Este documento apresenta os princípios da análise fundamentalista de investimentos. A análise fundamentalista avalia a saúde financeira das empresas por meio da análise de seus balanços, demonstrativos de resultados e indicadores financeiros, bem como do setor econômico e ambiente macroeconômico em que atuam, para estabelecer previsões sobre seu desempenho futuro. O documento explica como interpretar os dados financeiros das empresas para tomar decisões de investimento baseadas nos fundamentos econômicos.
Analise fundamentalista de empresas helio santiago-1-40
1.
2. Prefácio
Para muitas pessoas os movimentos de alta e de baixa no mercado são
misteriosos, sendo bastante influenciados por notícias, muitas vezes
ocorrendo quando menos esperado. Mas a verdade é que o mercado não é tão
difícil de ser entendido e acompanhado. É preciso apenas compreender a
psicologia, as estratégias e a lógica envolvida neste complexo “jogo”.
O mercado recompensa através de várias estratégias e possibilidades de
negócios quando encarado com maturidade e bom senso. É uma atividade
lucrativa e um desafio intelectual para aqueles que têm sucesso em gerenciar
os riscos da renda variável e a disciplina para fazer o que deve ser feito de
forma sistemática. Assim como em muitas situações da vida, persistência,
paciência, confiança, competência, e acima de tudo, estar disposto a pagar o
preço, trarão o resultado desejado.
Nossa intenção ao escrever o conteúdo do Capital e Valor foi explicar o
mercado de capitais e as estratégias de operações, bem como demonstrar os
principais mecanismos para sua análise, desde uma perspectiva focada para
investidores de longo prazo até estratégias para especuladores, fornecendo
informações e mecanismos para que o investidor se torne auto-suficiente e
conquiste sua independência financeira, pois para ganhar no mercado não se
deve depender de ninguém.
“Muitos querem aquilo que você tem hoje, mas quando souberem o
preço que você pagou por isso irão desistir”.
João C. Filho
O conteúdo do Capital e Valor visa orientar o desenvolvimento de uma
metodologia objetiva para operar e analisar o mercado de forma consciente,
demonstrando as diferentes estratégias para momentos de alta e de baixa,
incluindo técnicas de gerenciamento de risco e de proteção de capital. Não é
um método milagroso de enriquecimento, tão pouco dicas de investimentos,
mas uma visão realista sobre o mercado financeiro, embasada por
3. informações de qualidade para investidores conscientes e racionais, cujo
objetivo é lhe auxiliar a desenvolver o seu potencial de investir bem o seu
dinheiro e a garantir a sua prosperidade.
Através de uma linguagem simples e exemplos práticos o Capital e Valor
apresenta informações e estudos para orientar e inserir o investidor no
mercado financeiro. O conteúdo aborda as diversas estratégias operacionais,
avaliando a relação entre risco e rentabilidade, bem como as técnicas de
análise do mercado. Através de conhecimento e informações de qualidade
você transformará a maneira como lida com o dinheiro e, principalmente, a
forma como investe o seu patrimônio.
Mais do que nunca o mercado de capitais está cada vez mais popularizado
no Brasil e acessível para os investidores, sendo fundamental para a
consolidação de uma cultura de poupança de longo prazo no país. Todo
investimento deve ser encarado como um compromisso por quem o faz. Isso
significa dedicar tempo para estudar, para acompanhá-lo e, principalmente,
para avaliá-lo. Não tenha dúvida de que no longo prazo o retorno de seus
investimentos será diretamente proporcional ao seu comprometimento aos
mesmos.
Com o passar do tempo as experiências no mercado acabam por revelar
muito de nós mesmos, sendo uma atividade em que além do crescimento
financeiro ocorre o crescimento como indivíduo. Temos então dois objetivos,
fazer dinheiro e aprender. Perdendo ou ganhando é preciso tirar algum
conhecimento dessas operações com o intuito de tornarmo-nos melhores
investidores no futuro. O mercado nos testa constantemente, em cada situação
existe uma profunda sabedoria a ser descoberta. Aceite o que o mercado lhe
dá com humildade e bom humor, tenha prazer em aprender.
Este conteúdo é dedicado a todos aqueles que tiveram a iniciativa e a
coragem de buscar seu sucesso investindo no mercado de capitais. Lhe
desejamos bons investimentos e sucesso!
“Quando eu era jovem pensava que o dinheiro era a coisa mais
importante do mundo. Hoje, tenho certeza.”
Oscar Wilde
4. Apresentação do Capital e Valor
O Capital e Valor através de uma linguagem simples e exemplos
práticos apresenta informações e estudos para orientar e inserir o investidor
no mercado financeiro. O conteúdo é direcionado a todos que necessitem de
educação financeira para se manterem atualizados, seja para fins pessoais ou
profissionais, no intuito de que seus objetivos sejam atingidos por meio do
conhecimento e da permanente inovação, promovendo o desenvolvimento de
seus próprios métodos e estratégias de investimento e a prosperidade
financeira. Embasado pelo conteúdo do Capital e Valor o investidor tomará
decisões mais conscientes e responsáveis, aproveitando melhor as
oportunidades de investimento, reduzindo as incertezas, administrando
melhor os riscos e maximizando os resultados dos seus investimentos.
Por não estar vinculado a nenhum banco, corretora ou qualquer instituição
financeira, as informações e as ferramentas disponibilizadas pelo Capital e
Valor possuem total independência em defesa dos interesses do investidor.
Através de uma visão realista sobre o mercado financeiro, nosso conteúdo
aborda as diversas estratégias operacionais, avaliando a relação entre risco e
rentabilidade, bem como as técnicas de análise do mercado. Através de
conhecimento e informações de qualidade, você transformará a maneira como
lida com o dinheiro e, principalmente, a forma como investe o seu patrimônio.
Conquiste sua independência financeira aperfeiçoando os seus conhecimentos
sobre análise técnica, análise fundamentalista e estratégias de investimento
em ações, futuros, opções, títulos do tesouro, fundos de investimento, renda
fixa, dentre outros.
3.0 – Análise Fundamentalista - Abordamos a análise Macroeconômica,
Setorial e Microeconômica através de uma linguagem clara e acessível. O
conteúdo é focado nos principais indicadores macroeconômicos e as suas
relações com o mercado e com os setores econômicos, nas dinâmicas dos
diferentes setores e suas principais características e, por fim, na análise do
balanço da empresa e dos seus principais indicadores de rentabilidade,
liquidez e endividamento, estabelecendo previsões e tendências para o seu
desempenho e para o seu valor.
5. 3.0 - Análise Fundamentalista de Empresas
Neste módulo o Capital e Valor aborda os princípios da análise
Macroeconômica, Setorial e Microeconômica. São abordados os principais
indicadores macroeconômicos e as suas relações com o mercado e com os
setores econômicos, as dinâmicas dos diferentes setores e suas principais
características e, por fim, a análise dos fundamentos das empresas, dos seus
desempenhos e dos principais indicadores fundamentalistas.
3.01 - Apresentação da Análise Fundamentalista
3.02 - Noções de Macroeconomia e Fundamentos Econômicos
3.03 - Análise Setorial e Tendências de Mercado
3.04 - Análise Microeconômica e Administração Financeira
3.05 - Como Interpretar um Balanço Contábil?
3.06 - Como Interpretar um Demonstrativo de Resultado?
3.07 - Valor Patrimonial, Valor de Mercado e Enterprise Value
3.08 - Indicadores de Rentabilidade e Análise Financeira
3.09 - Indicadores de Liquidez Financeira
3.10 - Indicadores de Endividamento e de Financiamento
3.11 - O Investimento em Valor - F-Score
6. Apresentação da Análise Fundamentalista
A análise fundamentalista está embasada no conceito de que os investidores
têm a capacidade de utilizar as informações financeiras históricas de maneira
a elaborarem estratégias de investimentos lucrativos para o futuro.
Segundo Joseph Piotroski, a análise está focada na avaliação qualitativa da
empresa, do panorama setorial em que está inserida e da conjuntura
macroeconômica. Tem como alicerce a análise de três fatores: análise da
empresa (Microeconômica), análise do setor em que a empresa está inserida e
a análise geral da economia (Macroeconômica), passando pela análise
retrospectiva de suas demonstrações financeiras e estabelecendo previsões
para o seu desempenho. É essencial que estes três fatores
sejam analisados para fundamentar as decisões sobre quais papéis devem ser
comprados ou vendidos e estimar a tendência geral do mercado e da
economia.
Assim, ela avalia o respaldo financeiro da empresa, a evolução dos lucros,
do valor patrimonial, do seu endividamento, dentre outros aspectos que
informam a saúde financeira da empresa, a eficiência na utilização dos
recursos, seus pontos fortes e fracos, além de possibilitar a projeção de
possíveis resultados futuros, tendências e perspectivas, e avaliar o preço atual
dos ativos. Para isso faz-se necessário uma interpretação dos fundamentos, ou
seja, dos dados de seus resultados financeiros e de seu histórico de balanços e
dos fatores macro e microeconômicos que influenciam no seu desempenho e
no seu setor de atuação, dando suporte à tomada de decisão do investidor. As
informações mais relevantes nos campos setorial e macroeconômico são
aquelas que se referem à concorrência, às políticas de crédito, fiscal e cambial
que envolvem a empresa. Quanto melhor for o conhecimento acerca desses
aspectos, e das possíveis implicações que eles venham a ter sobre a atividade
da empresa sob análise, melhor ela poderá ser avaliada.
7. Já os Balanços Patrimoniais apresentam a situação patrimonial da empresa
em dado momento e as Demonstrações do Resultado do Exercício mostram os
resultados que a empresa alcançou em cada exercício. A análise dos balanços
visa relatar, com base nas informações contábeis fornecidas pela empresa, a
sua posição econômico-financeira atual, as causas que determinaram a
evolução e o desempenho apresentados, bem como a sua tendência futura. Em
suma, a análise fundamentalista permite ao investidor visualizar a
performance da empresa no passado, a situação presente, além de extrair
informações que subsidiam projeções futuras dos seus indicadores.
