O livro Estratégias de Investimentos no Mercado Financeiro aborda as características dos diferentes tipos de investimentos, da renda fixa à variável, avaliando a relação entre o risco e o retorno dos principais produtos, tais como CDB, LCI, poupança, títulos públicos, fundos de investimento e ações.
Utilizando exemplos práticos e demonstrações de situações reais, apresentamos os procedimentos operacionais e características de cada instrumento, bem como os riscos envolvidos e o potencial de retorno de cada estratégia de investimento.
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Estrategias de investimentos no mercado financeiro helio santiago-1-50
1.
2. Prefácio
Para muitas pessoas os movimentos de alta e de baixa no mercado
são misteriosos, sendo bastante influenciados por notícias, muitas
vezes ocorrendo quando menos esperado. Mas a verdade é que o
mercado não é tão difícil de ser entendido e acompanhado. É preciso
apenas compreender a psicologia, as estratégias e a lógica envolvida
neste complexo “jogo”.
O mercado recompensa através de várias estratégias e
possibilidades de negócios quando encarado com maturidade e bom
senso. É uma atividade lucrativa e um desafio intelectual para aqueles
que têm sucesso em gerenciar os riscos da renda variável e a
disciplina para fazer o que deve ser feito de forma sistemática. Assim
como em muitas situações da vida, persistência, paciência, confiança,
competência, e acima de tudo, estar disposto a pagar o preço, trarão
o resultado desejado.
Nossa intenção ao escrever o conteúdo do Capital e Valor foi
explicar o mercado de capitais e as estratégias de operações, bem
como demonstrar os principais mecanismos para sua análise, desde
uma perspectiva focada para investidores de longo prazo até
estratégias para especuladores, fornecendo informações e
mecanismos para que o investidor se torne auto-suficiente e conquiste
sua independência financeira, pois para ganhar no mercado não se
deve depender de ninguém.
“Muitos querem aquilo que você tem hoje, mas quando
souberem o preço que você pagou por isso irão desistir”.
João C. Filho
O conteúdo do Capital e Valor visa orientar o desenvolvimento de
uma metodologia objetiva para operar e analisar o mercado de forma
consciente, demonstrando as diferentes estratégias para momentos
3. de alta e de baixa, incluindo técnicas de gerenciamento de risco e de
proteção de capital. Não é um método milagroso de enriquecimento,
tão pouco dicas de investimentos, mas uma visão realista sobre o
mercado financeiro, embasada por informações de qualidade para
investidores conscientes e racionais, cujo objetivo é lhe auxiliar a
desenvolver o seu potencial de investir bem o seu dinheiro e a garantir
a sua prosperidade.
Através de uma linguagem simples e exemplos práticos o Capital e
Valor apresenta informações e estudos para orientar e inserir o
investidor no mercado financeiro. O conteúdo aborda as diversas
estratégias operacionais, avaliando a relação entre risco e
rentabilidade, bem como as técnicas de análise do mercado. Através
de conhecimento e informações de qualidade você transformará a
maneira como lida com o dinheiro e, principalmente, a forma como
investe o seu patrimônio.
Mais do que nunca o mercado de capitais está cada vez mais
popularizado no Brasil e acessível para os investidores, sendo
fundamental para a consolidação de uma cultura de poupança de
longo prazo no país. Todo investimento deve ser encarado como um
compromisso por quem o faz. Isso significa dedicar tempo para
estudar, para acompanhá-lo e, principalmente, para avaliá-lo. Não
tenha dúvida de que no longo prazo o retorno de seus investimentos
será diretamente proporcional ao seu comprometimento aos mesmos.
Com o passar do tempo as experiências no mercado acabam por
revelar muito de nós mesmos, sendo uma atividade em que além do
crescimento financeiro ocorre o crescimento como indivíduo. Temos
então dois objetivos, fazer dinheiro e aprender. Perdendo ou
ganhando é preciso tirar algum conhecimento dessas operações com
o intuito de tornarmo-nos melhores investidores no futuro. O mercado
nos testa constantemente, em cada situação existe uma profunda
sabedoria a ser descoberta. Aceite o que o mercado lhe dá com
humildade e bom humor, tenha prazer em aprender.
Este conteúdo é dedicado a todos aqueles que tiveram a iniciativa e
a coragem de buscar seu sucesso investindo no mercado de
capitais. Lhe desejamos bons investimentos e sucesso!
“Quando eu era jovem pensava que o dinheiro era a coisa mais
importante do mundo. Hoje, tenho certeza.”
5. Apresentação do Capital e Valor
O Capital e Valor através de uma linguagem simples e exemplos
práticos apresenta informações e estudos para orientar e inserir o
investidor no mercado financeiro. O conteúdo é direcionado a todos
que necessitem de educação financeira para se manterem
atualizados, seja para fins pessoais ou profissionais, no intuito de que
seus objetivos sejam atingidos por meio do conhecimento e da
permanente inovação, promovendo o desenvolvimento de
seus próprios métodos e estratégias de investimento e a prosperidade
financeira. Embasado pelo conteúdo do Capital e Valor, o investidor
tomará decisões mais conscientes e
responsáveis, aproveitando melhor as oportunidades de
investimento, reduzindo as incertezas, administrando melhor os riscos
e maximizando os resultados dos seus investimentos.
Por não estar vinculado a nenhum banco, corretora ou qualquer
instituição financeira, as informações e as ferramentas
disponibilizadas pelo Capital e Valor possuem total independência em
defesa dos interesses do investidor. Através de uma visão realista
sobre o mercado financeiro, nosso conteúdo aborda as diversas
estratégias operacionais, avaliando a relação entre risco e
rentabilidade, bem como as técnicas de análise do mercado. Através
de conhecimento e informações de qualidade, você transformará a
maneira como lida com o dinheiro e, principalmente, a forma como
investe o seu patrimônio. Conquiste sua independência financeira
aperfeiçoando os seus conhecimentos sobre análise técnica, análise
fundamentalista e estratégias de investimento em ações, futuros,
opções, títulos do tesouro, fundos de investimento, renda fixa, dentre
outros.
5.0 – Estratégias de Investimentos - Abordamos as
características dos diferentes tipos de investimentos, da renda fixa à
variável, avaliando a relação entre o risco e o retorno dos principais
produtos, tais como CDB, LCI, poupança, títulos públicos, fundos de
investimento, ações, opções, contratos futuros, dentre outros.
Utilizando exemplos práticos e demonstrações de situações reais,
apresentamos os procedimentos operacionais e características de
cada instrumento, bem como os riscos envolvidos e o potencial de
7. 5.0 - Estratégias de Investimentos
Neste primeiro módulo o Capital e Valor aborda as características
dos principais produtos de renda fixa e variável e a importância da
poupança de longo prazo e da educação financeira para o Brasil. O
conteúdo possibilita ao investidor avaliar a relação entre o risco e o
retorno dos principais produtos, tais como CDB, títulos públicos,
fundos de investimento, debêntures e ações, bem como gerenciar os
riscos e otimizar o retorno do investimento, embasando sua tomada
de decisão.
5.01 - O Papel do Dinheiro na Vida de Cada Um
5.02 - Aplicar em Renda Fixa ou em Renda Variável, Onde Investir?
5.03 - Investimentos de Renda Fixa
5.04 - Aplicar na Caderneta de Poupança, CDB, CDI, LCI e LCA
5.05 - Investir em Debêntures e Títulos Públicos - Tesouro Direto
5.06 - Como Investir em Fundos De Investimentos?
5.07 - Investimentos de Renda Variável
5.08 - A Importância da Liquidez em um Investimento
5.09 - O Gerenciamento do Risco e do Capital Investido
5.10 - Drawdown – A Medida do Prejuízo em um Investimento
O módulo 2 de Estratégias de Investimento aborda as
características dos diferentes mercados de renda variável,
embasando o investidor no processo de avaliação das opções de
investimento e tomada de decisão utilizando demonstrações de
situações reais e aplicadas aos conceitos abordados, especialmente
no acompanhamento e análise do mercado de ações e suas
estratégias de investimento.
5.11 - O que são Índices de Ações? O que é o Ibovespa?
5.12 - A Escolha do Mercado e do Tipo de Investimento
5.13 - O Acompanhamento do Mercado Financeiro
5.14 - Análise de Investimentos e do Mercado Financeiro
5.15 - Como Analisar o Mercado Financeiro?
8. 5.16 - Como Investir no Mercado de Ações?
5.17 - Buy & Hold ou Swing Trade
5.18 - Como montar uma Carteira de Ações? Buy & Hold
5.19 - O Mito do Investimento em IPO - Oferta Pública Inicial
5.20 - Investir em uma Oferta Pública Inicial IPO
5.21 - Como Funciona o Aluguel de Ações?
O Módulo 3 de Estratégias de Investimento aborda as
características dos mercados futuros e operações estruturadas,
apresentando os procedimentos operacionais e características de
cada instrumento através de exemplos práticos e da análise da
relação risco/retorno em diferentes estratégias, tanto para
investimento quanto para hedge.
5.22 - O que são Derivativos?
5.23 - O Mito das Operações Long & Short
5.24 - O Mito do Investimento no Mercado FOREX
5.25 - Como Investir no Mercado a Termo?
5.26 - Estratégias de Investimento no Mercado a Termo
5.27 - Como Investir no Mercado Futuro?
5.28 - Como Realizar Operações no Mercado Futuro?
5.29 - Mini Contratos Futuros - Mini Índice, Mini Dólar e outras
Commodities
O Módulo 4 de Estratégias de Investimento aborda as
características inerentes ao mercado de opções e seus procedimentos
operacionais, bem como os riscos envolvidos e o potencial de retorno
na utilização desses derivativos como estratégias de investimento e
como proteção (hedge). Apresentamos um foco conceitual com
demonstrações de situações reais e aplicadas aos conceitos
abordados.
5.30 - Como Investir no Mercado de Opções?
5.31 - Como as Opções são Organizadas?
5.32 - Como Funciona a Relação entre as Opções e seu Ativo
Objeto?
9. 5.33 - Como é Formado o Prêmio de uma Opção?
5.34 - A Relação entre o Preço do Ativo Objeto e o Preço de
Exercício da Opção
5.35 - A Relação entre o Preço de Mercado da Opção e a
Passagem do Tempo
5.36 - A Volatilidade Histórica do Preço do Ativo Objeto e o Preço
das Opções
O Módulo 5 de Estratégias de Investimento aborda as principais
estratégias no mercado de opções, contextualizando-as em
operações reais, desde a utilização desses instrumentos como
proteção para o investidor (hedge), até operações especulativas e
spreads (travas), avaliando a relação risco/retorno de cada
modalidade. Por último, serão abordadas as estratégias de day trade
nos diferentes mercados, contextualizando-as e avaliando a relação
risco/retorno.
5.37 - Conclusão sobre os Aspectos e Riscos do Mercado de
Opções
5.38 - Estratégias com Opções I – Hedge e Alavancagem
5.39 - Estratégias com Opções II – Venda Coberta
5.40 - Operações de Spread - Travas
5.41 - Trava de Alta / Financiamento
5.42 - Trava de Baixa / Reversão
5.43 - Straddle e Strangle
5.44 - Comprar Opções a Seco
5.45 - Como Realizar Operações de Day Trade?
5.46 - Em Quais Ativos Realizar Day Trade?
