SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 40
Baixar para ler offline
Prefácio
	
	
Para	 muitas	 pessoas	 os	 movimentos	 de	 alta	 e	 de	 baixa	 no	 mercado	 são
misteriosos,	 sendo	 bastante	 influenciados	 por	 notícias,	 muitas	 vezes
ocorrendo	quando	menos	esperado.	Mas	a	verdade	é	que	o	mercado	não	é	tão
difícil	 de	 ser	 entendido	 e	 acompanhado.	 É	 preciso	 apenas	 compreender	 a
psicologia,	as	estratégias	e	a	lógica	envolvida	neste	complexo	“jogo”.
O	 mercado	 recompensa	 através	 de	 várias	 estratégias	 e	 possibilidades	 de
negócios	 quando	 encarado	 com	 maturidade	 e	 bom	 senso.	 É	 uma	 atividade
lucrativa	e	um	desafio	intelectual	para	aqueles	que	têm	sucesso	em	gerenciar
os	riscos	da	renda	variável	e	a	disciplina	para	fazer	o	que	deve	ser	feito	de
forma	 sistemática.	 Assim	 como	 em	 muitas	 situações	 da	 vida,	 persistência,
paciência,	confiança,	competência,	e	acima	de	tudo,	estar	disposto	a	pagar	o
preço,	trarão	o	resultado	desejado.
Nossa	intenção	ao	escrever	o	conteúdo	do	Capital	e	Valor	foi	explicar	o
mercado	de	capitais	e	as	estratégias	de	operações,	bem	como	demonstrar	os
principais	mecanismos	para	sua	análise,	desde	uma	perspectiva	focada	para
investidores	 de	 longo	 prazo	 até	 estratégias	 para	 especuladores,	 fornecendo
informações	 e	 mecanismos	 para	 que	 o	 investidor	 se	 torne	 auto-suficiente	 e
conquiste	sua	independência	financeira,	pois	para	ganhar	no	mercado	não	se
deve	depender	de	ninguém.
“Muitos	 querem	 aquilo	 que	 você	 tem	 hoje,	 mas	 quando	 souberem	 o
preço	que	você	pagou	por	isso	irão	desistir”.
João	C.	Filho
O	 conteúdo	 do	 Capital	 e	 Valor	 visa	 orientar	 o	 desenvolvimento	 de	 uma
metodologia	objetiva	para	operar	e	analisar	o	mercado	de	forma	consciente,
demonstrando	 as	 diferentes	 estratégias	 para	 momentos	 de	 alta	 e	 de	 baixa,
incluindo	técnicas	de	gerenciamento	de	risco	e	de	proteção	de	capital.	Não	é
um	método	milagroso	de	enriquecimento,	tão	pouco	dicas	de	investimentos,
mas	 uma	 visão	 realista	 sobre	 o	 mercado	 financeiro,	 embasada	 por
informações	 de	 qualidade	 para	 investidores	 conscientes	 e	 racionais,	 cujo
objetivo	é	lhe	auxiliar	a	desenvolver	o	seu	potencial	de	investir	bem	o	seu
dinheiro	e	a	garantir	a	sua	prosperidade.
Através	de	uma	linguagem	simples	e	exemplos	práticos	o	Capital	e	Valor
apresenta	 informações	 e	 estudos	 para	 orientar	 e	 inserir	 o	 investidor	 no
mercado	financeiro.	O	conteúdo	aborda	as	diversas	estratégias	operacionais,
avaliando	 a	 relação	 entre	 risco	 e	 rentabilidade,	 bem	 como	 as	 técnicas	 de
análise	 do	 mercado.	 Através	 de	 conhecimento	 e	 informações	 de	 qualidade
você	transformará	a	maneira	como	lida	com	o	dinheiro	e,	principalmente,	a
forma	como	investe	o	seu	patrimônio.
Mais	do	que	nunca	o	mercado	de	capitais	está	cada	vez	mais	popularizado
no	 Brasil	 e	 acessível	 para	 os	 investidores,	 sendo	 fundamental	 para	 a
consolidação	 de	 uma	 cultura	 de	 poupança	 de	 longo	 prazo	 no	 país.	 Todo
investimento	deve	ser	encarado	como	um	compromisso	por	quem	o	faz.	Isso
significa	 dedicar	 tempo	 para	 estudar,	 para	 acompanhá-lo	 e,	 principalmente,
para	 avaliá-lo.	 Não	 tenha	 dúvida	 de	 que	 no	 longo	 prazo	 o	 retorno	 de	 seus
investimentos	 será	 diretamente	 proporcional	 ao	 seu	 comprometimento	 aos
mesmos.
Com	 o	 passar	 do	 tempo	 as	 experiências	 no	 mercado	 acabam	 por	 revelar
muito	 de	 nós	 mesmos,	 sendo	 uma	 atividade	 em	 que	 além	 do	 crescimento
financeiro	ocorre	o	crescimento	como	indivíduo.	Temos	então	dois	objetivos,
fazer	 dinheiro	 e	 aprender.	 Perdendo	 ou	 ganhando	 é	 preciso	 tirar	 algum
conhecimento	 dessas	 operações	 com	 o	 intuito	 de	 tornarmo-nos	 melhores
investidores	no	futuro.	O	mercado	nos	testa	constantemente,	em	cada	situação
existe	uma	profunda	sabedoria	a	ser	descoberta.	Aceite	o	que	o	mercado	lhe
dá	com	humildade	e	bom	humor,	tenha	prazer	em	aprender.
Este	 conteúdo	 é	 dedicado	 a	 todos	 aqueles	 que	 tiveram	 a	 iniciativa	 e	 a
coragem	 de	 buscar	 seu	 sucesso	 investindo	 no	 mercado	 de	 capitais.	 Lhe
desejamos	bons	investimentos	e	sucesso!
“Quando	 eu	 era	 jovem	 pensava	 que	 o	 dinheiro	 era	 a	 coisa	 mais
importante	do	mundo.	Hoje,	tenho	certeza.”
Oscar	Wilde
Apresentação	do	Capital	e	Valor
	
O	 Capital	 e	 Valor	 através	 de	 uma	 linguagem	 simples	 e	 exemplos
práticos	apresenta	informações	e	estudos	para	orientar	e	inserir	o	investidor
no	mercado	financeiro.	O	conteúdo	é	direcionado	a	todos	que	necessitem	de
educação	financeira	para	se	manterem	atualizados,	seja	para	fins	pessoais	ou
profissionais,	no	intuito	de	que	seus	objetivos	sejam	atingidos	por	meio	do
conhecimento	e	da	permanente	inovação,	promovendo	o	desenvolvimento	de
seus	 próprios	 métodos	 e	 estratégias	 de	 investimento	 e	 a	 prosperidade
financeira.	Embasado	pelo	conteúdo	do	Capital	e	Valor	o	investidor	tomará
decisões	 mais	 conscientes	 e	 responsáveis,	 aproveitando	 melhor	 as
oportunidades	 de	 investimento,	 reduzindo	 as	 incertezas,	 administrando
melhor	os	riscos	e	maximizando	os	resultados	dos	seus	investimentos.
Por	não	estar	vinculado	a	nenhum	banco,	corretora	ou	qualquer	instituição
financeira,	 as	 informações	 e	 as	 ferramentas	 disponibilizadas	 pelo	 Capital	e
Valor	 possuem	 total	 independência	 em	 defesa	 dos	 interesses	 do	 investidor.
Através	 de	 uma	 visão	 realista	 sobre	 o	 mercado	 financeiro,	 nosso	 conteúdo
aborda	as	diversas	estratégias	operacionais,	avaliando	a	relação	entre	risco	e
rentabilidade,	 bem	 como	 as	 técnicas	 de	 análise	 do	 mercado.	 Através	 de
conhecimento	e	informações	de	qualidade,	você	transformará	a	maneira	como
lida	com	o	dinheiro	e,	principalmente,	a	forma	como	investe	o	seu	patrimônio.
Conquiste	sua	independência	financeira	aperfeiçoando	os	seus	conhecimentos
sobre	 análise	 técnica,	 análise	 fundamentalista	 e	 estratégias	 de	 investimento
em	ações,	futuros,	opções,	títulos	do	tesouro,	fundos	de	investimento,	renda
fixa,	dentre	outros.
3.0	–	Análise	Fundamentalista	-	Abordamos	a	análise	Macroeconômica,
Setorial	 e	 Microeconômica	 através	 de	 uma	 linguagem	 clara	 e	 acessível.	 O
conteúdo	 é	 focado	 nos	 principais	 indicadores	 macroeconômicos	 e	 as	 suas
relações	 com	 o	 mercado	 e	 com	 os	 setores	 econômicos,	 nas	 dinâmicas	 dos
diferentes	 setores	 e	 suas	 principais	 características	 e,	 por	 fim,	 na	 análise	 do
balanço	 da	 empresa	 e	 dos	 seus	 principais	 indicadores	 de	 rentabilidade,
liquidez	 e	 endividamento,	 estabelecendo	 previsões	 e	 tendências	 para	 o	 seu
desempenho	e	para	o	seu	valor.
3.0	-	Análise	Fundamentalista	de	Empresas
Neste	 módulo	 o	 Capital	 e	 Valor	 aborda	 os	 princípios	 da	 análise
Macroeconômica,	 Setorial	 e	 Microeconômica.	 São	 abordados	 os	 principais
indicadores	 macroeconômicos	 e	 as	 suas	 relações	 com	 o	 mercado	 e	 com	 os
setores	 econômicos,	 as	 dinâmicas	 dos	 diferentes	 setores	 e	 suas	 principais
características	e,	por	fim,	a	análise	dos	fundamentos	das	empresas,	dos	seus
desempenhos	e	dos	principais	indicadores	fundamentalistas.
3.01	-	Apresentação	da	Análise	Fundamentalista
3.02	-	Noções	de	Macroeconomia	e	Fundamentos	Econômicos
3.03	-	Análise	Setorial	e	Tendências	de	Mercado
3.04	-	Análise	Microeconômica	e	Administração	Financeira
3.05	-	Como	Interpretar	um	Balanço	Contábil?
3.06	-	Como	Interpretar	um	Demonstrativo	de	Resultado?
3.07	-	Valor	Patrimonial,	Valor	de	Mercado	e	Enterprise	Value
3.08	-	Indicadores	de	Rentabilidade	e	Análise	Financeira
3.09	-	Indicadores	de	Liquidez	Financeira
3.10	-	Indicadores	de	Endividamento	e	de	Financiamento
3.11	-	O	Investimento	em	Valor	-	F-Score
Apresentação	da	Análise	Fundamentalista
A	análise	fundamentalista	está	embasada	no	conceito	de	que	os	investidores
têm	a	capacidade	de	utilizar	as	informações	financeiras	históricas	de	maneira
a	 elaborarem	 estratégias	 de	 investimentos	 lucrativos	 para	 o	 futuro.
Segundo	Joseph	Piotroski,	a	análise	está	focada	na	avaliação	qualitativa	da
empresa,	 do	 panorama	 setorial	 em	 que	 está	 inserida	 e	 da	 conjuntura
macroeconômica.	 Tem	 como	 alicerce	 a	 análise	 de	 três	 fatores:	 análise	 da
empresa	(Microeconômica),	análise	do	setor	em	que	a	empresa	está	inserida	e
a	 análise	 geral	 da	 economia	 (Macroeconômica),	 passando	 pela	 análise
retrospectiva	 de	 suas	 demonstrações	 financeiras	 e	 estabelecendo	 previsões
para	 o	 seu	 desempenho.	 É	 essencial	 que	 estes	 três	 fatores
sejam	analisados	para	fundamentar	as	decisões	sobre	quais	papéis	devem	ser
comprados	 ou	 vendidos	 e	 estimar	 a	 tendência	 geral	 do	 mercado	 e	 da
economia.
Assim,	ela	avalia	o	respaldo	financeiro	da	empresa,	a	evolução	dos	lucros,
do	 valor	 patrimonial,	 do	 seu	 endividamento,	 dentre	 outros	 aspectos	 que
informam	 a	 saúde	 financeira	 da	 empresa,	 a	 eficiência	 na	 utilização	 dos
recursos,	 seus	 pontos	 fortes	 e	 fracos,	 além	 de	 possibilitar	 a	 projeção	 de
possíveis	resultados	futuros,	tendências	e	perspectivas,	e	avaliar	o	preço	atual
dos	ativos.	Para	isso	faz-se	necessário	uma	interpretação	dos	fundamentos,	ou
seja,	dos	dados	de	seus	resultados	financeiros	e	de	seu	histórico	de	balanços	e
dos	fatores	macro	e	microeconômicos	que	influenciam	no	seu	desempenho	e
no	seu	setor	de	atuação,	dando	suporte	à	tomada	de	decisão	do	investidor.	As
informações	 mais	 relevantes	 nos	 campos	 setorial	 e	 macroeconômico	 são
aquelas	que	se	referem	à	concorrência,	às	políticas	de	crédito,	fiscal	e	cambial
que	envolvem	a	empresa.	Quanto	melhor	for	o	conhecimento	acerca	desses
aspectos,	e	das	possíveis	implicações	que	eles	venham	a	ter	sobre	a	atividade
da	empresa	sob	análise,	melhor	ela	poderá	ser	avaliada.
Já	os	Balanços	Patrimoniais	apresentam	a	situação	patrimonial	da	empresa
em	dado	momento	e	as	Demonstrações	do	Resultado	do	Exercício	mostram	os
resultados	que	a	empresa	alcançou	em	cada	exercício.	A	análise	dos	balanços
visa	relatar,	com	base	nas	informações	contábeis	fornecidas	pela	empresa,	a
sua	 posição	 econômico-financeira	 atual,	 as	 causas	 que	 determinaram	 a
evolução	e	o	desempenho	apresentados,	bem	como	a	sua	tendência	futura.	Em
suma,	 a	 análise	 fundamentalista	 permite	 ao	 investidor	 visualizar	 a
performance	 da	 empresa	 no	 passado,	 a	 situação	 presente,	 além	 de	 extrair
informações	que	subsidiam	projeções	futuras	dos	seus	indicadores.
Estudando	 os	 fundamentos	 podemos	 identificar	 as	 empresas	 que
apresentam	 as	 maiores	 taxa	 de	 crescimento	 de	 seus	 lucros	 e	 de	 seus
patrimônios,	 as	 maiores	 pagadoras	 de	 dividendos,	 sem	 contar	 as	 empresas
cujas	 ações	 estão	 subavaliadas	 pelo	 mercado	 e	 que	 possuem	 grandes
perspectivas	 no	 longo	 prazo,	 bem	 como	 aquelas	 que	 estão	 sobreavaliadas,
indicando	possivelmente	um	bom	momento	sua	venda.	Entende-se	que	uma
determinada	 ação	 apresenta	 um	 bom	 desempenho	 no	 mercado	 até
determinado	 ponto.	 Em	 algum	 momento	 ela	 deixará	 de	 ser	 atraente	 e	 seu
valor	de	mercado	depreciará.
“O	 investimento	 em	 conhecimento	 é	 aquele	 que	 traz	 os	 maiores
retornos”.
Benjamin	Franklin
É	perfeitamente	possível	associar	a	escola	fundamentalista	à	escola	grafista
ou	 do	 preço	 usando	 uma	 análise	 baseada	 nos	 múltiplos	 para	 escolher	 as
melhores	empresas	e	identificar	momentos	de	entrada	e	de	saída	através	da
análise	 gráfica.	 No	 momento	 de	 montar	 a	 sua	 estratégia	 de
investimento	 experimente	 combinar	 as	 duas	 análises.	 O	 primeiro	 passo	 é,
através	da	análise	fundamentalista,	selecionar	as	empresas	mais	atrativas,	que
vêm	crescendo	ao	longo	do	tempo	e	que,	a	princípio,	não	apresentam	grandes
riscos	financeiros.	Posteriormente,	através	da	análise	técnica	você	obterá	um
histórico	 da	 tendência	 do	 preço	 desses	 ativos,	 determinará	 seu	 preço	 alvo
(objetivo	de	rentabilidade)	e	seu	preço	stop	(limite	de	perda)	de	acordo	com
seu	perfil.
Para	 isso,	 é	 essencial	 estar	 de	 posse	 da	 informação	 necessária,	 correta	 e
séria	no	tempo	hábil	e,	além	disso,	possuir	o	conhecimento	e	a	capacidade	de
analisar	esses	dados.	Embora	as	informações	usadas	como	base	sejam	todas
públicas,	 saber	 analisar	 esses	 dados	 leva	 não	 só	 à	 identificação	 de	 bons
negócios	para	o	investidor	como	também	à	descoberta	do	que	o	mercado	não
está	precificando.
A	análise	fundamentalista	faz	uma	avaliação	da	empresa	orientando-se	pelo
conjunto	de	dados	econômicos	e	financeiros,	divulgados	através	de	balanços
trimestrais	 e	 por	 outras	 informações	 relevantes,	 complementada	 por	 uma
análise	 gerencial	 e	 mercadológica	 da	 empresa.	 Normalmente	 isso	 é	 feito	 a
partir	 de	 séries	 históricas	 desses	 dados,	 complementadas	 com	 hipóteses
formuladas	para	o	futuro,	projeções	de	resultados	esperados	que	determinarão
a	decisão	de	compra	ou	de	venda	da	ação.
É	um	trabalho	individualizado	e	especializado	que,	de	uma	maneira	geral,
tende	 a	 ser	 muito	 mais	 trabalhoso	 e	 complexo	 do	 que	 a	 análise	 gráfica.	 É
difícil	encontrar	uma	maneira	simples	de	analisar	os	fundamentos	e	aplicá-los
à	 tomada	 de	 decisão,	 a	 menos	 que	 você	 tenha	 experiência	 em	 finanças	 e
contabilidade.	 Ao	 ler	 os	 relatórios	 trimestrais	 elaborados	 por	 contadores	 e
analistas	facilmente	se	perde	o	foco	ou	se	confunde,	dado	a	vasta	quantidade
de	informações	e	forma	complicada	como	são	apresentados,	o	que	dificulta	a
sua	aplicação.
Muitas	pessoas	investem	no	mercado	de	ações	em	empresas	que	pouco	ou
nada	 conhecem,	 às	 vezes	 nem	 sabem	 exatamente	 o	 que	 a	 empresa	 faz.
Seguem	estratégias	de	investimentos	baseadas	quase	que	exclusivamente	em
gráficos	de	preço,	dicas	e	expectativas,	muitas	das	quais	absurdas.	A	maioria
das	 pessoas	 com	 um	 mínimo	 de	 bom	 senso	 ao	 fazer	 uma	 sociedade	 num
negócio	 procuraria	 primeiro	 entender	 bem	 o	 funcionamento	 desse	 negócio
antes	 de	 investir.	 É	 preciso	 estudar	 as	 características	 dos	 produtos/serviços
que	 esta	 empresa	 está	 vendendo	 e	 qual	 a	 perspectiva	 da	 demanda	 por
eles,	como	é	o	seu	setor	de	atuação	e	a	sua	concorrência,	além	comparar	este
negócio	com	outros	negócios	semelhantes.
Nossa	proposta	é	aprimorar	a	sua	habilidade	de	análise	de	mercado	através
de	 um	 conteúdo	 objetivo	 e	 uma	 abordagem	 prática	 para	 a	 análise	 dos
fundamentos.	 Buscamos	 quebrar	 a	 resistência	 que	 muitos	 têm	 em	 relação
à	 análise	 fundamentalista	 dada	 sua	 complexidade	 e,	 em	 muitos	 casos,	 em
razão	da	sua	“impraticidade”,	contribuindo	para	a	formação	de	investidores
mais	conscientes	e	com	foco	em	estratégias	sustentáveis	de	longo	prazo.
“A	informação	mais	necessária	é	sempre	a	menos	disponível”.
Murphy
Portanto,	assim	como	na	análise	gráfica,	objetividade	e	simplicidade	são
elementos	 fundamentais.	 Saber	 o	 que	 buscar,	 onde	 encontrar	 e	 como
interpretar	 as	 informações	 dos	 resultados.	 Nada	 no	 estudo	 da	 análise
fundamentalista	é	tão	complexo	ao	ponto	de	não	ser	possível	a	assimilação
por	qualquer	investidor.	A	análise	fundamentalista	busca,	basicamente,	avaliar
a	 saúde	 financeira	 das	 empresas,	 projetar	 os	 seus	 resultados	 futuros	 e
determinar	uma	faixa	de	preço	“justo”	para	as	suas	ações,	além	de	fornecer
alguns	indicadores	que	permitem	ao	investidor	avaliar	o	quanto	suas	ações
podem	 gerar	 em	 dividendos,	 em	 quanto	 tempo	 ele	 pode	 recuperar	 o	 que
investiu,	 dentre	 outros.	 Assim,	 a	 análise	 fundamentalista	 pode	 fornecer	 aos
investidores	 uma	 poderosa	 ferramenta	 de	 comparação	 entre	 empresas
concorrentes,	podendo	ajudá-los	a	definir	em	qual	vale	mais	a	pena	investir.	
Em	 suma,	 propomos	 a	 análise	 retrospectiva	 dos	 demonstrativos	 de
resultado	da	empresa	considerando	os	últimos	3	anos,	realizando	uma	análise
vertical	e	horizontal	do	seu	desempenho	histórico	e	dos	índices	econômico-
financeiros.	A	partir	daí,	a	análise	prospectiva,	projetando	os	resultados	e	as
suas	 tendências	 futuras	 com	 base	 no	 contexto	 macroeconômico	 e	 nas
perspectivas	setoriais,	comparando-a	às	demais	do	seu	segmento	e	avaliando
o	preço	de	mercado	de	suas	ações	e	a	sua	tendência.
Uma	característica	interessante	sobre	a	análise	fundamentalista	é	o	fato	de
indicar	mudanças	nos	resultados	da	empresa	antes	da	análise	técnica,	pois	elas
são	identificadas	nos	fundamentos	antes	de	serem	refletidas	nos	gráficos	das
cotações,	os	quais	normalmente	nos	dizem	o	que	já	aconteceu.	Além	disso,
não	há	nenhuma	empresa	que	possa	dissociar	a	estratégia	do	negócio	face	à
envolvente	 macroeconômica.	 A	 evolução	 da	 inflação,	 do	 índice
do	desemprego,	das	taxas	de	juro,	do	mercado	cambial	são	indicadores	que
influenciam	 diretamente	 na	 atividade	 da	 empresa.	 E	 note-se	 que	 não	 são
apenas	os	indicadores	do	país	onde	a	empresa	se	insere.	Com	a	globalização,
as	empresa	podem	ser	afetadas	por	indicadores	de	países	que	se	encontram	a
milhares	de	quilômetros	de	distância,	ainda	que	não	tenham	qualquer	relação
direta	com	a	empresa.
Os	 dados	 para	 calcular	 esses	 indicadores	 provêm	 do	 conjunto	 de	 dados
econômicos	 e	 financeiros	 da	 empresa,	 divulgados	 através	 de	 balanços
trimestrais	 ITR,	 onde	 estão	 detalhados	 ativos	 e	 passivos	 da	 empresa	 e	 seu
valor	 contábil,	 dos	 demonstrativos	 de	 resultados	 por	 exercício	 DRE	 (12
meses),	que	oferecem	as	despesas	e	receitas	da	empresa,	além	dos	resultados
obtidos	 no	 período,	 e	 por	 outras	 informações	 relevantes,	 como	 o	 relatório
anual	da	empresa,	que	também	fornecem	alguns	conceitos	que	os	investidores
devem	 conhecer	 como	 lucro	 operacional,	 dividend	 yield,	 margem	 líquida,
patrimônio	líquido,	receita	bruta	e	assim	por	diante.	Isso	é	feito	a	partir	de
séries	históricas	desses	dados.
“Por	 algum	 motivo	 as	 pessoas	 se	 baseiam	 nos	 preços	 e	 não	 nos
valores.	Preço	é	o	que	você	paga,	valor	é	o	que	você	leva”.
Warren	Buffett
Há,	 contudo,	 uma	 série	 de	 críticas	 à	 análise	 fundamentalista	 de	 uma
maneira	geral.	A	obtenção	de	estimativas	precisas	e	confiáveis	pode	ser	difícil
em	razão	das	projeções	futuras	dos	indicadores	e	dos	resultados	muitas	vezes
acabarem	 tornando	 a	 análise	 fundamentalista	 em	 algo	 essencialmente
subjetivo.	Além	disso,	haverá	sempre	a	possibilidade	de	se	estar	trabalhando
com	 dados	 “maquiados”	 divulgados	 nos	 ITR’s	 e	 DRE’s	 das	 empresas
analisadas.	 Tais	 interpretações	 são	 controvérsias	 e	 muitas	 vezes	 errôneas.
Deve-se	levar	em	consideração	que	esses	demonstrativos	são	elaborados	sob	a
ótica	 contábil,	 regulamentada	 por	 leis	 e	 convenções	 inerentes	 ao	 país	 onde
está	 situada	 a	 empresa	 analisada,	 o	 que	 pode	 ocasionar	 uma	 avaliação
equivocada	dos	valores	reais	da	empresa	e	de	seu	desempenho.
É	 preciso	 levar	 em	 consideração	 também	 o	 tempo	 hábil	 para	 o	 uso	 da
informação.	 Muitas	 vezes	 os	 próprios	 dados	 e	 os	 indicadores	 utilizados	 na
análise	já	estão	defasados,	principalmente	aqueles	que	dependem	do	preço	de
mercado	 da	 ação	 para	 o	 seu	 cálculo.	 Indicadores	 como	 o	 Dividend	 Yield,
P/L	 Preço	 /	 Lucro,	 dentre	 outros,	 rapidamente	 se	 tornam	 inúteis	 devido	 às
variações	que	ocorrem	no	preço	da	ação	posteriormente	à	divulgação	desses
dados.	Daí	a	importância	de	se	utilizar	a	cotação	atualizada	para	o	cálculo
desses	indicadores,	bem	como	de	fontes	confiáveis	e	de	credibilidade.
Assim,	a	principal	fragilidade,	não	só	da	análise	fundamentalista	mas	de
qualquer	tipo	de	análise,	é	o	fato	de	que	não	existe	a	segurança	de	se	ter	em
mãos	todas	as	informações	que	importam	sobre	um	ativo	para	poder	analisá-
lo,	 nem	 de	 que	 as	 informações	 disponíveis	 são	 precisas.	 Recentemente,
diversas	empresas	como	Sadia	e	Aracruz	tiveram	perdas	bilionárias	em	seus
balanços	 advindas	 da	 irresponsabilidade	 de	 seus	 administradores	 ao
realizarem	 operações	 extremamente	 alavancadas	 com	 câmbio.	 Em	 nenhum
momento	os	acionistas	foram	informados	sobre	tais	operações	nem	sobre	o
risco	que	representavam.
E	ainda	que	se	tenha	investido	numa	excelente	empresa,	as	condições	do
mercado	 podem	 fazer	 com	 que	 suas	 ações	 se	 desvalorizem,	 e	 de	 forma
acelerada,	dependendo	da	tendência	do	mercado	ou	à	reação	generalizada	a
determinados	 acontecimentos.	 O	 mercado	 fixa	 o	 preço	 de	 cada	 ação	 não
necessariamente	com	base	em	seu	desempenho	estatístico	passado,	mas	em
função	do	desempenho	futuro	esperado,	que	pode	diferir	significativamente
do	seu	comportamento	passado.	Assim,	as	tendências	de	curto	prazo	muitas
vezes	 podem	 não	 estar	 relacionadas	 aos	 fundamentos	 da	 empresa,	 mas	 a
movimentos	 especulativos	 no	 mercado.	 Por	 isso,	 é	 obrigação	 dos
investidores	 estudar	 tanto	 os	 fundamentos	 quanto	 os	 demais	 investidores	 –
não	 apenas	 sobre	 a	 forma	 que	 as	 ações	 se	 comportam,	 mas	 como	 os	 seres
humanos	 que	 as	 possuem	 se	 comportam.	 No	 geral,	 é	 durante	 as	 fases	 de
pânico	generalizado	que	temos	oportunidades	de	adquirir	bons	ativos	a	preços
realmente	 descontados.	 Já	 durante	 as	 fases	 de	 euforia	 no	 mercado	 é	 mais
comum	 que	 os	 ativos	 estejam	 caros	 se	 comparados	 aos	 seus	 valores
intrínsecos	ou	patrimoniais.
“Quando	o	barco	começar	a	afundar	não	reze,	abandone-o”.
Max	Gunther
Contudo,	 uma	 decisão	 de	 investimento	 baseada	 na	 análise	 isolada	 do
gráfico	de	preços	não	é	uma	decisão	consciente.	Não	se	compra	um	gráfico,
se	compra	uma	ação,	uma	empresa.	O	risco	de	se	pagar	muito	por	uma	ação
ou	 vendê-la	 por	 pouco	 pode	 ser	 reduzido	 através	 da	 análise	 das
informações	sobre	as	empresas,	alcançando	conclusões	acerca	do	impacto	no
valor	intrínseco	das	ações.	E	uma	avaliação	de	qualidade	de	uma	empresa	só
pode	ser	feita	se	compararmos	o	seu	último	resultado	trimestral	com	os	seus
fundamentos	históricos.	A	escolha	da	empresa	na	qual	investir	dentre	a	vasta
gama	 de	 empresas	 de	 capital	 aberto	 dependerá	 da	 comparação	 entre	 os
resultados	 dessas	 empresas.	 É	 preciso	 lembrar	 que	 a	 escolha	 do	 “que”
comprar	 não	 é	 a	 mais	 importante,	 mas	 sim	 decidir	 se	 irá	 manter	 o
investimento	e,	principalmente,	se	irá	vendê-lo.
Neste	 sentido,	 reconhece-se	 a	 importância	 do	 papel	 da	 análise
fundamentalista	 como	 instrumento	 de	 quebra	 de	 assimetria	 de	 informação
entre	o	administrador	e	os	investidores,	ou	seja,	a	dificuldade	por	parte	dos
investidores	de	distinguir	entre	boas	e	más	oportunidades	de	investimento,	o
que	 muitas	 vezes	 pode	 levar	 a	 queda	 da	 eficiência	 no	 funcionamento	 do
mercado	de	capitais	devido	à	perda	de	confiança	no	mercado	por	parte	dos
investidores,	fruto	de	escolhas	adversas.
Assim,	a	conjunção	da	análise	técnica	com	a	fundamentalista	é	a	melhor
maneira	para	se	obter	uma	visão	geral	mais	legítima	da	saúde	dos	ativos	e	da
tendência	da	economia	e	do	mercado	em	geral.	O	que	permite	limitar	dentro
de	uma	grande	variedade	de	empresas	as	melhores	opções	de	investimento.
Isso	possibilita	ao	investidor	desenvolver	uma	estratégia	que	filtre	as	ações	de
empresas	que	apresentam	resultados	ruins,	grande	endividamento	e,	acima	de
tudo,	 de	 empresas	 concordatárias.	 Talvez	 a	 forma	 mais	 inteligente	 para
utilizar	 ambas	 seja	 determinar	 com	 a	 análise	 fundamentalista	 quais	 são	 os
ativos	que	vêm	apresentando	os	melhores	desempenhos,	dos	quais	se	espera	o
melhor	 potencial	 de	 alta,	 e,	 com	 a	 análise	 técnica,	 buscar	 os	 melhores
momentos	para	entrar	e	para	sair	do	mercado.
A	 partir	 de	 critérios	 fundamentalistas	 e	 técnicos	 o	 investidor	 buscará
adquirir	 ações	 de	 empresas	 saudáveis	 e	 com	 bons	 indicadores
fundamentalistas	 a	 preços	 descontados,	 montando	 uma	 carteira	 com
poucos	ativos	de	diferentes	setores.	É	possível	ainda	utilizar	um	modelo	que
realize	 uma	 filtragem	 setorial	 dada	 a	 conjuntura	 econômica,	 abordando
parâmetros	 quantitativos	 e	 qualitativos.	 O	 mercado	 sempre	 determinará	 o
preço.	Cabe	ao	investidor	determinar	o	valor.
“Quando	o	assunto	é	ganhar	dinheiro	todas	as	pessoas	têm	a	mesma
religião”.
Voltaire
Noções	de	Macroeconomia	e	Fundamentos
Econômicos
	
