvolvimento
sustentável. Disponível em: http://www.ambientebrasil.com.br/gestao/des_sustentavel.doc.
Acesso em: 03 set. 2011.
35
Algumas empresas criaram departamentos responsáveis pela gestão ambiental,
enquanto que outras instituíram comitês responsáveis pelo assunto. Em alguns
casos essas áreas específicas estão diretamente ligadas ao alto escalão da
empresa. Surge a figura do gerente ecológico, cuja principal tarefa é garantir a
execução dos programas ambientais. (PINHEIRO, 2006).
A implementação um novo modelo, novas estratégias e repensar a maneira de agir
da empresa não implica em uma reformulação do negócio em si. A empresa não
deve mudar sua natureza, mas sim se adaptar, pois nem sempre será possível, ou
viável reduzir consumos, ou níveis de poluição.
Há duas formas de abordagem para a questão da
sustentabilidade nas organizações. Primeiro, pode-se investir
em projetos e processos que consumam menos recursos
materiais e energéticos, que poluam menos e que utilizem
tecnologias mais limpas. Em segundo, é o financiamento de
projetos da comunidade de caráter sustentável, ligados direta
ou indiretamente aos negócios da empresa.
(SUSTENTABILIDADE CORPORATIVA, 2011).
Em sua obra, Andrade (2006) apresenta a ideia que a implementação de um modelo
de gestão ambiental e de responsabilidade social em uma organização, demonstra
que o planejamento estratégico está em conformidade com as definições e conceitos
de sustentabilidade, e está presente em toda a sua estrutura, desde o nível decisório
até o operacional.
A Sustentabilidade Corporativa permeia os três macros temas
que compõem o triple bottom line, ou seja, os aspectos
ambientais, sociais e econômicos. Além das questões
econômico financeiras, as variáveis da Sustentabilidade
Empresarial são atualmente contempladas, respectivamente,
através das vertentes da Responsabilidade Social Corporativa
e Ecoeficiência. (SUSTENTABILIDADE CORPORATIVA,
2011).
36
As principais características do modelo de gestão sustentável, originado a partir das
discussões que tiveram suas origens por volta de 60 anos atrás, as dificuldades
encontradas durante o processo de implementação nas organizações e as propostas
de aplicação estão detalhadas adiante, no último item a seguir.
2.3 Principais desafios na implementação dos conceitos de
sustentabilidade
Os estudos desenvolvidos na área da gestão ambiental indicam diversos caminhos a
se seguir bem como orientações, mas na prática existem alguns obstáculos. Lemme
(2010) destaca a falta de indicadores unificados, uma vez que os resultados já
medidos em diferentes empresas em diferentes países não podem ser corretamente
comparados.
A manutenção de um sistema de gerenciamento ambiental é utilizada por empresas
diversas, como a Vale. Segundo Xavier (2012) este sistema garante que empresa
esteja de acordo com a legislação vigente e também visa verificar se as normas e os
padrões internos são seguidos corretamente. É destacada ainda a questão da
educação e treinamento dos funcionários.
Uma das maiores dificuldades que existe para a implementação de um modelo
sistêmico baseado na gestão do meio ambiente é, de acordo com Pinheiro (2011)
convencer os envolvidos no processo de que a mudança do modelo capitalista
industrial tradicional, caracterizado pelo mecanicismo originado na era industrial é
possível.
37
Xavier (opcit) destaca a necessidade das empresas realizarem o acompanhamento
de suas atividades sempre em busca de novas formas de controlar os impactos
causados no meio ambiente. O principal desafio das empresas é conseguir
minimizar os impactos sociais, bem como, no caso das empresas extrativistas,
desenvolver novas tecnologias com o objetivo de recuperar as áreas atingidas por
suas atividades.
Uma solução razoável para continuidade dos mecanismos de
mercado, numa perspectiva de sustentabilidade, seria aquela
em que as empresas mercantis fossem mais inclusivas,
buscassem mais envolvimento com as comunidades e
buscassem resolver seus problemas em consonância com os
demais interessados (stakeholders). (PINHEIRO, 2011, pp. 69).
O cenário atual mudou e sem um modelo de gestão capaz de considerar os fatores
ambientais e sociais não sobreviverá por muito tempo. As empresas precisam atuar
fortemente na busca de soluções sustentáveis, garantindo dessa forma a satisfação
dos stakeholders, interessados em resultados e lucro, e também a satisfação da
sociedade, que sofre diretamente os impactos das ações e estratégias das
organizações.
Na visão de Pinheiro (opcit) a maior preocupação das empresas, tanto as públicas
como as privadas, é equacionar a viabilidade de seu negócio em conformidade com
a preservação do meio ambiente. Já foi provado que o desenvolvimento sustentável
é factível e esse novo modelo deve sustentar o meio ambiente e também a empresa.
38
Sobrevivência humana
Sem empresas com cosnciência ecológica, não
poderemos ter uma economia com consciência.
Concenso público
Sem empresas com cosnciência ecológica, não haverá
consenso entre o povo e a comunidade de negócios.
Oportunidade de mercado
Sem administração com consciência ecológica, haverá
perda de oportunidade em mercados de rápido
crescimento.
Redução de riscos
Sem administração com consciência ecológica, as
empresas correm o risco de responsabilização por
danos ambientais.
Redução de custos
Sem administração com consciência ecológica, serão
perdidas numerosas oportunidade de reduzir custos.
Integridade pessoal
Sem administração com consciência ecológica, tanto os
adminsitradores como os empregados terão a sensação
de falta de integridade pesssoal.
Sistema Integrado de Administração com Consciência Ecológica
Quadro 6 – Gerenciamento ecológico - princípios
Fonte: Pinheiro, 2011, p.72-73.
Os maiores desafios consistem no desenho de um modelo adequado para cada
organização, onde a empresa não modifique suas características, mas que adote as
melhores práticas na gestão e na operação de suas atividades, buscando minimizar
os impactos ecológicos, alavancar oportunidades para a sociedade e remunerar
seus acionistas. É uma mudança cultural estratégica que não pode acontecer de
forma repentina, mas sim gradual e em constante aperfeiçoamento.
No próximo capítulo serão apresentadas as informações e dados do sistema de
gestão atmosférica da Vale, onde foi analisado o programa de gestão da
sustentabilidade proposto pela empresa em contra partida com os resultados
apurados em seus relatórios anuais.
39
3 EXPERIÊNCIA DA EMPRESA VALE COM INVENTÁRIO DE
GEEs E O PROGRAMA CARBONO VALE
Neste último capítulo, a proposta é apresentar uma breve descrição da Vale, um
resumo de como o estudo foi conduzido, e por fim uma análise do modelo de gestão
de sustentabilidade da empresa, realizado através do estudo dos resultados dos
indicadores de sustentabilidade para as emissões de gases causadores do efeito
estufa.
3.1 Diretrizes Corporativas de Mudanças Climáticas da Vale,
Sustentabilidade e Meio Ambiente
A Vale é uma empresa mineradora que está presente em mais de 38 países
espalhados pelos cinco continentes. Sua sede se localiza no Brasil e, atualmente,
ela é a segunda maior mineradora do mundo, entretanto, nas Américas já alcançou
o primeiro lugar em valor de mercado. Além disso, ela é a maior produtora mundial
de minério de ferro e pelotas, e a segunda maior produtora de níquel. Sua força de
trabalho é composta de mais de 119 mil funcionários e 54 mil contratados
trabalhando em projetos.
Além da atividade mineradora, a Vale também atua nas áreas de logística, energia e
siderurgia. Seus principais produtos são minério de ferro e pelotas, níquel, cobre,
carvão, bauxita, alumina, alumínio, potássio, caulim, manganês, ferro-ligas, cobalto,
metais do grupo de platina, e metais preciosos. (VALE, 2011)
A receita operacional líquida da Vale apurada em 2010, e divulgada no relatório
Form 20-F foi acima de US$ 45 milhões, e o lucro líquido foi acima de US$ 17
milhões.
40
A política de desenvolvimento sustentável tem como objetivo estabelecer diretrizes e
princípios para a atuação quanto ao desenvolvimento Sustentável dos projetos e
operações, operações, explicitando a responsabilidade social, econômica e
ambiental nas regiões em que a Vale está presente, na sua cadeia de valor e no
posicionamento sobre temas globais de sustentabilidade. Esta política é baseada em
três pilares: operador sustentável, catalisador do desenvolvimento local, e agente
global de sustentabilidade.
O operador sustentável significa atuar com consciência e responsabilidade
socioeconômica e ambiental em todo o ciclo de vida das atividades da empresa.
Seus objetivos são 1) criar valor para os stakeholders, 2) antecipar a prevenção de
falhas, 3) atuar em plena conformidade com a legislação, 4) trabalhar de forma
organizada e disciplinada, e 5) trabalhar de forma ética e respeitosa em todos os
países e regiões aonde a Vale atua.
O catalisador do desenvolvimento local vai além da gestão dos impactos das
operações e projetos, contribuindo voluntariamente e através de parcerias com
governo e sociedade para o desenvolvimento local. A Vale 1) realiza o
reconhecimento, a consulta e o envolvimento prévio à implantação de novos
empreendimentos dos stakeholders locais, 2) contribui para a construção de planos
e ações específicos voltados para o desenvolvimento ordenado e sustentável das
áreas aonde atua, 3) busca manter a comunicação e o diálogo amplo, transparente,
permanente e estruturado com stakeholders, respeitando a diversidade e as culturas
das regiões onde atua, 4) estabelece alianças com atores estratégicos de diferentes
setores – público, privado e sociedade civil – para a articulação e planejamento de
programas de desenvolvimento local integrado, e 5) a Vale trabalha de forma
41
articulada para gerar um legado positivo nas regiões onde atua, buscando a
maximização do desenvolvimento socioeconômico através do ciclo mineral,
contribuindo com a diversificação econômica, com o desenvolvimento social e com a
promoção da conservação e recuperação do meio ambiente. (VALE, 2011)
O Agente Global de Sustentabilidade parte do reconhecimento de que determinados
temas globais de sustentabilidade podem afetar os negócios da empresa, e de que a
Vale - como uma das empresas líderes globais no setor de Mineração – pode
contribuir para a promoção internacional de boas práticas de sustentabilidade. Este
pilar visa 1) garantir transparência quanto às políticas, procedimentos, práticas e
desempenho da empresa em relação aos aspectos sociais, ambientais, econômicos
e de governança junto às partes interessadas globalmente, liderança nas discussões
internacionais setoriais ligadas aos aspectos do desenvolvimento sustentável, 2)
monitorar e antecipar tendências em temas globais de sustentabilidade, 3) Adotar e
desenvolver boas práticas globais de sustentabilidade e contribuir com sua difusão
no setor, 4) Manter uma visão global de sustentabilidade alinhada com padrões de
desempenho internacionais, e 5) Trabalhar de forma articulada para contribuir com a
construção de um legado positivo para as gerações futuras.
3.2 Programa Carbono Vale
Em 2005 a Vale começou a medir suas emissões e estoques de carbono. Iniciativas
como a adoção de Biodiesel começaram a ser testadas em 2006, contudo, esta só
foi efetivamente aplicada em 2007, substituindo uma pequena parcela de diesel no
processo produtivo. Todas as ações desenvolvidas nos últimos anos fazem parte do
programa Carbono Vale, que é parte integrante das Diretrizes Corporativas sobre
Mudanças Climáticas.
42
O programa Carbono Vale é constituído de 5 pilares, conforme a Figura 2.
Figura 2 – Pilares do Programa Carbono Vale
Fonte: Adaptado de Vale - Política de Desenvolvimento Sustentável, 2011
A Vale, com o apoio do Instituto Ethos e do Fórum Amazônia Sustentável, liderou o
lançamento da Carta Aberta ao Brasil sobre Mudanças Climáticas. O documento é
um marco na posição do setor produtivo rumo à economia de baixo carbono. Pela
primeira vez, um grupo de empresas com grande relevância na economia nacional
se une em torno do assunto e assume compromissos concretos e conjuntos para a
43
redução de emissões de gases de efeito estufa. Até o fim de 2009, cerca de 30
empresas já haviam assinado o documento.
Os Compromissos da Carta são: 1) publicar anualmente o inventário das emissões
de Gases de Efeito Estufa (GEE) das empresas do grupo, bem como as ações para
mitigação de emissões e adaptação às mudanças climáticas, 2) incluir como
orientação estratégica no processo decisório de investimentos a escolha de opções
que promovam a redução das emissões de GEE em processos, produtos e serviços,
3) buscar a redução contínua de emissões específicas de GEE e do balanço líquido
de emissões de CO2 das empresas por meio de ações de redução direta das
emissões de seus processos de produção, investimentos em captura e sequestro de
carbono e/ou apoio às ações de redução de emissões por desmatamento e
degradação, 4) Atuar junto à cadeia de suprimentos, visando à redução de emissões
de fornecedores e clientes, 5) engajar-se junto ao governo, à sociedade civil e aos
seus setores de atuação, no esforço de compreensão dos impactos das mudanças
climáticas nas regiões onde atua e das respectivas ações de adaptação.
A carta foi reconhecida como uma das importantes iniciativas em torno do tema,
sendo nominalmente citada pelo Fórum das Nações Unidas de Mudanças
Climáticas, que aconteceu em 22 de setembro, em Nova York, nos EUA. Dessa
forma, a Vale atua de forma global buscando transformar recursos naturais em
desenvolvimento sustentável, através de novas tecnologias e processos que sejam
menos intensivos em carbono.