5.47 - Day Trade no Mercado de Opções
5.48 - A Estrutura Necessária para Realizar Day Trade
5.49 - Considerações Finais Sobre Investimentos e Bibliografia
10. O Papel do Dinheiro na Vida de Cada Um
“Hoje a maioria dos indivíduos pode direcionar suas energias
para satisfazer necessidades que vão além de comida e abrigo,
mas para isso precisam de dinheiro. O dinheiro evoluiu para ser
o objeto de nossas necessidades porque ele representa a
maneira como nós podemos nos expressar como indivíduos.
Todo comportamento é uma forma de auto-expressão e
praticamente todas as maneiras para alguém se expressar na
sociedade requerem algum dinheiro. No nível mais profundo da
existência social e cultural, o dinheiro representa liberdade de
expressão”.
Mark Douglas
Dinheiro é símbolo de liberdade. O investimento e a utilização
correta do dinheiro lhe permitirão desfrutar de uma vida mais
confortável e prazerosa. Por isso, é melhor se preocupar em ganhar
dinheiro hoje do que deixar para se preocupar com isso depois. O
“depois” pode ser tarde demais, restando apenas arrependimentos em
sua consciência caso você não reconheça o valor de aproveitar as
oportunidades enquanto elas ainda estiverem disponíveis.
Contudo, o dinheiro servirá pouco para aquele que não
souber administrar seu tempo, pensar com inteligência, ter liberdade e
se satisfazer com os prazeres da vida. Para as pessoas ricas o tempo
11. pode ser mais um aliado, um catalisador no processo de geração de
renda. Muitas dessas pessoas buscam ainda um melhor
aproveitamento de seu tempo, pois sabem que o tempo é mais que
dinheiro, e não perdem muito dele com investimentos que não gerem
resultados. São pessoas que não desistem facilmente e que exercem
ativamente o seu poder de criação e a sua inteligência financeira.
O tempo é a maior riqueza de nossas vidas, pois é irrecuperável. E
quando gastamos o dinheiro estamos na verdade gastando o tempo
que fora ou que será necessário para ganharmos esse dinheiro. Para
a maioria das pessoas à medida que o tempo passa o dinheiro
diminui, trazendo a sensação de se estar correndo atrás do mesmo o
tempo todo, fadadas à escravidão assalariada. Cada vez mais
presa em uma rotina estressante e sem perspectiva de mudança, a
maioria das pessoas não enxerga outra saída a não ser vender a sua
força de trabalho, ainda que seja por um salário ínfimo,
permanentemente aflita com a angústia de não saber se
conseguirá dinheiro suficiente ao final do mês para cobrir os seus
gastos e pagar as suas dívidas. O medo do chicote fora substituído
pelo medo da falta de dinheiro.
“A verdadeira riqueza não precisa de alguém pobre para se
manifestar, e há sempre algo que possa ser compartilhado”.
Capital e Valor
A maioria das pessoas é pobre e continua pobre porque não tem
tempo e nem é estimulada para pensar no motivo de estar nessa
condição. Sua luta é para sobreviver e não para viver. Trabalham para
pagar as contas e se alimentar, e não para quebrar as correntes que
as prendem à pobreza. Assim, é preciso refletir se a sua vida está te
levando junto à uma “manada” que caminha cegamente sem ter
noção de onde está indo a fim de receber uma recompensa mínima
por seu esforço e por seu tempo. Essas pessoas dificilmente
conseguirão ter uma vida abundante e feliz, uma vez que foram
escravizadas fisicamente e mentalmente. A perseverança é a
capacidade de continuar aplicando esforços flexíveis mesmo frente à
sucessivos desafios ou obstáculos.
O problema é que hoje em dia muitas pessoas simplesmente
prejudicam aquele que é a maior fonte de aporte para os seus
investimentos, o seu salário. São poucas as pessoas que nunca
ficaram angustiadas em razão de não conseguirem fazer com que o
12. salário durasse até o final do mês, ainda que apenas em alguns
momentos da vida. Vivemos um momento de estímulo ao consumo e,
consequentemente, ao endividamento, em que a maioria das pessoas
está fazendo a maior parte de suas compras a prazo, financiando
seus gastos em dezenas de prestações e tomando empréstimos
consignados. Cada uma dessas prestações que aparecem na fatura
de seu cartão de crédito é mais um item que prejudicará o seu plano
de construção de riqueza, pois a capacidade de seu salário para com
os seus investimentos fica comprometida à medida que você se
endivida.
Esse oportunismo de curto prazo deve ser encarado com
desconfiança e muito cuidado. Afinal, o endividamento não produtivo é
a principal causa de empobrecimento das famílias brasileiras, sendo
que 80% das dívidas assumidas são no cartão de crédito e no cheque
especial, onde são cobrados os maiores juros do mercado e, portanto,
devem ser as primeiras a serem quitadas, ou mesmo, evitadas, visto
que grande parte dessas dívidas são decorrentes de despesas não
essenciais, as quais poderiam ser cortadas sem causar grande
desconforto ou perda significativa de qualidade de vida, gerando uma
maior independência e segurança financeira no longo prazo.
Contudo, além de gastarem tudo que o ganham, em geral, as
pessoas têm o hábito de assumir dívidas para adquirir itens que na
maioria das vezes são supérfluos e desnecessários, que não lhes
gerarão riqueza alguma. Ao invés de usarem seus recursos
financeiros de forma inteligente para lhes gerar riqueza, se afundam
cada vez mais num ciclo permanente de empobrecimento através do
endividamento excessivo. Não é sensato ostentar uma vida de rico no
presente e acabar vivendo como pobre no futuro. Gastar mais do que
se ganha implica em trabalhar mais para pagar parcelas e juros, e
quanto maior a dívida maior será o tempo e o esforço necessários
para pagá-los.
“Muitas pessoas gastam o dinheiro que ganharam para
comprar coisas das quais não precisam para impressionar
pessoas das quais não gostam”.
Will Rogers
Isso mostra que o modelo baseado no consumo e no crédito está
atingido o seu limite, tornando a estagflação a regra, quando a
economia cresce pouco, ou retrai, e a inflação se mantém elevada.
13. Para aqueles que ainda lembram do Brasil da década de 80 fica claro
o grande perigo de se tentar combater crises econômicas através da
impressão monetária, o que tem como resultado o aumento da
inflação e a desvalorização monetária. Os salários de uma maneira
geral se assemelham aos soldos dados para os escravos das
carvoarias, os quais apenas custeiam as necessidades básicas da
maioria e não permitem que paguem suas dívidas em razão dos juros
altos, ou mesmo, que realizem alguma espécie de investimento.
Tudo isso faz parte de um complexo sistema social, político e
econômico que, juntamente com um sistema educacional
tecnicista voltado apenas para a produção de bens e de serviços, tem
por objetivo manter o povo em seu devido lugar, longe das decisões
importantes e perto das máquinas fabris, adestrando as massas para
o trabalho ao mesmo tempo em que as aliena, o que facilita a
aceitação por parte delas dessa realidade maligna. É um mecanismo
que força as pessoas a se concentrarem primordialmente no aspecto
da sobrevivência animal em detrimento aos aspectos intelectuais e
sociais.
Como resultado a maioria das pessoas — as quais por sinal são
pobres por natureza — tem uma dificuldade enorme para prosperar na
vida. A maioria apenas reclama da vida e não faz nada para melhorá-
la, até o momento em que desiste, por acreditar que por mais que se
esforce o máximo que conseguirá será um “bom” salário e uma “boa”
aposentadoria. São aqueles que só se preocupam em acordar cedo e
pegar o ônibus para o trabalho e preferem ignorar a verdade por trás
do sistema em que estão inseridos, caminhando em uma rotina
estressante e sem perspectiva de futuro. A ignorância é incentivada
em nossa sociedade desde a infância do indivíduo, aprisionando-o por
toda a vida.
“A verdade o libertará!”
A forma como lidamos com os problemas do dia a dia diz muito
sobre como será o nosso futuro. Infelizmente, muitos preferem se
acomodar e buscar a autocompaixão e o conforto como válvula de
escape para os problemas que começam a surgir. O melhor cenário é
aquele em que as pessoas assumem a responsabilidade de criarem
os seus próprios futuros, construindo pontes capazes de levá-las a um
futuro melhor. “Enquanto alguns choram outros agarram a
oportunidades para vender lenços”.
14. Através da perseverança e do estudo você se tornará capaz de
converter os trabalhos monótonos em trabalhos criativos, que lhe
possibilitarão além de maiores retornos, perceber as oportunidades
que surgem no mercado, tornando-o capaz de entender todo o
ambiente no qual você está inserido e, acima de tudo, capaz de
entender-se psicologicamente como ser humano através da reflexão
sobre as suas frustrações e as suas neuroses, males que minam
nossos potenciais e liberdades e que nos afastam da compreensão da
nossa própria existência. Portanto, compreender a sua situação atual
e as suas possibilidades o ajudará a definir o melhor caminho a ser
seguido para melhor alcançar os resultados desejados.
Para prosperar, antes se torna essencial passar a ter um orçamento
equilibrado, sabendo o quanto ganha, o quanto gasta, o quanto pode
investir todo mês e, principalmente, viver apenas com o que recebe
todo mês ao invés de tornar a razão da sua vida trabalhar para pagar
dívidas e juros, o que além de prejudicar a sua capacidade de poupar
ainda deprecia as suas riquezas, as quais serão drenadas pelos
bancos. Isso significa simplificar o seu padrão de vida para que se
ajuste ao que você ganha todo mês, fazendo compras de modo
apropriado, e não apenas como um ato de consumismo. É viver um
estilo de vida aceitável e que permita que você e sua família se
mantenham nesse padrão ao longo dos anos. Dessa forma, você
conseguirá não somente poupar e enriquecer, mas também manter a
riqueza que acumulou, tendo muito mais qualidade de vida, liberdade
e segurança.
“Até você se tornar consciente, o inconsciente irá dirigir a sua
vida e você continuará chamando-o de destino”.
Cícero
Ganhar dinheiro é difícil, requer tempo e trabalho, contudo, gastá-lo
é fácil e rápido. Pessoas financeiramente desequilibradas que não
conseguem guardar nada ao final do mês e que vivem
constantemente endividadas buscam no mercado de capitais ou em
outros investimentos de risco a ilusão do enriquecimento, solução
ideal para seus problemas. Contudo, solução que através dessa
atitude provavelmente lhes trará problemas maiores ainda. E de fato,
às vezes a solução acaba sendo pior do que o próprio problema.
Antes de se pensar no longo prazo é preciso garantir uma
estabilidade financeira no curto prazo. De nada adianta produzir e
15. trabalhar mais para ganhar mais se você não aprende a poupar. Não
se trata apenas do quanto você ganha, mas do quanto você consegue
poupar e da maneira como você investe as suas economias. Não será
um investimento maravilhoso que lhe tornará rico, mas a disciplina de
não gastar mais do que pode, de poupar e de investir periodicamente
o seu dinheiro. Nossas atitudes no presente irão determinar nossos
resultados futuros.
Os mais espertos aprendem mais com os erros dos outros do que
com os próprios erros. Isso faz com que ganhem além da experiência,
mais tempo, o qual por sua vez é sinônimo de vida e de dinheiro. Essa
atitude proativa lhe permitirá desenvolver um modelo sustentável de
vida, eliminando gastos desnecessários e evitando contrair dívidas, de
forma a dar mais valor ao que se possui e evitar que os juros
compostos hajam sobre você, quando o ideal é que hajam para
você através dos seus investimentos.