Estudando os fundamentos podemos identificar as empresas que
apresentam as maiores taxa de crescimento de seus lucros e de seus
patrimônios, as maiores pagadoras de dividendos, sem contar as empresas
cujas ações estão subavaliadas pelo mercado e que possuem grandes
perspectivas no longo prazo, bem como aquelas que estão sobreavaliadas,
indicando possivelmente um bom momento sua venda. Entende-se que uma
determinada ação apresenta um bom desempenho no mercado até
determinado ponto. Em algum momento ela deixará de ser atraente e seu
valor de mercado depreciará.
“O investimento em conhecimento é aquele que traz os maiores
retornos”.
Benjamin Franklin
É perfeitamente possível associar a escola fundamentalista à escola grafista
ou do preço usando uma análise baseada nos múltiplos para escolher as
melhores empresas e identificar momentos de entrada e de saída através da
8. análise gráfica. No momento de montar a sua estratégia de
investimento experimente combinar as duas análises. O primeiro passo é,
através da análise fundamentalista, selecionar as empresas mais atrativas, que
vêm crescendo ao longo do tempo e que, a princípio, não apresentam grandes
riscos financeiros. Posteriormente, através da análise técnica você obterá um
histórico da tendência do preço desses ativos, determinará seu preço alvo
(objetivo de rentabilidade) e seu preço stop (limite de perda) de acordo com
seu perfil.
Para isso, é essencial estar de posse da informação necessária, correta e
séria no tempo hábil e, além disso, possuir o conhecimento e a capacidade de
analisar esses dados. Embora as informações usadas como base sejam todas
públicas, saber analisar esses dados leva não só à identificação de bons
negócios para o investidor como também à descoberta do que o mercado não
está precificando.
A análise fundamentalista faz uma avaliação da empresa orientando-se pelo
conjunto de dados econômicos e financeiros, divulgados através de balanços
trimestrais e por outras informações relevantes, complementada por uma
análise gerencial e mercadológica da empresa. Normalmente isso é feito a
partir de séries históricas desses dados, complementadas com hipóteses
formuladas para o futuro, projeções de resultados esperados que determinarão
a decisão de compra ou de venda da ação.
É um trabalho individualizado e especializado que, de uma maneira geral,
tende a ser muito mais trabalhoso e complexo do que a análise gráfica. É
difícil encontrar uma maneira simples de analisar os fundamentos e aplicá-los
à tomada de decisão, a menos que você tenha experiência em finanças e
contabilidade. Ao ler os relatórios trimestrais elaborados por contadores e
analistas facilmente se perde o foco ou se confunde, dado a vasta quantidade
de informações e forma complicada como são apresentados, o que dificulta a
sua aplicação.
Muitas pessoas investem no mercado de ações em empresas que pouco ou
nada conhecem, às vezes nem sabem exatamente o que a empresa faz.
Seguem estratégias de investimentos baseadas quase que exclusivamente em
gráficos de preço, dicas e expectativas, muitas das quais absurdas. A maioria
das pessoas com um mínimo de bom senso ao fazer uma sociedade num
negócio procuraria primeiro entender bem o funcionamento desse negócio
antes de investir. É preciso estudar as características dos produtos/serviços
que esta empresa está vendendo e qual a perspectiva da demanda por
eles, como é o seu setor de atuação e a sua concorrência, além comparar este
9. negócio com outros negócios semelhantes.
Nossa proposta é aprimorar a sua habilidade de análise de mercado através
de um conteúdo objetivo e uma abordagem prática para a análise dos
fundamentos. Buscamos quebrar a resistência que muitos têm em relação
à análise fundamentalista dada sua complexidade e, em muitos casos, em
razão da sua “impraticidade”, contribuindo para a formação de investidores
mais conscientes e com foco em estratégias sustentáveis de longo prazo.
“A informação mais necessária é sempre a menos disponível”.
Murphy
Portanto, assim como na análise gráfica, objetividade e simplicidade são
elementos fundamentais. Saber o que buscar, onde encontrar e como
interpretar as informações dos resultados. Nada no estudo da análise
fundamentalista é tão complexo ao ponto de não ser possível a assimilação
por qualquer investidor. A análise fundamentalista busca, basicamente, avaliar
a saúde financeira das empresas, projetar os seus resultados futuros e
determinar uma faixa de preço “justo” para as suas ações, além de fornecer
alguns indicadores que permitem ao investidor avaliar o quanto suas ações
podem gerar em dividendos, em quanto tempo ele pode recuperar o que
investiu, dentre outros. Assim, a análise fundamentalista pode fornecer aos
investidores uma poderosa ferramenta de comparação entre empresas
concorrentes, podendo ajudá-los a definir em qual vale mais a pena investir.
Em suma, propomos a análise retrospectiva dos demonstrativos de
resultado da empresa considerando os últimos 3 anos, realizando uma análise
vertical e horizontal do seu desempenho histórico e dos índices econômico-
financeiros. A partir daí, a análise prospectiva, projetando os resultados e as
suas tendências futuras com base no contexto macroeconômico e nas
perspectivas setoriais, comparando-a às demais do seu segmento e avaliando
o preço de mercado de suas ações e a sua tendência.
Uma característica interessante sobre a análise fundamentalista é o fato de
indicar mudanças nos resultados da empresa antes da análise técnica, pois elas
são identificadas nos fundamentos antes de serem refletidas nos gráficos das
cotações, os quais normalmente nos dizem o que já aconteceu. Além disso,
não há nenhuma empresa que possa dissociar a estratégia do negócio face à
envolvente macroeconômica. A evolução da inflação, do índice
do desemprego, das taxas de juro, do mercado cambial são indicadores que
influenciam diretamente na atividade da empresa. E note-se que não são
apenas os indicadores do país onde a empresa se insere. Com a globalização,
10. as empresa podem ser afetadas por indicadores de países que se encontram a
milhares de quilômetros de distância, ainda que não tenham qualquer relação
direta com a empresa.
Os dados para calcular esses indicadores provêm do conjunto de dados
econômicos e financeiros da empresa, divulgados através de balanços
trimestrais ITR, onde estão detalhados ativos e passivos da empresa e seu
valor contábil, dos demonstrativos de resultados por exercício DRE (12
meses), que oferecem as despesas e receitas da empresa, além dos resultados
obtidos no período, e por outras informações relevantes, como o relatório
anual da empresa, que também fornecem alguns conceitos que os investidores
devem conhecer como lucro operacional, dividend yield, margem líquida,
patrimônio líquido, receita bruta e assim por diante. Isso é feito a partir de
séries históricas desses dados.
“Por algum motivo as pessoas se baseiam nos preços e não nos
valores. Preço é o que você paga, valor é o que você leva”.
Warren Buffett
Há, contudo, uma série de críticas à análise fundamentalista de uma
maneira geral. A obtenção de estimativas precisas e confiáveis pode ser difícil
em razão das projeções futuras dos indicadores e dos resultados muitas vezes
acabarem tornando a análise fundamentalista em algo essencialmente
subjetivo. Além disso, haverá sempre a possibilidade de se estar trabalhando
com dados “maquiados” divulgados nos ITR’s e DRE’s das empresas
analisadas. Tais interpretações são controvérsias e muitas vezes errôneas.
Deve-se levar em consideração que esses demonstrativos são elaborados sob a
ótica contábil, regulamentada por leis e convenções inerentes ao país onde
está situada a empresa analisada, o que pode ocasionar uma avaliação
equivocada dos valores reais da empresa e de seu desempenho.
É preciso levar em consideração também o tempo hábil para o uso da
informação. Muitas vezes os próprios dados e os indicadores utilizados na
análise já estão defasados, principalmente aqueles que dependem do preço de
mercado da ação para o seu cálculo. Indicadores como o Dividend Yield,
P/L Preço / Lucro, dentre outros, rapidamente se tornam inúteis devido às
variações que ocorrem no preço da ação posteriormente à divulgação desses
dados. Daí a importância de se utilizar a cotação atualizada para o cálculo
desses indicadores, bem como de fontes confiáveis e de credibilidade.
Assim, a principal fragilidade, não só da análise fundamentalista mas de
qualquer tipo de análise, é o fato de que não existe a segurança de se ter em
11. mãos todas as informações que importam sobre um ativo para poder analisá-
lo, nem de que as informações disponíveis são precisas. Recentemente,
diversas empresas como Sadia e Aracruz tiveram perdas bilionárias em seus
balanços advindas da irresponsabilidade de seus administradores ao
realizarem operações extremamente alavancadas com câmbio. Em nenhum
momento os acionistas foram informados sobre tais operações nem sobre o
risco que representavam.
E ainda que se tenha investido numa excelente empresa, as condições do
mercado podem fazer com que suas ações se desvalorizem, e de forma
acelerada, dependendo da tendência do mercado ou à reação generalizada a
determinados acontecimentos. O mercado fixa o preço de cada ação não
necessariamente com base em seu desempenho estatístico passado, mas em
função do desempenho futuro esperado, que pode diferir significativamente
do seu comportamento passado. Assim, as tendências de curto prazo muitas
vezes podem não estar relacionadas aos fundamentos da empresa, mas a
movimentos especulativos no mercado. Por isso, é obrigação dos
investidores estudar tanto os fundamentos quanto os demais investidores –
não apenas sobre a forma que as ações se comportam, mas como os seres
humanos que as possuem se comportam. No geral, é durante as fases de
pânico generalizado que temos oportunidades de adquirir bons ativos a preços
realmente descontados. Já durante as fases de euforia no mercado é mais
comum que os ativos estejam caros se comparados aos seus valores
intrínsecos ou patrimoniais.
“Quando o barco começar a afundar não reze, abandone-o”.
Max Gunther
Contudo, uma decisão de investimento baseada na análise isolada do
gráfico de preços não é uma decisão consciente. Não se compra um gráfico,
se compra uma ação, uma empresa. O risco de se pagar muito por uma ação
ou vendê-la por pouco pode ser reduzido através da análise das
informações sobre as empresas, alcançando conclusões acerca do impacto no
valor intrínseco das ações. E uma avaliação de qualidade de uma empresa só
pode ser feita se compararmos o seu último resultado trimestral com os seus
fundamentos históricos. A escolha da empresa na qual investir dentre a vasta
gama de empresas de capital aberto dependerá da comparação entre os
resultados dessas empresas. É preciso lembrar que a escolha do “que”
comprar não é a mais importante, mas sim decidir se irá manter o
investimento e, principalmente, se irá vendê-lo.