3.3 Inventário de Gases de Efeito Estufa da Vale e a Análise dos dados
coletados para as emissões de GEEs
44
A metodologia utilizada no desenvolvimento deste trabalho foi a pesquisa de dados
empíricos, disponíveis em fontes escritas e mídia digital, acessíveis ao público
através dos Relatórios de Sustentabilidade e de Produção da Vale. Foram utilizados
dados dos últimos cinco anos, ou seja, de 2006 a 2010.
Os relatórios de sustentabilidade são publicados anualmente com os resultados dos
indicadores, cujas medições são realizadas através de formulários específicos que
seguem as diretrizes do GRI (Global Reporting Initiative), juntamente com as
análises e comentários necessários para o entendimento dos números.
Os relatórios de produção apresentam a quantidade produzida dos principais grupos
de materiais resultantes da atividades de extração de minérios e beneficiamento dos
mesmos, realizados nas unidades da Vale espalhadas pelo mundo. Estes grupos
são: minério de ferro, pelotas, carvão, níquel, cobre, bauxita, alumina, alumínio e
potássio. Os dados extraídos dos relatórios foram cruzados com objetivo de verificar
se a Vale realmente conseguiu reduzir suas emissões com o passar do tempo,
conforme as premissas assumidas pela empresa.
De acordo com o relatório de sustentabilidade de 2010, as emissões dos gases
causadores do efeito estufa aumentaram em relação ao ano anterior em 55%,
totalizando 18,7 milhões de toneladas de CO2. Estes números representam apenas
o valor das emissões diretas, que são contabilizadas separadamente das emissões
indiretas, de outras emissões e emissões renováveis. As emissões indiretas
45
5
aumentaram 67% em relação a 2009, e totalizaram 13 milhões de toneladas de
CO2.
O Quadro 7 apresenta os tipos de emissões de acordo com o Relatório de
Sustentabilidade.
• Emissões de uso energético de combustíveis
• Emissões de Processo
• Emissões fugitivas
• Emissões indiretas
• Compra de energia elétrica
• Compra de eletricidade e vapor
• Deslocamento de empregados (ida e volta do trabalho)
• Transporte (upstream e downstream)
• Uso de produtos
• Bens e serviços adquiridos
• Viagens aéreas de funcionários (negócios)
• Emissões associadas à queima de combustíveis renováveis
• Uso de redutor renovável (carvão vegetal)
Emissões diretas (escopo 1)
Outras Emissões indiretas (escopo
3)
Emissões renováveis
Emissões Indiretas (escopo 2)
Quadro 7 – Tipos de emissões
Fonte: Adaptado de Relatórios de Produção e de Sustentabilidade da Vale, 2006 a
2010.
Segundo o relatório, o aumento das emissões totais de GEE é resultante do
aumento da produção, alavancado pela recuperação da economia global, e também
pela incorporação de novos ativos, minas e início das atividades de novas unidades
de operação.
5
Ambos os tipos de emissões são ocasionados em função das atividades da Vale, no
entanto as emissões indiretas são originadas de fontes de que não pertencem ou não são
controladas pela empresa.
46
310,1
365,3 368,9
287,2
385,3
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
2006 2007 2008 2009 2010
Gráfico 1 - Evolução da produção em toneladas
Fonte: Adaptado do Relatório de Produção da Vale, 2006 a 2010.
O Gráfico 1 acima demonstra que a produção da Vale aumentou entre 2006 e 2008,
mas que em 2009 houve uma queda brusca de aproximadamente 22% em relação
ao ano anterior, que é justificada pela crise financeira mundial, que causou retração
dos mercados consumidores, e impactou a indústria como um todo. Esta crise foi
alavancada pelos Estados Unidos da América, que estavam envolvidos em duas
guerras no oriente médio, e importando mais do exportando. Foi um período
marcado por greves e demissões.
Em 2010, após a recuperação global, a empresa voltou a crescer, e de forma
bastante acelerada, apresentando um percentual muito superior ao dos anos
anteriores, na faixa de 34%. A produção de alguns grupos de materiais alcançou
índices recordes, como foi o caso do minério de ferro, apresentando o melhor
resultado dos últimos 5 anos.
Com base nesses fatos entende-se que a empresa investiu no aumento da produção
com o passar dos anos, e que se nenhuma ação foi tomada, seus índices de
47
emissões de gases causadores do efeito estufa acompanharam este movimento.
Nos próximos gráficos será analisado o índice de emissões.
310,1
365,3 368,9
287,2
385,3
10,8
15,2
16,8
12,9
20
0
5
10
15
20
25
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
2006 2007 2008 2009 2010
Gráfico 2 - Relação entre produção e total de emissões
Fonte: Adaptado de Relatórios de Produção e de Sustentabilidade da Vale, 2006 a
2010.
O Gráfico 2 apresenta uma comparação entre os dados do relatório de produção e
os resultados do relatório de sustentabilidade. As barras já foram apresentadas no
Gráfico 1, e agora são analisadas em conjunto com a linha que representa a
quantidade de emissões de GEEs apurada no período de 2006 a 2010.
A leitura do Gráfico 2 demonstra que a variação das emissões de GEEs
acompanham a produção da Vale. Nos anos em que houve um incremento na
produção a quantidade das emissões de GEEs também aumentou, bem como em
2009 ambas as quantidades caíram. Ou seja, ao crescimento das barras causa o
crescimento da linha. Em nenhum momento é percebido uma estagnação da
quantidade de emissões, ou uma redução das mesmas sem que haja redução na
produção.
48
O resultado apresentado permite apontar que apesar do modelo de gestão
sustentável, as emissões acompanham a produção da Vale. Quanto maior for a
quantidade de minério extraído, maior poderá ser o índice de gases lançados na
atmosfera.
Gráfico 3 - Evolução da quantidade de emissões para cada 1 milhão de
toneladas produzidas
Fonte: Adaptado de Relatórios de Produção e de Sustentabilidade da Vale, 2006 a
2010.
O Gráfico 3 mostra a quantidade de emissões, em milhões de toneladas, para cada
1 milhão de minério (ferro, pelotas, carvão, níquel, cobre, bauxita, alumina, alumínio
e potássio) produzido. Estes números foram calculados através de uma simples
regra de três, onde 1 milhão de toneladas de produtos está para a variável ‘X‘, assim
como a quantidades produzida no ano, em milhões de toneladas, está para a
quantidade de emissões, em milhões de toneladas.
Estes demonstram que a quantidade de emissões para a produção de 1 milhão de
toneladas dos produtos supracitados foi aumentando com o passar dos anos, com
uma redução mínima de 0,001 milhões em 2009, referente ao período de crise
mundial onde a produção caiu 22% em relação ao ano anterior, e atingindo seu
ápice no ano de 2010.
49
As emissões estão aumentando com o passar do tempo, o que significa que os
números apresentados nos relatórios da Vale não condizem com as premissas de
um modelo de gestão sustentável, que busca melhorar e controlar seus processos,
bem como definir estratégias que permitam competir e gerar lucro, ao mesmo tempo
em que reduzem os impactos negativos causados no meio ambiente em função de
sua atividade produtiva.
Gráfico 4 - Principais Ofensores no processo de emissões
Fonte: Adaptado do Relatório de Sustentabilidade da Vale, 2010.
O Gráfico 4 demonstra quais os maiores causadores das emissões de GEEs. A
maior fatia ainda é o consumo de combustíveis, sendo seguido pelas emissões de
processos diversos, que somente são representativos se agrupados. O consumo de
combustíveis para uso energético representa 12,29 milhões de CO2 equivalente.
O relatório de Sustentabilidade de 2010 destaca um aumento de 125% das
emissões renováveis em relação a 2009, totalizando 625 mil toneladas de CO2
equivalente. Estas emissões são referentes ao aumento da participação de
combustíveis renováveis como biodiesel, etanol, carvão vegetal e biomassa.
Outros
Processos
Combustíveis
Compra de energia
elétrica e vapor
Emissões fugitivas de
minas de carvão
50
Ao avaliar o potencial de mitigação dos biocombustíveis, é necessário levar em
contas as emissões geradas diretamente pela sua produção e queima, comparadas
à gasolina, assim como as liberações decorrentes da mudança no uso do solo para
cultivo de matérias-primas. Existem avaliações divergentes do impacto total dos
biocombustíveis sobre as emissões de GEE dependendo de suas matérias-primas
de origem e de como são cultivadas. (BANCO MUNDIAL, 2009)
O grande ofensor identificado pela Vale é a queima de combustíveis. A
movimentação dos produtos depende da utilização intensa de tratores, carros, trens
e caminhões. Com o aumento da produção ficou evidente um aumento da frota de
veículos ou maior intensidade de uso, causando um aumento do consumo de
combustíveis e, por conseguinte um aumento das emissões de GEEs.
51
CONCLUSÃO
Esta monografia descreveu o modelo de gestão atmosférica da Vale, e analisou os
indicadores de GEEs que são contabilizados pela empresa, para o período de 2006-
2010, bem como tentou demonstrar se os resultados apresentaram diminuição.
O primeiro capítulo abordou o surgimento de organizações e institutos que
monitoram as mudanças climáticas. Foi com base nos resultados apresentados nos
relatórios desenvolvidos por estas instituições que os governos começaram a se
comover com os problemas de ordem ambiental. Diversos países foram identificados
como principais causadores do efeito estufa resultando na criação de uma série de
documentos e tratados, como a Convenção-Quadro e o Protocolo de Kyoto. Ainda
no neste capítulo foi abordada a evolução da questão ambiental e o surgimento da
Responsabilidade Social e do novo modelo de crescimento.
A responsabilidade social é o primeiro passo rumo à mudança de comportamento
das empresas, uma vez que a nova visão de negócios estimula o bem estar dos
funcionários, da população local e da região na qual se localiza seja um dos fatores
críticos de sucesso nos negócios. Sob a ótica global, todas as empresas que
produzem de forma irresponsável são responsáveis pelos desastres ecológicos. A
evolução do pensamento sustentável ocorre de forma natural apoiado pelos eventos
de escala mundial e pela cobrança da sociedade.
O segundo capítulo tratou sobre o novo modelo de gestão sustentável e seus
reflexos na sociedade. Novos paradigmas surgiram no âmbito corporativo como
resultado dos eventos apresentados no capítulo 1. Os autores relacionam as
mudanças de gestão com a conscientização da sociedade a cerca dos problemas
52
ambientais. Apesar da dificuldade em se obter uma única definição para o termo
sustentabilidade, todas as propostas apontam para um mesmo caminho. A empresa
que quer se manter competitiva experimenta um momento de mudança, em função
da nova realidade imposta pelos governos, população e meio ambiente.
A Gestão estratégica da Sustentabilidade e seus desdobramentos dentro das
grandes empresas são refletidos em diversas ações voltadas para o bem estar
social, e para a busca por métodos de produção mais modernos e com menores
impactos ambientais.
Ser sustentável significa ser capaz de manter o foco no negócio através de novas
práticas de gestão. Diversos estudos surgem e as empresas precisam se reinventar
para se adaptarem, principalmente pelo fato de que não existe uma fórmula que seja
única para todas as organizações.
O capítulo apresentou as informações sobre o Programa Carbono Zero e os dados
referentes ao inventário de GEEs da Vale. Foram explicados quais são seus cinco
pilares e quais seus principais aspectos. Por fim, foi realizada uma análise dos
dados publicados nos relatórios de produção e de sustentabilidade no período de
2006 até 2010. O resultado encontrado demonstrou que a produção da Vale está em
constante evolução, e apresentou um único ponto de depressão em função de uma
crise global. A quantidade de emissões de gases causadores do efeito estufa
acompanhou o ritmo da produção em todos anos analisados. A quantidade de gases
produzida a cada milhão de toneladas foi crescente com o passar dos anos.
Através dessas informações conclui-se apesar da Vale possuir um sistema de
gestão atmosférica e uma política de redução de carbono, os resultados das suas
53
emissões de GEEs acompanham as oscilações na produção, e estão crescendo
com o passar dos anos. Conforme as análises demonstradas através dos gráficos, o
consumo de combustíveis, que viabilizam as atividades de extração de minério da
Vale, aumentou juntamente com a elevação da produção. A Vale depende dos
combustíveis para responder à crescente demanda do mercado por seus bens e
serviços, pois sem eles não como realizar de forma eficiente o transporte e o
beneficiamento dos minérios. Este aumento da produção está acarretando impactos
no meio ambiente independentemente de sua política e modelo de gestão
sustentável.
Como sugestão para futuras pesquisas recomenda-se a elaboração de um estudo
comparativo com outras empresas de mineração do porte da Vale e que possuam
modelos de gestão sustentável, bem como a análise de outros indicadores de
sustentabilidade da Vale, verificando sua aderência com as premissas do GRI e
utilizando um período maior, se houver material disponível, ou ainda a elaboração de
um estudo sobre o impacto do consumo de combustíveis fósseis no processo
produtivo fabril das indústrias pesadas e qual a sua relação com as mudanças
climáticas no mundo.
54
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CAPÍTULO 1
ALMEIDA, Ivo Torres. A poluição atmosférica por material particulado na
mineração a céu aberto. Dissertação de Mestrado em Engenharia. São Paulo:
USP, 1999.
CAMARGO, Ana Luiza de Brasil. Desenvolvimento Sustentável: Dimensões e
Desafios. São Paulo: Editora Papirus, 2003. Capítulo 1, 2 e 3, pp 17-76.
DIAS, Reinaldo. Gestão Ambiental: Responsabilidade Social e Sustentabilidade.
São Paulo: Editora Atlas, 2010. Capítulo 3, pp. 30-43.
ESPARTA, Adelino Ricardo Jacintho. Redução de emissões de gases de efeito
estufa no setor elétrico brasileiro: a experiência do Mecanismo de
Desenvolvimento Limpo do Protocolo de Quioto e uma visão futura. Dissertação de
Pós-graduação em Energia. São Paulo: USP, 2008.