O	 desempenho	 das	 empresas	 e	 dos	 ativos	 financeiros	 está	 intimamente
ligado	 ao	 desempenho	 da	 economia.	 Como	 investidor	 de	 renda	 variável	 é
preciso	 estar	 ciente	 de	 que	 as	 chances	 de	 retorno	 para	 tal	 aplicação	 serão
determinadas	 por	 dois	 fatores	 básicos,	 o	 bom	 desempenho	 futuro	 da
companhia	 em	 foco	 e	 o	 bom	 andamento	 do	 mercado	 acionário	 no	 período
para	o	qual	se	espera	o	retorno.	Alterações	nos	rumos	da	economia,	interna	ou
externa,	 causam	 oscilações	 por	 vezes	 bruscas	 nos	 mercados	 de	 capitais	 e
podem	afetar	a	performance	dos	títulos	de	determinada	empresa,	ainda	que
seus	negócios	em	nada	estejam	sendo	afetados	pelos	fatos	ocorridos.	Torna-se
então	 fundamental	 aprofundar	 o	 estudo	 das	 correlações	 entre	 as	 variáveis
econômicas	e	o	desempenho	do	mercado.
Um	 ambiente	 econômico	 mais	 instável,	 menos	 previsível,	 sujeito
a	intervenções	e	a	uma	estrutura	regulatória	incerta	cria	um	ambiente	mais
avesso	 ao	 risco,	 que	 pode	 impactar	 as	 decisões	 gerenciais	 e,
consequentemente,	 o	 desempenho	 das	 companhias.	 Portanto,	 o	 ambiente
macroeconômico	 deve	 ser	 constantemente	 monitorado	 e	 analisado.	 A
definição	 das	 premissas	 macroeconômicas	 permite	 o	 prosseguimento	 da
análise	 setorial	 e	 dos	 fundamentos	 das	 empresas	 e	 fornece	 informações
importantes	para	a	adequada	definição	das	taxas	de	crescimento	da	economia
e	das	ameaças	de	riscos	sistêmicos.
O	 cenário	 macroeconômico	 consiste	 na	 definição	 de	 determinadas
premissas	 que	 permitam	 projetar	 o	 comportamento	 futuro	 das	 principais
variáveis	 econômicas.	 A	 sua	 elaboração	 visa	 orientar	 o	 processo	 de
planejamento,	análise	e	decisão	dos	investimentos	e	fornecer	ao	investidor	um
quadro	prospectivo	das	condições	que	afetam	o	mercado	e	os	ativos,	tornando
o	 seu	 processo	 de	 decisão	 mais	 eficiente.	 A	 premissa	 básica	 desta
metodologia	 de	 análise	 afirma	 que	 são	 os	 dados	 econômicos	 que
fundamentam	 as	 perspectivas	 futuras	 do	 mercado	 em	 relação	 a	 uma
determinada	empresa.	Estas	informações	podem	ser	processadas	a	partir	de
uma	 visão	 geral	 da	 economia	 até	 as	 informações	 específicas	 sobre	 a
empresa	(Top-Down)	ou,	caso	já	se	tenha	escolhido	a	empresa,	pode-se	iniciar
a	análise	dos	dados	da	empresa	e	em	seguida	partir	para	o	contexto	setorial	e
macroeconômico	 (Bottom-Up).	 Quanto	 melhor	 forem	 conhecidos	 estes
aspectos	e	as	possíveis	implicações	sobre	a	atividade	da	empresa,	melhor	ela
poderá	ser	analisada	e	avaliada.
A	macroeconomia	concentra-se	no	estudo	do	comportamento	agregado	de
uma	 economia,	 ou	 seja,	 das	 principais	 tendências	 da	 economia	 no	 que
concerne	principalmente	à	produção,	à	geração	de	renda,	aos	níveis	de	preços,
ao	emprego	e	ao	desemprego,	ao	estoque	de	moeda,	à	taxa	de	juros,	à	balança
de	comercial,	à	taxa	de	câmbio,	ao	uso	de	recursos,	ao	comportamento	dos
preços	e	ao	comércio	exterior.	Os	principais	objetivos	da	macroeconomia	são:
o	 crescimento	 da	 economia,	 o	 pleno	 emprego,	 a	 estabilidade	 de	 preços,	 o
controle	 inflacionário	 e	 o	 superávit	 da	 balança	 comercial.	 Um	 conceito
fundamental	à	macroeconomia	é	o	sistema	econômico,	ou	seja,	uma	complexa
organização	que	envolve	todos	os	recursos	produtivos.
“Não	entre	em	um	mercado	com	ideias	preconcebidas	a	respeito	dele.
Mude	seus	planos	conforme	o	mercado	muda”.
Alexander	Elder
A	economia	de	um	país	pode	ser	dividida	em	setores	(primário,	secundário
e	 terciário)	 de	 acordo	 com	 os	 produtos	 produzidos,	 modos	 de	 produção	 e
recursos	 utilizados.	 Estes	 setores	 econômicos	 podem	 mostrar	 o	 grau	 de
desenvolvimento	econômico	de	um	país	ou	região.
Setor	Primário	–	Está	 relacionado	 à	 produção	 através	 da	 exploração	 de
recursos	 da	 natureza.	 Podemos	 citar	 como	 exemplos	 de	 atividades
econômicas	 do	 setor	 primário:	 agricultura,	 mineração,
pesca,	pecuária,	extrativismo	vegetal	e	caça.	É	o	setor	primário	que	fornece	a
matéria-prima	para	a	indústria	de	transformação.
Este	 setor	 da	 economia	 é	 muito	 vulnerável,	 pois	 depende	 muito	 dos
fenômenos	 da	 natureza	 como,	 por	 exemplo,	 do	 clima.	 A	 produção	 e
exportação	de	matérias-primas	não	geram	muita	riqueza	para	os	países	com
economias	baseadas	neste	setor	econômico,	pois	estes	produtos	não	possuem
valor	agregado	como	ocorre,	por	exemplo,	com	os	produtos	industrializados.
Setor	Secundário	–	É	 o	 setor	 da	 economia	 que	 transforma	 as	 matérias-
primas	(produzidas	pelo	setor	primário)	em	produtos	industrializados	(roupas,
máquinas,	 automóveis,	 alimentos	 industrializados,	 eletrônicos,	 casas,	 etc).
Como	 há	 conhecimentos	 tecnológicos	 agregados	 aos	 produtos	 do	 setor
secundário,	o	lucro	obtido	na	comercialização	é	significativo.	Países	com	bom
grau	 de	 desenvolvimento	 possuem	 uma	 significativa	 base	 econômica
concentrada	no	setor	secundário.	A	exportação	destes	produtos	também	gera
riquezas	para	as	indústrias	destes	países.
Setor	 Terciário	 –	 É	 o	 setor	 econômico	 relacionado	 aos	 serviços.	 Os
serviços	são	produtos	não	materiais	em	que	pessoas	ou	empresas	prestam	a
terceiros	 para	 satisfazer	 determinadas	 necessidades.	 Como	 atividades
econômicas	 deste	 setor	 podemos	 citar:	 comércio,	 educação,	 saúde,
telecomunicações,	 serviços	 de	 informática,	 seguros,	 transporte,	 serviços	 de
limpeza,	 serviços	 de	 alimentação,	 turismo,	 serviços	 bancários	 e
administrativos,	transportes,	etc.	Este	setor	é	marcante	nos	países	de	alto	grau
de	 desenvolvimento	 econômico.	 Quanto	 mais	 rica	 é	 uma	 região,	 maior	 é	 a
presença	 de	 atividades	 do	 setor	 terciário.	 Com	 o	 processo	 de	 globalização,
iniciado	 no	 século	 XX,	 o	 terciário	 foi	 o	 setor	 da	 economia	 que	 mais	 se
desenvolveu	no	mundo.
Na	análise	fundamentalista,	os	impactos	da	economia	para	com	a	empresa
são	 essenciais.	 Qualquer	 interpretação	 estará	 baseada	 nas	 projeções
econômicas	tanto	para	setor	em	que	ela	está	inserida,	como	para	o	mercado
como	um	todo.	As	perspectivas	econômicas	nacionais	e,	principalmente,	as
mundiais	e	de	seus	principais	participantes	devem	ser	consideradas.	Para	isso,
o	 investidor	 deve	 acompanhar	 periodicamente	 os	 relatórios	 dos	 indicadores
econômicos.
As	 quatro	 principais	 variáveis	 macroeconômicas	 que	 se	 relacionam	 de
forma	 que	 uma	 afeta	 a	 outra	 são:	 o	 nível	 de	 preços	 (inflação),	 o	 nível	 de
emprego,	a	taxa	de	câmbio	e	a	taxa	de	juros.	Essas	variáveis	são	avaliadas
segundo	 indicadores	 econômicos,	 medidas	 de	 desempenho	 utilizadas	 para
avaliar	o	desenvolvimento	de	uma	economia.	Os	indicadores	mais	utilizados
são	aqueles	que	medem:	crescimento	da	produção;	desvalorização	da	moeda	e
aumento	 de	 preços;	 taxas	 de	 conversão	 de	 moedas;	 taxas	 básicas	 de	 juros;
desemprego;	 produção	 industrial;	 confiança	 dos	 empresários;	 vendas	 do
varejo.
Relatórios	públicos	e	privados	ajudam	os	investidores	a	entenderem	como
o	cenário	econômico	está	se	desenvolvendo.	Às	datas	de	divulgação	destes
dados	 dá-se	 o	 nome	 de	 agenda	 econômica.	 Esses	 indicadores	 são
fundamentais	 tanto	 para	 propiciar	 uma	 melhor	 compreensão	 da	 situação
presente	e	o	delineamento	das	tendências	de	curto	prazo	da	economia,	quanto
para	 subsidiar	 o	 processo	 de	 tomada	 de	 decisões	 estratégicas	 de	 agentes
públicos	 e	 privados,	 além	 do	 papel	 que	 desempenham	 na	 interferência	 das
curvas	de	oferta	e	demanda	de	determinado	ativo.
O	 Bacem	 divulga	 semanalmente	 o	 relatório	 Focus,	 um	 resumo	 das
previsões	 das	 principais	 instituições	 financeiras	 para	 os	 indicadores	 e
resultados	 da	 economia	 do	 país.	 Embora	 sejam	 apenas	 estimativas
periodicamente	ajustadas	de	acordo	com	o	comportamento	do	mercado	e	do
contexto	econômico,	indicam	a	expectativa	do	mercado	com	relação	a	estes
indicadores.	 Inevitavelmente,	 a	 expectativa	 de	 longo	 prazo	 de	 um
determinado	 ativo	 deriva	 dos	 seus	 fundamentos.	 Nos	 Estados	 Unidos	 um
relatório	similar	é	o	beige	book.	O	Fed	utiliza	esse	relatório	para	determinar	a
taxa	de	juros	do	país	de	acordo	com	a	pressão	inflacionária.
“Sempre	 questione	 suas	 suposições,	 no	 futuro	 tudo	 tende	 a	 mudar,
inclusive	os	seus	próprios	argumentos	e	suposições”.
Capital	e	Valor
Principais	Indicadores	Econômicos
PIB	(produto	interno	bruto)	–	O	PIB	de	uma	economia	estima	o	valor
dos	 bens	 e	 serviços	 produzidos	 num	 país	 no	 período	 de	 um	 ano.	 Mede	 o
desempenho	 econômico	 de	 um	 país	 como	 um	 todo,	 representando	 o
crescimento	 ou	 a	 retração	 econômica.	 Contudo,	 não	 pode	 ser	 considerado
como	 um	 índice	 de	 desenvolvimento,	 uma	 vez	 que	 seu	 cálculo	 não	 inclui
dados	como	distribuição	de	renda,	expectativa	de	vida	e	nível	educacional	da
população,	entre	outros	aspectos	socioeconômicos.	Nos	Estados	Unidos	esse
indicador	se	chama	GDP	(gross	domestic	product).
Índices	de	Inflação	(IPCA,	IGP-M,	INPC,	IPC)	–	Inflação	é	o	aumento
consistente	 e	 indiscriminado	 de	 preços,	 conseqüentemente	 diminuindo	 o
poder	 aquisitivo	 da	 moeda.	 Portanto	 a	 taxa	 de	 inflação	 mede	 o	 acréscimo
percentual	médio	nos	preços	dos	bens	e	serviços	produzidos	pela	economia.
Vários	índices	são	utilizados	para	medir	a	inflação,	pois	na	economia	existem
vários	 setores	 e	 agentes	 econômicos	 distintos.	 Nos	 Estados	 Unidos	 esse
indicador	se	chama	CPI	(Consumer	Price	Index).
Podemos	citar	as	seguintes	causas	da	inflação:
–	Emissão	exagerada	e	descontrolada	de	dinheiro	por	parte	do	governo.
–	Demanda	por	produtos	(aumento	no	consumo)	maior	do	que	a	capacidade
de	produção	do	país.
–	Aumento	nos	custos	de	produção	(máquinas,	matéria-prima,	mão-de-obra)
dos	produtos.
Historicamente,	todas	as	crises	surgiram	de	algum	desequilíbrio	no	sistema,
mas,	 invariavelmente,	 elas	 funcionam	 como	 um	 esfriamento	 depois	 de	 um
aquecimento	 geral	 na	 economia	 associado	 a	 um	 elevado	 nível	 de
endividamento.	Nas	grandes	crises	passadas,	a	euforia	do	setor	privado	criou
momentos	 de	 crescimento	 elevado.	 Infelizmente,	 esses	 períodos	 foram
seguidos	 por	 outros,	 de	 retrações	 profundas.	 As	 economias	 passam	 por
movimentos	 irregulares	 no	 nível	 de	 emprego	 e	 renda,	 o	 que	 se	 chama	 de
ciclos	de	negócios.	Estas	ondas	são	bem	parecidas	com	aquelas	altas	e	baixas
que	notamos	nos	índices	de	preço	das	ações.
O	endividamento	exagerado	é	o	principal	empecilho	para	a	recuperação	de
uma	 economia	 ou	 de	 uma	 empresa.	 Entretanto,	 a	 inflação	 foi	 sempre	 a
solução	 para	 as	 crises	 capitalistas.	 Geralmente,	 quando	 a	 economia	 cresce
muito	 rápido	 os	 preços	 sobem	 formando	 bolhas	 inflacionárias.	 Os
negociadores	 observam	 de	 perto	 o	 desenvolvimento	 da	 inflação	 porque	 o
método	de	escolha	para	combater	a	inflação	é	o	aumento	da	taxa	de	juros,
sendo	que	taxas	de	juros	mais	altas	tendem	a	apoiar	a	moeda	local	e	tornam	o
investimento	em	ações,	fundos	imobiliários	e	debêntures	menos	vantajosos.
O	 aumento	 da	 inflação	 tende	 a	 incentivar	 as	 importações,
consequentemente	 diminuindo	 as	 exportações,	 criando	 déficit	 na	 balança
comercial.	Além	de	prejudicar	e	desestimular	a	poupança	de	longo	prazo	das
pessoas.	 O	 aumento	 na	 procura	 pelos	 produtos	 pressiona	 os	 produtores	 a
aumentarem	a	oferta,	mas	como	já	estão	trabalhando	em	plena	capacidade	de
produção,	não	conseguem	aumentar	a	produção	e	respondem	a	essa	procura
aumentando	 os	 preços,	 gerando	 inflação.	 Nesse	 caso,	 o	 governo	 pode	 agir:
pode	restringir	o	crédito	para	empréstimos	e	financiamentos	ou	aumentar	os
impostos	e	diminuir	a	renda	pessoal	e	reduzir	os	gastos	públicos.
Os	governos	trabalham	com	dois	instrumentos	para	manter	o	equilíbrio,	a
política	fiscal	e	a	monetária.	Com	a	política	fiscal	o	governo	pode	aumentar
ou	 diminuir	 os	 impostos	 para	 alterar	 o	 consumo	 privado	 e	 as	 despesas
públicas.	 Com	 a	 política	 monetária,	 ele	 pode	 incentivar	 o	 setor	 privado	 a
investir	mais	e	controlar	a	inflação.	A	política	monetária	afeta	indiretamente	o
comportamento	 econômico	 do	 estado	 e	 diretamente	 o	 setor	 privado	 porque
alterações	 nas	 taxas	 de	 juros	 e	 mudanças	 no	 crédito	 mudam	 o	 custo	 do
dinheiro.
Infelizmente,	 quando	 os	 governos	 e	 os	 consumidores	 já	 estão	 muito
endividados,	essas	políticas	perdem	força	e	tornam-se	menos	eficazes.	Com
uma	 dívida	 exagerada,	 os	 governos	 não	 podem	 gastar	 mais	 por	 causa	 da
pressão	 política	 e	 das	 dificuldades	 para	 levantar	 recursos	 adicionais	 via
impostos	 ou	 empréstimos.	 Os	 consumidores	 também	 temem	 o	 futuro	 e
rejeitam	 o	 crédito	 mesmo	 que	 este	 seja	 fácil.	 As	 empresas	 também	 não
investem	só	porque	os	juros	são	baixos;	elas	tomam	emprestado	para	novos
negócios,	e	estes	devem	prometer	retornos	compatíveis	com	os	juros	e	com	os
riscos.	Os	consumidores	que	já	estão	endividados	também	freiam	o	consumo
e	procuram	poupar	mais	para	se	proteger	dos	dias	piores.	Levam-se	anos	até
que	a	economia	de	um	país	supere	esses	períodos	de	retração	econômica	e,
embora	algumas	empresas	sejam	mais	bem	administradas	do	que	outras,	todas
elas	tendem	a	serem	menos	lucrativas	durantes	esses	períodos.
“No	mundo	dos	negócios	o	espelho	retrovisor	é	sempre	mais	claro	do
que	o	pára-brisa”.
Warren	Buffett
Risco	País	–	É	um	índice	denominado	Emerging	Markets	Bond	Index	Plus
(EMBI+)	e	mede	o	grau	de	“perigo”	que	um	país	representa	para	o	investidor
estrangeiro.	 É	 um	 conceito	 econômico-financeiro	 que	 diz	 respeito	 à
possibilidade	de	que	mudanças	no	ambiente	de	negócios	de	um	determinado
país	 impacte	 negativamente	 o	 valor	 dos	 ativos	 de	 indivíduos	 ou	 empresas
estrangeiras	naquele	país,	bem	como	os	lucros,	dividendos	ou	royalties	que
esperam	obter	dos	investimentos	que	lá	fizeram.
Por	 meio	 da	 análise	 das	 finanças	 de	 governos	 e	 empresas,	 as	 agências
produzem	classificações	ou	ratings,	que	indicam	a	segurança	oferecida	pelo
governo	 e	 pelas	 empresas	 de	 cada	 país	 aos	 investidores	 estrangeiros	 que
aplicam	 seu	 dinheiro	 em	 títulos	 da	 dívida	 daqueles	 governos	 e
empresas.	 Essas	 agências	 se	 dedicam	 à	 análise	 do	 risco-país	 associado	 a
investimentos	em	ativos	financeiros,	tais	como	títulos	e	ações.
Rating	 -	 Um	 rating	 é	 uma	 nota	 que	 as	 agências	 internacionais	 de
classificação	de	risco	de	crédito	atribuem	a	um	emissor	(país,	empresa,	banco)
de	 acordo	 com	 sua	 capacidade	 de	 pagar	 uma	 dívida.	 Serve	 para	 que
investidores	saibam	o	grau	de	risco	dos	títulos	de	dívida	que	estão	adquirindo.
Assim,	a	visão	do	mercado	financeiro	sobre	um	determinado	país	pode	ser
expressa	através	da	nota	da	sua	dívida	externa.	Quando	um	país	tem	um	bom
desempenho,	sua	nota	melhora.	Mas	quando	aumenta	o	risco	desse	país	não
pagar	as	suas	dívidas,	sua	nota	piora.
Em	 geral,	 são	 três	 grandes	 níveis:	 grau	 de	 investimento	 (país	 seguro	 de
investir),	grau	especulativo	(risco	de	inadimplência)	e	default	(quando	o	país
declara	moratória).	As	principais	agências	no	mundo	são	a	Standard	&	Poor’s
(S&P),	a	Fitch	e	a	Moody’s,	que	levam	em	conta	indicadores	como	gastos	do
governo,	dívida	externa	e	política	monetária.
Resumo	Geral	das	Opiniões	Refletidas	pelos	Ratings	da	Standard	&	Poor’s.
‘AAA’—	 Capacidade	 extremamente	 forte	 para	 honrar	 compromissos
financeiros.	Rating	mais	alto.
‘AA’—	Capacidade	muito	forte	para	honrar	compromissos	financeiros.
‘A’—	 Forte	 capacidade	 para	 honrar	 compromissos	 financeiros,	 porém	 é	 de
alguma	 forma	 suscetível	 a	 condições	 econômicas	 adversas	 e	 a	 mudanças
circunstanciais.
‘BBB’—	Capacidade	adequada	para	honrar	compromissos	financeiros,	porém
mais	sujeito	a	condições	econômicas	adversas.
‘BBB-‘—	 Considerado	 o	 nível	 mais	 baixo	 da	 categoria	 de	 grau	 de
investimento	pelos	participantes	do	mercado.
‘BB+’—	 Considerado	 o	 nível	 mais	 alto	 da	 categoria	 de	 grau	 especulativo
pelos	participantes	do	mercado.
‘BB’—	Menos	vulnerável	no	curto	prazo,	porém	enfrenta	atualmente	grande
suscetibilidade	a	condições	adversas	de	negócios,	financeiras	e	econômicas.
‘B’—	 Mais	 vulnerável	 a	 condições	 adversas	 de	 negócios,	 financeiras	 e
econômicas,	 porém	 atualmente	 apresenta	 capacidade	 para	 honrar
compromissos	financeiros.
‘CCC’—	 Atualmente	 vulnerável	 e	 dependente	 de	 condições	 favoráveis	 de
negócios,	 financeiras	 e	 econômicas	 para	 honrar	 seus	 compromissos
financeiros.
‘CC’—	Atualmente	fortemente	vulnerável.
‘C’—	Um	pedido	de	falência	foi	registrado	ou	ação	similar	impetrada,	porém
os	pagamentos	das	obrigações	financeiras	continuam	sendo	realizados.
‘D’—	Inadimplente	em	seus	compromissos	financeiros.
Essas	 notas	 influenciam	 decisões	 de	 investimentos	 no	 mercado
internacional	e	a	tendência	é	que,	ao	receber	uma	boa	classificação,	o	país
atraia	mais	recursos	estrangeiros.	Além	disso,	cai	o	custo	do	governo	e	até
mesmo	 das	 empresas	 privadas	 para	 captar	 recursos	 no	 exterior,	 custo	 do
capital.	Este	por	sua	vez	é	usado	para	descontar	a	riqueza	que	será	gerada	por
cada	empresa.	Quanto	menor	o	custo	do	capital	maior	o	valor	da	empresa.
Contudo,	 observa-se,	 no	 entanto,	 que	 as	 notas	 atribuídas	 aos	 países
possuem	 uma	 grande	 correlação	 com	 o	 Índice	 de	 Percepção	 da	 Corrupção,
além	 do	 risco	 regulatório.	 Isto	 significa	 dizer	 que	 países	 mais	 corruptos
geralmente	são	aqueles	que	recebem	as	piores	notas.
De	uma	maneira	geral,	o	Brasil	não	é	bem	visto	pelas	agências	de	rating	em
razão	 de	 ter	 passado	 por	 diversas	 crises	 econômicas	 e	 ser	 o	 país	 mais
endividado	 dentre	 os	 países	 de	 igual	 porte	 no	 mundo,	 especialmente	 em
relação	 à	 perspectiva	 dos	 gastos	 públicos,	 quando	 as	 medidas	 do	 governo
sinalizam	para	o	seu	aumento	ao	longo	dos	anos.	Ter	o	governo	como	sócio
acaba	por	aumentar	o	risco	e	as	incertezas	futuras,	o	que	geralmente	não	traz
bons	resultados	para	os	acionistas.
Além	disso,	as	interferências	governamentais	nas	gerências	das	empresas	e
a	ampla	participação	do	Estado	em	seus	capitais	sociais	geram	receios	para
os	investidores	estrangeiros,	o	que	por	sua	vez	acaba	depreciando	o	valor	de
mercado	e	as	avaliações	destas	empresas.	
Esse	 cenário	 acaba	 impactando	 negativamente	 a	 avaliação	 das	 empresas
brasileiras,	principalmente	sobre	o	risco	percebido	nos	negócios.	Num	modelo
como	o	fluxo	de	caixa	descontado	isto	significa	uma	maior	taxa	de	desconto.
Maior	 taxa	 de	 desconto,	 por	 sua	 vez,	 implica	 em	 menores	 valores	 de
empresas.
“Quando	 alguém	 vê	 o	 vizinho	 ficando	 mais	 rico	 começa	 a	 evolução
natural	 da	 bolha.	 Bastam	 três	 coisas	 para	 a	 sua	 formação:	 os
investidores,	os	imitadores	e	os	idiotas”.
Warren	Buffett
Taxa	SELIC	(Sistema	Especial	de	Liquidação	e	de	Custódia)	-	É	a	taxa
básica	 de	 juros	 da	 economia	 brasileira,	 índice	 pelo	 qual	 as	 taxas	 de	 juros
cobradas	pelos	bancos	no	Brasil	se	balizam.	O	Comitê	de	Política	Monetária
do	Banco	Central	do	Brasil	(COPOM)	fixa	periodicamente	a	meta	para	a	Taxa
SELIC	para	fins	de	Política	Monetária.	Também	chamada	simplesmente	de
“taxa	básica”,	reflete	o	custo	do	dinheiro	para	empréstimos	bancários,	com
base	na	remuneração	dos	títulos	públicos.
A	taxa	de	juros	exerce	um	papel	importantíssimo	nos	ciclos	dos	negócios	e
no	 mercado	 financeiro.	 Quando	 ocorre	 uma	 mudança	 na	 taxa,	 ou	 na
expectativa	 a	 seu	 respeito,	 os	 efeitos	 têm	 um	 grande	 alcance	 no	 cenário
econômico.	Quando	a	taxa	de	juros	sobe	os	consumidores	gastam	menos,	o
que	diminui	as	vendas	do	varejo,	levando	a	uma	redução	nos	lucros	dessas
empresas	e,	consequentemente,	um	aumento	do	desemprego	e	desvalorização
dessas	ações	no	mercado.
A	alta	na	taxa	de	juros	atrai	capital	de	curto	prazo	que	gera	superávit	no
saldo	 da	 balança	 comercial,	 reduzindo	 a	 inflação,	 em	 teoria.	 Contudo,
qualquer	ameaça	especulativa	pode	fazer	com	que	esse	capital	seja	retirado	do
país,	 provocando	 novos	 déficits	 e,	 caso	 o	 país	 não	 tenha	 reservas	 terá	 que
desvalorizar	 o	 seu	 câmbio,	 favorecendo	 as	 suas	 exportações	 e	 inibindo	 as
importações.
No	 mercado	 de	 capitais,	 o	 aumento	 na	 taxa	 de	 juros	 gera	 uma	 fuga	 de
capital	 para	 investimentos	 de	 títulos	 públicos	 e	 de	 renda	 fixa,	 os	 quais	 se
tornam	 mais	 atraentes	 dado	 o	 aumento	 na	 sua	 rentabilidade.	 Assim,
historicamente	 o	 aumento	 nos	 juros	 tende	 a	 ser	 ruim	 para	 o	 mercado	 de
capitais,	 enquanto	 que	 a	 redução	 nos	 juros	 tende	 a	 ser	 positivo	 para	 o
mercado,	pois	o	investimento	em	renda	fixa	se	torna	menos	atrativo,	e	parte
desse	capital	tende	a	ser	direcionado	para	a	renda	variável.
O	termo	crowding	out	identifica	na	literatura	econômica	o	processo	em	que
a	dívida	pública	(mercado	de	títulos	públicos)	toma	o	espaço	do	mercado	de
debêntures	(títulos	privados)	e	de	ações.	O	Governo,	para	colocar	sua	dívida
no	mercado,	é	obrigado	a	elevar	os	juros	e	os	investidores	passam	a	preferir
esses	papéis	em	detrimento	do	mercado	de	capitais.
Taxa	 DI	 –	 Os	 bancos	 operam	 entre	 si	 (tomando	 ou	 doando	 recursos
monetários)	 no	 mercado	 interbancário,	 ou	 interfinanceiro,	 através	 de
operações	 lastreadas	 em	 Certificado	 de	 Depósito	 Interfinanceiro	 (CDI),
permitindo	que	se	estabeleça	certo	equilíbrio	entre	eles.
Taxa	de	Câmbio	–	É	uma	relação	entre	moedas	de	dois	países	que	resulta
no	preço	de	uma	delas	medido	em	relação	à	outra.	Exprime	a	quantidade	de
moeda	nacional	necessária	para	comprar	uma	unidade	de	moeda	estrangeira.
Além	de	expressar	quantitativamente	a	condição	de	troca	entre	duas	moedas,
a	taxa	de	câmbio	expressa	as	relações	de	troca	entre	dois	países.	O	câmbio	é
uma	 das	 variáveis	 macroeconômicas	 mais	 importantes,	 sobretudo	 para	 as
relações	 comerciais	 e	 financeiras	 de	 um	 país	 com	 o	 conjunto	 dos	 demais
países.
Com	a	desvalorização	da	moeda	nacional	a	taxa	de	câmbio	aumenta.	O	país
gastará	mais	moeda	nas	importações,	teoricamente	desestimulando-as.	Assim,
verifica-se	 que	 com	 a	 desvalorização	 do	 câmbio	 as	 importações	 tendem	 a
diminuir.	Por	outro	lado,	os	outros	países	preferirão	comprar	produtos	deste
país,	 pois	 ficaram	 mais	 baratos	 em	 relação	 às	 suas	 moedas,	 o	 que
teoricamente	estimula	as	exportações,	aumentando-as.
O	 oposto	 ocorre	 com	 a	 valorização	 da	 moeda	 nacional.	 As	 importações
tendem	a	aumentar	em	razão	do	aumento	de	poder	aquisitivo	da	moeda	local.
Consequentemente	 as	 exportações	 tendem	 a	 diminuir,	 pois	 os	 produtos
nacionais	se	tornam	mais	caros	frente	à	divisa	estrangeira.
“O	dinheiro	não	é	tudo,	mas	sem	ele	você	não	terá	nada!”
Capital	e	Valor
Balança	comercial	-	É	um	termo	econômico	que	representa	as	importações
e	exportações	de	bens	entre	os	países.	Quando	as	exportações	são	maiores	que
as	importações	registra-se	um	superávit	na	balança,	e	quando	as	importações
são	 maiores	 que	 as	 exportações	 registra-se	 um	 déficit.	 Este	 é	 um	 dos
indicadores	 econômicos	 mais	 importantes.	 Seu	 valor	 pode	 desencadear
mudanças	 duradouras	 na	 política	 externa	 e	 monetária.	 Nos	 Estados	 Unidos
esse	indicador	se	chama	International	Trade.
Assim,	 dizemos	 que	 a	 balança	 comercial	 de	 um	 determinado	 país	 está
favorável,	 quando	 este	 exporta	 (vende	 para	 outros	 países)	 mais	 do	 que
importa	(compra	de	outros	países).	Quando	o	total	de	exportações	de	bens	e
serviços	 for	 superior	 ao	 total	 de	 importações,	 registra-se	 um	 superávit	 no
saldo	da	balança	comercial.	O	que	é	um	fator	positivo	na	economia	de	um
país,	pois	o	resultado	positivo	da	balança	comercial	gera	um	lucro	que	pode
ser	utilizado	para	investir	no	próprio	sistema	econômico	do	país.
Do	contrário,	dizemos	que	a	balança	comercial	é	negativa	ou	desfavorável.
O	déficit	da	balança	comercial	é	um	fator	negativo	na	economia	de	um	país,
já	 que	 mostra	 que	 o	 mesmo	 está	 exportando	 (vendendo)	 menos	 bens	 e
serviços	 do	 que	 está	 importando	 (comprando).	 O	 resultado	 negativo	 da
balança	 comercial	 gera	 um	 prejuízo	 que	 deve	 ser	 coberto	 pelas	 reservas
financeiras	do	país.
Produção	Industrial	–	O	indicador	varia	de	zero	a	cem	pontos,	sendo	que
valores	 abaixo	 de	 50	 representam	 queda	 na	 produção	 em	 relação	 ao	 mês
anterior.	É	quase	impossível	imaginar	o	desenvolvimento	de	um	país	sem	uma
indústria	forte,	ampla	e	diversificada.	Dentre	todos	os	setores	produtivos,	a
indústria	 é	 o	 que	 exerce	 maior	 impacto	 no	 crescimento	 do	 produto
agregado.	Nos	Estados	Unidos	esse	indicador	se	chama	ISM	(Manufacturing
Index).
A	 produção	 industrial	 brasileira	 se	 caracteriza	 hoje	 por	 ainda	 ser
relativamente	 diversificada,	 porém	 imatura	 no	 sentido	 de	 estar	 se
especializando	 em	 setores	 intensivos	 em	 recursos	 naturais	 e	 com	 pouco
avanço	em	direção	ao	fortalecimento	de	cadeias	produtivas	com	produtos	de