“O hábito de economizar é em si mesmo um ato de educação:
alimenta cada virtude, ensina abnegação, cultiva um senso de
ordem, treina a premeditação e assim expande a mente”.
T.T. Munger
Acumular patrimônio significa adquirir mais ativos produtivos, os
quais podem ser usados para criar mais riqueza ou que apreciem em
valor. E para isso é essencial investir o dinheiro ao longo do tempo.
Pessoas que constroem patrimônio e acumulam riqueza ao longo dos
anos são muito bem “resolvidas” e organizadas, não veem tantas
frações nas faturas de seu cartão porque fazem planejamento e vivem
de acordo com suas possibilidades. Compram à vista com desconto
quando podem e financiam apenas o estritamente necessário. Com
relação aos seus investimentos, poupam e investem parte de seu
dinheiro para quitar de uma só vez bens e serviços que precisam
usufruir e, sobretudo, estabelecem metas de consumo factíveis,
realistas, condizentes com a sua renda e que se encaixam no seu
orçamento, o qual por sua vez é sustentável no longo prazo.
Além disso, através do estudo e da determinação essa pequena
parte das pessoas consegue identificar boas oportunidades e é capaz
de tirar proveitos delas mesmo durante períodos mais difíceis, quando
a maioria tende a se desmotivar ou é compelida a desistir e se
lamentar. A verdade é que grandes ideias apenas serão
transformadas em grandes resultados através de grandes ações e de
16. um grande comprometimento. Ao nos conscientizarmos de que somos
responsáveis pelo que somos e pelo que construimos a prosperidade
se torna uma questão de escolha.
O seu salário já é muito comprometido com as deduções
obrigatórias por lei e outras necessárias para evitar situações de
emergência, tais como plano de saúde e seguro de carro. Em alguns
casos as mordidas do Leão e do INSS juntas chegam a comer quase
45% de um salário bruto, de forma que o saldo final líquido que entra
na conta representa uma parcela bem menor do saldo inicial bruto.
Diante disso, não prejudique ainda mais o seu salário se afundando
em dívidas. Liberte-se da escravidão dos financiamentos e dê uma
injeção de liquidez em seu plano de independência financeira. Liberte-
se da rotina das massas e não seja mais um escravo de um sistema
que não proporciona uma verdadeira ascensão social e intelectual. Se
você não tomar essa atitude hoje, estará na mesma situação amanhã.
“Existem duas maneiras de conquistar e escravizar uma
nação. Uma é pela espada… a outra é pela dívida”.
John Adams
17. Aplicar em Renda Fixa ou em Renda Variável,
Onde Investir?
Todas as pessoas devem obrigatoriamente possuir um mínimo de
organização e educação financeira para prosperarem em suas vidas e
consolidarem seus patrimônios. A educação é o melhor, senão, o
único caminho para a redução da desigualdade social no Brasil. Se
todos os brasileiros tiverem acesso à educação de forma
semelhante e a disposição de buscá-la terão um futuro com igualdade
de oportunidades e assim poderão construir uma sociedade menos
desigual.
Estudos estatísticos mostram que existe uma forte correlação entre
educação e nível de renda. A busca por educação lhe auxiliará no
desenvolvimento de suas habilidades financeiras e,
consequentemente, no seu crescimento pessoal, além aumentar sua
capacidade de gerar riqueza. Você deve investir com inteligência os
rendimentos de seu trabalho, equilibrar seus gastos com um eficaz
controle de orçamento, desenvolver uma cultura de poupança e
dedicar tempo para aprender a investir bem o seu dinheiro e para
descobrir novas oportunidades. Investindo mais você vende dinheiro e
compra tempo para melhor aproveitar sua vida.
Esteja ciente de que o tempo é o seu maior inimigo. Quando estiver
numa idade mais avançada você terá uma menor capacidade para
trabalhar. A partir dos 50 anos poucos de nós conseguirão trabalhar
18. no mesmo ritmo de quando tínhamos 20 anos. É exatamente por isso
que é a partir dos vinte que devemos começar a nos prepararmos
para o horizonte dos cinqüenta, ao invés de perpetuar a “curtição” dos
vinte até os cinqüenta, a fase em que iremos precisar de uma boa
reserva de capital para vivermos bem.
“Eu diria que sou apenas mais um ser humano insignificante,
que nasceu, viveu e morreu. Procuro fazer o melhor que posso
neste mundo com os recursos que possuo e com o tempo que
me resta. Nada de especial. Não tenho nada de extraordinário”.
Oscar Niemayer
Qualquer indivíduo bem informado sabe que o sistema
previdenciário brasileiro é um esquema em pirâmide, o qual é fadado
à falência no longo prazo. A previdência brasileira é estruturada de tal
forma que os trabalhadores de hoje pagam os benefícios dos
aposentados de hoje na mera expectativa de que os trabalhadores de
amanhã lhes repaguem quando se aposentarem. Entretanto, em
razão da população brasileira estar parando de crescer, no futuro
teremos cada vez menos trabalhadores para sustentar
uma quantidade cada vez maior de aposentados e pensionistas.
Além disso, o Governo estuda formas de alongar o tempo de
contribuição para a aposentadoria como forma de reduzir os prejuízos
causados à previdência devido à sua má gestão e corrupção
governamental. E como se não bastasse, existem também diversos
problemas na Previdência Privada Complementar. Fundos como o
Postalis dos Correios e o Petros da Petrobras apresentam déficits
severos pelos mesmos motivos e seus contribuintes e aposentados
estão tendo que desembolsar mais dinheiro para cobri-los e
garantirem as suas rendas no futuro.
Qualquer assalariado que seja mais inteligente e tenha um pouco
mais de visão do que a maioria perceberá que trabalhará todos os
melhores 30-35 anos da sua vida para receber uma aposentadoria
baseada em um salário que atualmente já não cobre as suas
necessidades, quanto mais daqui a 30-35 anos. Essa aposentadoria
se desvalorizará se considerarmos o modelo de gestão pública
brasileira, sem mencionar o fato de que essa pessoa aproveitará sua
vida depois que já estiver idoso. Nada muito diferente da Lei dos
Sexagenários promulgada em 1885 no Brasil, que garantia liberdade
aos escravos com mais de 60 anos.
19. “Em 1970 o camarada se aposentava como um executivo e, 10
anos depois, já estava vivendo como um indigente. Hoje em dia,
as pessoas já se aposentam como indigentes. É uma vergonha.”
Luiz Barsi
De uma maneira geral, grande parte da população busca prazeres e
satisfações imediatas seguindo impulsos e comportamentos primitivos
similares aos de nossos ancestrais nômades. Consumindo tudo o que
possuem e o que conseguem quase que imediatamente ficam
despreparadas para o inverno, ou seja, ignoram os riscos futuros e
procrastinam as resoluções dos problemas para o futuro. Ao contrário,
a atitude madura e responsável seria plantar na primavera para colher
no verão e estocar para o outono/inverno, pois viverá melhor aquele
que perceber a necessidade de poupar nos momentos de abundância
de forma a não sofrer durante as crises.
Para os jovens poupar é acima de tudo a renúncia ao prazer de
consumir, de gastar, e para muitos é a renúncia de viver a vida. Não
há bom senso em nossa sociedade de consumo, desejar significa
precisar. Não é raro conhecermos pessoas que ganham muito bem e
que estão sempre endividadas, e após anos e anos não conseguem
acumular patrimônio algum. Por outro lado, há muitas pessoas que
ganham pouco mas que são poupadoras e, com muito esforço,
conseguem acumular um bom patrimônio com o passar dos anos.
Como disse Warren Buffett, investir é abandonar o consumo agora, a
fim de se ter a capacidade de consumir mais em uma data posterior.
Pessoas proativas e empreendedoras acreditam que o lucro é
melhor do que o salário, visto que o salário representa o dinheiro pago
pelo seu trabalho, ao passo que o lucro representa o seu dinheiro
trabalhando para você. Ainda assim, grande parte das pessoas só
percebe as oportunidades que desperdiçaram quando já estão velhas.
Após terem trabalhado longos anos chegam à conclusão de que
acumularam um pequeno patrimônio. Na maioria das vezes porque
não souberam como poupar e como colocar o dinheiro para trabalhar
para elas, ou seja, perderam a oportunidade de usufruir dos
rendimentos dos juros, dos aluguéis e dos retornos de bons
investimentos. O maior desafio de nossas vidas é termos recursos
suficientes para nos mantermos com dignidade durante a velhice.
“Toda escolha é uma renúncia, todo crime uma sentença”.
20. Capital e Valor
Entenda que independente do fato de você ser autônomo ou
assalariado, o seu tempo é limitado. E se você só conseguir gerar
dinheiro vendendo seu tempo, seu rendimento também será limitado.
Daí a importância de se ter um orçamento equilibrado, de se procurar
sempre simplificar o seu padrão de vida e de investir bem
os rendimentos do seu trabalho que forem poupados, de forma que
gerem riqueza e complementem o seu patrimônio ao longo dos anos,
gerando assim um ciclo contínuo de enriquecimento que lhe
permitirá usufruir de uma maior liberdade de tempo, de conforto e de
qualidade de vida.
Em países totalmente desenvolvidos poupar é um hábito arraigado
na população. As oportunidades de investimento se multiplicam de
forma espontânea em suas economias a partir do desejo de poupar
da população. E esse processo é constantemente realimentado pelos
intermediários financeiros, os quais buscam novas oportunidades de
investimento, inclusive no exterior. Assim, nem mesmo as fronteiras
representam obstáculos para a vontade de poupar e de investir.
Já em países que ainda não se desenvolveram completamente o
hábito de poupar não progride, os estímulos são escassos e as
oportunidades são mínimas. O que se percebe com o passar dos
anos é a concentração da riqueza e a divisão da pobreza. Por isso,
assim como a educação é fundamental difundir no Brasil uma cultura
de poupança de longo prazo e de investimento. Entretanto, o que se
percebe por parte das empresas e do governo é exatamente o
contrário, o incentivo ao consumo e ao endividamento e facilitação de
empréstimos e créditos cujos juros são altos.
Poupar é um comportamento importante para qualquer indivíduo,
sendo fundamental para que um país se livre da pobreza. Se ele não
poupar uma parte do que ganha jamais alcançará a sua liberdade
financeira. E, além disso, é essencial tanto para este indivíduo como
para toda a economia de um país também saber como investir de
forma eficiente os recursos poupados, bem como evitar o
endividamento excessivo procurando manter um padrão de vida
compatível com a renda, o que permitirá que a riqueza acumulada
seja mantida e incrementada através de investimentos,
proporcionando assim mais qualidade de vida, liberdade e
prosperidade.
21. “A leitura é a arte de desatar nós cegos”.
Goethe
A grande incoerência é que as pessoas trabalham em média 8
horas por dia (com sorte) mas não conseguem dedicar 15 minutos
para acompanhar os investimentos dos resultados deste trabalho e
estudar novas oportunidades. Investimentos que eventualmente
poderiam lhes render mais do que o seu salário por mês. A maioria
abre mão da responsabilidade e entrega o controle a terceiros,
normalmente o gerente de sua conta bancária. Esse conforto pode até
deixá-las menos ocupadas com as suas finanças, mas
dificilmente lhes fará enriquecer.
