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INTRODUÇÃO A ENGENHARIA TÊXTIL
Por
Prof. Rasiah Ladchumananandasivam, PhD, CText FTI., FRSA.
Professor Associado I, Centro de Tecnologia,
UFRN, Natal-RN, Brasil.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA TÊXTIL
CURSO DE ENGENHARIA TÊXTIL
Natal, RN - Brasil.
2002.
REVISADO E AMPLIADO 2006.
NaO3S
NH2 OH
SO3Na
OMe
OMe
N=NN=N SO3Na
SO3Na
OH NH2
INTRODUÇÃO A
ENGENHARIA
TÊXTIL
Introdução a Engenharia Têxtil Prof. Dr. Rasiah Ladchumananandasivam, PhD, CText FTI., FRSA
ii
Ficha catalográfica.
PREFÁCIO
A engenharia é uma aplicação de ciência e matemática pelos quais as propriedades da matéria e as
fontes de energia na natureza são aproveitadas pelo homem nas estruturas, sistemas e processos (dicionário
webster).
O têxtil definido como sendo um tecido, especialmente produzido através dos processos de
tecedura ou malharia e a fibra, filamento, ou fio usados na fabricação do tecido. Todavia, a publicação
do Instituto Têxtil , “Textile Terms and Definitions”, amplia ainda mais esta definição, indicando que ,
os termos agora também são aplicados às fibras, filamentos, e fios, naturais ou manufaturados, e a
maioria dos produtos quais são principais matérias-primas. Esta definição inclui, por exemplo, linhas,
cordas, cordões, bordados, tecidos, malhas, nãotecidos, e ainda outras variedades de estruturas
fibrosas.
Ainda outras interpretações de têxtil para engenharia poderiam ser o desenho e fabricação de
tecidos para vários usos industriais, como, transporte, filtro, para arquitetura, e para construções em
geral. A variação no sentido pode ser ampliada ainda mais para englobar engenharia e têxtil, em
têxtil, para têxtil, via têxtil, com têxtil, através de têxtil, isto no sentido de qualquer processo ou
produto que tenha em sua composição qualquer tipo de material têxtil.
A presente apostila mostra uma introdução dos aspectos da história da área têxtil,
comparação e correlação com as outras engenharias, os diferentes setores têxteis, matérias primas,
maquinaria, fluxograma dos processos e produtos.
Este trabalho faz parte da série de apostilas preparadas pelo Prof. Dr. Rasiah
Ladchumananandasivam como apoio às aulas ministradas no Curso de Engenharia Têxtil da
Universidade Federal do Rio Grande do norte.
Ladchumananandasivam, Rasiah, 2002
Introdução a Engenharia Têxtil
Introdução a Engenharia Têxtil Prof. Dr. Rasiah Ladchumananandasivam, PhD, CText FTI., FRSA
iii
CONTEÚDO
1.0 Têxteis para Engenharia 1
1.1 Engenharia versus Disciplinas Tecnológicas 1
Industrias Associadas a Indústria Têxtil 2
1.2 As Conquistas de Engenharia na Indústria de Fibra/Têxtil 2
1.3 Engenharia dos Materiais e Engenharia Têxtil 3
1.4 Engenharias Industrial, de Manufatura e de Sistemas 4
2.0 Tecnologia do Futuro 4
2.1 Como Será o Acabamento Têxtil no Terceiro Milênio? 4
2.2 Tingimento sem Água 5
2.3 Potencial do Plasma 5
2.4 Biotecnologia 7
2.5 O Alvorecer da Era do Jato 8
3.0 A Industria Têxtil – O Desenvolvimento, o auge da Indústria de Algodão Inglesa
e a sua Falência
9
3.1 Histórico da Indústria Têxtil 17
3.2 A Revolução Industrial 18
3.3 Do Século XIX ao Presente 18
3.4 Aplicação dos Métodos Científicos 19
3.5 A Indústria Moderna 19
3.6 Histórico da Indústria Têxtil no Brasil 21
3.6.1 As Verdadeiras Causas 26
3.7 Histórico da Indústria Têxtil no Rio Grande do Norte 26
4.0 Algodão – A sua Posição e Progresso no mercado Mundial 30
4.1 Fatores Econômicas e Estéticos 31
4.2 Fatores que Governam a Produção da Fibra 31
4.3 Produção, Consumo, Estoque e Preços de Algodão 33
4.4 Produção, Consumo, Estoque e Preços da Lã 33
5.0 Classificação 34
5.1 Plantio e Colheita 34
5.1.1 Tipos de Colheitas, Vantagens e Desvantagens 36
5.2 Tipos Comerciais 36
5.3 Classificação do Algodão no Brasil 37
6.0 Fluxograma dos Processos Industrias Têxteis 39
6.1 Produção do Fio Retorcido Penteado 39
6.2 Produção do Fio Cardado-Penteado 40
6.3 Produção de Fibras Mistas –- Poliéster - Algodão - Sistema Cardado 41
6.4 Produção de Fibras Mistas –– Poliéster – Algodão - Sistema Penteado 42
6.5 Produção de Fibras Mistas –- Poliéster – Algodão - Sistema Cardado – Mistura
no Passador
43
6.6 Produção de Fibras Mistas –- Poliéster – Raion Viscose - Sistema Cardado –
Mistura no Passador
44
6.7 Fiação Open-End na Produção do Fio 45
6.8 Produção do Fio Retorcido Cardado 46
6.9 Diversos Tipos de Fio 47
6.10 Seqüências dos Processos da Preparação do Fio com Relação ao Uso
Específico
48
6.11 Fluxograma de Beneficiamento de Tecidos de 100% Poliéster 49
6.12 Fluxograma de Beneficiamento de Tecidos Puros e Mistos se Algodão e
Poliéster
50
6.13 Beneficiamento das Malhas 100% Algodão 51
6.14 Beneficiamento – Malha 52
6.15 Classificação das Fibras Têxteis 53
7.0 Cotonicultura Brasileira – Problemas e Soluções 54
7.1 Indústria Têxtil Nacional 54
7.2 A Produção Nacional de Algodão 54
7.3 Produção e Consumo das Grandes Potenciais Têxteis Mundiais 54
Introdução a Engenharia Têxtil Prof. Dr. Rasiah Ladchumananandasivam, PhD, CText FTI., FRSA
iv
7.4 A Perda de Competitividade e as suas Conseqüências 55
7.5 A Importação, Exportação e Tarifa do Algodão 56
7.6 Produtividade Média Mundial 56
7.7 O Custo de Produção pode ser Reduzido com o uso Adequação de Tecnologia 56
7.8 Lavouras Modernas e Eficientes do Centro –Oeste 57
7.9 Comparação da Lucratividade de Algodão das Lavouras Modernas do Centro-
Oeste com Soja.
57
7.10 Empresas Brasileiras com boas Técnicas e Baixo Custo de Produção de
Algodão.
57
8.0 Dimensões do Fio 59
8.1 Densidade Linear, Título ou Número do Fio 59
8.2 Sistema Direto e Indireto de Numeração do Fio 60
8.2.1 Sistema Direto 60
8.2.2 Sistema Indireto 60
8.2.3 Sistemas de Título 61
8.2.4 Conversões 63
Bibliografia 66
9.0 Perfil da indústria têxtil do Brasil 67
9.1 Introdução 67
9.2 Reflexões sobre um novo modelo industrial 69
9.3 Como nos posicionamos na era das parcerias? Onde começar nossa busca 71
9.4 O complexo têxtil brasileiro 73
9.4.1 Importância do setor na economia brasileira 73
9.4.2 Dimensões do mercado mundial de artigos têxteis 74
9.4.3 Participação do Brasil no mercado mundial de têxteis 75
9.5 Dimensões e evolução do setor no Brasil 79
9.5.1 Análise comparativa das etapas de produção 79
9.5.2 Unidades de produção por segmento 79
9.5.3 Principais regiões produtoras de têxteis no país 85
9.5.4 Dimensões do mercado e consumo per capita de têxteis no Brasil 86
9.6 A identificação dos principais problemas que o setor enfrenta no comércio
mundial para alcançar a competitividade desejada
87
9.6.1 Os gargalos 87
9.7 Conclusões 91
9.8 Referências 92
10 Análise conjuntural da indústria confeccionista brasileira 95
10.1 Introdução 95
10.2 Perfil do setor 95
10.3 Aspectos Tecnológicos 96
ANEXO 10.1 98
Introdução a Engenharia Têxtil Prof. Dr. Rasiah Ladchumananandasivam, PhD, CText FTI., FRSA
1
1.0 TÊXTEIS PARA ENGENHARIA
De acordo como dicionário Webster, engenharia é uma aplicação de ciência e
matemática pelas quais as propriedades da matéria e as fontes de energia na
natureza são aproveitadas pelo homem nas estruturas, sistemas e processos.
O dicionário Webster, define têxtil como sendo um tecido., especialmente
produzido através dos processos de tecedura ou malharia e a fibra, filamento, ou fio
usados na fabricação do tecido. |Todavia, a publicação do Instituto Têxtil, “Textile
Terms and Definitions”, amplia ainda mais esta definição, indicando que, o termo
agora também é aplicado às fibras, filamentos, e fios, naturais ou manufaturado, e à
maioria dos produtos dos quais são principais matérias-primas. Esta definição inclui,
por exemplo, linhas, cordas, cordões, bordados, tecidos, malhas e nãotecidos, e
ainda outras variedades de estruturas fibrosas.
Com relação ao título acima, consideramos engenharia como um termo
descritivo, que caracteriza a classe dos materiais têxteis usados nas aplicações de
engenharia, por exemplo, lona para pneus, cabos grossos para amarrar navios,
geotêxteis, cordas para satélite, lonas para discos de freios, linhas de suspensão
para pára-quedas e compósitos usando tecidos ou outras materiais têxteis.
A engenharia Têxtil é reconhecida como uma disciplina tecnológica. Que pode
ser estudada nas universidades do mundo todo. Deve-se anotar o uso do termo
disciplina tecnológica em lugar de disciplina de engenharia. Qual é a diferença entre
estas duas designações?
1.1 Engenharia versus Disciplinas Tecnológicas
A lista de disciplinas de engenharia de acordo com a Academia Nacional de
Engenharia dos Estados Unidos (USA National Academy of Engineering - NAE)
como: engenharia aeroespacial, bioengenharia, engenharia química, engenharia
civil, engenharia e ciência da computação, engenharia de sistemas de energia e
potência, engenharia eletrônica, engenharia de sistemas operacionais, e manufatura
industrial, petróleo, mineração e engenharia geológica. Áreas especiais e
engenharias interdisciplinares também listadas.
Como a disciplina de engenharia têxtil relaciona as disciplinas formais da
engenharia relacionadas acima? Para oferecer uma explicação a esta pergunta,
precisamos analisar a extensão tecnologia têxtil na Figura 1.1. Aqui uma pessoa
pode facilmente identificar as localidades que sinaliza a presença da engenharia
mecânica, por exemplo, fabricantes da maquiaria têxtil, fabricantes de instrumentos,
companhias de máquinas de confecção. As operações convencionais têxteis de
abertura, cardagem, fiação, tecelagem, malharia, rendas, bordados são feitas na
máquina normalmente desenhada por engenheiros mecânicos ou engenheiros
têxteis ou pelo grupo de engenheiros mecânicos e têxteis. Qual é a diferença entre o
fundo e a abordagem destes dois engenheiros?
Introdução a Engenharia Têxtil Prof. Dr. Rasiah Ladchumananandasivam, PhD, CText FTI., FRSA
2
Figura 1.1 Indústrias Associadas à Indústria Têxtil
1.2 As Conquistas de Engenharia na Indústria de Fibra/Têxtil
A indústria de fibras manufaturadas (fibras feitas pelo homem) engloba uma
variedade de operações, iniciando-se com a extrusão de polímero fundido através
de um orifício, que em seguida esfriado e estirado para estabelecer a estrutura
molecular do filamento. Aqui encontram-se as disciplinas como processo dinâmico,
aerodinâmica, transferência de calor, e física do polímero, necessárias a formação
de engenheiros mecânicos ou engenheiros químicos e engenheiros de polímero –
materiais. A produção de fibras manufaturadas inclui dois elementos adicionais, de
natureza puramente mecânica (i) o processo de enrolamento, capaz de enrolar a
estrutura do fio que foi esfriado, estirado e orientado, em uma embalagem estável, a
5.000 m/min, e forma um fio que pode ser, subseqüentemente, desenrolado, e (ii) é
importante notar o desenvolvimento de um sistema de jato de ar por um engenheiro
mecânico, para o processo de entrelaçamento dos filamentos a fim de formar um
pacote estável, coerente e capaz de sustentar os processos têxteis subseqüentes. O
processo de entrelaçamento ajuda a eliminar o processo tradicional de torção, como
também os espaços previamente destinados a torção. É importante mencionar que o
desenvolvimento da coesão do pacote do fio, pelos métodos convencionais de
torção, era um gargalo na produção de fibras manufaturadas, e que com a
Indústria
de fibras
naturais
Maquinaria
têxtil
Indústria de
fibras
sintéticas
INDÚSTRIA
TÊXTIL
Abertura
Cardagem
Fiação
Tecelagem
Malharia
Bordados
Acabamento
Fabricantes
de produtos
químicos
Fabricantes
de
instrumentos
Indústria de
papel
Fibras
Fios
Tows
Não-tecidos
Algodão
lâ
Seda
Linho
INDÚSTRIA
DE
VESTUÁRIO
Marcação
Corte
Costura
Prensagem
Embalagem
Fabricantes
dos produtos
industriais
Revestidores e
laminadores
Fabricantes de
pneu
Fabricantes de
aviões
Fabricantes de
automóveis
Fabricantes de
moveis
Têxtil para
medicina e
higiene
pessoal
Fabricantes
de máquinas
de confecção
Tecidos
Não-tecido
Introdução a Engenharia Têxtil Prof. Dr. Rasiah Ladchumananandasivam, PhD, CText FTI., FRSA
3
introdução do processo de entrelaçamento de jato de ar, tomou-se possível o
aumento na grandeza das velocidades de produção.
Outro processo mecânico importante que foi desenvolvido na indústria de
fibras incluiu os filamentos contínuos volumosos (bulk), as estruturas de nãotecidos
pela ligação da fiação, e o nãotecido feito por agulha hidráulica, que aqui são
mencionados, simplesmente, para mostrar que engenheiros mecânicos e têxteis têm
uma função importante na indústria de fibra química.
Pode-se notar num outro local na Figura 1.1, que os fabricantes de pneus
desenvolveram a mecânica estrutural dos cordões de reforço num tórulo de borracha
inflada de pneus automotivos que podem durar 75.000 milhas (1,6 km = 1 milha).
1.3 Engenharia dos Materiais e Engenharia Têxtil
Voltando à lista das disciplinas de engenharia, pode-se notar que a categoria
de engenharia de materiais, quando focaliza, nos materiais fibrosos, o tópico de
engenharia têxtil parece encaixar-se bem. O NAE define o engenheiro de materiais
como aquele que trata da produção e processamento, relacionamento entre a
estrutura e a propriedade e a performance do ciclo da vida dos materiais que são
importantes para a engenharia.
Pode se notar que 20-25% dos materiais têxteis são produzidos para o
mercado industrial, e podemos facilmente comprovar que, 20-25% de todo material
têxtil é importante para a engenharia, como as cordas para pneus, tecidos
compósitos, cabo para amarrar navios, geotêxteis, cordas para satélite, linhas de
suspensão para pára-quedas, pára-quedas de freio, etc.
Mas, como podemos considerar os 75% restante da produção têxtil, se não
podem ser considerados como produção de materiais importantes para a
engenharia? O fato é que a produção, processamento, a relação estrutura-
propriedade e performance do ciclo de vida dos materiais fibrosos que “não são
importantes para a engenharia” ainda necessitam de métodos sofisticados de
engenharia para a sua produção e processamento. Algumas ilustrações serão
suficientes para demonstrar isto. Primeiro, a extrusão pelo orifício, estiragem,
entrelaçamento, e enrolamento dos fios de multi-filamentos dos altos polímeros, com
velocidades até 5.000 m/min. Segundo, a propulsão repetitiva de jato de ar de fios
sucessivos, através de uma estrutura de tecido com 190cm de largura, com
velocidade de 1.700 tramas por minuto (ou até 2.500 tramas/min. Num tear de jato
de ar de multi-fase).
Terceiro, a torção a frio, torção a quente, esfriamento, e então distorção a frio
dos fios de filamentos de índice de rotação de 1-2 x 106
r.p.m e velocidades de
translação de 1.000 m/min, com entrelaçamento dos filamentos antes de
enrolamento, com sensores on-line para detectar distúrbios no processo, que pode
impor alterações estocásticas nas estruturas dos tecidos subseqüentes.
Estes três exemplos podem ser identificados facilmente, através do
mapeamento estrutural da fibra/têxtil/indústria de confecção como mostrado na
Introdução a Engenharia Têxtil Prof. Dr. Rasiah Ladchumananandasivam, PhD, CText FTI., FRSA
4
Figura 1.1, e daí entende-se que a área de engenharia têxtil tem muitas ramificações
que oferecem uma ampla base para a discussão deste assunto.
1.4 Engenharias Industrial, de Manufatura e de Sistemas
Os engenheiros têxteis que alcançam uma posição de liderança na indústria
de fibra/têxtil/confecção podem ser identificados em outra categoria dentro do NAE,
que corresponde as engenharia industrial, de manufatura e de sistemas operacional.
Neste caso, um é responsável pelo gerenciamento, organização, planejamento,
controle, e operação dos sist4emas, pessoal, equipamento para processamento dos
materiais, ferramentas, e infra-estrutura para a produção de produtos ou serviços.
Dentro deste setor industrial do NAE podemos notar uma lista de categorias
especiais de engenharia que inclui designação de fibras e produtos têxteis. Portanto,
devemos acrescentar que a lista de categorias especiais de engenharia para o setor
de engenharia mecânica inclui a designação da engenharia têxtil e engenharia de
confecção. Dentro da engenharia de materiais podemos encontrar categorias
especiais de fibras, polímeros e compósitos.
Então parece-nos que, a engenharia têxtil, embora seja uma disciplina
tecnológica, sobrepõe-se ou compartilha disciplina com pelo menos três áreas
clássicas de engenharia, que são as de mecânica, materiais e finalmente industrial e
engenharia de sistemas de manufatura.
2. TECNOLOGIA DO FUTURO
2.1 Como Será o Acabamento Têxtil no Terceiro Milênio?
Têxtil e tecnologia são, e tem sido sempre, inseparáveis, tendo a produção têxtil
sido o alicerce para a industrialização em um grande número de países. Entretanto,
para aqueles que estão fora da área têxtil, talvez devido a sua longa história é sempre
vista como uma indústria de “baixa tecnologia”. Nada poderia estar mais longe da
verdade. Os inúmeros institutos de pesquisa do mundo, a natureza da sofisticação
crescente dos equipamentos de produção - das fibras sintéticas à confecção de roupas
- e inúmeros produtos produzidos em períodos de tempo cada vez mais curto
testemunham essa realidade.
A tecnologia mais recente de tingimento e acabamento têm sido impulsionados
por duas forças primárias - a economia e a ecologia. O desejo de todos aqueles que
trabalham no setor de acabamento tem sido uma produção mais eficiente, com o uso
de uma menor quantidade de água e menos poluição. De um modo geral isto foi
alcançado através de uma tecnologia de evolução antes que uma tecnologia
revolucionária. Todavia, há um número de tecnologias disponíveis que têm o potencial
de virar o processo a úmido tradicional de cabeça para baixo.
Introdução a Engenharia Têxtil Prof. Dr. Rasiah Ladchumananandasivam, PhD, CText FTI., FRSA
5
2.2 Tingimento Sem Água
O uso de água é fundamental para os atuais processos de tingimento e
acabamento. Todavia, no futuro poderá ser bastante diferente.
Atualmente a água é usada como solvente para dispersão e dissolução de
corantes que são usados em tingimentos. Outros solventes, tais como
hidrocarbonetos clorados foram usados para esse fim, mas têm ido de encontro aos
empecilhos ecológicos.
Mais recentemente o uso de líquidos supercríticos - particularmente dióxido
de carbono líquido - também foi tentado e foi considerado superior à água no que diz
respeito à habilidade de transferência dos corantes ás fibras. Parte da atração desta
técnica deu-se ao fato dela possibilitar que o corante disperso seja dissolvido, o que
não é possível nos processos normais usando água.
O conceito usa o comportamento do sistema fluído corante em relação à densidade
do fluído - controlado pela pressão e temperatura. A solubilidade dos corantes no
dióxido de carbono supercrítico aumenta com o aumento crescente da densidade do
fluído. O aumento da temperatura reduz a densidade do fluído e o aumento do
corante na solução, promovendo sua difusão na fibra. Os parâmetros de controle do
sistema podem ser ajustados muito mais repetidamente do que num processo
convencional usando água.
A desvantagem do conceito é a pressão de trabalho(funcionamento) de até
200 bar(20 mpa) e os custos de engenharia que o acompanham. A despeito disto,
as vantagens básicas de uma enorme redução no tempo de tingimento e eliminação
do estágio de secagem levam a continuação das pesquisas na Alemanha, Itália,
Inglaterra e Estados Unidos.
O tingimento com fluido supercrítico já foi usado experimentalmente em
têxteis comerciais. Amann & Soxhne Gmloh, Alemanha, usaram esse método para
tingir linha de costura de poliéster numa indústria projetada e construída por José
Jasper GmbH.
A exaustão do corante é de cerca de 98% e o dióxido de carbono perde cerca
de 2 - 5%. O corante residual é desprezado como um pó e pode ser reaproveitado.
Em comparação com o tingimento comercial de poliéster, que normalmente se
processa num período de 3 a 4 horas, estas técnicas levam de 1 a 2 horas. Além
disso, eliminam um volume considerável de água usada (efluentes), corante perdido
e produtos químicos auxiliares. O processo também oferece uma economia de
energia de cerca de 80% e elimina o processo a seco. Estas vantagens têm que ser
comparadas com o custo do equipamento.
2.3 Potencial do Plasma
A técnica do uso de plasma baseia-se no uso de gases ionizados produzidos
por descargas elétricas. Diferentes gases podem ser usados para alcançar
Introdução a Engenharia Têxtil Prof. Dr. Rasiah Ladchumananandasivam, PhD, CText FTI., FRSA
6
modificações químicas específicas na superfície de um produto têxtil, ex.:
branqueamento. As vantagens dos processos são a limpeza (é um processo limpo),
eficiência energética e uniformidade de tratamento que são muito altos. A principal
desvantagem é o alto custo das máquinas. Todavia, estudos realizados indicam que
apesar do alto custo do equipamento, a economia de energia, água, produtos
químicos e mão-de-obra podem tornar a tecnologia do plasma uma proposta
economicamente viável. A questão é quando (com que brevidade).
A maior parte do trabalho pioneiro sobre o tratamento com plasma em
produtos têxteis foi realizada no Russian Niekkmi Institute. Os resultados desta
pesquisas foram aplicados em fábricas têxteis na Rússia, e mais recentemente
numa fábrica da Itália.
Dois sistemas diferentes da técnica de plasma de “baixa temperatura” são
aplicáveis aos têxteis:
“Descarga CORONA” e “Descarga de brilho” (glow). As máquinas
desenvolvidas pelo Niekmi Institute usam uma técnica de Descarga “glow”.
O tratamento modifica apenas uma camada muito fina - menos de 1mm - do
substrato, removendo, gradualmente as camadas da superfície. A morfologia da
superfície é mudada, tão bem como uma proporção das fases amorfa e cristalina na
camada superficial do polímero.
Teoricamente, a técnica pode ser usada em vários substratos têxteis. No
setor de algodão, por exemplo, pode ser usada para ajudar ou substituir vários
processos de pré-tratamento. No setor de lã, pode substituir alguns tratamentos
úmidos à base de cloro e melhorar os processos de tingimento e estamparia.
Também é possível usar a técnica para dar propriedades específicas e
permanentes tais como permeabilidade(à prova de água), ou para melhorar a
ligação de revestimentos, etc.
Embora a tecnologia seja muito promissora, os produtos têxteis apresentam
um número de novas dificuldades não encontradas um outras industriais onde o
plasma tem sido empregado.
Os substratos têxteis contem, geralmente, uma quantidade significativa de
umidade que se perde durante o tratamento, alterando a composição do plasma
próximo à superfície têxtil - um problema especial se o tratamento com plasma for
combinado com processos convencionais - e neste caso pode ser necessário a pré-
secagem ou extração à vácuo antes do tratamento com plasma.
A grande área superficial específica significa que para alcançar produção, a
máquina deve ser capaz de tratar uma área grande num período de tempo muito
curto. Por exemplo: 1m2
de 300 g/m2
de um tecido de lã tem uma área superficial
especifica de cerca de 450m2. Para um tecido com 16m de largura significa o
tratamento de uma área de 600m2/s para se alcançar uma produção de 50m/min.
Introdução a Engenharia Têxtil Prof. Dr. Rasiah Ladchumananandasivam, PhD, CText FTI., FRSA
7
A tecnologia do plasma tem ido usada para processos têxteis em escala
industrial. Uma indústria na Rússia tem usado tratamento com plasma em tecidos de
lã como uma alternativa a cloração antes da estampagem.
Durante o tratamento as camadas hidrofóbicas superiores da cutícula da lã,
que atuam como uma barreira para a penetração do corante, são destruídas. Como
resultado, a difusão do corante no interior da fibra é aumentada consideravelmente.
2.4 BIOTECNOLOGIA
A biotecnologia tem tido um impacto significativo nas indústrias de tingimento
têxtil e acabamento.
As enzimas são os bioagentes mais conhecidos empregados pela indústria
têxtil, tendo sido usadas em processos de desengomagem por muitos anos.
Todavia, mais recentemente, as enzimas estão sendo usadas no acabamento.