maior	 conteúdo	 tecnológico.	 Isto	 sugere	 que,	 se	 esta	 tendência	 não	 for
revertida,	a	contribuição	da	indústria	para	o	crescimento	da	economia	deve,
inevitavelmente,	 se	 reduzir	 no	 futuro	 próximo,	 reduzindo	 o	 potencial	 de
crescimento	da	economia	como	um	todo.
O	crescimento	da	produção	industrial	é	particularmente	importante	porque,
em	 geral,	 sinaliza	 tendência	 positiva	 dos	 demais	 setores	 da	 economia
(comércio	e	serviços).	Já	o	crescimento	das	vendas	do	comércio	nem	sempre
reflete	em	aumento	das	vendas	da	indústria,	pois	os	comerciantes	podem	estar
aproveitando	para	desovar	antigos	produtos.	O	aumento	da	sua	produção	é	o
ponto	de	partida	para	uma	cadeia	de	eventos	que,	geralmente,	tem	impacto
positivo	sobre	o	crescimento	da	economia.
Índice	de	Preços	ao	Produtor	IPP	-	Seu	âmbito	inicial	são	as	indústrias	de
transformação.	Tem	como	principal	objetivo	mensurar	a	mudança	média	dos
preços	de	venda	recebidos	pelos	produtores	domésticos	de	bens	e	serviços,
bem	 como	 sua	 evolução	 ao	 longo	 do	 tempo,	 sinalizando	 as	 tendências
inflacionárias	de	curto	prazo	no	País.	Constitui,	assim,	um	indicador	essencial
para	 o	 acompanhamento	 macroeconômico	 e,	 por	 conseguinte,	 um	 valioso
instrumento	analítico	para	tomadores	de	decisão,	públicos	ou	privados.	Nos
Estados	Unidos	esse	indicador	se	chama	PPI	(Producer	Price	Index).
O	 IPP	 investiga,	 em	 1	 400	 empresas,	 os	 preços	 recebidos	 pelo	 produtor,
isentos	de	impostos,	tarifas	e	fretes	e	definidos	segundo	as	práticas	comerciais
mais	 usuais.	 Os	 produtos	 coletados	 são	 especificados	 em	 detalhe	 (aspectos
físicos	 e	 de	 transação),	 garantindo,	 assim,	 que	 sejam	 comparados	 produtos
homogêneos	ao	longo	do	tempo.	Com	isso,	coletam-se	cerca	de	5	000	preços
mensalmente.
Índice	de	Preços	ao	Produtor	Amplo	-	Registra	variações	de	preços	de
produtos	agropecuários	e	industriais	nas	transações	interempresariais,	isto	é,
nos	estágios	de	comercialização	anteriores	ao	consumo	final.	O	IPA	tornou-se
cada	vez	mais	um	índice	de	preços	de	venda	de	produtos	em	nível	de	produtor
nos	setores	agropecuário	e	industrial.
Sistema	Nacional	de	Pesquisa	de	Custos	e	Índices	da	Construção	Civil	-
Efetua	 a	 produção	 de	 custos	 e	 índices	 da	 construção	 civil,	 a	 partir	 do
levantamento	mensal	de	preços	de	materiais	e	salários	pagos	na	construção
civil,	para	o	setor	habitação.	Tem	como	unidade	de	coleta	os	fornecedores	de
materiais	de	construção	e	empresas	construtoras	do	setor.
INCC	-	O	Índice	Nacional	de	Custo	da	Construção	(INCC)	é	o	principal
indicador	de	custo	da	construção	civil	no	Brasil.	O	índice	mede	a	evolução
dos	 custos	 de	 construções	 habitacionais	 nas	 dezoito	 principais	 capitais	 de
estados	do	país.
“Numa	 empresa	 em	 dificuldades	 tão	 logo	 um	 problema	 é	 resolvido
outro	vem	à	tona	–	nunca	existe	só	uma	barata	na	cozinha.”
Warren	Buffett
Sondagens	de	confiança	–	As	sondagens	de	tendência	são	levantamentos
estatísticos	 que	 geram	 informações	 usadas	 no	 monitoramento	 da	 situação
corrente	 e	 na	 antecipação	 de	 eventos	 futuros	 da	 economia.	 Por	 produzirem
sinalizações	 de	 tendência	 econômica	 com	 muita	 rapidez,	 geralmente	 no
próprio	 mês	 da	 coleta	 de	 dados,	 são	 amplamente	 utilizadas	 mundialmente
como	 indicadores	 antecedentes	 de	 atividade	 econômica,	 ferramentas
indispensáveis	 a	 empresários,	 governos	 e	 entidades	 de	 classe	 na	 análise	 de
conjuntura	e	tomada	de	decisões.
As	 informações	 obtidas	 por	 meio	 das	 sondagens	 permitem	 análises
empresariais	 e	 concorrenciais,	 contribuem	 para	 o	 aperfeiçoamento	 do
planejamento	de	nível	de	produção,	ao	acompanhamento	dos	movimentos	de
absorção	e	liberação	de	mão-de-obra	nos	diferentes	segmentos	da	economia,
ao	conhecimento	dos	planos	de	investimento	do	setor	produtivo	nacional	ou
de	setores	específicos,	e	à	projeção	da	evolução	de	preços	setoriais.
Índice	de	Confiança	da	Indústria	-	É	um	indicador	antecedente	utilizado
para	identificar	mudança	de	tendência	na	produção	industrial,	ou	seja,	para
auxiliar	 na	 previsão	 do	 produto	 industrial	 e,	 por	 conseguinte,	 do	 PIB.
Empresários	confiantes	tendem	a	aumentar	o	investimento	e	a	produção	para
atender	 o	 esperado	 crescimento	 na	 demanda.	 A	 Sondagem	 da	 Indústria
oferece	 avaliações	 e	 expectativas	 deste	 setor	 para	 variáveis	 relevantes	 da
atividade	econômica	como:
•	nível	de	demanda	interna	e	externa;
•	nível	de	estoques;
•	nível	de	utilização	da	capacidade	instalada;
•	expectativas	em	relação	à	produção,	ao	emprego	e	à	situação	dos	negócios
no	futuro	próximo;
Permite	comparar	as	expectativas	da	empresa	com	a	média	do	setor;	avaliar
a	 situação	 do	 segmento;	 fornece	 indicações	 sobre	 o	 momento	 atual	 e
tendências	 de	 curto	 prazo	 do	 setor	 industrial	 brasileiro,	 constituindo-se	 em
subsídio	 para	 a	 tomada	 de	 decisões	 empresariais,	 análises	 econômicas	 nos
meios	acadêmicos	e	de	consultoria	e	formulação	de	políticas	econômicas	pelo
Governo.	Nos	Estados	Unidos	esse	indicador	se	chama	Purchasing	Managers
Index	(PMI).
O	PMI	é	um	índice	composto	e	baseado	nos	cinco	maiores	indicadores	que
incluem:	 novos	 pedidos,	 níveis	 de	 inventários,	 produção,	 entregas	 de
suprimento,	 e	 desenvolvimento	 do	 Emprego.	 Cada	 indicador	 tem	 um	 peso
diferente	e	os	dados	são	ajustados	por	fatores	sazonais.	Um	índice	PMI	acima
de	50	indica	que	a	indústria	de	transformação	está	expandindo	enquanto	que
abaixo	de	50	significa	que	está	contraindo.	O	relatório	PMI	é	um	indicador
extremamente	importante	para	os	mercados	financeiros	assim	como	também	é
o	melhor	indicador	de	como	está	a	produção	nas	fábricas.	O	índice	é	popular
por	 detectar	 pressão	 inflacionária	 bem	 como	 anda	 a	 atividade	 econômica
industrial.
Philadelphia	 Fed	 Index	 (Business	 Outlook	 Survey)	 -	 A	 Pesquisa	 de
Perspectiva	 de	 Negócios	 é	 uma	 pesquisa	 mensal	 de	 fábricas	 localizadas	 ao
redor	dos	estados	de	Pensilvânia,	Nova	Jersey	e	Delaware.	As	companhias
pesquisadas	indicam	a	direção	das	mudanças	em	todas	as	suas	atividades	de
negócios	e	nas	várias	medidas	de	atividade	em	seus	parques	fabris.
É	 considerado	 um	 bom	 indicador	 de	 mudanças	 em	 tudo	 relacionado	 a
emprego,	preços	gerais	e	condições	dentro	das	indústrias	de	transformação.
Aliás,	este	setor	da	indústria	é	considerado	como	o	precursor	das	condições
econômicas	 futuras	 e	 ele	 prepara	 o	 terreno	 em	 direção	 a	 uma	 recuperação
econômica.	 Por	 exemplo,	 numa	 econômica	 fraca	 se	 a	 indústria	 de
transformação	 começa	 a	 contratar	 há	 uma	 expectativa	 de	 que	 a	 economia
começe	a	melhorar	mais	adiante.
“Trabalhar	duro	por	algo	em	que	não	se	acredita	chama-se	estresse.
Trabalhar	duro	por	algo	em	que	se	acredita	chama-se	propósito”.
Gastos	 de	 Consumo	 /	 Confiança	 do	 Consumidor	 -	 É	 uma	 pesquisa
mensal	que	procura	captar	o	sentimento	do	consumidor	em	relação	ao	estado
geral	 da	 economia	 e	 de	 suas	 finanças	 pessoais.	 Quando	 o	 consumidor	 está
satisfeito	 e	 otimista	 em	 relação	 ao	 futuro	 tende	 a	 gastar	 mais;	 quando	 está
insatisfeito	e	pessimista	gasta	menos.	A	confiança	do	consumidor,	portanto,
atua	 como	 fator	 redutor	 ou	 indutor	 do	 crescimento	 econômico.	 O
monitoramento	 do	 sentimento	 do	 consumidor	 tem	 o	 objetivo	 de	 produzir
sinalizações	 de	 suas	 decisões	 de	 gastos	 e	 poupança	 futuras,	 constituindo
indicadores	úteis	na	antecipação	dos	rumos	da	economia	no	curto	prazo.	Nos
Estados	Unidos	esse	indicador	se	chama	Consumer	Confidence	Index	–	CCI.
O	 consumo	 torna-se	 possível	 pela	 renda	 pessoal	 e	 pela	 renda	 sem
restrições.	A	decisão	do	consumidor	de	gastar	ou	poupar	é	psicológico	por
natureza.	A	confiança	do	consumidor	também	é	medida	como	um	indicador
da	propensão	dos	consumidores	que	possuem	uma	renda	sem	restrições	para
mudar	 da	 poupança	 para	 os	 gastos.	 A	 Sondagem	 das	 Expectativas	 do
Consumidor	 produz	 indicadores	 sobre	 o	 monitoramento	 do	 sentimento	 do
consumidor,	tais	como:
•	decisões	de	poupanças	e	gastos	futuros;
•	sinalizadores	dos	rumos	de	curto	prazo	da	economia;
•	avaliações	e	expectativas	sobre	a	situação	econômica	local;
•	situação	financeira	da	família,	mercado	de	trabalho	e	intenção	de	compras
de	bens	duráveis;
O	 aumento	 das	 vendas	 do	 comércio	 é	 importante,	 não	 só	 porque	 pode
permitir	um	aumento	da	produção	de	bens,	mas	também	porque	sinaliza	que
as	pessoas	estão	com	mais	dinheiro	no	bolso	para	gastar.	Em	geral,	quando
isso	 acontece	 o	 setor	 de	 serviços	 também	 é	 beneficiado,	 o	 que	 impulsiona
ainda	mais	o	crescimento	da	economia.
A	 ideia	 por	 trás	 do	 índice	 de	 confiança	 do	 consumidor	 é	 que	 quando	 a
economia	garante	mais	empregos,	salários	mais	altos	e	taxas	de	juros	mais
baixas,	aumenta	a	confiança	e	poder	de	consumo.	Sendo	o	oposto	também
verdadeiro	 durante	 períodos	 de	 contração	 econômica,	 quando	 a	 confiança
diminui.
Índice	 de	 Confiança	 do	 Comércio	 -	 Tem	 como	 objetivo	 medir	 a
percepção	que	os	empresários	do	comércio	têm	sobre	o	nível	atual	e	futuro	de
propensão	a	investir	em	curto	e	médio	prazo.	É	um	indicador	antecedente	de
vendas	 do	 comércio,	 a	 partir	 do	 ponto	 de	 vista	 dos	 empresários
comerciais,	tornando-o	uma	ferramenta	poderosa	para	o	varejo,	fabricantes,
consultorias	e	instituições	financeiras.	O	objetivo	é	detectar	as	tendências	das
ações	empresárias	do	setor.	A	Sondagem	do	Comércio	produz	avaliações	e
expectativas	deste	setor	para	variáveis	relevantes	da	atividade	econômica,	tais
como:
•	observações	nos	últimos	três	meses	em	relação:	vendas	e	emprego;
•	volume	de	demanda	atual;
•	volume	de	compras	atual;
•	crédito;
•	fatores	limitativos;
•	 expectativas	 em	 relação:	 vendas,	 emprego,	 compras,	 e	 tendência	 dos
negócios	no	futuro	próximo.
Índice	de	Confiança	da	Construção	-	Mede	a	percepção	dos	empresários
do	setor	sobre	sua	situação	atual	e	as	expectativas	para	os	próximos	meses.	A
pesquisa	 gera,	 mensalmente,	 um	 conjunto	 de	 informações	 usadas	 no
monitoramento	e	antecipação	de	tendências	econômicas	da	construção	civil.
Um	incremento	na	atividade	futura	do	setor	de	construção	civil	produz	um
efeito	multiplicador,	impulsionando	outros	setores	da	economia.	A	Sondagem
da	 Construção	 produz	 avaliações	 e	 expectativas	 deste	 setor	 para	 variáveis
relevantes	da	atividade	econômica,	tais	como:
•	situação	atual	dos	negócios;
•	evolução	recente	da	atividade;
•	capacidade	produtiva;
•	crédito;
•	fatores	limitativos;
•	expectativas	em	relação:	demanda,	emprego,	e	tendência	dos	negócios	no
futuro	próximo.
“Trinta	anos	atrás,	ninguém	poderia	ter	previsto	o	imenso	impacto	da
Guerra	 do	 Vietnã,	 de	 duas	 crises	 do	 petróleo,	 da	 renúncia	 de	 um
presidente,	 da	 dissolução	 da	 União	 Soviética	 (…).	 Diferentes	 choques
ocorrerão	nos	próximos	30	anos.	Não	tentaremos	prevê-los,	nem	lucrar
com	eles.”
Warren	Buffett
Dados	da	Construção	Civil	-	O	indicador	de	construção	constitui	em	um
grupo	significativo	incluído	no	cálculo	do	PIB	dos	Estados	Unidos.	Ainda,	o
mercado	imobiliário	tem	sido	o	motor	que	avança	a	economia	dos	EUA	para
fora	 das	 recessões	 após	 a	 Segunda	 Guerra	 Mundial.	 Esses	 indicadores	 são
classificados	 em	 três	 categorias	 principais:	 1.	 Construções	 e	 alvarás	 de
habitações,	2.	Vendas	de	casas	novas	e	existentes	de	uma	só	família,	3.	Gastos
com	construção.	Os	indicadores	de	construção	são	cíclicos,	muito	sensíveis	ao
nível	das	taxas	de	juros	(e,	conseqüentemente,	às	taxas	de	hipoteca)	e	ao	nível
de	renda	disponível.	No	entanto,	baixas	taxas	de	juros	por	si	só	podem	não	ser
capazes	de	gerar	uma	alta	demanda	por	habitação.
Housing	 Starts	 –	 Este	 indicador	 econômico	 rastreia	 quantas	 novas
moradias	 ou	 edifícios	 são	 construídos	 durante	 todo	 o	 mês.	 É	 considerado
como	um	indicador	líder,	isso	significa	que	ele	detecta	tendências	futuras	na
economia.	Um	declínio	no	índice	mostra	que	a	economia	está	lenta,	enquanto
que	 uma	 alta	 no	 índice	 de	 atividade	 de	 novas	 moradias	 pode	 empurrar	 a
economia	fora	de	uma	situação	de	economia	fraca.
Levantamento	 Sistemático	 da	 Produção	 Agrícola	 IBGE	 –	 Obtém
informações	mensais	sobre	previsão	e	acompanhamento	de	safras	agrícolas,
com	estimativas	de	produção,	rendimento	médio	e	áreas	plantadas	e	colhidas,
tendo	 como	 unidade	 de	 coleta	 os	 municípios.	 Compreende	 a	 estatística	 da
Produção	Agrícola	mensal	do	país.
Pesquisa	 Industrial	 Mensal	 Produção	 Física	 –	 Índices	 Especiais	 de
Bens	 de	 Capital	 –	 O	 objetivo	 geral	 desse	 índice	 especial	 é,	 a	 partir	 de
recortes	 específicos	 sobre	 a	 amostra	 de	 produtos	 da	 Pesquisa	 Industrial
Mensal	de	Produção	Física	–	PIM-PF,	ampliar	a	capacidade	de	entendimento
da	evolução	da	atividade	industrial	no	curto	prazo.	Neste	caso,	o	objetivo	é
gerar	 índices	 mensais	 que	 informem	 sobre	 o	 movimento	 da	 produção	 de
máquinas,	 equipamentos	 e	 peças,	 segundo	 o	 destino	 predominante	 desses
bens.	 Com	 isso,	 busca-se	 identificar	 o	 comportamento	 do	 investimento
segundo	os	setores	demandantes.
Os	 produtos	 foram	 agrupados	 sob	 a	 seguinte	 tipologia:	 Bens	 de	 Capital
Para	Fins	Industriais	(Seriados	e	Não-Seriados);	Bens	de	Capital	Agrícolas;
Peças	 Agrícolas;	 Bens	 de	 Capital	 para	 Construção;	 Bens	 de	 Capital	 para	 o
Setor	de	Energia	Elétrica;	Bens	de	Capital	para	Equipamentos	de	Transporte;
e	Bens	de	Capital	de	Uso	Misto.
Número	de	Pedidos	à	Indústria	-	Reflete	as	novas	ordens	de	pedido	às
indústrias	de	bens	duráveis,	mostrando	o	uso	da	capacidade	total	do	setor	e	o
nível	de	aquecimento	econômico.	Os	bens	não	duráveis	incluem	alimentos,
vestuário,	 produtos	 industriais	 leves,	 e	 produtos	 desenvolvidos	 para	 a
manutenção	dos	bens	duráveis.	Os	Bens	Duráveis	consistem	em	produtos	com
vida	 útil	 maior	 do	 que	 três	 anos.	 Alguns	 exemplos	 são	 automóveis,
eletroeletrônicos,	 móveis,	 joalheiros	 e	 brinquedos.	 Eles	 são	 divididos	 em
quatro	 categorias	 principais:	 metais	 primários,	 maquinário,	 maquinário
elétrico,	e	transporte.	Nos	Estados	Unidos	esse	indicador	se	chama	Durable
Goods	Orders.
Volume	de	Vendas	do	Varejo	-	Mede	o	volume	das	vendas	das	lojas	de
varejo	 que	 comercializam	 tanto	 bens	 duráveis	 como	 não	 duráveis.	 Esse
indicador	 mostra	 a	 tendência	 de	 consumo	 da	 população,	 influenciando	 nas
estimativas	futuras	para	a	força	da	demanda	do	consumidor	e	a	confiança	na
economia.	Nos	Estados	Unidos	esse	indicador	se	chama	Retail	Sales.
“Desde	 a	 aurora	 da	 civilização	 as	 pessoas	 não	 se	 dão	 por	 satisfeitas
com	a	noção	de	que	os	eventos	são	desconectados	e	inexplicáveis.	Sempre
ansiamos	por	compreender	a	ordem	subjacente	do	mundo”.		
Stephen	Hawking
Indicadores	 Líderes	 -	 Os	 indicadores	 líderes	 são	 compostos	 por
indicadores	 que	 antecipam	 mudanças	 futuras	 na	 economia,	 por	 serem	 mais
sensíveis,	 reagem	 mais	 rápido	 às	 mudanças	 em	 relação	 aos	 demais
indicadores.	São	compostos	pelos	seguintes	indicadores	econômicos:
•	Semana	de	trabalho	média	de	trabalhadores	da	manufatura.
•	Média	semanal	de	entradas	no	seguro	desemprego.
•	 Novos	 pedidos	 por	 materiais	 e	 bens	 ao	 consumidor	 (ajustados	 para	 a
inflação).
•	Desempenho	de	fornecedor.
•	 Contratos	 e	 pedidos	 para	 fábricas	 e	 equipamentos	 (ajustados	 para	 a
inflação).
•	Emissão	de	alvarás	para	novas	construções.
•	Mudança	nos	pedidos	não	supridos	de	fabricantes,	bens	duráveis.
•	Mudança	nos	preços	de	materiais	sensíveis.
Indicadores	de	emprego	–	A	taxa	de	emprego	é	um	indicador	econômico
com	 importância	 em	 diversas	 áreas.	 Naturalmente,	 mede	 a	 solidez	 de	 uma
economia	e	também	é	o	indicador	de	uma	economia	desacelerada.	Refere-se	à
mão	 de	 obra	 como	 fator	 de	 produção.	 Períodos	 de	 alto	 desempenho
econômico	 obviamente	 reduzem	 o	 nível	 de	 desemprego	 e	 aumentam	 a
confiança	dos	empresários.	Essas	variáveis,	que	representam	a	demanda	do
mercado	 de	 trabalho,	 são	 consideradas	 antecedentes	 ao	 nível	 da	 atividade
econômica	porque	refletem	as	expectativas	quanto	à	produção	futura.
É	 um	 aspecto	 importante	 a	 se	 lembrar,	 especialmente	 em	 tempos	 de
recessão	 econômica,	 quando	 a	 política	 econômica	 foca-se	 na	 saúde	 e
recuperação	 do	 setor	 de	 empregos.	 Neste	 contexto,	 o	 emprego	 é	 o	 último
indicador	 econômico	 a	 se	 recuperar.	 Quando	 a	 contração	 econômica	 causa
cortes	de	emprego,	leva-se	muito	tempo	para	gerar	confiança	psicológica	na
recuperação	da	economia	no	nível	gerencial	até	que	novos	empregos	sejam
gerados.
Os	relatórios	de	emprego	são	importantes	para	os	mercados	financeiros	em
geral,	bem	como	para	o	mercado	de	câmbio	em	particular.	No	mercado	de
câmbio,	os	dados	são	realmente	afetados	em	períodos	de	transação	econômica
—	recuperação	e	contração.	A	razão	para	a	importância	dos	indicadores	em
situações	econômicas	extremas	se	dá	na	imagem	que	projetam	sobre	a	saúde
da	 economia	 e	 no	 grau	 de	 maturação	 de	 um	 ciclo	 comercial.	 Um	 valor
decrescente	 de	 desemprego	 sinaliza	 um	 ciclo	 de	 expansão	 econômica,
enquanto	que	um	valor	crescente	indica	recessão.
Nos	 Estados	 Unidos,	 o	 Employment	 Situation	 Report	 é	 um	 indicador
mensal	 que	 se	 refere	 ao	 desemprego	 e	 aos	 novos	 empregos	 criados.	 O
relatório	diz	a	taxa	de	desemprego	e	a	mudança	na	taxa	de	desemprego.	A
segunda	 parte	 do	 relatório	 contém	 informações	 como	 a	 média	 semanal	 de
horas	trabalhadas	e	a	média	de	recebimentos	por	hora	trabalhada.	Esta	média
é	 importante	 para	 determinar	 a	 tensão	 no	 mercado	 de	 trabalho,	 a	 qual	 é	 a
maior	determinante	de	inflação.	E,	assim	como	os	índices	de	inflação,	este
indicador	 é	 acompanhado	 de	 perto	 pelo	 mercado	 juntamente	 com	 o	 initial
claims.
“Eu	seria	um	mendigo	pedindo	esmolas	nas	ruas	com	uma	caneca	na
mão	se	os	mercados	fossem	eficientes”.
Warren	Buffett
A	macroeconomia	e	a	microeconomia	estão	intimamente	ligadas,	e	como	as
mudanças	 na	 economia	 resultam	 das	 decisões	 de	 milhares	 de	 pessoas,	 é
impossível	entender	os	desdobramentos	macroeconômicos	sem	considerar	as
decisões	 microeconômicas	 a	 eles	 associadas.	 O	 objetivo	 da	 análise
econômica,	além	de	fornecer	subsídios	para	a	análise	dos	ativos,	é	antecipar
possíveis	 movimentos	 da	 economia	 do	 país	 antes	 que	 essa	 informação	 se
torne	 um	 consenso	 para	 o	 mercado,	 ou	 seja,	 a	 análise	 deve	 possibilitar	 ao
investidor	se	antecipar	em	relação	ao	restante	do	mercado,	além	de	embasar	a
sua	 tomada	 de	 decisão.	 Em	 geral,	 quanto	 melhor	 for	 o	 desempenho	 da
empresa	e	as	suas	características	individuais	(pontos	fortes)	e	de	seu	ambiente
(oportunidades),	melhor	ela	irá	superar	condições	macroeconômicas	adversas
(ameaças)	e	manejar	as	suas	fraquezas.
Estudos	apresentados	recentemente	no	The	Wall	Street	Journal	comprovam
que	em	quase	todos	os	11	declínios	econômicos	dos	Estados	Unidos	desde	a
Segunda	 Guerra	 Mundial,	 o	 Dow	 Jones	 atingiu	 seu	 ponto	 mais	 baixo	 da
recessão	 e	 começou	 a	 subida	 seis	 meses	 antes	 do	 início	 da	 recuperação	 da
economia.	 Geralmente,	 os	 investidores	 ficam	 ansiosos	 para	 comprar	 papéis
antes	da	recuperação	econômica	porque	quando	eles	sobem	depois	de	uma
recessão	os	ganhos	são	consideráveis,	conforme	fora	percebido	no	período	de
2009	a	2010,	após	a	crise	de	2008.
Os	 mercados	 de	 capitais	 são	 mais	 do	 que	 simplesmente	 uma	 medida	 da
expectativa	 do	 investidor.	 Eles	 são	 uma	 medida	 de	 confiança.	 Existem
evidências	 de	 que	 a	 movimentação	 no	 mercado	 de	 capitais	 possui
desempenho	antecedente	em	relação	à	atividade	econômica.	Numa	época	em
que	a	maior	parte	dos	males	da	economia	reside	na	crise	de	confiança,	em	que
tanto	os	consumidores	quanto	os	empresários	estão	tão	inseguros	quanto	ao
futuro	que	cortam	ao	máximo	as	despesas,	uma	alta	no	mercado	de	capitais	é
um	importante	sinal	de	que	a	maré	pode	estar	começando	a	virar,	sendo	um
importante	estímulo	de	confiança	na	economia.
O	 investidor	 pode	 buscar	 antecipar	 a	 tendência	 de	 crise	 monitorando	 os
sinais	 identificados	 na	 conjuntura	 dos	 indicadores	 econômicos	 como	 oferta
monetária	 (e	 crédito)	 com	 taxas	 de	 crescimento	 estagnadas	 ou	 em	 queda,
curva	 de	 juros	 invertida,	 aceleração	 nos	 índices	 de	 preços	 ao	 consumidor,
aumento	generalizado	dos	custos,	principalmente	nas	empresas	mais	afastadas
do	consumo	final.	Dessa	maneira	ele	tentará	direcionar	os	seus	investimentos
para	 setores	 que,	 em	 tese,	 serão	 menos	 afetados,	 ou	 mesmo,	 que	 se
beneficiarão	neste	cenário.
Os	mercados	acionários,	em	tese,	seguem	os	indicadores	econômicos	e	as
notícias	 das	 empresas	 que	 compõem	 os	 principais	 benchmarks;	 na	 teoria.
Contudo,	a	prática	mostra	que	as	bolsas	têm	seus	meios	de	contrariar	a	lógica,
se	 movendo	 em	 sentido	 contrário	 ao	 dos	 fundamentos	 econômicos	 e
corporativos.	A	maior	parte	das	informações	financeiras	disponíveis	dá	ênfase
nas	opiniões	e	na	tendência	de	curto	prazo,	na	reação	do	mercado	às	notícias	e
à	 popularidade	 de	 determinada	 empresa.	 Investidores	 veteranos	 estão	 mais
focados	para	o	longo	prazo,	exatamente	onde	a	análise	fundamentalista	tem
maior	 valor.	 Investem	 embasados	 por	 resultados	 e	 fundamentos,	 com
consciência	e	razão,	ao	invés	de	seguirem	impulsos	e	o	imediatismo.	Investir
no	longo	prazo	é	em	muitos	aspectos	uma	atitude	mais	madura	e	responsável.
“Se	 você	 quiser	 especular	 faça	 com	 os	 olhos	 abertos,	 sabendo
que	provavelmente	você	irá	perder	dinheiro	no	final;	lembre-se	de	limitar
a	 quantidade	 de	 dinheiro	 em	 risco	 e	 separe-a	 completamente	 da	 sua
estratégia	de	investimento	de	longo	prazo”.
Benjamim	Graham
Corretoras,	bancos	e	a	mídia	em	geral	dão	muita	ênfase	no	day	trade	e	na
ilusão	do	enriquecimento	rápido.	Estimulam	diversas	estratégias	de	operação,
algumas	 sem	 a	 menor	 coerência	 e	 que	 acabam	 tendo	 baixa	 rentabilidade.
Estratégias	 mais	 conservadoras	 de	 buy	 and	 hold	 e	 reinvestimento	 de
dividendos	 parecem	 desinteressantes	 diante	 desse	 enfoque.	 O	 investidor
Warren	Buffett	sempre	defendeu	que	mais	importante	do	que	fazer	previsões
econômicas,	as	quais	muitas	vezes	sequer	se	realizam,	é	investir	em	ações	de
empresas	que	vem	apresentando	resultados	positivos	consecutivos	ao	longo
dos	anos,	seja	durante	períodos	de	bonança	econômica	ou	de	crise.
Portanto,	é	preciso	avaliar	o	mérito	das	informações	e	opiniões	em	relação
aos	fundamentos,	confirmando-as	ou	não.	Caso	contrário,	estará	investindo	a
partir	de	idéias	preconcebidas,	seguindo	a	mentalidade	da	massa	ou	dicas	que
não	possuem	fundamento	algum,	e	que	no	longo	prazo	geram	mais	perdas	do
que	ganhos.	Investidores	que	buscam	retorno	rápido	operando	no	curto	prazo
ficam	mais	focados	no	jogo	de	compra	e	de	venda	do	que	na	formação	de	uma
carteira	 de	 investimento	 composta	 por	 ações	 de	 empresas	 que	 vêm
apresentando	bons	fundamentos	ao	longo	dos	anos.
Muitos	 dos	 que	 estudam	 os	 fundamentos	 e	 indicadores	 econômicos
acreditam	 de	 certa	 forma	 que	 o	 mercado	 possa	 ser	 previsível.	 As	 pessoas
querem	acreditar	que	através	de	um	extenso	estudo	dos	fundamentos	poderão
prever	 os	 valores	 futuros	 das	 ações	 de	 uma	 empresa	 com	 tal	 precisão	 que
sempre	ganharão	dinheiro.	Esse	tipo	de	crença,	apesar	do	correto	desejo	de
minimizar	o	risco,	retira	a	capacidade	de	julgamento.	O	grande	propósito	da
análise	fundamentalista	não	é	lhe	fornecer	informações	privilegiadas	ou	algo
do	 tipo,	 mas	 lhe	 ajudar	 a	 direcionar	 seus	 esforços	 na	 direção	 certa,
a	desenvolver	a	sua	perspicácia	e	confirmar	as	suas	crenças	e,	dessa	maneira,
dar	suporte	para	a	sua	tomada	de	decisão.
É	importante	frisar	que	os	fundamentos,	apesar	de	estarem	sólidos,	podem
ser	deixados	de	lado	pelo	mercado,	que	de	uma	hora	para	outra	pode	mudar	a
direção	 dos	 preços.	 Mesmo	 que	 uma	 empresa	 apresente	 uma	 excelente
performance	histórica	e	possua	ótimos	fundamentos,	o	mercado	pode	entrar
numa	 tendência	 de	 baixa	 em	 razão	 de	 algum	 acontecimento,	 ou	 mesmo,
porque	os	preços	estão	supervalorizados	e	é	conveniente	para	os	investidores
institucionais	realizarem	o	lucro.	A	análise	fundamentalista	feita	na	empresa
pode	estar	correta	e	coerente	à	realidade,	mas	ainda	assim	o	preço	de	suas
ações	pode	cair.	Esse	é	o	risco	do	mercado	e,	conforme	dito	anteriormente,	o
sucesso	está	em	controlar	o	risco	e	gerenciar	o	seu	capital.
“O	tempo	é	utilizado	de	maneira	mais	sábia	quando	se	busca	comprar
ações	de	empresas	cujos	negócios	geram	lucro	em	qualquer	conjuntura
econômica	do	que	fazendo	trades	no	curto	prazo	em	ações	de	empresas
que	 se	 beneficiarão	 apenas	 caso	 as	 suas	 suposições	 econômicas	 se
concretizarem”.
Warren	Buffett
Análise	Setorial	e	Tendências	de	Mercado
	