Por isso, mantenha-se sempre informado quanto aos rendimentos e
riscos de seus investimentos. A única maneira de se aprender a
investir de forma eficiente é prestando contas para si mesmo. Além de
gerar responsabilidade, tal disciplina lhe dará embasamento para
avaliar o resultado e definir o momento certo para encerrar um
investimento. Essa será a sua verdadeira independência financeira. O
que por sua vez não se trata de possuir dinheiro suficiente para não
precisar mais trabalhar, mas de possuir o conhecimento necessário e
o discernimento para não depender de ninguém que lhe diga o que é
certo fazer, onde investir e quais decisões financeiras tomar.
“Se queres saber o valor do dinheiro, tente pedi-lo
emprestado.”
Benjhamin Franklin
Para as pessoas comuns, as quais não tiveram o privilégio de
nascerem ricas, a riqueza é o resultado do trabalho e da poupança.
As pessoas se sentem seguras quando sabem o que vai acontecer.
Segurança quer dizer ausência de excitação, de riscos, de desafio.
22. Para aquela pessoa que tem a necessidade de se sentir em total
controle de sua vida, de seu trabalho, de sua casa e, principalmente,
de seu dinheiro, não se recomenda qualquer investimento de renda
variável. Você deve se perguntar se tem estômago para expor seu
dinheiro ao risco e às oscilações de preço, e ainda a não saber o
montante que irá receber ao final do investimento.
Se você for uma daquelas pessoas o mais recomendável é investir
seu dinheiro em fundos de DI ou CDB, ou mesmo, em caderneta de
poupança. Investimentos em imóveis e títulos públicos, ao contrário
do que muita gente pensa, também são investimentos de renda
variável, porém, cujos riscos de uma maneira geral são bem menores
se comparados à investimentos no mercado de capitais. Em relação à
renda fixa, o que difere os diferentes tipos de investimentos é
basicamente a relação entre risco, rentabilidade e liquidez.
Investimentos de renda fixa possuem baixíssimo risco e,
consequentemente, também possuem o menor potencial de
rentabilidade. Em comparação, os investimentos de renda variável
possuem um maior potencial de rentabilidade, caso deem certo, ao
custo de uma maior exposição ao risco de darem errado.
Rentabilidade e risco caminham juntos por serem diretamente
proporcionais, ou seja, quanto maior a rentabilidade maior deve ser o
risco do investimento e vice-versa. É fundamental sempre conhecer o
risco de seus investimentos e saber se este perfil de risco é adequado
às suas características pessoais e às suas possibilidades financeiras.
“Todas as oportunidades que o mercado oferece acompanham
riscos”
Capital e Valor
A liquidez por sua vez é a facilidade com que um investimento pode
ser convertido em dinheiro. É uma referência ao prazo e ao custo que
um investimento transforma-se em dinheiro. A liquidez é o que torna a
especulação possível, já que permite que o investidor abra ou encerre
uma posição a qualquer instante e próximo ao preço de mercado, pois
não faltam compradores e vendedores.
É importante compreender também a relação entre o resultado
esperado e o esforço aplicado. Pessoas que não tem tempo para
dedicar a seus investimentos, ou seja, que não podem aplicar grandes
esforços para eles, não podem esperar grandes resultados. Logo,
23. investimentos de renda fixa e títulos públicos são mais indicados, pois
para se obter lucros consistentes investindo em renda variável de
forma responsável é preciso estudar e acompanhar o mercado com
frequência, mesmo que apenas por alguns minutos todos os dias.
O que queremos deixar claro é: Você deve refletir se o resultado
que você espera vale o esforço que você terá que fazer. Seus
objetivos devem se enquadrar à sua realidade. Querer atingir um
objetivo é uma coisa, poder atingi-lo é outra. A maioria das pessoas
dedica mais tempo para escolher um sapato ou uma roupa do que
para estudar e compreender os termos dos seguros, planos de saúde
e dos investimentos que realizam. E muitos dos investimentos que
fazem acabam dando errado principalmente porque utilizam opiniões
ao invés de fatos para tomarem suas decisões financeiras.
“A verdade não resulta do número de pessoas que nela a
creem”.
Galileu Galilei
Possuir um plano de investimento nada mais é do que realizar um
esforço consciente e ordenado para aplicar o seu dinheiro. Significa
pensar no melhor modo de alocar as suas poupanças em
investimentos que estejam de acordo com o seu perfil de risco e com
a sua disponibilidade de tempo. Você deverá acompanhar os
resultados e diversificar seus investimentos, buscando atender a
objetivos de renda e de crescimento de patrimônio que respondam
aos seus anseios pessoais. Com o decorrer do tempo, a participação
nos seus investimentos dos aportes extraídos de seu salário irá
gradualmente diminuir em face do gradual aumento do trabalho dos
juros compostos, bem como do potencial de retorno de seus
investimentos.
Portanto, você deve definir qual o resultado que você quer, ou seja,
qual rentabilidade anual você almeja. Se esta for de 10% ao ano
(pequeno resultado) não há porque aplicar um grande esforço
(estudar, acompanhar, etc), logo, fique com a renda fixa, títulos
públicos ou debêntures. Mas se seu objetivo for uma rentabilidade
superior a 10% ao ano você terá que aplicar um esforça maior,
destinando parte de seu capital para a renda variável. Isso significa
que você terá de estudar e acompanhar o mercado, dedicando tempo
para seu dinheiro. É preciso refletir se o preço que você terá que
pagar compensará o resultado almejado, ou seja, uma rentabilidade
24. maior que 10% ao ano.
“O juro composto é a maior invenção da humanidade, pois
permite uma confiável e sistemática acumulação de riqueza”.
Albert Einstein
Tendo definido o seu objetivo de rentabilidade você poderá decidir
segundo as suas possibilidades se investimentos de renda variável
são ou não interessantes para você. Nos mercados de ações e futuros
o risco é enorme, já que além da volatilidade, o que causa grandes
oscilações de preço, se lida com o imponderável. A qualquer momento
os preços podem tomar um rumo contrário em função da atuação de
investidores institucionais ou em razão de acontecimentos novos.
Mas por outro lado, o mercado de renda variável oferece a
possibilidade de ganhos maiores do que as demais alternativas de
investimento, ao custo de uma maior exposição ao risco. Os melhores
fundos de investimento do mundo têm uma rentabilidade média de
20% a 30% ao ano. Bons investidores conseguem manter uma
rentabilidade média anual entre 30% e 50%. Ter como objetivo uma
rentabilidade maior do que essa, principalmente se você estiver
iniciando nessa atividade, é uma ilusão perigosa que pode levá-lo a
perder grande parte do seu capital, ou mesmo, acabar devendo
dinheiro.
Em renda variável jamais se deve investir mais do que se pode
perder. Uma pessoa que precisará do seu capital para pagar contas
ou empréstimos no curto prazo não pode assumir riscos, pois todo o
capital e a sua rentabilidade estão comprometidos. Sendo assim, não
pode fazer qualquer tipo de investimento de renda variável.
Caso coloque seu capital em risco não poderá se dar ao luxo de
perder, pois seu futuro estará à mercê do mercado. Seu nível de
estresse será consideravelmente alto, o que fará com que perca toda
a objetividade, tendendo a agir de maneira irracional e prejudicial ao
seu próprio interesse. As decisões se tornarão emocionais em razão
de serem influenciadas pela obrigação de se ter que ganhar porque é
preciso, bem como pelas dolorosas conseqüências psicológicas
causadas por constantes prejuízos.
“Não pense no que o mercado fará, pois você não tem controle
algum sobre isso. Pense no que você vai fazer diante do
inesperado”.
25. William Eckhardt
Quem não tem tempo para estudar e para acompanhar o mercado
também não deve assumir grandes riscos em renda variável, ainda
que possua capital disponível para tanto. No nosso ponto de vista, o
investidor deve operar de acordo com suas possibilidades no que diz
respeito a tempo, capital, profissão, obrigações e responsabilidade e,
acima de tudo, perfil psicológico. Ponderar sobre estes aspectos irá
ajudá-lo a definir em quais mercados você irá investir e quais
estratégias estará disposto a realizar na busca de seu objetivo de
rentabilidade.
Para uma rentabilidade de 30% a 50% ao ano você pode comprar
ações e fazer uma renda extra alugando-as, por exemplo. Contudo,
haverá a necessidade de estudar o mercado e os fundamentos, além
de acompanhar a sua carteira de ações quase todos os dias, ainda
que por poucos minutos.
Dobrar o capital num ano é o sonho de qualquer investidor. Por
mais ambicioso que possa ser, e deve ser, se existe uma maneira de
realizar este sonho é especulando nos mercados de renda variável.
Infelizmente, para aqueles que não estudam ou que não tem disciplina
o sonho pode se tornar um pesadelo. Ao invés de aumentarem seu
capital poderão perder uma parcela significativa deste, ou mesmo,
todo ele.
A única maneira de se atingir tal retorno é aumentando os riscos e o
trabalho. Assim, se seu objetivo for uma rentabilidade superior a 50%
você deve investir uma quantidade de dinheiro que não seja de
grande necessidade para você, pois para atingir tal retorno terá que
expor este capital a riscos bem mais altos, seja de grandes oscilações
no preço do ativo ou da alavancagem da sua posição.
Dificilmente você conseguirá isso apenas comprando ações. Será
26. necessário buscar ativos ou estratégias com potenciais de
rentabilidade muito superiores, que conseqüentemente irão expor seu
capital a um risco maior, tal como estratégias com margem ou
alavancadas, operando no mercado a termo, de opções ou de futuros,
os quais necessitam acompanhamento constante e grande dedicação.
“Claro, todo mundo quer ganhar; mas nem todo mundo quer
apostar, e é aí que reside uma diferença da maior importância”.
Max Gunther
Assim, será preciso aplicar um grande esforço para se obter um
grande resultado. E se você não sabe lidar com perdas e não estiver
disposto a arriscar mais no intuito de ganhar mais, não opere
derivativos!
A maioria das pessoas que entram no mercado tem a expectativa
de que em pouco tempo estará sabendo operar bem e ganhando
muito dinheiro. Isso ocorre principalmente com aqueles que entram no
mercado durante uma forte tendência de alta, quando todas as
operações acabam dando certo, afinal a tendência principal do
mercado é de alta.
Isso cria nessas pessoas a sensação de que é fácil fazer dinheiro
no mercado. Essa ganância de principiante as induz a operarem cada
vez mais e a aumentarem a quantidade de dinheiro em cada
operação, ignorando o risco e o gerenciamento do capital, afinal de
contas, todo mundo está ganhando.
Tal ilusão é mantida até o momento em que a tendência do
mercado virar, revelando a verdade e destruindo o capital da massa
desinformada. A história se repete de tempos em tempos e faz com
que muitas pessoas destruam a poupança de uma vida inteira. A
grande verdade é que aprender a operar no mercado custa tempo e
dinheiro.
“O otimista perde muito, o pessimista ganha pouco, seja
realista!”
Capital e Valor
27. Investimentos de Renda Fixa
Pessoas que têm o hábito de poupar ainda quando jovens,
periodicamente fazendo novas aplicações em seus investimentos,
conseguem acumular um grande patrimônio no final de 20 a 30
anos colocando os juros compostos para trabalhar a seu favor. Por
isso, procure poupar periodicamente um determinado percentual de
tudo que você ganha. Aqueles que deixam para guardar o que sobra
apenas ao final do mês tendem a gastar de mais, não sobrando nada
para poupar.