Neste sentido, reconhece-se a importância do papel da análise
12. fundamentalista como instrumento de quebra de assimetria de informação
entre o administrador e os investidores, ou seja, a dificuldade por parte dos
investidores de distinguir entre boas e más oportunidades de investimento, o
que muitas vezes pode levar a queda da eficiência no funcionamento do
mercado de capitais devido à perda de confiança no mercado por parte dos
investidores, fruto de escolhas adversas.
Assim, a conjunção da análise técnica com a fundamentalista é a melhor
maneira para se obter uma visão geral mais legítima da saúde dos ativos e da
tendência da economia e do mercado em geral. O que permite limitar dentro
de uma grande variedade de empresas as melhores opções de investimento.
Isso possibilita ao investidor desenvolver uma estratégia que filtre as ações de
empresas que apresentam resultados ruins, grande endividamento e, acima de
tudo, de empresas concordatárias. Talvez a forma mais inteligente para
utilizar ambas seja determinar com a análise fundamentalista quais são os
ativos que vêm apresentando os melhores desempenhos, dos quais se espera o
melhor potencial de alta, e, com a análise técnica, buscar os melhores
momentos para entrar e para sair do mercado.
A partir de critérios fundamentalistas e técnicos o investidor buscará
adquirir ações de empresas saudáveis e com bons indicadores
fundamentalistas a preços descontados, montando uma carteira com
poucos ativos de diferentes setores. É possível ainda utilizar um modelo que
realize uma filtragem setorial dada a conjuntura econômica, abordando
parâmetros quantitativos e qualitativos. O mercado sempre determinará o
preço. Cabe ao investidor determinar o valor.
“Quando o assunto é ganhar dinheiro todas as pessoas têm a mesma
religião”.
Voltaire
13. Noções de Macroeconomia e Fundamentos
Econômicos
O desempenho das empresas e dos ativos financeiros está intimamente
ligado ao desempenho da economia. Como investidor de renda variável é
preciso estar ciente de que as chances de retorno para tal aplicação serão
determinadas por dois fatores básicos, o bom desempenho futuro da
companhia em foco e o bom andamento do mercado acionário no período
para o qual se espera o retorno. Alterações nos rumos da economia, interna ou
externa, causam oscilações por vezes bruscas nos mercados de capitais e
podem afetar a performance dos títulos de determinada empresa, ainda que
seus negócios em nada estejam sendo afetados pelos fatos ocorridos. Torna-se
então fundamental aprofundar o estudo das correlações entre as variáveis
econômicas e o desempenho do mercado.
Um ambiente econômico mais instável, menos previsível, sujeito
a intervenções e a uma estrutura regulatória incerta cria um ambiente mais
avesso ao risco, que pode impactar as decisões gerenciais e,
consequentemente, o desempenho das companhias. Portanto, o ambiente
macroeconômico deve ser constantemente monitorado e analisado. A
definição das premissas macroeconômicas permite o prosseguimento da
análise setorial e dos fundamentos das empresas e fornece informações
importantes para a adequada definição das taxas de crescimento da economia
e das ameaças de riscos sistêmicos.
O cenário macroeconômico consiste na definição de determinadas
premissas que permitam projetar o comportamento futuro das principais
variáveis econômicas. A sua elaboração visa orientar o processo de
planejamento, análise e decisão dos investimentos e fornecer ao investidor um
14. quadro prospectivo das condições que afetam o mercado e os ativos, tornando
o seu processo de decisão mais eficiente. A premissa básica desta
metodologia de análise afirma que são os dados econômicos que
fundamentam as perspectivas futuras do mercado em relação a uma
determinada empresa. Estas informações podem ser processadas a partir de
uma visão geral da economia até as informações específicas sobre a
empresa (Top-Down) ou, caso já se tenha escolhido a empresa, pode-se iniciar
a análise dos dados da empresa e em seguida partir para o contexto setorial e
macroeconômico (Bottom-Up). Quanto melhor forem conhecidos estes
aspectos e as possíveis implicações sobre a atividade da empresa, melhor ela
poderá ser analisada e avaliada.
A macroeconomia concentra-se no estudo do comportamento agregado de
uma economia, ou seja, das principais tendências da economia no que
concerne principalmente à produção, à geração de renda, aos níveis de preços,
ao emprego e ao desemprego, ao estoque de moeda, à taxa de juros, à balança
de comercial, à taxa de câmbio, ao uso de recursos, ao comportamento dos
preços e ao comércio exterior. Os principais objetivos da macroeconomia são:
o crescimento da economia, o pleno emprego, a estabilidade de preços, o
controle inflacionário e o superávit da balança comercial. Um conceito
fundamental à macroeconomia é o sistema econômico, ou seja, uma complexa
organização que envolve todos os recursos produtivos.
“Não entre em um mercado com ideias preconcebidas a respeito dele.
Mude seus planos conforme o mercado muda”.
Alexander Elder
A economia de um país pode ser dividida em setores (primário, secundário
e terciário) de acordo com os produtos produzidos, modos de produção e
recursos utilizados. Estes setores econômicos podem mostrar o grau de
desenvolvimento econômico de um país ou região.
Setor Primário – Está relacionado à produção através da exploração de
recursos da natureza. Podemos citar como exemplos de atividades
econômicas do setor primário: agricultura, mineração,
pesca, pecuária, extrativismo vegetal e caça. É o setor primário que fornece a
matéria-prima para a indústria de transformação.
Este setor da economia é muito vulnerável, pois depende muito dos
fenômenos da natureza como, por exemplo, do clima. A produção e
exportação de matérias-primas não geram muita riqueza para os países com
economias baseadas neste setor econômico, pois estes produtos não possuem
15. valor agregado como ocorre, por exemplo, com os produtos industrializados.
Setor Secundário – É o setor da economia que transforma as matérias-
primas (produzidas pelo setor primário) em produtos industrializados (roupas,
máquinas, automóveis, alimentos industrializados, eletrônicos, casas, etc).
Como há conhecimentos tecnológicos agregados aos produtos do setor
secundário, o lucro obtido na comercialização é significativo. Países com bom
grau de desenvolvimento possuem uma significativa base econômica
concentrada no setor secundário. A exportação destes produtos também gera
riquezas para as indústrias destes países.
Setor Terciário – É o setor econômico relacionado aos serviços. Os
serviços são produtos não materiais em que pessoas ou empresas prestam a
terceiros para satisfazer determinadas necessidades. Como atividades
econômicas deste setor podemos citar: comércio, educação, saúde,
telecomunicações, serviços de informática, seguros, transporte, serviços de
limpeza, serviços de alimentação, turismo, serviços bancários e
administrativos, transportes, etc. Este setor é marcante nos países de alto grau
de desenvolvimento econômico. Quanto mais rica é uma região, maior é a
presença de atividades do setor terciário. Com o processo de globalização,
iniciado no século XX, o terciário foi o setor da economia que mais se
desenvolveu no mundo.
Na análise fundamentalista, os impactos da economia para com a empresa
são essenciais. Qualquer interpretação estará baseada nas projeções
econômicas tanto para setor em que ela está inserida, como para o mercado
como um todo. As perspectivas econômicas nacionais e, principalmente, as
mundiais e de seus principais participantes devem ser consideradas. Para isso,
o investidor deve acompanhar periodicamente os relatórios dos indicadores
econômicos.
As quatro principais variáveis macroeconômicas que se relacionam de
forma que uma afeta a outra são: o nível de preços (inflação), o nível de
emprego, a taxa de câmbio e a taxa de juros. Essas variáveis são avaliadas
segundo indicadores econômicos, medidas de desempenho utilizadas para
avaliar o desenvolvimento de uma economia. Os indicadores mais utilizados
são aqueles que medem: crescimento da produção; desvalorização da moeda e
aumento de preços; taxas de conversão de moedas; taxas básicas de juros;
desemprego; produção industrial; confiança dos empresários; vendas do
varejo.
Relatórios públicos e privados ajudam os investidores a entenderem como
o cenário econômico está se desenvolvendo. Às datas de divulgação destes
16. dados dá-se o nome de agenda econômica. Esses indicadores são
fundamentais tanto para propiciar uma melhor compreensão da situação
presente e o delineamento das tendências de curto prazo da economia, quanto
para subsidiar o processo de tomada de decisões estratégicas de agentes
públicos e privados, além do papel que desempenham na interferência das
curvas de oferta e demanda de determinado ativo.
O Bacem divulga semanalmente o relatório Focus, um resumo das
previsões das principais instituições financeiras para os indicadores e
resultados da economia do país. Embora sejam apenas estimativas
periodicamente ajustadas de acordo com o comportamento do mercado e do
contexto econômico, indicam a expectativa do mercado com relação a estes
indicadores. Inevitavelmente, a expectativa de longo prazo de um
determinado ativo deriva dos seus fundamentos. Nos Estados Unidos um
relatório similar é o beige book. O Fed utiliza esse relatório para determinar a
taxa de juros do país de acordo com a pressão inflacionária.
“Sempre questione suas suposições, no futuro tudo tende a mudar,
inclusive os seus próprios argumentos e suposições”.
Capital e Valor
Principais Indicadores Econômicos
PIB (produto interno bruto) – O PIB de uma economia estima o valor
dos bens e serviços produzidos num país no período de um ano. Mede o
desempenho econômico de um país como um todo, representando o
crescimento ou a retração econômica. Contudo, não pode ser considerado
como um índice de desenvolvimento, uma vez que seu cálculo não inclui
dados como distribuição de renda, expectativa de vida e nível educacional da
população, entre outros aspectos socioeconômicos. Nos Estados Unidos esse
indicador se chama GDP (gross domestic product).
17. Índices de Inflação (IPCA, IGP-M, INPC, IPC) – Inflação é o aumento
consistente e indiscriminado de preços, conseqüentemente diminuindo o
poder aquisitivo da moeda. Portanto a taxa de inflação mede o acréscimo
percentual médio nos preços dos bens e serviços produzidos pela economia.