Um	setor	é	caracterizado	por	agrupar	empresas	que	possuem	uma	estrutura
produtiva	 semelhante	 ou	 que	 oferecem	 bens	 e	 serviços	 similares.	 Quanto
melhor	for	conhecido	o	ambiente	de	atuação	da	empresa,	melhor	ela	poderá
ser	 avaliada.	 Portanto,	 é	 imprescindível	 que	 o	 investidor	 realize	 um	 estudo
macroeconômico,	 onde	 devem	 ser	 levados	 em	 conta	 os	 elementos
conjunturais	que	servem	como	pano	de	fundo	para	a	performance	da	empresa
analisada,	considerando	que	ela	é	parte	de	um	contexto	maior	de	atividades
integradas	e	que	interagem	com	cadeias	produtivas,	arranjos	concorrenciais,
dentre	outros	condicionamentos	setoriais.	O	segundo	passo	é	a	avaliação	do
setor	 no	 qual	 a	 companhia	 se	 insere.	 Suas	 potencialidades,	 estatísticas	 de
evolução	 dos	 últimos	 anos,	 comparações	 com	 outros	 países,	 condições	 de
concorrência,	 barreiras	 protecionistas	 internas	 ou	 externas,	 facilidade	 de
obtenção	dos	insumos	de	produção,	formação	de	preços	e	tudo	mais	que	possa
interferir	 nas	 condições	 normais	 de	 atividade	 do	 setor,	 fornecendo
informações	e	identificando	tendências	que	possam	impactar	os	resultados	do
seu	negócio.
A	análise	setorial	consiste	em	correlacionar	o	desempenho	da	indústria	com
o	desempenho	da	economia,	isto	é,	identificar	a	tendência	macroeconômica	e
sua	relação	com	o	setor	econômico.	Avalia-se	o	tamanho	e	representatividade
do	 setor,	 as	 barreiras	 de	 entrada	 e	 de	 saída,	 a	 concorrência	 e	 o	 nível	 de
competição,	 o	 efeito	 da	 regulação	 do	 governo,	 os	 impactos	 tecnológicos	 e
estruturais,	o	seu	faturamento,	a	sua	tendência	de	crescimento	e	os	principais
fatores	que	a	influenciam,	bem	como	o	seu	histórico	e	a	sua	variabilidade	ao
longo	dos	anos	e,	principalmente,	a	expectativa	do	mercado	em	relação	ao	seu
futuro.	E	por	fim,	correlacionar	o	desempenho	da	empresa	com	o	desempenho
do	setor.	Este	tipo	de	análise	comparativa	tem	resultados	bastante	fidedignos,
pois	 as	 empresas	 atuam	 num	 mesmo	 setor	 e,	 provavelmente,	 atendem	 ao
mesmo	público	e	estão	submetidas	da	mesma	forma	às	mesmas	variáveis	e
influências	internas	e	externas.
Assim,	 pode-se	 para	 determinar	 o	 posicionamento	 e	 o	 potencial	 de
desenvolvimento	de	uma	empresa	em	relação	ao	seu	setor	de	atuação.	Para
isso,	são	analisados	fatores	conhecidos	como	forças	competitivas,	tais	como	o
nível	de	concorrência,	a	ameaça	de	novos	entrantes	ou	de	produtos	substitutos
e	 o	 poder	 de	 barganha	 dos	 consumidores	 e	 fornecedores.	 Essas	 forças
permitem	 identificar	 se	 existem	 mais	 oportunidades	 ou	 ameaças	 para	 a
empresa,	 procurando	 quantificá-las	 sob	 a	 forma	 de	 premissas	 para	 a
realização	 de	 projeções	 quanto	 à:	 preços	 praticados,	 estrutura	 de	 demanda,
estrutura	 de	 oferta,	 estrutura	 mercadológica,	 concorrência,	 fornecimento,
tecnologia	empregada	e	qualidade	da	mão	de	obra.
Isso	 permite	 ao	 investidor	 conhecer	 o	 contexto	 econômico	 em	 que	 a
empresa	está	atuando	e,	principalmente,	as	suas	concorrentes,	possibilitando-o
avaliar	as	oportunidades	e	as	fraquezas	e	identificar	tendências	que	possam
impactar	nos	negócios	do	setor,	bem	como	os	indicadores	macroeconômicos
que	 o	 influenciam	 diretamente.	 Fornece	 informações	 que	 permitirão
identificar	 fatores	 de	 risco	 e	 oportunidades	 de	 investimentos,	 além	 da
avaliação	do	desempenho	dessas	empresas,	servindo	de	base	para	a	análise
microeconômica	 e	 para	 estimativa	 de	 projeções	 e	 de	 cenários	 futuros.	 A
mensuração	 da	 estratégia	 competitiva	 da	 empresa	 e	 dos	 os	 principais
direcionadores	do	seu	setor	também	facilita	avaliar	se	seus	resultados	atuais
são	sustentáveis.
“Grandes	 oportunidades	 de	 investimentos	 surgem	 quando	 empresas
excelentes	estão	cercadas	de	circunstâncias	incomuns	que	fazem	com	que
suas	ações	sejam	subvalorizadas.”
Warren	Buffett
Suponha	 que	 as	 perspectivas	 de	 um	 determinado	 setor	 de	 atividade
econômica	sejam	bastante	promissoras,	neste	caso	a	análise	comparativa	entre
as	 empresas	 deste	 setor	 poderia	 determinar	 a	 decisão	 sobre	 em	 qual	 das
empresas	investir.	A	análise	setorial	ajuda	o	investidor	a	entender	melhor	a
dinâmica	 da	 economia	 e	 o	 impacto	 dos	 indicadores	 macroeconômicos,	 das
commodities	e	das	influências	econômicas	de	outros	países	nas	atividades	das
empresas,	mostrando-se	uma	importante	análise	para	auxiliar	o	processo	de
tomada	de	decisão.	O	ciclo	econômico	é	formado	por	um	padrão	recorrente	de
recessões	e	de	recuperações	da	economia,	em	que	os	diferentes	setores	são
afetados	de	maneiras	diferentes.
É	importante	identificar	e	saber	separar	o	risco	que	afeta	temporariamente	o
preço	de	uma	ação,	dos	riscos	inerentes	ao	gerenciamento	e	à	operação	do
negócio.	Os	riscos	que	afetam	os	negócios	podem	ser	permanentes.	E	neste
caso,	mesmo	com	prejuízos,	a	venda	das	ações	pode	ser	a	única	alternativa.
Assim,	 reconhecer	 a	 sensibilidade	 do	 setor	 é	 crucial	 para	 a	 realização	 da
análise,	uma	vez	que	cada	um	pode	reagir	de	maneiras	diferentes,	o	que	irá
interferir	na	definição	de	uma	previsão	adequada	para	o	setor	analisado.	Para
se	determinar	isso,	são	analisados	fatores	como	os	impactos	sobre	o	lucro	nos
diferentes	 ciclos	 econômicos,	 os	 impactos	 sobre	 as	 vendas,	 a	 alavancagem
operacional	e	alavancagem	financeira.
Cada	setor	da	economia	tem	a	sua	própria	dinâmica	e	responde	de	maneira
diferente	às	variações	no	cenário	macroeconômico	e	político.	Assim,	torna-se
imprescindível	que	o	investidor	conheça	as	tendências	para	a	oferta	e	para	a
demanda	no	segmento	de	atuação	da	empresa	em	que	pretende	investir,	para
os	mercados	consumidores	de	seus	produtos	e	serviços	e	para	os	setores	aos
quais	 pertencem	 seus	 principais	 fornecedores	 e	 a	 tendência	 dos	 preços	 dos
principais	insumos	que	afetam	a	sua	margem	de	lucro.
Existem	 vários	 exemplos	 de	 produtos	 e	 serviços	 maravilhosos	 feitos	 por
empresas	que	têm	um	péssimo	negócio,	em	que	todo	ou	quase	todo	o	valor	é
revertido	para	o	consumidor	e	pouco	ou	nada	é	auferido	pelo	o	produtor.	A
análise	 setorial	 ajudar	 a	 compreender	 como	 as	 variações	 nos	 indicadores
macroeconômicos	 irão	 influenciar	 um	 determinado	 setor	 da	 economia	 e,
principalmente,	 uma	 determinada	 empresa.	 A	 desvalorização	 cambial,	 por
exemplo,	tende	a	ser	favorável	para	os	setores	e	as	empresas	cuja	maior	parte
de	suas	receitas	provenham	das	exportações.	A	forma	como	a	macroeconomia
afeta	uma	determinada	empresa	ou	um	setor	tende	a	influenciar	diretamente
nas	cotações,	havendo	grande	correlação	entre	as	variações	nos	indicadores
econômicos	que	beneficiam	o	resultado	da	empresa	e	as	variações	no	preço	de
suas	ações.
“No	 momento	 em	 que	 todas	 as	 pessoas	 acreditarem	 em	 algo	 a
oportunidade	já	haverá	passado”.
Michael	C.	Thomsett
A	análise	por	múltiplos	também	deve	ser	aplicada	à	analise	setorial.	Apesar
de	ser	mais	trabalhosa,	visto	que	é	necessário	calcular	os	índices	de	todas	as
empresas	 que	 compõe	 o	 setor	 para	 então	 calcular	 as	 suas	 médias	 setorias,
estas	 servirão	 como	 importantes	 benchmarks	 para	 avaliar	 e	 comparar	 a
performance,	o	risco	e	o	valor	tanto	do	próprio	setor	como	das	empresas	que	o
compõe.	 Servirão	 também	 como	 parâmetro	 de	 comparação	 com	 os	 demais
setores.	Assim,	o	investidor	buscará	dentre	os	diferentes	setores	aqueles	que
veem	apresentando	as	melhores	performances	e	os	menores	riscos	de	acordo
com	os	valores	e	as	tendências	dos	seus	indicadores	de	rentabilidade,	liquidez
e	endividamento.
Tendo	selecionado	os	melhores	setores	de	acordo	com	a	sua	avaliação,	o
investidor	irá	selecionar	dentre	as	empresas	que	compõe	o	setor	aquelas	que
vem	apresentando	performances	acima	da	média	e	riscos	abaixo	da	média.	A
partir	 daí,	 através	 dos	 Índices	 de	 preço	 (P/L,	 PSR,	 VPA,	 P/VPA,
EV/EBITDA)	e	da	analise	dos	preços	de	mercado	através	da	análise	técnica,	o
investidor	 irá	 avaliar	 o	 melhor	 momento	 para	 investir	 nessas	 empresas,	 de
forma	 a	 evitar	 a	 compra	 em	 momentos	 em	 que	 essas	 empresas	 estiverem
sobreavaliadas	 pelo	 mercado	 e	 ao	 mesmo	 tempo	 acompanhar	 a	 evolução
desses	indicadores	de	forma	a	identificar	oportunidades	que	venham	a	surgir.
Seguindo	essa	mesma	lógica,	as	médias	dos	indicadores	do	mercado,	ou
seja,	as	médias	da	bolsa	de	valores	como	um	todo,	servem	como	benchmark
para	 avaliar	 e	 comparar	 as	 rentabilidades,	 os	 riscos	 e	 os	 valores	 tanto	 das
empresas	quanto	dos	setores	em	relação	ao	mercado	como	um	todo.	Logo,	as
médias	dos	indicadores	de	rentabilidade,	de	liquidez,	de	endividamento	e	de
preço	 setoriais	 e	 do	 mercado	 irão	 complementar	 a	 análise	 dos	 indicadores
macroeconômicos	 e	 setoriais,	 o	 que	 além	 de	 agregar	 valor	 à	 análise	 do
investidor	possibilita	a	avaliação	e	a	comparação.
“Se	você	acha	que	a	instrução	é	cara,	experimente	a	ignorância.”
Derek	Bok
Os	 setores	 econômicos	 apresentam	 diferentes	 características,	 dependendo
dos	objetivos	das	empresas	que	os	integram	e	do	estágio	de	desenvolvimento
em	que	elas	se	encontram.	É	preciso	estar	atento	para	as	variáveis	setoriais,
eventos	que	afetam	especificamente	o	setor	de	atividades	em	que	a	empresa
atua.	 Por	 exemplo,	 um	 aumento	 no	 preço	 internacional	 da	 celulose	 afeta
positivamente	 as	 ações	 do	 setor	 (aumento	 de	 receitas	 e	 lucro	 potencial).
Outras	 variáveis	 são	 possíveis	 inovações	 tecnológicas	 (por	 exemplo,	 um
processo	produtivo	mais	eficiente),	mudanças	nos	preços	de	matérias	primas,
mudança	 no	 perfil	 dos	 concorrentes	 internacionais,	 mudanças	 na	 legislação
que	 afetem	 a	 venda	 para	 outros	 países.	 Podemos	 classificar	 os	 setores
econômicos	em	diversas	categorias:
•	Exportadoras	-	As	empresas	exportadoras	se	caracterizam	por	ter	uma
forte	 receita	 em	 moeda	 estrangeira.	 Por	 isso,	 investimento	 em	 ações	 de
empresas	 exportadoras	 é	 particularmente	 interessante	 em	 cenários	 de
desvalorização	 cambial	 ou	 de	 recessão	 no	 mercado	 interno.	 Por	 terem	 sua
receita	relacionada	com	a	cotação	de	uma	moeda	estrangeira,	essas	ações	são
consideradas	um	hedge	(proteção)	contra	a	alta	dessa	moeda.	Mas	cuidado,
pois	 as	 receitas	 de	 empresas	 exportadoras	 também	 dependem	 da	 demanda
externa	 para	 os	 seus	 produtos,	 bem	 como	 dos	 preços	 de	 seus	 produtos	 no
mercado	internacional,	não	apenas	da	cotação	da	moeda	estrangeira.	Podemos
citar	 como	 exemplo	 o	 setor	 de	 mineração,	 que	 se	 beneficia	 com	 a
desvalorização	 cambial,	 em	 razão	 da	 maior	 parte	 da	 receita	 provir	 das
exportações,	e	também	com	o	aumento	da	demanda	de	países	como	a	China.
PAUTA	DE	EXPORTAÇÕES	BRASILEIRAS	–	2013
•	 Importadoras	 –	 Assim	 como	 as	 empresas	 exportadoras,	 as	 empresas
importadoras	 apresentam	 grande	 exposição	 ao	 câmbio,	 porém,	 de	 maneira
inversa.	 Essas	 empresas	 se	 beneficiam	 durante	 momentos	 de	 valorização
cambial,	pois	se	torna	mais	barato	importar.	A	desvalorização	cambial,	por
outro	lado,	desfavorece	as	importações	e	favorece	as	exportações.	Neste	caso,
a	indústria	nacional	ganha	competitividade	e	a	tendência	é	que	as	ações	das
empresas	exportadoras	se	valorizem,	desde	que	não	tenham	dívidas	elevadas
em	divisa	estrangeira.
PAUTA	DE	IMPORTAÇÕES	BRASILEIRAS	–	2013
“O	sucesso	é	ter	o	que	você	deseja,	e	a	felicidade	é	desejar	o	que	você	já
tem”.
Warren	Buffett
•	 Bens	 de	 capital	 –	 São	 bens	 usados	 na	 produção	 de	 outros	 bens,
especialmente	bens	de	consumo,	embora	não	sejam	diretamente	incorporados
ao	 produto	 final.	 São	 as	 máquinas,	 equipamentos	 e	 instalações	 de	 uma
indústria,	veículos	e	material	de	transporte.	Alguns	autores	consideram	bem
de	capital	como	sinônimo	de	bem	de	produção.	A	indústria	de	bens	de	capital
é	dividida	em	2	segmentos:
–	Bens	seriados	–	São	produzidos	em	larga	escala,	de	forma	padronizada.
Representam	 80%	 do	 mercado	 de	 bens	 de	 capital.	 Sua	 produção	 é	 feita	 a
partir	 de	 projetos	 padronizados,	 em	 lotes	 médios	 ou	 grandes.	 A	 fabricação
desses	equipamentos	se	dá	no	curto	prazo.	Vale	destacar	que	este	segmento	é
um	 dos	 primeiros	 a	 ser	 afetado	 por	 crises	 econômicas	 e	 também	 um	 dos
últimos	a	reagir	com	a	retomada	da	atividade	da	economia.
–	 Bens	 sob	 encomenda	 –	 A	 produção	 é	 realizada	 a	 partir	 de	 projetos
específicos	 para	 determinadas	 unidades	 produtivas	 ou	 também	 a	 partir	 de
projetos	 padronizados	 de	 produtos	 cuja	 fabricação	 é	 sob	 encomenda.	 Este
segmento	opera	com	carteira	de	pedidos	de	médio	e	longo	prazo,	o	que	lhe
confere	 alguma	 margem	 de	 manobra	 para	 enfrentar	 mudanças	 no	 ritmo	 de
crescimento	 da	 economia.	 Possuem	 características	 próprias,	 por	 isso
dependem	de	tecnologia.
–	Sazonalidade:	A	indústria	de	bens	de	capital	apresenta	um	volume	maior
de	produção	e	de	vendas	entre	março	e	novembro,	apresentando	redução	de
dezembro	até	fevereiro.
Um	 estudo	 da	 Brasscom	 indicava	 um	 hiato	 de	 115	 mil	 profissionais	 em
2012,	e	outro	da	Softex	previa	uma	demanda	de	280	mil	profissionais	superior
à	 oferta	 disponível	 em	 2020.	 Muita	 burocracia	 legal	 e	 carga	 fiscal	 elevada
tornam	o	Brasil	pouco	competitivo	como	plataforma	de	exportação.	Há	um
fraco	 ambiente	 de	 financiamento	 à	 inovação,	 o	 que	 pode	 ser	 explicado	 em
parte	 pelas	 taxas	 básicas	 de	 juros	 elevadas	 no	 Brasil.	 E,	 por	 fim,	 há
comparativamente	um	baixo	grau	de	empreendedorismo;	a	cultura	de	abrir	o
seu	próprio	negócio	ainda	não	é	tão	forte	no	Brasil	como	a	de	prosperar	como
funcionário	 dentro	 de	 uma	 grande	 empresa.	 Mas	 também,	 para	 parte	 da
indústria,	 as	 exportações	 representam	 parcela	 significativa	 de	 sua	 receita,
como	no	caso	de	carnes,	suco	de	laranja,	açúcar	e	das	esmagadoras	de	soja.	A
participação	das	importações	no	mercado	interno	é	pequena	e	restrita	a	alguns
segmentos.
Historicamente	 a	 competitividade	 da	 indústria	 brasileira	 baseou-se	 nos
setores	 produtores	 de	 commodities,	 que	 operam	 com	 grandes	 escalas	 de
produção,	são	intensivos	em	mão	de	obra	e	energia	e	recursos	naturais	com
baixa	transformação	industrial.	A	análise	do	comportamento	da	indústria	no
período	recente	revela	um	aprofundamento	da	estrutura	industrial	e	do	padrão
de	especialização	vigente	desde	a	década	de	1970.	Em	todos	os	complexos
industriais	mais	sofisticados,	com	grau	mais	elevado	de	agregação	de	valor	e
maior	 dinamismo	 tecnológico,	 verificou-se	 um	 eventual	 retrocesso,
caracterizando	 o	 período	 como	 uma	 etapa	 de	 especialização	 regressiva	 da
indústria	 brasileira.	 o	 país	 se	 mantém,	 ao	 longo	 dos	 anos,	 deficitário	 em
produtos	 com	 elevado	 grau	 tecnológico,	 o	 que	 corrobora	 o	 argumento	 da
especialização	de	nossa	indústria.	A	indústria	de	bens	de	capital	se	concentrou
na	 produção	 de	 bens	 de	 menor	 conteúdo	 tecnológico,	 ao	 passo	 que	 os
produtos	 mais	 sofisticados	 eram	 importados	 e,	 para	 tal,	 contavam	 com
diversos	estímulos	fiscais	e	cambiais.
Os	principais	custos	de	produção	do	segmento	de	máquinas	e	equipamentos
são	matérias-primas	(50%	do	total)	e	mão-de-obra	(30%).	Em	sua	maioria,	os
insumos	de	produção	são	produtos	transformados	do	aço,	alumínio	e	outros
minerais	metálicos,	além	de	componentes	eletrônicos,	plásticos	e	borracha.
Os	 principais	 fornecedores	 encontram-se	 no	 mercado	 interno,	 entre	 eles:
siderurgia	e	metalurgia,	indústria	de	plásticos,	energia	elétrica	e	combustíveis.
O	principal	fornecedor	externo	é	do	segmento	de	componentes	eletrônicos	e

