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Prefácio
Para	 muitas	 pessoas	 os	 movimentos	 de	 alta	 e	 de	 baixa	 no	 mercado	 são
misteriosos,	 sendo	 bastante	 influenciados	 por	 notícias,	 muitas	 vezes
ocorrendo	quando	menos	esperado.	Mas	a	verdade	é	que	o	mercado	não	é	tão
difícil	 de	 ser	 entendido	 e	 acompanhado.	 É	 preciso	 apenas	 compreender	 a
psicologia,	as	estratégias	e	a	lógica	envolvida	neste	complexo	“jogo”.
O	 mercado	 recompensa	 através	 de	 várias	 estratégias	 e	 possibilidades	 de
negócios	 quando	 encarado	 com	 maturidade	 e	 bom	 senso.	 É	 uma	 atividade
lucrativa	e	um	desafio	intelectual	para	aqueles	que	têm	sucesso	em	gerenciar
os	riscos	da	renda	variável	e	a	disciplina	para	fazer	o	que	deve	ser	feito	de
forma	 sistemática.	 Assim	 como	 em	 muitas	 situações	 da	 vida,	 persistência,
paciência,	confiança,	competência,	e	acima	de	tudo,	estar	disposto	a	pagar	o
preço,	trarão	o	resultado	desejado.
	
Nossa	 intenção	 ao	 escrever	 o	 conteúdo	 do	 Capital	 e	 Valor	 foi	 explicar	 o
mercado	de	capitais	e	as	estratégias	de	operações,	bem	como	demonstrar	os
principais	mecanismos	para	sua	análise,	desde	uma	perspectiva	focada	para
investidores	 de	 longo	 prazo	 até	 estratégias	 para	 especuladores,	 fornecendo
informações	 e	 mecanismos	 para	 que	 o	 investidor	 se	 torne	 auto-suficiente	 e
conquiste	sua	independência	financeira,	pois	para	ganhar	no	mercado	não	se
deve	depender	de	ninguém.
	
“Muitos	querem	aquilo	que	você	tem	hoje,	mas	quando	souberem	o	preço
que	você	pagou	por	isso	irão	desistir”.
João	C.	Filho
O	 conteúdo	 do	 Capital	 e	 Valor	 visa	 orientar	 o	 desenvolvimento	 de	 uma
metodologia	objetiva	para	operar	e	analisar	o	mercado	de	forma	consciente,
demonstrando	 as	 diferentes	 estratégias	 para	 momentos	 de	 alta	 e	 de	 baixa,
incluindo	técnicas	de	gerenciamento	de	risco	e	de	proteção	de	capital.	Não	é
um	método	milagroso	de	enriquecimento,	tão	pouco	dicas	de	investimentos,
mas	uma	visão	realista	sobre	o	mercado	financeiro	embasada	por	informações
de	 qualidade	 para	 investidores	 conscientes	 e	 racionais,	 cujo	 objetivo	 é	 lhe
auxiliar	 a	 desenvolver	 o	 seu	 potencial	 de	 investir	 bem	 o	 seu	 dinheiro	 e	 a
garantir	a	sua	prosperidade.
	
Através	 de	 uma	 linguagem	 simples	 e	 exemplos	 práticos	 o	 Capital	 e	 Valor
apresenta	 informações	 e	 estudos	 para	 orientar	 e	 inserir	 o	 investidor	 no
mercado	financeiro.	O	conteúdo	aborda	as	diversas	estratégias	operacionais,
avaliando	 a	 relação	 entre	 risco	 e	 rentabilidade,	 bem	 como	 as	 técnicas	 de
análise	 do	 mercado.	 Através	 de	 conhecimento	 e	 informações	 de	 qualidade
você	transformará	a	maneira	como	lida	com	o	dinheiro	e,	principalmente,	a
forma	como	investe	o	seu	patrimônio.
	
Mais	do	que	nunca	o	mercado	de	capitais	está	cada	vez	mais	popularizado	no
Brasil	e	acessível	para	os	investidores,	sendo	fundamental	para	a	consolidação
de	uma	cultura	de	poupança	de	longo	prazo	no	país.	Todo	investimento	deve
ser	encarado	como	um	compromisso	por	quem	o	faz.	Isso	significa	dedicar
tempo	para	estudar,	para	acompanhá-lo	e,	principalmente,	para	avaliá-lo.	Não
tenha	 dúvida	 de	 que	 no	 longo	 prazo	 o	 retorno	 de	 seus	 investimentos	 será
diretamente	proporcional	ao	seu	comprometimento	aos	mesmos.
	
Com	o	passar	do	tempo	as	experiências	no	mercado	acabam	por	revelar	muito
de	nós	mesmos,	sendo	uma	atividade	em	que	além	do	crescimento	financeiro
ocorre	 o	 crescimento	 como	 indivíduo.	 Temos	 então	 dois	 objetivos,	 fazer
dinheiro	 e	 aprender.	 Perdendo	 ou	 ganhando	 é	 preciso	 tirar	 algum
conhecimento	 dessas	 operações	 com	 o	 intuito	 de	 tornarmo-nos	 melhores
investidores	no	futuro.	O	mercado	nos	testa	constantemente,	em	cada	situação
existe	uma	profunda	sabedoria	a	ser	descoberta.	Aceite	o	que	o	mercado	lhe
dá	com	humildade	e	bom	humor,	tenha	prazer	em	aprender.
	
Este	conteúdo	é	dedicado	a	todos	aqueles	que	tiveram	a	iniciativa	e	a	coragem
de	buscar	seu	sucesso	investindo	no	mercado	de	capitais.	Lhe	desejamos	bons
investimentos	e	sucesso!
	
“Quando	 eu	 era	 jovem	 pensava	 que	 o	 dinheiro	 era	 a	 coisa	 mais
importante	do	mundo.	Hoje,	tenho	certeza.”
Oscar	Wilde
Apresentação	do	Capital	e	Valor
O	 Capital	 e	 Valor	 através	 de	 uma	 linguagem	 simples	 e	 exemplos
práticos	apresenta	informações	e	estudos	para	orientar	e	inserir	o	investidor
no	mercado	financeiro.	O	conteúdo	é	direcionado	a	todos	que	necessitem	de
educação	financeira	para	se	manterem	atualizados,	seja	para	fins	pessoais	ou
profissionais,	no	intuito	de	que	seus	objetivos	sejam	atingidos	por	meio	do
conhecimento	e	da	permanente	inovação,	promovendo	o	desenvolvimento	de
seus	 próprios	 métodos	 e	 estratégias	 de	 investimento	 e	 a	 prosperidade
financeira.	Embasado	pelo	conteúdo	do	Capital	e	Valor	o	investidor	tomará
decisões	 mais	 conscientes	 e	 responsáveis,	 aproveitando	 melhor	 as
oportunidades	 de	 investimento,	 reduzindo	 as	 incertezas,	 administrando
melhor	os	riscos	e	maximizando	os	resultados	dos	seus	investimentos.
Por	 não	 estar	 vinculado	 a	 nenhum	 banco,	 corretora	 ou	 qualquer	 instituição
financeira,	 as	 informações	 e	 as	 ferramentas	 disponibilizadas	 pelo	 Capital	 e
Valor	 possuem	 total	 independência	 em	 defesa	 dos	 interesses	 do	 investidor.
Através	 de	 uma	 visão	 realista	 sobre	 o	 mercado	 financeiro,	 nosso	 conteúdo
aborda	as	diversas	estratégias	operacionais,	avaliando	a	relação	entre	risco	e
rentabilidade,	 bem	 como	 as	 técnicas	 de	 análise	 do	 mercado.	 Através	 de
conhecimento	e	informações	de	qualidade,	você	transformará	a	maneira	como
lida	com	o	dinheiro	e,	principalmente,	a	forma	como	investe	o	seu	patrimônio.