Vários índices são utilizados para medir a inflação, pois na economia existem
vários setores e agentes econômicos distintos. Nos Estados Unidos esse
indicador se chama CPI (Consumer Price Index).
Podemos citar as seguintes causas da inflação:
– Emissão exagerada e descontrolada de dinheiro por parte do governo.
– Demanda por produtos (aumento no consumo) maior do que a capacidade
de produção do país.
– Aumento nos custos de produção (máquinas, matéria-prima, mão-de-obra)
dos produtos.
Historicamente, todas as crises surgiram de algum desequilíbrio no sistema,
mas, invariavelmente, elas funcionam como um esfriamento depois de um
aquecimento geral na economia associado a um elevado nível de
endividamento. Nas grandes crises passadas, a euforia do setor privado criou
momentos de crescimento elevado. Infelizmente, esses períodos foram
seguidos por outros, de retrações profundas. As economias passam por
movimentos irregulares no nível de emprego e renda, o que se chama de
ciclos de negócios. Estas ondas são bem parecidas com aquelas altas e baixas
que notamos nos índices de preço das ações.
O endividamento exagerado é o principal empecilho para a recuperação de
uma economia ou de uma empresa. Entretanto, a inflação foi sempre a
18. solução para as crises capitalistas. Geralmente, quando a economia cresce
muito rápido os preços sobem formando bolhas inflacionárias. Os
negociadores observam de perto o desenvolvimento da inflação porque o
método de escolha para combater a inflação é o aumento da taxa de juros,
sendo que taxas de juros mais altas tendem a apoiar a moeda local e tornam o
investimento em ações, fundos imobiliários e debêntures menos vantajosos.
O aumento da inflação tende a incentivar as importações,
consequentemente diminuindo as exportações, criando déficit na balança
comercial. Além de prejudicar e desestimular a poupança de longo prazo das
pessoas. O aumento na procura pelos produtos pressiona os produtores a
aumentarem a oferta, mas como já estão trabalhando em plena capacidade de
produção, não conseguem aumentar a produção e respondem a essa procura
aumentando os preços, gerando inflação. Nesse caso, o governo pode agir:
pode restringir o crédito para empréstimos e financiamentos ou aumentar os
impostos e diminuir a renda pessoal e reduzir os gastos públicos.
Os governos trabalham com dois instrumentos para manter o equilíbrio, a
política fiscal e a monetária. Com a política fiscal o governo pode aumentar
ou diminuir os impostos para alterar o consumo privado e as despesas
públicas. Com a política monetária, ele pode incentivar o setor privado a
investir mais e controlar a inflação. A política monetária afeta indiretamente o
comportamento econômico do estado e diretamente o setor privado porque
alterações nas taxas de juros e mudanças no crédito mudam o custo do
dinheiro.
Infelizmente, quando os governos e os consumidores já estão muito
endividados, essas políticas perdem força e tornam-se menos eficazes. Com
uma dívida exagerada, os governos não podem gastar mais por causa da
pressão política e das dificuldades para levantar recursos adicionais via
impostos ou empréstimos. Os consumidores também temem o futuro e
rejeitam o crédito mesmo que este seja fácil. As empresas também não
investem só porque os juros são baixos; elas tomam emprestado para novos
negócios, e estes devem prometer retornos compatíveis com os juros e com os
riscos. Os consumidores que já estão endividados também freiam o consumo
e procuram poupar mais para se proteger dos dias piores. Levam-se anos até
que a economia de um país supere esses períodos de retração econômica e,
embora algumas empresas sejam mais bem administradas do que outras, todas
elas tendem a serem menos lucrativas durantes esses períodos.
“No mundo dos negócios o espelho retrovisor é sempre mais claro do
que o pára-brisa”.
19. Warren Buffett
Risco País – É um índice denominado Emerging Markets Bond Index Plus
(EMBI+) e mede o grau de “perigo” que um país representa para o investidor
estrangeiro. É um conceito econômico-financeiro que diz respeito à
possibilidade de que mudanças no ambiente de negócios de um determinado
país impacte negativamente o valor dos ativos de indivíduos ou empresas
estrangeiras naquele país, bem como os lucros, dividendos ou royalties que
esperam obter dos investimentos que lá fizeram.
Por meio da análise das finanças de governos e empresas, as agências
produzem classificações ou ratings, que indicam a segurança oferecida pelo
governo e pelas empresas de cada país aos investidores estrangeiros que
aplicam seu dinheiro em títulos da dívida daqueles governos e
empresas. Essas agências se dedicam à análise do risco-país associado a
investimentos em ativos financeiros, tais como títulos e ações.
Rating - Um rating é uma nota que as agências internacionais de
classificação de risco de crédito atribuem a um emissor (país, empresa, banco)
de acordo com sua capacidade de pagar uma dívida. Serve para que
investidores saibam o grau de risco dos títulos de dívida que estão adquirindo.
Assim, a visão do mercado financeiro sobre um determinado país pode ser
expressa através da nota da sua dívida externa. Quando um país tem um bom
desempenho, sua nota melhora. Mas quando aumenta o risco desse país não
pagar as suas dívidas, sua nota piora.
Em geral, são três grandes níveis: grau de investimento (país seguro de
investir), grau especulativo (risco de inadimplência) e default (quando o país
declara moratória). As principais agências no mundo são a Standard & Poor’s
(S&P), a Fitch e a Moody’s, que levam em conta indicadores como gastos do
governo, dívida externa e política monetária.
Resumo Geral das Opiniões Refletidas pelos Ratings da Standard & Poor’s.
‘AAA’— Capacidade extremamente forte para honrar compromissos
financeiros. Rating mais alto.
‘AA’— Capacidade muito forte para honrar compromissos financeiros.
‘A’— Forte capacidade para honrar compromissos financeiros, porém é de
alguma forma suscetível a condições econômicas adversas e a mudanças
circunstanciais.
‘BBB’— Capacidade adequada para honrar compromissos financeiros, porém
mais sujeito a condições econômicas adversas.
‘BBB-‘— Considerado o nível mais baixo da categoria de grau de
investimento pelos participantes do mercado.
20. ‘BB+’— Considerado o nível mais alto da categoria de grau especulativo
pelos participantes do mercado.
‘BB’— Menos vulnerável no curto prazo, porém enfrenta atualmente grande
suscetibilidade a condições adversas de negócios, financeiras e econômicas.
‘B’— Mais vulnerável a condições adversas de negócios, financeiras e
econômicas, porém atualmente apresenta capacidade para honrar
compromissos financeiros.
‘CCC’— Atualmente vulnerável e dependente de condições favoráveis de
negócios, financeiras e econômicas para honrar seus compromissos
financeiros.
‘CC’— Atualmente fortemente vulnerável.
‘C’— Um pedido de falência foi registrado ou ação similar impetrada, porém
os pagamentos das obrigações financeiras continuam sendo realizados.
‘D’— Inadimplente em seus compromissos financeiros.
Essas notas influenciam decisões de investimentos no mercado
internacional e a tendência é que, ao receber uma boa classificação, o país
atraia mais recursos estrangeiros. Além disso, cai o custo do governo e até
mesmo das empresas privadas para captar recursos no exterior, custo do
capital. Este por sua vez é usado para descontar a riqueza que será gerada por
cada empresa. Quanto menor o custo do capital maior o valor da empresa.
21. Contudo, observa-se, no entanto, que as notas atribuídas aos países
possuem uma grande correlação com o Índice de Percepção da Corrupção,
além do risco regulatório. Isto significa dizer que países mais corruptos
geralmente são aqueles que recebem as piores notas.
De uma maneira geral, o Brasil não é bem visto pelas agências de rating em
razão de ter passado por diversas crises econômicas e ser o país mais
endividado dentre os países de igual porte no mundo, especialmente em
relação à perspectiva dos gastos públicos, quando as medidas do governo
sinalizam para o seu aumento ao longo dos anos. Ter o governo como sócio
acaba por aumentar o risco e as incertezas futuras, o que geralmente não traz
bons resultados para os acionistas.
Além disso, as interferências governamentais nas gerências das empresas e
a ampla participação do Estado em seus capitais sociais geram receios para
os investidores estrangeiros, o que por sua vez acaba depreciando o valor de
mercado e as avaliações destas empresas.
Esse cenário acaba impactando negativamente a avaliação das empresas
brasileiras, principalmente sobre o risco percebido nos negócios. Num modelo
como o fluxo de caixa descontado isto significa uma maior taxa de desconto.
Maior taxa de desconto, por sua vez, implica em menores valores de
empresas.
“Quando alguém vê o vizinho ficando mais rico começa a evolução
natural da bolha. Bastam três coisas para a sua formação: os
investidores, os imitadores e os idiotas”.
Warren Buffett
Taxa SELIC (Sistema Especial de Liquidação e de Custódia) - É a taxa
básica de juros da economia brasileira, índice pelo qual as taxas de juros
cobradas pelos bancos no Brasil se balizam. O Comitê de Política Monetária
do Banco Central do Brasil (COPOM) fixa periodicamente a meta para a Taxa
SELIC para fins de Política Monetária. Também chamada simplesmente de
“taxa básica”, reflete o custo do dinheiro para empréstimos bancários, com
base na remuneração dos títulos públicos.
A taxa de juros exerce um papel importantíssimo nos ciclos dos negócios e
no mercado financeiro. Quando ocorre uma mudança na taxa, ou na
expectativa a seu respeito, os efeitos têm um grande alcance no cenário
econômico. Quando a taxa de juros sobe os consumidores gastam menos, o
que diminui as vendas do varejo, levando a uma redução nos lucros dessas
empresas e, consequentemente, um aumento do desemprego e desvalorização
22. dessas ações no mercado.
A alta na taxa de juros atrai capital de curto prazo que gera superávit no
saldo da balança comercial, reduzindo a inflação, em teoria. Contudo,
qualquer ameaça especulativa pode fazer com que esse capital seja retirado do
país, provocando novos déficits e, caso o país não tenha reservas terá que
desvalorizar o seu câmbio, favorecendo as suas exportações e inibindo as
importações.