Antes de decidir onde investir o dinheiro que você poupar é preciso
definir o horizonte do investimento. Caso você precise desse capital
no curto prazo, num intervalo de 1 a 3 meses, o ideal para você será
investimentos de liquidez diária, tais como CDBs e CDIs pós-fixados e
caderneta de poupança. Para horizontes de longo prazo, a partir de 6
meses, valerá a pena abrir mão da liquidez diária em investimentos
que lhe proporcionarão maior rentabilidade, tais como títulos públicos,
debêntures, LCI, LCA, CDBs prefixados e fundos de renda fixa.
Assim, na caderneta de poupança seriam mantidos apenas
os recursos necessários para cobrir os gastos do dia a dia e para
despesas imprevistas em razão da liquidez imediata, cujo preço a se
pagar por isso será o baixo rendimento mensal, abaixo da inflação.
“Se você é capaz de distinguir entre o bom e o mau conselho
você não precisa de conselho.”
Outra questão importante é que não basta poupar, é preciso saber
investir o seu dinheiro. Independente de estar na renda fixa ou na
28. variável um incremento de 1% ao ano na rentabilidade anual de um
investimento durante 20 anos fará uma expressiva diferença no
montante final atingido. Em razão disso, você deve sempre ficar
atento às taxas de administração cobradas pelos bancos, corretoras e
administradoras de fundos de investimento. Lembre-se de
que gerentes de banco não são consultores financeiros, muito menos
seus amigos. Esteja ciente de que cada investimento que eles te
oferecem, e você contrata, é uma venda, e alguns possuem taxas
altíssimas que podem eliminar o retorno do investimento, o qual
muitas vezes terá um resultado líquido inferior ao da caderneta de
poupança.
Pequenas diferenças nas alíquotas das taxas cobradas, bem como
na taxa de retorno oferecida, farão grande diferença na rentabilidade
do investimento quando projetadas num horizonte de alguns anos. E
também se torna fundamental pesquisar investimentos mais
vantajosos e que apresentem melhor rentabilidade no longo prazo,
como é o caso daqueles que remuneram através de juros compostos
tal como o CDI. Títulos públicos e debêntures, por outro lado,
remuneram através de juros simples.
Em qualquer tipo de investimento é fundamental fazer com que os
juros trabalhem a seu favor. Estes representam a remuneração dada
pelo aporte do capital. Os juros podem ser capitalizados segundo os
regimes simples ou compostos (juros sobre juros). No juros simples
somente o principal rende juros, o saldo cresce em progressão
aritmética, ou seja, só valor inicial investido rende juros. É o caso dos
títulos públicos e de algumas debêntures.
No caso dos juros compostos, após cada período os juros pagos
são incorporados ao capital inicial proporcionando juros sobre juros.
Neste caso, o saldo total do investimento cresce em progressão
geométrica, ou seja, além do principal os retornos obtidos também
são corrigidos pelos juros do período subseqüente. É o caso da
poupança e da maioria dos CDB’s, CDI’s, LCA’s e LCI’s.
“A sociedade produziu uma revolução na medicina que
aumentou a vida do homem, mas ela não foi capaz de criar uma
revolução financeira que a sustentasse com dignidade”.
John F. Kennedy
A avaliação desses fatores é fundamental para quem investe em
29. renda fixa, pois o horizonte desses investimentos é de longuíssimo
prazo. Altos custos com taxas de administração e impostos,
juntamente com a depreciação causada pela inflação, podem acabar
com a rentabilidade de um investimento de renda fixa, ou mesmo,
fazer com que tenha um resultado negativo no longo prazo caso a
depreciação causada pela inflação, taxas e impostos seja maior do
que o retorno obtido através dos juros.
Esse é o maior risco do investimento de renda fixa, a baixa
rentabilidade. No longo prazo isso pode fazer com que você não atinja
seu objetivo de rentabilidade. O Brasil vive um momento de corte de
juros, aumento da inflação e estímulo ao endividamento. Quando
descontados o imposto de renda e as taxas de administração, com o
passar dos anos investir em renda fixa praticamente significa perder
dinheiro.
O aumento da inflação reduz o retorno de qualquer investimento,
principalmente em ativos de renda fixa, e por diversas vezes os
governos mostraram que perderam o controle da inflação, levando a
economia dos países a processos hiperinflacionários. Portanto
lembre-se: Seus investimentos terão que lhe render no mínimo a
inflação do ano para que você fique no “zero a zero”, o que
atualmente será muito difícil de se conseguir apenas com
investimentos de renda fixa.
“Quantos milionários você conhece que viraram ricos
investindo em caderneta de poupança? Caso encerrado.”
Robert G. Allen
Uma solução seria investir em renda variável mas trabalhando com
um horizonte mais longo (5 a 10 anos). No curto prazo a volatilidade e
os movimentos de correção da tendência dos preços são tantos que
dificilmente alguém que não acompanhe e não estude o mercado
conseguirá ganhar dinheiro de forma consistente, sendo comprovado
30. que aqueles investidores que mantém posições de longo prazo têm
maior rentabilidade do que a maioria dos “jogadores” de curto prazo.
Quanto menor o horizonte de um investimento de renda variável maior
a dificuldade em tentar predizer o que irá acontecer e,
consequentemente, de se obter sucesso operando no mercado com
grande frequência.
De fato, a maioria dos investidores que operam hoje no mercado
possui ou possuía investimentos de renda fixa. Começaram poupando
e investindo em renda fixa e a partir de certo momento foram aos
poucos assumindo riscos no mercado de renda variável em busca de
uma maior rentabilidade.
Tenha sempre em mente que mais importante do que a escolha dos
ativos em que você vai investir é saber balancear bem seu patrimônio.
Isso quer dizer definir percentuais para investimento de renda fixa e
de renda variável, bem como realocá-los de acordo com os seus
desempenhos ao longo do tempo e ajustá-los às mudanças no ciclo
econômico.
Não existe uma proporção padrão que se aplique a todos os perfis
de investidor. Isso vai depender diretamente das suas possibilidades
financeiras, do seu endividamento e responsabilidades, do tempo que
você destina aos seus investimentos e, principalmente, da forma
como você se relaciona com o risco. O mais importante é nunca
destinar para renda variável aquele capital que você irá precisar no
curto prazo. Evite empenhar toda sua economia e de seus familiares e
esteja preparado para perder, pois o mercado é o que ele é, não é o
que você quer que ele seja ou o que você está precisando que ele
seja.
“Toda ideia revolucionária provoca três estágios:’
1. ‘é impossível – não perderei meu tempo.’
2. ‘é possível mas não vale o esforço.’
3. ‘eu sempre disse que era uma boa ideia”.
31. Aplicar na Caderneta de Poupança, CDB, CDI, LCI
e LCA
O termo “renda fixa” diz respeito aos investimentos em que se
conhece previamente o fator de rentabilidade que será conferido ao
valor aplicado. Nesse caso, o rendimento pode ser pós ou prefixado.
Os investimentos de renda fixa e os títulos públicos além de
possuírem elevada liquidez possuem baixo risco para o investidor,
logicamente, ao custo de uma baixa rentabilidade. As pessoas que
buscam esses investimentos de uma maneira geral estão
“comprando” segurança, a garantia de que o investimento terá
rentabilidade e a qualquer momento poderá ser resgatado. Portanto,
segurança significa saber o que vai acontecer, é a “ausência” de risco
e de excitação.
Alguns investimentos de renda fixa, assim como os títulos públicos,
oferecem uma maior rentabilidade quando a data de resgate ou de
vencimento seja predeterminada. Por isso, é importante saber se as
taxas de retorno do investimento estão atreladas a prazos de
carência. Caso estejam, o custo desse maior retorno será a liquidez,
pois se for necessário um resgate antecipado a rentabilidade ficará
prejudicada, e no caso dos títulos públicos e programas previdências
privadas, o valor resgatado poderá ser até mesmo menor do que o
valor investido caso o preço de mercado do título que fora comprado
se desvalorize ou em razão da elevada alíquota de impostos que
incidem sobre o resgate dos planos de previdência privada.
O imposto de renda cobrado sobre os rendimentos dos
investimentos de renda fixa e do Tesouro Direto incide na fonte, na
data de vencimento ou do resgate da aplicação. A alíquota é
32. regressiva de acordo com o prazo de permanência dos recursos.
Quanto mais tempo os recursos permanecerem aplicados menor será
o percentual do imposto de renda cobrado.
Até 180 dias 22,5%.
De 181 a 360 dias 20,0%.
De 361 a 720 das 17,5%.
Acima de 720 dias 15,0%.
Com exceção da poupança, existe incidência de IOF nos resgates
realizados antes de 30 dias, limitado ao rendimento da aplicação. A
partir do trigésimo dia a aplicação fica isenta da cobrança de
IOF. Existe uma enorme gama de investimentos de renda fixa, os
principais são as cadernetas de poupança, os CDBs, Fundos DI,
Fundos LCI ou LCA, alguns debêntures e alguns títulos do Tesouro
Nacional.
“Toda vez que você se encontrar do lado da maioria é hora de
parar e refletir”.
Mark Twain
Caderneta de Poupança – O valor investido é corrigido a cada
período de 30 dias pela Taxa Referencial (TR) do período e
remunerado com uma taxa de juros de 0,5% ao mês. Podem ser
resgatadas sem perda da remuneração a cada “aniversário” de 30
dias, a partir da data da aplicação. A nova regra das cadernetas de
poupança determina que quando a taxa Selic ficar igual ou menor que
8,5% ao ano o rendimento anual da Poupança passará a ser 70% da
taxa Selic + TR. Além disso, os rendimentos da caderneta de
poupança são isentos de imposto de renda.
CDB - Certificados de Depósito Bancário – São títulos nominativos
emitidos pelos bancos e vendidos ao público como forma de captação
de recursos. A rentabilidade dos CDBs é expressa em forma de um
percentual da taxa de juros de mercado, o CDI. Os CDBs podem ser
prefixados ou pós-fixados.
O fator de rentabilidade dos prefixados leva em consideração o
valor que foi aplicado e o prazo de vencimento do investimento.
Assim, existe um prazo mínimo para manter a aplicação, quanto maior
o prazo de vencimento maior a taxa de rentabilidade. Quando
resgatados num prazo menor do que aquele mínimo previsto (30, 60
ou 90 dias) a rentabilidade estabelecida ficará comprometida.
33. No caso dos CDBs pós-fixados a sua liquidez pode ou não ser
diária. A diferença é que a rentabilidade está vinculada ao
desempenho de indicadores como os Certificados de Depósito
Interbancário (CDI) ou a Taxa de Referência (TR), e ainda, ao
percentual contratado no momento da aplicação.
A taxa de remuneração dos CDBs CDIs e LCIs, em geral, são um
pouco abaixo da Taxa Referencial SELIC definida pelo COPOM e são
calculadas com base em dias úteis, ou seja, 252 dias por ano. O
principal risco envolvido é a mudança na taxa de juros e tem a
seguinte lógica predominante: se a taxa de mercado na hora do
resgate for maior que a contratada, o investidor deixou de
ganhar dinheiro; se for menor, garantiu rendimentos acima da taxa
atual.