Conquiste	sua	independência	financeira	aperfeiçoando	os	seus	conhecimentos
sobre	 análise	 técnica,	 análise	 fundamentalista	 e	 estratégias	 de	 investimento
em	ações,	futuros,	opções,	títulos	do	tesouro,	fundos	de	investimento,	renda
fixa,	dentre	outros.
6.0	 –	 Estratégias	 de	 Investimentos	 no	 Mercado	 Futuro	 -	 Abordamos	 as
características	dos	diferentes	tipos	de	investimentos	no	mercado	futuro,	como
Índice	 Futuro,	 Dólar	 Futuro,	 Mercado	 a	 Termo	 e	 Mercado	 de	 Opções.
Utilizando	 exemplos	 práticos	 e	 demonstrações	 de	 situações	 reais,
apresentamos	 os	 procedimentos	 operacionais	 e	 características	 de	 cada
instrumento,	bem	como	os	riscos	envolvidos	e	o	potencial	de	retorno	de	cada
estratégia	de	investimento.
6.0	-	Estratégias	de	Investimentos	no	Mercado	Futuro
O	 Módulo	 1	 aborda	 as	 características	 dos	 mercados	 futuros	 e	 operações
estruturadas,	apresentando	os	procedimentos	operacionais	e	características	de
cada	 instrumento	 através	 de	 exemplos	 práticos	 e	 da	 análise	 da	 relação
risco/retorno	 em	 diferentes	 estratégias,	 tanto	 para	 investimento	 quanto	 para
hedge.
6.01	-	O	que	são	Derivativos?
6.02	-	O	Mito	das	Operações	Long	&	Short
6.03	-	O	Mito	do	Investimento	no	Mercado	FOREX
6.04	-	Como	Investir	no	Mercado	a	Termo?
6.05	-	Estratégias	de	Investimento	no	Mercado	a	Termo
6.06	-	Como	Investir	no	Mercado	Futuro?
6.07	-	Como	Realizar	Operações	no	Mercado	Futuro?
6.08	 -	 Mini	 Contratos	 Futuros	 -	 Mini	 Índice,	 Mini	 Dólar	 e	 outras
Commodities
O	Módulo	2	aborda	as	características	inerentes	ao	mercado	de	opções	e	seus
procedimentos	operacionais,	bem	como	os	riscos	envolvidos	e	o	potencial	de
retorno	na	utilização	desses	derivativos	como	estratégias	de	investimento	e
como	 proteção	 (hedge).	 Apresentamos	 um	 foco	 conceitual	 com
demonstrações	de	situações	reais	e	aplicadas	aos	conceitos	abordados.
6.09	-	Como	Investir	no	Mercado	de	Opções?
6.10	-	Como	as	Opções	são	Organizadas?
6.11	-	Como	Funciona	a	Relação	entre	as	Opções	e	seu	Ativo	Objeto?
6.12	-	Como	é	Formado	o	Prêmio	de	uma	Opção?
6.13	-	A	Relação	entre	o	Preço	do	Ativo	Objeto	e	o	Preço	de	Exercício	da
Opção
6.14	-	A	Relação	entre	o	Preço	de	Mercado	da	Opção	e	a	Passagem	do	Tempo
6.15	 -	 A	 Volatilidade	 Histórica	 do	 Preço	 do	 Ativo	 Objeto	 e	 o	 Preço	 das
Opções
O	 Módulo	 3	 aborda	 as	 principais	 estratégias	 no	 mercado	 de	 opções,
contextualizando-as	 em	 operações	 reais,	 desde	 a	 utilização	 desses
instrumentos	 como	 proteção	 para	 o	 investidor	 (hedge),	 até	 operações
especulativas	 e	 spreads	 (travas),	 avaliando	 a	 relação	 risco/retorno	 de	 cada
modalidade.	 Por	 último,	 serão	 abordadas	 as	 estratégias	 de	 day	 trade	 nos
diferentes	mercados,	contextualizando-as	e	avaliando	a	relação	risco/retorno.
6.16	-	Conclusão	sobre	os	Aspectos	e	Riscos	do	Mercado	de	Opções
6.17	-	Estratégias	com	Opções	I	–	Hedge	e	Alavancagem
6.18	-	Estratégias	com	Opções	II	–	Venda	Coberta
6.19	-	Operações	de	Spread	-	Travas
6.20	-	Trava	de	Alta	/	Financiamento
6.21	-	Trava	de	Baixa	/	Reversão
6.22	-	Straddle	e	Strangle
6.23	-	Comprar	Opções	a	Seco
6.24	-	Como	Realizar	Operações	de	Day	Trade?
6.25	-	Em	Quais	Ativos	Realizar	Day	Trade?
6.26	-	Day	Trade	no	Mercado	de	Opções
6.27	-	A	Estrutura	Necessária	para	Realizar	Day	Trade
6.28	-	Considerações	Finais	Sobre	Investimentos	e	Bibliografia
O	que	são	Derivativos?
A	história	do	Mercado	de	Futuros	está	diretamente	vinculada	à	necessidade	de
administração	do	risco	e	das	oscilações	dos	preços	dos	ativos,	originalmente
das	 commodities,	 e	 mais	 recentemente	 também	 dos	 ativos	 financeiros.	 A
realização	de	acordos	contratuais	entre	indivíduos	para	pagamento	e	entrega
numa	data	futura	já	era	significativa	nas	feiras	medievais	da	Europa	do	século
XII.
Derivativos	 são	 criados	 por	 operações	 financeiras	 que	 têm	 como	 base	 de
negociação	 o	 preço	 ou	 a	 cotação	 de	 um	 ativo,	 chamado	 de	 ativo-objeto,
negociado	 nos	 mercados	 futuros,	 ou	 seja,	 a	 preço	 futuro.	 Os	 mercados	 de
derivativos	 ou	 de	 liquidação	 futura	 viabilizam	 aos	 investidores	 realizar
operações	que	possam	protegê-los	do	risco	de	futuras	variações	no	preço	das
suas	posições	no	mercado	à	vista.
Uma	operação	com	derivativos	funciona	como	um	contrato	que	assegura	aos
participantes	o	exercício	dos	seus	direitos,	bem	como	os	obriga	a	cumprirem
suas	 obrigações,	 estando	 fixadas	 neste	 acordo	 todas	 as	 características	 e
condições	 sob	 as	 quais	 a	 operação	 será	 efetuada,	 tais	 como	 a	 data	 de
vencimento,	o	preço	a	ser	pago,	o	tamanho	do	contrato,	dentre	outras.
“Toda	matemática	que	você	precisa	para	investir	no	mercado	de	ações
você	aprendeu	na	quinta	série.”
Peter	Lynch
Um	derivativo	é	um	ativo	financeiro	cujo	valor	resulta	(deriva)	do	valor	de
outro	 ativo	 negociado	 no	 mercado	 à	 vista.	 São	 negociados	 contratos
referenciados	 sobre	 ativos	 financeiros	 tais	 como	 ações,	 índices,	 moedas	 ou
mercadorias,	com	vencimento	e	liquidação	estabelecidos	para	uma	data	futura
e	 por	 um	 preço	 determinado.	 Os	 mercados	 derivativos	 abrangem	 as
modalidades	mercado	a	termo,	mercado	futuro	e	mercado	de	opções.
O	que	o	investidor	busca	nos	mercados	de	derivativos	é	a	proteção	contra	o
risco	das	variações	do	preço	de	um	determinado	ativo.	Essa	administração	de
risco	 é	 conhecida	 como	 hedge,	 o	 qual	 funciona	 como	 um	 seguro	 contra	 o
risco	de	mercado,	especificamente	no	que	refere	ao	preço.