Provavelmente, o maior sucesso da enzima é na substituição de pedras
calcárias na lavagem (stone-washing de tecido jeans). Neste processo usa-se
enzima de celulase para remover a camada superficial do índigo a fim de obter uma
aparência de tecido lavado/usado, mas sem abrasão. As vantagens são uma maior
produtividade devido ao aumento da carga de tecido na maquina, e também evita a
tarefa de remoção das pedras e poeira das peças, e a sujeira das pedras nos
efluentes.
Uma técnica semelhante é a chamada processo de biopolimento. Este
processo remove “FUZZ” das superfícies das fibras celulósicas e funciona pelo
enfraquecimento de qualquer fibra protuberante, por menor que seja, na superfície
do fio, que pode então ser removida por ação mecânica subseqüente.
A técnica não resulta em perda de peso e redução da resistência do tecido,
mas pode ser otimizada parando o processo após um período de tempo apropriado.
O processo de biopolimento pode ser usado em qualquer estágio do
pro9cesso úmido, embora imediatamente após o branqueamento seja favorecido de
incubação necessário para a ação da enzima. O processamento em lotes.
Um outro progresso na biotecnologia é a remoção de peróxido de hidrogênio
de um processo de acabamento, por exemplo, após o pré-branqueamento de
algodão que vai ser tingido com matiz claro ou médio, mas antes da adição do
corante - muitos corantes, especialmente os reativos, são muito sensíveis ao
peróxido.
A solução tradicional para este problema tem sido uma lavagem completa
e/ou a adição de agentes redutores.
Agora, todavia, uma enzima catalítica pode ser usada como uma alternativa.
Uma pequena quantidade de uma preparação de uma enzima apropriada pode
permitir que o tingimento aconteça no banho de tratamento original.
Introdução a Engenharia Têxtil Prof. Dr. Rasiah Ladchumananandasivam, PhD, CText FTI., FRSA
8
Outras possibilidades incluem o uso de enzimas para remover pectinas, ceras
e materiais corantes da superfície das fibras de algodão, substituindo os tratamentos
tradicionais de limpeza à úmido e branqueamento. Todavia, este uso ainda esta num
estágio de desenvolvimento muito primário (inicial).
A biotecnologia ocupará, também, um papel muito importante na limpeza do
setor de refugo têxtil. É provável que o tratamento biológico seja muito importante na
remoção de cor dos efluentes.
2.5 O alvorecer da Era do Jato
A estampagem a jato e amostras têxteis têm sido usadas por muitos anos,
mas a tecnologia ainda tem que dar um salto na produção principal.
Até agora, não há nenhum sistema para substituir o processo de estamparia
em rolo e é improvável que tal sistema seja criado nos próximos dez ou vinte anos,
se é que vai ser criado - pelo menos esta é a opinião do Sr. R.J.M. Kool, diretor de
pesquisa de mercado e desenvolvimento da Stork Brabant na última ITMA.
A opinião geral é que num futuro previsível a estamparia a jato será confinada
ao seu papel estabelecido na amostragem e será usada para trabalhos
especializados de pequena duração - uma nova tecnologia de micro em lugar de
uma substituição dos métodos convencionais.
Todavia, permanece a fascinação da tecnologia pela produção. A atração
principal da estamparia a jato é que oferece um meio de transferir um desenho
diretamente do CAD para o produto têxtil. Isto significa uma resposta muito rápida do
cliente quando for necessária a estampagem em massa e amostragem.
Outras vantagens incluem um número virtualmente ilimitado de cores, efeitos
de tonalidade de alta qualidade uma rápida comutação com um mínimo de perda de
tecido, nenhum retorno da pasta, e o tamanho do padrão limitado apenas pela
capacidade da memória do equipamento eletrônico.
Essencialmente, todos os sistemas de estamparia a jato colocam a cor no
substrato da mesma maneira - pequenas gotas de corante são borrifadas no tecido.
Todavia, o modo de gerar essas gotas e de levá-las até o tecido pode variar. Uma
classificação simples é a que determina que as gotas sejam dispensadas de acordo
com a demanda ou em jato contínuo.
Esses dois sistemas geralmente operam com cores básicas constantes que
são misturadas no substrato. Usando as mesmas cores básicas o tempo todo
significa que não há necessidade de cozinha de cores.
A estamparia a jato é capaz de produzir uma resolução mais alt6a do que a
estamparia em rolo. Todavia, há uma permuta entre a resolução e a velocidade. O
jato de bolhas de Canon, por exemplo, tem uma resolução de 360 dpi, mas uma
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velocidade de apenas 1m/min num tecido com 1200mm de largura (ou a metade
dessa velocidade com um tecido de 1650mm de largura).
Todavia, a velocidade não é tão pequena como parece. Na estamparia
convencional há uma alta proporção de tempo não produtivo durante o período de
preparação e mudanças do design - uma carga que não existe na estamparia a jato.
Mudanças rápidas e a necessidade mínima de intervenção manual significam
que uma máquina a jato pode funcionar, virtualmente, 24 horas por dia. Stork
calculou que nessas condições uma máquina de estamparia a jato que tem uma
produção de 6m/min poderia produzir tanto quanto uma máquina média de
estamparia em rolo na Energia Ocidental - onde as produções de estamparia em
rolo são bem menores do que em qualquer outra parte do mundo.
Como e onde essas tecnologias, ou outras que ainda serão descobertas,
terão impacto no desenvolvimento do setor de acabamento têxtil, só o tempo dirá.
Certamente, todas as novas tecnologias terão que atender os requisitos necessários
a uma produção limpa e eficiente. O teste crucial é se elas poderão preencher as
importantes considerações econômicas também.
3. A INDÚSTRIA TÊXTIL – O DESENVOLVIMENTO, O AUGE DA
INDÚSTRIA DE ALGODÃO INGLESA E A SUA FALÊNCIA.
A descoberta de fragmentos de tecido de algodão de corda durante a
escavação no Mohenjo-daro em Sind, corroborou a quase certeza de que o algodão
era conhecido e explorado na Índia, para usos têxteis, pelo menos desde o Século
2.700 A.C., e também é possível que ele tenha sido usado no Peru na mesma
época. Apesar disso, na abertura da era industrial, ele era comparativamente um
material novo, onde a lã e o linho eram utilizados anteriormente, exclusivamente
para usos têxteis. Só no final de século XVII o algodão foi importado para fins de
manufatura de vestuários. Apesar disso, a maioria das invenções relacionadas a
maquinaria surgiram da necessidade de processar o algodão e depois foram
adaptadas para a lã e o linho e outras industrias, de acordo com a natureza das
diferentes matérias-primas.
Até 1880 todos os processos envolvidos na produção de têxteis já estavam
implantados. O que aconteceu nos próximos 100 anos foi o aperfeiçoamento das
idéias básicas, principalmente daquelas relativas à tecelagem.
Os últimos anos do século XVIII viram a introdução da maquinaria de vapor
rotativo do James Waat e a roda d’água como as principais fontes de energia. A
introdução da maquina de serra para beneficiamento do algodão de Eli Whitney nos
Estados Unidos, expandiu as plantações de algodão nos estados do sul do país. O
aumento da produtividade baixou o preço do algodão por volta de 1898. A
mecanização baixou o custo do fio e dos produtos manufaturados, mesmo antes
dos benefícios da máquina de beneficiamento.
Por volta de 1843, a Índia era o maior cliente do algodão de Lancashire, na
Inglaterra.
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10
O mercado do algodão foi criado pelos homens bem sucedidos durante o
período de 1770 a 1840; e continuou a se expandir e atingiu o pico em 1912 quando
foram produzidos 8.000 milhões de jardas (7.300 milhões de metros).
Por volta de 1803, o algodão tornou-se o principal produto de exportação da
Inglaterra, ultrapassando a lã. Esta posição se manteve até 1938, quando a
maquinaria ocupou o primeiro lugar.
A venda do fio do algodão e os produtos em 1830, foram responsáveis,
apenas, pela metade do total das vendas ao comércio exterior. Posteriormente este
valor caiu para um terço em 1880 e um quarto até a 1a
Guerra Mundial.
Era inevitável que o comércio que importou toda matéria-prima, mais cedo ou
mais tarde iria ser prejudicado pelos eventos que ele não tinha força para prevenir.
O período de depressão, causando fome e desemprego dos que dependiam do
algodão, causadas pela guerra civil dos EUA entre 1861-1864, tornou o problema
ainda mias sério. Até este momento, outros países já haviam instalado as suas
indústrias. Lancashire tinha pouco para se preocupar com a Europa, mas quando os
países que plantaram o algodão e com mão-de-obra barata, tornaram-se
fabricantes, começaram a perder a sua fatia no mercado.
A restrição às exportações das máquinas foi retirada em 1843, e dentro de 10
anos a Índia teve as suas indústrias de algodão. No Brasil elas sugiram em 1860 e
no Japão em 1870. Até 1880, metade do consumo do algodão estava nas áreas
novas. A Ásia comprou menos fio da Inglaterra e então menos tecidos. Em 1933, o
Japão introduziu o trabalho de 24 horas por dia, 30 anos antes de Lancashire fazê-
lo, tornou-se o maior exportador de produtos de algodão.
Enquanto Lancashire mantinha as fiações de Mule, os competidores
instalavam a fiação a anel que era mais rápida. Eles também evitaram
especializações que na Inglaterra., havia colocado, a fiação, tecelagem e
acabamento em mãos diferentes. Complacência e relutância em mudar os métodos
antigos contribuíram para o declínio do algodão. Em 1930, o comércio mantinha
16% da exportação. Por volta dos anos 50, a contribuição diminuiu bastante e em
1958 a Inglaterra passou a importar produtos de algodão pela primeira vez desde o
século XVIII. No ano seguinte, o Parlamento aprovou a lei da indústria algodoeira
que oferecia compensação aos empregadores que se desfizessem da maquinaria
antiga. Mais de 12.000.000 fusos e aproximadamente 106.000 teares foram
substituídos e a força do trabalho sofreu uma redução de 30% em dois anos. A
importação dos produtos mais baratos forçou o fechamento de mais industrias, o
que dava uma média de uma por semana durante os anos de 60 e 70.
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Figura 3.1 As indústrias Têxteis de Manchester e as
casas dos trabalhadores em 1815
Figura 3.2 Método antigo de separação e limpeza de algodão após a
retirada dos fardos. Batendo com paus. O algodão é colocado
nas redes feitas de cordas.
Figura 3.4 Carda, 1775 Figura 3.4 B Sistema de cardagem, 1775
Figura 3.3 Limpeza de algodão depois de
retirada dos fardos. O cilindro rotativo coberto de
pinos por dentro que separa o algodão. As
impurezas, trash e cascas etc, são retiradas pelos
dutos.
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Figura 3.5 Sala de carda em 1830. Figura 3.6 Sala de carda moderna
Figura 3.7 Roda de fiação antiga.
Figura 3.8 O “Spinning Jenny” de James Hargreaves,
1764.
Figura 3.9 Melhoramente do Spinning Jenny de Hargreves, com a roda horizontal
que gira.
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Figura 3.10 Filatório com 96 fusos, dirigido por roda d’água
Figura 3.11 Mule construída em 1790.
Figura 3.12 Fábrica de Mule que necessita Figura 3.12 B Mule automático
de mão-de-obra para
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Figura 3.13 Sistema de fiação a anel. Figura 3.13 B - Filatório com 416 fusos e entre
12.000 – 13.000 rpm.
Os filatórios a anel substituíram os Mules em 1950.
EM 1960 FOI INTRODUZIDO O FIAÇÃO “OPEN END”.
Figura 3.15 Tear manual construído por John Kay em 1733.
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Figura 3.16 Tear automático dirigido por vapor, 1785. Figure 3.17 Tear
automático,1850
Figura 3.19 Fio é cozido em cloro para ser usado como linha de costura ou
para tingimento antes de ser usados na tecelagem nos tecidos
coloridos, 1844.
Figura 3.18 Tecido de algodão são
estiradas no sol depois de tratados
com cloro para alvejamento, 1844 em
Glasgow.
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Figura 3.21 Estamparia de cilindros, 1785. Figura 3.22 Estamparia por blocos.
Figure 3.23 Emprego de crianças nas indústrias têxteis, 1832.
Figura 3.20 Tingimento do tecido, 1855. As
casas de tingimento normalmente
trabalhavam por 15-16 horas por dia. Às
vezes continuam por varias dias.
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Figure 3.24 Vitimas do fechamento das indústrias têxteis durante a guerra
civil dos EUA, e filam para receber alimentos.
3.1 Histórico da Indústria têxtil
O termo têxtil, derivado de Latim texere (“para tecer”), inicialmente aplicado
para tecidos, hoje é um termo geral usado para fibras, fios, e outras materiais que
podem ser transformados em tecidos, linhas, cordas, cordões, passamanaria,
rendas, redes, assim como tecidos produzidos pelos métodos de tecelagem,
malharia, colagem, feltragem.
As estruturas têxteis são derivadas de duas fontes: os artesanatos antigos e
as modernas invenções científicas. O artesanato antigo inclui redes feitas com um
único fio e cestaria, produzida pelo entrelaçamento de materiais flexíveis, tais como
junco ou plantas semelhantes. Todavia, exemplos de produtos têxteis pré-históricos
são muito raros devido à natureza perecível desses materiais. De acordo com fontes
históricas a tecelagem antecedeu a fiação e a origem dos tecidos feitos pelo método
de tecelagem é a cestaria da cultura neolítica de 5000 AC. Além disso, as fibras de
algodão, seda, lã e linho foram usadas como material têxtil no Egito antigo; o
algodão foi usado na Índia em 3000AC, e a produção de seda é mencionada em
crônicas chinesas dessa mesma época, ENYCLOPAEDIA BRITANNICA, 1979.
Nos primórdios da Idade Média algumas tribos turcas especializavam-se na
manufatura de tapetes, roupas de feltros e toalhas. Entre os Séculos XVI e XVIII a
Índia produzia “muslins” que algumas vezes eram pintados ou estampados.
Na Sicília, após a conquista árabe, foram produzidos belos tecidos
entrelaçados com ouro. Após a conquista da Sicília pela França os tecelões
instalaram-se em Lucca que se tornou bastante conhecida pelas sedas com
desenhos florais criativos. Em 1315 os tecelões sicilianos foram levados para
Florença que se tornou um centro produtor de lãs finas e acredita-se que passou a
produzir o veludo.
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A França e Alemanha também foram importantes centros têxteis, produzindo
tapeçaria, sedas e veludos. Já no século XVIII a produção de damascos de linho de
alta qualidade ficou muito famosa. Na Alemanha, Colônia tornou-se um importante
centro de confecções, principalmente os tecidos ricamente bordados em ouro com
inscrições e imagens de santos.
Os produtos têxteis ingleses dos séculos XIII e XIV eram principalmente de
linho e lã, porem os tecidos de seda foram produzidos no século XV.
Nas Américas os processos de tecelagem e tingimento já existiam antes da
chegada dos europeus. Há registros que confirmam que a tecelagem encontrava-se
nos estágios mais avançados nas Américas de Norte e Sul nos tempos pré-
históricos. Os mexicanos e peruanos já produziam tecidos finos. Os tecidos de
algodão e lã dos Incas eram conhecidos por suas cores brilhantes. Os índios
Navajos do Arizona, no Novo México, produziam cobertores com textura fechada e
cores brilhantes.
No século XVII os colonizadores ingleses abriram uma fábrica em
Massachusetts, em 1638, onde produziam fustões grossos de algodão, “jeans” de
sarja de algodão, um tecido grosso feito da mistura de linho e lã. Em 1654 as
fábricas de Massachusetts fizeram com que a comunidade deixasse de depender do
linho e da lã cardada da Inglaterra. A indústria desenvolveu-se progressivamente e
recebeu um maior ímpeto com a invenção da descaroçadeira por Eli Whitney em
1793.
3.2 A Revolução Industrial
A indústria têxtil embora altamente desenvolvida como um ofício, permaneceu
como uma indústria essencialmente doméstica até o século XVIII. Muito cedo os
trabalhadores perceberam a necessidade e vantagens de trabalhar em conjunto, o
que pode ter sido o início do que é hoje o sistema de cooperativas. Deste modo um
grupo foi criado em Zurique em 1568, e um outro em Derby, Inglaterra, em 1717. A
organização fabril prosperou mais no Norte da Inglaterra, e a Revolução Industrial,
que atingiu seu auge entre 1760 e1815, acelerou enormemente o crescimento do
sistema fabril.
A lançadeira de John Kay, inventada em 1733, aumentou a velocidade da
operação de tecelagem e seu sucesso exigiu um processo de fiação mais rápido
para a produção de uma quantidade suficiente de fios para atender à demanda da
tecelagem da época.. Os fiadores mecânicos produzidos em 1769 e 1779 por Sir
Richard Arkwright e Samuel Crompton encorajaram o desenvolvimento dos
processos mecânicos de cardagem e penteagem da lã. Logo após o início do século
o primeiro tear mecânico (power loom) foi desenvolvido. A substituição da água pelo
vapor aumentou a velocidade das máquinas e o sistema fabril estabeleceu-se
firmemente, primeiro na Inglaterra, depois na Europa e então nos Estados Unidos.
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3.3 Do século XIX ao presente
No século XIX surgiram muitos melhoramentos no maquinário têxtil, tendo
como conseqüência o aumento de produção e diminuição de custos dos produtos
têxteis. Essa tendência continuou no século XX, com ênfase na automação total das
indústrias têxteis.
3.4 Aplicação de métodos científicos
O desenvolvimento mecânico na produção têxtil associado à Revolução
Industrial resultaram da aplicação de métodos de engenharia comparativamente
simples e dos princípios físicos empregados. O progresso alcançado exigiu uma
compreensão clara dos princípios científicos do processamento têxtil. Todavia, a
falta de informação básica sobre a estrutura e propriedades das fibras limitava essa
compreensão, retardando a abordagem científica dos processos têxteis. No final do
século XIX o crescente conhecimento adquirido sobre as propriedades físicas e
químicas das fibras levou à aplicação dos métodos científicos. A química atraiu uma
maior atenção dos pesquisadores, como resultado da produção de novos compostos
e o entendimento de que as fibras poderiam ser o resultado de uma atividade
química. No século XX, com o advento da eletrônica e dos computadores, novos
conceitos de química e engenharia estão sendo empregados na pesquisa e
desenvolvimento têxteis. Entretanto, uma importante etapa do desenvolvimento
científico na indústria têxtil foi a introdução das fibras sintéticas, ou fibras feitas pelo
homem, que oferecem a oportunidade de criação de novos materiais que atendam
às necessidades do usuário, dentro de uma gama de especialização cada vez mais
aperfeiçoada. Também surgiram novos processos que são aplicados às fibras
tradicionais, visando um processamento mais rápido, tendo como resultados
produtos de alta qualidade, e introduzindo uma vasta gama de novas técnicas.
A indústria de fibras sintéticas empregou, originalmente, os conhecimentos
adquiridos através de anos de experiência com as fibras naturais, mas os excelentes
resultados obtidos pelo enfoque científico encorajou o emprego da ciência aplicada e
logo foi possível coletar informações sobre o comportamento das fibras em várias
condições.
3.5 A Indústria Moderna
Tanto os países industrializados como os países em desenvolvimento
possuem, agora, modernas fábricas capazes de alcançar alta produtividade com
qualidade e eficiência. Além dos melhoramentos mecânicos e automação dessas
indústrias para fabricação de fios e tecidos, tem havido um rápido avanço no
desenvolvimento de novas fibras, processos para melhoramento das características
têxteis e testes e métodos que permitem um maior e melhor controle de qualidade.
Embora a indústria têxtil moderna ainda tenha como foco a indústria do
vestuário, a produção de tecidos para uso industrial tem crescido muito, o que leva a
necessidade e se formar profissionais com alto grau de especialização. Nas
comunidades tecnicamente mais avançadas a indústria emprega técnicos,
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engenheiros e artistas, e a demanda do mercado dita as regras das operações de
marketing.
Algumas operações de manufatura orientadas para o mercado especializado
e dependendo de um número limitado de empresas para o consumo dos produtos
ainda usam operações manuais. Do mesmo modo, há ainda um grande número de
fábricas em países em desenvolvimento que empregam métodos e técnicas
tradicionais, tanto pela falta de capital para modernização dessas fábricas, como
pela carência de mão-de-obra especializada. Esta situação dificulta o processo de
competitividade entre as indústrias, devido à qualidade dos produtos e tempo de
produção. Isto não significa que as indústrias não totalmente automatizadas não
coloquem no mercado produtos de excelente qualidade, porém as que o fazem
representam a minoria.
Apesar do atual desenvolvimento da indústria têxtil no que concerne à
produção de fibras sintéticas, o algodão continua sendo uma das fibras mais usadas
em todo o mundo. Na figura 2.1, pode-se observar a produção e consumo de
algodão das grandes potências têxteis mundiais. O Brasil já ocupou posição de
destaque neste clube há algumas décadas atrás, porém devido a inúmeros
problemas, passou de exportador para importador.
Figura 3.25 Produção e consumo das grandes potências têxteis mundiais,
ABIT, março de 1997.
P r odu ç ão e c on s u m o das g r an de s potê n c ias tê xte is m u n diais
(m il ton e ladas /an o)
2 7 0
8 5 8
8 0 0
1 5 7 5
2 2 4 3
2 4 3 7
4 2 4 0
2 5 4
3 0 0
6 2 8
1 4 7 9
2 3 8 0
4 2 8 1
4 3 4 1
E git o
B r a sil
T ur quia
P a quist ã o
Ín dia
U SA
C h in a
P ro d u ç ã o
C o n s u mo
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21
3.6 Histórico da Indústria Têxtil no Brasil
A história da indústria têxtil no Brasil está intimamente ligada à cultura e emprego
do algodão para diversos fins, desde antes da época da colonização até o presente,
tendo importância fundamental para a economia do País. Na década de 30 a produção
de algodão salvou o Estado de São Paulo da crise que se instalava com o colapso do
café, devido a queda de preços deste produto. No Nordeste, ao lado das culturas de
subsistência de milho e feijão, e a pecuária, foi responsável pelo povoamento da faixa
semi-árida da região.
Na verdade, o algodão já era cultivado no Brasil pelos índios, o que pode ser
provado pela existência de formas selvagens ou asselvajadas de algodoeiro em solo
brasileiro, e de acordo com relato recente de NEVES e colaboradores, além de outros
mais antigos dos séculos XVIII e XIX .
Os índios Carirís, os Parecis e os Tupis fiavam e teciam, rudimentarmente, a
fibra do algodão que era utilizada para vários fins, incluindo a fabricação de rede de
dormir. Os Carijós e os Guiacurus usavam o tecido de algodão para vestimenta.
Entretanto, a fibra de algodão era usada também para a fabricação de cordas, cintos,
tiras, fitas, cordas de arcos, etc. MOREIRA, 1994.
As primeiras notícias dadas a Portugal pelos primeiros europeus chegados ao
território brasileiro comprovaram a existência e utilização do algodão pelos índios, e
também, a seguir , pelos primeiros colonos europeus fixados na nova terra, SOARES e
FERRÃO, 1988.
Na época da colonização o padre Manuel da Nóbrega pediu a vinda de tecelões
para fiar e tecer o algodão e fazer roupas para os índios convertidos. Na primeira
metade do século XVI, com a chegada dos escravos africanos, começou a desenvolver-
se a cultura do algodoeiro que objetivava a fabricação de panos grossos para vestir os
escravos. A fiação e a tecelagem eram feitas com o auxílio de instrumentos rústicos,
como as rocas e os fusos primitivos, em ambiente doméstico.
No século XVII o algodoeiro era cultivado na maioria das capitanias, inicialmente
na faixa litorânea e depois expandiu-se por toda parte, onde era fiado e tecido e usados
para os mais diversos fins. Entretanto, a descoberta de ouro em Minas Gerais fez com
que a demanda por mão-de-obra para a nova atividade levasse a uma diminuição da
atividade agrícola, chegando a ser proibida a sua cultura no Maranhão.
Por outro lado, a necessidade de produção de tecidos para o consumo interno da
população que crescia rapidamente, incrementou a indústria caseira que passou a ser
mais lucrativa. Em Minas Gerais o número de teares foi multiplicado e a produção
diversificada, SOARES e FERRÃO, 1988.
Porém, até a primeira metade do século XVIII, o algodão brasileiro só era usado
no mercado interno, não sendo ainda uma matéria-prima capaz de despertar os
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interesses das grandes companhias responsáveis pelo comércio metropolitano.
MOREIRA, et. al., 1994.
Uma das causas do incremento da cultura algodoeira no Brasil foi a necessidade
que o governo português sentiu de estimular essa cultura, a fim de poder abastecer as
fábricas instaladas no Reino, reduzindo a importação dos tecidos ingleses, o que se
deu no governo do Marquês de Pombal, em 1750.
Com o advento da Revolução Industrial, na segunda metade do século XVIII, o
algodão brasileiro passou a fazer parte do mercado internacional, sendo exportado para
a Inglaterra, Estados Unidos e outros países. A necessidade de abastecer o mercado
mundial fez com que a cultura do algodão tomasse novos rumos, deixando de ser uma
agricultura de fundo de quintal, que visava, apenas, o mercado interno, voltado para a
subsistência, e fosse substituída pelos cultivos comerciais com a produção destinada
ao mercado exterior.
O plantio do algodoeiro se expandiu pelas áreas novas, como Maranhão,
Pernambuco, Ceará, Paraíba, Minas e Bahia, MOREIRA, et. al., 1994. As lavouras não
se limitavam somente a estas regiões, mas praticamente dispersavam-se pela Brasil
todo, desde o Pará até o Rio Grande do Sul.
No século XIX (1839-40) houve um declínio da cultura algodoeira no Brasil como
conseqüência da queda de preços do algodão. A lavoura não pôde suportar o aumento
dos custos de transporte, a elevação dos preços de escravos e o decréscimo da
produtividade do solo, decorrente dos processos predatórios em uso na sua exploração.