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http://www.greenpeace.org.br/clima/pdf/convencao_onu.pdf >. Acesso em: 22 de
mar. de 12.
Instituto Nacional de Metrologia - INMETRO. ISO 26000.
<http://www.inmetro.gov.br/qualidade/responsabilidade_social/iso26000.asp>.
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<http://www.ipcc.ch/publications_and_data/ar4/wg1/en/faq-1-3-figure-1.html>.
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KLABIN, Israel; ABRANCHES, Sérgio; LEMME, Celso Funcia; KELMAN, Jerson;
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Marcelo; ROSEMBLUM, Célia. Sustentabilidade e Geração de Valor: A transição
para o Século XXI. Rio de Janeiro: Elsevier Editora, 2010. Capítulo 3, pp. 37-63.
KRAEMER, Maria Elisabeth Pereira. Responsabilidade Social – Uma alavanca
para Sustentabilidade. <http://www.gestaoambiental.com.br/kraemer.php>. Acesso
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Ministério do Meio Ambiente - MMA. Camada de Ozônio e Aquecimento Global.
Disponível em:
<http://www.mma.gov.br/sitio/index.php?ido=conteudo.monta&idEstrutura=130&idMe
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Ministério do Meio Ambiente - MMA. Sobre a camada de ozônio.
<http://www.mma.gov.br/sitio/index.php?ido=conteudo.monta&idEstrutura=130>.
Acesso em: 30 de set. de 11.
Revista FAE BUSINESS. O que é Responsabilidade Social?.
http://www.fae.edu/publicacoes/pdf/revista_fae_business/n9/01_rs.pdf
55
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CAPÍTULO 2
ANDRADE, Rui Otavio Bernardes de; TACHIZAWA, Takeshy; CARVALHO, Ana
Barreiros de. Princípios de Gestão Socioambiental. In: __________. Gestão
ambiental: enfoque estratégico aplicado ao desenvolvimento sustentável. São
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ARAÚJO, Geraldino Carneiro de et al. Sustentabilidade Empresarial: Conceito e
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a 26 de novembro de 2006.pp. 6-9.Disponível em:
http://www.convibra.com.br/2006/artigos/61_pdf.pdf. Acesso em: 02 de ago.2011.
BELLEN, Hans Michael van. Desenvolvimento sustentável: diferentes abordagens
conceituais e práticas. In: __________. Indicadores de sustentabilidade: uma
análise comparativa. São Paulo: Editora FGV, 2005. Capítulo 3, pp.23-40.
KLABIN, Israel; ABRANCHES, Sérgio; LEMME, Celso Funcia; KELMAN, Jerson;
PINTO JR, Helder Queiroz; ALQUÉRES, José Luiz; OLIVEIRA, Gesner; MORGADO,
Marcelo; ROSEMBLUM, Célia. Sustentabilidade e Geração de Valor: A transição
para o Século XXI. Rio de Janeiro: Elsevier Editora, 2010. Capítulo 1, pp.1-14.
KRAEMER, Maria Elisabeth Pereira. Gestão ambiental: um enfoque no
desenvolvimento sustentável. Disponível em:
http://www.ambientebrasil.com.br/gestao/des_sustentavel.doc. Acesso em: 03 set.
2011.
LEMME, Funcia Celso. O valor gerado pela sustentabilidade corporativa. In:
ZYLBERSZTAJN, Davi e LINS, Clarissa (organizadores). Sustentabilidade e
geração de valor: a transição para o século XXI. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.
Capítulo 3, pp.37-63. Disponível em:
http://intranet.gvces.com.br/cms/arquivos/sustentabilidade_e_geracao_de_valor_-
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OUCHI, Carlos Hiroshi Côrtes. Práticas De Sustentabilidade Corporativa No
Brasil: Uma Análise Do Setor De Papel E Celulose. Dissertação submetida ao corpo
docente do Instituto de Pós-Graduação em Administração - COPPEAD, da
Universidade Federal do Rio de Janeiro, comoparte dos requisitos necessários à
obtenção do grau de Mestre em Administração. Rio de Janeiro, 2006. pp.21-31.
Disponível em: www.ciflorestas.com.br/arquivos/doc_praticas__12604.pdf. Acesso
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PINHEIRO, José Moura. Cidadania Corporativa e Modelos de Gestão
Socioambiental. In: ____________. Gestão Socioambiental: Conceitos, Modelos e
Práticas. Salvador: UFBA, 2006. Capítulo 5, pp.67-86. Disponível em:
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http://www.aedb.br/seget/artigos09/336_Sustentabilidade_Corporativa.pdf. Acesso
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56
XAVIER, Ana Clara Rodrigues Et Al. Gestão Ambiental Na Petrobrás e CVRD. IV
Congresso Nacional De Excelência Em Gestão. Responsabilidade
Socioambiental das Organizações Brasileiras Niteroi, RJ, Brasil, 31 de julho, 01 e 02
de agosto de 2008. Disponível em: incluir o link Acesso em: 12 de mar.2012.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CAPÍTULO 3
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Acesso em: 02 de ago.2011.
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br/sustentabilidade/relatorio-de-sustentabilidade/Documents/relatorio-de-
sustentabilidade-2006.pdf. Acesso em: 02 de ago.2011.
Relatório de Sustentabilidade 2007. Disponível em: http://www.vale.com.br/pt-
br/sustentabilidade/relatorio-de-sustentabilidade/Documents/relatorio-de-
sustentabilidade-2007-completo.pdf. Acesso em: 02 de ago.2011.
Relatório de Sustentabilidade 2008. Disponível em: http://www.vale.com.br/pt-
br/sustentabilidade/relatorio-de-sustentabilidade/Documents/relatorio-de-
sustentabilidade-2008.pdf. Acesso em: 02 de ago.2011.
Relatório de Sustentabilidade 2009. Disponível em: http://www.vale.com.br/pt-
br/sustentabilidade/relatorio-de-sustentabilidade/Documents/relatorio-de-
sustentabilidade-2009.pdf. Acesso em: 02 de ago.2011.
Relatório de Sustentabilidade 2010. Disponível em: http://www.vale.com.br/pt-
br/sustentabilidade/relatorio-de-
sustentabilidade/Documents/Relatório_Sustentabilidade_Port_2010.pdf. Acesso em:
02 de ago.2011.VALE – Relatório de Produção de 2006. Disponível em:
http://200.225.83.183/_audiovideo/PREPORT4T06p.pdf. Acesso em: 02 de
ago.2011.
VALE – Relatório de Produção de 2007. Disponível em:
http://200.225.83.183/_audiovideo/PREPORT4T07p.pdf. Acesso em: 02 de
ago.2011.
VALE – Relatório de Produção de 2008. Disponível em:
http://200.225.83.183/_audiovideo/PREPORT4T08p.pdf. Acesso em: 02 de
ago.2011.
VALE – Relatório de Produção de 2009. Disponível em:
http://200.225.83.183/_audiovideo/PREPORT4T09p.pdf. Acesso em: 02 de
ago.2011.
57
VALE – Relatório de Produção de 2010. Disponível em:
http://200.225.83.183/_audiovideo/PREPORT4T10p.pdf. Acesso em: 02 de
ago.2011.

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  • 1. I CENTRO UNIVERSITÁRIO METODISTA BENNETT CURSO DE ADMINISTRAÇÃO ANÁLISE DOS INDICADORES DE GESTÃO ATMOSFÉRICA DA VALE NO PERÍODO DE 2006- 2010 José Jonas Bastos Souza Junior RIO DE JANEIRO JUNHO, 2012
  • 2. II CENTRO UNIVERSITÁRIO METODISTA BENNETT CURSO DE ADMINISTRAÇÃO ANÁLISE DOS INDICADORES DE GESTÃO ATMOSFÉRICA DA VALE NO PERÍODO DE 2006- 2010 Monografia apresentada ao curso de Administração, como parte dos requisitos necessários para obtenção do título de Bacharel em Administração. José Jonas Bastos Souza Junior Professora Orientadora Ms.Claudia Rosana Felisberto Scofano RIO DE JANEIRO JUNHO, 2012
  • 3. III ANÁLISE DOS INDICADORES DE GESTÃO ATMOSFÉRICA DA VALE NO PERÍODO DE 2006-2010 José Jonas Bastos Souza Junior Professora Orientadora Ms.Claudia Rosana Felisberto Scofano Monografia de Conclusão submetida ao Curso de Administração do Centro Universitário Metodista Bennett como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Bacharel em Administração. Aprovado por: _________________________________________ Ms.Claudia Rosana Felisberto Scofano Professora Orientadora de Conteúdo _________________________________________ Ms. Deise Luce de Sousa Marques Professora Participante da Banca de Defesa _________________________________________ Ms. Carlos Henrique Berrini da Cunha Professor Participante da Banca de Defesa Rio de Janeiro Junho, 2012
  • 4. IV Dedico este trabalho a minha família.
  • 5. V AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus e a todos aqueles que direta ou indiretamente me ajudaram na conclusão deste trabalho. Dedico um agradecimento especial aos meus pais e a minha esposa, que sempre estiveram do meu lado. À minha professora orientadora Claudia Scofano, pela dedicação e paciência durante todos esses anos, contribuindo com seus conhecimentos para a finalização deste trabalho.
  • 6. VI O caminho dos paradoxos é o caminho da verdade. Oscar Wilde
  • 7. VII ANÁLISE DOS INDICADORES DE GESTÃO ATMOSFÉRICA DA VALE NO PERÍODO DE 2006-2010 José Jonas Bastos Souza Junior Professora Orientadora Ms.Claudia Rosana Felisberto Scofano Monografia de Conclusão submetida ao Curso de Administração do Centro Universitário Metodista Bennett como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Bacharel em Administração. O objetivo deste trabalho de monografia foi descrever o modelo de gestão atmosférica da Vale, a fim de analisar os indicadores de GEEs que são contabilizados pela empresa, para o período de 2006-2010, e demonstrar se estes por sua vez apresentaram diminuição. O trabalho foi estruturado em três capítulos distintos. O primeiro capítulo apresentou a problemática do efeito estufa, explicando suas origens, causas e consequências. Apresentou ainda as origens do conceito de sustentabilidade através da responsabilidade social e como surgiram as primeiras formalizações. No segundo capítulo foi abordado o novo paradigma das empresas com respeito ao meio ambiente, sua evolução e conceitos, assim como os desafios inerentes ao modelo sustentável. No terceiro capítulo foi demonstrado o resultado da pesquisa realizada através dos dados coletados dos relatórios de sustentabilidade e de produção da Vale, bem como a análise dos números apresentados. Como resultado deste trabalho, concluiu-se que apesar da empresa possuir uma política e um modelo de gestão sustentáveis bem estruturados, a Vale consome uma grande quantidade de combustíveis de origem fóssil, que são o seu principal fator causador das emissões de GEEs. E, segundo os dados analisados, conforme sua produção aumenta maior é o seu consumo de combustíveis e, por conseguinte maiores são suas emissões. Palavras-chave: Sustentabilidade, Efeito Estufa, Responsabilidade Social e Gestão Sustentável. Rio de Janeiro Junho, 2012
  • 8. VIII LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS IPCC Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas GEE Gases de Efeito Estufa MMA Ministério do Meio Ambiente CO2 Dióxido de Carbono CNUMAD Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento PNUMA Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente OMM Organização Meteorológica Mundial
  • 9. IX LISTA DE FIGURAS Figura 1 Efeito Estufa............................................................................................... 18 Figura 2 Pilares do Programa Carbono Vale............................................................ 42
  • 10. X LISTA DE QUADROS Quadro 1 Resumo dos primeiros eventos voltados para as questões................ ambientais 22 Quadro 2 Resumo dos principais acontecimentos relacionados ao.................... desenvolvimento sustentável 23 Quadro 3 Princípios de Gestão Ambiental do Business Charter for Sustainable Development 28 Quadro 4 Resumo dos principais conceitos de Desenvolvimento Sustentável... 31 Quadro 5 Benefícios de um sistema de gestão ambiental.................................. 34 Quadro 6 Gerenciamento ecológico – princípios................................................ 38 Quadro 7 Tipos de emissões............................................................................... 45
  • 11. XI LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 Evolução da produção em toneladas......................................................... 46 Gráfico 2 Relação entre produção e emissões.......................................................... 47 Gráfico 3 Evolução da quantidade de emissões para cada 1 milhão de toneladas... produzidas 48 Gráfico 4 Principais Ofensores no processo de emissões......................................... 49