Mais conteúdo relacionado

Semelhante a Analise fundamentalista de empresas helio santiago-1-40

Estrategias de investimentos no mercado financeiro helio santiago-1-50
Estrategias de investimentos no mercado financeiro   helio santiago-1-50Estrategias de investimentos no mercado financeiro   helio santiago-1-50
Estrategias de investimentos no mercado financeiro helio santiago-1-50Hélio Santiago
 
Empreendedorismo Desenvolvimento de Negocios & Plano de Negócios Prof Adriano...
Empreendedorismo Desenvolvimento de Negocios & Plano de Negócios Prof Adriano...Empreendedorismo Desenvolvimento de Negocios & Plano de Negócios Prof Adriano...
Empreendedorismo Desenvolvimento de Negocios & Plano de Negócios Prof Adriano...Adriano Moitinho Pinto
 
Planejamento de negocios 2013 apostila.3
Planejamento de negocios 2013   apostila.3Planejamento de negocios 2013   apostila.3
Planejamento de negocios 2013 apostila.3Silvina Ramal
 

Semelhante a Analise fundamentalista de empresas helio santiago-1-40 (7)

Estrategias de investimentos no mercado financeiro helio santiago-1-50
Estrategias de investimentos no mercado financeiro   helio santiago-1-50Estrategias de investimentos no mercado financeiro   helio santiago-1-50
Estrategias de investimentos no mercado financeiro helio santiago-1-50
 
Investir
InvestirInvestir
Investir
 
Negociações e técnicas de venda 3
Negociações e técnicas de venda 3Negociações e técnicas de venda 3
Negociações e técnicas de venda 3
 
Empreendedorismo Desenvolvimento de Negocios & Plano de Negócios Prof Adriano...
Empreendedorismo Desenvolvimento de Negocios & Plano de Negócios Prof Adriano...Empreendedorismo Desenvolvimento de Negocios & Plano de Negócios Prof Adriano...
Empreendedorismo Desenvolvimento de Negocios & Plano de Negócios Prof Adriano...
 