Assim,	uma	operação	de	hedge	realizada	no	mercado	de	derivativos	visa	fixar
antecipadamente	 o	 preço	 de	 uma	 mercadoria,	 uma	 ação	 ou	 um	 outro	 ativo
financeiro,	de	forma	a	minimizar	o	impacto	das	mudanças	no	seu	preço.
Do	 lado	 do	 especulador,	 os	 derivativos	 lhe	 possibilitam	 obter	 de	 maiores
ganhos	em	comparação	ao	mercado	à	vista	e	aos	demais	investimentos	(renda
fixa),	mediante	a	sua	disposição	de	assumir	os	riscos	da	flutuação	dos	preços
dos	ativos	objetos	e	da	volatilidade	dos	preços	dos	derivativos,	bem	como	os
riscos	da	alavancagem.
O	 especulador	 desempenha	 uma	 função	 econômica	 importantíssima	 para	 o
funcionamento	 dos	 mercados	 ao	 gerar	 liquidez	 e	 assumir	 o	 risco	 do
investidor,	 assegurando	 a	 existência	 de	 contratos	 com	 vencimento	 durante
todo	o	ano.
“A	volatilidade	dos	mercados	é	a	maior	aliada	do	verdadeiro	investidor”.
Warren	Buffett
Atualmente,	 como	 decorrência	 de	 uma	 prolongada	 crise	 econômica
internacional,	 os	 derivativos	 estão	 cada	 vez	 mais	 associados	 à	 quebra	 de
instituições	financeiras,	e	até	mesmo	à	escândalos	contábeis	ocasionados	pela
má	 utilização	 desses	 instrumentos.	 O	 seu	 uso	 indiscriminado	 e	 a	 falta	 de
regulamentação	têm	sido	responsáveis	pela	transformação	dos	derivativos	em
mecanismos	 para	 especulações	 altamente	 alavancadas,	 diferentemente	 do
propósito	 original	 para	 o	 qual	 foram	 criados,	 ou	 seja,	 servirem	 como
instrumentos	 práticos	 e	 inteligentes	 para	 o	 gerenciamento	 do	 risco	 para
posições	em	ativos.
Investidores	institucionais	realizam	operações	de	especulação	e	de	arbitragem
no	mercado	financeiro	com	enormes	volumes	de	dinheiro,	utilizando	recursos
de	terceiros	(clientes	ou	cotistas).	Na	prática	a	manipulação	e	a	arbitragem
dos	preços	só	é	possível	quando	se	dispõe	de	enormes	quantias,	de	forma	que
o	 pequeno	 percentual	 de	 retorno	 auferido	 nessas	 operações	 gere	 um	 lucro
significativo.
Em	 muitos	 casos	 tais	 instituições	 assumem	 posições	 demasiadamente
alavancadas,	através	da	criação	e	utilização	em	larga	escala	de	derivativos,
muitos	 dos	 quais	 são	 lastreados	 em	 outros	 derivativos,	 ao	 invés	 de	 ativos
“reais”,	expondo	assim	o	capital	de	seus	clientes	a	riscos	que	podem	gerar
prejuízos	muito	maiores	do	que	os	patrimônios	destas	instituições.
Essa	 atitude	 imoral	 e	 irresponsável	 de	 buscar	 o	 lucro	 à	 qualquer	 custo
contribui	para	o	aumento	do	risco	sistêmico	no	mercado	financeiro,	pois	além
de	estarem	sujeitos	à	perda	total	do	capital	próprio,	podem	gerar	prejuízos	a
outros	 agentes	 econômicos	 e	 cidadãos,	 credores	 ou	 não,	 que	 via	 a	 cadeia
econômica	 estão	 atrelados	 de	 alguma	 maneira	 à	 tais	 instituições	 e	 são
prejudicados	direta	ou	indiretamente.
Esse	 é	 o	 chamado	 efeito	 dominó,	 onde	 toda	 a	 cadeia	 de	 produção	 e	 de
investimento	 é	 quebrada,	 colocando	 todo	 o	 sistema	 financeiro	 em	 risco	 e
obrigando	 os	 Bancos	 Centrais	 a	 injetarem	 recursos	 públicos	 nestas
instituições	 para	 evitar	 uma	 quebra	 sistêmica,	 conforme	 aconteceu	 nos
Estados	Unidos	em	2008	e	ainda	vem	acontecendo,	bem	como	está	ocorrendo
na	Europa	e	em	diversos	outros	lugares.
Essa	é	uma	situação	de	privatização	dos	lucros	e	socialização	dos	prejuízos.
Os	grandes	lucros,	resultantes	de	uma	enorme	exposição	ao	risco	e	gerados
pela	 ganância	 e	 irresponsabilidade	 dos	 gestores	 destes	 grandes	 fundos,	 são
usufruídos	dentre	essas	instituições.	Mas	quando	as	coisas	dão	errado	e	essas
instituições	 quebram,	 gerando	 prejuízos	 em	 larga	 escala	 para	 toda	 a	 cadeia
econômica,	 é	 a	 sociedade	 quem	 paga	 o	 preço	 ao	 arcar	 com	 os	 prejuízos
gerados	por	estes	criminosos	institucionalizados.	
Adam	Smith	observa	que	em	toda	sociedade	coexistem	dois	sistemas	morais:
um,	 rigidamente	 conservador,	 para	 os	 pobres;	 outro,	 flexível	 e	 permissivo,
para	os	ricos	e	elegantes.	O	Governo	ao	socorrer	tais	absurdos	especulativos
praticamente	 está	 	 afirmando	 que	 os	 bancos	 são	 “inquebráveis”.	 Política
imoral	que	acaba	incentivando	mais	ainda	tais	excessos	e	irresponsabilidade.
A	 falta	 de	 regulação,	 a	 legislação	 permissiva	 e	 a	 grande	 variedade	 de
manobras	 jurídicas	 garantem	 a	 impunidade	 desses	 gestores	 e	 afetam	 a
confiança	dos	investidores,	induzindo	fugas	de	capital	e	escassez	de	crédito.
“O	ladrão	passa	por	homem	de	bem	quando	o	roubo	o	enriquece”.
Thomas	Fuller
Fatos	como	estes	comprovam	que	a	auto-regulação	não	previne	imprudências.
Muitos	economistas	são	favoráveis	à	um	maior	controle	dos	Estados	sobre	a
circulação	 de	 capital	 volátil	 pelo	 mundo,	 aquele	 que	 entra	 e	 sai	 dos	 países
com	o	objetivo	principal	de	obter	lucros	arbitrando	diferenças	de	preços	entre
diferentes	mercados.
Da	 mesma	 maneira	 que	 esse	 capital	 pode,	 durante	 certo	 período,	 trazer
benefícios	 para	 alguns	 países,	 em	 outros	 pode	 provocar	 fortes
desestabilizações,	 a	 partir	 do	 momento	 em	 que	 melhores	 oportunidades	 de
rendimentos	em	outras	economias	aparecerem,	pois	esse	dinheiro	tende	ser
retirado	desses	países.	Quando	somados,	os	efeitos	da	manipulação	exercida
no	mercado,	os	movimentos	de	capital	volátil	e	a	gigantesca	exposição	em
derivativos	 por	 parte	 dessas	 instituições	 rapidamente	 geram	 enormes
prejuízos	para	a	economia	de	um	país.