  • 12. XII SUMÁRIO INTRODUÇÃO..........................................................................................................13 1 MUDANÇAS CLIMÁTICAS E SEUS IMPACTOS NO ÂMBITO DA SOCIEDADE MODERNA .................................................................................17 1.1 Panorama histórico da questão das mudanças climáticas, do efeito estufa e seus desdobramentos políticos e sociais 17 1.2 Evolução da questão ambiental e o surgimento da Responsabilidade Social e do novo modelo de crescimento 21 1.3 Desdobramento da Responsabilidade Social nas empresas e a evolução do conceito de Desenvolvimento Sustentável 26 2 NOVO PARADIGMA DE DESENVOLVIMENTO E A APLICAÇÃO DO MODELO DE GESTÃO DA SUSTENTABILIDADE.........................................29 2.1 Novo de modelo de gestão sustentável e seus reflexos na sociedade 29 2.2 Gestão estratégica da Sustentabilidade e seus desdobramentos dentro das grandes empresas 33 2.3 Principais desafios na implementação dos conceitos de sustentabilidade 36 3 EXPERIÊNCIA DA EMPRESA VALE COM INVENTÁRIO DE GEEs E O PROGRAMA CARBONO VALE.......................................................................39 3.1 Diretrizes Corporativas de Mudanças Climáticas da Vale, Sustentabilidade e Meio Ambiente 39 3.2 Programa Carbono Vale 41 3.3 Inventário de Gases de Efeito Estufa da Vale e a Análise dos dados coletados para as emissões de GEEs 43 CONCLUSÃO ...........................................................................................................51 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS…………………………………………............... 53
  • 13. XIII INTRODUÇÃO Atualmente, vários estudos demonstram a fragilidade do meio ambiente, sobretudo quanto à interferência do homem na natureza. Direta ou indiretamente, todos os problemas estão ligados ao aumento da temperatura da Terra, que é originado principalmente pelo aumento da descarga de gases causadores do efeito estufa (GEEs) na atmosfera terrestre, nos últimos 100 anos. O derretimento das calotas polares, que é um dos exemplos desse problema, ainda está em processo de evolução e pode causar grandes catástrofes. O efeito estufa cria uma camada invisível de gases que formam uma barreira, e impedem que o calor do sol, refletido na superfície terrestre, volte para o espaço e seja dissipado. O aumento desses gases é uma consequência da evolução da sociedade, que passou a consumir cada vez mais os recursos naturais e fazer uso de grandes quantidades de combustíveis fósseis e de fontes de energia térmica. As atividades de extração e utilização de forma irresponsável destes recursos tornaram- se críticas a partir da revolução industrial, seguida da revolução científico- tecnológica. A poluição de rios, lagos e do ar se tornou grave com o advento das novas técnicas de produção. A sociedade global tornou-se altamente dependente dos minérios e do petróleo, principais causadores dos problemas climáticos. O acompanhamento das mudanças climáticas tornou-se parte integrante da agenda dos países desenvolvidos e, desde o final da década de 80, são discutidos planos e propostas para mitigação dos problemas identificados e medidas para evitar os problemas previstos. O aumento da temperatura do globo pode tornar o planeta
  • 14. 14 inabitável nos próximos anos, inviabilizando o plantio, transformando florestas em regiões áridas, e extinguindo espécies de fauna e flora além de outras consequências catastróficas. Com o intuito de controlar e reduzir estas emissões, de forma que a manutenção da vida na Terra seja garantida, diversas medidas, estudos, e proposições já foram realizadas, e estão se desdobrando até hoje. A população mundial tornou-se mais consciente e exige de seus governantes e das empresas uma atitude diante da problemática do efeito estufa e em prol da manutenção do meio ambiente. Novos conceitos relacionados com a forma de gestão dos governos e das empresas surgiram a partir dos debates e de pesquisas sobre o meio ambiente, e estão sendo aplicados no mundo todo. Diferente do que acontecia no passado, o preceito fundamental que define o crescimento e a expansão do capitalismo nos dias de hoje é o desenvolvimento sustentável. Os estudos das organizações e das melhores práticas em gestão iniciados a mais de 40 anos atrás começaram a ser revistos e continuados de forma que o paradigma da empresa que apenas produz lucro se tornou uma ideia arcaica que não se sustenta mais. Para uma empresa ter sucesso no mercado competitivo de hoje ela precisa demonstrar seu compromisso com as questões ecológicas. Diante de tal panorama, a pergunta da monografia é como funciona o programa de gestão atmosférica da Vale, e como evoluíram os indicadores referentes ao inventário de emissões de GEEs para o período de 2006-2010? A hipótese que se pretende demonstrar é de que o modelo de gestão atmosférica da Vale ganhou grande impulso com o programa Carbono Zero, entretanto em relação aos
  • 15. 15 indicadores de GEEs, tanto emissões diretas, como indiretas ampliaram-se para o período analisado 2006-2010. O objetivo deste trabalho de monografia é descrever o modelo de gestão atmosférica da Vale, a fim de analisar os indicadores de GEEs que são contabilizados pela empresa, para o período de 2006-2010, e demonstrar se estes por sua vez apresentaram diminuição. Este tema é atual, e foi escolhido devido a sua importância no âmbito da sociedade moderna, e em função da evolução da preocupação do ser humano com a natureza em contraposição ao antigo pensamento capitalista e aos impactos causados pelas revoluções industrial e científico-tecnológica no meio ambiente. O assunto é relevante para todos os campos da administração, pois envolve o estudo de teorias de gestão e métodos práticos com o objetivo de manter o equilíbrio entre a exploração contínua dos recursos naturais, necessária para a manutenção do modelo capitalista através do permanente aumento da produção e consumo de bens e serviços, e a preservação do meio ambiente e da perpetuação da vida no planeta Terra. A metodologia desta pesquisa foi do tipo descritiva e explicativa com base em pesquisa bibliográfica para abordar os capítulos teóricos (primeiro e segundo). Em seguida utilizou-se uma pesquisa ex post para o período amostral de 2006-2010, com coleta de dados a partir do Relatório de Sustentabilidade da empresa Vale, disponível em seu site, para os seguintes dados: Programa Carbono Zero; inventário de emissões de GEEs (emissões diretas e indiretas).
  • 16. 16 Com o intuito de abordar a questão ambiental que motivou este estudo, foram estruturados três capítulos da seguinte forma: no primeiro é descrita a problemática que está sendo analisada, tais como os conceitos de meio ambiente e de efeito estufa que deram origem aos debates e discussões sobre o clima no mundo inteiro e motivaram a formalização de acordos e normas. No segundo capítulo são apresentadas as definições de responsabilidade social e desenvolvimento sustentável, bem como a descrição de como as empresas estão mudando em decorrência das questões ambientais. No terceiro capítulo são apresentadas as informações sobre o Programa Carbono Zero e os dados referentes ao inventário de GEEs da Vale.
  • 17. 17 1 MUDANÇAS CLIMÁTICAS E SEUS IMPACTOS NO ÂMBITO DA SOCIEDADE MODERNA O objetivo deste primeiro capítulo da monografia é apresentar os acordos, normas e definições sobre o meio ambiente, e a relação que existe entre a evolução da sociedade e a problemática da degradação do meio ambiente, através do estudo do efeito estufa, evidenciando suas causas e consequências. Estudos demonstram que o planeta Terra passou por diversas mudanças climáticas nos últimos 650 mil anos, sendo que a maioria delas foi causada por ações naturais, no entanto, segundo divulgado pelo MMA (Ministério do Meio Ambiente, 2011), o aumento da concentração de dióxido de carbono na atmosfera, que atingiu uma medição recorde no ano de 2005, foi causada por atividades humanas. 1.1 Panorama histórico da questão das mudanças climáticas, do efeito estufa e seus desdobramentos políticos e sociais O clima é um assunto muito discutido atualmente. As evidências de alterações provocadas pelo homem e a previsão de impactos de grande magnitude nos diversos ecossistemas do planeta tem sido divulgadas em diversas mídias nas últimas 20 décadas. O IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, 2011), que estuda as mudanças e publica relatórios com os resultados encontrados, informou no relatório de mudanças climáticas publicado em 2007, que o aquecimento global poderá causar um aumento médio da temperatura terrestre de 2ºC a 5,8°C no decorrer deste século. O aquecimento global é principalmente causado pelo efeito estufa, que é um fenômeno natural, que consiste na retenção da energia solar que chega na Terra, e é refletida de volta para o espaço. Essa energia mantém a temperatura do planeta próxima da superfície em torno de 14 graus Celsius, garantindo as condições
  • 18. 18 necessárias para o desenvolvimento de vida, caso contrário a Terra seria um planeta inabitável. (MMA, 2011). Figura 1 - Efeito Estufa Fonte: IPCC, 2011. O mecanismo de retenção funciona através da concentração de diversos gases na atmosfera, dos quais se destacam o dióxido de carbono (CO2), o metano (CH4), o óxido nitroso (N2O), o hexafluoreto de enxofre (SF6), os hidrofluorcarbonos (HFCs) e os perfluorcarbonos (PFCs). Estes gases são conhecidos como GEEs, ou gases causadores do efeito estufa. O movimento para análise do risco e definição de ações com relação ao efeito estufa começou a tomar impulso em 1988, durante uma conferência conjunta da Organização Meteorológica Mundial (OMM ou WMO) e do programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA ou UNEP), com
  • 19. 19 a criação do Painel Intergovernamental sobre mudança do Clima (PIMC ou IPCC). (ESPARTA, 2008, pp. ). A criação do IPCC é apenas a continuidade das ações que começaram a tomar forma em 1962 com a publicação do livro Primavera Silenciosa, conforme descrito por Dias (2010), e demonstra um maior nível de preocupação com as questões climáticas, que começa a surgir no final da década de 80, um ano depois que a União Soviética e os Estados unidos assinaram o tratado que limitava a utilização de arsenais atômicos. Com a proximidade do fim da guerra fria, os países desenvolvidos começaram a voltar suas atenções para a destruição que estavam causando no globo terrestre. (ESPARTA, 2008). Em função dos diversos indícios levantados, e da crescente preocupação global com o futuro do planeta, diversas ações começaram a tomar forma ao redor do mundo. A década de 90 foi marcada por diversos acontecimentos voltados para a questão climática. Camargo informa que 1 (1996 apud WORLD WIDE FUND FOR NATURE S.D.) em 1990, a demanda mundial por diferentes fontes de energia era quatro vezes maior do que em 1950. A conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), também conhecida como Cúpula da Terra, ou Eco-92, foi realizada no Rio de Janeiro em 1992, com representantes de 179 países que discutiram durante 14 dias os problemas ambientais globais e estabeleceram o desenvolvimento sustentável como uma das metas a serem alcançadas pelos governos e sociedades em todo o mundo. (DIAS, 2010, pp. 33). A Eco-92 foi palco de grandes discussões sobre o desenvolvimento sustentável no âmbito empresarial, pois reuniu grandes líderes empresariais e originou cinco 1 CAMARGO, Ana Luiza de Brasil. Desenvolvimento Sustentável: Dimensões e Desafios. São Paulo: Editora Papirus, 2003.