Guia Como Crescer
Guia Como CrescerGuia Como Crescer
Guia Como Crescer
 
Crescimento - Ebook como crescer
Crescimento - Ebook como crescerCrescimento - Ebook como crescer
Crescimento - Ebook como crescer
 
Planejamento de negocios 2013 apostila.3
Planejamento de negocios 2013   apostila.3Planejamento de negocios 2013   apostila.3
Planejamento de negocios 2013 apostila.3
 

Analise fundamentalista de empresas helio santiago-1-40

  • 1.
  • 2. Prefácio Para muitas pessoas os movimentos de alta e de baixa no mercado são misteriosos, sendo bastante influenciados por notícias, muitas vezes ocorrendo quando menos esperado. Mas a verdade é que o mercado não é tão difícil de ser entendido e acompanhado. É preciso apenas compreender a psicologia, as estratégias e a lógica envolvida neste complexo “jogo”. O mercado recompensa através de várias estratégias e possibilidades de negócios quando encarado com maturidade e bom senso. É uma atividade lucrativa e um desafio intelectual para aqueles que têm sucesso em gerenciar os riscos da renda variável e a disciplina para fazer o que deve ser feito de forma sistemática. Assim como em muitas situações da vida, persistência, paciência, confiança, competência, e acima de tudo, estar disposto a pagar o preço, trarão o resultado desejado. Nossa intenção ao escrever o conteúdo do Capital e Valor foi explicar o mercado de capitais e as estratégias de operações, bem como demonstrar os principais mecanismos para sua análise, desde uma perspectiva focada para investidores de longo prazo até estratégias para especuladores, fornecendo informações e mecanismos para que o investidor se torne auto-suficiente e conquiste sua independência financeira, pois para ganhar no mercado não se deve depender de ninguém. “Muitos querem aquilo que você tem hoje, mas quando souberem o preço que você pagou por isso irão desistir”. João C. Filho O conteúdo do Capital e Valor visa orientar o desenvolvimento de uma metodologia objetiva para operar e analisar o mercado de forma consciente, demonstrando as diferentes estratégias para momentos de alta e de baixa, incluindo técnicas de gerenciamento de risco e de proteção de capital. Não é um método milagroso de enriquecimento, tão pouco dicas de investimentos, mas uma visão realista sobre o mercado financeiro, embasada por
  • 3. informações de qualidade para investidores conscientes e racionais, cujo objetivo é lhe auxiliar a desenvolver o seu potencial de investir bem o seu dinheiro e a garantir a sua prosperidade. Através de uma linguagem simples e exemplos práticos o Capital e Valor apresenta informações e estudos para orientar e inserir o investidor no mercado financeiro. O conteúdo aborda as diversas estratégias operacionais, avaliando a relação entre risco e rentabilidade, bem como as técnicas de análise do mercado. Através de conhecimento e informações de qualidade você transformará a maneira como lida com o dinheiro e, principalmente, a forma como investe o seu patrimônio. Mais do que nunca o mercado de capitais está cada vez mais popularizado no Brasil e acessível para os investidores, sendo fundamental para a consolidação de uma cultura de poupança de longo prazo no país. Todo investimento deve ser encarado como um compromisso por quem o faz. Isso significa dedicar tempo para estudar, para acompanhá-lo e, principalmente, para avaliá-lo. Não tenha dúvida de que no longo prazo o retorno de seus investimentos será diretamente proporcional ao seu comprometimento aos mesmos. Com o passar do tempo as experiências no mercado acabam por revelar muito de nós mesmos, sendo uma atividade em que além do crescimento financeiro ocorre o crescimento como indivíduo. Temos então dois objetivos, fazer dinheiro e aprender. Perdendo ou ganhando é preciso tirar algum conhecimento dessas operações com o intuito de tornarmo-nos melhores investidores no futuro. O mercado nos testa constantemente, em cada situação existe uma profunda sabedoria a ser descoberta. Aceite o que o mercado lhe dá com humildade e bom humor, tenha prazer em aprender. Este conteúdo é dedicado a todos aqueles que tiveram a iniciativa e a coragem de buscar seu sucesso investindo no mercado de capitais. Lhe desejamos bons investimentos e sucesso! “Quando eu era jovem pensava que o dinheiro era a coisa mais importante do mundo. Hoje, tenho certeza.” Oscar Wilde
  • 4. Apresentação do Capital e Valor O Capital e Valor através de uma linguagem simples e exemplos práticos apresenta informações e estudos para orientar e inserir o investidor no mercado financeiro. O conteúdo é direcionado a todos que necessitem de educação financeira para se manterem atualizados, seja para fins pessoais ou profissionais, no intuito de que seus objetivos sejam atingidos por meio do conhecimento e da permanente inovação, promovendo o desenvolvimento de seus próprios métodos e estratégias de investimento e a prosperidade financeira. Embasado pelo conteúdo do Capital e Valor o investidor tomará decisões mais conscientes e responsáveis, aproveitando melhor as oportunidades de investimento, reduzindo as incertezas, administrando melhor os riscos e maximizando os resultados dos seus investimentos. Por não estar vinculado a nenhum banco, corretora ou qualquer instituição financeira, as informações e as ferramentas disponibilizadas pelo Capital e Valor possuem total independência em defesa dos interesses do investidor. Através de uma visão realista sobre o mercado financeiro, nosso conteúdo aborda as diversas estratégias operacionais, avaliando a relação entre risco e rentabilidade, bem como as técnicas de análise do mercado. Através de conhecimento e informações de qualidade, você transformará a maneira como lida com o dinheiro e, principalmente, a forma como investe o seu patrimônio. Conquiste sua independência financeira aperfeiçoando os seus conhecimentos sobre análise técnica, análise fundamentalista e estratégias de investimento em ações, futuros, opções, títulos do tesouro, fundos de investimento, renda fixa, dentre outros. 3.0 – Análise Fundamentalista - Abordamos a análise Macroeconômica, Setorial e Microeconômica através de uma linguagem clara e acessível. O conteúdo é focado nos principais indicadores macroeconômicos e as suas relações com o mercado e com os setores econômicos, nas dinâmicas dos diferentes setores e suas principais características e, por fim, na análise do balanço da empresa e dos seus principais indicadores de rentabilidade, liquidez e endividamento, estabelecendo previsões e tendências para o seu desempenho e para o seu valor.
  • 5. 3.0 - Análise Fundamentalista de Empresas Neste módulo o Capital e Valor aborda os princípios da análise Macroeconômica, Setorial e Microeconômica. São abordados os principais indicadores macroeconômicos e as suas relações com o mercado e com os setores econômicos, as dinâmicas dos diferentes setores e suas principais características e, por fim, a análise dos fundamentos das empresas, dos seus desempenhos e dos principais indicadores fundamentalistas. 3.01 - Apresentação da Análise Fundamentalista 3.02 - Noções de Macroeconomia e Fundamentos Econômicos 3.03 - Análise Setorial e Tendências de Mercado 3.04 - Análise Microeconômica e Administração Financeira 3.05 - Como Interpretar um Balanço Contábil? 3.06 - Como Interpretar um Demonstrativo de Resultado? 3.07 - Valor Patrimonial, Valor de Mercado e Enterprise Value 3.08 - Indicadores de Rentabilidade e Análise Financeira 3.09 - Indicadores de Liquidez Financeira 3.10 - Indicadores de Endividamento e de Financiamento 3.11 - O Investimento em Valor - F-Score
  • 6. Apresentação da Análise Fundamentalista A análise fundamentalista está embasada no conceito de que os investidores têm a capacidade de utilizar as informações financeiras históricas de maneira a elaborarem estratégias de investimentos lucrativos para o futuro. Segundo Joseph Piotroski, a análise está focada na avaliação qualitativa da empresa, do panorama setorial em que está inserida e da conjuntura macroeconômica. Tem como alicerce a análise de três fatores: análise da empresa (Microeconômica), análise do setor em que a empresa está inserida e a análise geral da economia (Macroeconômica), passando pela análise retrospectiva de suas demonstrações financeiras e estabelecendo previsões para o seu desempenho. É essencial que estes três fatores sejam analisados para fundamentar as decisões sobre quais papéis devem ser comprados ou vendidos e estimar a tendência geral do mercado e da economia. Assim, ela avalia o respaldo financeiro da empresa, a evolução dos lucros, do valor patrimonial, do seu endividamento, dentre outros aspectos que informam a saúde financeira da empresa, a eficiência na utilização dos recursos, seus pontos fortes e fracos, além de possibilitar a projeção de possíveis resultados futuros, tendências e perspectivas, e avaliar o preço atual dos ativos. Para isso faz-se necessário uma interpretação dos fundamentos, ou seja, dos dados de seus resultados financeiros e de seu histórico de balanços e dos fatores macro e microeconômicos que influenciam no seu desempenho e no seu setor de atuação, dando suporte à tomada de decisão do investidor. As informações mais relevantes nos campos setorial e macroeconômico são aquelas que se referem à concorrência, às políticas de crédito, fiscal e cambial que envolvem a empresa. Quanto melhor for o conhecimento acerca desses aspectos, e das possíveis implicações que eles venham a ter sobre a atividade da empresa sob análise, melhor ela poderá ser avaliada.
  • 7. Já os Balanços Patrimoniais apresentam a situação patrimonial da empresa em dado momento e as Demonstrações do Resultado do Exercício mostram os resultados que a empresa alcançou em cada exercício. A análise dos balanços visa relatar, com base nas informações contábeis fornecidas pela empresa, a sua posição econômico-financeira atual, as causas que determinaram a evolução e o desempenho apresentados, bem como a sua tendência futura. Em suma, a análise fundamentalista permite ao investidor visualizar a performance da empresa no passado, a situação presente, além de extrair informações que subsidiam projeções futuras dos seus indicadores. Estudando os fundamentos podemos identificar as empresas que apresentam as maiores taxa de crescimento de seus lucros e de seus patrimônios, as maiores pagadoras de dividendos, sem contar as empresas cujas ações estão subavaliadas pelo mercado e que possuem grandes perspectivas no longo prazo, bem como aquelas que estão sobreavaliadas, indicando possivelmente um bom momento sua venda. Entende-se que uma determinada ação apresenta um bom desempenho no mercado até determinado ponto. Em algum momento ela deixará de ser atraente e seu valor de mercado depreciará. “O investimento em conhecimento é aquele que traz os maiores retornos”. Benjamin Franklin É perfeitamente possível associar a escola fundamentalista à escola grafista ou do preço usando uma análise baseada nos múltiplos para escolher as melhores empresas e identificar momentos de entrada e de saída através da
  • 8. análise gráfica. No momento de montar a sua estratégia de investimento experimente combinar as duas análises. O primeiro passo é, através da análise fundamentalista, selecionar as empresas mais atrativas, que vêm crescendo ao longo do tempo e que, a princípio, não apresentam grandes riscos financeiros. Posteriormente, através da análise técnica você obterá um histórico da tendência do preço desses ativos, determinará seu preço alvo (objetivo de rentabilidade) e seu preço stop (limite de perda) de acordo com seu perfil. Para isso, é essencial estar de posse da informação necessária, correta e séria no tempo hábil e, além disso, possuir o conhecimento e a capacidade de analisar esses dados. Embora as informações usadas como base sejam todas públicas, saber analisar esses dados leva não só à identificação de bons negócios para o investidor como também à descoberta do que o mercado não está precificando. A análise fundamentalista faz uma avaliação da empresa orientando-se pelo conjunto de dados econômicos e financeiros, divulgados através de balanços trimestrais e por outras informações relevantes, complementada por uma análise gerencial e mercadológica da empresa. Normalmente isso é feito a partir de séries históricas desses dados, complementadas com hipóteses formuladas para o futuro, projeções de resultados esperados que determinarão a decisão de compra ou de venda da ação. É um trabalho individualizado e especializado que, de uma maneira geral, tende a ser muito mais trabalhoso e complexo do que a análise gráfica. É difícil encontrar uma maneira simples de analisar os fundamentos e aplicá-los à tomada de decisão, a menos que você tenha experiência em finanças e contabilidade. Ao ler os relatórios trimestrais elaborados por contadores e analistas facilmente se perde o foco ou se confunde, dado a vasta quantidade de informações e forma complicada como são apresentados, o que dificulta a sua aplicação. Muitas pessoas investem no mercado de ações em empresas que pouco ou nada conhecem, às vezes nem sabem exatamente o que a empresa faz. Seguem estratégias de investimentos baseadas quase que exclusivamente em gráficos de preço, dicas e expectativas, muitas das quais absurdas. A maioria das pessoas com um mínimo de bom senso ao fazer uma sociedade num negócio procuraria primeiro entender bem o funcionamento desse negócio antes de investir. É preciso estudar as características dos produtos/serviços que esta empresa está vendendo e qual a perspectiva da demanda por eles, como é o seu setor de atuação e a sua concorrência, além comparar este
  • 9. negócio com outros negócios semelhantes. Nossa proposta é aprimorar a sua habilidade de análise de mercado através de um conteúdo objetivo e uma abordagem prática para a análise dos fundamentos. Buscamos quebrar a resistência que muitos têm em relação à análise fundamentalista dada sua complexidade e, em muitos casos, em razão da sua “impraticidade”, contribuindo para a formação de investidores mais conscientes e com foco em estratégias sustentáveis de longo prazo. “A informação mais necessária é sempre a menos disponível”. Murphy Portanto, assim como na análise gráfica, objetividade e simplicidade são elementos fundamentais. Saber o que buscar, onde encontrar e como interpretar as informações dos resultados. Nada no estudo da análise fundamentalista é tão complexo ao ponto de não ser possível a assimilação por qualquer investidor. A análise fundamentalista busca, basicamente, avaliar a saúde financeira das empresas, projetar os seus resultados futuros e determinar uma faixa de preço “justo” para as suas ações, além de fornecer alguns indicadores que permitem ao investidor avaliar o quanto suas ações podem gerar em dividendos, em quanto tempo ele pode recuperar o que investiu, dentre outros. Assim, a análise fundamentalista pode fornecer aos investidores uma poderosa ferramenta de comparação entre empresas concorrentes, podendo ajudá-los a definir em qual vale mais a pena investir. Em suma, propomos a análise retrospectiva dos demonstrativos de resultado da empresa considerando os últimos 3 anos, realizando uma análise vertical e horizontal do seu desempenho histórico e dos índices econômico- financeiros. A partir daí, a análise prospectiva, projetando os resultados e as suas tendências futuras com base no contexto macroeconômico e nas perspectivas setoriais, comparando-a às demais do seu segmento e avaliando o preço de mercado de suas ações e a sua tendência. Uma característica interessante sobre a análise fundamentalista é o fato de indicar mudanças nos resultados da empresa antes da análise técnica, pois elas são identificadas nos fundamentos antes de serem refletidas nos gráficos das cotações, os quais normalmente nos dizem o que já aconteceu. Além disso, não há nenhuma empresa que possa dissociar a estratégia do negócio face à envolvente macroeconômica. A evolução da inflação, do índice do desemprego, das taxas de juro, do mercado cambial são indicadores que influenciam diretamente na atividade da empresa. E note-se que não são apenas os indicadores do país onde a empresa se insere. Com a globalização,
  • 10. as empresa podem ser afetadas por indicadores de países que se encontram a milhares de quilômetros de distância, ainda que não tenham qualquer relação direta com a empresa. Os dados para calcular esses indicadores provêm do conjunto de dados econômicos e financeiros da empresa, divulgados através de balanços trimestrais ITR, onde estão detalhados ativos e passivos da empresa e seu valor contábil, dos demonstrativos de resultados por exercício DRE (12 meses), que oferecem as despesas e receitas da empresa, além dos resultados obtidos no período, e por outras informações relevantes, como o relatório anual da empresa, que também fornecem alguns conceitos que os investidores devem conhecer como lucro operacional, dividend yield, margem líquida, patrimônio líquido, receita bruta e assim por diante. Isso é feito a partir de séries históricas desses dados. “Por algum motivo as pessoas se baseiam nos preços e não nos valores. Preço é o que você paga, valor é o que você leva”. Warren Buffett Há, contudo, uma série de críticas à análise fundamentalista de uma maneira geral. A obtenção de estimativas precisas e confiáveis pode ser difícil em razão das projeções futuras dos indicadores e dos resultados muitas vezes acabarem tornando a análise fundamentalista em algo essencialmente subjetivo. Além disso, haverá sempre a possibilidade de se estar trabalhando com dados “maquiados” divulgados nos ITR’s e DRE’s das empresas analisadas. Tais interpretações são controvérsias e muitas vezes errôneas. Deve-se levar em consideração que esses demonstrativos são elaborados sob a ótica contábil, regulamentada por leis e convenções inerentes ao país onde está situada a empresa analisada, o que pode ocasionar uma avaliação equivocada dos valores reais da empresa e de seu desempenho. É preciso levar em consideração também o tempo hábil para o uso da informação. Muitas vezes os próprios dados e os indicadores utilizados na análise já estão defasados, principalmente aqueles que dependem do preço de mercado da ação para o seu cálculo. Indicadores como o Dividend Yield, P/L Preço / Lucro, dentre outros, rapidamente se tornam inúteis devido às variações que ocorrem no preço da ação posteriormente à divulgação desses dados. Daí a importância de se utilizar a cotação atualizada para o cálculo desses indicadores, bem como de fontes confiáveis e de credibilidade. Assim, a principal fragilidade, não só da análise fundamentalista mas de qualquer tipo de análise, é o fato de que não existe a segurança de se ter em
  • 11. mãos todas as informações que importam sobre um ativo para poder analisá- lo, nem de que as informações disponíveis são precisas. Recentemente, diversas empresas como Sadia e Aracruz tiveram perdas bilionárias em seus balanços advindas da irresponsabilidade de seus administradores ao realizarem operações extremamente alavancadas com câmbio. Em nenhum momento os acionistas foram informados sobre tais operações nem sobre o risco que representavam. E ainda que se tenha investido numa excelente empresa, as condições do mercado podem fazer com que suas ações se desvalorizem, e de forma acelerada, dependendo da tendência do mercado ou à reação generalizada a determinados acontecimentos. O mercado fixa o preço de cada ação não necessariamente com base em seu desempenho estatístico passado, mas em função do desempenho futuro esperado, que pode diferir significativamente do seu comportamento passado. Assim, as tendências de curto prazo muitas vezes podem não estar relacionadas aos fundamentos da empresa, mas a movimentos especulativos no mercado. Por isso, é obrigação dos investidores estudar tanto os fundamentos quanto os demais investidores – não apenas sobre a forma que as ações se comportam, mas como os seres humanos que as possuem se comportam. No geral, é durante as fases de pânico generalizado que temos oportunidades de adquirir bons ativos a preços realmente descontados. Já durante as fases de euforia no mercado é mais comum que os ativos estejam caros se comparados aos seus valores intrínsecos ou patrimoniais. “Quando o barco começar a afundar não reze, abandone-o”. Max Gunther Contudo, uma decisão de investimento baseada na análise isolada do gráfico de preços não é uma decisão consciente. Não se compra um gráfico, se compra uma ação, uma empresa. O risco de se pagar muito por uma ação ou vendê-la por pouco pode ser reduzido através da análise das informações sobre as empresas, alcançando conclusões acerca do impacto no valor intrínseco das ações. E uma avaliação de qualidade de uma empresa só pode ser feita se compararmos o seu último resultado trimestral com os seus fundamentos históricos. A escolha da empresa na qual investir dentre a vasta gama de empresas de capital aberto dependerá da comparação entre os resultados dessas empresas. É preciso lembrar que a escolha do “que” comprar não é a mais importante, mas sim decidir se irá manter o investimento e, principalmente, se irá vendê-lo. Neste sentido, reconhece-se a importância do papel da análise
  • 12. fundamentalista como instrumento de quebra de assimetria de informação entre o administrador e os investidores, ou seja, a dificuldade por parte dos investidores de distinguir entre boas e más oportunidades de investimento, o que muitas vezes pode levar a queda da eficiência no funcionamento do mercado de capitais devido à perda de confiança no mercado por parte dos investidores, fruto de escolhas adversas. Assim, a conjunção da análise técnica com a fundamentalista é a melhor maneira para se obter uma visão geral mais legítima da saúde dos ativos e da tendência da economia e do mercado em geral. O que permite limitar dentro de uma grande variedade de empresas as melhores opções de investimento. Isso possibilita ao investidor desenvolver uma estratégia que filtre as ações de empresas que apresentam resultados ruins, grande endividamento e, acima de tudo, de empresas concordatárias. Talvez a forma mais inteligente para utilizar ambas seja determinar com a análise fundamentalista quais são os ativos que vêm apresentando os melhores desempenhos, dos quais se espera o melhor potencial de alta, e, com a análise técnica, buscar os melhores momentos para entrar e para sair do mercado. A partir de critérios fundamentalistas e técnicos o investidor buscará adquirir ações de empresas saudáveis e com bons indicadores fundamentalistas a preços descontados, montando uma carteira com poucos ativos de diferentes setores. É possível ainda utilizar um modelo que realize uma filtragem setorial dada a conjuntura econômica, abordando parâmetros quantitativos e qualitativos. O mercado sempre determinará o preço. Cabe ao investidor determinar o valor. “Quando o assunto é ganhar dinheiro todas as pessoas têm a mesma religião”. Voltaire
  • 13. Noções de Macroeconomia e Fundamentos Econômicos O desempenho das empresas e dos ativos financeiros está intimamente ligado ao desempenho da economia. Como investidor de renda variável é preciso estar ciente de que as chances de retorno para tal aplicação serão determinadas por dois fatores básicos, o bom desempenho futuro da companhia em foco e o bom andamento do mercado acionário no período para o qual se espera o retorno. Alterações nos rumos da economia, interna ou externa, causam oscilações por vezes bruscas nos mercados de capitais e podem afetar a performance dos títulos de determinada empresa, ainda que seus negócios em nada estejam sendo afetados pelos fatos ocorridos. Torna-se então fundamental aprofundar o estudo das correlações entre as variáveis econômicas e o desempenho do mercado. Um ambiente econômico mais instável, menos previsível, sujeito a intervenções e a uma estrutura regulatória incerta cria um ambiente mais avesso ao risco, que pode impactar as decisões gerenciais e, consequentemente, o desempenho das companhias. Portanto, o ambiente macroeconômico deve ser constantemente monitorado e analisado. A definição das premissas macroeconômicas permite o prosseguimento da análise setorial e dos fundamentos das empresas e fornece informações importantes para a adequada definição das taxas de crescimento da economia e das ameaças de riscos sistêmicos. O cenário macroeconômico consiste na definição de determinadas premissas que permitam projetar o comportamento futuro das principais variáveis econômicas. A sua elaboração visa orientar o processo de planejamento, análise e decisão dos investimentos e fornecer ao investidor um
  • 14. quadro prospectivo das condições que afetam o mercado e os ativos, tornando o seu processo de decisão mais eficiente. A premissa básica desta metodologia de análise afirma que são os dados econômicos que fundamentam as perspectivas futuras do mercado em relação a uma determinada empresa. Estas informações podem ser processadas a partir de uma visão geral da economia até as informações específicas sobre a empresa (Top-Down) ou, caso já se tenha escolhido a empresa, pode-se iniciar a análise dos dados da empresa e em seguida partir para o contexto setorial e macroeconômico (Bottom-Up). Quanto melhor forem conhecidos estes aspectos e as possíveis implicações sobre a atividade da empresa, melhor ela poderá ser analisada e avaliada. A macroeconomia concentra-se no estudo do comportamento agregado de uma economia, ou seja, das principais tendências da economia no que concerne principalmente à produção, à geração de renda, aos níveis de preços, ao emprego e ao desemprego, ao estoque de moeda, à taxa de juros, à balança de comercial, à taxa de câmbio, ao uso de recursos, ao comportamento dos preços e ao comércio exterior. Os principais objetivos da macroeconomia são: o crescimento da economia, o pleno emprego, a estabilidade de preços, o controle inflacionário e o superávit da balança comercial. Um conceito fundamental à macroeconomia é o sistema econômico, ou seja, uma complexa organização que envolve todos os recursos produtivos. “Não entre em um mercado com ideias preconcebidas a respeito dele. Mude seus planos conforme o mercado muda”. Alexander Elder A economia de um país pode ser dividida em setores (primário, secundário e terciário) de acordo com os produtos produzidos, modos de produção e recursos utilizados. Estes setores econômicos podem mostrar o grau de desenvolvimento econômico de um país ou região. Setor Primário – Está relacionado à produção através da exploração de recursos da natureza. Podemos citar como exemplos de atividades econômicas do setor primário: agricultura, mineração, pesca, pecuária, extrativismo vegetal e caça. É o setor primário que fornece a matéria-prima para a indústria de transformação. Este setor da economia é muito vulnerável, pois depende muito dos fenômenos da natureza como, por exemplo, do clima. A produção e exportação de matérias-primas não geram muita riqueza para os países com economias baseadas neste setor econômico, pois estes produtos não possuem