Do	 lado	 do	 pequeno	 investidor	 a	 grande	 liquidez,	 o	 baixo	 custo	 e	 a
volatilidade	dos	derivativos,	juntamente	com	a	sua	expressiva	alavancagem,
atrai	 o	 interesse	 daqueles	 que	 fazem	 day	 trade.	 Entretanto,	 como	 a
preocupação	 do	 especulador	 é	 alavancar	 o	 seu	 capital,	 ele	 assume	 riscos
relativamente	altos	posicionando-se	nos	mercados	de	derivativos	através	de
apostas	 direcionais	 quanto	 ao	 comportamento	 futuro	 dos	 preços.	 Em
contrapartida,	 há	 uma	 possibilidade	 de	 ganhos	 expressivos	 quando	 suas
operações	dão	certo.	
Portanto,	 vale	 ressaltar	 que	 a	 diferença	 entre	 o	 remédio	 e	 o	 veneno	 é	 a
dosagem.	Assim,	o	mercado	de	derivativo	para	o	especulador	é	considerado
como	sendo	de	alto	risco	se	comparado	aos	investimentos	convencionais	tais
como	ações	e	renda	fixa,	seja	pela	alavancagem	ou	pela	grande	volatilidade
nas	 cotações	 desses	 ativos.	 A	 alavancagem	 presente	 nas	 operações	 que
utilizam	margem	o	permite	assumir	grandes	posições	com	um	pequeno	capital
próprio	 investido.	 Isso	 o	 expõe	 a	 um	 risco	 muito	 maior	 do	 que	 os	 demais
investimentos,	pois	em	alguns	casos	existe	a	possibilidade	de	que	sua	perda
seja	superior	ao	capital	investido.
“Há	apenas	um	tipo	de	comunidade	que	pensa	mais	em	dinheiro	do	que
os	ricos:	os	pobres.	Os	pobres	não	conseguem	pensar	em	mais	nada”.
Oscar	Wilde
No	caso	do	mercado	de	opções	existe	o	risco	da	volatilidade	dos	preços,	pois
as	 variações	 no	 preço	 do	 ativo	 objeto	 tendem	 a	 geram	 variações	 muito
maiores	 nos	 preços	 das	 opções,	 tanto	 para	 cima	 quanto	 para	 baixo.	 E	 da
mesma	forma	que	uma	grande	volatilidade	na	direção	contrária	à	posição	do
investidor	 lhe	 causará	 enormes	 prejuízos,	 a	 falta	 de	 volatilidade	 também
poderá	resultar	em	perdas,	visto	que	opções	perdem	valor	extrínseco	com	o
passar	 do	 tempo.	 O	 que	 mostra	 claramente	 que	 as	 operações	 com	 opções
envolvem	 um	 risco	 muito	 maior	 se	 comparadas	 às	 operações	 com	 o	 ativo
objeto	no	mercado	à	vista.
Assim,	 sem	 dúvida	 alguma	 as	 operações	 especulativas	 com	 derivativos
tendem	a	produzir	resultados	exponencialmente	maiores	do	que	as	variações
do	preço	dos	ativos	nos	quais	estão	referenciados.	Tal	potencial	atua	nos	dois
sentidos,	tanto	no	ganho	quanto	na	perda.	A	possibilidade	de	obter	retornos
mais	altos	exige	a	disposição	para	assumir	riscos	muito	maiores.
No	 outro	 lado,	 o	 mercado	 de	 derivativo	 oferece	 aos	 investidores	 mais
conservadores	diversas	estratégias	para	aumentarem	a	rentabilidade	de	seus
investimentos	 de	 renda	 variável,	 bem	 como	 lhes	 permite	 proteger	 suas
posições	 de	 longo	 prazo	 através	 da	 realização	 de	 operações	 de	 hedge,
mostrando-se	uma	ferramenta	importantíssima	para	o	gerenciamento	do	risco
nos	investimentos	de	renda	variável.
Em	 suma,	 através	 de	 operações	 com	 derivativos	 os	 investidores	 podem
reduzir	ou	limitar	aqueles	riscos	que	lhes	são	indesejáveis,	hedgeando	suas
posições,	possibilitando	também	que	tomem	vantagem	do	aumento	do	risco,
quando	lhes	for	vantajoso,	alavancando	assim	os	seus	potenciais	de	retorno.
Historicamente	a	maioria	das	experiências	malsucedidas	com	derivativos	não
ocorreu	 devido	 a	 seu	 uso	 como	 instrumentos	 de	 hedge	 e	 neutralização	 de
riscos;	mas	a	seu	uso	como	ferramenta	de	alavancagem	para	especulação.
“Em	especulação	o	lucro	é	como	um	picolé	ao	sol,	ou	você	chupa,	ou	ele
derrete	na	sua	mão”.
O	Mito	das	Operações	Long	&	Short
Operações	 Long	 &	 Short	 são	 estratégias	 muito	 utilizada	 por	 fundos	 de
investimentos	para	obter	retornos	que	não	dependam	da	tendência	principal
do	mercado,	apenas	da	relação	entre	um	par	de	ativos.	Na	prática	os	fundos	de
hedge	criam	carteiras	de	investimentos	com	posições	compradas	e	vendidas
em	diferentes	ativos	para	atingir	este	objetivo.
Esta	arbitragem	entre	dois	ativos	tem	como	objetivo	de	lucro	a	performance
relativa	entre	ambos,	ou	seja,	que	a	ponta	ativa	(comprada)	performe	melhor
que	ponta	passiva	(vendida)	ou	vice-versa.	O	investidor	irá	alugar	e	vender
(Short)	 o	 ativo	 que	 acredita	 que	 terá	 uma	 desvalorização,	 ou	 mesmo,	 uma
valorização	menor	em	relação	à	ponta	comprada	e,	irá	comprar	(Long)	o	ativo
que	acredita	que	terá	uma	maior	valorização,	ou	mesmo,	uma	desvalorização
menor	em	relação	à	ponta	vendida.	O	objetivo	principal	é	a	obtenção	de	lucro
no	aumento	do	spread	entre	os	dois	ativos,	aproveitando	momentos	em	que
ocorrem	distorções	entre	seus	preços.
Teoricamente	é	uma	operação	de	mercado	neutro,	usualmente	praticada	por
árbitros	 do	 mercado	 (investidores	 institucionais)	 para	 tomar	 vantagem	 de
pequenas	distorções	de	preço	entre	diferentes	ativos.	Por	meio	de	margem	são
feitas	operações	conjuntas	objetivando	o	ganho	correspondente	às	diferenças
entre	os	valores	de	liquidação.
Normalmente	são	realizadas	com	o	financeiro	perto	de	zero,	ou	seja,	a	mesma
quantidade	de	dinheiro	recebido	na	venda	de	um	ativo	é	investida	na	compra
do	outro.	Entretanto,	também	é	comum	que	seja	realizada	com	alavancagem
em	uma	das	pontas,	vendendo	2	ativos	para	cada	1	comprado,	por	exemplo.
Estratégias	 de	 spread	 são	 muito	 comuns	 no	 mercado	 de	 derivativos,	 mas
podem	ser	realizadas	com	praticamente	qualquer	tipo	de	ativo.	No	mercado
de	 ações	 costuma	 ser	 realizada	 entre	 pares	 de	 ações	 que	 demonstraram	 no
passado	 uma	 forte	 correlação,	 mas	 que	 temporariamente	 foi	 reduzida,	 na
expectativa	de	que	essa	correlação	volte	a	normalidade.	Podem	ser	realizadas
também	entre	uma	ação	e	um	fundo	de	índice	(ETF),	como	o	BOVA11	por
exemplo.	Estes	nada	mais	são	do	que	cotas	de	fundos	espelhados	em	índices
negociadas	em	Bolsa	da	mesma	forma	que	ações.	O	desempenho	dessas	ações
acompanha	diretamente	as	variações	de	seus	respectivos	índices.