  • 20. 20 documentos importantes, onde foram descritas diretrizes, objetivos e metas, além de terem sido estabelecidos os três pilares do desenvolvimento sustentável: a proteção ao meio ambiente, o desenvolvimento social e o desenvolvimento econômico. Camargo (2003) ressalta que a Eco-92, ou ainda Rio-92, foi considerado como o evento global de maior importância do século XX. A mitigação das mudanças do clima assumiu tamanha importância que no mesmo ano, com o objetivo de estabilizar a emissão de gases de efeito estufa, e utilizando- se do primeiro relatório elaborado pelo IPCC, os países membros das Nações Unidas estabeleceram a chamada Convenção-Quadro sobre mudança do clima (CQMUNC ou UNFCCC). (ESPARTA, 2008). O documento estabelece que os níveis de emissões de gases causadores do efeito estufa devem ser controlados e reduzidos, conforme disposto em seu artigo segundo: O objetivo final desta Convenção e de quaisquer instrumentos jurídicos com ela relacionados que adote a Conferência das Partes é o de alcançar, em conformidade com as disposições pertinentes desta Convenção, a estabilização das concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera num nível que impeça uma interferência antrópica perigosa no sistema climático. Esse nível deverá ser alcançado num prazo suficiente que permita aos ecossistemas adaptarem-se naturalmente à mudança do clima, que assegure que a produção de alimentos não seja ameaçada e que permita ao desenvolvimento econômico prosseguir de maneira sustentável. (GREENPEACE, 2012). O posicionamento das Nações Unidas em prol do controle e da redução dos gases causadores do efeito estufa denota a seriedade do problema para o mundo. O texto é direto e simplório, de forma que não cause alarde, no entanto, é possível perceber
  • 21. 21 uma preocupação com as consequências do efeito estufa, destacando-se uma crise na produção de alimentos seguida de uma crise econômica, o que deixa bastante claro o sentimento de urgência e comprometimento dos países membros da ONU com a mitigação dos impactos das mudanças do clima. Uma nova ação foi tomada em 1997 e, de forma complementar à Convenção- Quadro, surgiu o protocolo de Kyoto, onde foram definidas metas de redução das emissões gasosas para alguns países: O Protocolo entrou em vigor no dia 16 de fevereiro de 2005, logo após o atendimento às condições, que exigiam a ratificação por, no mínimo, 55% do total de países-membros da Convenção e que fossem responsáveis por, pelo menos, 55% do total das emissões de 1990. (MMA, 2011). A citação acima, apesar de não detalhar o problema, deixa claro que por maior que seja a conscientização global sobre as questões ambientais e da grande preocupação com o futuro do planeta e com a manutenção da vida na Terra, uma série de entraves políticos e conflitos de interesses dos países desenvolvidos acabaram obstruindo a efetivação do protocolo, que entrou em vigor com 8 anos de atraso. O próximo item do capítulo descreve de forma sintética as origens do pensamento sustentável através do histórico dos principais eventos voltados para o meio ambiente, e apresenta os principais impactos globais no âmbito político e social das nações. 1.2 Evolução da questão ambiental e o surgimento da Responsabilidade Social e do novo modelo de crescimento
  • 22. 22 Os séculos XIX e XX foram marcados por grandes descobertas tecnológicas, pelo surgimento de novos processos produtivos e melhores meios de transporte. O mundo ficou menor, apesar das distâncias continuarem as mesmas. Os avanços nos meios de comunicação permitiram que as pessoas ficassem mais informadas e atualizadas. Esta enorme quantidade de textos, vídeos, e imagens disponíveis provocaram uma grande mudança de hábitos e pensamentos ao redor do globo. A preocupação com as questões ambientais ganhou destaque após a segunda guerra mundial, entretanto, como mencionado por Camargo (2003), algumas iniciativas voltadas para os problemas ambientais já haviam acontecido antes da década de 50, e estão destacadas no Quadro 1. Ano Acontecimento 1933 Carta de Atenas 1934 1a Conferência Brasileira de Proteção à Natureza, realizada no Museu Nacional 1937 Criação do primeiro parque Nacional Brasileiro, o Parque Nacional de Itatiaia 1945 Criação da ONU, Organização das Nações Unidas 1948 Criação da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), por um grupo de cientistas vinculados à ONU 1949 Realização da Conferência Científica das Nações Unidas sobre a Conservação e a Utilização de Recursos 1958 Estabelecimento da Fundação Brasileira para a Conservação da natureza Quadro 1 - Resumo dos primeiros eventos voltados para as questões ambientais Fonte: Adaptado de CAMARGO, 2010, p.45-46. A Carta de Atenas pode ser considerada o marco inicial e um dos motivadores para que nos anos 30 tenham ocorrido mais dois eventos relevantes, seguidos de mais
  • 23. 23 três eventos nos anos 40. O quadro destaca ainda o pioneirismo brasileiro na busca pela preservação ambiental. O quadro 2 mostra que a partir de 1960, uma série de três grandes eventos ocorreu em cada década, o que demonstra que com o passar do tempo houve uma continuidade dos debates em função da preservação do meio ambiente e dos recursos naturais, com o objetivo de avaliar as ações e decisões tomadas anteriormente, bem como traçar novas metas e buscar novas soluções para os problemas ambientais. Ano Acontecimento 1962 Publicação do livro Primavera Silenciosa 1968 Criação do Clube de Roma 1968 Conferência da UNESCO sobre a conservação e o uso racional dos recusos da biosfera 1971 Criação do programa MAB da UNESCO 1972 Publicação do livro Os limites do crescimento 1972 Conferência das Nações unidas sobre o Meio Ambiente Humano em Estocolmo, Suécia 1980 I Estratégia Munidal para a Conservação 1983 É formada pela ONU a Comissão mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CMMAD) 1987 É publicado o informe Brundtland, da CMMAD, o "Nosso Futuro Comum" 1991 II Estratégia Mundial para a Conservação: "Cuidando da Terra" 1992 Conferência das Nações unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, ou Cúpula da Terra 1997 Rio+5 2000 I Foro Mundial de âmbito Ministerial - Malmo (Suécia) 2002 Cúpula Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável - Rio+10 Quadro 2 - Resumo dos principais acontecimentos relacionados ao desenvolvimento sustentável Fonte: Adaptado de DIAS, 2010, p.35-37. Já no início dos anos 60 era possível perceber os estragos causados pela Revolução Industrial do século XVIII. O aumento da demanda por bens
  • 24. 24 industrializados, a fuga do campo, e o crescimento da população mundial elevaram o consumo de recursos naturais de forma nunca antes vista, como destaca Dias (2010). Desde o início da Revolução Industrial, a implantação de técnicas de produção e consumo predatórias vem provocando um grande impacto das atividades humanas sobre os sistemas naturais. (CAMARGO, 2003, pp. 28). Os autores se complementam uma vez que ambos destacam os impactos da Revolução Industrial no meio ambiente. Em diversas regiões do mundo a fauna e a flora começaram a ser afetados, como foi o caso da extinção de alguns animais, de fortes secas, o surgimento de solos inférteis e a poluição de lagos e rios. Ações causadas pelo desenvolvimento desenfreado iniciado no século XVIII. Foi em função das mudanças de comportamento com relação ao meio ambiente, e de maior conscientização da população mundial sobre as questões climáticas, que as empresas precisaram se tornar mais eficientes, competitivas, e responsáveis. Segundo Dias (2010), as empresas modernas passaram a desempenhar um novo papel, que as diferencia das demais, onde existe uma preocupação com o desenvolvimento social, com a qualidade de vida, e com a utilização de recursos naturais em conformidade com as políticas de proteção ambiental, que é chamado de responsabilidade social. Este conceito não é recente, surgiu por volta de 1919, e foi bastante discutido e aprimorado desde então. A ideia de uma empresa preocupada apenas com seus acionistas, e voltada somente para a geração de lucros, começou a ser criticada nos Estados Unidos da América durante a segunda guerra mundial, e deixou de ser um modelo, abrindo espaço para as discussões sobre moral e ética. (KRAEMER, 2011).
  • 25. 25 Na década de 80 o termo desenvolvimento sustentável surge como resultado das críticas e discussões sobre o modelo de crescimento vigente na época, conforme destacado por Camargo (2003), e incorpora em seu conceito as dimensões sociais, políticas e culturais. No entendimento de Dias (2010), um dos fatores que está motivando as empresas a realizarem ações voltadas para o bem estar social e preservação do meio ambiente, é a pressão contínua exercida pela sociedade e pelo poder público. Apesar da obrigatoriedade de seguir a legislação e evitar conflitos com a opinião pública, as empresas perceberam que é necessário mudar sua imagem junto aos consumidores de seus produtos e serviços. Em 1999, a ONU (Organização das Nações Unidas) lançou o Pacto Global pelas Nações Unidas, onde foram apresentados 10 princípios universais, dos quais três são referentes ao meio ambiente, e em um deles especificamente está escrito que as empresas devem “promover a responsabilidade ambiental”. (DIAS, op cit). Não há definição única ou consensual para sustentabilidade corporativa, mas a idéia básica é a de que a atividade das empresas desenvolve-se em um contexto socioambiental que condiciona a qualidade e a disponibilidade de dois tipos fundamentais de capital, o natural e o humano. (LEMME, 2010, pp. 39). Os termos responsabilidade ambiental, sustentabilidade e responsabilidade social se misturam, pois são conceitos muito próximos. Apesar de não existir uma definição formal para o termo, a diretriz básica da sustentabilidade corporativa é buscar o equilíbrio entre os diversos tipos de capitais. A empresa passa a ser vista como integrante dos ecossistemas globais, e seu crescimento não pode ser predatório, de forma que prejudique as outras partes.
  • 26. 26 O Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável (World Business Council of Sustainable Development – WBCSD) apresentou uma definição para Responsabilidade Social, através de um documento divulgado em 2002 durante o evento conhecido como Rio+10. O compromisso da empresa de contribuir ao desenvolvimento econômico sustentável, trabalhando com os empregados, suas famílias, a comunidade local e a sociedade em geral para melhorar sua qualidade de vida. (WBCSD, 2002). As empresas possuem um novo papel diante da problemática ambiental e social, além da condição de gerar lucros para seus acionistas e empregos para as comunidades locais. Fazem parte do novo paradigma: atuar junto aos governos, participar de atividades em prol do bem comum, e buscar o crescimento através de novos meios que não causem impactos sociais e ambientais negativos. No próximo tópico estão descritos os desdobramentos dos eventos que ocorreram no mundo em prol da conscientização da sociedade do fato que a evolução da humanidade causou diversos problemas ambientais, e que as empresas como grandes responsáveis pelos impactos ambientais possuem um papel social muito importante. 1.3 Desdobramento da Responsabilidade Social nas empresas e a evolução do conceito de Desenvolvimento Sustentável As empresas tradicionalmente são vistas meramente como instituições econômicas cuja responsabilidade é buscar melhorias nos processos produtivos e na gestão com o objetivo de minimizar custos e maximizar os lucros. Não são levadas em consideração as variáveis sociais e políticas. A justificativa para o sentido de responsabilidade social por parte da empresa fundamenta-se na liberdade que a sociedade
  • 27. 27 concede à empresa para existir. Podemos considerar a existência de um contrato social. Uma empresa, como outras organizações legítimas, tem a liberdade de existir e trabalhar por um objetivo legítimo. O pagamento dessa liberdade é a contribuição da empresa para com a sociedade. (DONAIRE, 2011, pp. 20). A relação da empresa com a sociedade é orgânica e consiste basicamente de uma troca. Ao passo que as empresas buscam gerar lucros e dependem dos consumidores para isto, a sociedade depende das empresas para poder trabalhar e viver melhor através do consumo de bens e serviços. No entanto, a existência e a sobrevivência das empresas estão sujeitas às condições impostas pela sociedade. Atualmente, as ações decisórias das empresas referentes à utilização dos recursos de qualquer tipo (materiais, naturais, humanos ou de capital) representam seu novo papel. A visão de que o retorno financeiro é a principal razão de ser da organização está sendo substituída por uma postura socioambiental, e é considerada como um dos indicadores de uma gestão sustentável. (OLIVEIRA, 2008). Donaire (2011) enfatiza os princípios que visam alcançar o Desenvolvimento Sustentável, resultantes de um estudo realizado pela Câmara de Comércio Internacional. Estes princípios têm por objetivo auxiliar as diversas empresas em escala global a obter sucesso na aplicação de seus modelos de Gestão Ambiental. Os princípios estão descritos no Quadro 3.
  • 28. 28 PRINCÍPIOS DE GESTÃO AMBIENTAL 1 PRIORIDADE ORGANIZACIONAL 2 GESTÃO INTEGRADA 3 PROCESSO DE MELHORIA 4 EDUCAÇÃO DO PESSOAL 5 PRIORIDADE DE ENFOQUE 6 PRODUTOS E SERVIÇOS 7 ORIENTAÇÃO AO CONSUMIDOR 8 EQUIPAMENTOS E OPERACIONALIZAÇÃO 9 PESQUISA 10 ENFOQUE PREVENTIVO 11 FORNECEDORES E SUBCONTRATADOS 12 PLANOS DE EMERGÊNCIA 13 TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA 14 CONTRIBUIÇÃO AO ESFORÇO COMUM 15 TRANSPARÊNCIA DE ATITUDE 16 ATENDIMENTO E DIVULGAÇÃO Quadro 3 – Princípios de Gestão Ambiental do Business Charter For Sustainable Development Fonte: Adaptado de DONAIRE, 2011, p.60-63. A complexidade nos modelos de gestão aumentou substancialmente, uma vez que novos fatores precisam ser levados em consideração no momento de se estabelecer um modelo de crescimento sustentável. O Quadro 3 elenca uma série de princípios que devem ser incorporados pelas empresas para obter sucesso em suas implementações do novo modelo de gestão. A pesquisa da Câmara de Comércio Internacional não é uma fórmula, e não introduz novos conceitos. No entanto, estabelece um padrão organizado que pode servir de guia para as empresas que buscam se adaptar ao novo paradigma da gestão ambiental. No próximo capítulo será apresentado o conceito de Sustentabilidade, suas origens, seus desdobramentos e desafios para a sociedade e para as empresas, que são as grandes responsáveis pelo aumento da concentração de gases causadores do efeito estufa na atmosfera terrestre.
  • 29. 29 2 NOVO PARADIGMA DE DESENVOLVIMENTO E A APLICAÇÃO DO MODELO DE GESTÃO DA SUSTENTABILIDADE O objetivo deste segundo capítulo da monografia é estabelecer uma continuidade ao tema apresentado, demonstrando através de novos conceitos apresentados a evolução do pensamento sustentável nas sociedades e nas empresas, bem como demonstrar a importância da questão ambiental. 2.1 Novo de modelo de gestão sustentável e seus reflexos na sociedade As mudanças climáticas têm ocorrido lentamente com o passar dos anos sem chamar a atenção do ser humano. Klabin (2010) cita o aumento do nível do mar e o derretimento das calotas polares como alguns dos acontecimentos que passaram despercebidos nas últimas duas décadas. A letargia da sociedade com relação à destruição do meio ambiente só foi quebrada quando o planeta começou a ser assolado por grandes catástrofes. Uma vez que a humanidade se sente ameaçada, mudanças de comportamento e de pensamento começam a tomar forma em direção à preservação do meio ambiente. A sociedade, na forma de consumidores passa a exigir uma atitude dos governos, e das empresas públicas e privadas no que tange a seus processos produtivos. No entanto, o mundo capitalista não pode parar de produzir, ou simplesmente reduzir sua capacidade, caso contrário entrará em colapso. Portanto, é em função da mudança de comportamento que atualmente o mundo enfrenta um grande dilema. O modelo de desenvolvimento econômico que foi utilizado no último século é pautado no crescimento, despreocupado com a natureza, causando impactos negativos ao meio ambiente. Este modelo, arraigado
  • 30. 30 na maioria das empresas, entra em choque com o atual modelo de desenvolvimento sustentável, que visa preservar a natureza através do planejamento e da consciência de que os recursos naturais são escassos (KLABIN, 2010). Bellen (2005) defende que a primeira definição para o termo desenvolvimento sustentável foi descrita em um documento de 1980, denominado World’s Conservation Strategy. Entretanto, não existe um consenso sobre o momento em que surgiram as primeiras propostas de um modelo de gestão sustentável. Segundo Klabin (opcit), o marco a partir do qual a expressão foi utilizada formalmente é o Relatório Brutland. Enquanto a maioria das fontes aponta para a década de 80, em SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL: Conceito e Indicadores, entende-se que a questão já havia sido debatida na década de 70 2 (1999 apud ROMEIRO.) em função da publicação do relatório do Clube de Roma, que dividiu o mundo em duas frentes opostas sobre as questões ambientais, e aonde se originou o termo ecodesenvolvimento. O Quadro 4 apresenta algumas definições identificadas por Bellen (2005), e permite analisar de forma simples um padrão entre elas. Todas possuem em comum, de forma explícita ou implícita, um anseio pela busca do equilíbrio entre desenvolvimento e preservação. 2 KLABIN, Israel. Sustentabilidade e Geração de Valor: A transição para o Século XXI. Rio de Janeiro: Elsevier Editora, 2010
  • 31. 31 Autor Ano Definição Goldsmith 1972 Atendimento dos propósitos e intenções de uma sociedade indefinidamente enquanto que satisfaz seus membros de forma ótima. WCED 1987 Atendimento das necessidades do presente sem comprometer o atendimento das necessidades futuras. Constanza 1991 Deve garantir a continuidade da vida humana indefinidamente sem prejudicar o crescimento e o desenvolvimento de sua cultura, e de modo que o meio ambiente e toda sua complexidade e diversidade não sejam destruídas no processo. Pronk e Ul Haq 1992 Crescimento econômico baseado na preservação, utilizando a capacidades do sistema e considerando que os recursos são finitos, trazendo justiça para todos os habitantes do planeta sem privilégio de espécies. Dahl 1997 É um conceito que compreende uma relação muito forte entre os princípios, a ética, as crenças e os valores fundamentais de uma sociedade e sua concepção de sustentabilidade. Quadro 4 - Resumo dos principais conceitos de Desenvolvimento Sustentável Fonte: Adaptado de BELLEN, 2010, p.23-27. Bellen (2005) destaca que 3 (1999 apud BOSSEL.) a análise da sustentabilidade deve ser realizada levando-se em consideração o fator temporal, pois é muito difícil analisar no momento presente questões que possam ser ameaças ou oportunidades. Ainda sobre o conceito de desenvolvimento sustentável, o autor defende que o meio ambiente é capaz de suportar uma determinada carga. Foi esta capacidade de carga que no passado permitiu que diversas sociedades evoluíssem de maneira sustentável. Atualmente, a sustentabilidade demanda da sociedade uma atenção maior, pois o meio ambiente não é mais capaz de responder às suas demandas. 3 , Hans Michael van. Desenvolvimento sustentável: diferentes abordagens conceituais e práticas. São Paulo: Editora FGV, 2005. Capítulo 3
  • 32. 32 Conforme o documento Nosso Futuro Comum (Relatório de Brundtland), desenvolvido pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento em 1991, o desenvolvimento sustentável é aquele que atende as necessidades presentes sem comprometer a capacidade das gerações futuras atenderem também as suas necessidades. (ARAÚJO, 2006, pp. 06). Independente de qual foi o evento ou documento que deu início à grande mudança de comportamento em busca da preservação do planeta e da vida na Terra, e da definição mais correta ou abrangente, o Relatório de Brundtland enfatiza de forma clara que a humanidade deve se preocupar em não esgotar as reservas naturais, ou limitar a capacidade produtiva futura em detrimento da satisfação da sua necessidade atual. Alcançar o progresso em direção à sustentabilidade é claramente uma escolha da sociedade, das organizações, das comunidades e dos indivíduos. Como envolve diversas escolhas, a mudança só é possível se existir grande envolvimento da sociedade. Em resumo, o desenvolvimento sustentável força a sociedade a pensar em termos de longo prazo e reconhecer o seu lugar dentro da biosfera. (BELLEN, 2010, pp. 38). O desenvolvimento de um modelo de gestão sustentável é consequência da mudança de comportamento da sociedade, que amadureceu através das evidências do caos ecológico que está tomando conta do planeta. As empresas são forçadas a adotar novas estratégias para satisfazer as novas demandas da sociedade. A seguir é descrito como as empresas estão se adaptando ao novo modelo de gestão, agora focado na questão ambiental e nas questões sociais, qual sua importância no planejamento estratégico e os impactos na definição de metas e objetivos.