No mercado de capitais, o aumento na taxa de juros gera uma fuga de
capital para investimentos de títulos públicos e de renda fixa, os quais se
tornam mais atraentes dado o aumento na sua rentabilidade. Assim,
historicamente o aumento nos juros tende a ser ruim para o mercado de
capitais, enquanto que a redução nos juros tende a ser positivo para o
mercado, pois o investimento em renda fixa se torna menos atrativo, e parte
desse capital tende a ser direcionado para a renda variável.
O termo crowding out identifica na literatura econômica o processo em que
a dívida pública (mercado de títulos públicos) toma o espaço do mercado de
debêntures (títulos privados) e de ações. O Governo, para colocar sua dívida
no mercado, é obrigado a elevar os juros e os investidores passam a preferir
esses papéis em detrimento do mercado de capitais.
Taxa DI – Os bancos operam entre si (tomando ou doando recursos
monetários) no mercado interbancário, ou interfinanceiro, através de
operações lastreadas em Certificado de Depósito Interfinanceiro (CDI),
permitindo que se estabeleça certo equilíbrio entre eles.
Taxa de Câmbio – É uma relação entre moedas de dois países que resulta
no preço de uma delas medido em relação à outra. Exprime a quantidade de
moeda nacional necessária para comprar uma unidade de moeda estrangeira.
Além de expressar quantitativamente a condição de troca entre duas moedas,
a taxa de câmbio expressa as relações de troca entre dois países. O câmbio é
uma das variáveis macroeconômicas mais importantes, sobretudo para as
relações comerciais e financeiras de um país com o conjunto dos demais
países.
Com a desvalorização da moeda nacional a taxa de câmbio aumenta. O país
gastará mais moeda nas importações, teoricamente desestimulando-as. Assim,
verifica-se que com a desvalorização do câmbio as importações tendem a
diminuir. Por outro lado, os outros países preferirão comprar produtos deste
país, pois ficaram mais baratos em relação às suas moedas, o que
teoricamente estimula as exportações, aumentando-as.
23. O oposto ocorre com a valorização da moeda nacional. As importações
tendem a aumentar em razão do aumento de poder aquisitivo da moeda local.
Consequentemente as exportações tendem a diminuir, pois os produtos
nacionais se tornam mais caros frente à divisa estrangeira.
“O dinheiro não é tudo, mas sem ele você não terá nada!”
Capital e Valor
Balança comercial - É um termo econômico que representa as importações
e exportações de bens entre os países. Quando as exportações são maiores que
as importações registra-se um superávit na balança, e quando as importações
são maiores que as exportações registra-se um déficit. Este é um dos
indicadores econômicos mais importantes. Seu valor pode desencadear
mudanças duradouras na política externa e monetária. Nos Estados Unidos
esse indicador se chama International Trade.
Assim, dizemos que a balança comercial de um determinado país está
favorável, quando este exporta (vende para outros países) mais do que
importa (compra de outros países). Quando o total de exportações de bens e
serviços for superior ao total de importações, registra-se um superávit no
saldo da balança comercial. O que é um fator positivo na economia de um
país, pois o resultado positivo da balança comercial gera um lucro que pode
ser utilizado para investir no próprio sistema econômico do país.
Do contrário, dizemos que a balança comercial é negativa ou desfavorável.
O déficit da balança comercial é um fator negativo na economia de um país,
já que mostra que o mesmo está exportando (vendendo) menos bens e
serviços do que está importando (comprando). O resultado negativo da
balança comercial gera um prejuízo que deve ser coberto pelas reservas
financeiras do país.
Produção Industrial – O indicador varia de zero a cem pontos, sendo que
valores abaixo de 50 representam queda na produção em relação ao mês
anterior. É quase impossível imaginar o desenvolvimento de um país sem uma
indústria forte, ampla e diversificada. Dentre todos os setores produtivos, a
indústria é o que exerce maior impacto no crescimento do produto
agregado. Nos Estados Unidos esse indicador se chama ISM (Manufacturing
Index).
A produção industrial brasileira se caracteriza hoje por ainda ser
relativamente diversificada, porém imatura no sentido de estar se
especializando em setores intensivos em recursos naturais e com pouco
avanço em direção ao fortalecimento de cadeias produtivas com produtos de
24. maior conteúdo tecnológico. Isto sugere que, se esta tendência não for
revertida, a contribuição da indústria para o crescimento da economia deve,
inevitavelmente, se reduzir no futuro próximo, reduzindo o potencial de
crescimento da economia como um todo.
O crescimento da produção industrial é particularmente importante porque,
em geral, sinaliza tendência positiva dos demais setores da economia
(comércio e serviços). Já o crescimento das vendas do comércio nem sempre
reflete em aumento das vendas da indústria, pois os comerciantes podem estar
aproveitando para desovar antigos produtos. O aumento da sua produção é o
ponto de partida para uma cadeia de eventos que, geralmente, tem impacto
positivo sobre o crescimento da economia.
Índice de Preços ao Produtor IPP - Seu âmbito inicial são as indústrias de
transformação. Tem como principal objetivo mensurar a mudança média dos
preços de venda recebidos pelos produtores domésticos de bens e serviços,
bem como sua evolução ao longo do tempo, sinalizando as tendências
inflacionárias de curto prazo no País. Constitui, assim, um indicador essencial
para o acompanhamento macroeconômico e, por conseguinte, um valioso
instrumento analítico para tomadores de decisão, públicos ou privados. Nos
Estados Unidos esse indicador se chama PPI (Producer Price Index).
O IPP investiga, em 1 400 empresas, os preços recebidos pelo produtor,
isentos de impostos, tarifas e fretes e definidos segundo as práticas comerciais
mais usuais. Os produtos coletados são especificados em detalhe (aspectos
físicos e de transação), garantindo, assim, que sejam comparados produtos
homogêneos ao longo do tempo. Com isso, coletam-se cerca de 5 000 preços
mensalmente.
Índice de Preços ao Produtor Amplo - Registra variações de preços de
produtos agropecuários e industriais nas transações interempresariais, isto é,
nos estágios de comercialização anteriores ao consumo final. O IPA tornou-se
cada vez mais um índice de preços de venda de produtos em nível de produtor
nos setores agropecuário e industrial.
Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil -
Efetua a produção de custos e índices da construção civil, a partir do
levantamento mensal de preços de materiais e salários pagos na construção
civil, para o setor habitação. Tem como unidade de coleta os fornecedores de
materiais de construção e empresas construtoras do setor.
INCC - O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) é o principal
indicador de custo da construção civil no Brasil. O índice mede a evolução
25. dos custos de construções habitacionais nas dezoito principais capitais de
estados do país.
“Numa empresa em dificuldades tão logo um problema é resolvido
outro vem à tona – nunca existe só uma barata na cozinha.”
Warren Buffett
Sondagens de confiança – As sondagens de tendência são levantamentos
estatísticos que geram informações usadas no monitoramento da situação
corrente e na antecipação de eventos futuros da economia. Por produzirem
sinalizações de tendência econômica com muita rapidez, geralmente no
próprio mês da coleta de dados, são amplamente utilizadas mundialmente
como indicadores antecedentes de atividade econômica, ferramentas
indispensáveis a empresários, governos e entidades de classe na análise de
conjuntura e tomada de decisões.
As informações obtidas por meio das sondagens permitem análises
empresariais e concorrenciais, contribuem para o aperfeiçoamento do
planejamento de nível de produção, ao acompanhamento dos movimentos de
absorção e liberação de mão-de-obra nos diferentes segmentos da economia,
ao conhecimento dos planos de investimento do setor produtivo nacional ou
de setores específicos, e à projeção da evolução de preços setoriais.
Índice de Confiança da Indústria - É um indicador antecedente utilizado
para identificar mudança de tendência na produção industrial, ou seja, para
auxiliar na previsão do produto industrial e, por conseguinte, do PIB.
Empresários confiantes tendem a aumentar o investimento e a produção para
atender o esperado crescimento na demanda. A Sondagem da Indústria
oferece avaliações e expectativas deste setor para variáveis relevantes da
atividade econômica como:
• nível de demanda interna e externa;
• nível de estoques;
• nível de utilização da capacidade instalada;
• expectativas em relação à produção, ao emprego e à situação dos negócios
no futuro próximo;
Permite comparar as expectativas da empresa com a média do setor; avaliar
a situação do segmento; fornece indicações sobre o momento atual e
tendências de curto prazo do setor industrial brasileiro, constituindo-se em
subsídio para a tomada de decisões empresariais, análises econômicas nos
meios acadêmicos e de consultoria e formulação de políticas econômicas pelo
Governo. Nos Estados Unidos esse indicador se chama Purchasing Managers
26. Index (PMI).
O PMI é um índice composto e baseado nos cinco maiores indicadores que
incluem: novos pedidos, níveis de inventários, produção, entregas de
suprimento, e desenvolvimento do Emprego. Cada indicador tem um peso
diferente e os dados são ajustados por fatores sazonais. Um índice PMI acima
de 50 indica que a indústria de transformação está expandindo enquanto que
abaixo de 50 significa que está contraindo. O relatório PMI é um indicador
extremamente importante para os mercados financeiros assim como também é
o melhor indicador de como está a produção nas fábricas. O índice é popular
por detectar pressão inflacionária bem como anda a atividade econômica
industrial.
Philadelphia Fed Index (Business Outlook Survey) - A Pesquisa de
Perspectiva de Negócios é uma pesquisa mensal de fábricas localizadas ao
redor dos estados de Pensilvânia, Nova Jersey e Delaware. As companhias
pesquisadas indicam a direção das mudanças em todas as suas atividades de
negócios e nas várias medidas de atividade em seus parques fabris.
É considerado um bom indicador de mudanças em tudo relacionado a
emprego, preços gerais e condições dentro das indústrias de transformação.
Aliás, este setor da indústria é considerado como o precursor das condições
econômicas futuras e ele prepara o terreno em direção a uma recuperação
econômica. Por exemplo, numa econômica fraca se a indústria de
transformação começa a contratar há uma expectativa de que a economia
começe a melhorar mais adiante.
“Trabalhar duro por algo em que não se acredita chama-se estresse.
Trabalhar duro por algo em que se acredita chama-se propósito”.