Correlação	é	um	coeficiente	que	mede	a	força	e	a	direção	da	relação	linear
entre	duas	variáveis	aleatórias,	sendo	que	pode	variar	entre	-1	e	1.	Quando
negativo,	as	variáveis	andam	em	sentido	contrário,	quando	positivo,	andam	no
mesmo	 sentido.	 Quanto	 maior	 for	 o	 número	 absoluto,	 maior	 a	 correlação.
Portanto,	a	ideia	por	trás	da	estratégia	envolve	inicialmente	identificar	pares
de	ações	com	histórico	de	movimentos	similares	nos	preços.	Então,	sempre
que	ocorrer	divergência	suficiente	entre	os	preços	das	ações	que	compõem	o
par	 assume-se	 uma	 posição	 comprada	 e	 outra	 vendida,	 simultaneamente,
apostando	que	a	divergência	nos	preços	do	par	é	temporária	e	que	convergirá
ao	longo	do	tempo.
“Outubro.	 Esse	 é	 um	 dos	 meses	 mais	 perigosos	 para	 especular	 no
mercado.	 Os	 outros	 são:	 Julho,	 Janeiro,	 Setembro,	 Abril,	 Novembro,
Maio,	Março,	Dezembro,	Agosto	e	Fevereiro”.
Mark	Twain
Uma	operação	Long	&	Short	envolve	a	negociação	simultânea	(casada)	de
posições	 vendidas	 (short)	 e	 de	 posições	 compradas	 (long)	 em	 ativos
diferentes.	Ou	seja,	consiste	em	alugar	um	determinado	ativo	para	vendê-lo,
abrindo	assim	uma	ponta	vendida,	a	qual	irá	apostar	na	sua	desvalorização	e,
com	o	financeiro	recebido	pela	venda,	comprar	um	outro	ativo	abrindo	uma
posição	comprada,	a	qual	irá	apostar	na	valorização	deste.	O	objetivo	de	lucro
é	a	diferença	da	rentabilidade	entre	eles,	ou	seja,	o	aumento	do	spread	entre	os
ativos.
É	uma	operação	com	alavancagem	financeira,	pois	é	lastreada	com	margens
de	garantia.	A	margem	é	necessária	em	razão	da	posição	vendida	que	é	aberta
em	 um	 dos	 ativos,	 pois	 tal	 venda	 ocorre	 a	 descoberto,	 e	 sendo	 assim,	 o
vendedor	precisa	alugar	os	ativos	no	Banco	de	Títulos	da	CBLC.
Também	 seria	 possível	 utilizar	 a	 posição	 comprada	 (Long)	 como	 parte	 da
margem	 para	 o	 aluguel	 do	 ativo	 que	 será	 vendido.	 Mas	 normalmente	 a
operação	de	aluguel	e	a	posterior	venda	do	ativo	são	realizadas	primeiro	para
gerar	 o	 financeiro	 para	 ponta	 comprada.	 Portanto,	 é	 possível	 montá-la
possuindo	apenas	a	margem	para	a	ponta	vendida,	seja	com	financeiro	ou	com
ativos	tais	como	ações	e	títulos,	os	quais	serão	utilizados	como	garantia.
Assim,	 para	 realizar	 uma	 long	 &	 short	 o	 investidor	 terá	 que	 desembolsar
somente	a	margem	necessária	para	a	operação	de	aluguel,	que	hoje	está	em
torno	de	100%	a	140%	sobre	o	valor	alugado.	A	maior	parte	dessa	margem
será	reembolsada	pelo	investidor	na	venda	do	ativo,	e	então	utilizada	para	a
compra	 do	 outro,	 o	 que	 teoricamente	 quase	 torna	 uma	 Long	 &	 Short	 uma
operação	 de	 financeiro	 zero.	 Abaixo	 temos	 um	 exemplo	 de	 uma	 operação
long	&	short	nos	ativos	VALE5	X	PETR4	em	que	o	investidor	obteve	lucro
nas	duas	pontas.
Montagem	da	Operação:
1º	 Abrir	 uma	 posição	 tomadora	 de	 aluguel	 de	 1000	 PETR4	 cotadas	 à	 R$
20,00	 no	 mercado	 à	 vista.	 Margem	 requerida	 para	 o	 aluguel	 110%	 (R$
22.000,00),	taxa	acordada	0,50%	a.a.,	custo	de	emolumento	de	0,25%	a.a.	e
taxa	 de	 corretagem	 de	 R$	 20,00.	 Supondo	 que	 a	 operação	 dure	 30	 dias,	 o
custo	do	aluguel	sairá	por	R$	32,50.
2º	Abrir	a	posição	vendida	a	descoberto:	Vender	no	mercado	as	1000	PETR4
alugadas	 por	 R$	 20,00	 cada,	 operação	 em	 que	 investidor	 receberá	 R$
20.000,00,	menos	taxa	de	corretagem	de	R$	20,00.
3º	Abrir	a	posição	comprada:	Comprar	500	VALE5	cotadas	a	R$	40,00	no
mercado	à	vista,	operação	em	que	o	investidor	pagará	R$	20.000,00	mais	a
taxa	de	corretagem	de	R$	20,00.
Liquidação	da	Operação:
4º	Encerrar	a	posição	comprada:	Vender	500	VALE5	cotadas	a	R$	40,80	no
mercado	 à	 vista	 (alta	 de	 2%),	 operação	 em	 que	 o	 investidor	 receberá	 R$
20.400,00	menos	a	taxa	de	corretagem	de	R$	20,00.	Lucro	de	R$	400,00	na
ponta	comprada.
5º	Encerrar	a	posição	vendida:	Comprar	1000	PETR4	cotadas	a	R$	19,60	no
mercado	 à	 vista	 	 (queda	 de	 2%),	 operação	 em	 que	 investidor	 receberá	 R$
19.600,00,	menos	taxa	de	corretagem	de	R$	20,00.
6º	 Encerrar	 o	 aluguel	 de	 1000	 PETR4	 e	 ter	 sua	 margem	 de	 R$	 20.000,00
desbloqueada.	Lucro	da	ponta	vendida	R$	400,00.
O	 retorno	 da	 operação	 é	 o	 spread,	 diferença	 entre	 o	 valor	 total	 da	 ponta
comprada	e	da	ponta	vendida,	menos	os	custos	da	operação.	(R$	20.400,00	–
R$	19.600,00).	Lucro	da	operação:	R$	800,00	–	R$	80,00	de	corretagens	–	R$
32,50	 de	 custos	 do	 aluguel	 –	 R$	 27,60	 referente	 aos	 emolumentos	 =	 R$
659,90	de	lucro	líquido.
“Tenha	 cuidado	 com	 os	 custos	 pequenos!	 Uma	 pequena	 fenda	 afunda
grandes	barcos”
Benjamin	Franklin
Essa	modalidade	de	operação	é	muito	utilizada	por	fundos	de	investimento
para	tomar	vantagem	de	distorções	de	preços	entre	ativos	cuja	variação	no
passado	 apresentou	 uma	 alta	 correlação.	 Não	 importa	 se	 ambos	 os	 ativos
subirem	 ou	 caírem,	 desde	 que	 a	 posição	 que	 esteja	 a	 favor	 do	 movimento
tenha	uma	maior	variação	do	que	a	posição	que	está	contrária,	de	forma	que	o
spread	entre	ambos	aumente,	gerando	lucro	sobre	a	performance	relativa	dos
ativos.