  • 33. 33 2.2 Gestão estratégica da Sustentabilidade e seus desdobramentos dentro das grandes empresas O grande questionamento referente à implementação de um modelo sustentável, como descrito por Pinheiro (2006), é como as empresas podem manter sua atividade viável ao mesmo tempo em que não afetam negativamente o meio ambiente. Dentre muitas dificuldades na adoção desse modelo de gestão, uma das maiores é vender a ideia de que é possível substituir o modelo tradicional mecanicista por uma abordagem ecológica. Para Kraemer (2011) as organizações devem rever seus paradigmas e realizar mudanças culturais. Elas precisam aceitar que são sistemas abertos, que produzem bens e serviços, mas que também consomem recursos naturais finitos, que poluem e causam danos ao meio ambiente. Algumas empresas já não pensam somente na maximização dos lucros, como era antes. Atualmente elas entendem que a organização que souber identificar os pontos fortes da sustentabilidade corporativa, ou seja, as áreas de sobreposição fundamental de interesses empresariais e de interesses sociais – e neles operar – acabarão superando seus concorrentes. (SUSTENTABILIDADE CORPORATIVA, 2011). A sustentabilidade começa a ser vista como uma maneira tornar a empresa mais competitiva. É um fator de diferenciação que cada vez mais está sendo valorizado pela sociedade e pelos governos, por mais que existam custos envolvidos no processo.
  • 34. 34 Diversos são os benefícios de um sistema de gestão ambiental (SGA). 4 (2000 apud NORTH) divide em dois tipos: econômicos e estratégicos, descritos no Quadro 5: BENEFÍCIOS ECONÔMICOS Economia de Custos Redução do consumo de água, energia e outros insumos. Reciclagem, venda e aproveitamento e resíduos, e diminuição de efluentes. Redução de multas e penalidades por poluição. Incremento de Receita Aumento da contribuição marginal de “produtos verdes”, que podem ser vendidos a preços mais altos. Aumento da participação no mercado, devido à inovação dos produtos e à menor concorrência. Linhas de novos produtos para novos mercados. BENEFÍCIOS ESTRATÉGICOS Melhoria da imagem institucional. Renovação da carteira de produtos. Aumento da produtividade. Alto comprometimento do pessoal. Melhoria nas relações de trabalho. Melhoria da criatividade para novos desafios. Melhoria das relações com os órgãos governamentais, comunidade e grupos ambientalistas. Acesso assegurado ao mercado externo. Melhor adequação aos padrões ambientais. Quadro 5 – Benefícios de um sistema de gestão ambiental Fonte: Kraemer, 2011, p.12. Contudo, o modelo de gestão ambiental é dinâmico e não se aplica em todas as empresas igualmente. Ele precisa ser construído a partir das características de cada organização. O desenho da estratégia acontece em função da análise da missão da empresa e da compreensão de sua cadeia de suprimentos, seguido de um diagnóstico onde se pretende entender como ela funciona e qual o contexto ambiental no qual se insere. (ANDRADE, 2006). 4 KRAEMER, Maria Elisabeth Pereira. Gestão ambiental: um enfoque no desenvolvimento sustentável. Disponível em: http://www.ambientebrasil.com.br/gestao/des_sustentavel.doc. Acesso em: 03 set. 2011.
  • 35. 35 Algumas empresas criaram departamentos responsáveis pela gestão ambiental, enquanto que outras instituíram comitês responsáveis pelo assunto. Em alguns casos essas áreas específicas estão diretamente ligadas ao alto escalão da empresa. Surge a figura do gerente ecológico, cuja principal tarefa é garantir a execução dos programas ambientais. (PINHEIRO, 2006). A implementação um novo modelo, novas estratégias e repensar a maneira de agir da empresa não implica em uma reformulação do negócio em si. A empresa não deve mudar sua natureza, mas sim se adaptar, pois nem sempre será possível, ou viável reduzir consumos, ou níveis de poluição. Há duas formas de abordagem para a questão da sustentabilidade nas organizações. Primeiro, pode-se investir em projetos e processos que consumam menos recursos materiais e energéticos, que poluam menos e que utilizem tecnologias mais limpas. Em segundo, é o financiamento de projetos da comunidade de caráter sustentável, ligados direta ou indiretamente aos negócios da empresa. (SUSTENTABILIDADE CORPORATIVA, 2011). Em sua obra, Andrade (2006) apresenta a ideia que a implementação de um modelo de gestão ambiental e de responsabilidade social em uma organização, demonstra que o planejamento estratégico está em conformidade com as definições e conceitos de sustentabilidade, e está presente em toda a sua estrutura, desde o nível decisório até o operacional. A Sustentabilidade Corporativa permeia os três macros temas que compõem o triple bottom line, ou seja, os aspectos ambientais, sociais e econômicos. Além das questões econômico financeiras, as variáveis da Sustentabilidade Empresarial são atualmente contempladas, respectivamente, através das vertentes da Responsabilidade Social Corporativa e Ecoeficiência. (SUSTENTABILIDADE CORPORATIVA, 2011).
  • 36. 36 As principais características do modelo de gestão sustentável, originado a partir das discussões que tiveram suas origens por volta de 60 anos atrás, as dificuldades encontradas durante o processo de implementação nas organizações e as propostas de aplicação estão detalhadas adiante, no último item a seguir. 2.3 Principais desafios na implementação dos conceitos de sustentabilidade Os estudos desenvolvidos na área da gestão ambiental indicam diversos caminhos a se seguir bem como orientações, mas na prática existem alguns obstáculos. Lemme (2010) destaca a falta de indicadores unificados, uma vez que os resultados já medidos em diferentes empresas em diferentes países não podem ser corretamente comparados. A manutenção de um sistema de gerenciamento ambiental é utilizada por empresas diversas, como a Vale. Segundo Xavier (2012) este sistema garante que empresa esteja de acordo com a legislação vigente e também visa verificar se as normas e os padrões internos são seguidos corretamente. É destacada ainda a questão da educação e treinamento dos funcionários. Uma das maiores dificuldades que existe para a implementação de um modelo sistêmico baseado na gestão do meio ambiente é, de acordo com Pinheiro (2011) convencer os envolvidos no processo de que a mudança do modelo capitalista industrial tradicional, caracterizado pelo mecanicismo originado na era industrial é possível.
  • 37. 37 Xavier (opcit) destaca a necessidade das empresas realizarem o acompanhamento de suas atividades sempre em busca de novas formas de controlar os impactos causados no meio ambiente. O principal desafio das empresas é conseguir minimizar os impactos sociais, bem como, no caso das empresas extrativistas, desenvolver novas tecnologias com o objetivo de recuperar as áreas atingidas por suas atividades. Uma solução razoável para continuidade dos mecanismos de mercado, numa perspectiva de sustentabilidade, seria aquela em que as empresas mercantis fossem mais inclusivas, buscassem mais envolvimento com as comunidades e buscassem resolver seus problemas em consonância com os demais interessados (stakeholders). (PINHEIRO, 2011, pp. 69). O cenário atual mudou e sem um modelo de gestão capaz de considerar os fatores ambientais e sociais não sobreviverá por muito tempo. As empresas precisam atuar fortemente na busca de soluções sustentáveis, garantindo dessa forma a satisfação dos stakeholders, interessados em resultados e lucro, e também a satisfação da sociedade, que sofre diretamente os impactos das ações e estratégias das organizações. Na visão de Pinheiro (opcit) a maior preocupação das empresas, tanto as públicas como as privadas, é equacionar a viabilidade de seu negócio em conformidade com a preservação do meio ambiente. Já foi provado que o desenvolvimento sustentável é factível e esse novo modelo deve sustentar o meio ambiente e também a empresa.
  • 38. 38 Sobrevivência humana Sem empresas com cosnciência ecológica, não poderemos ter uma economia com consciência. Concenso público Sem empresas com cosnciência ecológica, não haverá consenso entre o povo e a comunidade de negócios. Oportunidade de mercado Sem administração com consciência ecológica, haverá perda de oportunidade em mercados de rápido crescimento. Redução de riscos Sem administração com consciência ecológica, as empresas correm o risco de responsabilização por danos ambientais. Redução de custos Sem administração com consciência ecológica, serão perdidas numerosas oportunidade de reduzir custos. Integridade pessoal Sem administração com consciência ecológica, tanto os adminsitradores como os empregados terão a sensação de falta de integridade pesssoal. Sistema Integrado de Administração com Consciência Ecológica Quadro 6 – Gerenciamento ecológico - princípios Fonte: Pinheiro, 2011, p.72-73. Os maiores desafios consistem no desenho de um modelo adequado para cada organização, onde a empresa não modifique suas características, mas que adote as melhores práticas na gestão e na operação de suas atividades, buscando minimizar os impactos ecológicos, alavancar oportunidades para a sociedade e remunerar seus acionistas. É uma mudança cultural estratégica que não pode acontecer de forma repentina, mas sim gradual e em constante aperfeiçoamento. No próximo capítulo serão apresentadas as informações e dados do sistema de gestão atmosférica da Vale, onde foi analisado o programa de gestão da sustentabilidade proposto pela empresa em contra partida com os resultados apurados em seus relatórios anuais.
  • 39. 39 3 EXPERIÊNCIA DA EMPRESA VALE COM INVENTÁRIO DE GEEs E O PROGRAMA CARBONO VALE Neste último capítulo, a proposta é apresentar uma breve descrição da Vale, um resumo de como o estudo foi conduzido, e por fim uma análise do modelo de gestão de sustentabilidade da empresa, realizado através do estudo dos resultados dos indicadores de sustentabilidade para as emissões de gases causadores do efeito estufa. 3.1 Diretrizes Corporativas de Mudanças Climáticas da Vale, Sustentabilidade e Meio Ambiente A Vale é uma empresa mineradora que está presente em mais de 38 países espalhados pelos cinco continentes. Sua sede se localiza no Brasil e, atualmente, ela é a segunda maior mineradora do mundo, entretanto, nas Américas já alcançou o primeiro lugar em valor de mercado. Além disso, ela é a maior produtora mundial de minério de ferro e pelotas, e a segunda maior produtora de níquel. Sua força de trabalho é composta de mais de 119 mil funcionários e 54 mil contratados trabalhando em projetos. Além da atividade mineradora, a Vale também atua nas áreas de logística, energia e siderurgia. Seus principais produtos são minério de ferro e pelotas, níquel, cobre, carvão, bauxita, alumina, alumínio, potássio, caulim, manganês, ferro-ligas, cobalto, metais do grupo de platina, e metais preciosos. (VALE, 2011) A receita operacional líquida da Vale apurada em 2010, e divulgada no relatório Form 20-F foi acima de US$ 45 milhões, e o lucro líquido foi acima de US$ 17 milhões.