  • 15. valor agregado como ocorre, por exemplo, com os produtos industrializados. Setor Secundário – É o setor da economia que transforma as matérias- primas (produzidas pelo setor primário) em produtos industrializados (roupas, máquinas, automóveis, alimentos industrializados, eletrônicos, casas, etc). Como há conhecimentos tecnológicos agregados aos produtos do setor secundário, o lucro obtido na comercialização é significativo. Países com bom grau de desenvolvimento possuem uma significativa base econômica concentrada no setor secundário. A exportação destes produtos também gera riquezas para as indústrias destes países. Setor Terciário – É o setor econômico relacionado aos serviços. Os serviços são produtos não materiais em que pessoas ou empresas prestam a terceiros para satisfazer determinadas necessidades. Como atividades econômicas deste setor podemos citar: comércio, educação, saúde, telecomunicações, serviços de informática, seguros, transporte, serviços de limpeza, serviços de alimentação, turismo, serviços bancários e administrativos, transportes, etc. Este setor é marcante nos países de alto grau de desenvolvimento econômico. Quanto mais rica é uma região, maior é a presença de atividades do setor terciário. Com o processo de globalização, iniciado no século XX, o terciário foi o setor da economia que mais se desenvolveu no mundo. Na análise fundamentalista, os impactos da economia para com a empresa são essenciais. Qualquer interpretação estará baseada nas projeções econômicas tanto para setor em que ela está inserida, como para o mercado como um todo. As perspectivas econômicas nacionais e, principalmente, as mundiais e de seus principais participantes devem ser consideradas. Para isso, o investidor deve acompanhar periodicamente os relatórios dos indicadores econômicos. As quatro principais variáveis macroeconômicas que se relacionam de forma que uma afeta a outra são: o nível de preços (inflação), o nível de emprego, a taxa de câmbio e a taxa de juros. Essas variáveis são avaliadas segundo indicadores econômicos, medidas de desempenho utilizadas para avaliar o desenvolvimento de uma economia. Os indicadores mais utilizados são aqueles que medem: crescimento da produção; desvalorização da moeda e aumento de preços; taxas de conversão de moedas; taxas básicas de juros; desemprego; produção industrial; confiança dos empresários; vendas do varejo. Relatórios públicos e privados ajudam os investidores a entenderem como o cenário econômico está se desenvolvendo. Às datas de divulgação destes
  • 16. dados dá-se o nome de agenda econômica. Esses indicadores são fundamentais tanto para propiciar uma melhor compreensão da situação presente e o delineamento das tendências de curto prazo da economia, quanto para subsidiar o processo de tomada de decisões estratégicas de agentes públicos e privados, além do papel que desempenham na interferência das curvas de oferta e demanda de determinado ativo. O Bacem divulga semanalmente o relatório Focus, um resumo das previsões das principais instituições financeiras para os indicadores e resultados da economia do país. Embora sejam apenas estimativas periodicamente ajustadas de acordo com o comportamento do mercado e do contexto econômico, indicam a expectativa do mercado com relação a estes indicadores. Inevitavelmente, a expectativa de longo prazo de um determinado ativo deriva dos seus fundamentos. Nos Estados Unidos um relatório similar é o beige book. O Fed utiliza esse relatório para determinar a taxa de juros do país de acordo com a pressão inflacionária. “Sempre questione suas suposições, no futuro tudo tende a mudar, inclusive os seus próprios argumentos e suposições”. Capital e Valor Principais Indicadores Econômicos PIB (produto interno bruto) – O PIB de uma economia estima o valor dos bens e serviços produzidos num país no período de um ano. Mede o desempenho econômico de um país como um todo, representando o crescimento ou a retração econômica. Contudo, não pode ser considerado como um índice de desenvolvimento, uma vez que seu cálculo não inclui dados como distribuição de renda, expectativa de vida e nível educacional da população, entre outros aspectos socioeconômicos. Nos Estados Unidos esse indicador se chama GDP (gross domestic product).
  • 17. Índices de Inflação (IPCA, IGP-M, INPC, IPC) – Inflação é o aumento consistente e indiscriminado de preços, conseqüentemente diminuindo o poder aquisitivo da moeda. Portanto a taxa de inflação mede o acréscimo percentual médio nos preços dos bens e serviços produzidos pela economia. Vários índices são utilizados para medir a inflação, pois na economia existem vários setores e agentes econômicos distintos. Nos Estados Unidos esse indicador se chama CPI (Consumer Price Index). Podemos citar as seguintes causas da inflação: – Emissão exagerada e descontrolada de dinheiro por parte do governo. – Demanda por produtos (aumento no consumo) maior do que a capacidade de produção do país. – Aumento nos custos de produção (máquinas, matéria-prima, mão-de-obra) dos produtos. Historicamente, todas as crises surgiram de algum desequilíbrio no sistema, mas, invariavelmente, elas funcionam como um esfriamento depois de um aquecimento geral na economia associado a um elevado nível de endividamento. Nas grandes crises passadas, a euforia do setor privado criou momentos de crescimento elevado. Infelizmente, esses períodos foram seguidos por outros, de retrações profundas. As economias passam por movimentos irregulares no nível de emprego e renda, o que se chama de ciclos de negócios. Estas ondas são bem parecidas com aquelas altas e baixas que notamos nos índices de preço das ações. O endividamento exagerado é o principal empecilho para a recuperação de uma economia ou de uma empresa. Entretanto, a inflação foi sempre a
  • 18. solução para as crises capitalistas. Geralmente, quando a economia cresce muito rápido os preços sobem formando bolhas inflacionárias. Os negociadores observam de perto o desenvolvimento da inflação porque o método de escolha para combater a inflação é o aumento da taxa de juros, sendo que taxas de juros mais altas tendem a apoiar a moeda local e tornam o investimento em ações, fundos imobiliários e debêntures menos vantajosos. O aumento da inflação tende a incentivar as importações, consequentemente diminuindo as exportações, criando déficit na balança comercial. Além de prejudicar e desestimular a poupança de longo prazo das pessoas. O aumento na procura pelos produtos pressiona os produtores a aumentarem a oferta, mas como já estão trabalhando em plena capacidade de produção, não conseguem aumentar a produção e respondem a essa procura aumentando os preços, gerando inflação. Nesse caso, o governo pode agir: pode restringir o crédito para empréstimos e financiamentos ou aumentar os impostos e diminuir a renda pessoal e reduzir os gastos públicos. Os governos trabalham com dois instrumentos para manter o equilíbrio, a política fiscal e a monetária. Com a política fiscal o governo pode aumentar ou diminuir os impostos para alterar o consumo privado e as despesas públicas. Com a política monetária, ele pode incentivar o setor privado a investir mais e controlar a inflação. A política monetária afeta indiretamente o comportamento econômico do estado e diretamente o setor privado porque alterações nas taxas de juros e mudanças no crédito mudam o custo do dinheiro. Infelizmente, quando os governos e os consumidores já estão muito endividados, essas políticas perdem força e tornam-se menos eficazes. Com uma dívida exagerada, os governos não podem gastar mais por causa da pressão política e das dificuldades para levantar recursos adicionais via impostos ou empréstimos. Os consumidores também temem o futuro e rejeitam o crédito mesmo que este seja fácil. As empresas também não investem só porque os juros são baixos; elas tomam emprestado para novos negócios, e estes devem prometer retornos compatíveis com os juros e com os riscos. Os consumidores que já estão endividados também freiam o consumo e procuram poupar mais para se proteger dos dias piores. Levam-se anos até que a economia de um país supere esses períodos de retração econômica e, embora algumas empresas sejam mais bem administradas do que outras, todas elas tendem a serem menos lucrativas durantes esses períodos. “No mundo dos negócios o espelho retrovisor é sempre mais claro do que o pára-brisa”.
  • 19. Warren Buffett Risco País – É um índice denominado Emerging Markets Bond Index Plus (EMBI+) e mede o grau de “perigo” que um país representa para o investidor estrangeiro. É um conceito econômico-financeiro que diz respeito à possibilidade de que mudanças no ambiente de negócios de um determinado país impacte negativamente o valor dos ativos de indivíduos ou empresas estrangeiras naquele país, bem como os lucros, dividendos ou royalties que esperam obter dos investimentos que lá fizeram. Por meio da análise das finanças de governos e empresas, as agências produzem classificações ou ratings, que indicam a segurança oferecida pelo governo e pelas empresas de cada país aos investidores estrangeiros que aplicam seu dinheiro em títulos da dívida daqueles governos e empresas. Essas agências se dedicam à análise do risco-país associado a investimentos em ativos financeiros, tais como títulos e ações. Rating - Um rating é uma nota que as agências internacionais de classificação de risco de crédito atribuem a um emissor (país, empresa, banco) de acordo com sua capacidade de pagar uma dívida. Serve para que investidores saibam o grau de risco dos títulos de dívida que estão adquirindo. Assim, a visão do mercado financeiro sobre um determinado país pode ser expressa através da nota da sua dívida externa. Quando um país tem um bom desempenho, sua nota melhora. Mas quando aumenta o risco desse país não pagar as suas dívidas, sua nota piora. Em geral, são três grandes níveis: grau de investimento (país seguro de investir), grau especulativo (risco de inadimplência) e default (quando o país declara moratória). As principais agências no mundo são a Standard & Poor’s (S&P), a Fitch e a Moody’s, que levam em conta indicadores como gastos do governo, dívida externa e política monetária. Resumo Geral das Opiniões Refletidas pelos Ratings da Standard & Poor’s. ‘AAA’— Capacidade extremamente forte para honrar compromissos financeiros. Rating mais alto. ‘AA’— Capacidade muito forte para honrar compromissos financeiros. ‘A’— Forte capacidade para honrar compromissos financeiros, porém é de alguma forma suscetível a condições econômicas adversas e a mudanças circunstanciais. ‘BBB’— Capacidade adequada para honrar compromissos financeiros, porém mais sujeito a condições econômicas adversas. ‘BBB-‘— Considerado o nível mais baixo da categoria de grau de investimento pelos participantes do mercado.
  • 20. ‘BB+’— Considerado o nível mais alto da categoria de grau especulativo pelos participantes do mercado. ‘BB’— Menos vulnerável no curto prazo, porém enfrenta atualmente grande suscetibilidade a condições adversas de negócios, financeiras e econômicas. ‘B’— Mais vulnerável a condições adversas de negócios, financeiras e econômicas, porém atualmente apresenta capacidade para honrar compromissos financeiros. ‘CCC’— Atualmente vulnerável e dependente de condições favoráveis de negócios, financeiras e econômicas para honrar seus compromissos financeiros. ‘CC’— Atualmente fortemente vulnerável. ‘C’— Um pedido de falência foi registrado ou ação similar impetrada, porém os pagamentos das obrigações financeiras continuam sendo realizados. ‘D’— Inadimplente em seus compromissos financeiros. Essas notas influenciam decisões de investimentos no mercado internacional e a tendência é que, ao receber uma boa classificação, o país atraia mais recursos estrangeiros. Além disso, cai o custo do governo e até mesmo das empresas privadas para captar recursos no exterior, custo do capital. Este por sua vez é usado para descontar a riqueza que será gerada por cada empresa. Quanto menor o custo do capital maior o valor da empresa.
  • 21. Contudo, observa-se, no entanto, que as notas atribuídas aos países possuem uma grande correlação com o Índice de Percepção da Corrupção, além do risco regulatório. Isto significa dizer que países mais corruptos geralmente são aqueles que recebem as piores notas. De uma maneira geral, o Brasil não é bem visto pelas agências de rating em razão de ter passado por diversas crises econômicas e ser o país mais endividado dentre os países de igual porte no mundo, especialmente em relação à perspectiva dos gastos públicos, quando as medidas do governo sinalizam para o seu aumento ao longo dos anos. Ter o governo como sócio acaba por aumentar o risco e as incertezas futuras, o que geralmente não traz bons resultados para os acionistas. Além disso, as interferências governamentais nas gerências das empresas e a ampla participação do Estado em seus capitais sociais geram receios para os investidores estrangeiros, o que por sua vez acaba depreciando o valor de mercado e as avaliações destas empresas. Esse cenário acaba impactando negativamente a avaliação das empresas brasileiras, principalmente sobre o risco percebido nos negócios. Num modelo como o fluxo de caixa descontado isto significa uma maior taxa de desconto. Maior taxa de desconto, por sua vez, implica em menores valores de empresas. “Quando alguém vê o vizinho ficando mais rico começa a evolução natural da bolha. Bastam três coisas para a sua formação: os investidores, os imitadores e os idiotas”. Warren Buffett Taxa SELIC (Sistema Especial de Liquidação e de Custódia) - É a taxa básica de juros da economia brasileira, índice pelo qual as taxas de juros cobradas pelos bancos no Brasil se balizam. O Comitê de Política Monetária do Banco Central do Brasil (COPOM) fixa periodicamente a meta para a Taxa SELIC para fins de Política Monetária. Também chamada simplesmente de “taxa básica”, reflete o custo do dinheiro para empréstimos bancários, com base na remuneração dos títulos públicos. A taxa de juros exerce um papel importantíssimo nos ciclos dos negócios e no mercado financeiro. Quando ocorre uma mudança na taxa, ou na expectativa a seu respeito, os efeitos têm um grande alcance no cenário econômico. Quando a taxa de juros sobe os consumidores gastam menos, o que diminui as vendas do varejo, levando a uma redução nos lucros dessas empresas e, consequentemente, um aumento do desemprego e desvalorização
  • 22. dessas ações no mercado. A alta na taxa de juros atrai capital de curto prazo que gera superávit no saldo da balança comercial, reduzindo a inflação, em teoria. Contudo, qualquer ameaça especulativa pode fazer com que esse capital seja retirado do país, provocando novos déficits e, caso o país não tenha reservas terá que desvalorizar o seu câmbio, favorecendo as suas exportações e inibindo as importações. No mercado de capitais, o aumento na taxa de juros gera uma fuga de capital para investimentos de títulos públicos e de renda fixa, os quais se tornam mais atraentes dado o aumento na sua rentabilidade. Assim, historicamente o aumento nos juros tende a ser ruim para o mercado de capitais, enquanto que a redução nos juros tende a ser positivo para o mercado, pois o investimento em renda fixa se torna menos atrativo, e parte desse capital tende a ser direcionado para a renda variável. O termo crowding out identifica na literatura econômica o processo em que a dívida pública (mercado de títulos públicos) toma o espaço do mercado de debêntures (títulos privados) e de ações. O Governo, para colocar sua dívida no mercado, é obrigado a elevar os juros e os investidores passam a preferir esses papéis em detrimento do mercado de capitais. Taxa DI – Os bancos operam entre si (tomando ou doando recursos monetários) no mercado interbancário, ou interfinanceiro, através de operações lastreadas em Certificado de Depósito Interfinanceiro (CDI), permitindo que se estabeleça certo equilíbrio entre eles. Taxa de Câmbio – É uma relação entre moedas de dois países que resulta no preço de uma delas medido em relação à outra. Exprime a quantidade de moeda nacional necessária para comprar uma unidade de moeda estrangeira. Além de expressar quantitativamente a condição de troca entre duas moedas, a taxa de câmbio expressa as relações de troca entre dois países. O câmbio é uma das variáveis macroeconômicas mais importantes, sobretudo para as relações comerciais e financeiras de um país com o conjunto dos demais países. Com a desvalorização da moeda nacional a taxa de câmbio aumenta. O país gastará mais moeda nas importações, teoricamente desestimulando-as. Assim, verifica-se que com a desvalorização do câmbio as importações tendem a diminuir. Por outro lado, os outros países preferirão comprar produtos deste país, pois ficaram mais baratos em relação às suas moedas, o que teoricamente estimula as exportações, aumentando-as.
  • 23. O oposto ocorre com a valorização da moeda nacional. As importações tendem a aumentar em razão do aumento de poder aquisitivo da moeda local. Consequentemente as exportações tendem a diminuir, pois os produtos nacionais se tornam mais caros frente à divisa estrangeira. “O dinheiro não é tudo, mas sem ele você não terá nada!” Capital e Valor Balança comercial - É um termo econômico que representa as importações e exportações de bens entre os países. Quando as exportações são maiores que as importações registra-se um superávit na balança, e quando as importações são maiores que as exportações registra-se um déficit. Este é um dos indicadores econômicos mais importantes. Seu valor pode desencadear mudanças duradouras na política externa e monetária. Nos Estados Unidos esse indicador se chama International Trade. Assim, dizemos que a balança comercial de um determinado país está favorável, quando este exporta (vende para outros países) mais do que importa (compra de outros países). Quando o total de exportações de bens e serviços for superior ao total de importações, registra-se um superávit no saldo da balança comercial. O que é um fator positivo na economia de um país, pois o resultado positivo da balança comercial gera um lucro que pode ser utilizado para investir no próprio sistema econômico do país. Do contrário, dizemos que a balança comercial é negativa ou desfavorável. O déficit da balança comercial é um fator negativo na economia de um país, já que mostra que o mesmo está exportando (vendendo) menos bens e serviços do que está importando (comprando). O resultado negativo da balança comercial gera um prejuízo que deve ser coberto pelas reservas financeiras do país. Produção Industrial – O indicador varia de zero a cem pontos, sendo que valores abaixo de 50 representam queda na produção em relação ao mês anterior. É quase impossível imaginar o desenvolvimento de um país sem uma indústria forte, ampla e diversificada. Dentre todos os setores produtivos, a indústria é o que exerce maior impacto no crescimento do produto agregado. Nos Estados Unidos esse indicador se chama ISM (Manufacturing Index). A produção industrial brasileira se caracteriza hoje por ainda ser relativamente diversificada, porém imatura no sentido de estar se especializando em setores intensivos em recursos naturais e com pouco avanço em direção ao fortalecimento de cadeias produtivas com produtos de
  • 24. maior conteúdo tecnológico. Isto sugere que, se esta tendência não for revertida, a contribuição da indústria para o crescimento da economia deve, inevitavelmente, se reduzir no futuro próximo, reduzindo o potencial de crescimento da economia como um todo. O crescimento da produção industrial é particularmente importante porque, em geral, sinaliza tendência positiva dos demais setores da economia (comércio e serviços). Já o crescimento das vendas do comércio nem sempre reflete em aumento das vendas da indústria, pois os comerciantes podem estar aproveitando para desovar antigos produtos. O aumento da sua produção é o ponto de partida para uma cadeia de eventos que, geralmente, tem impacto positivo sobre o crescimento da economia. Índice de Preços ao Produtor IPP - Seu âmbito inicial são as indústrias de transformação. Tem como principal objetivo mensurar a mudança média dos preços de venda recebidos pelos produtores domésticos de bens e serviços, bem como sua evolução ao longo do tempo, sinalizando as tendências inflacionárias de curto prazo no País. Constitui, assim, um indicador essencial para o acompanhamento macroeconômico e, por conseguinte, um valioso instrumento analítico para tomadores de decisão, públicos ou privados. Nos Estados Unidos esse indicador se chama PPI (Producer Price Index). O IPP investiga, em 1 400 empresas, os preços recebidos pelo produtor, isentos de impostos, tarifas e fretes e definidos segundo as práticas comerciais mais usuais. Os produtos coletados são especificados em detalhe (aspectos físicos e de transação), garantindo, assim, que sejam comparados produtos homogêneos ao longo do tempo. Com isso, coletam-se cerca de 5 000 preços mensalmente. Índice de Preços ao Produtor Amplo - Registra variações de preços de produtos agropecuários e industriais nas transações interempresariais, isto é, nos estágios de comercialização anteriores ao consumo final. O IPA tornou-se cada vez mais um índice de preços de venda de produtos em nível de produtor nos setores agropecuário e industrial. Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil - Efetua a produção de custos e índices da construção civil, a partir do levantamento mensal de preços de materiais e salários pagos na construção civil, para o setor habitação. Tem como unidade de coleta os fornecedores de materiais de construção e empresas construtoras do setor. INCC - O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) é o principal indicador de custo da construção civil no Brasil. O índice mede a evolução
  • 25. dos custos de construções habitacionais nas dezoito principais capitais de estados do país. “Numa empresa em dificuldades tão logo um problema é resolvido outro vem à tona – nunca existe só uma barata na cozinha.” Warren Buffett Sondagens de confiança – As sondagens de tendência são levantamentos estatísticos que geram informações usadas no monitoramento da situação corrente e na antecipação de eventos futuros da economia. Por produzirem sinalizações de tendência econômica com muita rapidez, geralmente no próprio mês da coleta de dados, são amplamente utilizadas mundialmente como indicadores antecedentes de atividade econômica, ferramentas indispensáveis a empresários, governos e entidades de classe na análise de conjuntura e tomada de decisões. As informações obtidas por meio das sondagens permitem análises empresariais e concorrenciais, contribuem para o aperfeiçoamento do planejamento de nível de produção, ao acompanhamento dos movimentos de absorção e liberação de mão-de-obra nos diferentes segmentos da economia, ao conhecimento dos planos de investimento do setor produtivo nacional ou de setores específicos, e à projeção da evolução de preços setoriais. Índice de Confiança da Indústria - É um indicador antecedente utilizado para identificar mudança de tendência na produção industrial, ou seja, para auxiliar na previsão do produto industrial e, por conseguinte, do PIB. Empresários confiantes tendem a aumentar o investimento e a produção para atender o esperado crescimento na demanda. A Sondagem da Indústria oferece avaliações e expectativas deste setor para variáveis relevantes da atividade econômica como: • nível de demanda interna e externa; • nível de estoques; • nível de utilização da capacidade instalada; • expectativas em relação à produção, ao emprego e à situação dos negócios no futuro próximo; Permite comparar as expectativas da empresa com a média do setor; avaliar a situação do segmento; fornece indicações sobre o momento atual e tendências de curto prazo do setor industrial brasileiro, constituindo-se em subsídio para a tomada de decisões empresariais, análises econômicas nos meios acadêmicos e de consultoria e formulação de políticas econômicas pelo Governo. Nos Estados Unidos esse indicador se chama Purchasing Managers
  • 26. Index (PMI). O PMI é um índice composto e baseado nos cinco maiores indicadores que incluem: novos pedidos, níveis de inventários, produção, entregas de suprimento, e desenvolvimento do Emprego. Cada indicador tem um peso diferente e os dados são ajustados por fatores sazonais. Um índice PMI acima de 50 indica que a indústria de transformação está expandindo enquanto que abaixo de 50 significa que está contraindo. O relatório PMI é um indicador extremamente importante para os mercados financeiros assim como também é o melhor indicador de como está a produção nas fábricas. O índice é popular por detectar pressão inflacionária bem como anda a atividade econômica industrial. Philadelphia Fed Index (Business Outlook Survey) - A Pesquisa de Perspectiva de Negócios é uma pesquisa mensal de fábricas localizadas ao redor dos estados de Pensilvânia, Nova Jersey e Delaware. As companhias pesquisadas indicam a direção das mudanças em todas as suas atividades de negócios e nas várias medidas de atividade em seus parques fabris. É considerado um bom indicador de mudanças em tudo relacionado a emprego, preços gerais e condições dentro das indústrias de transformação. Aliás, este setor da indústria é considerado como o precursor das condições econômicas futuras e ele prepara o terreno em direção a uma recuperação econômica. Por exemplo, numa econômica fraca se a indústria de transformação começa a contratar há uma expectativa de que a economia começe a melhorar mais adiante. “Trabalhar duro por algo em que não se acredita chama-se estresse. Trabalhar duro por algo em que se acredita chama-se propósito”. Gastos de Consumo / Confiança do Consumidor - É uma pesquisa mensal que procura captar o sentimento do consumidor em relação ao estado geral da economia e de suas finanças pessoais. Quando o consumidor está satisfeito e otimista em relação ao futuro tende a gastar mais; quando está insatisfeito e pessimista gasta menos. A confiança do consumidor, portanto, atua como fator redutor ou indutor do crescimento econômico. O monitoramento do sentimento do consumidor tem o objetivo de produzir sinalizações de suas decisões de gastos e poupança futuras, constituindo indicadores úteis na antecipação dos rumos da economia no curto prazo. Nos Estados Unidos esse indicador se chama Consumer Confidence Index – CCI. O consumo torna-se possível pela renda pessoal e pela renda sem restrições. A decisão do consumidor de gastar ou poupar é psicológico por
  • 27. natureza. A confiança do consumidor também é medida como um indicador da propensão dos consumidores que possuem uma renda sem restrições para mudar da poupança para os gastos. A Sondagem das Expectativas do Consumidor produz indicadores sobre o monitoramento do sentimento do consumidor, tais como: • decisões de poupanças e gastos futuros; • sinalizadores dos rumos de curto prazo da economia; • avaliações e expectativas sobre a situação econômica local; • situação financeira da família, mercado de trabalho e intenção de compras de bens duráveis; O aumento das vendas do comércio é importante, não só porque pode permitir um aumento da produção de bens, mas também porque sinaliza que as pessoas estão com mais dinheiro no bolso para gastar. Em geral, quando isso acontece o setor de serviços também é beneficiado, o que impulsiona ainda mais o crescimento da economia. A ideia por trás do índice de confiança do consumidor é que quando a economia garante mais empregos, salários mais altos e taxas de juros mais baixas, aumenta a confiança e poder de consumo. Sendo o oposto também verdadeiro durante períodos de contração econômica, quando a confiança diminui. Índice de Confiança do Comércio - Tem como objetivo medir a percepção que os empresários do comércio têm sobre o nível atual e futuro de propensão a investir em curto e médio prazo. É um indicador antecedente de vendas do comércio, a partir do ponto de vista dos empresários comerciais, tornando-o uma ferramenta poderosa para o varejo, fabricantes, consultorias e instituições financeiras. O objetivo é detectar as tendências das ações empresárias do setor. A Sondagem do Comércio produz avaliações e expectativas deste setor para variáveis relevantes da atividade econômica, tais como: • observações nos últimos três meses em relação: vendas e emprego; • volume de demanda atual; • volume de compras atual; • crédito; • fatores limitativos; • expectativas em relação: vendas, emprego, compras, e tendência dos negócios no futuro próximo. Índice de Confiança da Construção - Mede a percepção dos empresários