Como	a	operação	foi	casada	no	financeiro,	ou	seja,	foi	feita	com	a	mesma
quantidade	 de	 dinheiro	 em	 cada	 ponta,	 seu	 spread	 inicial	 será	 de	 R$
20.000,00.	Desde	que	esse	spread	se	mantenha	acima	desse	valor	o	investidor
estará	auferindo	lucro.	Logo,	se	houver	uma	valorização	da	ponta	comprada
(VALE5)	 superior	 à	 desvalorização	 ou	 à	 valorização	 da	 ponta	 vendida
(PETR4),	haverá	lucro.	Da	mesma	forma	que	se	houver	uma	desvalorização
da	 ponta	 vendida	 (PETR4)	 superior	 à	 valorização	 ou	 à	 desvalorização	 da
ponta	compradora	(VALE5).
Entretanto,	caso	ocorra	o	inverso,	ou	seja,	as	variações	dos	preços	dos	ativos
sejam	 contrárias	 às	 posições	 abertas,	 o	 investidor	 terá	 prejuízo	 nas	 duas
pontas	da	operação.	Portanto,	o	maior	risco	para	esse	investidor	seria	o	ativo
VALE5	 se	 desvalorizar	 e	 o	 ativo	 PETR4	 se	 valorizar.	 Também	 haveria
prejuízo	ainda	que	a	variação	inversa	à	posição	aberta	ocorresse	apenas	em
uma	ponta	e	fosse	maior	em	relação	à	variação	favorável	da	outra	ponta.
Em	resumo,	os	eventos	possíveis	são:
Lucro:
-	 Ganhar	 nas	 duas	 pontas	 (valorização	 da	 VALE5	 e	 desvalorização	 da
PETR4).
–	Ganhar	mais	numa	ponta	em	relação	à	outra.
Prejuízo
-	Perder	nas	duas	pontas	(valorização	da	PETR4	e	desvalorização	da	VALE5).
–	Perder	mais	numa	ponta	em	relação	à	outra.
Se	no	exemplo	citado	ocorresse	o	inverso,	ou	seja,	a	PETR4	se	valorizasse
2%	e	a	VALE5	se	desvalorizasse	2%,	o	investidor	iria	auferir	um	prejuízo	de
R$	940,10.	Na	teoria	operações	long	&	short	tem	potencial	para	gerar	lucro
independente	de	o	mercado	estar	subindo	ou	caindo,	pois	o	que	interessa	é	a
relação	 entre	 a	 variação	 entre	 os	 ativos	 (spread).	 Mas	 na	 prática	 o	 risco	 é
bastante	 alto,	 pois	 existem	 maiores	 possibilidades	 para	 que	 situações
desfavoráveis	ocorram.
“Se	há	possibilidade	de	várias	coisas	darem	errado,	todas	darão	–	ou	a
que	causar	mais	prejuízo”.
Murphy
Fundos	de	investimento	ao	montarem	essas	operações	procuram	controlar	sua
exposição	a	tais	riscos	através	da	seleção	de	ativos	que	demonstraram	uma
forte	 correlação	 no	 passado	 e	 através	 do	 re-balanceamento	 das	 pontas	 de
acordo	 com	 suas	 variações,	 ou	 mesmo,	 fazendo	 o	 hedge	 das	 pontas	 com
derivativos.	No	caso	do	pequeno	investidor,	tanto	o	re-balanceamento	como	o
hedge	aumentam	muito	os	custos	da	operação,	inviabilizando-a.
Nos	 últimos	 anos,	 operações	 long	 &	 short	 têm	 se	 popularizado	 entre	 os
pequenos	investidores,	sendo	largamente	vendida	e	incentivada	por	corretoras
e	 “gurus”	 do	 mercado.	 Muitas	 corretoras	 cobram	 corretagem	 de	 mesa	 para
realizar	operações	long	&	short	(tabela	Bovespa),	ainda	que	para	day	trade,	o
que	as	torna	pouco	atraentes.
Assim,	são	operações	que	além	de	serem	caras,	em	função	do	alto	custo	com
corretagem,	aluguel	e	emolumentos,	se	mostram	trabalhosas,	arriscadas	e	na
maioria	 das	 vezes	 possibilitam	 ao	 investidor	 um	 pequeno	 retorno.	 Mesmo
oferecendo	o	potencial	de	gerar	lucro	com	a	alta	ou	com	a	queda,	ainda	assim
essas	 operações	 são	 apostas	 direcionais	 nas	 mudanças	 dos	 preços	 de	 dois
ativos.	E	algumas	operações	que	se	mostram	muito	atraentes	na	teoria	podem
não	apresentar	bons	resultados	quando	implementadas	na	prática.
Em	geral,	investidores	montam	esse	tipo	de	operação	quando	percebem	que	a
diferença	de	preço	entre	dois	ativos	foge	muito	à	média	histórica.	Apostam
então	na	correção	de	tais	diferenças	por	acreditarem	que	são	momentâneas	e
que,	portanto,	os	preços	tenderão	a	retornar	à	média	histórica.
Assim,	para	tentar	diminuir	os	riscos	envolvidos	os	investidores	buscam	pares
que	no	passado	apresentaram	variações	bastante	correlacionadas,	cujo	índice
de	 correlação	 está	 acima	 de	 80%,	 ou	 acima	 de	 +0,8.	 Mas	 ainda	 assim	 a
volatilidade	 histórica	 e	 a	 performance	 de	 um	 ativo	 no	 passado	 não	 são
garantia	 alguma	 de	 volatilidade	 ou	 de	 performance	 futura,	 de	 forma	 que	 o
patrimônio	do	investidor	também	não	está	garantido	neste	tipo	de	operação.
“Notei	 que	 todos	 aqueles	 que	 dizem	 que	 o	 mercado	 é	 eficiente	 são
pobres”.
Larry	Hite
Para	tentar	diminuir	o	risco	de	uma	inversão	os	investidores	selecionam	os
pares	 de	 ativos	 para	 operações	 long	 &	 short	 seguindo	 critérios	 tais	 como
financeiro	neutro,	beta	neutro	e	setor	neutro,	esperando	dessa	forma	que	as
variações	de	sua	carteira	fiquem	mais	previsíveis.	Contudo,	diversos	estudos
estatísticos	têm	demonstrado	que	não	existe	correlação	significativa	entre	o
retorno	e	o	beta,	mas	ainda	assim	o	índice	beta	continua	sendo	utilizado	na
tentativa	de	prever	retornos	e	riscos.
•	Long	&	Short	Intra-Setorial:	São	selecionados	2	ativos	do	mesmo	setor.	O
investidor	 abre	 a	 ponta	 comprada	 em	 um	 ativo	 que	 acredita	 que	 irá
sobreperformar	o	outro,	que	será	a	ponta	vendida	da	operação.	Por	exemplo,
ELPL4	x	ELET6.
•	Long	&	Short	Inter-Setorial:	São	selecionados	2	ativos	de	diferentes	setores.
O	investidor	seleciona	um	ativo	em	que	acredita	que	vai	se	valorizar	e	outro
de	 um	 diferente	 setor,	 que	 acredita	 que	 vai	 se	 desvalorizar.	 Por	 exemplo,
PETR4	X	BBAS3.	Esse	tipo	de	long	&	short	apresenta	maior	risco	para	o
investidor.
•	Ações	Preferenciais	x	Ações	Ordinárias:	As	pontas	da	operação	são	abertas
em	ações	da	mesma	empresa,	Ex:VALE5	X	VALE3.	Teoricamente	é	um	tipo
de	long	&	short	mais	conservador,	pois	os	ativos	tendem	a	oscilar	na	mesma
direção	(alta	correlação).	A	estratégia	consiste	em	montar	a	operação	quando
a	correlação	histórica	entre	os	ativos	diminuir,	ou	seja,	quando	houver	algum
tipo	 de	 distorção	 entre	 seus	 preços.	 Por	 ter	 um	 menor	 risco	 teórico,
conseqüentemente,	haverá	um	menor	retorno	neste	tipo	de	operação.