  • 40. 40 A política de desenvolvimento sustentável tem como objetivo estabelecer diretrizes e princípios para a atuação quanto ao desenvolvimento Sustentável dos projetos e operações, operações, explicitando a responsabilidade social, econômica e ambiental nas regiões em que a Vale está presente, na sua cadeia de valor e no posicionamento sobre temas globais de sustentabilidade. Esta política é baseada em três pilares: operador sustentável, catalisador do desenvolvimento local, e agente global de sustentabilidade. O operador sustentável significa atuar com consciência e responsabilidade socioeconômica e ambiental em todo o ciclo de vida das atividades da empresa. Seus objetivos são 1) criar valor para os stakeholders, 2) antecipar a prevenção de falhas, 3) atuar em plena conformidade com a legislação, 4) trabalhar de forma organizada e disciplinada, e 5) trabalhar de forma ética e respeitosa em todos os países e regiões aonde a Vale atua. O catalisador do desenvolvimento local vai além da gestão dos impactos das operações e projetos, contribuindo voluntariamente e através de parcerias com governo e sociedade para o desenvolvimento local. A Vale 1) realiza o reconhecimento, a consulta e o envolvimento prévio à implantação de novos empreendimentos dos stakeholders locais, 2) contribui para a construção de planos e ações específicos voltados para o desenvolvimento ordenado e sustentável das áreas aonde atua, 3) busca manter a comunicação e o diálogo amplo, transparente, permanente e estruturado com stakeholders, respeitando a diversidade e as culturas das regiões onde atua, 4) estabelece alianças com atores estratégicos de diferentes setores – público, privado e sociedade civil – para a articulação e planejamento de programas de desenvolvimento local integrado, e 5) a Vale trabalha de forma
  • 41. 41 articulada para gerar um legado positivo nas regiões onde atua, buscando a maximização do desenvolvimento socioeconômico através do ciclo mineral, contribuindo com a diversificação econômica, com o desenvolvimento social e com a promoção da conservação e recuperação do meio ambiente. (VALE, 2011) O Agente Global de Sustentabilidade parte do reconhecimento de que determinados temas globais de sustentabilidade podem afetar os negócios da empresa, e de que a Vale - como uma das empresas líderes globais no setor de Mineração – pode contribuir para a promoção internacional de boas práticas de sustentabilidade. Este pilar visa 1) garantir transparência quanto às políticas, procedimentos, práticas e desempenho da empresa em relação aos aspectos sociais, ambientais, econômicos e de governança junto às partes interessadas globalmente, liderança nas discussões internacionais setoriais ligadas aos aspectos do desenvolvimento sustentável, 2) monitorar e antecipar tendências em temas globais de sustentabilidade, 3) Adotar e desenvolver boas práticas globais de sustentabilidade e contribuir com sua difusão no setor, 4) Manter uma visão global de sustentabilidade alinhada com padrões de desempenho internacionais, e 5) Trabalhar de forma articulada para contribuir com a construção de um legado positivo para as gerações futuras. 3.2 Programa Carbono Vale Em 2005 a Vale começou a medir suas emissões e estoques de carbono. Iniciativas como a adoção de Biodiesel começaram a ser testadas em 2006, contudo, esta só foi efetivamente aplicada em 2007, substituindo uma pequena parcela de diesel no processo produtivo. Todas as ações desenvolvidas nos últimos anos fazem parte do programa Carbono Vale, que é parte integrante das Diretrizes Corporativas sobre Mudanças Climáticas.
  • 42. 42 O programa Carbono Vale é constituído de 5 pilares, conforme a Figura 2. Figura 2 – Pilares do Programa Carbono Vale Fonte: Adaptado de Vale - Política de Desenvolvimento Sustentável, 2011 A Vale, com o apoio do Instituto Ethos e do Fórum Amazônia Sustentável, liderou o lançamento da Carta Aberta ao Brasil sobre Mudanças Climáticas. O documento é um marco na posição do setor produtivo rumo à economia de baixo carbono. Pela primeira vez, um grupo de empresas com grande relevância na economia nacional se une em torno do assunto e assume compromissos concretos e conjuntos para a
  • 43. 43 redução de emissões de gases de efeito estufa. Até o fim de 2009, cerca de 30 empresas já haviam assinado o documento. Os Compromissos da Carta são: 1) publicar anualmente o inventário das emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) das empresas do grupo, bem como as ações para mitigação de emissões e adaptação às mudanças climáticas, 2) incluir como orientação estratégica no processo decisório de investimentos a escolha de opções que promovam a redução das emissões de GEE em processos, produtos e serviços, 3) buscar a redução contínua de emissões específicas de GEE e do balanço líquido de emissões de CO2 das empresas por meio de ações de redução direta das emissões de seus processos de produção, investimentos em captura e sequestro de carbono e/ou apoio às ações de redução de emissões por desmatamento e degradação, 4) Atuar junto à cadeia de suprimentos, visando à redução de emissões de fornecedores e clientes, 5) engajar-se junto ao governo, à sociedade civil e aos seus setores de atuação, no esforço de compreensão dos impactos das mudanças climáticas nas regiões onde atua e das respectivas ações de adaptação. A carta foi reconhecida como uma das importantes iniciativas em torno do tema, sendo nominalmente citada pelo Fórum das Nações Unidas de Mudanças Climáticas, que aconteceu em 22 de setembro, em Nova York, nos EUA. Dessa forma, a Vale atua de forma global buscando transformar recursos naturais em desenvolvimento sustentável, através de novas tecnologias e processos que sejam menos intensivos em carbono. 3.3 Inventário de Gases de Efeito Estufa da Vale e a Análise dos dados coletados para as emissões de GEEs
  • 44. 44 A metodologia utilizada no desenvolvimento deste trabalho foi a pesquisa de dados empíricos, disponíveis em fontes escritas e mídia digital, acessíveis ao público através dos Relatórios de Sustentabilidade e de Produção da Vale. Foram utilizados dados dos últimos cinco anos, ou seja, de 2006 a 2010. Os relatórios de sustentabilidade são publicados anualmente com os resultados dos indicadores, cujas medições são realizadas através de formulários específicos que seguem as diretrizes do GRI (Global Reporting Initiative), juntamente com as análises e comentários necessários para o entendimento dos números. Os relatórios de produção apresentam a quantidade produzida dos principais grupos de materiais resultantes da atividades de extração de minérios e beneficiamento dos mesmos, realizados nas unidades da Vale espalhadas pelo mundo. Estes grupos são: minério de ferro, pelotas, carvão, níquel, cobre, bauxita, alumina, alumínio e potássio. Os dados extraídos dos relatórios foram cruzados com objetivo de verificar se a Vale realmente conseguiu reduzir suas emissões com o passar do tempo, conforme as premissas assumidas pela empresa. De acordo com o relatório de sustentabilidade de 2010, as emissões dos gases causadores do efeito estufa aumentaram em relação ao ano anterior em 55%, totalizando 18,7 milhões de toneladas de CO2. Estes números representam apenas o valor das emissões diretas, que são contabilizadas separadamente das emissões indiretas, de outras emissões e emissões renováveis. As emissões indiretas
  • 45. 45 5 aumentaram 67% em relação a 2009, e totalizaram 13 milhões de toneladas de CO2. O Quadro 7 apresenta os tipos de emissões de acordo com o Relatório de Sustentabilidade. • Emissões de uso energético de combustíveis • Emissões de Processo • Emissões fugitivas • Emissões indiretas • Compra de energia elétrica • Compra de eletricidade e vapor • Deslocamento de empregados (ida e volta do trabalho) • Transporte (upstream e downstream) • Uso de produtos • Bens e serviços adquiridos • Viagens aéreas de funcionários (negócios) • Emissões associadas à queima de combustíveis renováveis • Uso de redutor renovável (carvão vegetal) Emissões diretas (escopo 1) Outras Emissões indiretas (escopo 3) Emissões renováveis Emissões Indiretas (escopo 2) Quadro 7 – Tipos de emissões Fonte: Adaptado de Relatórios de Produção e de Sustentabilidade da Vale, 2006 a 2010. Segundo o relatório, o aumento das emissões totais de GEE é resultante do aumento da produção, alavancado pela recuperação da economia global, e também pela incorporação de novos ativos, minas e início das atividades de novas unidades de operação. 5 Ambos os tipos de emissões são ocasionados em função das atividades da Vale, no entanto as emissões indiretas são originadas de fontes de que não pertencem ou não são controladas pela empresa.
  • 46. 46 310,1 365,3 368,9 287,2 385,3 0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 2006 2007 2008 2009 2010 Gráfico 1 - Evolução da produção em toneladas Fonte: Adaptado do Relatório de Produção da Vale, 2006 a 2010. O Gráfico 1 acima demonstra que a produção da Vale aumentou entre 2006 e 2008, mas que em 2009 houve uma queda brusca de aproximadamente 22% em relação ao ano anterior, que é justificada pela crise financeira mundial, que causou retração dos mercados consumidores, e impactou a indústria como um todo. Esta crise foi alavancada pelos Estados Unidos da América, que estavam envolvidos em duas guerras no oriente médio, e importando mais do exportando. Foi um período marcado por greves e demissões. Em 2010, após a recuperação global, a empresa voltou a crescer, e de forma bastante acelerada, apresentando um percentual muito superior ao dos anos anteriores, na faixa de 34%. A produção de alguns grupos de materiais alcançou índices recordes, como foi o caso do minério de ferro, apresentando o melhor resultado dos últimos 5 anos. Com base nesses fatos entende-se que a empresa investiu no aumento da produção com o passar dos anos, e que se nenhuma ação foi tomada, seus índices de
  • 47. 47 emissões de gases causadores do efeito estufa acompanharam este movimento. Nos próximos gráficos será analisado o índice de emissões. 310,1 365,3 368,9 287,2 385,3 10,8 15,2 16,8 12,9 20 0 5 10 15 20 25 0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 2006 2007 2008 2009 2010 Gráfico 2 - Relação entre produção e total de emissões Fonte: Adaptado de Relatórios de Produção e de Sustentabilidade da Vale, 2006 a 2010. O Gráfico 2 apresenta uma comparação entre os dados do relatório de produção e os resultados do relatório de sustentabilidade. As barras já foram apresentadas no Gráfico 1, e agora são analisadas em conjunto com a linha que representa a quantidade de emissões de GEEs apurada no período de 2006 a 2010. A leitura do Gráfico 2 demonstra que a variação das emissões de GEEs acompanham a produção da Vale. Nos anos em que houve um incremento na produção a quantidade das emissões de GEEs também aumentou, bem como em 2009 ambas as quantidades caíram. Ou seja, ao crescimento das barras causa o crescimento da linha. Em nenhum momento é percebido uma estagnação da quantidade de emissões, ou uma redução das mesmas sem que haja redução na produção.
  • 48. 48 O resultado apresentado permite apontar que apesar do modelo de gestão sustentável, as emissões acompanham a produção da Vale. Quanto maior for a quantidade de minério extraído, maior poderá ser o índice de gases lançados na atmosfera. Gráfico 3 - Evolução da quantidade de emissões para cada 1 milhão de toneladas produzidas Fonte: Adaptado de Relatórios de Produção e de Sustentabilidade da Vale, 2006 a 2010. O Gráfico 3 mostra a quantidade de emissões, em milhões de toneladas, para cada 1 milhão de minério (ferro, pelotas, carvão, níquel, cobre, bauxita, alumina, alumínio e potássio) produzido. Estes números foram calculados através de uma simples regra de três, onde 1 milhão de toneladas de produtos está para a variável ‘X‘, assim como a quantidades produzida no ano, em milhões de toneladas, está para a quantidade de emissões, em milhões de toneladas. Estes demonstram que a quantidade de emissões para a produção de 1 milhão de toneladas dos produtos supracitados foi aumentando com o passar dos anos, com uma redução mínima de 0,001 milhões em 2009, referente ao período de crise mundial onde a produção caiu 22% em relação ao ano anterior, e atingindo seu ápice no ano de 2010.
  • 49. 49 As emissões estão aumentando com o passar do tempo, o que significa que os números apresentados nos relatórios da Vale não condizem com as premissas de um modelo de gestão sustentável, que busca melhorar e controlar seus processos, bem como definir estratégias que permitam competir e gerar lucro, ao mesmo tempo em que reduzem os impactos negativos causados no meio ambiente em função de sua atividade produtiva. Gráfico 4 - Principais Ofensores no processo de emissões Fonte: Adaptado do Relatório de Sustentabilidade da Vale, 2010. O Gráfico 4 demonstra quais os maiores causadores das emissões de GEEs. A maior fatia ainda é o consumo de combustíveis, sendo seguido pelas emissões de processos diversos, que somente são representativos se agrupados. O consumo de combustíveis para uso energético representa 12,29 milhões de CO2 equivalente. O relatório de Sustentabilidade de 2010 destaca um aumento de 125% das emissões renováveis em relação a 2009, totalizando 625 mil toneladas de CO2 equivalente. Estas emissões são referentes ao aumento da participação de combustíveis renováveis como biodiesel, etanol, carvão vegetal e biomassa. Outros Processos Combustíveis Compra de energia elétrica e vapor Emissões fugitivas de minas de carvão
  • 50. 50 Ao avaliar o potencial de mitigação dos biocombustíveis, é necessário levar em contas as emissões geradas diretamente pela sua produção e queima, comparadas à gasolina, assim como as liberações decorrentes da mudança no uso do solo para cultivo de matérias-primas. Existem avaliações divergentes do impacto total dos biocombustíveis sobre as emissões de GEE dependendo de suas matérias-primas de origem e de como são cultivadas. (BANCO MUNDIAL, 2009) O grande ofensor identificado pela Vale é a queima de combustíveis. A movimentação dos produtos depende da utilização intensa de tratores, carros, trens e caminhões. Com o aumento da produção ficou evidente um aumento da frota de veículos ou maior intensidade de uso, causando um aumento do consumo de combustíveis e, por conseguinte um aumento das emissões de GEEs.