Como a rentabilidade no caso dos prefixados é determinada na
hora da aplicação, o investidor saberá previamente o quanto irá
receber no vencimento. Isso o protege de uma redução na taxa de
juros, pois uma rentabilidade maior foi garantida no momento da
aplicação. Por outro lado, havendo um aumento na taxa de juros os
CDBs pós-fixados oferecerão um rendimento maior ao investidor do
que os prefixados. Outra vantagem do CDB, DI e da caderneta de
poupança é que normalmente não existe cobrança de taxa de
administração para esses investimentos.
Portanto, o investidor ao escolher um CDB deve ponderar sobre a
relação entre liquidez e rentabilidade, levando em consideração dois
importantes fatores, o percentual do CDI que a aplicação irá pagar e o
tempo mínimo previsto para vencimento. Caso ele não precise do
valor a se aplicado numa data próxima, CDBs com vencimentos mais
longos serão mais interessantes do que os que possuem liquidez
diária. Para despesas imediatas e capital de giro, o aspecto da
liquidez deve preponderar sobre o aspecto da rentabilidade, logo,
CDBs com liquidez diária serão mais indicados.
RDB - Recibo de Depósito Bancário – Possui as mesmas
características de um CDB, sendo que este não pode ser negociado
antes do vencimento, ou seja, o RDB não tem liquidez antes do
vencimento. Se o investidor precisar do recurso antes do vencimento,
em casos excepcionais o RDB poderá ser cancelado, o que acarretará
ao investidor a perda de todo o rendimento, recebendo apenas o valor
do principal.
34. “A educação é o caminho para a plena liberdade”.
Capital e Valor
CDI – Certificado de Depósito Interbancário – São títulos emitidos
pelos bancos como forma de captação ou aplicação de recursos
excedentes. Caso haja descasamento, uma outra instituição financeira
que possua excesso de recursos empresta para aquela instituição que
tenha falta de recursos. São aplicações com prazo de 1 dia útil cujo
objetivo é melhorar a liquidez de uma determinada instituição
financeira. A taxa média diária do CDI de um dia é utilizada como
referencial para o custo do dinheiro (juros). Por esse motivo, essa taxa
também é utilizada como referencial para avaliar a rentabilidade das
aplicações em fundos, a qual é repassa diariamente para seus
investidores.
Os CDBs pós-fixados indexados ao CDI são empréstimos que
investidores fazem ao banco ou corretora, em troca de determinados
percentuais do CDI. O que algumas instituições fazem é
aumentar gradativamente o percentual do CDI pago à medida que
aumenta o tempo de permanência do investimento no produto.
LCI – Letra de Crédito Imobiliário – São títulos de renda fixa
baseados em empréstimos imobiliários. O lastro de uma LCI são
imóveis dados em garantia em financiamentos imobiliários, e com
base no valor destes bens, a instituição emite as LCIs. Este lastro é o
que garante a operação de crédito e, portanto, o pagamento do valor
tomado como empréstimo e o juro da operação. Os depósitos dos
investidores são emprestados a terceiros pela instituição, a qual
distribui parte da renda que obtém através dos juros para seus
cotistas de acordo com os termos da LCI.
A LCI IGPM é um título de renda fixa com rendimento atrelado ao
IGPM (Índice Geral de Preços de Mercado) acrescido de um cupom
de juros e a LCI IPCA tem rendimento atrelado ao IPCA (Índice
Preços do Consumidor Amplo) acrescido de um cupom de juros.
Pagam a variação do IGPM/IPCA acrescida de um cupom de juros
definido no momento do investimento. A correção monetária será
paga no vencimento da aplicação, o qual pode ser de médio ou
de longo prazo.
LCA - Letra de Crédito Agrícola – São títulos de renda fixa
baseados em empréstimos contraídos no setor do agro negócio.
35. Esses títulos são lastreados em direitos creditórios originários de
negócios realizados por agentes da cadeia produtiva do agro negócio.
A instituição financeira utiliza os recursos de seus cotistas como fonte
de empréstimos para o setor do agro negócio. Os créditos e ativos do
produtor, tal como a receita da venda da safra por exemplo, ficam
vinculados como garantia para o cumprimento dos pagamentos
referentes ao empréstimo. Parte do resultado dos juros obtidos pela
instituição é repassada aos cotistas conforme os termos e o
regulamento da LCA.
“Bancos são estabelecimentos que nos emprestam um guarda-
chuva num dia de sol e pede-o de volta quando começa a
chover”.
Mark Twain
LCI’s e LCA’s funcionam como um CDB e podem ter sua
rentabilidade prefixada ou indexada ao CDI com liquidez diária. Dessa
forma, as LCIs são ativos de renda fixa, bem diferentes dos fundos de
investimento imobiliário, os quais são ativos de renda variável. O
diferencial dessa categoria de investimento é a isenção do Imposto de
Renda e do IOF para pessoas físicas e, na maioria dos casos,
também há isenção de tarifas e taxas de administração, o que acaba
se tornando um grande diferencial.
Os valores investidos em poupança, CDB e CDI são remunerados
por juros compostos, diferente dos investimentos em LCI, LCA, títulos
públicos e debêntures, os quais remuneram o valor inicial
semestralmente, anualmente ou apenas no vencimento.
A cultura do consumo dita o comportamento da maioria das
pessoas e, das poucas que podem e querem investir, a maioria só
aplica na caderneta de poupança que, apesar do baixo risco, também
apresenta um baixíssimo rendimento, o que mal serve para protegê-
las das perdas decorrentes da inflação. Ou seja, o ganho real é
praticamente zero, o investimento serve apenas para juntar dinheiro e,
com sorte, ter um rendimento que se “iguale” ao IPCA.
“As pessoas se dividem entre aquelas que poupam como se
vivessem para sempre e aquelas que gastam como se fossem
morrer amanhã”.
Aristóteles
36. Investir em Debêntures e Títulos Públicos - Tesouro
Direto
Quando uma empresa ou um governo deseja tomar dinheiro
emprestado do público, em longo prazo, é comum que faça isso
emitindo dívida na forma de títulos que recebem nomes como títulos
públicos, debêntures, notas promissórias ou bônus. O número de
emissões de títulos de dívida excede em muito o número de emissões
de ações, pois o volume de empréstimos tomados pelas empresas e
pelos governos é simplesmente imenso.
A análise da rentabilidade de um título implica dimensionar em
valores absolutos o fluxo dos rendimentos futuros oferecidos por cada
título e compará-los. É avaliar a renda futura que o capital aplicado
possa gerar, buscando sua maximização dentro do horizonte de
tempo do investimento. Isso exige a comparação com as demais
alternativas existentes no mercado para que a decisão tomada seja a
mais interessante para o investidor.
As taxas de juros de mercado variam ao longo do tempo. Já
os fluxos de caixa de um título de dívida, porém, permanecem os
mesmos, e é por isso que os títulos de dívida também são
chamados de títulos de renda fixa. Porém, há uma importantíssima
diferença em relação a investimentos tradicionais de renda fixa, tais
como a poupança e o CDB. Como resultado da variação dos juros de
mercado, o valor de mercado do título flutuará. Quando as taxas de
juros aumentam, o valor presente dos fluxos de caixa
restantes diminui, e o título vale menos. Quando as taxas de juros
caem, o título vale mais. Torna-se então essencial compreender que
apesar desses investimentos serem considerados como de renda fixa,
37. haverá tanto a possibilidade do investidor ganhar acima da
rentabilidade pactuada quanto de perder dinheiro nestes
investimentos, diferentemente da poupança, do CDB e similares.
Portanto, lembre-se: Os preços dos títulos de dívida e a taxa de juros
sempre se movimentam em direções opostas.
O risco da taxa de juros para um título de dívida depende do quanto
o preço desse título é sensível às variações das taxas de juros. Essa
sensibilidade depende diretamente de duas coisas: prazo até o
vencimento e taxa de cupom. Mantidas as demais variáveis, quanto
maior for o prazo até o vencimento, maior será o risco da taxa de juros
e quanto menor for a taxa de cupom, maior será o risco da taxa de
juros. Logo, os preços de mercado de títulos de curto prazo variam
menos em razão de uma mudança na taxa de juros se comparados a
títulos de longo prazo. Além disso, alguns títulos podem ser indexados
à inflação, cuja variação desse indicador irá influenciar diretamente o
preço de mercado desses títulos.
“Os mercados estão constantemente num estado de incerteza
e o fluxo de capital e o dinheiro são feitos rejeitando o óbvio e
apostando no inesperado”.
George Soros
Debêntures – São títulos privados de renda fixa ou variável
emitidos por sociedades anônimas. São empréstimos contraídos pela
empresa com os investidores a médio ou longo prazo para o
financiamento dos seus negócios e garantidos pelo ativo da empresa.
No caso de debêntures não conversíveis em ações, o empréstimo é
liquidado financeiramente no prazo previsto. Quanto às debêntures
conversíveis em ações, o investidor poderá optar pela conversão de
seu valor em ações.
Todo o capital investido por uma empresa em seu patrimônio, seu
ativo fixo, pode ser transformado em ativo líquido através do mercado
de capitais. A empresa pode, com base no seu ativo fixo, emitir
Debêntures no mercado, buscando assim recursos para aumentar o
seu capital de giro. Estas obrigações emitidas passam a serem
negociadas em mercado secundário, transformando-se em ativos de
boa liquidez para seus proprietários. Desta forma, o capital fixo da
empresa passa a ser representado por ativos financeiros, de razoável
liquidez, e o dinheiro entra para a empresa por um prazo médio,
longo, ou mesmo, indeterminado, dependendo da natureza do título
38. emitido, aumentando o seu capital de giro e o volume de suas
transações.
Para emitir uma debênture uma companhia deve escolher uma
instituição financeira para estruturar e coordenar todo o processo de
emissão. É essa instituição que fará o underwriting da debênture, ou
seja, o seu lançamento no mercado primário. O investidor ao adquirir
a debênture torna-se um debenturista, ou seja, um credor da
companhia emitente, tendo seu investimento remunerado de acordo
com as condições e os prazos definidos na escritura de emissão da
debênture.
Uma debênture possui um rating de classificação, efetuado por uma
empresa especializada independente (agência de rating), que reflete
sua avaliação sobre o grau de risco envolvido em determinado
instrumento de dívida. No caso de uma emissão de debêntures, a
agência avalia a probabilidade da companhia emissora não honrar os
compromissos financeiros assumidos na escritura de emissão
(risco de default).
Na escritura de emissão de uma debênture estão descritas as
condições sob as quais ela será emitida, tais como direitos conferidos
pelos títulos, deveres da emissora, montante da emissão e quantidade
de títulos, datas de emissão e vencimento, condições de amortização
e remuneração, juros, prêmio etc. A data de resgate de cada título
deve estar definida na escritura de emissão. A companhia pode ainda
emitir títulos sem vencimento, também conhecidos como debêntures
perpétuas.
É permitido a repactuação das condições de uma debênture para
que a companhia adeque seus títulos periodicamente às condições
vigentes no mercado. Na repactuação a emissora está obrigada a
recomprar os títulos dos debenturistas que não aceitarem as novas
condições propostas. Os debenturistas têm proteção legal por meio da
escritura de emissão e do agente fiduciário.
O preço de mercado de uma debênture é calculado atualizando-se
o preço de emissão do título conforme as condições descritas na
escritura de emissão, podendo a rentabilidade do título ser fixa,
variável, ou ainda, uma combinação de ambos, quando a
rentabilidade fica vinculada a uma participação dos lucros da empresa
ou à algum indicador econômico.