A partir de 1860 a cotonicultura voltaria a se recuperar, em parte devido à suspensão
das remessas de algodão, pelos Estados Unidos, para a Inglaterra, por conta da Guerra
da Secessão (norte-americana) de 1861-65, MOREIRA, 1994.
A Primeira Guerra Mundial teve dois importantes efeitos para o desenvolvimento
da cotonicultura no Brasil. O primeiro foi o de re-aquecer as exportações do algodão
para o mercado externo, e o segundo, o de aumentar a demanda interna do produto
para o abastecimento da indústria têxtil nacional. A Guerra também causou a queda
nas importações de tecidos que resultou num aumento da produção nacional,
determinando um aumento na demanda interna de algodão. Esta vantagem, aliada à
pressão na demanda externa, trouxe novo alento à cotonicultura no Brasil,
principalmente em São Paulo.
O algodão, no Nordeste, participou efetivamente deste surto de crescimento, não
só atendendo às necessidades de algodão exigidas pela indústria têxtil do Sudeste, a
que ficara subordinada depois de 1870, como também participando nas exportações
para o mercado externo, face às necessidades de algodão determinadas pela Guerra.
O algodão do Brasil passa, então, a despertar as atenções da Inglaterra, como
provável substituto do norte-americano, de cujas remessas estavam se ressentindo os
ingleses por conta, principalmente, da praga do bicudo. MOREIRA,1994.
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23
Ainda no século XVIII as fábricas brasileiras sofreram um processo de regressão
devido ao Alvará de 5 de janeiro de 1785, firmado pela Rainha D. Maria I, que
determinava a extinção de todas as fábricas têxteis no Brasil. A destruição dos teares
no Brasil levou algum tempo para ser realizada, porém todos os teares apreendidos
foram remetidos para Lisboa. Todavia, em algumas partes do Brasil a proibição de
funcionamento das atividades têxteis não foram observadas.
Em 1 de abril de1808, no início do século XIX, um novo alvará abolia e revogava
o Alvará de 5 de janeiro de 1785. Deste modo, surgiram no Rio de Janeiro fábricas de
tecidos de algodão e seda e a famosa fábrica de estampagem de tecidos de algodão,
assim como fábricas de fiar e tecer algodão.
À partir de 1840 surgem no Brasil fábricas que usavam máquinas mais
aperfeiçoadas, com motor hidráulico ou a vapor e, tendo os trabalhos dirigidos por
mestres e contramestres vindos da Europa, SOARES e FERRÃO, 1988.
No século XIX, a cadeia têxtil tornou-se o maior empregador industrial do país,
com cerca de 3 milhões de trabalhadores, ABITT,1997. No século XX, a produção têxtil
nacional atinge US$17 bilhões, ou seja 2% do PIB ou 6% do PIB industrial. As
exportações deste setor geram US$1,5 bilhões por ano. De 1990 até 1995 o Brasil
investiu cerca de US$ 5 bilhões e tem previsão de investir mais US$12 bilhões nos anos
de 1996 até 2005.
A grande preocupação do setor é a grave ameaça à sua competitividade
causada pela redução da produção doméstica de algodão, figura 3.26.
Nas figuras 2.2, 2.3 e 2.4, a produção e consumo de algodão podem ser
verificados claramente. Pode-se observar que desde a década de 80 até o presente
momento o consumo interno do algodão superou a produção nacional e criou uma
lacuna que facilitou a importação do mesmo. A situação piorou desde 1992, figura 2.2
No ano de 1997 foi previsto um déficit de 600 mil toneladas de algodão com valor
de US$1 bilhão. No mesmo ano o consumo foi de 900 mil toneladas, US$ 1,5 bilhão
com uma produção de 300 mil toneladas, US$ 0,5 bilhão. No ano 2005, o consumo
estimado de algodão no Brasil seria de 1.500 toneladas ou US$ 2,5 bilhões.
As condições naturais do Brasil são extremamente favoráveis ao cultivo
competitivo do algodão, figura 3.26.
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24
Figura 3.27 A produção, importação e tarifa de algodão nas décadas de 80 e
90, ABIT,1997.
Figura 3.28 Produtividade média por hectares no Brasil com relação aos grandes
produtores mundiais, ABIT, 1997.
Brasil - suprimento de algodão empluma
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
1000
80 82 84 86 88 90 92 94 96
Miltoneladas
Produção
Consumo
Brasil: produção,importaçãoetarifadoalgodão
0
200
400
600
800
1000
80 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96
0
30
60
Tarifa(%)
Miltoneladas
Produção
Importação
Tarifa(%)
P r od utiv id a d e m é d ia em 1 9 9 5
(k g /ha )
1 2 0 0
9 5 0
6 4 6
3 7 8
7 9 4
5 8 2
7 8 6
B rasil (no vas varied ad es)
B rasil (centro -leste)
B rasil (centro -su l)
B rasil (m éd ia)
C hina
U S A
M u nd ial
Figura 3.26 A relação entre a produção e consumo de algodão no Brasil,
BNDES (A01/GESET2) BMF, CONAB, Dez/95.
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25
3.6.1 As verdadeiras causas, ABIT, 1997.
As causas citadas da queda de produção do algodão são:
Alto custo de produção
Baixa produtividade
Insuficiência de financiamento
Qualidade irregular do produto nacional
Ausência de garantia de preço mínimo ao produtor
Incidência de tributos sobre a exportação de algodão, no passado, figura
3.27.
A falta do algodão resultou na importação, mas a importação não causou
diretamente a queda da produção nacional. Apesar disso, a importação de algodão não
cresceu com a redução da tarifa, mas apenas três anos depois, em decorrência da
queda da produção nacional, figura 3.27. A economia algodoeira do Brasil passa por
graves problemas, com a redução drástica do volume de produção e nenhuma
perspectiva de recuperação. Atualmente, a cultura do algodão não é viável
economicamente devido à falta de tecnologia adequada que permita reduzir seus
custos de produção. A falta de algodão nacional prejudica sensivelmente a
competitividade da indústria têxtil brasileira e impacta significativamente na balança
comercial do país.
Entretanto, a cotonicultura brasileira pode ser um bom negócio com o emprego
de técnicas modernas, que resultaria numa geração potencial de 400 mil empregos
qualificados. O potencial de ganho de produtividade representa uma boa oportunidade
para redução de custo, figura 3.28.
3.7 Histórico da Indústria Têxtil no Estado do Rio Grande do Norte
De todos os produtos agrícolas cultivados no Rio Grande do Norte o algodão foi
o que mais se beneficiou de uma série de aspectos conjunturais, uma vez que nenhum
outro produto agrícola dispôs de uma política tão abrangente quanto o algodão.
Durante os anos correspondentes à Primeira Guerra Mundial o cultivo de algodão
no Estado foi bastante lucrativo, tendo como conseqüência suma expansão cada vez
maior desta atividade, o que obrigou os dirigentes do Estado a tomar decisões a fim de
evitar que crises circunstanciais atingissem os produtores e desorganizassem a
economia algodoeira.
A indústria têxtil no Estado do Rio Grande do Norte teve seu início no dia 24 de
maio de 1886, quando o Sr. Juvino Barreto lançou a primeira pedra de sua fábrica, em
cerimônia presidida pelo então presidente da província, José Moreira Alves da Silva.
Essa fábrica, “Fábrica de Fiação e Tecidos Natal” foi inaugurada no dia 21 de julho de
1888, (um ano antes da proclamação da República), com a presença do presidente
provincial, Antônio Francisco Pereira de Carvalho.
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26
Juvino César Paes Barreto trouxe para Natal a primeira máquina “Lowell” para
uma fábrica situada no começo da ladeira da rua da Cruz, hoje Junqueira Aires, que
contava com uma área de 8000 m2
. Juvino Barreto trouxe da Inglaterra a tecnologia e
as máquinas mais modernas da época. O parque industrial de fabricação contava com
48 teares, 1600 fusos e 9 cardas, com motor de 60 HP. As atividades desenvolvidas
nessa fábrica eram o beneficiamento de algodão, que era trazido do interior da
Província no lombo de animais, a fabricação de 4 tipos de tecidos grosseiros para
consumo local.
Após o falecimento de Juvino Barreto, no dia 09 de abril de 1901, a fábrica foi
vendida a um empresário pernambucano, o Sr. Julius Von Sohsten que era
descendente de holandeses. Durante a Guerra da Secessão, o Brasil passou a ser
grande exportador de algodão para os Estados Unidos e Inglaterra, e isto fez com que
faltasse matéria-prima para a fábrica aqui em Natal. Este foi um dos motivos para o seu
fechamento. A partir daí, o Estado do Rio Grande do Norte ficou sem indústria têxtil
durante uma década, uma vez que passou a exportar seu algodão para as fábricas da
região sudeste, mais precisamente as do estado de São Paulo. O Estado também
passou a exportar algodão para a Europa, (Alemanha, Inglaterra, Suíça e Itália), e
também para outras partes do mundo como os Estados Unidos e Japão.
O Rio Grande do Norte produzia algodão de boa qualidade, sendo 70% da sua
produção de fibra longa de 34-36 mm, que por esta razão era muito bem aceito no
mercado mundial. Isto fez com que os ingleses (COATS) se instalassem no Rio Grande
do Norte, através da compra da fazenda São Miguel, no município de Angicos-RN, que
hoje é o município de Fernando Pedroza. O grupo instalou uma usina de
beneficiamento de algodão, além de cultivar algodão de fibra selecionada, fornecer
sementes selecionadas aos produtores da região, e comprar o algodão pelo preço
melhor que o do mercado.
Nas décadas de cinqüenta e sessenta a indústria têxtil estadual, com ênfase na
indústria de confecção, tomou um novo alento com a instalação de fábricas financiadas
pela SUDENE, tendo como objetivo o desenvolvimento regional e aproveitamento da
mão-de-obra local.
Entretanto, na década de oitenta houve um declínio neste setor devido ao alto
custo do algodão, falta de investimento e políticas de comércio externo praticadas na
década de 70. A herança deixada para a década de oitenta inclui modificações
profundas na estrutura tarifária brasileira, resultando na redução de impostos de
exportação para o algodão, cuja alíquota de 55%, em 86, cai para 10% em 1988, e zero
a partir de 1990, seguindo o rastro de outros produtos primários têxteis, como a lã
bruta, a seda, o rami, o linho a juta e o sisal, PESSOA, e outros, 1997.
Porém, devido a sua tradição na área têxtil, o Rio Grande do Norte ressurge no
final da década de noventa como um dos principais pólos têxteis do Nordeste, em
conseqüência da profunda reestruturação que o setor sofre no país. Algumas indústrias
locais que se encontravam paralisadas foram reativadas e ampliadas, e várias
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27
indústrias nacionais instalaram suas fábricas no Estado. Essas indústrias foram atraídas
pelo Programa de Apoio ao Desenvolvimento Industrial –PROADI, que garante
incentivos fiscais para as empresas que se instalarem no Rio Grande do Norte. Um
outro atrativo para a instalação dessas indústrias é a presença de gás natural
abundante e barato no Estado. As indústrias instaladas e em instalação são do setor de
tecelagem, tinturaria de malhas, confecções, zíppers, fiação e roupas industriais,
INVESTIRN, 1997.
Ainda como parte do panorama têxtil do RN, pode ser citada a existência de
micro, pequenas e médias empresas, muitas das quais trabalham em regime de
terceirização. Na maioria são empresas de confecção informais.
Assim desenvolveu-se o processo de industrialização do setor têxtil do Estado do
Rio Grande do Norte, que hoje conta com uma das fábricas mais modernas da América
Latina. A indústria têxtil do RN também tornou-se um dos maiores empregadores do
Estado.
Devido a sua tradição e importância para a economia do Estado, surgiu a
necessidade de realizar um estudo mais detalhado sobre este ramo de atividade
industrial com o objetivo de investigar e sistematizar um conjunto de informações que
permita melhor compreendê-lo. Na realidade, este é um dos setores de atividade
econômica mais importantes do Estado e que criou uma tradição e referência regional e
nacional no cenário industrial do Brasil.
O estudo acima referido pretende, também, apresentar um quadro de
informações e análises úteis tanto à compreensão de determinado setor industrial para
fins de pesquisa, quanto para formulação de políticas industriais ou tomada de decisão
de investimentos privados.
A importância econômica da indústria têxtil remonta à meados do século XIX e
deriva da combinação da existência de demanda interna por seus produtos e do
sucesso das inovações introduzidas no processo produtivo, que levaram à
mecanização da produção e à conseqüente elevação da produtividade. As mudanças
ocorridas na indústria têxtil nos últimos cinco anos podem ser consideradas como
evoluções em lugar de revoluções, como foi na época da Revolução Industrial. Novas
tecnologias estão sendo empregadas que visam melhorar os padrões de qualidade e
produtividade para atender as demandas do mercado.
As indústrias têxteis estão presentes em todas as nações do mundo, seja qual
for o seu estado de industrialização, assumindo importância estratégica nas economias
em desenvolvimento, pois, ao mesmo tempo que apresentam grande capacidade de
absorção de mão-de-obra, não exigem investimentos fixos tão vultuosos quanto os da
indústria de tecnologia de Ponta, adaptando-se assim às disposições dos fatores
dessas economias, ou seja, trabalho abundante e capital escasso. Além disso,
propiciam o aproveitamento das matérias-primas nacionais, RIBEIRO, 1984.
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28
Dentre as industrias de peso na economia brasileira, a indústria têxtil ocupa um
lugar privilegiado, sendo um dos grandes empregadores. A indústria têxtil, sempre teve
nos mercados externos importante fonte de demanda para sua produção. As matérias
primas usadas eram, basicamente, fibras naturais, como algodão, linho, lã, etc. O
algodão predominou na produção mundial, e mantém essa posição até os dias atuais.
Entretanto das últimas décadas tem crescido a produção e utilização das fibras
manufaturadas, como poliéster, náilon, acrílico, elastano, e outras. As técnicas básicas
de fabricação de fio e tecido têm sido, praticamente, as mesmas desde o início da
Revolução Industrial.
[Obs.: de 3.1 até o final deste capítulo foi retirado da Dissertação de Mestrado do
Nicodemos Fernandes de Araújo, que foi orientando do autor desta apostila. Para
maiores informações, consultar a citada dissertação.]
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29
4.0 ALGODÃO – A SUA POSIÇÃO E PROGRESSO NO MERCADO
MUNDIAL
Como a principal matéria prima parra a industria têxtil, a situação atual do
algodão e as perspectivas futuras estão intimamente ligadas às tendências de oferta e
demanda na Europa e no mundo inteiro. Os assuntos complexos que deveriam ser
interpretados, entendidos, e tratados com relação à sobrevivência da indústria têxtil
num mundo altamente dinâmico e competitivo são decisivos não só para o futuro do
fabricante têxtil mas também para o algodão.
O algodão que tem sido como uma fibra têxtil por mais de 5000 anos, há
cinqüenta correspondia a 85% do consumo mundial das principais fibras. Mas, nas
duas décadas após a 2a
guerra mundial, a posição de monopólio do algodão foi
quebrado pelo desenvolvimento e introdução subseqüente no mercado, de uma série
de fibras manufaturadas, principalmente sintéticas. Nos meadas de 1960, a participação
do principalmente fibras sintéticas. Nos meados de 1960, a participação do algodão no
consumo das fibras pelas industrias caiu para 60%. A participação da lã baixou para
8%. Enquanto as fibras manufaturadas, capturou 30% do consumo total de fibras.
Para entender a performance do algodão no mercado de hoje, e seu potencial no
futuro vem, é necessário observar os progressos alcançados desde 1967.
Um estudo de pesquisa do mercado para determinar a imagem do algodão foi
realizado. Os consumidores estão conscientes em relação às propriedades da fibra que
incluem um alto grau de absorção, não causa irritabilidade na pele, é atóxico, de fácil
lavagem, assegura a manutenção de cores vivas, quando tingido, e alta versatilidade.
Mas, estas propriedades não são suficientes para que os consumidores se convencem
a dar preferência a compra de produtos de algodão. Ao fazerem uma comparação entre
os tecidos de algodão e os sintéticos os seguintes aspectos são observados: o algodão
precisa ser passado a passar ferro, necessita de muito tempo para secar, amarrota-se
mais facilmente, possui pouco lustre e, ultimamente, não tem sido um tecido da moda.
Mas as pesquisas de mercado apontam para uma mudança positiva da opinião
dos consumidores sobre as atitudes com relação ao algodão e os seus produtos. Os
consumidores na Europa e Japão passaram a descrever o algodão como um material
confortável e moderno e apropriado para a vida moderna; além de muito bom para
liderar as tendências da moda. Tal mudança de atitude ajudou enormemente a
aceitação destes produtos e as vendas dos produtos de 100% algodão.
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30
4.1 Fatores Econômicos e Estéticos
1. Fatores de aparência
2. Fatores de durabilidade
3. Fatores de conforto
4. Fatores econômicos.
4.2 Fatores que Governam a Produção da Fibra
Aparência Algodão Fibras sintéticas
F Ñ I F Ñ I
Mudança da cor X X
Retenção das dobras X X
Caimento X X
Toque X X
Lustre X X
Pilling X X
Versatilidade X X
Resistência ao amarrotamento X X
X
F – Favorável; Ñ – não favorável; I - irrelevante
O Mercado
(influenciando o
consumidor)
Pesquisa do meercado
Pesquisa técnica e
desenvolvimento
Novos produtos e processos
Desenvolvimento do mercado:
- produção
- serviços comerciais
- relações públicas
Melhorando o perfil da imagem
do algodão e introdução de
produtos novos de moda
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31
Durabilidade Algodão Fibras sintéticas
F Ñ I F Ñ I
Resistência a abrasão X X
Ataque biológico X X
Degradação por cloro X X
Degradação por chama X X ou X
Passar ferro X X
Degradação – lavagem X X
Degradação – luz X X
Degradação – perspiração X X
Resistência ao rasgo X X
Resistência tensil X
F – Favorável; Ñ – não favorável; I - irrelevante
Conforto Algodão Fibras sintéticas
F Ñ I F Ñ I
Permeabilidade do ar X X
Cobertura X X
Elasticidade X X
Propensão eletrostática X X
Absorção da umidade X X
Irritação da pele X X
Transmissão térmica X X
Espessura X X
Transmissão do vapor da água X X
Peso X X
F – Favorável; Ñ – não favorável; I - irrelevante
Durabilidade Algodão Fibras sintéticas
F Ñ I F Ñ I
Melhoramento da propaganda X X
Pesquisa agricultura X X
Automação X X
Mudanças climáticas X ou X X
Demanda do consumidor X X
Alto custo de mão-de-obra X X
Diminuição dos recursos naturais X X X X
Novos métodos de produção da fibra X X
Novas industrias sintéticas nacionais X X
Novos recursos de óleo X X
Novas tecnologias X X X
Aumento do peso do óleo X
Manipulação política X X
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32
Aumento da população X X
Aumento do custo de transporte X X
Armazenagem X X
Guerra X X X
F – Favorável; Ñ – não favorável; I - irrelevante
4.3 Produção, Consumo, Estoque e Preços de Algodão.
Ano1
1994/1995 1995/1996 1996/1997 1997/1998 1998/1999
PRODUÇÃO (milhões
de toneladas)
Mundial 18,7 20,2 19,5 19,7 18,5
China
EUA
Índia
Paquistão
4,3
4,3
2,4
1,5
4,8
3,9
2,7
1,9
4,2
4,1
3,0
1,5
4,3
4,1
2,7
1,5
4,2
3,8
2,7
1,5
CONSUMO
Mundial
China
Índia
EUA
Paquistão
4,3
2,3
2,4
1,5
4,3
2,5
2,3
1,6
4,6
2,8
2,4
1,5
4,7
2,8
2,5
1,5
4,7
2,9
2,5
1,5
ESTOQUE2
7,6 9,2 9,7 10,4 10,1
PREÇOS3
92,8 85,6 78,6 72,0 75,0
Nota: 1. Estação 1 de agosto – 31 de julho
2. Final da estação
3. Índice Cotlook, centavos de US$/lb.
4.4 Produção, Consumo, Estoque e Preços da Lã.
Ano1
1994/1995 1995/1996 1996/1997 1997/1998 1998/199
9
PRODUÇÃO (mil
toneladas)
Mundial 1.556 1.484 1.456 1.467 1.482
Austrália
Nova Zelândia
China
ESSR
473
213
128
157
452
199
139
124
442
200
152
100
442
200
152
100
460
202
155
100
CONSUMO
Mundial
China
Comunidade Européia
439
418
409
395
410
400
420
402
420
405
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Japão
EUA
90
65
71
57
75
55
73
60
70
60
ESTOQUE2
342 258 185 125 75
PREÇOS3
788 619 614 660 680
Nota: 1. Estação 1 de agosto – 31 de julho
4. Final da estação
5. Índice Cotlook, centavos de US$/lb.
5.0 CLASSIFICAÇÃO
A maioria dos vegetais existente no universo tem sido classificados em grupos
naturais. O reino vegetal, em geral, está classificado em divisões. As divisões em
classes, as classes em ordens, as ordens em famílias e as famílias em gêneros, os
gêneros em espécies e com frequência as espécies em sub-espécies, variedades
botânicas ou raças. Algumas vezes estas categorias poderão ser novamente
classificadas, originando as tribos [PASSOS, p. 372 - 373, 1977].
Primitivamente, [Linneo, A.:1753], estudou o algodoeiro, usando plantas
cultivadas e a ele é atribuída a identificação e descrição de 5 a 6 espécies. Em seguida
vários outros estudiosos se dedicaram à classificação do algodão, daí o tipo de algodão
do gênero Gossypium L., sendo este “L” é usado para designar o autor da identificação,
no caso, [ Linneo, A:.1753].
5.1 PLANTIO E COLHEITA
Os diversos tipos de algodão vão perdendo suas propriedades quando são
plantadas repetidas vezes. Por isso é necessário nova escolha e cruzamento de tipos
sempre renovados [PASSOS, p. 334 - 337, 1977].
O algodão cresce, principalmente, em zonas costeiras das regiões tropicais. Para
o plantio, que pode ser feito em grandes extensões, é apropriado solo argiloso e
arenoso. A época da semeadura depende do clima da zona onde se fará o plantio. No
Brasil, começa em dezembro e termina em março.
Na semeadura, principalmente à base de máquinas, os grãos são depositados a
uma profundidade de 5 a 10 cm do solo. Quando se utiliza o sistema de irrigação
artificial, ou quando há maiores precipitações pluviométricas, abrem-se sulcos no solo e
as sementes são lançadas nas paredes dos sulcos. Dependendo da zona, os brotos
devem ser protegidos contra o vento e neste caso a semeadura é feita no fundo dos
sulcos, [PASSOS, 204 – 211, 1977].
Aproximadamente 40 dias depois do arbusto atingir sua altura máxima (cerca de
1,20 m), desenvolve-se, então, flores com cores diferentes, desde o amarelo-claro até a
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34
cor de rosa. A floração ocorre num período de 100 a 140 dias. Após a floração o ovário
da planta se transforma numa cápsula que com a maturação rebenta e as fibras saem
brotando, chegando então o momento da colheita[PASSOS, p. 372 - 381, 1977].
O algodão pode ser colhido manualmente (dividindo-se em etapas de pré-
colheita, colheita principal e pós-colheita), ou mecanicamente, através de máquinas,
chamadas colheitadeiras, [GRID-PAPP...(et al), p. 105 –112, 1992].
Após a colheita, as plantas deverão ser destruídas pelo arado, embora os
arbustos tenham duração de vários anos, pois nova semeadura a cada ano garante
resultados melhores. Além disso é mais fácil fazer a colheita em arbustos pequenos de
um ano e de altura uniforme.
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35
5.1.1 TIPOS DE COLHEITAS, VANTAGENS e DESVANTAGENS [PASSOS,
1997]
Tipo de
Colheita
Execução Vantagens Desvantagens
MANUAL
Deve ser feita várias vezes
devido à diferença de
maturação dos capulhos.
Qualidade, uniforme,
alto grau de pureza das
fibras.
Exige maior
número de
empregados (mão-
de-obra).
Emprego de colheitadeira de
fusos com ancinhos ou
colheitadeira à vácuo com
aspiração.
Economia de mão-de-
obra.
As fibras ficam
sujas por pedaços
de folhas e
capulhos.
MECÂNICA
Colheitadeiras de fuso:
A colheita é feita num único
processo no momento em
que as maiores parte dos
capulhos estão maduros.
Possibilidade de se
construir uma máquina
eficiente.
Única colheita,
permitindo que se
apanhem fibras que
se encontram em
diferentes fases de
amadurecimento.
Colheitadeira à vácuo:
Colheita feita na época do
amadurecimento.
Possibilita a colheita de
fibras que estão
maduras naquela
ocasião.
Dificuldades para
construir uma
máquina perfeita.
5.2 TIPOS COMERCIAIS
A classificação do algodão nos tipos comerciais é feita conforme a cor,
características físicas (resistência, finura, maturidade, etc.), grau de limpeza e
comprimento das fibras. O tipo é determinado, principalmente, pala quantidade de
folhas e outras impurezas vegetais existentes nas fibras [GRID-PAPP.(et al), 1992].
Elas influenciam a quantidade de resíduos durante o processamento, tabela 5.1.
Tabela 5.1 - Produção de Algodão por Região no Brasil, [CONAB-BM&F,
1996]
Brasil: Produção de algodão em pluma por região (em 1000 ton.)
Anos Centro-sul (meridional) Norte-Nordeste (setentrional) Brasil Total
Toneladas % Toneladas %
1930 8 8 87 92 095
1940 327 70 142 30 469
1950 325 60 158 40 393
1950 268 59 184 41 452
1960 505 87 75 13 580
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36
1080 450 79 122 21 572
1990 621 93 45 7 666
1995 482 85 83 15 565
O algodão é negociado na Bolsa de Mercadoria, ou seja, em centro onde os
negociantes se encontram, em determinados períodos, para negociar o algodão ou
outros produtos, de acordo com regras preestabelecidas [GRID-PAPP...(et al), 1992].