  • 51. 51 CONCLUSÃO Esta monografia descreveu o modelo de gestão atmosférica da Vale, e analisou os indicadores de GEEs que são contabilizados pela empresa, para o período de 2006- 2010, bem como tentou demonstrar se os resultados apresentaram diminuição. O primeiro capítulo abordou o surgimento de organizações e institutos que monitoram as mudanças climáticas. Foi com base nos resultados apresentados nos relatórios desenvolvidos por estas instituições que os governos começaram a se comover com os problemas de ordem ambiental. Diversos países foram identificados como principais causadores do efeito estufa resultando na criação de uma série de documentos e tratados, como a Convenção-Quadro e o Protocolo de Kyoto. Ainda no neste capítulo foi abordada a evolução da questão ambiental e o surgimento da Responsabilidade Social e do novo modelo de crescimento. A responsabilidade social é o primeiro passo rumo à mudança de comportamento das empresas, uma vez que a nova visão de negócios estimula o bem estar dos funcionários, da população local e da região na qual se localiza seja um dos fatores críticos de sucesso nos negócios. Sob a ótica global, todas as empresas que produzem de forma irresponsável são responsáveis pelos desastres ecológicos. A evolução do pensamento sustentável ocorre de forma natural apoiado pelos eventos de escala mundial e pela cobrança da sociedade. O segundo capítulo tratou sobre o novo modelo de gestão sustentável e seus reflexos na sociedade. Novos paradigmas surgiram no âmbito corporativo como resultado dos eventos apresentados no capítulo 1. Os autores relacionam as mudanças de gestão com a conscientização da sociedade a cerca dos problemas
  • 52. 52 ambientais. Apesar da dificuldade em se obter uma única definição para o termo sustentabilidade, todas as propostas apontam para um mesmo caminho. A empresa que quer se manter competitiva experimenta um momento de mudança, em função da nova realidade imposta pelos governos, população e meio ambiente. A Gestão estratégica da Sustentabilidade e seus desdobramentos dentro das grandes empresas são refletidos em diversas ações voltadas para o bem estar social, e para a busca por métodos de produção mais modernos e com menores impactos ambientais. Ser sustentável significa ser capaz de manter o foco no negócio através de novas práticas de gestão. Diversos estudos surgem e as empresas precisam se reinventar para se adaptarem, principalmente pelo fato de que não existe uma fórmula que seja única para todas as organizações. O capítulo apresentou as informações sobre o Programa Carbono Zero e os dados referentes ao inventário de GEEs da Vale. Foram explicados quais são seus cinco pilares e quais seus principais aspectos. Por fim, foi realizada uma análise dos dados publicados nos relatórios de produção e de sustentabilidade no período de 2006 até 2010. O resultado encontrado demonstrou que a produção da Vale está em constante evolução, e apresentou um único ponto de depressão em função de uma crise global. A quantidade de emissões de gases causadores do efeito estufa acompanhou o ritmo da produção em todos anos analisados. A quantidade de gases produzida a cada milhão de toneladas foi crescente com o passar dos anos. Através dessas informações conclui-se apesar da Vale possuir um sistema de gestão atmosférica e uma política de redução de carbono, os resultados das suas
  • 53. 53 emissões de GEEs acompanham as oscilações na produção, e estão crescendo com o passar dos anos. Conforme as análises demonstradas através dos gráficos, o consumo de combustíveis, que viabilizam as atividades de extração de minério da Vale, aumentou juntamente com a elevação da produção. A Vale depende dos combustíveis para responder à crescente demanda do mercado por seus bens e serviços, pois sem eles não como realizar de forma eficiente o transporte e o beneficiamento dos minérios. Este aumento da produção está acarretando impactos no meio ambiente independentemente de sua política e modelo de gestão sustentável. Como sugestão para futuras pesquisas recomenda-se a elaboração de um estudo comparativo com outras empresas de mineração do porte da Vale e que possuam modelos de gestão sustentável, bem como a análise de outros indicadores de sustentabilidade da Vale, verificando sua aderência com as premissas do GRI e utilizando um período maior, se houver material disponível, ou ainda a elaboração de um estudo sobre o impacto do consumo de combustíveis fósseis no processo produtivo fabril das indústrias pesadas e qual a sua relação com as mudanças climáticas no mundo.
  • 54. 54 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CAPÍTULO 1 ALMEIDA, Ivo Torres. A poluição atmosférica por material particulado na mineração a céu aberto. Dissertação de Mestrado em Engenharia. São Paulo: USP, 1999. CAMARGO, Ana Luiza de Brasil. Desenvolvimento Sustentável: Dimensões e Desafios. São Paulo: Editora Papirus, 2003. Capítulo 1, 2 e 3, pp 17-76. DIAS, Reinaldo. Gestão Ambiental: Responsabilidade Social e Sustentabilidade. São Paulo: Editora Atlas, 2010. Capítulo 3, pp. 30-43. ESPARTA, Adelino Ricardo Jacintho. Redução de emissões de gases de efeito estufa no setor elétrico brasileiro: a experiência do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo do Protocolo de Quioto e uma visão futura. Dissertação de Pós-graduação em Energia. São Paulo: USP, 2008. Greenpeace. Convenção sobre Mudança do Clima. < http://www.greenpeace.org.br/clima/pdf/convencao_onu.pdf >. Acesso em: 22 de mar. de 12. Instituto Nacional de Metrologia - INMETRO. ISO 26000. <http://www.inmetro.gov.br/qualidade/responsabilidade_social/iso26000.asp>. Acesso em: 30 de set. de 11. IPCC - Intergovernmental panel on Climate Change. Climate Change 2007: Working Group I: The Physical Science Basis. <http://www.ipcc.ch/publications_and_data/ar4/wg1/en/faq-1-3-figure-1.html>. Acesso em: 30 de set. de 11. KLABIN, Israel; ABRANCHES, Sérgio; LEMME, Celso Funcia; KELMAN, Jerson; PINTO JR, Helder Queiroz; ALQUÉRES, José Luiz; OLIVEIRA, Gesner; MORGADO, Marcelo; ROSEMBLUM, Célia. Sustentabilidade e Geração de Valor: A transição para o Século XXI. Rio de Janeiro: Elsevier Editora, 2010. Capítulo 3, pp. 37-63. KRAEMER, Maria Elisabeth Pereira. Responsabilidade Social – Uma alavanca para Sustentabilidade. <http://www.gestaoambiental.com.br/kraemer.php>. Acesso em: 30 de set. de 11. Ministério do Meio Ambiente - MMA. Camada de Ozônio e Aquecimento Global. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/sitio/index.php?ido=conteudo.monta&idEstrutura=130&idMe nu=7103>. Acesso em: 30 de set. de 11. Ministério do Meio Ambiente - MMA. Sobre a camada de ozônio. <http://www.mma.gov.br/sitio/index.php?ido=conteudo.monta&idEstrutura=130>. Acesso em: 30 de set. de 11. Revista FAE BUSINESS. O que é Responsabilidade Social?. http://www.fae.edu/publicacoes/pdf/revista_fae_business/n9/01_rs.pdf
  • 55. 55 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CAPÍTULO 2 ANDRADE, Rui Otavio Bernardes de; TACHIZAWA, Takeshy; CARVALHO, Ana Barreiros de. Princípios de Gestão Socioambiental. In: __________. Gestão ambiental: enfoque estratégico aplicado ao desenvolvimento sustentável. São Paulo: Makron Books, 2006. Capítulo 4, pp.73-104. ARAÚJO, Geraldino Carneiro de et al. Sustentabilidade Empresarial: Conceito e Indicadores. III CONVIBRA – Congresso Virtual Brasileiro de Administração, 24 a 26 de novembro de 2006.pp. 6-9.Disponível em: http://www.convibra.com.br/2006/artigos/61_pdf.pdf. Acesso em: 02 de ago.2011. BELLEN, Hans Michael van. Desenvolvimento sustentável: diferentes abordagens conceituais e práticas. In: __________. Indicadores de sustentabilidade: uma análise comparativa. São Paulo: Editora FGV, 2005. Capítulo 3, pp.23-40. KLABIN, Israel; ABRANCHES, Sérgio; LEMME, Celso Funcia; KELMAN, Jerson; PINTO JR, Helder Queiroz; ALQUÉRES, José Luiz; OLIVEIRA, Gesner; MORGADO, Marcelo; ROSEMBLUM, Célia. Sustentabilidade e Geração de Valor: A transição para o Século XXI. Rio de Janeiro: Elsevier Editora, 2010. Capítulo 1, pp.1-14. KRAEMER, Maria Elisabeth Pereira. Gestão ambiental: um enfoque no desenvolvimento sustentável. Disponível em: http://www.ambientebrasil.com.br/gestao/des_sustentavel.doc. Acesso em: 03 set. 2011. LEMME, Funcia Celso. O valor gerado pela sustentabilidade corporativa. In: ZYLBERSZTAJN, Davi e LINS, Clarissa (organizadores). Sustentabilidade e geração de valor: a transição para o século XXI. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. Capítulo 3, pp.37-63. Disponível em: http://intranet.gvces.com.br/cms/arquivos/sustentabilidade_e_geracao_de_valor_- _2a_prova.pdf. Acesso em: 15 de ago.2011. OUCHI, Carlos Hiroshi Côrtes. Práticas De Sustentabilidade Corporativa No Brasil: Uma Análise Do Setor De Papel E Celulose. Dissertação submetida ao corpo docente do Instituto de Pós-Graduação em Administração - COPPEAD, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, comoparte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Administração. Rio de Janeiro, 2006. pp.21-31. Disponível em: www.ciflorestas.com.br/arquivos/doc_praticas__12604.pdf. Acesso em: 02 de ago.2011. PINHEIRO, José Moura. Cidadania Corporativa e Modelos de Gestão Socioambiental. In: ____________. Gestão Socioambiental: Conceitos, Modelos e Práticas. Salvador: UFBA, 2006. Capítulo 5, pp.67-86. Disponível em: http://aulaadm.pro.br/Livro%20Gestão%20Socioambiental.htm. Acesso em 15 de ago.2011. SUSTENTABILIDADE CORPORATIVA. Disponível em: http://www.aedb.br/seget/artigos09/336_Sustentabilidade_Corporativa.pdf. Acesso em: 02 de ago.2011.
  • 56. 56 XAVIER, Ana Clara Rodrigues Et Al. Gestão Ambiental Na Petrobrás e CVRD. IV Congresso Nacional De Excelência Em Gestão. Responsabilidade Socioambiental das Organizações Brasileiras Niteroi, RJ, Brasil, 31 de julho, 01 e 02 de agosto de 2008. Disponível em: incluir o link Acesso em: 12 de mar.2012. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CAPÍTULO 3 Conheça a Vale. Disponível em: 02 de ago.2011. http://www.vale.com.br/pt- br/conheca-a-vale/paginas/default.aspx. Acesso em: 02 de ago.2011. Política de Desenvolvimento Sustentável. Disponível em: http://www.vale.com.br/pt- br/sustentabilidade/Documents/Politica_de_Desenvolvimento_Sustentavel.pdf. Acesso em: 02 de ago.2011. Relatório de Sustentabilidade 2006. Disponível em: http://www.vale.com.br/pt- br/sustentabilidade/relatorio-de-sustentabilidade/Documents/relatorio-de- sustentabilidade-2006.pdf. Acesso em: 02 de ago.2011. Relatório de Sustentabilidade 2007. Disponível em: http://www.vale.com.br/pt- br/sustentabilidade/relatorio-de-sustentabilidade/Documents/relatorio-de- sustentabilidade-2007-completo.pdf. Acesso em: 02 de ago.2011. Relatório de Sustentabilidade 2008. Disponível em: http://www.vale.com.br/pt- br/sustentabilidade/relatorio-de-sustentabilidade/Documents/relatorio-de- sustentabilidade-2008.pdf. Acesso em: 02 de ago.2011. Relatório de Sustentabilidade 2009. Disponível em: http://www.vale.com.br/pt- br/sustentabilidade/relatorio-de-sustentabilidade/Documents/relatorio-de- sustentabilidade-2009.pdf. Acesso em: 02 de ago.2011. Relatório de Sustentabilidade 2010. Disponível em: http://www.vale.com.br/pt- br/sustentabilidade/relatorio-de- sustentabilidade/Documents/Relatório_Sustentabilidade_Port_2010.pdf. Acesso em: 02 de ago.2011.VALE – Relatório de Produção de 2006. Disponível em: http://200.225.83.183/_audiovideo/PREPORT4T06p.pdf. Acesso em: 02 de ago.2011. VALE – Relatório de Produção de 2007. Disponível em: http://200.225.83.183/_audiovideo/PREPORT4T07p.pdf. Acesso em: 02 de ago.2011. VALE – Relatório de Produção de 2008. Disponível em: http://200.225.83.183/_audiovideo/PREPORT4T08p.pdf. Acesso em: 02 de ago.2011. VALE – Relatório de Produção de 2009. Disponível em: http://200.225.83.183/_audiovideo/PREPORT4T09p.pdf. Acesso em: 02 de ago.2011.
  • 57. 57 VALE – Relatório de Produção de 2010. Disponível em: http://200.225.83.183/_audiovideo/PREPORT4T10p.pdf. Acesso em: 02 de ago.2011.