Gastos de Consumo / Confiança do Consumidor - É uma pesquisa
mensal que procura captar o sentimento do consumidor em relação ao estado
geral da economia e de suas finanças pessoais. Quando o consumidor está
satisfeito e otimista em relação ao futuro tende a gastar mais; quando está
insatisfeito e pessimista gasta menos. A confiança do consumidor, portanto,
atua como fator redutor ou indutor do crescimento econômico. O
monitoramento do sentimento do consumidor tem o objetivo de produzir
sinalizações de suas decisões de gastos e poupança futuras, constituindo
indicadores úteis na antecipação dos rumos da economia no curto prazo. Nos
Estados Unidos esse indicador se chama Consumer Confidence Index – CCI.
O consumo torna-se possível pela renda pessoal e pela renda sem
restrições. A decisão do consumidor de gastar ou poupar é psicológico por
27. natureza. A confiança do consumidor também é medida como um indicador
da propensão dos consumidores que possuem uma renda sem restrições para
mudar da poupança para os gastos. A Sondagem das Expectativas do
Consumidor produz indicadores sobre o monitoramento do sentimento do
consumidor, tais como:
• decisões de poupanças e gastos futuros;
• sinalizadores dos rumos de curto prazo da economia;
• avaliações e expectativas sobre a situação econômica local;
• situação financeira da família, mercado de trabalho e intenção de compras
de bens duráveis;
O aumento das vendas do comércio é importante, não só porque pode
permitir um aumento da produção de bens, mas também porque sinaliza que
as pessoas estão com mais dinheiro no bolso para gastar. Em geral, quando
isso acontece o setor de serviços também é beneficiado, o que impulsiona
ainda mais o crescimento da economia.
A ideia por trás do índice de confiança do consumidor é que quando a
economia garante mais empregos, salários mais altos e taxas de juros mais
baixas, aumenta a confiança e poder de consumo. Sendo o oposto também
verdadeiro durante períodos de contração econômica, quando a confiança
diminui.
Índice de Confiança do Comércio - Tem como objetivo medir a
percepção que os empresários do comércio têm sobre o nível atual e futuro de
propensão a investir em curto e médio prazo. É um indicador antecedente de
vendas do comércio, a partir do ponto de vista dos empresários
comerciais, tornando-o uma ferramenta poderosa para o varejo, fabricantes,
consultorias e instituições financeiras. O objetivo é detectar as tendências das
ações empresárias do setor. A Sondagem do Comércio produz avaliações e
expectativas deste setor para variáveis relevantes da atividade econômica, tais
como:
• observações nos últimos três meses em relação: vendas e emprego;
• volume de demanda atual;
• volume de compras atual;
• crédito;
• fatores limitativos;
• expectativas em relação: vendas, emprego, compras, e tendência dos
negócios no futuro próximo.
Índice de Confiança da Construção - Mede a percepção dos empresários
28. do setor sobre sua situação atual e as expectativas para os próximos meses. A
pesquisa gera, mensalmente, um conjunto de informações usadas no
monitoramento e antecipação de tendências econômicas da construção civil.
Um incremento na atividade futura do setor de construção civil produz um
efeito multiplicador, impulsionando outros setores da economia. A Sondagem
da Construção produz avaliações e expectativas deste setor para variáveis
relevantes da atividade econômica, tais como:
• situação atual dos negócios;
• evolução recente da atividade;
• capacidade produtiva;
• crédito;
• fatores limitativos;
• expectativas em relação: demanda, emprego, e tendência dos negócios no
futuro próximo.
“Trinta anos atrás, ninguém poderia ter previsto o imenso impacto da
Guerra do Vietnã, de duas crises do petróleo, da renúncia de um
presidente, da dissolução da União Soviética (…). Diferentes choques
ocorrerão nos próximos 30 anos. Não tentaremos prevê-los, nem lucrar
com eles.”
Warren Buffett
Dados da Construção Civil - O indicador de construção constitui em um
grupo significativo incluído no cálculo do PIB dos Estados Unidos. Ainda, o
mercado imobiliário tem sido o motor que avança a economia dos EUA para
fora das recessões após a Segunda Guerra Mundial. Esses indicadores são
classificados em três categorias principais: 1. Construções e alvarás de
habitações, 2. Vendas de casas novas e existentes de uma só família, 3. Gastos
com construção. Os indicadores de construção são cíclicos, muito sensíveis ao
nível das taxas de juros (e, conseqüentemente, às taxas de hipoteca) e ao nível
de renda disponível. No entanto, baixas taxas de juros por si só podem não ser
capazes de gerar uma alta demanda por habitação.
Housing Starts – Este indicador econômico rastreia quantas novas
moradias ou edifícios são construídos durante todo o mês. É considerado
como um indicador líder, isso significa que ele detecta tendências futuras na
economia. Um declínio no índice mostra que a economia está lenta, enquanto
que uma alta no índice de atividade de novas moradias pode empurrar a
economia fora de uma situação de economia fraca.
Levantamento Sistemático da Produção Agrícola IBGE – Obtém
29. informações mensais sobre previsão e acompanhamento de safras agrícolas,
com estimativas de produção, rendimento médio e áreas plantadas e colhidas,
tendo como unidade de coleta os municípios. Compreende a estatística da
Produção Agrícola mensal do país.
Pesquisa Industrial Mensal Produção Física – Índices Especiais de
Bens de Capital – O objetivo geral desse índice especial é, a partir de
recortes específicos sobre a amostra de produtos da Pesquisa Industrial
Mensal de Produção Física – PIM-PF, ampliar a capacidade de entendimento
da evolução da atividade industrial no curto prazo. Neste caso, o objetivo é
gerar índices mensais que informem sobre o movimento da produção de
máquinas, equipamentos e peças, segundo o destino predominante desses
bens. Com isso, busca-se identificar o comportamento do investimento
segundo os setores demandantes.
Os produtos foram agrupados sob a seguinte tipologia: Bens de Capital
Para Fins Industriais (Seriados e Não-Seriados); Bens de Capital Agrícolas;
Peças Agrícolas; Bens de Capital para Construção; Bens de Capital para o
Setor de Energia Elétrica; Bens de Capital para Equipamentos de Transporte;
e Bens de Capital de Uso Misto.
Número de Pedidos à Indústria - Reflete as novas ordens de pedido às
indústrias de bens duráveis, mostrando o uso da capacidade total do setor e o
nível de aquecimento econômico. Os bens não duráveis incluem alimentos,
vestuário, produtos industriais leves, e produtos desenvolvidos para a
manutenção dos bens duráveis. Os Bens Duráveis consistem em produtos com
vida útil maior do que três anos. Alguns exemplos são automóveis,
eletroeletrônicos, móveis, joalheiros e brinquedos. Eles são divididos em
quatro categorias principais: metais primários, maquinário, maquinário
elétrico, e transporte. Nos Estados Unidos esse indicador se chama Durable
Goods Orders.
Volume de Vendas do Varejo - Mede o volume das vendas das lojas de
varejo que comercializam tanto bens duráveis como não duráveis. Esse
indicador mostra a tendência de consumo da população, influenciando nas
estimativas futuras para a força da demanda do consumidor e a confiança na
economia. Nos Estados Unidos esse indicador se chama Retail Sales.
“Desde a aurora da civilização as pessoas não se dão por satisfeitas
com a noção de que os eventos são desconectados e inexplicáveis. Sempre
ansiamos por compreender a ordem subjacente do mundo”.
Stephen Hawking
30. Indicadores Líderes - Os indicadores líderes são compostos por
indicadores que antecipam mudanças futuras na economia, por serem mais
sensíveis, reagem mais rápido às mudanças em relação aos demais
indicadores. São compostos pelos seguintes indicadores econômicos:
• Semana de trabalho média de trabalhadores da manufatura.
• Média semanal de entradas no seguro desemprego.
• Novos pedidos por materiais e bens ao consumidor (ajustados para a
inflação).
• Desempenho de fornecedor.
• Contratos e pedidos para fábricas e equipamentos (ajustados para a
inflação).
• Emissão de alvarás para novas construções.
• Mudança nos pedidos não supridos de fabricantes, bens duráveis.
• Mudança nos preços de materiais sensíveis.
Indicadores de emprego – A taxa de emprego é um indicador econômico
com importância em diversas áreas. Naturalmente, mede a solidez de uma
economia e também é o indicador de uma economia desacelerada. Refere-se à
mão de obra como fator de produção. Períodos de alto desempenho
econômico obviamente reduzem o nível de desemprego e aumentam a
confiança dos empresários. Essas variáveis, que representam a demanda do
mercado de trabalho, são consideradas antecedentes ao nível da atividade
econômica porque refletem as expectativas quanto à produção futura.
É um aspecto importante a se lembrar, especialmente em tempos de
recessão econômica, quando a política econômica foca-se na saúde e
recuperação do setor de empregos. Neste contexto, o emprego é o último
indicador econômico a se recuperar. Quando a contração econômica causa
cortes de emprego, leva-se muito tempo para gerar confiança psicológica na
recuperação da economia no nível gerencial até que novos empregos sejam
gerados.
Os relatórios de emprego são importantes para os mercados financeiros em
geral, bem como para o mercado de câmbio em particular. No mercado de
câmbio, os dados são realmente afetados em períodos de transação econômica
— recuperação e contração. A razão para a importância dos indicadores em
situações econômicas extremas se dá na imagem que projetam sobre a saúde
da economia e no grau de maturação de um ciclo comercial. Um valor
decrescente de desemprego sinaliza um ciclo de expansão econômica,
enquanto que um valor crescente indica recessão.
Nos Estados Unidos, o Employment Situation Report é um indicador
31. mensal que se refere ao desemprego e aos novos empregos criados. O
relatório diz a taxa de desemprego e a mudança na taxa de desemprego. A
segunda parte do relatório contém informações como a média semanal de
horas trabalhadas e a média de recebimentos por hora trabalhada. Esta média
é importante para determinar a tensão no mercado de trabalho, a qual é a
maior determinante de inflação. E, assim como os índices de inflação, este
indicador é acompanhado de perto pelo mercado juntamente com o initial
claims.