O algodão é apresentado apenas em amostras, pois a sua qualidade está
padronizada. Existem Bolsas de Algodão principalmente nos grandes portos de
exportação e importação de algodão, como Nova Iorque (EUA), centro do comércio de
algodão em Nova Orleans (EUA), Londres (Inglaterra), Havre (França), Bremen
(Alemanha), Trieste (Itália), Alexandria (Egito), Osaka (Japão). Países exportadores de
algodão em tempos de globalização da economia são, EUA, Rússia, Índia, Paquistão e
Argentina, [GRID-PAPP...(et al), 1992].
2.7 CLASSIFICAÇÃO DO ALGODÃO NO BRASIL
A classificação comercial do algodão no Brasil segue normas estabelecidas pelo
Ministério da Agricultura, através de Leis e Decretos específicos O padrão atual é
estabelecido conforme a Lei 6.305, de 15 de dezembro de 1975, e pelo Decreto n0
82.110, de 14 de agosto de 1978. Segundo as mesmas, o algodão compreende (duas)
divisões, denominadas como vemos a seguir: a primeira compreende os algodões
“Mocó” e “Seridó”, e a segunda compreende “outras espécies e variedades comerciais”,
cada uma com 5 (cinco) tipos de algodão em caroço, (1-3-5-7 e 9) e 9 (nove) tipos de
algodão em pluma (1 a 9), sendo admitidos para a região Centro-Sul os tipos
intermediários 4/5; 5/6; 6/7 e 7/8. Isso permitiu não apenas uma melhor classificação e
comercialização do produto, inclusive para utilização nas operações de financiamento
(preços mínimos), como também para controle da fiscalização cambial[GRID-PAPP...(et
al), 1992].
Permitiu, também, com as ressalvas naturais decorrentes das operações de
descaroçamento, que se formulassem equivalências bastante aproximadas entre o
algodão em caroço e o algodão em pluma, conforme mostrado na tabela 5.2:
Tabela 5.2 - Classificação do Algodão Brasileiro:
Tipo em caroço Tipo em pluma
1
1 ou superior 2
3
3 ou bom 4
4/5
5 ou regular 5
5/6
7 ou sofrível 6
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37
6/7
7
9 ou inferior 8
9
Como não existem cotações senão aquelas estabelecidas para os
financiamentos garantidos pela legislação dos preços mínimos para o algodão em
caroço, essa equivalência é bem aceita pelas partes, lavradores e maquinistas, e pelas
cooperativas, na fixação de pontos para recebimento e prestação de contas.
[Obs.: Este capítulo foi retirado da Dissertação de Mestrado do Moisés Vieira de Melo,
que foi orientando do autor desta apostila. Para maiores informações, consultar a citada
dissertação.]
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38
6.0 FLUXOGRAMAS DOS PROCESSOS INDÚSTRIAIS TÊXTEIS
6.1 Produção do Fio Retorcido Penteado
ENROLADEIRA
FILATÓRIO A ANEL
SALA DE
ABERTURA
CARDA
PASSADOR 1a PASSAGEM
PASSADOR 2a PASSAGEM
MAÇAROQUEIRA
BINADEIRA
RETORCEDEIRA
FIO RETORCIDO PENTEADO
PENTEADEIRA
LAMINADEIRA
REUNIDEIRA
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6.2 PRODUÇÃO DO FIO CARDADO-PENTEADO
FIAÇÃO - FIO CARDADO E FIO PENTEADO
FIO CARDADO
SALA DE
ABERTURA
CARDA
PASSADOR
1a PASSAGEM
PASSADOR
2a PASSAGEM
MAÇAROQUEIRA
FILATÓRIO A
ANEL
PENTEADEIRA
LAMINADEIRA
REUNIDEIRA
FIO PENTEADO
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40
6.3 PRODUÇÃO DE FIBRAS MISTAS POLIÉSTER-ALGODÃO -
SISTEMA CARDADO
FIAÇÃO MISTURA DE FIBRAS
O sistema cardado é mais comumente
usado para fios finos abaixo de 30Ne.
POLIÉSTER
MAÇAROQUEIRA
FILATÓRIO A
ANEL
SALA DE
ABERTURA
CARDA
PASSADOR
1a PASSAGEM
PASSADOR
2a PASSAGEM
CARDA
SALA DE
ABERTURA
ALGODÃO
SISTEMA CARDADO
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41
6.4 PRODUÇÃO DE FIBRAS MISTAS POLIÉSTER-ALGODÃO –
SISTEMA PENTEADO
FIAÇÃO MISTURA DE FIBRAS
O sistema penteado é mais comumente usado
para fios finos acima de 30Ne.
POLIÉSTER
MAÇAROQUEIRA
FILATÓRIO A
ANEL
SALA DE
ABERTURA
CARDA
PASSADOR
1a PASSAGEM
PASSADOR
2a PASSAGEM
CARDA
SALA DE
ABERTURA
ALGODÃO
SISTEMA PENTEADO
PENTEAGEM
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42
6.5 PRODUÇÃO DE FIBRAS MISTAS POLIÉSTER - RAION VISCOSE –
SISTEMA CARDADO - MISTURA NO PASSADOR
POLIÉSTER
MAÇAROQUEIRA
FILATÓRIO A
ANEL
SALA DE
ABERTURA
CARDA
PASSADOR 1a PASSAGEM
CARDA
SALA DE
ABERTURA
RÁION VISCOSE
PASSADOR 2a PASSAGEM
PASSADOR 3a PASSAGEM
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43
6.6 PRODUÇÃO DE FIBRAS MISTAS POLIÉSTER - RÁION VISCOSE –
SISTEMA CARDADO - MISTURA NO PASSADOR
POLIÉSTER
MAÇAROQUEIRA
FILATÓRIO A
ANEL
SALA DE
ABERTURA
CARDA
PASSADOR 1a PASSAGEM
CARDA
SALA DE
ABERTURA
RÁION VISCOSE
PASSADOR 2a PASSAGEM
PASSADOR 3a PASSAGEM
PASSADOR
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44
6.7 FIAÇÃO OPEN-END NA PRODUÇÃO DO FIO
SALA DE ABERTURA
CARDA
PASSADOR
1a PASSAGEM
PASSADOR
2a PASSAGEM
OPEN-END
FIAÇÃO OPEN-END
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45
6.8 PRODUÇÃO DO FIO RETORCIDO CARDADO.
ENROLADEIRA
FILATÓRIO A ANEL
SALA DE
ABERTURA
CARDA
PASSADOR 1a PASSAGEM
PASSADOR 2a PASSAGEM
MAÇAROQUEIRA
ENROLADEIRA
RETORCEDEIRA
FIO RETORCIDO CARDADO
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46
6.9 DIVERSOS TIPOS DE FIO
ENROLADEIRA
FILATÓRIO A ANEL
FIO
FILAMENTO
CONTÍNUO
BINADEIRA
RETORCEDEIRA
FIO DIVERSOS
FIO CARDADO
FIBRAS CURTAS
(DESCONTÍNUAS)
FIO PENTEADO
FIO SINGELO FIO RETORCIDO
FIO REGULAR FIO ESPECIAL
ALTO VOLUME
("HIGH BULK")
FIO FANTASIA
FIO RETORCIDO
FIO
MULTIFILAMENTO
FIO
MONOFILAMENTO
FIO FANTASIA FIO TEXTURIZADO
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47
6.10
FUSO
CONE OU QUEIJO
CONICALEIRA
EMBALAGEM DO
FIAÇÃO A ROTOR
OU FRICÇÃO ETC.
BOBINA DE
FILAMENTO
CONTÍNUO
ESPULAGEM
(TEAR COM
LANÇADEIRA)
TEAR SEM
LANÇADEIRA
TRAMA
URDISAGEM
MALHA DE URDUME
E
LIGAÇÃO POR COSTURA
"STITCH BONDING"
URDISAGEM
REMETEÇÃO
URDUME
REMETEÇÃO
MALHA DE
TRAMATECELAGEM
SEQUÊNCIAS DOS PROCESSOS DA PREPARAÇÃO DO FIO COM
RELAÇÃO AO USO ESPECÍFICO
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48
6.11
FLUXOGRAMA DE BENEFICIAMENTO DE TECIDOS DE 100% POLIÉSTER
TECIDO CRU DESENGOMAGEM
FIXAÇÃO
SECAGEM
TINGIMENTO ALVEJAMENTO
SECAGEM
CHAMUSCAGEM
POLIMERIZAÇÃO
LAVAGEMSECAGEM
RESINAGEM
ESTAMPAGEM
CALANDRAGEM
TECIDO
ACABADO
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49
6.12
FLUXOGRAMA DE BENEFICIAMENTO DE TECIDOS PUROS E
MISTOS DE ALGODÃO E POLIÉSTER
TECIDO CRU NAVALHAGEM
CHAMUSCAGEM
ALVEJAMENTODESENGOMAGEMMERCERIZAÇÃO
TINGIMENTO RESINAGEMALVEJAMENTO
ESTAMPAGEM
SECAGEMEXTRAÇÃO
DE ÁGUA
SECAGEM
SECAGEM
POLIMERIZAÇÃO
LAVAGEMSECAGEM
TECIDO ACABADO
SANFORIZAÇÃO CALANDRAGEM
FLUXOGRAMA DE BENEFICIAMENTO DE TECIDOS DE 100% ALGODÃO
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50
6.13
MALHA CRUA
BENEFICIAMENTO DAS MALHAS 100% ALGODÃO
COZINHAMENTO
ABERTURA
EXTRAÇÃO DE
ÁGUA
SECAGEM
CALANDRAGEM
MALHA
ACABADA
DESENGOMAGEM ALVEJAMENTO
TINGIMENTO
AMACIAMENTO
CORTE E
ABERTURA
RESINAGEM
DECATIZAGEM
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51
6.14 BENEFICIAMENTO - MALHA
MALHA CRUA ABERTURA FIXAÇÃO PRÉ-FIXAÇÃO
DESENGOMAGEM
ALVEJAMENTO TINGIMENTO ALVEJAMENTO TINGIMENTO
EXTRAÇÃO DE
ÁGUA
EXTRAÇÃO DE
ÁGUA
SECAGEM
SECAGEM
ACABAMENTO
CORTE E
ABERTURA
ACABAMENTO E
TEERMOFIXAÇÃO
CALANDRAGEM
MALHA
ACABADA
DECATIZAGEM
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52
6.15 CLASSIFICAÇÃO DAS FIBRAS TÊXTEIS
Classificação das Fibras Têxteis
Natural
Manufaturados
animal vegetal mineral
(amianto)
semente
algodão
kapok
coco
folhacaule
linho
hemp
juta
kenaf
ramie
etc.
abaca ou
manila
henequen
phormium
tenax
sisal
etc.
seda lã
(carneiro)
polímero sintético
pelo
alpaca, camelo, vaca,
bode (mohaircashmere),
cavalo, coelho (ângora),
vicuña, etc.
borracha(FTC)
(elastodieno)
outros
(carbobno, vidro, metal,
cerâmica)
polímero natural
animal
(caseína)
vegetal
(arachin,
zein)
alginato
éster de
celulose
celulose
regenerada
(ráion(FTC))
proteína
regnerada
(azlon(FTC))
cupro
(cupra(FTC)
acetato
deacetilado
viscose modal
ureia de
polimetileno
(policarbamida)
poliolefina
(olefina(FTC) derivados de
polivinilo
poliuretano poliamida ounáilon aramid poliéster poliisopreno
sintético
polietileno polipropileno
poliuretano não
segmentado
poliuretano segmentado
(elastano, spandex (FTC),
lycra)
lastrile(FTC) vinilal
poli (alcool
vinilo), vinal
acríliconovoloid(FTC)
trivinilofluorofibraanidex(FTC) modacrílico nytril clorofibra
poliestireno
poli(cloreto de vinilideno)
(saran(FTC))
poli(cloreto de vinilo)
(vinyon (FTC))
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53
7. COTONICULTURA BRASILEIRA – PROBLEMAS E SOLUÇÕES
(TRABALHO APRESENTADO PELA ABIT EM MARÇO DE 1997)
1. Os graves problemas do setor:
i. Drástica redução da produção brasileira de algodão nos últimos anos;
ii. Impacto negativo na competitividade da indústria têxtil nacional
iii. Impacto negativo na balança comercial do país.
2. Identificação das verdadeiras causas da queda da produção de algodão:
i. Custo;
ii. Produtividade
3. Comprovação de que a produção de algodão no Brasil pode ser um bom
negócio:
i. Grande potencial de ganho de produtividade;
ii. Redução de custo com uso de tecnologia;
iii. Crescimento de lavouras modernas na região Centro - Oeste.
4. Proposta de uma solução eficaz para o algodão brasileiro:
i. Transformação do algodão em um bom negócio;
ii. Produção e comercialização sob responsabilidade da iniciativa privada;
iii. Incentivo inicial do Governo para quebrar a tendência de queda da
produção.
7.1 INDÚSTRIA TÊXTIL NACIONAL:
i. 80% das fibras utilizadas nas fiações brasileiras;
ii. 65% dos fios utilizadas nas tecelagens brasileiras;
iii. 70% consumo brasileiro de fibras têxteis.
iv.
7.2 A PRODUÇÃO NACIONAL DE ALGODÃO
Ver Figura 3.26
7.3 PRODUÇÃO E CONSUMO DAS GRANDES POTÊNCIAIS TÊXTEIS MUNDIAIS
DE ALGODÃO
País Produção (toneladas) Consumo (toneladas)
China 4,341 4,240
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54
Estados Unidos 4,281 2,437
Índia 2,380 2,243
Paquistão 1,479 1,575
Turquia 628 800
Brasil 300 858
Egito 254 270
7.4 A PERDA DE COMPETITIVIDADE E AS SUAS CONSEQUÊNCIAS:
I. A cadeia têxtil é o maior empregador industrial do país – 3 milhões de
trabalhadores;
II. A produção têxtil nacional atinge US$17 bilhões – 2% do PIB ou 6% do
PIB industrial;
III. As exportações do setor geram US$ 1,5 bilhões por ano;
IV. Grandes investimentos do modernização e ampliação do parque industrial
têm sido feitos;
i. US$ 5 bilhões entre 1990 e 1995;
ii. US$ 12 bilhões poderão ser investidos entre 1996 e 2005.
RESULTADOS NEGATIVOS:
1. Déficit para 1997 é de 600 mil toneladas de algodão, ou US$ 1,0 bilhão;
2. Em 1997, consumo de 900 mil toneladas, ou US$ 1,5 bilhão;
3. Produção de 300 mil toneladas, ou US$ 0,5 bilhão
4. Estimado para 2005, consumo de 1.500 toneladas ou US$ 2,5 bilhões.
CONDIÇÕES FAVORÁVEIS:
1. Condições naturais do Brasil são extremamente favoráveis ao cultivo
competitivo do algodão;
2. Geração potencial de 400 mil empregos qualificados (base de 0,32
trabalhadores por hectare)
AS VERDADEIRAS CAUSAS DO PROBLEMA:
1. As causas da queda de produção são:
i. Alto custo de produção;
ii. Baixa produtividade;
iii. Insuficiência de financiamento;
iv. Qualidade irregular do produto nacional;
v. Ausência de garantia de preço mínimo ao produtor;
vi. Incidência de tributos sobre a exportação de algodão, no passado;
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55
CONSEQUÊNCIAS:
1. A falta do algodão resultou na importação;
2. A importação não causou diretamente a queda da produção
7.5 A IMPORTAÇÃO EXPORTAÇÃO E TARÍFA DO ALGODÃO:
Ver Figura 3.27 página 25
7.6 PRODUTIVIDADE MÉDIA MUNDIAL (KG/HA)
Ver Figura 3.28 página 25
7.7. O CUSTO DE PRODUÇÃO PODE SER REDUZIDO COM O USO
ADEQUAÇÃO DE TECNOLOGIA
Preço de mercado – R$ 0,73
Alta Tecnologia 1.000 kg
fibra/ha, colheita mecanizada
R$/lb
Baixa Tecnologia, 400kg
fibra/há, colheita manual
R$/lb
Insumos 0,11 0,12
Herbicidas 0,007 0,011
Inseticidas 0,04 0,05
Regulador de crescimento 0,02 0,04
Preparador de Solo e Plantio 0,06 0,19
Tratos culturais 0,08 0,25
Colheita 0,05 0,02
Outros custos 0,06 0,04
Despesas Administrativas 0,01 0,02
Funrural 0,437 0,741
Fonte: Fundação Mato Grosso, Coceal.
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56
7.8 LAVOURAS MODERNAS E EFICIENTES DO CENTRO – OESTE
PARANA (PR)
MATOGROSSO DO SUL (MS)
SÃO PAULO (SP)
MINAS GERAIS (MG)
GOIAIS (GO)
MATOGROSSO (MT)
7.10 COMPARAÇÃO DA LUCRATIVIDADE DE ALGODÃO DAS LAVORAS
MODERNAS DO CENTRO – OSETE COM SOJA
Maior rentabilidade da cultura eficiente do algodão em relação à soja (R$/HÁ)
Algodão Soja
Receita bruta 1.710 570
Custos totais 1.000 380
Lucro 710 190
Fonte: Fundação Mato Grosso
7.11 EMPRESAS BRASILEIRAS COM BOAS TÉCNICAS E BAIXO CUSTO DE
PRODUÇÃO DE ALGODÃO:
1. Grupo Maeda (São Paulo e Goiás)
2. Grupo Tadashi (São Paulo e Mato Grosso)
3. Grupo Maggi (Mato Grosso)
4. Grupo Sachetti (Mato Grosso)
5. Outros
PROPOSTAS DE MELHORIA DA INDÚSTRIA TÊXTIL - INTRODUÇÃO DE
TECNOLOGIA INTERNACIONAL COM INVESTIMENTO DO ESTADO E DO
SETOR PRIVADO, NO DESENVOLVIMENTO DE SEMENTES NACIONAIS:
1. Importação de tecnologia e “know - how”, do mundo algodoeiro com
convênios internacionais e sementes híbridas;
i. Resolve o problema brasileiro de defasagem genética, e serve de
indutor para o desenvolvimento de novas variedades nacionais;
ii. Expande a oferta de sementes geneticamente avançadas para
todos os produtores nacionais;
iii. Elimina o risco fitossanitário de importações ilegais.
2. Fundo privado de financiamento para pesquisa de sementes e tecnologia;
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57
i. Proposta de pagamento de tarifas de US$0,50 por fardo de algodão
importado e US$ 0,30 por fardo de algodão nacional, pelas
indústrias;
ii. Contribuição seria cobrada pela ABIT, baseada em dados
publicados.
3. Fundo privado de financiamento para pesquisa de sementes e tecnologia:
i. O fundo seria gerado pela indústria têxtil e aplicado em instituições
de pesquisa:
IAC; EMBRAPA; IAPAR; FUNDAÇÃO MATO GROSSO;
COODETEC; ETC.
Premiando a qualidade, e eficiência das instituições pela produção
de qualidade, alta produção, sementes resistentes às praga e doenças,
redução do uso de químicos –tóxicos e meios de preservação do meio
ambiente
4. Linhas especiais de crédito para financiamento com inclusão de despesas
de impostos, transportes, instalação do equipamento na propriedade do
agricultor:
i. Linha especial de financiamento do BNDES, para
Aquisição de colheitadeiras
descaroçadeiras
outras máquinas agrícolas
para produtor e beneficiador.
ii. garantia das empresas têxteis, que avalizariam a compra dos
equipamentos contra entrega futura de algodão pelos produtores.
iii. Maior flexibilidade do Banco do Brasil para emissão do CPR pelo
produtor e redução do custo do aval;
iv. Desoneração dos impostos pelo prazo de 5 anos: INSS (ex –
Funrural), PIS e CONFINS, também para vendas nacionais;
v. Elevação do limite de crédito para R$30.000,00 para produtor de
algodão – PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da
Agricultura Familiar)
vi. Criação de um mercado futuro de algodão no Mercosul pela BM&F,
coordenando as demais de bolsas, instituindo cláusulas
possibilitando a liquidação física das mercadorias.
5. O papel do Governo Federal: desempenhar papel de facilitador para gerar
o impulso inicial e criar a confiança necessária para a recuperação do
setor;
i. Deve-se evitar aquisições diretas do governo;
ii. Deve ser baseado nos preços do mercado internacional;
iii. Deve financiar também os pequenos empreendedores;
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58
iv. Deve Ter tratamento especial para q Região Nordeste.
6. A garantia de um preço base ao agricultor teria custo inferior aos valores
de déficit na balança comercial e seria vista como investimento do
Governo para gerar empregos e recuperaria a Sociedade Rural:
i. Garantia do preço base ao produtor – O Governo pagaria diferença
entre preço médio de mercado e preço base garantido, caso o
primeiro seja inferior;
ii. Se aplicar diferença máxima de US$ 0,10 /lb. Que representa 13%
do preço atual, consumiria inicialmente US$ 65 milhões anuais indo
a um máximo de US$170 milhões;
iii. Esse investimento do Governo somente seria necessário em
hipóteses remotas dos preços nacionais virem abaixo dos preços
internacionais.
RESULTADOS ESPERADOS;
1. Brasil terá condições de produzir algodão competitivamente no cenário
mundial;
2. Aproveitando todo o potencial econômico da atividade, o país rapidamente
transformará de importador o forte exportador de algodão;
3. A recuperação da economia algodoeira fortalecerá não só a atividade rural
do país, mas também sua indústria têxtil e a balança comercial.
8. DIMENSÕES DO FIO
8.1 Densidade linear, Título ou Número do Fio
O “título” de um fio é uma expressão numérica que define sua finura. Quando um
engenheiro tiver a necessidade de conhecer a finura de um arame - fio elétrico, (a finura
destes aproximando-se razoavelmente da finura de um fio), ele consulta a tabela de
valores padrão da bitola (gauges) do fio elétrico. Existem tabelas que fornecem
indicações com relação ao número da bitola que corresponde ao diâmetro do fio.
Alternativamente pela medição do diâmetro do fio com a ajuda do micrômetro, o valor
correspondente a bitola pode ser encontrado na Tabela 8.1.
A medição do diâmetro de um fio apresenta um problema diferente. Os fios
fiados são apenas ligeiramente circulares na seção transversal e a irregularidade na
espessura é inevitável. Os fios de filamento que recebem apenas uma pequena torção
são conhecidos como fios “achatados”, possivelmente porque achatam-se facilmente
quando em contato com outros corpos mais sólidos. Desde que a maioria dos fios é
relativamente macia e compressiva, o uso de micrômetro para medição de diâmetro
está fora de cogitação. Os métodos visuais podem ser usados.
A definição do título de um fio é dada pelo Instituto Têxtil: “Título – O número que
indica a massa por comprimento unitário ou comprimento por massa unitária do fio”.
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59
Nota: Vários sistemas de títulos, usando unidades diferentes de massa e
comprimentos são empregados e deste modo o sistema usado deve ser indicado.
8.2 SISTEMAS DIRETO E INDIRETO DE NUMERAÇÃO DO FIO:
A definição acima contém as frases “massa por comprimento unitário” e “
comprimento por massa unitária”, indicando que dois princípios básicos são
empregados. É preferível usar o termo “peso” em lugar de “massa”.
8.2.1 SISTEMA DIRETO:
No sistema direto, o número do fio ou título é a massa de um comprimento
unitário do fio. As unidades do peso e comprimento variam de comércio para comércio
e de um lugar para outro.
Podemos considerar uma fórmula geral para todos os sistemas diretos:
Seja N = o número do fio ou título
W = o peso da amostra no regain oficial nas unidades do sistema.
L = o comprimento da amostra e
l = o comprimento unitário do sistema
então
L
lW
N
⋅
⋅=⋅
Ex.: Uma meada de 100 m do filamento de raion viscose pesa 1,67 g, calcule o
seu denier.
No sistema denier: l = 9.000 metros
W = 1,67g
L = 100m
denierN ⋅⋅=⋅
⋅×⋅
⋅=⋅ 3,150
100
000.967,1
8.2.2 SISTEMA INDIRETO:
No sistema indireto, o número do fio ou título é o número de “unidades de
comprimento” por “peso unitário”. Aqui de novo, há várias unidades de comprimento e
peso e inúmeros sistemas.