39. “A educação tem raízes amargas, mas os seus frutos são
doces”.
Aristóteles
Tanto as debêntures não conversíveis como as conversíveis podem
ser negociadas no mercado secundário a qualquer momento, o que
garante o resgate antecipado do valor investido e a liquidez dos
ativos. O fator de rentabilidade de uma debênture pode ter como base
os coeficientes fixados para corrigir títulos públicos (Selic, IPCA),
variação da taxa cambial ou outros referenciais, tal como o CDI.
É muito comum a combinação de uma taxa de juros prefixada
acrescida da taxa anual algum indexador, IPCA, IGP-M, etc. De
maneira geral, quanto maior for a percepção de risco de uma
empresa, maior será a remuneração que suas debêntures pagarão ao
investidor. Da mesma forma, as debêntures com prazos de resgate
mais longos também oferecerão uma maior rentabilidade.
Assim, o valor nominal atualizado de uma debênture equivale ao
seu preço de lançamento acrescido da rentabilidade do período
apurado, a qual é definida pela taxa de juro que o título foi negociado
no mercado no momento de seu lançamento (taxa de juro nominal).
Como exemplo, o preço de uma debênture indexada à taxa Selic
sofrerá influência direta caso haja variação dessa taxa.
Se a taxa de juros subir o seu valor no mercado secundário será
inferior ao seu valor nominal. Se a taxa de juro cair o seu valor de
negociação será maior que o nominal. Assim como nos títulos
públicos, o investidor poderá então obter um retorno maior ou menor
ao acordado no momento da compra, caso realize uma venda
antecipada da debênture.
Outro fator que deve ser considerado é o risco de inadimplência das
empresas emissores de debêntures. Com frequência, as empresas
pagam para que suas dívidas sejam classificadas. As duas
principais empresas de classificação de risco de títulos de dívida são
a Moody’s e a Standard & Poor’s (S&P). As classificações do risco de
dívidas (ratings) são uma avaliação da qualidade de crédito da
empresa emitente. As definições de crédito usadas pela Moody’s e
pela S&P se baseiam na probabilidade de a empresa ficar
inadimplente e na proteção que os credores têm contra a
inadimplência.
40. “Os ricos compram ativos, os pobres só tem despesas e a
classe média compra passivos pensando que são ativos.”.
Robert Kiyosaki
A classificação mais alta que a dívida de uma empresa pode ter é
AAA ou Aaa, e tal dívida é julgada a de melhor qualidade e de mais
baixo grau de risco.Uma grande parte das dívidas corporativas
assume a forma de títulos de baixo grau, ou, especulativos (junk).
Esses títulos de dívida são classificados abaixo do grau de
investimento pelas principais agências de classificação. Por outro
lado, justamente por oferecerem maior risco normalmente tais títulos
oferecem maiores taxas de retornos para atrair os investidores. Títulos
de dívida com grau de investimento são aqueles com classificação
mínima BBB pela S&P ou Baa pela Moody’s.
As classificações do risco de crédito são importantes, porque
inadimplências realmente ocorrem, e, nestes casos, os investidores
podem sofrer grandes prejuízos. Em 2000 a AmeriServe Food
Distribution S/A, que abastecia restaurantes como o Burger King,
desde os hambúrgueres até os brindes, ficou inadimplente em
US$200 milhões em títulos especulativos. Depois da inadimplência, os
títulos foram negociados a apenas US$0,18, deixando os
investidores com um prejuízo de mais de US$160 milhões.
No Brasil as debêntures ainda não estão muito popularizadas entre
os investidores pessoa física. Apesar de haver um grande volume de
dinheiro captado pelas empresas de capital aberto através do
lançamento de debêntures, a grande heterogeneidade desses títulos e
seu baixo incentivo para o pequeno investidor fazem com que sejam
majoritariamente adquiridos por investidores institucionais através de
operações de larga escala, o que reduz o número de negociações no
41. mercado secundário e, consequentemente, diminui sua liquidez. Outro
fator que gera desinteresse por parte do pequeno investidor é a
dificuldade em calcular os preços “justos” das debêntures, devido ao
grande número de variáveis envolvidas.
A emissão de debêntures mais homogêneas, cujo retorno estivesse
atrelado à taxa SELIC mais um bônus anual, por exemplo, juntamente
com a pulverização em pequenos lotes na sua emissão,
possibilitaria o aumento da liquidez, aumentando assim a demanda
por estes títulos entre investidores pessoa física. Portanto, sendo as
debêntures ativos com menor liquidez em relação à ações, o
investidor deverá ficar atento às condições de mercado quando
desejar vender uma debênture antes de seu vencimento.
“Na vida as coisas são simples. São as pessoas que as
complicam”.
Capital e Valor
Títulos Públicos (Tesouro Direto) – São títulos emitidos pelos
governos federal, estadual e municipal para se financiarem e cobrirem
suas despesas. São chamados de títulos de dívida pública. Entre os
principais títulos públicos federais estão as Notas do Tesouro
Nacional, Letras do Tesouro Nacional e as Letras Financeiras do
Tesouro. Um título do Tesouro é um título público emitido pelo Tesouro
Nacional e constitui parte da dívida pública do país. Já o CDB e as
Debêntures são títulos privados, ou seja, emitidos por instituições
financeiras privadas.
Ao contrário do que muitos acreditam a maioria dos títulos públicos
não são investimentos de renda fixa assim como a poupança e o CDI.
O preço de cada título além de ser definido a mercado em função da
maior ou menor demanda, sofre influência direta por variações dos
indexadores, tais como mudanças na taxa básica de juros e outros
índices como inflação (IPCA) e IGP-M. Quanto maior o prazo de
vencimento de título maior será influência dessas variações em seu
preço.
No caso da venda antecipada do título pelo investidor, o Tesouro
Nacional recompra o título com base em seu valor de mercado. Caso
42. o investidor mantenha seu título até o vencimento, receberá a
rentabilidade pactuada no momento da compra, independentemente
das condições de mercado.
No momento da compra de um título público é cobrada uma taxa de
negociação de 0,10% sobre o valor da operação. Há também uma
taxa de 0,30% ao ano sobre o valor dos títulos referente à custódia
dos mesmos e às informações e movimentações dos saldos, cobrada
a cada semestre ou no encerramento/vencimento da posição. Essa
taxa é cobrada proporcionalmente ao período em que o investidor
mantiver o título a cada semestre ou no encerramento da posição,
sendo calculada até o saldo de R$ 1.500.000,00 por conta de
custódia.
Os agentes de custódia (corretoras) também cobram taxas de
serviços livremente acordadas com os investidores. As taxas
cobradas por instituição estão disponíveis para consulta no site do
Tesouro Direto, devendo o investidor confirmá-las no momento da
contratação. Algumas corretoras não cobram taxa de serviço sobre
operações no Tesouro Direto, o que torna esse tipo de investimento
muito atraente dado o baixo valor das taxas de administração em
relação a investimentos em fundos de renda fixa. Dentre os principais
aspectos dos títulos públicos estão:
Valor de Face ou Valor Nominal: Representa o montante que o
proprietário do título irá receber quando este vencer. No caso dos
títulos prefixados (LTN e NTN-F) o valor de face é de R$ 1000,00. Já
no caso dos pós-fixados indexados ao IPCA (NTN-B, NTN-B principal
e NTN-C) ao IGP-M (NTN-C) e à taxa SELIC (LFT) o valor pago no
momento da compra é atualizado por esses índices ao longo do
tempo e no seu vencimento o investidor recebe o valor de mercado do
título.
Valor de Mercado: É o preço que o título está sendo negociado
atualmente no mercado. Caso o investidor o venda antes do seu
vencimento, será esse valor que receberá.
Data de Vencimento: É a data prevista para o pagamento do valor
de face do título, momento em que o investimento está marcado para
ser encerrado e o título deixará de existir. Contudo, nada impede que
qualquer título seja vendido antecipadamente pelo preço de mercado.
Os 6 dígitos que acompanham o código do título identificam sua data
de vencimento. Ex NTN-F010117 – Nota do Tesouro Nacional série F
43. com vencimento em 1º de janeiro de 2017. O vencimento ocorre
automaticamente, sendo o valor de face/mercado depositado na conta
do investidor com seu agente de custódia.
Cupom de Juros: Valor pago semestralmente referente aos juros
dos títulos NTN-F, NTN-B e NTN-C. Funciona como uma receita
periódica para o investidor, esse valor é pago sobre o valor de compra
do título e a sua taxa é acordado no momento da compra. No caso de
uma NTN-F 010117 com taxa de 10% a.a., o pagamento dos juros
ocorrerá nos dias 1º de janeiro e 1º de julho de cada ano, 5% em cada
período.
Os títulos prefixados NTN-F recebem um cupom fixo de juros
semestral. Os títulos pós-fixados NTN-B recebem um cupom variável
de juros semestral. Uma parte do juros da NTN-B se refere a taxa
acordada no momento da compra (parte fixa) e a outra se refere ao
resultado do indexador no período (parte variável).
No caso dos demais títulos (LTN, LFT e NTN-B Principal) não
ocorrem o pagamento semestral de juros. O valor pago pelo título no
momento da compra é corrigido com o passar do tempo pelo seu
indexador e pela taxa de juros acordada. No seu vencimento ou na
venda antecipada o investidor receberá o preço de mercado do título,
tendo sido todo o seu rendimento embutido no seu preço. Vale
ressaltar que nesses títulos a alíquota de IR incide apenas uma vez,
no momento da venda ou no vencimento do título, sendo um
diferencial vantajoso no longo prazo em relação aos títulos que pagam
cupons semestrais.
“Se você não estiver gostando do andamento do mercado
ou não tem nenhuma boa razão para comprar, nunca é tarde
demais para vender e embolsar o dinheiro”.
Com relação à liquidez, o investidor pode comprar e vender títulos
públicos a qualquer dia. Existem basicamente dois tipos de títulos
públicos, os pós-fixados e os prefixados. Nos títulos prefixados toda a
rentabilidade é definida no momento da compra, são eles:
LTN – Letra do Tesouro Nacional – Possui fluxo de pagamento
simples, ou seja, o investidor faz a aplicação e recebe o valor de face
(valor investido somado à rentabilidade) na data de vencimento do
título. O valor de vencimento de uma LTN é de R$ 1000,00. Logo, um
investidor que compre uma LTN em 01/01/2012 com vencimento em
44. 01/01/2013 e com taxa de 10,10% ao ano por R$ 908,63, terá
acumulado R$ 91,77 de juro até essa data de vencimento.
Apesar do preço desse título ser definido a mercado, dado seu
menor prazo de vencimento em relação aos demais títulos, uma LTN
sofre pouca influência das variações da taxa de juros. Os títulos de
curto prazo apresentam maior estabilidade com relação à flutuação da
taxa de juros, sendo o impacto de sua elevação ou de sua redução
diluído por um prazo de vencimento muito pequeno.
Dessa maneira, o preço das LTNs tende a se valorizar diariamente
com o passar do tempo, sendo o valor de vencimento (R$ 1000,00)
garantido para quem mantiver o título até tal data. Dificilmente um
investidor terá prejuízo caso faça uma venda antecipada de uma LTN.