“Eu seria um mendigo pedindo esmolas nas ruas com uma caneca na
mão se os mercados fossem eficientes”.
Warren Buffett
A macroeconomia e a microeconomia estão intimamente ligadas, e como as
mudanças na economia resultam das decisões de milhares de pessoas, é
impossível entender os desdobramentos macroeconômicos sem considerar as
decisões microeconômicas a eles associadas. O objetivo da análise
econômica, além de fornecer subsídios para a análise dos ativos, é antecipar
possíveis movimentos da economia do país antes que essa informação se
torne um consenso para o mercado, ou seja, a análise deve possibilitar ao
investidor se antecipar em relação ao restante do mercado, além de embasar a
sua tomada de decisão. Em geral, quanto melhor for o desempenho da
empresa e as suas características individuais (pontos fortes) e de seu ambiente
(oportunidades), melhor ela irá superar condições macroeconômicas adversas
(ameaças) e manejar as suas fraquezas.
Estudos apresentados recentemente no The Wall Street Journal comprovam
que em quase todos os 11 declínios econômicos dos Estados Unidos desde a
Segunda Guerra Mundial, o Dow Jones atingiu seu ponto mais baixo da
recessão e começou a subida seis meses antes do início da recuperação da
economia. Geralmente, os investidores ficam ansiosos para comprar papéis
antes da recuperação econômica porque quando eles sobem depois de uma
recessão os ganhos são consideráveis, conforme fora percebido no período de
2009 a 2010, após a crise de 2008.
Os mercados de capitais são mais do que simplesmente uma medida da
expectativa do investidor. Eles são uma medida de confiança. Existem
evidências de que a movimentação no mercado de capitais possui
desempenho antecedente em relação à atividade econômica. Numa época em
que a maior parte dos males da economia reside na crise de confiança, em que
tanto os consumidores quanto os empresários estão tão inseguros quanto ao
futuro que cortam ao máximo as despesas, uma alta no mercado de capitais é
32. um importante sinal de que a maré pode estar começando a virar, sendo um
importante estímulo de confiança na economia.
O investidor pode buscar antecipar a tendência de crise monitorando os
sinais identificados na conjuntura dos indicadores econômicos como oferta
monetária (e crédito) com taxas de crescimento estagnadas ou em queda,
curva de juros invertida, aceleração nos índices de preços ao consumidor,
aumento generalizado dos custos, principalmente nas empresas mais afastadas
do consumo final. Dessa maneira ele tentará direcionar os seus investimentos
para setores que, em tese, serão menos afetados, ou mesmo, que se
beneficiarão neste cenário.
Os mercados acionários, em tese, seguem os indicadores econômicos e as
notícias das empresas que compõem os principais benchmarks; na teoria.
Contudo, a prática mostra que as bolsas têm seus meios de contrariar a lógica,
se movendo em sentido contrário ao dos fundamentos econômicos e
corporativos. A maior parte das informações financeiras disponíveis dá ênfase
nas opiniões e na tendência de curto prazo, na reação do mercado às notícias e
à popularidade de determinada empresa. Investidores veteranos estão mais
focados para o longo prazo, exatamente onde a análise fundamentalista tem
maior valor. Investem embasados por resultados e fundamentos, com
consciência e razão, ao invés de seguirem impulsos e o imediatismo. Investir
no longo prazo é em muitos aspectos uma atitude mais madura e responsável.
“Se você quiser especular faça com os olhos abertos, sabendo
que provavelmente você irá perder dinheiro no final; lembre-se de limitar
a quantidade de dinheiro em risco e separe-a completamente da sua
estratégia de investimento de longo prazo”.
Benjamim Graham
Corretoras, bancos e a mídia em geral dão muita ênfase no day trade e na
ilusão do enriquecimento rápido. Estimulam diversas estratégias de operação,
algumas sem a menor coerência e que acabam tendo baixa rentabilidade.
Estratégias mais conservadoras de buy and hold e reinvestimento de
dividendos parecem desinteressantes diante desse enfoque. O investidor
Warren Buffett sempre defendeu que mais importante do que fazer previsões
econômicas, as quais muitas vezes sequer se realizam, é investir em ações de
empresas que vem apresentando resultados positivos consecutivos ao longo
dos anos, seja durante períodos de bonança econômica ou de crise.
Portanto, é preciso avaliar o mérito das informações e opiniões em relação
aos fundamentos, confirmando-as ou não. Caso contrário, estará investindo a
33. partir de idéias preconcebidas, seguindo a mentalidade da massa ou dicas que
não possuem fundamento algum, e que no longo prazo geram mais perdas do
que ganhos. Investidores que buscam retorno rápido operando no curto prazo
ficam mais focados no jogo de compra e de venda do que na formação de uma
carteira de investimento composta por ações de empresas que vêm
apresentando bons fundamentos ao longo dos anos.
Muitos dos que estudam os fundamentos e indicadores econômicos
acreditam de certa forma que o mercado possa ser previsível. As pessoas
querem acreditar que através de um extenso estudo dos fundamentos poderão
prever os valores futuros das ações de uma empresa com tal precisão que
sempre ganharão dinheiro. Esse tipo de crença, apesar do correto desejo de
minimizar o risco, retira a capacidade de julgamento. O grande propósito da
análise fundamentalista não é lhe fornecer informações privilegiadas ou algo
do tipo, mas lhe ajudar a direcionar seus esforços na direção certa,
a desenvolver a sua perspicácia e confirmar as suas crenças e, dessa maneira,
dar suporte para a sua tomada de decisão.
É importante frisar que os fundamentos, apesar de estarem sólidos, podem
ser deixados de lado pelo mercado, que de uma hora para outra pode mudar a
direção dos preços. Mesmo que uma empresa apresente uma excelente
performance histórica e possua ótimos fundamentos, o mercado pode entrar
numa tendência de baixa em razão de algum acontecimento, ou mesmo,
porque os preços estão supervalorizados e é conveniente para os investidores
institucionais realizarem o lucro. A análise fundamentalista feita na empresa
pode estar correta e coerente à realidade, mas ainda assim o preço de suas
ações pode cair. Esse é o risco do mercado e, conforme dito anteriormente, o
sucesso está em controlar o risco e gerenciar o seu capital.
“O tempo é utilizado de maneira mais sábia quando se busca comprar
ações de empresas cujos negócios geram lucro em qualquer conjuntura
econômica do que fazendo trades no curto prazo em ações de empresas
que se beneficiarão apenas caso as suas suposições econômicas se
concretizarem”.
Warren Buffett
34. Análise Setorial e Tendências de Mercado
Um setor é caracterizado por agrupar empresas que possuem uma estrutura
produtiva semelhante ou que oferecem bens e serviços similares. Quanto
melhor for conhecido o ambiente de atuação da empresa, melhor ela poderá
ser avaliada. Portanto, é imprescindível que o investidor realize um estudo
macroeconômico, onde devem ser levados em conta os elementos
conjunturais que servem como pano de fundo para a performance da empresa
analisada, considerando que ela é parte de um contexto maior de atividades
integradas e que interagem com cadeias produtivas, arranjos concorrenciais,
dentre outros condicionamentos setoriais. O segundo passo é a avaliação do
setor no qual a companhia se insere. Suas potencialidades, estatísticas de
evolução dos últimos anos, comparações com outros países, condições de
concorrência, barreiras protecionistas internas ou externas, facilidade de
obtenção dos insumos de produção, formação de preços e tudo mais que possa
interferir nas condições normais de atividade do setor, fornecendo
informações e identificando tendências que possam impactar os resultados do
seu negócio.
A análise setorial consiste em correlacionar o desempenho da indústria com
o desempenho da economia, isto é, identificar a tendência macroeconômica e
sua relação com o setor econômico. Avalia-se o tamanho e representatividade
do setor, as barreiras de entrada e de saída, a concorrência e o nível de
competição, o efeito da regulação do governo, os impactos tecnológicos e
estruturais, o seu faturamento, a sua tendência de crescimento e os principais
fatores que a influenciam, bem como o seu histórico e a sua variabilidade ao
longo dos anos e, principalmente, a expectativa do mercado em relação ao seu
futuro. E por fim, correlacionar o desempenho da empresa com o desempenho
do setor. Este tipo de análise comparativa tem resultados bastante fidedignos,
pois as empresas atuam num mesmo setor e, provavelmente, atendem ao
35. mesmo público e estão submetidas da mesma forma às mesmas variáveis e
influências internas e externas.
Assim, pode-se para determinar o posicionamento e o potencial de
desenvolvimento de uma empresa em relação ao seu setor de atuação. Para
isso, são analisados fatores conhecidos como forças competitivas, tais como o
nível de concorrência, a ameaça de novos entrantes ou de produtos substitutos
e o poder de barganha dos consumidores e fornecedores. Essas forças
permitem identificar se existem mais oportunidades ou ameaças para a
empresa, procurando quantificá-las sob a forma de premissas para a
realização de projeções quanto à: preços praticados, estrutura de demanda,
estrutura de oferta, estrutura mercadológica, concorrência, fornecimento,
tecnologia empregada e qualidade da mão de obra.
Isso permite ao investidor conhecer o contexto econômico em que a
empresa está atuando e, principalmente, as suas concorrentes, possibilitando-o
avaliar as oportunidades e as fraquezas e identificar tendências que possam
impactar nos negócios do setor, bem como os indicadores macroeconômicos
que o influenciam diretamente. Fornece informações que permitirão
identificar fatores de risco e oportunidades de investimentos, além da
avaliação do desempenho dessas empresas, servindo de base para a análise
microeconômica e para estimativa de projeções e de cenários futuros. A
mensuração da estratégia competitiva da empresa e dos os principais
direcionadores do seu setor também facilita avaliar se seus resultados atuais
são sustentáveis.
“Grandes oportunidades de investimentos surgem quando empresas
excelentes estão cercadas de circunstâncias incomuns que fazem com que
suas ações sejam subvalorizadas.”