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Introdução à Engenharia Têxtil

  • 1. INTRODUÇÃO A ENGENHARIA TÊXTIL Por Prof. Rasiah Ladchumananandasivam, PhD, CText FTI., FRSA. Professor Associado I, Centro de Tecnologia, UFRN, Natal-RN, Brasil. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA TÊXTIL CURSO DE ENGENHARIA TÊXTIL Natal, RN - Brasil. 2002. REVISADO E AMPLIADO 2006. NaO3S NH2 OH SO3Na OMe OMe N=NN=N SO3Na SO3Na OH NH2
  • 3. Introdução a Engenharia Têxtil Prof. Dr. Rasiah Ladchumananandasivam, PhD, CText FTI., FRSA ii Ficha catalográfica. PREFÁCIO A engenharia é uma aplicação de ciência e matemática pelos quais as propriedades da matéria e as fontes de energia na natureza são aproveitadas pelo homem nas estruturas, sistemas e processos (dicionário webster). O têxtil definido como sendo um tecido, especialmente produzido através dos processos de tecedura ou malharia e a fibra, filamento, ou fio usados na fabricação do tecido. Todavia, a publicação do Instituto Têxtil , “Textile Terms and Definitions”, amplia ainda mais esta definição, indicando que , os termos agora também são aplicados às fibras, filamentos, e fios, naturais ou manufaturados, e a maioria dos produtos quais são principais matérias-primas. Esta definição inclui, por exemplo, linhas, cordas, cordões, bordados, tecidos, malhas, nãotecidos, e ainda outras variedades de estruturas fibrosas. Ainda outras interpretações de têxtil para engenharia poderiam ser o desenho e fabricação de tecidos para vários usos industriais, como, transporte, filtro, para arquitetura, e para construções em geral. A variação no sentido pode ser ampliada ainda mais para englobar engenharia e têxtil, em têxtil, para têxtil, via têxtil, com têxtil, através de têxtil, isto no sentido de qualquer processo ou produto que tenha em sua composição qualquer tipo de material têxtil. A presente apostila mostra uma introdução dos aspectos da história da área têxtil, comparação e correlação com as outras engenharias, os diferentes setores têxteis, matérias primas, maquinaria, fluxograma dos processos e produtos. Este trabalho faz parte da série de apostilas preparadas pelo Prof. Dr. Rasiah Ladchumananandasivam como apoio às aulas ministradas no Curso de Engenharia Têxtil da Universidade Federal do Rio Grande do norte. Ladchumananandasivam, Rasiah, 2002 Introdução a Engenharia Têxtil
  • 4. Introdução a Engenharia Têxtil Prof. Dr. Rasiah Ladchumananandasivam, PhD, CText FTI., FRSA iii CONTEÚDO 1.0 Têxteis para Engenharia 1 1.1 Engenharia versus Disciplinas Tecnológicas 1 Industrias Associadas a Indústria Têxtil 2 1.2 As Conquistas de Engenharia na Indústria de Fibra/Têxtil 2 1.3 Engenharia dos Materiais e Engenharia Têxtil 3 1.4 Engenharias Industrial, de Manufatura e de Sistemas 4 2.0 Tecnologia do Futuro 4 2.1 Como Será o Acabamento Têxtil no Terceiro Milênio? 4 2.2 Tingimento sem Água 5 2.3 Potencial do Plasma 5 2.4 Biotecnologia 7 2.5 O Alvorecer da Era do Jato 8 3.0 A Industria Têxtil – O Desenvolvimento, o auge da Indústria de Algodão Inglesa e a sua Falência 9 3.1 Histórico da Indústria Têxtil 17 3.2 A Revolução Industrial 18 3.3 Do Século XIX ao Presente 18 3.4 Aplicação dos Métodos Científicos 19 3.5 A Indústria Moderna 19 3.6 Histórico da Indústria Têxtil no Brasil 21 3.6.1 As Verdadeiras Causas 26 3.7 Histórico da Indústria Têxtil no Rio Grande do Norte 26 4.0 Algodão – A sua Posição e Progresso no mercado Mundial 30 4.1 Fatores Econômicas e Estéticos 31 4.2 Fatores que Governam a Produção da Fibra 31 4.3 Produção, Consumo, Estoque e Preços de Algodão 33 4.4 Produção, Consumo, Estoque e Preços da Lã 33 5.0 Classificação 34 5.1 Plantio e Colheita 34 5.1.1 Tipos de Colheitas, Vantagens e Desvantagens 36 5.2 Tipos Comerciais 36 5.3 Classificação do Algodão no Brasil 37 6.0 Fluxograma dos Processos Industrias Têxteis 39 6.1 Produção do Fio Retorcido Penteado 39 6.2 Produção do Fio Cardado-Penteado 40 6.3 Produção de Fibras Mistas –- Poliéster - Algodão - Sistema Cardado 41 6.4 Produção de Fibras Mistas –– Poliéster – Algodão - Sistema Penteado 42 6.5 Produção de Fibras Mistas –- Poliéster – Algodão - Sistema Cardado – Mistura no Passador 43 6.6 Produção de Fibras Mistas –- Poliéster – Raion Viscose - Sistema Cardado – Mistura no Passador 44 6.7 Fiação Open-End na Produção do Fio 45 6.8 Produção do Fio Retorcido Cardado 46 6.9 Diversos Tipos de Fio 47 6.10 Seqüências dos Processos da Preparação do Fio com Relação ao Uso Específico 48 6.11 Fluxograma de Beneficiamento de Tecidos de 100% Poliéster 49 6.12 Fluxograma de Beneficiamento de Tecidos Puros e Mistos se Algodão e Poliéster 50 6.13 Beneficiamento das Malhas 100% Algodão 51 6.14 Beneficiamento – Malha 52 6.15 Classificação das Fibras Têxteis 53 7.0 Cotonicultura Brasileira – Problemas e Soluções 54 7.1 Indústria Têxtil Nacional 54 7.2 A Produção Nacional de Algodão 54 7.3 Produção e Consumo das Grandes Potenciais Têxteis Mundiais 54
  • 5. Introdução a Engenharia Têxtil Prof. Dr. Rasiah Ladchumananandasivam, PhD, CText FTI., FRSA iv 7.4 A Perda de Competitividade e as suas Conseqüências 55 7.5 A Importação, Exportação e Tarifa do Algodão 56 7.6 Produtividade Média Mundial 56 7.7 O Custo de Produção pode ser Reduzido com o uso Adequação de Tecnologia 56 7.8 Lavouras Modernas e Eficientes do Centro –Oeste 57 7.9 Comparação da Lucratividade de Algodão das Lavouras Modernas do Centro- Oeste com Soja. 57 7.10 Empresas Brasileiras com boas Técnicas e Baixo Custo de Produção de Algodão. 57 8.0 Dimensões do Fio 59 8.1 Densidade Linear, Título ou Número do Fio 59 8.2 Sistema Direto e Indireto de Numeração do Fio 60 8.2.1 Sistema Direto 60 8.2.2 Sistema Indireto 60 8.2.3 Sistemas de Título 61 8.2.4 Conversões 63 Bibliografia 66 9.0 Perfil da indústria têxtil do Brasil 67 9.1 Introdução 67 9.2 Reflexões sobre um novo modelo industrial 69 9.3 Como nos posicionamos na era das parcerias? Onde começar nossa busca 71 9.4 O complexo têxtil brasileiro 73 9.4.1 Importância do setor na economia brasileira 73 9.4.2 Dimensões do mercado mundial de artigos têxteis 74 9.4.3 Participação do Brasil no mercado mundial de têxteis 75 9.5 Dimensões e evolução do setor no Brasil 79 9.5.1 Análise comparativa das etapas de produção 79 9.5.2 Unidades de produção por segmento 79 9.5.3 Principais regiões produtoras de têxteis no país 85 9.5.4 Dimensões do mercado e consumo per capita de têxteis no Brasil 86 9.6 A identificação dos principais problemas que o setor enfrenta no comércio mundial para alcançar a competitividade desejada 87 9.6.1 Os gargalos 87 9.7 Conclusões 91 9.8 Referências 92 10 Análise conjuntural da indústria confeccionista brasileira 95 10.1 Introdução 95 10.2 Perfil do setor 95 10.3 Aspectos Tecnológicos 96 ANEXO 10.1 98
  • 6. Introdução a Engenharia Têxtil Prof. Dr. Rasiah Ladchumananandasivam, PhD, CText FTI., FRSA 1 1.0 TÊXTEIS PARA ENGENHARIA De acordo como dicionário Webster, engenharia é uma aplicação de ciência e matemática pelas quais as propriedades da matéria e as fontes de energia na natureza são aproveitadas pelo homem nas estruturas, sistemas e processos. O dicionário Webster, define têxtil como sendo um tecido., especialmente produzido através dos processos de tecedura ou malharia e a fibra, filamento, ou fio usados na fabricação do tecido. |Todavia, a publicação do Instituto Têxtil, “Textile Terms and Definitions”, amplia ainda mais esta definição, indicando que, o termo agora também é aplicado às fibras, filamentos, e fios, naturais ou manufaturado, e à maioria dos produtos dos quais são principais matérias-primas. Esta definição inclui, por exemplo, linhas, cordas, cordões, bordados, tecidos, malhas e nãotecidos, e ainda outras variedades de estruturas fibrosas. Com relação ao título acima, consideramos engenharia como um termo descritivo, que caracteriza a classe dos materiais têxteis usados nas aplicações de engenharia, por exemplo, lona para pneus, cabos grossos para amarrar navios, geotêxteis, cordas para satélite, lonas para discos de freios, linhas de suspensão para pára-quedas e compósitos usando tecidos ou outras materiais têxteis. A engenharia Têxtil é reconhecida como uma disciplina tecnológica. Que pode ser estudada nas universidades do mundo todo. Deve-se anotar o uso do termo disciplina tecnológica em lugar de disciplina de engenharia. Qual é a diferença entre estas duas designações? 1.1 Engenharia versus Disciplinas Tecnológicas A lista de disciplinas de engenharia de acordo com a Academia Nacional de Engenharia dos Estados Unidos (USA National Academy of Engineering - NAE) como: engenharia aeroespacial, bioengenharia, engenharia química, engenharia civil, engenharia e ciência da computação, engenharia de sistemas de energia e potência, engenharia eletrônica, engenharia de sistemas operacionais, e manufatura industrial, petróleo, mineração e engenharia geológica. Áreas especiais e engenharias interdisciplinares também listadas. Como a disciplina de engenharia têxtil relaciona as disciplinas formais da engenharia relacionadas acima? Para oferecer uma explicação a esta pergunta, precisamos analisar a extensão tecnologia têxtil na Figura 1.1. Aqui uma pessoa pode facilmente identificar as localidades que sinaliza a presença da engenharia mecânica, por exemplo, fabricantes da maquiaria têxtil, fabricantes de instrumentos, companhias de máquinas de confecção. As operações convencionais têxteis de abertura, cardagem, fiação, tecelagem, malharia, rendas, bordados são feitas na máquina normalmente desenhada por engenheiros mecânicos ou engenheiros têxteis ou pelo grupo de engenheiros mecânicos e têxteis. Qual é a diferença entre o fundo e a abordagem destes dois engenheiros?
  • 7. Introdução a Engenharia Têxtil Prof. Dr. Rasiah Ladchumananandasivam, PhD, CText FTI., FRSA 2 Figura 1.1 Indústrias Associadas à Indústria Têxtil 1.2 As Conquistas de Engenharia na Indústria de Fibra/Têxtil A indústria de fibras manufaturadas (fibras feitas pelo homem) engloba uma variedade de operações, iniciando-se com a extrusão de polímero fundido através de um orifício, que em seguida esfriado e estirado para estabelecer a estrutura molecular do filamento. Aqui encontram-se as disciplinas como processo dinâmico, aerodinâmica, transferência de calor, e física do polímero, necessárias a formação de engenheiros mecânicos ou engenheiros químicos e engenheiros de polímero – materiais. A produção de fibras manufaturadas inclui dois elementos adicionais, de natureza puramente mecânica (i) o processo de enrolamento, capaz de enrolar a estrutura do fio que foi esfriado, estirado e orientado, em uma embalagem estável, a 5.000 m/min, e forma um fio que pode ser, subseqüentemente, desenrolado, e (ii) é importante notar o desenvolvimento de um sistema de jato de ar por um engenheiro mecânico, para o processo de entrelaçamento dos filamentos a fim de formar um pacote estável, coerente e capaz de sustentar os processos têxteis subseqüentes. O processo de entrelaçamento ajuda a eliminar o processo tradicional de torção, como também os espaços previamente destinados a torção. É importante mencionar que o desenvolvimento da coesão do pacote do fio, pelos métodos convencionais de torção, era um gargalo na produção de fibras manufaturadas, e que com a Indústria de fibras naturais Maquinaria têxtil Indústria de fibras sintéticas INDÚSTRIA TÊXTIL Abertura Cardagem Fiação Tecelagem Malharia Bordados Acabamento Fabricantes de produtos químicos Fabricantes de instrumentos Indústria de papel Fibras Fios Tows Não-tecidos Algodão lâ Seda Linho INDÚSTRIA DE VESTUÁRIO Marcação Corte Costura Prensagem Embalagem Fabricantes dos produtos industriais Revestidores e laminadores Fabricantes de pneu Fabricantes de aviões Fabricantes de automóveis Fabricantes de moveis Têxtil para medicina e higiene pessoal Fabricantes de máquinas de confecção Tecidos Não-tecido
  • 8. Introdução a Engenharia Têxtil Prof. Dr. Rasiah Ladchumananandasivam, PhD, CText FTI., FRSA 3 introdução do processo de entrelaçamento de jato de ar, tomou-se possível o aumento na grandeza das velocidades de produção. Outro processo mecânico importante que foi desenvolvido na indústria de fibras incluiu os filamentos contínuos volumosos (bulk), as estruturas de nãotecidos pela ligação da fiação, e o nãotecido feito por agulha hidráulica, que aqui são mencionados, simplesmente, para mostrar que engenheiros mecânicos e têxteis têm uma função importante na indústria de fibra química. Pode-se notar num outro local na Figura 1.1, que os fabricantes de pneus desenvolveram a mecânica estrutural dos cordões de reforço num tórulo de borracha inflada de pneus automotivos que podem durar 75.000 milhas (1,6 km = 1 milha). 1.3 Engenharia dos Materiais e Engenharia Têxtil Voltando à lista das disciplinas de engenharia, pode-se notar que a categoria de engenharia de materiais, quando focaliza, nos materiais fibrosos, o tópico de engenharia têxtil parece encaixar-se bem. O NAE define o engenheiro de materiais como aquele que trata da produção e processamento, relacionamento entre a estrutura e a propriedade e a performance do ciclo da vida dos materiais que são importantes para a engenharia. Pode se notar que 20-25% dos materiais têxteis são produzidos para o mercado industrial, e podemos facilmente comprovar que, 20-25% de todo material têxtil é importante para a engenharia, como as cordas para pneus, tecidos compósitos, cabo para amarrar navios, geotêxteis, cordas para satélite, linhas de suspensão para pára-quedas, pára-quedas de freio, etc. Mas, como podemos considerar os 75% restante da produção têxtil, se não podem ser considerados como produção de materiais importantes para a engenharia? O fato é que a produção, processamento, a relação estrutura- propriedade e performance do ciclo de vida dos materiais fibrosos que “não são importantes para a engenharia” ainda necessitam de métodos sofisticados de engenharia para a sua produção e processamento. Algumas ilustrações serão suficientes para demonstrar isto. Primeiro, a extrusão pelo orifício, estiragem, entrelaçamento, e enrolamento dos fios de multi-filamentos dos altos polímeros, com velocidades até 5.000 m/min. Segundo, a propulsão repetitiva de jato de ar de fios sucessivos, através de uma estrutura de tecido com 190cm de largura, com velocidade de 1.700 tramas por minuto (ou até 2.500 tramas/min. Num tear de jato de ar de multi-fase). Terceiro, a torção a frio, torção a quente, esfriamento, e então distorção a frio dos fios de filamentos de índice de rotação de 1-2 x 106 r.p.m e velocidades de translação de 1.000 m/min, com entrelaçamento dos filamentos antes de enrolamento, com sensores on-line para detectar distúrbios no processo, que pode impor alterações estocásticas nas estruturas dos tecidos subseqüentes. Estes três exemplos podem ser identificados facilmente, através do mapeamento estrutural da fibra/têxtil/indústria de confecção como mostrado na
  • 9. Introdução a Engenharia Têxtil Prof. Dr. Rasiah Ladchumananandasivam, PhD, CText FTI., FRSA 4 Figura 1.1, e daí entende-se que a área de engenharia têxtil tem muitas ramificações que oferecem uma ampla base para a discussão deste assunto. 1.4 Engenharias Industrial, de Manufatura e de Sistemas Os engenheiros têxteis que alcançam uma posição de liderança na indústria de fibra/têxtil/confecção podem ser identificados em outra categoria dentro do NAE, que corresponde as engenharia industrial, de manufatura e de sistemas operacional. Neste caso, um é responsável pelo gerenciamento, organização, planejamento, controle, e operação dos sist4emas, pessoal, equipamento para processamento dos materiais, ferramentas, e infra-estrutura para a produção de produtos ou serviços. Dentro deste setor industrial do NAE podemos notar uma lista de categorias especiais de engenharia que inclui designação de fibras e produtos têxteis. Portanto, devemos acrescentar que a lista de categorias especiais de engenharia para o setor de engenharia mecânica inclui a designação da engenharia têxtil e engenharia de confecção. Dentro da engenharia de materiais podemos encontrar categorias especiais de fibras, polímeros e compósitos. Então parece-nos que, a engenharia têxtil, embora seja uma disciplina tecnológica, sobrepõe-se ou compartilha disciplina com pelo menos três áreas clássicas de engenharia, que são as de mecânica, materiais e finalmente industrial e engenharia de sistemas de manufatura. 2. TECNOLOGIA DO FUTURO 2.1 Como Será o Acabamento Têxtil no Terceiro Milênio? Têxtil e tecnologia são, e tem sido sempre, inseparáveis, tendo a produção têxtil sido o alicerce para a industrialização em um grande número de países. Entretanto, para aqueles que estão fora da área têxtil, talvez devido a sua longa história é sempre vista como uma indústria de “baixa tecnologia”. Nada poderia estar mais longe da verdade. Os inúmeros institutos de pesquisa do mundo, a natureza da sofisticação crescente dos equipamentos de produção - das fibras sintéticas à confecção de roupas - e inúmeros produtos produzidos em períodos de tempo cada vez mais curto testemunham essa realidade. A tecnologia mais recente de tingimento e acabamento têm sido impulsionados por duas forças primárias - a economia e a ecologia. O desejo de todos aqueles que trabalham no setor de acabamento tem sido uma produção mais eficiente, com o uso de uma menor quantidade de água e menos poluição. De um modo geral isto foi alcançado através de uma tecnologia de evolução antes que uma tecnologia revolucionária. Todavia, há um número de tecnologias disponíveis que têm o potencial de virar o processo a úmido tradicional de cabeça para baixo.
  • 10. Introdução a Engenharia Têxtil Prof. Dr. Rasiah Ladchumananandasivam, PhD, CText FTI., FRSA 5 2.2 Tingimento Sem Água O uso de água é fundamental para os atuais processos de tingimento e acabamento. Todavia, no futuro poderá ser bastante diferente. Atualmente a água é usada como solvente para dispersão e dissolução de corantes que são usados em tingimentos. Outros solventes, tais como hidrocarbonetos clorados foram usados para esse fim, mas têm ido de encontro aos empecilhos ecológicos. Mais recentemente o uso de líquidos supercríticos - particularmente dióxido de carbono líquido - também foi tentado e foi considerado superior à água no que diz respeito à habilidade de transferência dos corantes ás fibras. Parte da atração desta técnica deu-se ao fato dela possibilitar que o corante disperso seja dissolvido, o que não é possível nos processos normais usando água. O conceito usa o comportamento do sistema fluído corante em relação à densidade do fluído - controlado pela pressão e temperatura. A solubilidade dos corantes no dióxido de carbono supercrítico aumenta com o aumento crescente da densidade do fluído. O aumento da temperatura reduz a densidade do fluído e o aumento do corante na solução, promovendo sua difusão na fibra. Os parâmetros de controle do sistema podem ser ajustados muito mais repetidamente do que num processo convencional usando água. A desvantagem do conceito é a pressão de trabalho(funcionamento) de até 200 bar(20 mpa) e os custos de engenharia que o acompanham. A despeito disto, as vantagens básicas de uma enorme redução no tempo de tingimento e eliminação do estágio de secagem levam a continuação das pesquisas na Alemanha, Itália, Inglaterra e Estados Unidos. O tingimento com fluido supercrítico já foi usado experimentalmente em têxteis comerciais. Amann & Soxhne Gmloh, Alemanha, usaram esse método para tingir linha de costura de poliéster numa indústria projetada e construída por José Jasper GmbH. A exaustão do corante é de cerca de 98% e o dióxido de carbono perde cerca de 2 - 5%. O corante residual é desprezado como um pó e pode ser reaproveitado. Em comparação com o tingimento comercial de poliéster, que normalmente se processa num período de 3 a 4 horas, estas técnicas levam de 1 a 2 horas. Além disso, eliminam um volume considerável de água usada (efluentes), corante perdido e produtos químicos auxiliares. O processo também oferece uma economia de energia de cerca de 80% e elimina o processo a seco. Estas vantagens têm que ser comparadas com o custo do equipamento. 2.3 Potencial do Plasma A técnica do uso de plasma baseia-se no uso de gases ionizados produzidos por descargas elétricas. Diferentes gases podem ser usados para alcançar
  • 11. Introdução a Engenharia Têxtil Prof. Dr. Rasiah Ladchumananandasivam, PhD, CText FTI., FRSA 6 modificações químicas específicas na superfície de um produto têxtil, ex.: branqueamento. As vantagens dos processos são a limpeza (é um processo limpo), eficiência energética e uniformidade de tratamento que são muito altos. A principal desvantagem é o alto custo das máquinas. Todavia, estudos realizados indicam que apesar do alto custo do equipamento, a economia de energia, água, produtos químicos e mão-de-obra podem tornar a tecnologia do plasma uma proposta economicamente viável. A questão é quando (com que brevidade). A maior parte do trabalho pioneiro sobre o tratamento com plasma em produtos têxteis foi realizada no Russian Niekkmi Institute. Os resultados desta pesquisas foram aplicados em fábricas têxteis na Rússia, e mais recentemente numa fábrica da Itália. Dois sistemas diferentes da técnica de plasma de “baixa temperatura” são aplicáveis aos têxteis: “Descarga CORONA” e “Descarga de brilho” (glow). As máquinas desenvolvidas pelo Niekmi Institute usam uma técnica de Descarga “glow”. O tratamento modifica apenas uma camada muito fina - menos de 1mm - do substrato, removendo, gradualmente as camadas da superfície. A morfologia da superfície é mudada, tão bem como uma proporção das fases amorfa e cristalina na camada superficial do polímero. Teoricamente, a técnica pode ser usada em vários substratos têxteis. No setor de algodão, por exemplo, pode ser usada para ajudar ou substituir vários processos de pré-tratamento. No setor de lã, pode substituir alguns tratamentos úmidos à base de cloro e melhorar os processos de tingimento e estamparia. Também é possível usar a técnica para dar propriedades específicas e permanentes tais como permeabilidade(à prova de água), ou para melhorar a ligação de revestimentos, etc. Embora a tecnologia seja muito promissora, os produtos têxteis apresentam um número de novas dificuldades não encontradas um outras industriais onde o plasma tem sido empregado. Os substratos têxteis contem, geralmente, uma quantidade significativa de umidade que se perde durante o tratamento, alterando a composição do plasma próximo à superfície têxtil - um problema especial se o tratamento com plasma for combinado com processos convencionais - e neste caso pode ser necessário a pré- secagem ou extração à vácuo antes do tratamento com plasma. A grande área superficial específica significa que para alcançar produção, a máquina deve ser capaz de tratar uma área grande num período de tempo muito curto. Por exemplo: 1m2 de 300 g/m2 de um tecido de lã tem uma área superficial especifica de cerca de 450m2. Para um tecido com 16m de largura significa o tratamento de uma área de 600m2/s para se alcançar uma produção de 50m/min.
  • 12. Introdução a Engenharia Têxtil Prof. Dr. Rasiah Ladchumananandasivam, PhD, CText FTI., FRSA 7 A tecnologia do plasma tem ido usada para processos têxteis em escala industrial. Uma indústria na Rússia tem usado tratamento com plasma em tecidos de lã como uma alternativa a cloração antes da estampagem. Durante o tratamento as camadas hidrofóbicas superiores da cutícula da lã, que atuam como uma barreira para a penetração do corante, são destruídas. Como resultado, a difusão do corante no interior da fibra é aumentada consideravelmente. 2.4 BIOTECNOLOGIA A biotecnologia tem tido um impacto significativo nas indústrias de tingimento têxtil e acabamento. As enzimas são os bioagentes mais conhecidos empregados pela indústria têxtil, tendo sido usadas em processos de desengomagem por muitos anos. Todavia, mais recentemente, as enzimas estão sendo usadas no acabamento. Provavelmente, o maior sucesso da enzima é na substituição de pedras calcárias na lavagem (stone-washing de tecido jeans). Neste processo usa-se enzima de celulase para remover a camada superficial do índigo a fim de obter uma aparência de tecido lavado/usado, mas sem abrasão. As vantagens são uma maior produtividade devido ao aumento da carga de tecido na maquina, e também evita a tarefa de remoção das pedras e poeira das peças, e a sujeira das pedras nos efluentes. Uma técnica semelhante é a chamada processo de biopolimento. Este processo remove “FUZZ” das superfícies das fibras celulósicas e funciona pelo enfraquecimento de qualquer fibra protuberante, por menor que seja, na superfície do fio, que pode então ser removida por ação mecânica subseqüente. A técnica não resulta em perda de peso e redução da resistência do tecido, mas pode ser otimizada parando o processo após um período de tempo apropriado. O processo de biopolimento pode ser usado em qualquer estágio do pro9cesso úmido, embora imediatamente após o branqueamento seja favorecido de incubação necessário para a ação da enzima. O processamento em lotes. Um outro progresso na biotecnologia é a remoção de peróxido de hidrogênio de um processo de acabamento, por exemplo, após o pré-branqueamento de algodão que vai ser tingido com matiz claro ou médio, mas antes da adição do corante - muitos corantes, especialmente os reativos, são muito sensíveis ao peróxido. A solução tradicional para este problema tem sido uma lavagem completa e/ou a adição de agentes redutores. Agora, todavia, uma enzima catalítica pode ser usada como uma alternativa. Uma pequena quantidade de uma preparação de uma enzima apropriada pode permitir que o tingimento aconteça no banho de tratamento original.