Abaixo temos um gráfico do preço de mercado de uma LTN com
vencimento em janeiro de 2012. Seu preço de emissão foi de
R$ 736,92 a uma taxa de 11,41% ao ano.
“A ambição universal das pessoas é viver colhendo o que
nunca plantaram.”
Adam Smith
NTN-F - Notas do Tesouro Nacional – São títulos prefixados que
possuem maiores prazos de vencimento em relação às LTNs. O
pagamento dos juros ocorre semestralmente na conta do investidor e
o valor de vencimento também é de R$ 1000,00. Ao longo do
semestre o valor do título é acrescido dos juros, em janeiro e julho
este valor é descontado do título e pago diretamente na conta do
45. investidor em sua corretora.
Por exemplo, um investidor que comprou uma NTN-F em
01/01/2011 com vencimento em 01/01/2017 e com taxa de 12,13% ao
ano por R$ 915,92, receberá o valor de R$ 1000,00 na data de
vencimento. Além disso, a taxa de rentabilidade acordada será paga
semestralmente durante esse período de 6 anos sob a forma de
cupom semestral no valor de R$ 55,50 por semestre.
Em razão do seu prazo de vencimento ser mais longo, o preço de
uma NTN-F sofre grande influência de mudanças na taxa de juros.
Havendo corte na taxa de juros o valor de mercado do título irá se
valorizar e, havendo aumento irá se desvalorizar. Para aqueles que
pretendem garantir uma taxa fixa de juros e carregar esse título até
seu vencimento essa variação no seu preço de mercado não será tão
importante.
Entretanto, caso o investidor queira vender uma NTN antes de seu
vencimento poderá ter prejuízo caso o preço de mercado no momento
da venda estiver abaixo do preço em que comprou o título. Assim,
para quem pretende vender o título antes do vencimento o ideal é
comprá-lo quando a taxa de juros estiver em viés de baixa, pois o
potencial de aumento no preço de mercado do título será maior.
Por outro lado, a inflação afeta diretamente todos os títulos
prefixados, pois seu aumento faz com que o retorno real do título
diminua. Por exemplo, um título prefixado que paga uma taxa de 12%
ao ano num cenário de inflação de 6% terá uma rentabilidade nominal
de 6%. Caso a inflação aumente para 8% ao ano essa rentabilidade
diminuirá para 4%.
Vale ressaltar que o preço de mercado de uma NTF pode
ultrapassar o seu valor de face, situação em que será mais vantajoso
para o investidor vendê-la quando próximo da data de vencimento,
pois no vencimento receberá do Tesouro Nacional R$ 1.000,00 pelo
título, independente de seu preço de mercado estar acima ou abaixo
desse valor.
Abaixo temos o gráfico do preço de mercado de uma NTN-F com
vencimento em janeiro de 2017. É possível observar a grande
variação de seu preço de mercado em função das alterações na taxa
de juros e do pagamento dos cupons semestrais de juros.
46. “O risco é uma escolha e não um destino”.
Capital e Valor
De forma resumida, os títulos prefixados garantem uma
rentabilidade fixa até seu vencimento, definida no momento da
compra. Em razão disso, não protegem o investidor contra elevações
da taxa de juros ou da inflação, sujeitando-o à perda de seu poder
aquisitivo caso isso ocorra.
Por outro lado, num cenário econômico de corte de juros ou de
queda da inflação o investidor se protegerá melhor com títulos
prefixados, pois terá travado a taxa de juros mais alta no momento da
compra do título, garantindo uma rentabilidade maior no longo prazo.
Os títulos pós-fixados, por sua vez, possuem prazos de vencimento
muito maiores do que os prefixados. Maiores prazos significam,
portanto, maior sensibilidade às variações de preços provocadas por
variações nas taxas de juro e na inflação. Essa maior sensibilidade se
aplica tanto para aumentos como para reduções da taxa de juros e da
inflação.
Nesses títulos parte da rentabilidade é definida no momento da
compra e outra fica vinculada a algum indicador. Atualmente eles são
vinculados à variação da inflação anual (IPCA) ou do IGP-M,
acrescida dos juros definidos no momento da compra, ou, vinculados
à taxa Selic.
Assim, a rentabilidade nominal é incerta, pois depende da evolução
do indexador, e no caso das NTN-Bs, os títulos ficam sujeitos à
47. volatilidade no mercado secundário, em função das expectativas dos
agentes financeiros com relação à inflação e à taxa Selic. Já as LFTs
não sofrem com a variação do preço de mercado assim como ocorre
com as NTN-F e mais ainda com as NTN-B, apenas a sua
rentabilidade aumentará ou diminuirá de acordo com a variação na
taxa de juros. Os títulos pós-fixados são:
NTN-B Principal – Notas do Tesouro Nacional – Série B – Principal
– Assim como as LTN, possuem fluxo de pagamento simples. O
investidor faz a aplicação e recebe o valor de face na data de
vencimento do título (valor investido somado à rentabilidade acordada
no momento da compra acrescida do IPCA anual). O pagamento é
único e é feito na data de vencimento.
Por exemplo, um investidor que comprou uma NTN-B Principal em
13/12/2012 com vencimento em 15/05/2035 pactuou uma taxa de
4,19% ao ano, acrescida do IPCA anual durante o período.
“A sobrevivência no mercado financeiro ás vezes implica bater
rapidamente em retirada.”.
George Soros
NTN-B - Notas do Tesouro Nacional – Série B – Assim como as
NTN-F, o pagamento do juro acordado acrescido do IPCA ocorre
semestralmente na conta do investidor, o qual receberá o valor de
mercado do título na data do vencimento.
Por exemplo, um investidor que comprou uma NTN-B em
13/12/2012 com vencimento em 15/05/2035 pactuou uma taxa de
3,93% ao ano, acrescida do IPCA anual durante o período.
Semestralmente será pago o cupom de juros referente a taxa de
1,96%, acrescida do IPCA do último semestre.
A rentabilidade dos títulos indexados à inflação é composta por
duas partes – uma variável e uma fixa. A parte fixa é o juro pactuado
no momento da compra e a parte variável é o valor do IPCA anual.
Diferente dos títulos prefixados, em que a variação na taxa de juros é
o fator que mais influencia o preço de mercado dos títulos, nos títulos
pós-fixados indexados à inflação, tanto a redução da taxa de juros
como o aumento do IPCA fazem com que seu preço de mercado se
valorize.
Ao contrário da NTN-B, a NTN-B principal não paga o juro + IPCA
semestralmente, os quais são reinvestidos anualmente no próprio
48. título, funcionando assim como um tipo de juros compostos, o que
aumenta significativamente o retorno desse título no longo prazo. Isso
porque o imposto de renda é pago de uma só vez sobre o total dos
rendimentos, ao contrário dos títulos que pagam cupons semestrais,
sobre os quais é descontada semestralmente a alíquota de IR,
diminuindo a sua rentabilidade no longo prazo em relação aos títulos
que não pagam cupom de juros.
No gráfico abaixo temos a evolução do preço de uma NTN-B
principal com vencimento em 2035. Esse título obteve uma grande
rentabilidade entre 2011 e meados de 2012 em função de um cenário
de redução da taxa de juros e aumento da inflação.
“O truque é: quando não há nada a fazer, não faça nada.”.
Warren Buffett
NTN-C – Notas do Tesouro Nacional Notas do Tesouro Nacional –
Série C – Segue as mesmas regras da NTN-B, mas é indexado ao
IGP-M. O pagamento do juro acordado é acrescido da variação do
IGP-M e ocorre semestralmente na conta do investidor, o qual
receberá o valor de mercado do título na data do vencimento.
Em condições inflacionárias normais os títulos do Tesouro Direto
indexados ao IPCA fornecem uma boa proteção contra a inflação,
proporcionando assim uma rentabilidade real, ou seja, o seu
rendimento supera o IPCA no final do período de vigência. Por essa
49. razão, é bastante indicado para investidores que têm interesse na
formação de poupança de longo prazo, pois garantem a rentabilidade
real, ou seja, o valor investido será corrigido pela inflação do período.
E conforme dito anteriormente, a inflação é o fator que causa a
diminuição do poder aquisitivo ao longo do tempo.
Contudo, o fato é que na prática o cálculo dos índices de inflação,
além de ser arbitrário e controverso, não corresponde à inflação dos
bens que são consumidos ou adquiridos pelo investidor. Ainda que
esteja de certa forma melhor protegido com títulos pós-fixados,
mesmo assim o investidor não terá uma proteção plena do valor real
investido.
“O pessimista reclama do vento, o otimista espera que este
mude de direção, o realista ajusta as velas do barco”.
William Arthur Ward
LFT - Letras Financeiras do Tesouro – São títulos cuja rentabilidade
é vinculada à taxa Selic. Sua remuneração é dada pelo acúmulo da
taxa SELIC diária registrada entre a data da compra e a data de
vencimento do título. O pagamento é realizado por fluxo simples, o
investidor recebe o valor investido acrescido dos juros na data do
vencimento ou da venda do título. Seu valor de mercado é corrigido
de acordo com a taxa Selic ao longo do tempo.
Apenas no caso das LFTs o valor do título não flutua em razão da
variação na taxa de juros, apenas sua rentabilidade. Ou seja, seu
preço de mercado é sempre crescente, incorporando dia a dia os juros
calculados com base na taxa SELIC.
Assim, o investidor que comprou uma LFT a R$ 1.000,00 e a taxa
SELIC no momento da compra estava em 12% ao ano, caso o valor
da SELIC se mantiver estável, ele terá um título com preço
aproximado de R$ 1.010,00 no mês seguinte, pois o título incorporou
os juros pagos naquele período, havendo pouco risco de flutuação do
valor de face do título.
Caso haja redução da taxa Selic, a rentabilidade de uma LFT irá
diminuir e, caso haja aumento, irá aumentar. Entretanto, seu preço de
mercado nunca irá diminuir, apenas a sua rentabilidade é que irá
variar de acordo com a evolução da taxa Selic. São mais indicados
para investidores com extrema aversão ao risco, ou seja, aqueles que
possam vir a precisar do valor investido em algum momento em
50. breve, pois com esses títulos o investidor terá baixíssimo risco de que
o preço de venda seja inferior ao preço de compra.
As LFT’s são títulos indicados principalmente para cenários
econômicos com tendência de aumento na taxa de juros e redução da
inflação, situação em que os preços de mercado dos demais títulos
pós-fixados, bem como dos pré-fixados, diminuirão em razão dos
sucessivos aumentos da Selic. Além disso, a rentabilidade de uma
LFT irá aumentar de acordo com os aumentos da Selic,
diferentemente dos demais títulos, os quais além de estarem
proporcionando taxas menores em relação às atuais, terão seus
preços de mercado prejudicados.
Num horizonte de longo prazo (acima de 3 anos), nenhum
investimento de renda fixa proporcionará uma rentabilidade maior do
que LTNs ou LFTs, ou ainda, maior do que a rentabilidade de um título
pós-fixado. Abaixo temos o gráfico do preço de mercado de uma LTF
emitida em 13/11/2006 com vencimento em 7/3/2012, o preço de
mercado se valoriza diariamente de acordo com a taxa Selic do
período.
“A economia, que é uma virtude, é uma necessidade na
pobreza, um ato de juízo na mediania, e na opulência um vício”.
Bernard Fontenelle
Mudanças na taxa de juros causam significativos impactos na