•	Long	&	Short	entre	Carteiras:	É	montada	entre	dois	índices	ou	dois	ETF’s,
ou	mesmo,	entre	um	índice	e	um	ETF.	O	investidor	compra	uma	carteira	de
ações	e	vende	a	de	outro	grupo	de	ações	ou	compra	um	índice	e	vende	um
ETF,	 e	 assim	 por	 diante.	 Por	 exemplo	 SMAL11	 X	 Ibovespa	 Futuro	 ou
BOVA11	 X	 VALE5.	 Abaixo	 vemos	 a	 lista	 dos	 ETFs	 e	 seus	 índices	 de
referência:
BOVA11	segue	o	Índice	Bovespa.
BRAX11	é	referenciado	pelo	Índice	IBrX-100.
CSMO11	replica	o	Índice	de	Consumo.
MILA11	é	referenciado	pelo	Índice	Mid-Large	Cap.
MOBI11	segue	o	Índice	Imobiliário.
SMAL11	replica	o	Índice	Small	Cap.
PIBB11	é	referenciado	pelo	Índice	IBrX-50.
“Se	você	comprar	irá	perder;	Se	você	vender	irá	perder;	Mas	se	você	não
operar	estará	perdendo	uma	oportunidade”.
Capital	e	Valor
Apesar	de	muito	utilizadas	por	fundos	de	investimento,	as	operações	Long	&
Short	 não	 significam	 ganhos	 efetivos.	 A	 escolha	 correta	 das	 posições	 e	 o
momento	certo	para	se	abrir	as	pontas	são	determinantes	para	o	resultado	da
operação.	Teoricamente,	o	risco	máximo	da	posição	vendida	é	ilimitado,	pois
um	ativo	pode	aumentar	de	preço	indefinidamente.
Para	 auferir	 lucro	 numa	 estratégia	 long	 &	 short	 o	 investidor	 deve	 então
predizer	 qual	 ativo	 terá	 uma	 performance	 melhor,	 independente	 de	 quão
neutro	 esteja	 a	 operação.	 Os	 eventos	 setoriais	 e	 a	 possibilidade	 dos	 ativos
fugirem	 do	 padrão	 histórico	 podem	 afetar	 o	 diretamente	 o	 resultado	 do
investimento,	 sendo	 por	 isso	 considerada	 uma	 estratégia	 de	 alto	 risco	 e	 de
curto	a	médio	prazo.
Na	tentativa	de	recuperar	um	prejuízo	muitos	investidores	transformam	uma
posição	comprada,	em	que	estão	tendo	prejuízo,	numa	operação	Long	&	Short
abrindo	uma	ponta	vendida	num	outro	ativo.	Isso	é	pior	do	que	fazer	preço
médio,	pois	não	há	garantia	alguma	de	que	o	outro	ativo	irá	cair	de	preço,	e
mesmo	 que	 isso	 aconteça,	 ainda	 assim	 a	 queda	 pode	 não	 gerar	 um	 lucro
suficiente	para	compensar	o	prejuízo	da	ponta	comprada.	Isso	porque	de	uma
maneira	geral	ações	tendem	a	acompanhar	umas	às	outras	na	mesma	direção,
ou	seja,	tendem	a	seguir	a	tendência	do	mercado.
Portanto,	jamais	torne	uma	posição	perdedora	num	spread	somente	para	tentar
contornar	 um	 prejuízo.	 Se	 for	 montar	 um	 spread,	 seja	 em	 ações	 ou	 em
derivativos,	faça	por	acreditar	no	potencial	de	lucro	da	operação	e	não	para
salvar	 o	 seu	 pescoço,	 pois	 o	 mais	 provável	 que	 poderá	 ocorrer	 é	 que	 você
tenha	prejuízo	em	ambos	os	lados	do	spread.
“Não	será	a	economia	que	derrubará	os	investidores,	serão	os	próprios
investidores.”
Warren	Buffett
Para	 se	 ter	 uma	 ideia,	 durante	 a	 crise	 dos	 tigres	 asiáticos	 um	 dos	 maiores
fundos	de	investimento	da	época	quebrou	por	estar	extremamente	alavancado
numa	serie	de	operações	de	Long	&	Short	que	deram	errado.	O	gestor	desse
fundo,	 ganhador	 do	 prêmio	 Nobel	 pelo	 famoso	 modelo	 de	 precificação	 de
derivativos	Black	&	Scholes,	tentou	maximizar	o	retorno	das	operações,	que
na	 teoria	 eram	 de	 arbitragem,	 através	 da	 alavancagem	 de	 posições	 que
posteriormente	se	mostraram	erradas.
As	 operações	 Long	 &	 Short	 são	 vendidas	 por	 corretoras	 e	 “gurus”	 como
estratégias	seguras	em	razão	de	haver	a	possibilidade	de	ganhar	com	a	queda
ou	a	alta	do	mercado.	Mas	como	fora	explicado,	isso	não	é	verdade.	Além	do
risco	ser	bem	maior,	há	um	custo	operacional	substancialmente	maior,	o	que
também	 é	 um	 agravante,	 pois	 em	 razão	 dos	 altos	 custos,	 quanto	 menor	 o
capital	empregado	pior	será	retorno	líquido	da	operação.
Algumas	corretoras	disponibilizam	para	seus	clientes	robôtraders	que	fazem
varreduras	em	diversos	ativos	buscando	distorções	e	possíveis	oportunidades
para	essa	estratégia.	Em	alguns	casos	tanto	a	execução	da	operação	como	os
parâmetros	de	negociação	são	definidos	pela	própria	corretora.
Tais	mecanismos	procuram	obter	pequenos	e	constantes	ganhos,	realizando
um	número	enorme	de	operações,	o	que	muitas	vezes	gera	mais	custos	do	que
lucros.	Sem	contar	que	não	são	garantia	alguma	de	acerto,	muito	menos	de
retorno,	na	maior	parte	das	vezes	se	mostrando	como	uma	prática	predatória
de	geração	de	taxas	e	oneração	do	capital	do	investidor	que	visa	garantir	o
sustento	 das	 instituições	 envolvidas	 no	 processo	 de	 negociação	 de	 valores.
Portanto,	 assim	 como	 nos	 demais	 investimentos	 de	 renda	 variável,	 é
recomendável	o	estudo	e	o	uso	do	bom	senso	ao	implementar	essa	estratégia
no	mercado.
“Um	homem	pode	acreditar	no	impossível,	mas	nunca	pode	acreditar	no
improvável”.
Oscar	Wilde
O	Mito	do	Investimento	no	Mercado	FOREX
Forex	 (da	 expressão	 FOReign	 EXchange)	 é	 de	 forma	 simples,	 um	 tipo	 de
mercado	onde	o	investidor	pode	explorar	as	relações	de	preço	de	uma	moeda
com	outra.	Neste	mercado	tem-se	uma	moeda	precificada	em	termos	de	uma
segunda	moeda	e	o	investidor	ou	especulador	pode	explorar	as	possibilidades
de	aplicações	que	envolvam	modificações	nessa	paridade.
As	operações	ocorrem,	portanto,	sempre	envolvendo	pares	de	moedas,	onde
uma	 ponta	 é	 comprada	 e	 outra	 é	 vendida,	 na	 expectativa	 de	 que	 a	 ponta
vendida	se	desvalorize	em	relação	à	ponta	comprada.