  • 13. Introdução a Engenharia Têxtil Prof. Dr. Rasiah Ladchumananandasivam, PhD, CText FTI., FRSA 8 Outras possibilidades incluem o uso de enzimas para remover pectinas, ceras e materiais corantes da superfície das fibras de algodão, substituindo os tratamentos tradicionais de limpeza à úmido e branqueamento. Todavia, este uso ainda esta num estágio de desenvolvimento muito primário (inicial). A biotecnologia ocupará, também, um papel muito importante na limpeza do setor de refugo têxtil. É provável que o tratamento biológico seja muito importante na remoção de cor dos efluentes. 2.5 O alvorecer da Era do Jato A estampagem a jato e amostras têxteis têm sido usadas por muitos anos, mas a tecnologia ainda tem que dar um salto na produção principal. Até agora, não há nenhum sistema para substituir o processo de estamparia em rolo e é improvável que tal sistema seja criado nos próximos dez ou vinte anos, se é que vai ser criado - pelo menos esta é a opinião do Sr. R.J.M. Kool, diretor de pesquisa de mercado e desenvolvimento da Stork Brabant na última ITMA. A opinião geral é que num futuro previsível a estamparia a jato será confinada ao seu papel estabelecido na amostragem e será usada para trabalhos especializados de pequena duração - uma nova tecnologia de micro em lugar de uma substituição dos métodos convencionais. Todavia, permanece a fascinação da tecnologia pela produção. A atração principal da estamparia a jato é que oferece um meio de transferir um desenho diretamente do CAD para o produto têxtil. Isto significa uma resposta muito rápida do cliente quando for necessária a estampagem em massa e amostragem. Outras vantagens incluem um número virtualmente ilimitado de cores, efeitos de tonalidade de alta qualidade uma rápida comutação com um mínimo de perda de tecido, nenhum retorno da pasta, e o tamanho do padrão limitado apenas pela capacidade da memória do equipamento eletrônico. Essencialmente, todos os sistemas de estamparia a jato colocam a cor no substrato da mesma maneira - pequenas gotas de corante são borrifadas no tecido. Todavia, o modo de gerar essas gotas e de levá-las até o tecido pode variar. Uma classificação simples é a que determina que as gotas sejam dispensadas de acordo com a demanda ou em jato contínuo. Esses dois sistemas geralmente operam com cores básicas constantes que são misturadas no substrato. Usando as mesmas cores básicas o tempo todo significa que não há necessidade de cozinha de cores. A estamparia a jato é capaz de produzir uma resolução mais alt6a do que a estamparia em rolo. Todavia, há uma permuta entre a resolução e a velocidade. O jato de bolhas de Canon, por exemplo, tem uma resolução de 360 dpi, mas uma
  • 14. Introdução a Engenharia Têxtil Prof. Dr. Rasiah Ladchumananandasivam, PhD, CText FTI., FRSA 9 velocidade de apenas 1m/min num tecido com 1200mm de largura (ou a metade dessa velocidade com um tecido de 1650mm de largura). Todavia, a velocidade não é tão pequena como parece. Na estamparia convencional há uma alta proporção de tempo não produtivo durante o período de preparação e mudanças do design - uma carga que não existe na estamparia a jato. Mudanças rápidas e a necessidade mínima de intervenção manual significam que uma máquina a jato pode funcionar, virtualmente, 24 horas por dia. Stork calculou que nessas condições uma máquina de estamparia a jato que tem uma produção de 6m/min poderia produzir tanto quanto uma máquina média de estamparia em rolo na Energia Ocidental - onde as produções de estamparia em rolo são bem menores do que em qualquer outra parte do mundo. Como e onde essas tecnologias, ou outras que ainda serão descobertas, terão impacto no desenvolvimento do setor de acabamento têxtil, só o tempo dirá. Certamente, todas as novas tecnologias terão que atender os requisitos necessários a uma produção limpa e eficiente. O teste crucial é se elas poderão preencher as importantes considerações econômicas também. 3. A INDÚSTRIA TÊXTIL – O DESENVOLVIMENTO, O AUGE DA INDÚSTRIA DE ALGODÃO INGLESA E A SUA FALÊNCIA. A descoberta de fragmentos de tecido de algodão de corda durante a escavação no Mohenjo-daro em Sind, corroborou a quase certeza de que o algodão era conhecido e explorado na Índia, para usos têxteis, pelo menos desde o Século 2.700 A.C., e também é possível que ele tenha sido usado no Peru na mesma época. Apesar disso, na abertura da era industrial, ele era comparativamente um material novo, onde a lã e o linho eram utilizados anteriormente, exclusivamente para usos têxteis. Só no final de século XVII o algodão foi importado para fins de manufatura de vestuários. Apesar disso, a maioria das invenções relacionadas a maquinaria surgiram da necessidade de processar o algodão e depois foram adaptadas para a lã e o linho e outras industrias, de acordo com a natureza das diferentes matérias-primas. Até 1880 todos os processos envolvidos na produção de têxteis já estavam implantados. O que aconteceu nos próximos 100 anos foi o aperfeiçoamento das idéias básicas, principalmente daquelas relativas à tecelagem. Os últimos anos do século XVIII viram a introdução da maquinaria de vapor rotativo do James Waat e a roda d’água como as principais fontes de energia. A introdução da maquina de serra para beneficiamento do algodão de Eli Whitney nos Estados Unidos, expandiu as plantações de algodão nos estados do sul do país. O aumento da produtividade baixou o preço do algodão por volta de 1898. A mecanização baixou o custo do fio e dos produtos manufaturados, mesmo antes dos benefícios da máquina de beneficiamento. Por volta de 1843, a Índia era o maior cliente do algodão de Lancashire, na Inglaterra.
  • 15. Introdução a Engenharia Têxtil Prof. Dr. Rasiah Ladchumananandasivam, PhD, CText FTI., FRSA 10 O mercado do algodão foi criado pelos homens bem sucedidos durante o período de 1770 a 1840; e continuou a se expandir e atingiu o pico em 1912 quando foram produzidos 8.000 milhões de jardas (7.300 milhões de metros). Por volta de 1803, o algodão tornou-se o principal produto de exportação da Inglaterra, ultrapassando a lã. Esta posição se manteve até 1938, quando a maquinaria ocupou o primeiro lugar. A venda do fio do algodão e os produtos em 1830, foram responsáveis, apenas, pela metade do total das vendas ao comércio exterior. Posteriormente este valor caiu para um terço em 1880 e um quarto até a 1a Guerra Mundial. Era inevitável que o comércio que importou toda matéria-prima, mais cedo ou mais tarde iria ser prejudicado pelos eventos que ele não tinha força para prevenir. O período de depressão, causando fome e desemprego dos que dependiam do algodão, causadas pela guerra civil dos EUA entre 1861-1864, tornou o problema ainda mias sério. Até este momento, outros países já haviam instalado as suas indústrias. Lancashire tinha pouco para se preocupar com a Europa, mas quando os países que plantaram o algodão e com mão-de-obra barata, tornaram-se fabricantes, começaram a perder a sua fatia no mercado. A restrição às exportações das máquinas foi retirada em 1843, e dentro de 10 anos a Índia teve as suas indústrias de algodão. No Brasil elas sugiram em 1860 e no Japão em 1870. Até 1880, metade do consumo do algodão estava nas áreas novas. A Ásia comprou menos fio da Inglaterra e então menos tecidos. Em 1933, o Japão introduziu o trabalho de 24 horas por dia, 30 anos antes de Lancashire fazê- lo, tornou-se o maior exportador de produtos de algodão. Enquanto Lancashire mantinha as fiações de Mule, os competidores instalavam a fiação a anel que era mais rápida. Eles também evitaram especializações que na Inglaterra., havia colocado, a fiação, tecelagem e acabamento em mãos diferentes. Complacência e relutância em mudar os métodos antigos contribuíram para o declínio do algodão. Em 1930, o comércio mantinha 16% da exportação. Por volta dos anos 50, a contribuição diminuiu bastante e em 1958 a Inglaterra passou a importar produtos de algodão pela primeira vez desde o século XVIII. No ano seguinte, o Parlamento aprovou a lei da indústria algodoeira que oferecia compensação aos empregadores que se desfizessem da maquinaria antiga. Mais de 12.000.000 fusos e aproximadamente 106.000 teares foram substituídos e a força do trabalho sofreu uma redução de 30% em dois anos. A importação dos produtos mais baratos forçou o fechamento de mais industrias, o que dava uma média de uma por semana durante os anos de 60 e 70.
  • 16. Introdução a Engenharia Têxtil Prof. Dr. Rasiah Ladchumananandasivam, PhD, CText FTI., FRSA 11 Figura 3.1 As indústrias Têxteis de Manchester e as casas dos trabalhadores em 1815 Figura 3.2 Método antigo de separação e limpeza de algodão após a retirada dos fardos. Batendo com paus. O algodão é colocado nas redes feitas de cordas. Figura 3.4 Carda, 1775 Figura 3.4 B Sistema de cardagem, 1775 Figura 3.3 Limpeza de algodão depois de retirada dos fardos. O cilindro rotativo coberto de pinos por dentro que separa o algodão. As impurezas, trash e cascas etc, são retiradas pelos dutos.
  • 17. Introdução a Engenharia Têxtil Prof. Dr. Rasiah Ladchumananandasivam, PhD, CText FTI., FRSA 12 Figura 3.5 Sala de carda em 1830. Figura 3.6 Sala de carda moderna Figura 3.7 Roda de fiação antiga. Figura 3.8 O “Spinning Jenny” de James Hargreaves, 1764. Figura 3.9 Melhoramente do Spinning Jenny de Hargreves, com a roda horizontal que gira.
  • 18. Introdução a Engenharia Têxtil Prof. Dr. Rasiah Ladchumananandasivam, PhD, CText FTI., FRSA 13 Figura 3.10 Filatório com 96 fusos, dirigido por roda d’água Figura 3.11 Mule construída em 1790. Figura 3.12 Fábrica de Mule que necessita Figura 3.12 B Mule automático de mão-de-obra para
  • 19. Introdução a Engenharia Têxtil Prof. Dr. Rasiah Ladchumananandasivam, PhD, CText FTI., FRSA 14 Figura 3.13 Sistema de fiação a anel. Figura 3.13 B - Filatório com 416 fusos e entre 12.000 – 13.000 rpm. Os filatórios a anel substituíram os Mules em 1950. EM 1960 FOI INTRODUZIDO O FIAÇÃO “OPEN END”. Figura 3.15 Tear manual construído por John Kay em 1733.
  • 20. Introdução a Engenharia Têxtil Prof. Dr. Rasiah Ladchumananandasivam, PhD, CText FTI., FRSA 15 Figura 3.16 Tear automático dirigido por vapor, 1785. Figure 3.17 Tear automático,1850 Figura 3.19 Fio é cozido em cloro para ser usado como linha de costura ou para tingimento antes de ser usados na tecelagem nos tecidos coloridos, 1844. Figura 3.18 Tecido de algodão são estiradas no sol depois de tratados com cloro para alvejamento, 1844 em Glasgow.
  • 21. Introdução a Engenharia Têxtil Prof. Dr. Rasiah Ladchumananandasivam, PhD, CText FTI., FRSA 16 Figura 3.21 Estamparia de cilindros, 1785. Figura 3.22 Estamparia por blocos. Figure 3.23 Emprego de crianças nas indústrias têxteis, 1832. Figura 3.20 Tingimento do tecido, 1855. As casas de tingimento normalmente trabalhavam por 15-16 horas por dia. Às vezes continuam por varias dias.
  • 22. Introdução a Engenharia Têxtil Prof. Dr. Rasiah Ladchumananandasivam, PhD, CText FTI., FRSA 17 Figure 3.24 Vitimas do fechamento das indústrias têxteis durante a guerra civil dos EUA, e filam para receber alimentos. 3.1 Histórico da Indústria têxtil O termo têxtil, derivado de Latim texere (“para tecer”), inicialmente aplicado para tecidos, hoje é um termo geral usado para fibras, fios, e outras materiais que podem ser transformados em tecidos, linhas, cordas, cordões, passamanaria, rendas, redes, assim como tecidos produzidos pelos métodos de tecelagem, malharia, colagem, feltragem. As estruturas têxteis são derivadas de duas fontes: os artesanatos antigos e as modernas invenções científicas. O artesanato antigo inclui redes feitas com um único fio e cestaria, produzida pelo entrelaçamento de materiais flexíveis, tais como junco ou plantas semelhantes. Todavia, exemplos de produtos têxteis pré-históricos são muito raros devido à natureza perecível desses materiais. De acordo com fontes históricas a tecelagem antecedeu a fiação e a origem dos tecidos feitos pelo método de tecelagem é a cestaria da cultura neolítica de 5000 AC. Além disso, as fibras de algodão, seda, lã e linho foram usadas como material têxtil no Egito antigo; o algodão foi usado na Índia em 3000AC, e a produção de seda é mencionada em crônicas chinesas dessa mesma época, ENYCLOPAEDIA BRITANNICA, 1979. Nos primórdios da Idade Média algumas tribos turcas especializavam-se na manufatura de tapetes, roupas de feltros e toalhas. Entre os Séculos XVI e XVIII a Índia produzia “muslins” que algumas vezes eram pintados ou estampados. Na Sicília, após a conquista árabe, foram produzidos belos tecidos entrelaçados com ouro. Após a conquista da Sicília pela França os tecelões instalaram-se em Lucca que se tornou bastante conhecida pelas sedas com desenhos florais criativos. Em 1315 os tecelões sicilianos foram levados para Florença que se tornou um centro produtor de lãs finas e acredita-se que passou a produzir o veludo.
  • 23. Introdução a Engenharia Têxtil Prof. Dr. Rasiah Ladchumananandasivam, PhD, CText FTI., FRSA 18 A França e Alemanha também foram importantes centros têxteis, produzindo tapeçaria, sedas e veludos. Já no século XVIII a produção de damascos de linho de alta qualidade ficou muito famosa. Na Alemanha, Colônia tornou-se um importante centro de confecções, principalmente os tecidos ricamente bordados em ouro com inscrições e imagens de santos. Os produtos têxteis ingleses dos séculos XIII e XIV eram principalmente de linho e lã, porem os tecidos de seda foram produzidos no século XV. Nas Américas os processos de tecelagem e tingimento já existiam antes da chegada dos europeus. Há registros que confirmam que a tecelagem encontrava-se nos estágios mais avançados nas Américas de Norte e Sul nos tempos pré- históricos. Os mexicanos e peruanos já produziam tecidos finos. Os tecidos de algodão e lã dos Incas eram conhecidos por suas cores brilhantes. Os índios Navajos do Arizona, no Novo México, produziam cobertores com textura fechada e cores brilhantes. No século XVII os colonizadores ingleses abriram uma fábrica em Massachusetts, em 1638, onde produziam fustões grossos de algodão, “jeans” de sarja de algodão, um tecido grosso feito da mistura de linho e lã. Em 1654 as fábricas de Massachusetts fizeram com que a comunidade deixasse de depender do linho e da lã cardada da Inglaterra. A indústria desenvolveu-se progressivamente e recebeu um maior ímpeto com a invenção da descaroçadeira por Eli Whitney em 1793. 3.2 A Revolução Industrial A indústria têxtil embora altamente desenvolvida como um ofício, permaneceu como uma indústria essencialmente doméstica até o século XVIII. Muito cedo os trabalhadores perceberam a necessidade e vantagens de trabalhar em conjunto, o que pode ter sido o início do que é hoje o sistema de cooperativas. Deste modo um grupo foi criado em Zurique em 1568, e um outro em Derby, Inglaterra, em 1717. A organização fabril prosperou mais no Norte da Inglaterra, e a Revolução Industrial, que atingiu seu auge entre 1760 e1815, acelerou enormemente o crescimento do sistema fabril. A lançadeira de John Kay, inventada em 1733, aumentou a velocidade da operação de tecelagem e seu sucesso exigiu um processo de fiação mais rápido para a produção de uma quantidade suficiente de fios para atender à demanda da tecelagem da época.. Os fiadores mecânicos produzidos em 1769 e 1779 por Sir Richard Arkwright e Samuel Crompton encorajaram o desenvolvimento dos processos mecânicos de cardagem e penteagem da lã. Logo após o início do século o primeiro tear mecânico (power loom) foi desenvolvido. A substituição da água pelo vapor aumentou a velocidade das máquinas e o sistema fabril estabeleceu-se firmemente, primeiro na Inglaterra, depois na Europa e então nos Estados Unidos.
  • 24. Introdução a Engenharia Têxtil Prof. Dr. Rasiah Ladchumananandasivam, PhD, CText FTI., FRSA 19 3.3 Do século XIX ao presente No século XIX surgiram muitos melhoramentos no maquinário têxtil, tendo como conseqüência o aumento de produção e diminuição de custos dos produtos têxteis. Essa tendência continuou no século XX, com ênfase na automação total das indústrias têxteis. 3.4 Aplicação de métodos científicos O desenvolvimento mecânico na produção têxtil associado à Revolução Industrial resultaram da aplicação de métodos de engenharia comparativamente simples e dos princípios físicos empregados. O progresso alcançado exigiu uma compreensão clara dos princípios científicos do processamento têxtil. Todavia, a falta de informação básica sobre a estrutura e propriedades das fibras limitava essa compreensão, retardando a abordagem científica dos processos têxteis. No final do século XIX o crescente conhecimento adquirido sobre as propriedades físicas e químicas das fibras levou à aplicação dos métodos científicos. A química atraiu uma maior atenção dos pesquisadores, como resultado da produção de novos compostos e o entendimento de que as fibras poderiam ser o resultado de uma atividade química. No século XX, com o advento da eletrônica e dos computadores, novos conceitos de química e engenharia estão sendo empregados na pesquisa e desenvolvimento têxteis. Entretanto, uma importante etapa do desenvolvimento científico na indústria têxtil foi a introdução das fibras sintéticas, ou fibras feitas pelo homem, que oferecem a oportunidade de criação de novos materiais que atendam às necessidades do usuário, dentro de uma gama de especialização cada vez mais aperfeiçoada. Também surgiram novos processos que são aplicados às fibras tradicionais, visando um processamento mais rápido, tendo como resultados produtos de alta qualidade, e introduzindo uma vasta gama de novas técnicas. A indústria de fibras sintéticas empregou, originalmente, os conhecimentos adquiridos através de anos de experiência com as fibras naturais, mas os excelentes resultados obtidos pelo enfoque científico encorajou o emprego da ciência aplicada e logo foi possível coletar informações sobre o comportamento das fibras em várias condições. 3.5 A Indústria Moderna Tanto os países industrializados como os países em desenvolvimento possuem, agora, modernas fábricas capazes de alcançar alta produtividade com qualidade e eficiência. Além dos melhoramentos mecânicos e automação dessas indústrias para fabricação de fios e tecidos, tem havido um rápido avanço no desenvolvimento de novas fibras, processos para melhoramento das características têxteis e testes e métodos que permitem um maior e melhor controle de qualidade. Embora a indústria têxtil moderna ainda tenha como foco a indústria do vestuário, a produção de tecidos para uso industrial tem crescido muito, o que leva a necessidade e se formar profissionais com alto grau de especialização. Nas comunidades tecnicamente mais avançadas a indústria emprega técnicos,
  • 25. Introdução a Engenharia Têxtil Prof. Dr. Rasiah Ladchumananandasivam, PhD, CText FTI., FRSA 20 engenheiros e artistas, e a demanda do mercado dita as regras das operações de marketing. Algumas operações de manufatura orientadas para o mercado especializado e dependendo de um número limitado de empresas para o consumo dos produtos ainda usam operações manuais. Do mesmo modo, há ainda um grande número de fábricas em países em desenvolvimento que empregam métodos e técnicas tradicionais, tanto pela falta de capital para modernização dessas fábricas, como pela carência de mão-de-obra especializada. Esta situação dificulta o processo de competitividade entre as indústrias, devido à qualidade dos produtos e tempo de produção. Isto não significa que as indústrias não totalmente automatizadas não coloquem no mercado produtos de excelente qualidade, porém as que o fazem representam a minoria. Apesar do atual desenvolvimento da indústria têxtil no que concerne à produção de fibras sintéticas, o algodão continua sendo uma das fibras mais usadas em todo o mundo. Na figura 2.1, pode-se observar a produção e consumo de algodão das grandes potências têxteis mundiais. O Brasil já ocupou posição de destaque neste clube há algumas décadas atrás, porém devido a inúmeros problemas, passou de exportador para importador. Figura 3.25 Produção e consumo das grandes potências têxteis mundiais, ABIT, março de 1997. P r odu ç ão e c on s u m o das g r an de s potê n c ias tê xte is m u n diais (m il ton e ladas /an o) 2 7 0 8 5 8 8 0 0 1 5 7 5 2 2 4 3 2 4 3 7 4 2 4 0 2 5 4 3 0 0 6 2 8 1 4 7 9 2 3 8 0 4 2 8 1 4 3 4 1 E git o B r a sil T ur quia P a quist ã o Ín dia U SA C h in a P ro d u ç ã o C o n s u mo
  • 26. Introdução a Engenharia Têxtil Prof. Dr. Rasiah Ladchumananandasivam, PhD, CText FTI., FRSA 21 3.6 Histórico da Indústria Têxtil no Brasil A história da indústria têxtil no Brasil está intimamente ligada à cultura e emprego do algodão para diversos fins, desde antes da época da colonização até o presente, tendo importância fundamental para a economia do País. Na década de 30 a produção de algodão salvou o Estado de São Paulo da crise que se instalava com o colapso do café, devido a queda de preços deste produto. No Nordeste, ao lado das culturas de subsistência de milho e feijão, e a pecuária, foi responsável pelo povoamento da faixa semi-árida da região. Na verdade, o algodão já era cultivado no Brasil pelos índios, o que pode ser provado pela existência de formas selvagens ou asselvajadas de algodoeiro em solo brasileiro, e de acordo com relato recente de NEVES e colaboradores, além de outros mais antigos dos séculos XVIII e XIX . Os índios Carirís, os Parecis e os Tupis fiavam e teciam, rudimentarmente, a fibra do algodão que era utilizada para vários fins, incluindo a fabricação de rede de dormir. Os Carijós e os Guiacurus usavam o tecido de algodão para vestimenta. Entretanto, a fibra de algodão era usada também para a fabricação de cordas, cintos, tiras, fitas, cordas de arcos, etc. MOREIRA, 1994. As primeiras notícias dadas a Portugal pelos primeiros europeus chegados ao território brasileiro comprovaram a existência e utilização do algodão pelos índios, e também, a seguir , pelos primeiros colonos europeus fixados na nova terra, SOARES e FERRÃO, 1988. Na época da colonização o padre Manuel da Nóbrega pediu a vinda de tecelões para fiar e tecer o algodão e fazer roupas para os índios convertidos. Na primeira metade do século XVI, com a chegada dos escravos africanos, começou a desenvolver- se a cultura do algodoeiro que objetivava a fabricação de panos grossos para vestir os escravos. A fiação e a tecelagem eram feitas com o auxílio de instrumentos rústicos, como as rocas e os fusos primitivos, em ambiente doméstico. No século XVII o algodoeiro era cultivado na maioria das capitanias, inicialmente na faixa litorânea e depois expandiu-se por toda parte, onde era fiado e tecido e usados para os mais diversos fins. Entretanto, a descoberta de ouro em Minas Gerais fez com que a demanda por mão-de-obra para a nova atividade levasse a uma diminuição da atividade agrícola, chegando a ser proibida a sua cultura no Maranhão. Por outro lado, a necessidade de produção de tecidos para o consumo interno da população que crescia rapidamente, incrementou a indústria caseira que passou a ser mais lucrativa. Em Minas Gerais o número de teares foi multiplicado e a produção diversificada, SOARES e FERRÃO, 1988. Porém, até a primeira metade do século XVIII, o algodão brasileiro só era usado no mercado interno, não sendo ainda uma matéria-prima capaz de despertar os
  • 27. Introdução a Engenharia Têxtil Prof. Dr. Rasiah Ladchumananandasivam, PhD, CText FTI., FRSA 22 interesses das grandes companhias responsáveis pelo comércio metropolitano. MOREIRA, et. al., 1994. Uma das causas do incremento da cultura algodoeira no Brasil foi a necessidade que o governo português sentiu de estimular essa cultura, a fim de poder abastecer as fábricas instaladas no Reino, reduzindo a importação dos tecidos ingleses, o que se deu no governo do Marquês de Pombal, em 1750. Com o advento da Revolução Industrial, na segunda metade do século XVIII, o algodão brasileiro passou a fazer parte do mercado internacional, sendo exportado para a Inglaterra, Estados Unidos e outros países. A necessidade de abastecer o mercado mundial fez com que a cultura do algodão tomasse novos rumos, deixando de ser uma agricultura de fundo de quintal, que visava, apenas, o mercado interno, voltado para a subsistência, e fosse substituída pelos cultivos comerciais com a produção destinada ao mercado exterior. O plantio do algodoeiro se expandiu pelas áreas novas, como Maranhão, Pernambuco, Ceará, Paraíba, Minas e Bahia, MOREIRA, et. al., 1994. As lavouras não se limitavam somente a estas regiões, mas praticamente dispersavam-se pela Brasil todo, desde o Pará até o Rio Grande do Sul. No século XIX (1839-40) houve um declínio da cultura algodoeira no Brasil como conseqüência da queda de preços do algodão. A lavoura não pôde suportar o aumento dos custos de transporte, a elevação dos preços de escravos e o decréscimo da produtividade do solo, decorrente dos processos predatórios em uso na sua exploração. A partir de 1860 a cotonicultura voltaria a se recuperar, em parte devido à suspensão das remessas de algodão, pelos Estados Unidos, para a Inglaterra, por conta da Guerra da Secessão (norte-americana) de 1861-65, MOREIRA, 1994. A Primeira Guerra Mundial teve dois importantes efeitos para o desenvolvimento da cotonicultura no Brasil. O primeiro foi o de re-aquecer as exportações do algodão para o mercado externo, e o segundo, o de aumentar a demanda interna do produto para o abastecimento da indústria têxtil nacional. A Guerra também causou a queda nas importações de tecidos que resultou num aumento da produção nacional, determinando um aumento na demanda interna de algodão. Esta vantagem, aliada à pressão na demanda externa, trouxe novo alento à cotonicultura no Brasil, principalmente em São Paulo. O algodão, no Nordeste, participou efetivamente deste surto de crescimento, não só atendendo às necessidades de algodão exigidas pela indústria têxtil do Sudeste, a que ficara subordinada depois de 1870, como também participando nas exportações para o mercado externo, face às necessidades de algodão determinadas pela Guerra. O algodão do Brasil passa, então, a despertar as atenções da Inglaterra, como provável substituto do norte-americano, de cujas remessas estavam se ressentindo os ingleses por conta, principalmente, da praga do bicudo. MOREIRA,1994.