  • 28. do setor sobre sua situação atual e as expectativas para os próximos meses. A pesquisa gera, mensalmente, um conjunto de informações usadas no monitoramento e antecipação de tendências econômicas da construção civil. Um incremento na atividade futura do setor de construção civil produz um efeito multiplicador, impulsionando outros setores da economia. A Sondagem da Construção produz avaliações e expectativas deste setor para variáveis relevantes da atividade econômica, tais como: • situação atual dos negócios; • evolução recente da atividade; • capacidade produtiva; • crédito; • fatores limitativos; • expectativas em relação: demanda, emprego, e tendência dos negócios no futuro próximo. “Trinta anos atrás, ninguém poderia ter previsto o imenso impacto da Guerra do Vietnã, de duas crises do petróleo, da renúncia de um presidente, da dissolução da União Soviética (…). Diferentes choques ocorrerão nos próximos 30 anos. Não tentaremos prevê-los, nem lucrar com eles.” Warren Buffett Dados da Construção Civil - O indicador de construção constitui em um grupo significativo incluído no cálculo do PIB dos Estados Unidos. Ainda, o mercado imobiliário tem sido o motor que avança a economia dos EUA para fora das recessões após a Segunda Guerra Mundial. Esses indicadores são classificados em três categorias principais: 1. Construções e alvarás de habitações, 2. Vendas de casas novas e existentes de uma só família, 3. Gastos com construção. Os indicadores de construção são cíclicos, muito sensíveis ao nível das taxas de juros (e, conseqüentemente, às taxas de hipoteca) e ao nível de renda disponível. No entanto, baixas taxas de juros por si só podem não ser capazes de gerar uma alta demanda por habitação. Housing Starts – Este indicador econômico rastreia quantas novas moradias ou edifícios são construídos durante todo o mês. É considerado como um indicador líder, isso significa que ele detecta tendências futuras na economia. Um declínio no índice mostra que a economia está lenta, enquanto que uma alta no índice de atividade de novas moradias pode empurrar a economia fora de uma situação de economia fraca. Levantamento Sistemático da Produção Agrícola IBGE – Obtém
  • 29. informações mensais sobre previsão e acompanhamento de safras agrícolas, com estimativas de produção, rendimento médio e áreas plantadas e colhidas, tendo como unidade de coleta os municípios. Compreende a estatística da Produção Agrícola mensal do país. Pesquisa Industrial Mensal Produção Física – Índices Especiais de Bens de Capital – O objetivo geral desse índice especial é, a partir de recortes específicos sobre a amostra de produtos da Pesquisa Industrial Mensal de Produção Física – PIM-PF, ampliar a capacidade de entendimento da evolução da atividade industrial no curto prazo. Neste caso, o objetivo é gerar índices mensais que informem sobre o movimento da produção de máquinas, equipamentos e peças, segundo o destino predominante desses bens. Com isso, busca-se identificar o comportamento do investimento segundo os setores demandantes. Os produtos foram agrupados sob a seguinte tipologia: Bens de Capital Para Fins Industriais (Seriados e Não-Seriados); Bens de Capital Agrícolas; Peças Agrícolas; Bens de Capital para Construção; Bens de Capital para o Setor de Energia Elétrica; Bens de Capital para Equipamentos de Transporte; e Bens de Capital de Uso Misto. Número de Pedidos à Indústria - Reflete as novas ordens de pedido às indústrias de bens duráveis, mostrando o uso da capacidade total do setor e o nível de aquecimento econômico. Os bens não duráveis incluem alimentos, vestuário, produtos industriais leves, e produtos desenvolvidos para a manutenção dos bens duráveis. Os Bens Duráveis consistem em produtos com vida útil maior do que três anos. Alguns exemplos são automóveis, eletroeletrônicos, móveis, joalheiros e brinquedos. Eles são divididos em quatro categorias principais: metais primários, maquinário, maquinário elétrico, e transporte. Nos Estados Unidos esse indicador se chama Durable Goods Orders. Volume de Vendas do Varejo - Mede o volume das vendas das lojas de varejo que comercializam tanto bens duráveis como não duráveis. Esse indicador mostra a tendência de consumo da população, influenciando nas estimativas futuras para a força da demanda do consumidor e a confiança na economia. Nos Estados Unidos esse indicador se chama Retail Sales. “Desde a aurora da civilização as pessoas não se dão por satisfeitas com a noção de que os eventos são desconectados e inexplicáveis. Sempre ansiamos por compreender a ordem subjacente do mundo”. Stephen Hawking
  • 30. Indicadores Líderes - Os indicadores líderes são compostos por indicadores que antecipam mudanças futuras na economia, por serem mais sensíveis, reagem mais rápido às mudanças em relação aos demais indicadores. São compostos pelos seguintes indicadores econômicos: • Semana de trabalho média de trabalhadores da manufatura. • Média semanal de entradas no seguro desemprego. • Novos pedidos por materiais e bens ao consumidor (ajustados para a inflação). • Desempenho de fornecedor. • Contratos e pedidos para fábricas e equipamentos (ajustados para a inflação). • Emissão de alvarás para novas construções. • Mudança nos pedidos não supridos de fabricantes, bens duráveis. • Mudança nos preços de materiais sensíveis. Indicadores de emprego – A taxa de emprego é um indicador econômico com importância em diversas áreas. Naturalmente, mede a solidez de uma economia e também é o indicador de uma economia desacelerada. Refere-se à mão de obra como fator de produção. Períodos de alto desempenho econômico obviamente reduzem o nível de desemprego e aumentam a confiança dos empresários. Essas variáveis, que representam a demanda do mercado de trabalho, são consideradas antecedentes ao nível da atividade econômica porque refletem as expectativas quanto à produção futura. É um aspecto importante a se lembrar, especialmente em tempos de recessão econômica, quando a política econômica foca-se na saúde e recuperação do setor de empregos. Neste contexto, o emprego é o último indicador econômico a se recuperar. Quando a contração econômica causa cortes de emprego, leva-se muito tempo para gerar confiança psicológica na recuperação da economia no nível gerencial até que novos empregos sejam gerados. Os relatórios de emprego são importantes para os mercados financeiros em geral, bem como para o mercado de câmbio em particular. No mercado de câmbio, os dados são realmente afetados em períodos de transação econômica — recuperação e contração. A razão para a importância dos indicadores em situações econômicas extremas se dá na imagem que projetam sobre a saúde da economia e no grau de maturação de um ciclo comercial. Um valor decrescente de desemprego sinaliza um ciclo de expansão econômica, enquanto que um valor crescente indica recessão. Nos Estados Unidos, o Employment Situation Report é um indicador
  • 31. mensal que se refere ao desemprego e aos novos empregos criados. O relatório diz a taxa de desemprego e a mudança na taxa de desemprego. A segunda parte do relatório contém informações como a média semanal de horas trabalhadas e a média de recebimentos por hora trabalhada. Esta média é importante para determinar a tensão no mercado de trabalho, a qual é a maior determinante de inflação. E, assim como os índices de inflação, este indicador é acompanhado de perto pelo mercado juntamente com o initial claims. “Eu seria um mendigo pedindo esmolas nas ruas com uma caneca na mão se os mercados fossem eficientes”. Warren Buffett A macroeconomia e a microeconomia estão intimamente ligadas, e como as mudanças na economia resultam das decisões de milhares de pessoas, é impossível entender os desdobramentos macroeconômicos sem considerar as decisões microeconômicas a eles associadas. O objetivo da análise econômica, além de fornecer subsídios para a análise dos ativos, é antecipar possíveis movimentos da economia do país antes que essa informação se torne um consenso para o mercado, ou seja, a análise deve possibilitar ao investidor se antecipar em relação ao restante do mercado, além de embasar a sua tomada de decisão. Em geral, quanto melhor for o desempenho da empresa e as suas características individuais (pontos fortes) e de seu ambiente (oportunidades), melhor ela irá superar condições macroeconômicas adversas (ameaças) e manejar as suas fraquezas. Estudos apresentados recentemente no The Wall Street Journal comprovam que em quase todos os 11 declínios econômicos dos Estados Unidos desde a Segunda Guerra Mundial, o Dow Jones atingiu seu ponto mais baixo da recessão e começou a subida seis meses antes do início da recuperação da economia. Geralmente, os investidores ficam ansiosos para comprar papéis antes da recuperação econômica porque quando eles sobem depois de uma recessão os ganhos são consideráveis, conforme fora percebido no período de 2009 a 2010, após a crise de 2008. Os mercados de capitais são mais do que simplesmente uma medida da expectativa do investidor. Eles são uma medida de confiança. Existem evidências de que a movimentação no mercado de capitais possui desempenho antecedente em relação à atividade econômica. Numa época em que a maior parte dos males da economia reside na crise de confiança, em que tanto os consumidores quanto os empresários estão tão inseguros quanto ao futuro que cortam ao máximo as despesas, uma alta no mercado de capitais é
  • 32. um importante sinal de que a maré pode estar começando a virar, sendo um importante estímulo de confiança na economia. O investidor pode buscar antecipar a tendência de crise monitorando os sinais identificados na conjuntura dos indicadores econômicos como oferta monetária (e crédito) com taxas de crescimento estagnadas ou em queda, curva de juros invertida, aceleração nos índices de preços ao consumidor, aumento generalizado dos custos, principalmente nas empresas mais afastadas do consumo final. Dessa maneira ele tentará direcionar os seus investimentos para setores que, em tese, serão menos afetados, ou mesmo, que se beneficiarão neste cenário. Os mercados acionários, em tese, seguem os indicadores econômicos e as notícias das empresas que compõem os principais benchmarks; na teoria. Contudo, a prática mostra que as bolsas têm seus meios de contrariar a lógica, se movendo em sentido contrário ao dos fundamentos econômicos e corporativos. A maior parte das informações financeiras disponíveis dá ênfase nas opiniões e na tendência de curto prazo, na reação do mercado às notícias e à popularidade de determinada empresa. Investidores veteranos estão mais focados para o longo prazo, exatamente onde a análise fundamentalista tem maior valor. Investem embasados por resultados e fundamentos, com consciência e razão, ao invés de seguirem impulsos e o imediatismo. Investir no longo prazo é em muitos aspectos uma atitude mais madura e responsável. “Se você quiser especular faça com os olhos abertos, sabendo que provavelmente você irá perder dinheiro no final; lembre-se de limitar a quantidade de dinheiro em risco e separe-a completamente da sua estratégia de investimento de longo prazo”. Benjamim Graham Corretoras, bancos e a mídia em geral dão muita ênfase no day trade e na ilusão do enriquecimento rápido. Estimulam diversas estratégias de operação, algumas sem a menor coerência e que acabam tendo baixa rentabilidade. Estratégias mais conservadoras de buy and hold e reinvestimento de dividendos parecem desinteressantes diante desse enfoque. O investidor Warren Buffett sempre defendeu que mais importante do que fazer previsões econômicas, as quais muitas vezes sequer se realizam, é investir em ações de empresas que vem apresentando resultados positivos consecutivos ao longo dos anos, seja durante períodos de bonança econômica ou de crise. Portanto, é preciso avaliar o mérito das informações e opiniões em relação aos fundamentos, confirmando-as ou não. Caso contrário, estará investindo a
  • 33. partir de idéias preconcebidas, seguindo a mentalidade da massa ou dicas que não possuem fundamento algum, e que no longo prazo geram mais perdas do que ganhos. Investidores que buscam retorno rápido operando no curto prazo ficam mais focados no jogo de compra e de venda do que na formação de uma carteira de investimento composta por ações de empresas que vêm apresentando bons fundamentos ao longo dos anos. Muitos dos que estudam os fundamentos e indicadores econômicos acreditam de certa forma que o mercado possa ser previsível. As pessoas querem acreditar que através de um extenso estudo dos fundamentos poderão prever os valores futuros das ações de uma empresa com tal precisão que sempre ganharão dinheiro. Esse tipo de crença, apesar do correto desejo de minimizar o risco, retira a capacidade de julgamento. O grande propósito da análise fundamentalista não é lhe fornecer informações privilegiadas ou algo do tipo, mas lhe ajudar a direcionar seus esforços na direção certa, a desenvolver a sua perspicácia e confirmar as suas crenças e, dessa maneira, dar suporte para a sua tomada de decisão. É importante frisar que os fundamentos, apesar de estarem sólidos, podem ser deixados de lado pelo mercado, que de uma hora para outra pode mudar a direção dos preços. Mesmo que uma empresa apresente uma excelente performance histórica e possua ótimos fundamentos, o mercado pode entrar numa tendência de baixa em razão de algum acontecimento, ou mesmo, porque os preços estão supervalorizados e é conveniente para os investidores institucionais realizarem o lucro. A análise fundamentalista feita na empresa pode estar correta e coerente à realidade, mas ainda assim o preço de suas ações pode cair. Esse é o risco do mercado e, conforme dito anteriormente, o sucesso está em controlar o risco e gerenciar o seu capital. “O tempo é utilizado de maneira mais sábia quando se busca comprar ações de empresas cujos negócios geram lucro em qualquer conjuntura econômica do que fazendo trades no curto prazo em ações de empresas que se beneficiarão apenas caso as suas suposições econômicas se concretizarem”. Warren Buffett
  • 34. Análise Setorial e Tendências de Mercado Um setor é caracterizado por agrupar empresas que possuem uma estrutura produtiva semelhante ou que oferecem bens e serviços similares. Quanto melhor for conhecido o ambiente de atuação da empresa, melhor ela poderá ser avaliada. Portanto, é imprescindível que o investidor realize um estudo macroeconômico, onde devem ser levados em conta os elementos conjunturais que servem como pano de fundo para a performance da empresa analisada, considerando que ela é parte de um contexto maior de atividades integradas e que interagem com cadeias produtivas, arranjos concorrenciais, dentre outros condicionamentos setoriais. O segundo passo é a avaliação do setor no qual a companhia se insere. Suas potencialidades, estatísticas de evolução dos últimos anos, comparações com outros países, condições de concorrência, barreiras protecionistas internas ou externas, facilidade de obtenção dos insumos de produção, formação de preços e tudo mais que possa interferir nas condições normais de atividade do setor, fornecendo informações e identificando tendências que possam impactar os resultados do seu negócio. A análise setorial consiste em correlacionar o desempenho da indústria com o desempenho da economia, isto é, identificar a tendência macroeconômica e sua relação com o setor econômico. Avalia-se o tamanho e representatividade do setor, as barreiras de entrada e de saída, a concorrência e o nível de competição, o efeito da regulação do governo, os impactos tecnológicos e estruturais, o seu faturamento, a sua tendência de crescimento e os principais fatores que a influenciam, bem como o seu histórico e a sua variabilidade ao longo dos anos e, principalmente, a expectativa do mercado em relação ao seu futuro. E por fim, correlacionar o desempenho da empresa com o desempenho do setor. Este tipo de análise comparativa tem resultados bastante fidedignos, pois as empresas atuam num mesmo setor e, provavelmente, atendem ao
  • 35. mesmo público e estão submetidas da mesma forma às mesmas variáveis e influências internas e externas. Assim, pode-se para determinar o posicionamento e o potencial de desenvolvimento de uma empresa em relação ao seu setor de atuação. Para isso, são analisados fatores conhecidos como forças competitivas, tais como o nível de concorrência, a ameaça de novos entrantes ou de produtos substitutos e o poder de barganha dos consumidores e fornecedores. Essas forças permitem identificar se existem mais oportunidades ou ameaças para a empresa, procurando quantificá-las sob a forma de premissas para a realização de projeções quanto à: preços praticados, estrutura de demanda, estrutura de oferta, estrutura mercadológica, concorrência, fornecimento, tecnologia empregada e qualidade da mão de obra. Isso permite ao investidor conhecer o contexto econômico em que a empresa está atuando e, principalmente, as suas concorrentes, possibilitando-o avaliar as oportunidades e as fraquezas e identificar tendências que possam impactar nos negócios do setor, bem como os indicadores macroeconômicos que o influenciam diretamente. Fornece informações que permitirão identificar fatores de risco e oportunidades de investimentos, além da avaliação do desempenho dessas empresas, servindo de base para a análise microeconômica e para estimativa de projeções e de cenários futuros. A mensuração da estratégia competitiva da empresa e dos os principais direcionadores do seu setor também facilita avaliar se seus resultados atuais são sustentáveis. “Grandes oportunidades de investimentos surgem quando empresas excelentes estão cercadas de circunstâncias incomuns que fazem com que suas ações sejam subvalorizadas.” Warren Buffett Suponha que as perspectivas de um determinado setor de atividade econômica sejam bastante promissoras, neste caso a análise comparativa entre as empresas deste setor poderia determinar a decisão sobre em qual das empresas investir. A análise setorial ajuda o investidor a entender melhor a dinâmica da economia e o impacto dos indicadores macroeconômicos, das commodities e das influências econômicas de outros países nas atividades das empresas, mostrando-se uma importante análise para auxiliar o processo de tomada de decisão. O ciclo econômico é formado por um padrão recorrente de recessões e de recuperações da economia, em que os diferentes setores são afetados de maneiras diferentes.
  • 36. É importante identificar e saber separar o risco que afeta temporariamente o preço de uma ação, dos riscos inerentes ao gerenciamento e à operação do negócio. Os riscos que afetam os negócios podem ser permanentes. E neste caso, mesmo com prejuízos, a venda das ações pode ser a única alternativa. Assim, reconhecer a sensibilidade do setor é crucial para a realização da análise, uma vez que cada um pode reagir de maneiras diferentes, o que irá interferir na definição de uma previsão adequada para o setor analisado. Para se determinar isso, são analisados fatores como os impactos sobre o lucro nos diferentes ciclos econômicos, os impactos sobre as vendas, a alavancagem operacional e alavancagem financeira. Cada setor da economia tem a sua própria dinâmica e responde de maneira diferente às variações no cenário macroeconômico e político. Assim, torna-se imprescindível que o investidor conheça as tendências para a oferta e para a demanda no segmento de atuação da empresa em que pretende investir, para os mercados consumidores de seus produtos e serviços e para os setores aos quais pertencem seus principais fornecedores e a tendência dos preços dos principais insumos que afetam a sua margem de lucro. Existem vários exemplos de produtos e serviços maravilhosos feitos por empresas que têm um péssimo negócio, em que todo ou quase todo o valor é revertido para o consumidor e pouco ou nada é auferido pelo o produtor. A análise setorial ajudar a compreender como as variações nos indicadores macroeconômicos irão influenciar um determinado setor da economia e, principalmente, uma determinada empresa. A desvalorização cambial, por exemplo, tende a ser favorável para os setores e as empresas cuja maior parte de suas receitas provenham das exportações. A forma como a macroeconomia afeta uma determinada empresa ou um setor tende a influenciar diretamente nas cotações, havendo grande correlação entre as variações nos indicadores econômicos que beneficiam o resultado da empresa e as variações no preço de suas ações. “No momento em que todas as pessoas acreditarem em algo a oportunidade já haverá passado”. Michael C. Thomsett A análise por múltiplos também deve ser aplicada à analise setorial. Apesar de ser mais trabalhosa, visto que é necessário calcular os índices de todas as empresas que compõe o setor para então calcular as suas médias setorias, estas servirão como importantes benchmarks para avaliar e comparar a performance, o risco e o valor tanto do próprio setor como das empresas que o compõe. Servirão também como parâmetro de comparação com os demais
  • 37. setores. Assim, o investidor buscará dentre os diferentes setores aqueles que veem apresentando as melhores performances e os menores riscos de acordo com os valores e as tendências dos seus indicadores de rentabilidade, liquidez e endividamento. Tendo selecionado os melhores setores de acordo com a sua avaliação, o investidor irá selecionar dentre as empresas que compõe o setor aquelas que vem apresentando performances acima da média e riscos abaixo da média. A partir daí, através dos Índices de preço (P/L, PSR, VPA, P/VPA, EV/EBITDA) e da analise dos preços de mercado através da análise técnica, o investidor irá avaliar o melhor momento para investir nessas empresas, de forma a evitar a compra em momentos em que essas empresas estiverem sobreavaliadas pelo mercado e ao mesmo tempo acompanhar a evolução desses indicadores de forma a identificar oportunidades que venham a surgir. Seguindo essa mesma lógica, as médias dos indicadores do mercado, ou seja, as médias da bolsa de valores como um todo, servem como benchmark para avaliar e comparar as rentabilidades, os riscos e os valores tanto das empresas quanto dos setores em relação ao mercado como um todo. Logo, as médias dos indicadores de rentabilidade, de liquidez, de endividamento e de preço setoriais e do mercado irão complementar a análise dos indicadores macroeconômicos e setoriais, o que além de agregar valor à análise do investidor possibilita a avaliação e a comparação. “Se você acha que a instrução é cara, experimente a ignorância.” Derek Bok Os setores econômicos apresentam diferentes características, dependendo dos objetivos das empresas que os integram e do estágio de desenvolvimento em que elas se encontram. É preciso estar atento para as variáveis setoriais, eventos que afetam especificamente o setor de atividades em que a empresa atua. Por exemplo, um aumento no preço internacional da celulose afeta positivamente as ações do setor (aumento de receitas e lucro potencial). Outras variáveis são possíveis inovações tecnológicas (por exemplo, um processo produtivo mais eficiente), mudanças nos preços de matérias primas, mudança no perfil dos concorrentes internacionais, mudanças na legislação que afetem a venda para outros países. Podemos classificar os setores econômicos em diversas categorias: • Exportadoras - As empresas exportadoras se caracterizam por ter uma forte receita em moeda estrangeira. Por isso, investimento em ações de empresas exportadoras é particularmente interessante em cenários de
  • 38. desvalorização cambial ou de recessão no mercado interno. Por terem sua receita relacionada com a cotação de uma moeda estrangeira, essas ações são consideradas um hedge (proteção) contra a alta dessa moeda. Mas cuidado, pois as receitas de empresas exportadoras também dependem da demanda externa para os seus produtos, bem como dos preços de seus produtos no mercado internacional, não apenas da cotação da moeda estrangeira. Podemos citar como exemplo o setor de mineração, que se beneficia com a desvalorização cambial, em razão da maior parte da receita provir das exportações, e também com o aumento da demanda de países como a China. PAUTA DE EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS – 2013 • Importadoras – Assim como as empresas exportadoras, as empresas importadoras apresentam grande exposição ao câmbio, porém, de maneira inversa. Essas empresas se beneficiam durante momentos de valorização cambial, pois se torna mais barato importar. A desvalorização cambial, por outro lado, desfavorece as importações e favorece as exportações. Neste caso, a indústria nacional ganha competitividade e a tendência é que as ações das empresas exportadoras se valorizem, desde que não tenham dívidas elevadas em divisa estrangeira. PAUTA DE IMPORTAÇÕES BRASILEIRAS – 2013
  • 39. “O sucesso é ter o que você deseja, e a felicidade é desejar o que você já tem”. Warren Buffett • Bens de capital – São bens usados na produção de outros bens, especialmente bens de consumo, embora não sejam diretamente incorporados ao produto final. São as máquinas, equipamentos e instalações de uma indústria, veículos e material de transporte. Alguns autores consideram bem de capital como sinônimo de bem de produção. A indústria de bens de capital é dividida em 2 segmentos: – Bens seriados – São produzidos em larga escala, de forma padronizada. Representam 80% do mercado de bens de capital. Sua produção é feita a partir de projetos padronizados, em lotes médios ou grandes. A fabricação desses equipamentos se dá no curto prazo. Vale destacar que este segmento é um dos primeiros a ser afetado por crises econômicas e também um dos últimos a reagir com a retomada da atividade da economia. – Bens sob encomenda – A produção é realizada a partir de projetos específicos para determinadas unidades produtivas ou também a partir de projetos padronizados de produtos cuja fabricação é sob encomenda. Este segmento opera com carteira de pedidos de médio e longo prazo, o que lhe confere alguma margem de manobra para enfrentar mudanças no ritmo de crescimento da economia. Possuem características próprias, por isso dependem de tecnologia.
  • 40. – Sazonalidade: A indústria de bens de capital apresenta um volume maior de produção e de vendas entre março e novembro, apresentando redução de dezembro até fevereiro. Um estudo da Brasscom indicava um hiato de 115 mil profissionais em 2012, e outro da Softex previa uma demanda de 280 mil profissionais superior à oferta disponível em 2020. Muita burocracia legal e carga fiscal elevada tornam o Brasil pouco competitivo como plataforma de exportação. Há um fraco ambiente de financiamento à inovação, o que pode ser explicado em parte pelas taxas básicas de juros elevadas no Brasil. E, por fim, há comparativamente um baixo grau de empreendedorismo; a cultura de abrir o seu próprio negócio ainda não é tão forte no Brasil como a de prosperar como funcionário dentro de uma grande empresa. Mas também, para parte da indústria, as exportações representam parcela significativa de sua receita, como no caso de carnes, suco de laranja, açúcar e das esmagadoras de soja. A participação das importações no mercado interno é pequena e restrita a alguns segmentos. Historicamente a competitividade da indústria brasileira baseou-se nos setores produtores de commodities, que operam com grandes escalas de produção, são intensivos em mão de obra e energia e recursos naturais com baixa transformação industrial. A análise do comportamento da indústria no período recente revela um aprofundamento da estrutura industrial e do padrão de especialização vigente desde a década de 1970. Em todos os complexos industriais mais sofisticados, com grau mais elevado de agregação de valor e maior dinamismo tecnológico, verificou-se um eventual retrocesso, caracterizando o período como uma etapa de especialização regressiva da indústria brasileira. o país se mantém, ao longo dos anos, deficitário em produtos com elevado grau tecnológico, o que corrobora o argumento da especialização de nossa indústria. A indústria de bens de capital se concentrou na produção de bens de menor conteúdo tecnológico, ao passo que os produtos mais sofisticados eram importados e, para tal, contavam com diversos estímulos fiscais e cambiais. Os principais custos de produção do segmento de máquinas e equipamentos são matérias-primas (50% do total) e mão-de-obra (30%). Em sua maioria, os insumos de produção são produtos transformados do aço, alumínio e outros minerais metálicos, além de componentes eletrônicos, plásticos e borracha. Os principais fornecedores encontram-se no mercado interno, entre eles: siderurgia e metalurgia, indústria de plásticos, energia elétrica e combustíveis. O principal fornecedor externo é do segmento de componentes eletrônicos e