Warren Buffett
Suponha que as perspectivas de um determinado setor de atividade
econômica sejam bastante promissoras, neste caso a análise comparativa entre
as empresas deste setor poderia determinar a decisão sobre em qual das
empresas investir. A análise setorial ajuda o investidor a entender melhor a
dinâmica da economia e o impacto dos indicadores macroeconômicos, das
commodities e das influências econômicas de outros países nas atividades das
empresas, mostrando-se uma importante análise para auxiliar o processo de
tomada de decisão. O ciclo econômico é formado por um padrão recorrente de
recessões e de recuperações da economia, em que os diferentes setores são
afetados de maneiras diferentes.
36. É importante identificar e saber separar o risco que afeta temporariamente o
preço de uma ação, dos riscos inerentes ao gerenciamento e à operação do
negócio. Os riscos que afetam os negócios podem ser permanentes. E neste
caso, mesmo com prejuízos, a venda das ações pode ser a única alternativa.
Assim, reconhecer a sensibilidade do setor é crucial para a realização da
análise, uma vez que cada um pode reagir de maneiras diferentes, o que irá
interferir na definição de uma previsão adequada para o setor analisado. Para
se determinar isso, são analisados fatores como os impactos sobre o lucro nos
diferentes ciclos econômicos, os impactos sobre as vendas, a alavancagem
operacional e alavancagem financeira.
Cada setor da economia tem a sua própria dinâmica e responde de maneira
diferente às variações no cenário macroeconômico e político. Assim, torna-se
imprescindível que o investidor conheça as tendências para a oferta e para a
demanda no segmento de atuação da empresa em que pretende investir, para
os mercados consumidores de seus produtos e serviços e para os setores aos
quais pertencem seus principais fornecedores e a tendência dos preços dos
principais insumos que afetam a sua margem de lucro.
Existem vários exemplos de produtos e serviços maravilhosos feitos por
empresas que têm um péssimo negócio, em que todo ou quase todo o valor é
revertido para o consumidor e pouco ou nada é auferido pelo o produtor. A
análise setorial ajudar a compreender como as variações nos indicadores
macroeconômicos irão influenciar um determinado setor da economia e,
principalmente, uma determinada empresa. A desvalorização cambial, por
exemplo, tende a ser favorável para os setores e as empresas cuja maior parte
de suas receitas provenham das exportações. A forma como a macroeconomia
afeta uma determinada empresa ou um setor tende a influenciar diretamente
nas cotações, havendo grande correlação entre as variações nos indicadores
econômicos que beneficiam o resultado da empresa e as variações no preço de
suas ações.
“No momento em que todas as pessoas acreditarem em algo a
oportunidade já haverá passado”.
Michael C. Thomsett
A análise por múltiplos também deve ser aplicada à analise setorial. Apesar
de ser mais trabalhosa, visto que é necessário calcular os índices de todas as
empresas que compõe o setor para então calcular as suas médias setorias,
estas servirão como importantes benchmarks para avaliar e comparar a
performance, o risco e o valor tanto do próprio setor como das empresas que o
compõe. Servirão também como parâmetro de comparação com os demais
37. setores. Assim, o investidor buscará dentre os diferentes setores aqueles que
veem apresentando as melhores performances e os menores riscos de acordo
com os valores e as tendências dos seus indicadores de rentabilidade, liquidez
e endividamento.
Tendo selecionado os melhores setores de acordo com a sua avaliação, o
investidor irá selecionar dentre as empresas que compõe o setor aquelas que
vem apresentando performances acima da média e riscos abaixo da média. A
partir daí, através dos Índices de preço (P/L, PSR, VPA, P/VPA,
EV/EBITDA) e da analise dos preços de mercado através da análise técnica, o
investidor irá avaliar o melhor momento para investir nessas empresas, de
forma a evitar a compra em momentos em que essas empresas estiverem
sobreavaliadas pelo mercado e ao mesmo tempo acompanhar a evolução
desses indicadores de forma a identificar oportunidades que venham a surgir.
Seguindo essa mesma lógica, as médias dos indicadores do mercado, ou
seja, as médias da bolsa de valores como um todo, servem como benchmark
para avaliar e comparar as rentabilidades, os riscos e os valores tanto das
empresas quanto dos setores em relação ao mercado como um todo. Logo, as
médias dos indicadores de rentabilidade, de liquidez, de endividamento e de
preço setoriais e do mercado irão complementar a análise dos indicadores
macroeconômicos e setoriais, o que além de agregar valor à análise do
investidor possibilita a avaliação e a comparação.
“Se você acha que a instrução é cara, experimente a ignorância.”
Derek Bok
Os setores econômicos apresentam diferentes características, dependendo
dos objetivos das empresas que os integram e do estágio de desenvolvimento
em que elas se encontram. É preciso estar atento para as variáveis setoriais,
eventos que afetam especificamente o setor de atividades em que a empresa
atua. Por exemplo, um aumento no preço internacional da celulose afeta
positivamente as ações do setor (aumento de receitas e lucro potencial).
Outras variáveis são possíveis inovações tecnológicas (por exemplo, um
processo produtivo mais eficiente), mudanças nos preços de matérias primas,
mudança no perfil dos concorrentes internacionais, mudanças na legislação
que afetem a venda para outros países. Podemos classificar os setores
econômicos em diversas categorias:
• Exportadoras - As empresas exportadoras se caracterizam por ter uma
forte receita em moeda estrangeira. Por isso, investimento em ações de
empresas exportadoras é particularmente interessante em cenários de
38. desvalorização cambial ou de recessão no mercado interno. Por terem sua
receita relacionada com a cotação de uma moeda estrangeira, essas ações são
consideradas um hedge (proteção) contra a alta dessa moeda. Mas cuidado,
pois as receitas de empresas exportadoras também dependem da demanda
externa para os seus produtos, bem como dos preços de seus produtos no
mercado internacional, não apenas da cotação da moeda estrangeira. Podemos
citar como exemplo o setor de mineração, que se beneficia com a
desvalorização cambial, em razão da maior parte da receita provir das
exportações, e também com o aumento da demanda de países como a China.
PAUTA DE EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS – 2013
• Importadoras – Assim como as empresas exportadoras, as empresas
importadoras apresentam grande exposição ao câmbio, porém, de maneira
inversa. Essas empresas se beneficiam durante momentos de valorização
cambial, pois se torna mais barato importar. A desvalorização cambial, por
outro lado, desfavorece as importações e favorece as exportações. Neste caso,
a indústria nacional ganha competitividade e a tendência é que as ações das
empresas exportadoras se valorizem, desde que não tenham dívidas elevadas
em divisa estrangeira.
PAUTA DE IMPORTAÇÕES BRASILEIRAS – 2013
39. “O sucesso é ter o que você deseja, e a felicidade é desejar o que você já
tem”.
Warren Buffett
• Bens de capital – São bens usados na produção de outros bens,
especialmente bens de consumo, embora não sejam diretamente incorporados
ao produto final. São as máquinas, equipamentos e instalações de uma
indústria, veículos e material de transporte. Alguns autores consideram bem
de capital como sinônimo de bem de produção. A indústria de bens de capital
é dividida em 2 segmentos:
– Bens seriados – São produzidos em larga escala, de forma padronizada.
Representam 80% do mercado de bens de capital. Sua produção é feita a
partir de projetos padronizados, em lotes médios ou grandes. A fabricação
desses equipamentos se dá no curto prazo. Vale destacar que este segmento é
um dos primeiros a ser afetado por crises econômicas e também um dos
últimos a reagir com a retomada da atividade da economia.
– Bens sob encomenda – A produção é realizada a partir de projetos
específicos para determinadas unidades produtivas ou também a partir de
projetos padronizados de produtos cuja fabricação é sob encomenda. Este
segmento opera com carteira de pedidos de médio e longo prazo, o que lhe
confere alguma margem de manobra para enfrentar mudanças no ritmo de
crescimento da economia. Possuem características próprias, por isso
dependem de tecnologia.
40. – Sazonalidade: A indústria de bens de capital apresenta um volume maior
de produção e de vendas entre março e novembro, apresentando redução de
dezembro até fevereiro.
Um estudo da Brasscom indicava um hiato de 115 mil profissionais em
2012, e outro da Softex previa uma demanda de 280 mil profissionais superior
à oferta disponível em 2020. Muita burocracia legal e carga fiscal elevada
tornam o Brasil pouco competitivo como plataforma de exportação. Há um
fraco ambiente de financiamento à inovação, o que pode ser explicado em
parte pelas taxas básicas de juros elevadas no Brasil. E, por fim, há
comparativamente um baixo grau de empreendedorismo; a cultura de abrir o
seu próprio negócio ainda não é tão forte no Brasil como a de prosperar como
funcionário dentro de uma grande empresa. Mas também, para parte da
indústria, as exportações representam parcela significativa de sua receita,
como no caso de carnes, suco de laranja, açúcar e das esmagadoras de soja. A
participação das importações no mercado interno é pequena e restrita a alguns
segmentos.
Historicamente a competitividade da indústria brasileira baseou-se nos
setores produtores de commodities, que operam com grandes escalas de
produção, são intensivos em mão de obra e energia e recursos naturais com
baixa transformação industrial. A análise do comportamento da indústria no
período recente revela um aprofundamento da estrutura industrial e do padrão
de especialização vigente desde a década de 1970. Em todos os complexos
industriais mais sofisticados, com grau mais elevado de agregação de valor e
maior dinamismo tecnológico, verificou-se um eventual retrocesso,
caracterizando o período como uma etapa de especialização regressiva da
indústria brasileira. o país se mantém, ao longo dos anos, deficitário em
produtos com elevado grau tecnológico, o que corrobora o argumento da
especialização de nossa indústria. A indústria de bens de capital se concentrou
na produção de bens de menor conteúdo tecnológico, ao passo que os
produtos mais sofisticados eram importados e, para tal, contavam com
diversos estímulos fiscais e cambiais.
Os principais custos de produção do segmento de máquinas e equipamentos
são matérias-primas (50% do total) e mão-de-obra (30%). Em sua maioria, os
insumos de produção são produtos transformados do aço, alumínio e outros
minerais metálicos, além de componentes eletrônicos, plásticos e borracha.
Os principais fornecedores encontram-se no mercado interno, entre eles:
siderurgia e metalurgia, indústria de plásticos, energia elétrica e combustíveis.
O principal fornecedor externo é do segmento de componentes eletrônicos e