  • 28. Introdução a Engenharia Têxtil Prof. Dr. Rasiah Ladchumananandasivam, PhD, CText FTI., FRSA 23 Ainda no século XVIII as fábricas brasileiras sofreram um processo de regressão devido ao Alvará de 5 de janeiro de 1785, firmado pela Rainha D. Maria I, que determinava a extinção de todas as fábricas têxteis no Brasil. A destruição dos teares no Brasil levou algum tempo para ser realizada, porém todos os teares apreendidos foram remetidos para Lisboa. Todavia, em algumas partes do Brasil a proibição de funcionamento das atividades têxteis não foram observadas. Em 1 de abril de1808, no início do século XIX, um novo alvará abolia e revogava o Alvará de 5 de janeiro de 1785. Deste modo, surgiram no Rio de Janeiro fábricas de tecidos de algodão e seda e a famosa fábrica de estampagem de tecidos de algodão, assim como fábricas de fiar e tecer algodão. À partir de 1840 surgem no Brasil fábricas que usavam máquinas mais aperfeiçoadas, com motor hidráulico ou a vapor e, tendo os trabalhos dirigidos por mestres e contramestres vindos da Europa, SOARES e FERRÃO, 1988. No século XIX, a cadeia têxtil tornou-se o maior empregador industrial do país, com cerca de 3 milhões de trabalhadores, ABITT,1997. No século XX, a produção têxtil nacional atinge US$17 bilhões, ou seja 2% do PIB ou 6% do PIB industrial. As exportações deste setor geram US$1,5 bilhões por ano. De 1990 até 1995 o Brasil investiu cerca de US$ 5 bilhões e tem previsão de investir mais US$12 bilhões nos anos de 1996 até 2005. A grande preocupação do setor é a grave ameaça à sua competitividade causada pela redução da produção doméstica de algodão, figura 3.26. Nas figuras 2.2, 2.3 e 2.4, a produção e consumo de algodão podem ser verificados claramente. Pode-se observar que desde a década de 80 até o presente momento o consumo interno do algodão superou a produção nacional e criou uma lacuna que facilitou a importação do mesmo. A situação piorou desde 1992, figura 2.2 No ano de 1997 foi previsto um déficit de 600 mil toneladas de algodão com valor de US$1 bilhão. No mesmo ano o consumo foi de 900 mil toneladas, US$ 1,5 bilhão com uma produção de 300 mil toneladas, US$ 0,5 bilhão. No ano 2005, o consumo estimado de algodão no Brasil seria de 1.500 toneladas ou US$ 2,5 bilhões. As condições naturais do Brasil são extremamente favoráveis ao cultivo competitivo do algodão, figura 3.26.
  • 29. Introdução a Engenharia Têxtil Prof. Dr. Rasiah Ladchumananandasivam, PhD, CText FTI., FRSA 24 Figura 3.27 A produção, importação e tarifa de algodão nas décadas de 80 e 90, ABIT,1997. Figura 3.28 Produtividade média por hectares no Brasil com relação aos grandes produtores mundiais, ABIT, 1997. Brasil - suprimento de algodão empluma 0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 80 82 84 86 88 90 92 94 96 Miltoneladas Produção Consumo Brasil: produção,importaçãoetarifadoalgodão 0 200 400 600 800 1000 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 0 30 60 Tarifa(%) Miltoneladas Produção Importação Tarifa(%) P r od utiv id a d e m é d ia em 1 9 9 5 (k g /ha ) 1 2 0 0 9 5 0 6 4 6 3 7 8 7 9 4 5 8 2 7 8 6 B rasil (no vas varied ad es) B rasil (centro -leste) B rasil (centro -su l) B rasil (m éd ia) C hina U S A M u nd ial Figura 3.26 A relação entre a produção e consumo de algodão no Brasil, BNDES (A01/GESET2) BMF, CONAB, Dez/95.
  • 30. Introdução a Engenharia Têxtil Prof. Dr. Rasiah Ladchumananandasivam, PhD, CText FTI., FRSA 25 3.6.1 As verdadeiras causas, ABIT, 1997. As causas citadas da queda de produção do algodão são: Alto custo de produção Baixa produtividade Insuficiência de financiamento Qualidade irregular do produto nacional Ausência de garantia de preço mínimo ao produtor Incidência de tributos sobre a exportação de algodão, no passado, figura 3.27. A falta do algodão resultou na importação, mas a importação não causou diretamente a queda da produção nacional. Apesar disso, a importação de algodão não cresceu com a redução da tarifa, mas apenas três anos depois, em decorrência da queda da produção nacional, figura 3.27. A economia algodoeira do Brasil passa por graves problemas, com a redução drástica do volume de produção e nenhuma perspectiva de recuperação. Atualmente, a cultura do algodão não é viável economicamente devido à falta de tecnologia adequada que permita reduzir seus custos de produção. A falta de algodão nacional prejudica sensivelmente a competitividade da indústria têxtil brasileira e impacta significativamente na balança comercial do país. Entretanto, a cotonicultura brasileira pode ser um bom negócio com o emprego de técnicas modernas, que resultaria numa geração potencial de 400 mil empregos qualificados. O potencial de ganho de produtividade representa uma boa oportunidade para redução de custo, figura 3.28. 3.7 Histórico da Indústria Têxtil no Estado do Rio Grande do Norte De todos os produtos agrícolas cultivados no Rio Grande do Norte o algodão foi o que mais se beneficiou de uma série de aspectos conjunturais, uma vez que nenhum outro produto agrícola dispôs de uma política tão abrangente quanto o algodão. Durante os anos correspondentes à Primeira Guerra Mundial o cultivo de algodão no Estado foi bastante lucrativo, tendo como conseqüência suma expansão cada vez maior desta atividade, o que obrigou os dirigentes do Estado a tomar decisões a fim de evitar que crises circunstanciais atingissem os produtores e desorganizassem a economia algodoeira. A indústria têxtil no Estado do Rio Grande do Norte teve seu início no dia 24 de maio de 1886, quando o Sr. Juvino Barreto lançou a primeira pedra de sua fábrica, em cerimônia presidida pelo então presidente da província, José Moreira Alves da Silva. Essa fábrica, “Fábrica de Fiação e Tecidos Natal” foi inaugurada no dia 21 de julho de 1888, (um ano antes da proclamação da República), com a presença do presidente provincial, Antônio Francisco Pereira de Carvalho.
  • 31. Introdução a Engenharia Têxtil Prof. Dr. Rasiah Ladchumananandasivam, PhD, CText FTI., FRSA 26 Juvino César Paes Barreto trouxe para Natal a primeira máquina “Lowell” para uma fábrica situada no começo da ladeira da rua da Cruz, hoje Junqueira Aires, que contava com uma área de 8000 m2 . Juvino Barreto trouxe da Inglaterra a tecnologia e as máquinas mais modernas da época. O parque industrial de fabricação contava com 48 teares, 1600 fusos e 9 cardas, com motor de 60 HP. As atividades desenvolvidas nessa fábrica eram o beneficiamento de algodão, que era trazido do interior da Província no lombo de animais, a fabricação de 4 tipos de tecidos grosseiros para consumo local. Após o falecimento de Juvino Barreto, no dia 09 de abril de 1901, a fábrica foi vendida a um empresário pernambucano, o Sr. Julius Von Sohsten que era descendente de holandeses. Durante a Guerra da Secessão, o Brasil passou a ser grande exportador de algodão para os Estados Unidos e Inglaterra, e isto fez com que faltasse matéria-prima para a fábrica aqui em Natal. Este foi um dos motivos para o seu fechamento. A partir daí, o Estado do Rio Grande do Norte ficou sem indústria têxtil durante uma década, uma vez que passou a exportar seu algodão para as fábricas da região sudeste, mais precisamente as do estado de São Paulo. O Estado também passou a exportar algodão para a Europa, (Alemanha, Inglaterra, Suíça e Itália), e também para outras partes do mundo como os Estados Unidos e Japão. O Rio Grande do Norte produzia algodão de boa qualidade, sendo 70% da sua produção de fibra longa de 34-36 mm, que por esta razão era muito bem aceito no mercado mundial. Isto fez com que os ingleses (COATS) se instalassem no Rio Grande do Norte, através da compra da fazenda São Miguel, no município de Angicos-RN, que hoje é o município de Fernando Pedroza. O grupo instalou uma usina de beneficiamento de algodão, além de cultivar algodão de fibra selecionada, fornecer sementes selecionadas aos produtores da região, e comprar o algodão pelo preço melhor que o do mercado. Nas décadas de cinqüenta e sessenta a indústria têxtil estadual, com ênfase na indústria de confecção, tomou um novo alento com a instalação de fábricas financiadas pela SUDENE, tendo como objetivo o desenvolvimento regional e aproveitamento da mão-de-obra local. Entretanto, na década de oitenta houve um declínio neste setor devido ao alto custo do algodão, falta de investimento e políticas de comércio externo praticadas na década de 70. A herança deixada para a década de oitenta inclui modificações profundas na estrutura tarifária brasileira, resultando na redução de impostos de exportação para o algodão, cuja alíquota de 55%, em 86, cai para 10% em 1988, e zero a partir de 1990, seguindo o rastro de outros produtos primários têxteis, como a lã bruta, a seda, o rami, o linho a juta e o sisal, PESSOA, e outros, 1997. Porém, devido a sua tradição na área têxtil, o Rio Grande do Norte ressurge no final da década de noventa como um dos principais pólos têxteis do Nordeste, em conseqüência da profunda reestruturação que o setor sofre no país. Algumas indústrias locais que se encontravam paralisadas foram reativadas e ampliadas, e várias
  • 32. Introdução a Engenharia Têxtil Prof. Dr. Rasiah Ladchumananandasivam, PhD, CText FTI., FRSA 27 indústrias nacionais instalaram suas fábricas no Estado. Essas indústrias foram atraídas pelo Programa de Apoio ao Desenvolvimento Industrial –PROADI, que garante incentivos fiscais para as empresas que se instalarem no Rio Grande do Norte. Um outro atrativo para a instalação dessas indústrias é a presença de gás natural abundante e barato no Estado. As indústrias instaladas e em instalação são do setor de tecelagem, tinturaria de malhas, confecções, zíppers, fiação e roupas industriais, INVESTIRN, 1997. Ainda como parte do panorama têxtil do RN, pode ser citada a existência de micro, pequenas e médias empresas, muitas das quais trabalham em regime de terceirização. Na maioria são empresas de confecção informais. Assim desenvolveu-se o processo de industrialização do setor têxtil do Estado do Rio Grande do Norte, que hoje conta com uma das fábricas mais modernas da América Latina. A indústria têxtil do RN também tornou-se um dos maiores empregadores do Estado. Devido a sua tradição e importância para a economia do Estado, surgiu a necessidade de realizar um estudo mais detalhado sobre este ramo de atividade industrial com o objetivo de investigar e sistematizar um conjunto de informações que permita melhor compreendê-lo. Na realidade, este é um dos setores de atividade econômica mais importantes do Estado e que criou uma tradição e referência regional e nacional no cenário industrial do Brasil. O estudo acima referido pretende, também, apresentar um quadro de informações e análises úteis tanto à compreensão de determinado setor industrial para fins de pesquisa, quanto para formulação de políticas industriais ou tomada de decisão de investimentos privados. A importância econômica da indústria têxtil remonta à meados do século XIX e deriva da combinação da existência de demanda interna por seus produtos e do sucesso das inovações introduzidas no processo produtivo, que levaram à mecanização da produção e à conseqüente elevação da produtividade. As mudanças ocorridas na indústria têxtil nos últimos cinco anos podem ser consideradas como evoluções em lugar de revoluções, como foi na época da Revolução Industrial. Novas tecnologias estão sendo empregadas que visam melhorar os padrões de qualidade e produtividade para atender as demandas do mercado. As indústrias têxteis estão presentes em todas as nações do mundo, seja qual for o seu estado de industrialização, assumindo importância estratégica nas economias em desenvolvimento, pois, ao mesmo tempo que apresentam grande capacidade de absorção de mão-de-obra, não exigem investimentos fixos tão vultuosos quanto os da indústria de tecnologia de Ponta, adaptando-se assim às disposições dos fatores dessas economias, ou seja, trabalho abundante e capital escasso. Além disso, propiciam o aproveitamento das matérias-primas nacionais, RIBEIRO, 1984.
  • 33. Introdução a Engenharia Têxtil Prof. Dr. Rasiah Ladchumananandasivam, PhD, CText FTI., FRSA 28 Dentre as industrias de peso na economia brasileira, a indústria têxtil ocupa um lugar privilegiado, sendo um dos grandes empregadores. A indústria têxtil, sempre teve nos mercados externos importante fonte de demanda para sua produção. As matérias primas usadas eram, basicamente, fibras naturais, como algodão, linho, lã, etc. O algodão predominou na produção mundial, e mantém essa posição até os dias atuais. Entretanto das últimas décadas tem crescido a produção e utilização das fibras manufaturadas, como poliéster, náilon, acrílico, elastano, e outras. As técnicas básicas de fabricação de fio e tecido têm sido, praticamente, as mesmas desde o início da Revolução Industrial. [Obs.: de 3.1 até o final deste capítulo foi retirado da Dissertação de Mestrado do Nicodemos Fernandes de Araújo, que foi orientando do autor desta apostila. Para maiores informações, consultar a citada dissertação.]
  • 34. Introdução a Engenharia Têxtil Prof. Dr. Rasiah Ladchumananandasivam, PhD, CText FTI., FRSA 29 4.0 ALGODÃO – A SUA POSIÇÃO E PROGRESSO NO MERCADO MUNDIAL Como a principal matéria prima parra a industria têxtil, a situação atual do algodão e as perspectivas futuras estão intimamente ligadas às tendências de oferta e demanda na Europa e no mundo inteiro. Os assuntos complexos que deveriam ser interpretados, entendidos, e tratados com relação à sobrevivência da indústria têxtil num mundo altamente dinâmico e competitivo são decisivos não só para o futuro do fabricante têxtil mas também para o algodão. O algodão que tem sido como uma fibra têxtil por mais de 5000 anos, há cinqüenta correspondia a 85% do consumo mundial das principais fibras. Mas, nas duas décadas após a 2a guerra mundial, a posição de monopólio do algodão foi quebrado pelo desenvolvimento e introdução subseqüente no mercado, de uma série de fibras manufaturadas, principalmente sintéticas. Nos meadas de 1960, a participação do principalmente fibras sintéticas. Nos meados de 1960, a participação do algodão no consumo das fibras pelas industrias caiu para 60%. A participação da lã baixou para 8%. Enquanto as fibras manufaturadas, capturou 30% do consumo total de fibras. Para entender a performance do algodão no mercado de hoje, e seu potencial no futuro vem, é necessário observar os progressos alcançados desde 1967. Um estudo de pesquisa do mercado para determinar a imagem do algodão foi realizado. Os consumidores estão conscientes em relação às propriedades da fibra que incluem um alto grau de absorção, não causa irritabilidade na pele, é atóxico, de fácil lavagem, assegura a manutenção de cores vivas, quando tingido, e alta versatilidade. Mas, estas propriedades não são suficientes para que os consumidores se convencem a dar preferência a compra de produtos de algodão. Ao fazerem uma comparação entre os tecidos de algodão e os sintéticos os seguintes aspectos são observados: o algodão precisa ser passado a passar ferro, necessita de muito tempo para secar, amarrota-se mais facilmente, possui pouco lustre e, ultimamente, não tem sido um tecido da moda. Mas as pesquisas de mercado apontam para uma mudança positiva da opinião dos consumidores sobre as atitudes com relação ao algodão e os seus produtos. Os consumidores na Europa e Japão passaram a descrever o algodão como um material confortável e moderno e apropriado para a vida moderna; além de muito bom para liderar as tendências da moda. Tal mudança de atitude ajudou enormemente a aceitação destes produtos e as vendas dos produtos de 100% algodão.
  • 35. Introdução a Engenharia Têxtil Prof. Dr. Rasiah Ladchumananandasivam, PhD, CText FTI., FRSA 30 4.1 Fatores Econômicos e Estéticos 1. Fatores de aparência 2. Fatores de durabilidade 3. Fatores de conforto 4. Fatores econômicos. 4.2 Fatores que Governam a Produção da Fibra Aparência Algodão Fibras sintéticas F Ñ I F Ñ I Mudança da cor X X Retenção das dobras X X Caimento X X Toque X X Lustre X X Pilling X X Versatilidade X X Resistência ao amarrotamento X X X F – Favorável; Ñ – não favorável; I - irrelevante O Mercado (influenciando o consumidor) Pesquisa do meercado Pesquisa técnica e desenvolvimento Novos produtos e processos Desenvolvimento do mercado: - produção - serviços comerciais - relações públicas Melhorando o perfil da imagem do algodão e introdução de produtos novos de moda
  • 36. Introdução a Engenharia Têxtil Prof. Dr. Rasiah Ladchumananandasivam, PhD, CText FTI., FRSA 31 Durabilidade Algodão Fibras sintéticas F Ñ I F Ñ I Resistência a abrasão X X Ataque biológico X X Degradação por cloro X X Degradação por chama X X ou X Passar ferro X X Degradação – lavagem X X Degradação – luz X X Degradação – perspiração X X Resistência ao rasgo X X Resistência tensil X F – Favorável; Ñ – não favorável; I - irrelevante Conforto Algodão Fibras sintéticas F Ñ I F Ñ I Permeabilidade do ar X X Cobertura X X Elasticidade X X Propensão eletrostática X X Absorção da umidade X X Irritação da pele X X Transmissão térmica X X Espessura X X Transmissão do vapor da água X X Peso X X F – Favorável; Ñ – não favorável; I - irrelevante Durabilidade Algodão Fibras sintéticas F Ñ I F Ñ I Melhoramento da propaganda X X Pesquisa agricultura X X Automação X X Mudanças climáticas X ou X X Demanda do consumidor X X Alto custo de mão-de-obra X X Diminuição dos recursos naturais X X X X Novos métodos de produção da fibra X X Novas industrias sintéticas nacionais X X Novos recursos de óleo X X Novas tecnologias X X X Aumento do peso do óleo X Manipulação política X X
  • 37. Introdução a Engenharia Têxtil Prof. Dr. Rasiah Ladchumananandasivam, PhD, CText FTI., FRSA 32 Aumento da população X X Aumento do custo de transporte X X Armazenagem X X Guerra X X X F – Favorável; Ñ – não favorável; I - irrelevante 4.3 Produção, Consumo, Estoque e Preços de Algodão. Ano1 1994/1995 1995/1996 1996/1997 1997/1998 1998/1999 PRODUÇÃO (milhões de toneladas) Mundial 18,7 20,2 19,5 19,7 18,5 China EUA Índia Paquistão 4,3 4,3 2,4 1,5 4,8 3,9 2,7 1,9 4,2 4,1 3,0 1,5 4,3 4,1 2,7 1,5 4,2 3,8 2,7 1,5 CONSUMO Mundial China Índia EUA Paquistão 4,3 2,3 2,4 1,5 4,3 2,5 2,3 1,6 4,6 2,8 2,4 1,5 4,7 2,8 2,5 1,5 4,7 2,9 2,5 1,5 ESTOQUE2 7,6 9,2 9,7 10,4 10,1 PREÇOS3 92,8 85,6 78,6 72,0 75,0 Nota: 1. Estação 1 de agosto – 31 de julho 2. Final da estação 3. Índice Cotlook, centavos de US$/lb. 4.4 Produção, Consumo, Estoque e Preços da Lã. Ano1 1994/1995 1995/1996 1996/1997 1997/1998 1998/199 9 PRODUÇÃO (mil toneladas) Mundial 1.556 1.484 1.456 1.467 1.482 Austrália Nova Zelândia China ESSR 473 213 128 157 452 199 139 124 442 200 152 100 442 200 152 100 460 202 155 100 CONSUMO Mundial China Comunidade Européia 439 418 409 395 410 400 420 402 420 405
  • 38. Introdução a Engenharia Têxtil Prof. Dr. Rasiah Ladchumananandasivam, PhD, CText FTI., FRSA 33 Japão EUA 90 65 71 57 75 55 73 60 70 60 ESTOQUE2 342 258 185 125 75 PREÇOS3 788 619 614 660 680 Nota: 1. Estação 1 de agosto – 31 de julho 4. Final da estação 5. Índice Cotlook, centavos de US$/lb. 5.0 CLASSIFICAÇÃO A maioria dos vegetais existente no universo tem sido classificados em grupos naturais. O reino vegetal, em geral, está classificado em divisões. As divisões em classes, as classes em ordens, as ordens em famílias e as famílias em gêneros, os gêneros em espécies e com frequência as espécies em sub-espécies, variedades botânicas ou raças. Algumas vezes estas categorias poderão ser novamente classificadas, originando as tribos [PASSOS, p. 372 - 373, 1977]. Primitivamente, [Linneo, A.:1753], estudou o algodoeiro, usando plantas cultivadas e a ele é atribuída a identificação e descrição de 5 a 6 espécies. Em seguida vários outros estudiosos se dedicaram à classificação do algodão, daí o tipo de algodão do gênero Gossypium L., sendo este “L” é usado para designar o autor da identificação, no caso, [ Linneo, A:.1753]. 5.1 PLANTIO E COLHEITA Os diversos tipos de algodão vão perdendo suas propriedades quando são plantadas repetidas vezes. Por isso é necessário nova escolha e cruzamento de tipos sempre renovados [PASSOS, p. 334 - 337, 1977]. O algodão cresce, principalmente, em zonas costeiras das regiões tropicais. Para o plantio, que pode ser feito em grandes extensões, é apropriado solo argiloso e arenoso. A época da semeadura depende do clima da zona onde se fará o plantio. No Brasil, começa em dezembro e termina em março. Na semeadura, principalmente à base de máquinas, os grãos são depositados a uma profundidade de 5 a 10 cm do solo. Quando se utiliza o sistema de irrigação artificial, ou quando há maiores precipitações pluviométricas, abrem-se sulcos no solo e as sementes são lançadas nas paredes dos sulcos. Dependendo da zona, os brotos devem ser protegidos contra o vento e neste caso a semeadura é feita no fundo dos sulcos, [PASSOS, 204 – 211, 1977]. Aproximadamente 40 dias depois do arbusto atingir sua altura máxima (cerca de 1,20 m), desenvolve-se, então, flores com cores diferentes, desde o amarelo-claro até a
  • 39. Introdução a Engenharia Têxtil Prof. Dr. Rasiah Ladchumananandasivam, PhD, CText FTI., FRSA 34 cor de rosa. A floração ocorre num período de 100 a 140 dias. Após a floração o ovário da planta se transforma numa cápsula que com a maturação rebenta e as fibras saem brotando, chegando então o momento da colheita[PASSOS, p. 372 - 381, 1977]. O algodão pode ser colhido manualmente (dividindo-se em etapas de pré- colheita, colheita principal e pós-colheita), ou mecanicamente, através de máquinas, chamadas colheitadeiras, [GRID-PAPP...(et al), p. 105 –112, 1992]. Após a colheita, as plantas deverão ser destruídas pelo arado, embora os arbustos tenham duração de vários anos, pois nova semeadura a cada ano garante resultados melhores. Além disso é mais fácil fazer a colheita em arbustos pequenos de um ano e de altura uniforme.
  • 40. Introdução a Engenharia Têxtil Prof. Dr. Rasiah Ladchumananandasivam, PhD, CText FTI., FRSA 35 5.1.1 TIPOS DE COLHEITAS, VANTAGENS e DESVANTAGENS [PASSOS, 1997] Tipo de Colheita Execução Vantagens Desvantagens MANUAL Deve ser feita várias vezes devido à diferença de maturação dos capulhos. Qualidade, uniforme, alto grau de pureza das fibras. Exige maior número de empregados (mão- de-obra). Emprego de colheitadeira de fusos com ancinhos ou colheitadeira à vácuo com aspiração. Economia de mão-de- obra. As fibras ficam sujas por pedaços de folhas e capulhos. MECÂNICA Colheitadeiras de fuso: A colheita é feita num único processo no momento em que as maiores parte dos capulhos estão maduros. Possibilidade de se construir uma máquina eficiente. Única colheita, permitindo que se apanhem fibras que se encontram em diferentes fases de amadurecimento. Colheitadeira à vácuo: Colheita feita na época do amadurecimento. Possibilita a colheita de fibras que estão maduras naquela ocasião. Dificuldades para construir uma máquina perfeita. 5.2 TIPOS COMERCIAIS A classificação do algodão nos tipos comerciais é feita conforme a cor, características físicas (resistência, finura, maturidade, etc.), grau de limpeza e comprimento das fibras. O tipo é determinado, principalmente, pala quantidade de folhas e outras impurezas vegetais existentes nas fibras [GRID-PAPP.(et al), 1992]. Elas influenciam a quantidade de resíduos durante o processamento, tabela 5.1. Tabela 5.1 - Produção de Algodão por Região no Brasil, [CONAB-BM&F, 1996] Brasil: Produção de algodão em pluma por região (em 1000 ton.) Anos Centro-sul (meridional) Norte-Nordeste (setentrional) Brasil Total Toneladas % Toneladas % 1930 8 8 87 92 095 1940 327 70 142 30 469 1950 325 60 158 40 393 1950 268 59 184 41 452 1960 505 87 75 13 580
  • 41. Introdução a Engenharia Têxtil Prof. Dr. Rasiah Ladchumananandasivam, PhD, CText FTI., FRSA 36 1080 450 79 122 21 572 1990 621 93 45 7 666 1995 482 85 83 15 565 O algodão é negociado na Bolsa de Mercadoria, ou seja, em centro onde os negociantes se encontram, em determinados períodos, para negociar o algodão ou outros produtos, de acordo com regras preestabelecidas [GRID-PAPP...(et al), 1992]. O algodão é apresentado apenas em amostras, pois a sua qualidade está padronizada. Existem Bolsas de Algodão principalmente nos grandes portos de exportação e importação de algodão, como Nova Iorque (EUA), centro do comércio de algodão em Nova Orleans (EUA), Londres (Inglaterra), Havre (França), Bremen (Alemanha), Trieste (Itália), Alexandria (Egito), Osaka (Japão). Países exportadores de algodão em tempos de globalização da economia são, EUA, Rússia, Índia, Paquistão e Argentina, [GRID-PAPP...(et al), 1992]. 2.7 CLASSIFICAÇÃO DO ALGODÃO NO BRASIL A classificação comercial do algodão no Brasil segue normas estabelecidas pelo Ministério da Agricultura, através de Leis e Decretos específicos O padrão atual é estabelecido conforme a Lei 6.305, de 15 de dezembro de 1975, e pelo Decreto n0 82.110, de 14 de agosto de 1978. Segundo as mesmas, o algodão compreende (duas) divisões, denominadas como vemos a seguir: a primeira compreende os algodões “Mocó” e “Seridó”, e a segunda compreende “outras espécies e variedades comerciais”, cada uma com 5 (cinco) tipos de algodão em caroço, (1-3-5-7 e 9) e 9 (nove) tipos de algodão em pluma (1 a 9), sendo admitidos para a região Centro-Sul os tipos intermediários 4/5; 5/6; 6/7 e 7/8. Isso permitiu não apenas uma melhor classificação e comercialização do produto, inclusive para utilização nas operações de financiamento (preços mínimos), como também para controle da fiscalização cambial[GRID-PAPP...(et al), 1992]. Permitiu, também, com as ressalvas naturais decorrentes das operações de descaroçamento, que se formulassem equivalências bastante aproximadas entre o algodão em caroço e o algodão em pluma, conforme mostrado na tabela 5.2: Tabela 5.2 - Classificação do Algodão Brasileiro: Tipo em caroço Tipo em pluma 1 1 ou superior 2 3 3 ou bom 4 4/5 5 ou regular 5 5/6 7 ou sofrível 6
  • 42. Introdução a Engenharia Têxtil Prof. Dr. Rasiah Ladchumananandasivam, PhD, CText FTI., FRSA 37 6/7 7 9 ou inferior 8 9 Como não existem cotações senão aquelas estabelecidas para os financiamentos garantidos pela legislação dos preços mínimos para o algodão em caroço, essa equivalência é bem aceita pelas partes, lavradores e maquinistas, e pelas cooperativas, na fixação de pontos para recebimento e prestação de contas. [Obs.: Este capítulo foi retirado da Dissertação de Mestrado do Moisés Vieira de Melo, que foi orientando do autor desta apostila. Para maiores informações, consultar a citada dissertação.]
  • 43. Introdução a Engenharia Têxtil Prof. Dr. Rasiah Ladchumananandasivam, PhD, CText FTI., FRSA 38 6.0 FLUXOGRAMAS DOS PROCESSOS INDÚSTRIAIS TÊXTEIS 6.1 Produção do Fio Retorcido Penteado ENROLADEIRA FILATÓRIO A ANEL SALA DE ABERTURA CARDA PASSADOR 1a PASSAGEM PASSADOR 2a PASSAGEM MAÇAROQUEIRA BINADEIRA RETORCEDEIRA FIO RETORCIDO PENTEADO PENTEADEIRA LAMINADEIRA REUNIDEIRA
  • 44. Introdução a Engenharia Têxtil Prof. Dr. Rasiah Ladchumananandasivam, PhD, CText FTI., FRSA 39 6.2 PRODUÇÃO DO FIO CARDADO-PENTEADO FIAÇÃO - FIO CARDADO E FIO PENTEADO FIO CARDADO SALA DE ABERTURA CARDA PASSADOR 1a PASSAGEM PASSADOR 2a PASSAGEM MAÇAROQUEIRA FILATÓRIO A ANEL PENTEADEIRA LAMINADEIRA REUNIDEIRA FIO PENTEADO
  • 45. Introdução a Engenharia Têxtil Prof. Dr. Rasiah Ladchumananandasivam, PhD, CText FTI., FRSA 40 6.3 PRODUÇÃO DE FIBRAS MISTAS POLIÉSTER-ALGODÃO - SISTEMA CARDADO FIAÇÃO MISTURA DE FIBRAS O sistema cardado é mais comumente usado para fios finos abaixo de 30Ne. POLIÉSTER MAÇAROQUEIRA FILATÓRIO A ANEL SALA DE ABERTURA CARDA PASSADOR 1a PASSAGEM PASSADOR 2a PASSAGEM CARDA SALA DE ABERTURA ALGODÃO SISTEMA CARDADO
  • 46. Introdução a Engenharia Têxtil Prof. Dr. Rasiah Ladchumananandasivam, PhD, CText FTI., FRSA 41 6.4 PRODUÇÃO DE FIBRAS MISTAS POLIÉSTER-ALGODÃO – SISTEMA PENTEADO FIAÇÃO MISTURA DE FIBRAS O sistema penteado é mais comumente usado para fios finos acima de 30Ne. POLIÉSTER MAÇAROQUEIRA FILATÓRIO A ANEL SALA DE ABERTURA CARDA PASSADOR 1a PASSAGEM PASSADOR 2a PASSAGEM CARDA SALA DE ABERTURA ALGODÃO SISTEMA PENTEADO PENTEAGEM
  • 47. Introdução a Engenharia Têxtil Prof. Dr. Rasiah Ladchumananandasivam, PhD, CText FTI., FRSA 42 6.5 PRODUÇÃO DE FIBRAS MISTAS POLIÉSTER - RAION VISCOSE – SISTEMA CARDADO - MISTURA NO PASSADOR POLIÉSTER MAÇAROQUEIRA FILATÓRIO A ANEL SALA DE ABERTURA CARDA PASSADOR 1a PASSAGEM CARDA SALA DE ABERTURA RÁION VISCOSE PASSADOR 2a PASSAGEM PASSADOR 3a PASSAGEM
  • 48. Introdução a Engenharia Têxtil Prof. Dr. Rasiah Ladchumananandasivam, PhD, CText FTI., FRSA 43 6.6 PRODUÇÃO DE FIBRAS MISTAS POLIÉSTER - RÁION VISCOSE – SISTEMA CARDADO - MISTURA NO PASSADOR POLIÉSTER MAÇAROQUEIRA FILATÓRIO A ANEL SALA DE ABERTURA CARDA PASSADOR 1a PASSAGEM CARDA SALA DE ABERTURA RÁION VISCOSE PASSADOR 2a PASSAGEM PASSADOR 3a PASSAGEM PASSADOR
  • 49. Introdução a Engenharia Têxtil Prof. Dr. Rasiah Ladchumananandasivam, PhD, CText FTI., FRSA 44 6.7 FIAÇÃO OPEN-END NA PRODUÇÃO DO FIO SALA DE ABERTURA CARDA PASSADOR 1a PASSAGEM PASSADOR 2a PASSAGEM OPEN-END FIAÇÃO OPEN-END
  • 50. Introdução a Engenharia Têxtil Prof. Dr. Rasiah Ladchumananandasivam, PhD, CText FTI., FRSA 45 6.8 PRODUÇÃO DO FIO RETORCIDO CARDADO. ENROLADEIRA FILATÓRIO A ANEL SALA DE ABERTURA CARDA PASSADOR 1a PASSAGEM PASSADOR 2a PASSAGEM MAÇAROQUEIRA ENROLADEIRA RETORCEDEIRA FIO RETORCIDO CARDADO
  • 51. Introdução a Engenharia Têxtil Prof. Dr. Rasiah Ladchumananandasivam, PhD, CText FTI., FRSA 46 6.9 DIVERSOS TIPOS DE FIO ENROLADEIRA FILATÓRIO A ANEL FIO FILAMENTO CONTÍNUO BINADEIRA RETORCEDEIRA FIO DIVERSOS FIO CARDADO FIBRAS CURTAS (DESCONTÍNUAS) FIO PENTEADO FIO SINGELO FIO RETORCIDO FIO REGULAR FIO ESPECIAL ALTO VOLUME ("HIGH BULK") FIO FANTASIA FIO RETORCIDO FIO MULTIFILAMENTO FIO MONOFILAMENTO FIO FANTASIA FIO TEXTURIZADO
  • 52. Introdução a Engenharia Têxtil Prof. Dr. Rasiah Ladchumananandasivam, PhD, CText FTI., FRSA 47 6.10 FUSO CONE OU QUEIJO CONICALEIRA EMBALAGEM DO FIAÇÃO A ROTOR OU FRICÇÃO ETC. BOBINA DE FILAMENTO CONTÍNUO ESPULAGEM (TEAR COM LANÇADEIRA) TEAR SEM LANÇADEIRA TRAMA URDISAGEM MALHA DE URDUME E LIGAÇÃO POR COSTURA "STITCH BONDING" URDISAGEM REMETEÇÃO URDUME REMETEÇÃO MALHA DE TRAMATECELAGEM SEQUÊNCIAS DOS PROCESSOS DA PREPARAÇÃO DO FIO COM RELAÇÃO AO USO ESPECÍFICO
  • 53. Introdução a Engenharia Têxtil Prof. Dr. Rasiah Ladchumananandasivam, PhD, CText FTI., FRSA 48 6.11 FLUXOGRAMA DE BENEFICIAMENTO DE TECIDOS DE 100% POLIÉSTER TECIDO CRU DESENGOMAGEM FIXAÇÃO SECAGEM TINGIMENTO ALVEJAMENTO SECAGEM CHAMUSCAGEM POLIMERIZAÇÃO LAVAGEMSECAGEM RESINAGEM ESTAMPAGEM CALANDRAGEM TECIDO ACABADO
  • 54. Introdução a Engenharia Têxtil Prof. Dr. Rasiah Ladchumananandasivam, PhD, CText FTI., FRSA 49 6.12 FLUXOGRAMA DE BENEFICIAMENTO DE TECIDOS PUROS E MISTOS DE ALGODÃO E POLIÉSTER TECIDO CRU NAVALHAGEM CHAMUSCAGEM ALVEJAMENTODESENGOMAGEMMERCERIZAÇÃO TINGIMENTO RESINAGEMALVEJAMENTO ESTAMPAGEM SECAGEMEXTRAÇÃO DE ÁGUA SECAGEM SECAGEM POLIMERIZAÇÃO LAVAGEMSECAGEM TECIDO ACABADO SANFORIZAÇÃO CALANDRAGEM FLUXOGRAMA DE BENEFICIAMENTO DE TECIDOS DE 100% ALGODÃO
  • 55. Introdução a Engenharia Têxtil Prof. Dr. Rasiah Ladchumananandasivam, PhD, CText FTI., FRSA 50 6.13 MALHA CRUA BENEFICIAMENTO DAS MALHAS 100% ALGODÃO COZINHAMENTO ABERTURA EXTRAÇÃO DE ÁGUA SECAGEM CALANDRAGEM MALHA ACABADA DESENGOMAGEM ALVEJAMENTO TINGIMENTO AMACIAMENTO CORTE E ABERTURA RESINAGEM DECATIZAGEM
  • 56. Introdução a Engenharia Têxtil Prof. Dr. Rasiah Ladchumananandasivam, PhD, CText FTI., FRSA 51 6.14 BENEFICIAMENTO - MALHA MALHA CRUA ABERTURA FIXAÇÃO PRÉ-FIXAÇÃO DESENGOMAGEM ALVEJAMENTO TINGIMENTO ALVEJAMENTO TINGIMENTO EXTRAÇÃO DE ÁGUA EXTRAÇÃO DE ÁGUA SECAGEM SECAGEM ACABAMENTO CORTE E ABERTURA ACABAMENTO E TEERMOFIXAÇÃO CALANDRAGEM MALHA ACABADA DECATIZAGEM
  • 57. Introdução a Engenharia Têxtil Prof. Dr. Rasiah Ladchumananandasivam, PhD, CText FTI., FRSA 52 6.15 CLASSIFICAÇÃO DAS FIBRAS TÊXTEIS Classificação das Fibras Têxteis Natural Manufaturados animal vegetal mineral (amianto) semente algodão kapok coco folhacaule linho hemp juta kenaf ramie etc. abaca ou manila henequen phormium tenax sisal etc. seda lã (carneiro) polímero sintético pelo alpaca, camelo, vaca, bode (mohaircashmere), cavalo, coelho (ângora), vicuña, etc. borracha(FTC) (elastodieno) outros (carbobno, vidro, metal, cerâmica) polímero natural animal (caseína) vegetal (arachin, zein) alginato éster de celulose celulose regenerada (ráion(FTC)) proteína regnerada (azlon(FTC)) cupro (cupra(FTC) acetato deacetilado viscose modal ureia de polimetileno (policarbamida) poliolefina (olefina(FTC) derivados de polivinilo poliuretano poliamida ounáilon aramid poliéster poliisopreno sintético polietileno polipropileno poliuretano não segmentado poliuretano segmentado (elastano, spandex (FTC), lycra) lastrile(FTC) vinilal poli (alcool vinilo), vinal acríliconovoloid(FTC) trivinilofluorofibraanidex(FTC) modacrílico nytril clorofibra poliestireno poli(cloreto de vinilideno) (saran(FTC)) poli(cloreto de vinilo) (vinyon (FTC))
  • 58. Introdução a Engenharia Têxtil Prof. Dr. Rasiah Ladchumananandasivam, PhD, CText FTI., FRSA 53 7. COTONICULTURA BRASILEIRA – PROBLEMAS E SOLUÇÕES (TRABALHO APRESENTADO PELA ABIT EM MARÇO DE 1997) 1. Os graves problemas do setor: i. Drástica redução da produção brasileira de algodão nos últimos anos; ii. Impacto negativo na competitividade da indústria têxtil nacional iii. Impacto negativo na balança comercial do país. 2. Identificação das verdadeiras causas da queda da produção de algodão: i. Custo; ii. Produtividade 3. Comprovação de que a produção de algodão no Brasil pode ser um bom negócio: i. Grande potencial de ganho de produtividade; ii. Redução de custo com uso de tecnologia; iii. Crescimento de lavouras modernas na região Centro - Oeste. 4. Proposta de uma solução eficaz para o algodão brasileiro: i. Transformação do algodão em um bom negócio; ii. Produção e comercialização sob responsabilidade da iniciativa privada; iii. Incentivo inicial do Governo para quebrar a tendência de queda da produção. 7.1 INDÚSTRIA TÊXTIL NACIONAL: i. 80% das fibras utilizadas nas fiações brasileiras; ii. 65% dos fios utilizadas nas tecelagens brasileiras; iii. 70% consumo brasileiro de fibras têxteis. iv. 7.2 A PRODUÇÃO NACIONAL DE ALGODÃO Ver Figura 3.26 7.3 PRODUÇÃO E CONSUMO DAS GRANDES POTÊNCIAIS TÊXTEIS MUNDIAIS DE ALGODÃO País Produção (toneladas) Consumo (toneladas) China 4,341 4,240
  • 59. Introdução a Engenharia Têxtil Prof. Dr. Rasiah Ladchumananandasivam, PhD, CText FTI., FRSA 54 Estados Unidos 4,281 2,437 Índia 2,380 2,243 Paquistão 1,479 1,575 Turquia 628 800 Brasil 300 858 Egito 254 270 7.4 A PERDA DE COMPETITIVIDADE E AS SUAS CONSEQUÊNCIAS: I. A cadeia têxtil é o maior empregador industrial do país – 3 milhões de trabalhadores; II. A produção têxtil nacional atinge US$17 bilhões – 2% do PIB ou 6% do PIB industrial; III. As exportações do setor geram US$ 1,5 bilhões por ano; IV. Grandes investimentos do modernização e ampliação do parque industrial têm sido feitos; i. US$ 5 bilhões entre 1990 e 1995; ii. US$ 12 bilhões poderão ser investidos entre 1996 e 2005. RESULTADOS NEGATIVOS: 1. Déficit para 1997 é de 600 mil toneladas de algodão, ou US$ 1,0 bilhão; 2. Em 1997, consumo de 900 mil toneladas, ou US$ 1,5 bilhão; 3. Produção de 300 mil toneladas, ou US$ 0,5 bilhão 4. Estimado para 2005, consumo de 1.500 toneladas ou US$ 2,5 bilhões. CONDIÇÕES FAVORÁVEIS: 1. Condições naturais do Brasil são extremamente favoráveis ao cultivo competitivo do algodão; 2. Geração potencial de 400 mil empregos qualificados (base de 0,32 trabalhadores por hectare) AS VERDADEIRAS CAUSAS DO PROBLEMA: 1. As causas da queda de produção são: i. Alto custo de produção; ii. Baixa produtividade; iii. Insuficiência de financiamento; iv. Qualidade irregular do produto nacional; v. Ausência de garantia de preço mínimo ao produtor; vi. Incidência de tributos sobre a exportação de algodão, no passado;
  • 60. Introdução a Engenharia Têxtil Prof. Dr. Rasiah Ladchumananandasivam, PhD, CText FTI., FRSA 55 CONSEQUÊNCIAS: 1. A falta do algodão resultou na importação; 2. A importação não causou diretamente a queda da produção 7.5 A IMPORTAÇÃO EXPORTAÇÃO E TARÍFA DO ALGODÃO: Ver Figura 3.27 página 25 7.6 PRODUTIVIDADE MÉDIA MUNDIAL (KG/HA) Ver Figura 3.28 página 25 7.7. O CUSTO DE PRODUÇÃO PODE SER REDUZIDO COM O USO ADEQUAÇÃO DE TECNOLOGIA Preço de mercado – R$ 0,73 Alta Tecnologia 1.000 kg fibra/ha, colheita mecanizada R$/lb Baixa Tecnologia, 400kg fibra/há, colheita manual R$/lb Insumos 0,11 0,12 Herbicidas 0,007 0,011 Inseticidas 0,04 0,05 Regulador de crescimento 0,02 0,04 Preparador de Solo e Plantio 0,06 0,19 Tratos culturais 0,08 0,25 Colheita 0,05 0,02 Outros custos 0,06 0,04 Despesas Administrativas 0,01 0,02 Funrural 0,437 0,741 Fonte: Fundação Mato Grosso, Coceal.
  • 61. Introdução a Engenharia Têxtil Prof. Dr. Rasiah Ladchumananandasivam, PhD, CText FTI., FRSA 56 7.8 LAVOURAS MODERNAS E EFICIENTES DO CENTRO – OESTE PARANA (PR) MATOGROSSO DO SUL (MS) SÃO PAULO (SP) MINAS GERAIS (MG) GOIAIS (GO) MATOGROSSO (MT) 7.10 COMPARAÇÃO DA LUCRATIVIDADE DE ALGODÃO DAS LAVORAS MODERNAS DO CENTRO – OSETE COM SOJA Maior rentabilidade da cultura eficiente do algodão em relação à soja (R$/HÁ) Algodão Soja Receita bruta 1.710 570 Custos totais 1.000 380 Lucro 710 190 Fonte: Fundação Mato Grosso 7.11 EMPRESAS BRASILEIRAS COM BOAS TÉCNICAS E BAIXO CUSTO DE PRODUÇÃO DE ALGODÃO: 1. Grupo Maeda (São Paulo e Goiás) 2. Grupo Tadashi (São Paulo e Mato Grosso) 3. Grupo Maggi (Mato Grosso) 4. Grupo Sachetti (Mato Grosso) 5. Outros PROPOSTAS DE MELHORIA DA INDÚSTRIA TÊXTIL - INTRODUÇÃO DE TECNOLOGIA INTERNACIONAL COM INVESTIMENTO DO ESTADO E DO SETOR PRIVADO, NO DESENVOLVIMENTO DE SEMENTES NACIONAIS: 1. Importação de tecnologia e “know - how”, do mundo algodoeiro com convênios internacionais e sementes híbridas; i. Resolve o problema brasileiro de defasagem genética, e serve de indutor para o desenvolvimento de novas variedades nacionais; ii. Expande a oferta de sementes geneticamente avançadas para todos os produtores nacionais; iii. Elimina o risco fitossanitário de importações ilegais. 2. Fundo privado de financiamento para pesquisa de sementes e tecnologia;
  • 62. Introdução a Engenharia Têxtil Prof. Dr. Rasiah Ladchumananandasivam, PhD, CText FTI., FRSA 57 i. Proposta de pagamento de tarifas de US$0,50 por fardo de algodão importado e US$ 0,30 por fardo de algodão nacional, pelas indústrias; ii. Contribuição seria cobrada pela ABIT, baseada em dados publicados. 3. Fundo privado de financiamento para pesquisa de sementes e tecnologia: i. O fundo seria gerado pela indústria têxtil e aplicado em instituições de pesquisa: IAC; EMBRAPA; IAPAR; FUNDAÇÃO MATO GROSSO; COODETEC; ETC. Premiando a qualidade, e eficiência das instituições pela produção de qualidade, alta produção, sementes resistentes às praga e doenças, redução do uso de químicos –tóxicos e meios de preservação do meio ambiente 4. Linhas especiais de crédito para financiamento com inclusão de despesas de impostos, transportes, instalação do equipamento na propriedade do agricultor: i. Linha especial de financiamento do BNDES, para Aquisição de colheitadeiras descaroçadeiras outras máquinas agrícolas para produtor e beneficiador. ii. garantia das empresas têxteis, que avalizariam a compra dos equipamentos contra entrega futura de algodão pelos produtores. iii. Maior flexibilidade do Banco do Brasil para emissão do CPR pelo produtor e redução do custo do aval; iv. Desoneração dos impostos pelo prazo de 5 anos: INSS (ex – Funrural), PIS e CONFINS, também para vendas nacionais; v. Elevação do limite de crédito para R$30.000,00 para produtor de algodão – PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) vi. Criação de um mercado futuro de algodão no Mercosul pela BM&F, coordenando as demais de bolsas, instituindo cláusulas possibilitando a liquidação física das mercadorias. 5. O papel do Governo Federal: desempenhar papel de facilitador para gerar o impulso inicial e criar a confiança necessária para a recuperação do setor; i. Deve-se evitar aquisições diretas do governo; ii. Deve ser baseado nos preços do mercado internacional; iii. Deve financiar também os pequenos empreendedores;
  • 63. Introdução a Engenharia Têxtil Prof. Dr. Rasiah Ladchumananandasivam, PhD, CText FTI., FRSA 58 iv. Deve Ter tratamento especial para q Região Nordeste. 6. A garantia de um preço base ao agricultor teria custo inferior aos valores de déficit na balança comercial e seria vista como investimento do Governo para gerar empregos e recuperaria a Sociedade Rural: i. Garantia do preço base ao produtor – O Governo pagaria diferença entre preço médio de mercado e preço base garantido, caso o primeiro seja inferior; ii. Se aplicar diferença máxima de US$ 0,10 /lb. Que representa 13% do preço atual, consumiria inicialmente US$ 65 milhões anuais indo a um máximo de US$170 milhões; iii. Esse investimento do Governo somente seria necessário em hipóteses remotas dos preços nacionais virem abaixo dos preços internacionais. RESULTADOS ESPERADOS; 1. Brasil terá condições de produzir algodão competitivamente no cenário mundial; 2. Aproveitando todo o potencial econômico da atividade, o país rapidamente transformará de importador o forte exportador de algodão; 3. A recuperação da economia algodoeira fortalecerá não só a atividade rural do país, mas também sua indústria têxtil e a balança comercial. 8. DIMENSÕES DO FIO 8.1 Densidade linear, Título ou Número do Fio O “título” de um fio é uma expressão numérica que define sua finura. Quando um engenheiro tiver a necessidade de conhecer a finura de um arame - fio elétrico, (a finura destes aproximando-se razoavelmente da finura de um fio), ele consulta a tabela de valores padrão da bitola (gauges) do fio elétrico. Existem tabelas que fornecem indicações com relação ao número da bitola que corresponde ao diâmetro do fio. Alternativamente pela medição do diâmetro do fio com a ajuda do micrômetro, o valor correspondente a bitola pode ser encontrado na Tabela 8.1. A medição do diâmetro de um fio apresenta um problema diferente. Os fios fiados são apenas ligeiramente circulares na seção transversal e a irregularidade na espessura é inevitável. Os fios de filamento que recebem apenas uma pequena torção são conhecidos como fios “achatados”, possivelmente porque achatam-se facilmente quando em contato com outros corpos mais sólidos. Desde que a maioria dos fios é relativamente macia e compressiva, o uso de micrômetro para medição de diâmetro está fora de cogitação. Os métodos visuais podem ser usados. A definição do título de um fio é dada pelo Instituto Têxtil: “Título – O número que indica a massa por comprimento unitário ou comprimento por massa unitária do fio”.
  • 64. Introdução a Engenharia Têxtil Prof. Dr. Rasiah Ladchumananandasivam, PhD, CText FTI., FRSA 59 Nota: Vários sistemas de títulos, usando unidades diferentes de massa e comprimentos são empregados e deste modo o sistema usado deve ser indicado. 8.2 SISTEMAS DIRETO E INDIRETO DE NUMERAÇÃO DO FIO: A definição acima contém as frases “massa por comprimento unitário” e “ comprimento por massa unitária”, indicando que dois princípios básicos são empregados. É preferível usar o termo “peso” em lugar de “massa”. 8.2.1 SISTEMA DIRETO: No sistema direto, o número do fio ou título é a massa de um comprimento unitário do fio. As unidades do peso e comprimento variam de comércio para comércio e de um lugar para outro. Podemos considerar uma fórmula geral para todos os sistemas diretos: Seja N = o número do fio ou título W = o peso da amostra no regain oficial nas unidades do sistema. L = o comprimento da amostra e l = o comprimento unitário do sistema então L lW N ⋅ ⋅=⋅ Ex.: Uma meada de 100 m do filamento de raion viscose pesa 1,67 g, calcule o seu denier. No sistema denier: l = 9.000 metros W = 1,67g L = 100m denierN ⋅⋅=⋅ ⋅×⋅ ⋅=⋅ 3,150 100 000.967,1 8.2.2 SISTEMA INDIRETO: No sistema indireto, o número do fio ou título é o número de “unidades de comprimento” por “peso unitário”. Aqui de novo, há várias unidades de comprimento e peso e inúmeros sistemas.