É	importante,	contudo,	fazer	uma	distinção	entre	o	FOREX	e	uma	operação
cambial	 comum.	 No	 mercado	 FOREX	 o	 investidor	 não	 opera	 diretamente
uma	 moeda,	 mas	 um	 derivativo	 de	 moedas,	 ou	 seja,	 somente	 uma	 relação
entre	 pares	 de	 moedas.	 Ao	 comprar	 Dólares	 dos	 Estados	 Unidos	 e	 vender
Euro,	quem	aplica	não	está	de	fato	comprando	ou	se	desfazendo	de	nenhum
deles,	apenas	apostando	sobre	um	futuro	movimento	na	relação	entre	essas
moedas,	 e	 sua	 contraparte	 é	 a	 corretora/instituição	 financeira,	 diferente	 do
mercado	cambial,	onde	a	contraparte	são	os	demais	investidores.
Devido	 a	 essa	 natureza,	 classifica-se	 o	 mercado	 de	 FOREX	 como	 um
mercado	de	derivativos,	internacional,	onde	agentes	e	instituições	econômicas
de	 vários	 países	 operam,	 cada	 qual	 seguindo	 a	 regulamentação	 de	 sua
localidade.
O	FOREX	é	um	mercado	virtual	internacional	sem	nacionalidade	específica.
É	 constituído	 por	 instituições	 financeiras	 sediadas	 em	 diversos	 países	 que
realizam	operações	neste	mercado	24	horas	por	dia	ao	redor	do	mundo.	Até	a
data	da	publicação	deste	artigo,	nenhuma	corretora	ou	instituição	financeira
havia	 obtido	 a	 permissão	 da	 CVM	 para	 desempenhar	 esta	 atividade	 em
território	brasileiro.
Devido	 a	 este	 fato,	 operar	 neste	 mercado	 exige	 certos	 malabarismos	 e	 traz
complicações	 e	 riscos	 ainda	 maiores	 que	 os	 inerentes	 à	 atividade
regulamentada	nos	mercados	de	capitais.	Primeiramente	existe	a	necessidade
de	enviar	recursos	ao	exterior,	por	meio	de	transferência,	cartão	de	crédito	ou
similar	(paypall,	egold,	dentre	outros),	atividade	que	em	alguns	casos	pode	ser
considerada	uma	contravenção,	ou	mesmo,	crime.
“Uma	 das	 coisas	 mais	 importantes	 é	 a	 capacidade	 de	 dizer	 não	 a	 um
investimento.”
Henry	Kravis
Ao	 conseguir	 enviar	 seus	 recursos	 e	 na	 hipótese	 de	 obter	 lucro,	 outro
problema	 surge	 –	 repatriar	 o	 dinheiro.	 Neste	 caso,	 o	 investidor	 geralmente
opta	por	transferência	ou	crédito	na	fatura	de	seu	cartão	e	o	processo	todo
pode	 mostrar-se	 incrivelmente	 mais	 complexo	 do	 que	 aparenta.	 Ainda	 que
seja	 possível	 contingenciar	 todas	 as	 limitações	 relativas	 ao	 envio	 e
recebimento	 de	 recursos,	 existem	 outros	 fatores	 adicionais	 que	 devem	 ser
levados	 em	 conta	 ao	 considerar	 aplicações	 no	 	 FOREX.	 Falaremos	 neste
artigo	dos	dois	mais	importantes.
O	primeiro	fator	que	deve	ser	considerado	é	a	confiabilidade	e	a	clareza	da
instituição	 que	 se	 escolhe	 para	 operar.	 Por	 sua	 natureza	 descentralizada	 e
internacional,	é	muito	comum	encontrar	no	forex	instituições	instaladas	em
países	de	legislação	permissiva,	onde	é	possível	todo	tipo	de	prática	desonesta
com	fins	de	cooptar	os	recursos	dos	investidores.	Não	é	incomum	empresas	se
apossarem	do	dinheiro	investido,	cancelarem	contas,	forjarem	cotações	ou	até
mesmo	impedir	que	o	investidor	retire	seu	dinheiro.
Como	estas	instituições	são	sempre	as	contrapartes	das	operações	efetuadas
por	seus	clientes,	um	nítido	conflito	de	interesse	surge,	pois	para	que	o	cliente
tenha	lucro,	é	necessário	que	a	instituição	deixe	de	ganhar	ou	perca	dinheiro.
Supondo	que	a	instituição	seja	honesta,	credenciada		e	instalada	em	um	país
que	possua	estrutura	legal	minimamente	suficiente	para	proteger	o	investidor,
ainda	existe	um	segundo	empecilho.
O	 segundo	 fator	 que	 deve	 ser	 considerado	 é	 o	 risco	 inerente	 à	 altíssima
alavancagem	 permitida	 no	 forex.	 Neste	 mercado,	 as	 operações	 são	 feitas
através	de	margens	muito	pequenas,	pois	são	liquidadas	financeiramente,	ou
seja,	 apenas	 pela	 diferença	 entre	 as	 variações	 de	 duas	 moedas.	 Não	 é
necessário	 então	 que	 o	 investidor	 possua	 todo	 o	 montante	 de	 recursos
envolvidos	na	operação,	mas	apenas	uma	margem	que	cubra	a	variação	entre
o	par	de	moedas.
“O	cérebro	é	uma	coisa	maravilhosa.	Todos	deveriam	ter	um”.
Dessa	 forma,	 é	 prática	 comum	 liberar	 aos	 clientes	 a	 possibilidade	 de	 abrir
posições	 50,	 100,	 200,	 400	 vezes	 maiores	 que	 o	 capital	 disponível.	 Sendo
assim,	 com	 um	 pequeno	 capital	 o	 investidor	 	 pode	 tomar	 vantagem	 de
pequenas	variações	de	preço	sobre	uma	enorme	quantidade	de	dinheiro.
Utilizando	 uma	 margem	 de	 1000%,	 um	 investidor	 com	 mil	 dólares	 poderá
abrir	uma	operação	lastreada	em	100.000,00	dólares.	Uma	variação	de	1%	na
diferença	 entre	 um	 par	 de	 moedas	 a	 favor	 da	 sua	 aposta	 lhe	 renderá	 mil
dólares	sobre	seus	mil	dólares	investidos,	ou,	100%	de	lucro.	Mas	caso	uma
variação	 de	 1%	 ocorra	 na	 direção	 contrária	 à	 sua	 aposta,	 a	 elevadíssima
alavancagem	resultará	na	perda	de	100%	do	seu	capital.	O	que	por	sinal	é
realizado	automaticamente	pelo	sistema	da	corretora.	Quando	o	prejuízo	da
operação	aumenta	e	chega	perto	do	valor	da	margem,	a	operação	é	liquidada
automaticamente	pelo	próprio	sistema.
Aos	 olhos	 desatentos	 tal	 possibilidade	 de	 grande	 e	 rápido	 retorno	 poderia
passar-se	 como	 vantagem	 e	 atrativo.	 A	 realidade	 é,	 contudo,	 muito	 mais
perversa	 do	 que	 parece.	 Com	 sistemas	 computacionais	 sofisticados,	 não	 é
muito	 difícil	 para	 as	 corretoras	 estimar	 com	 base	 nas	 posições	 abertas	 o
impacto	de	uma	micro-oscilação	nas	cotações.
Com	 tal	 informação,	 pequenas	 oscilações	 nos	 preços	 “surgem”	 no	 intuito
único	 de	 limpar	 as	 contas	 de	 seus	 clientes,	 exageradamente	 alavancados,
perseguindo	 lucros	 fantasiosos	 e	 impossíveis.	 Na	 maioria	 das	 corretoras	 é
inclusive	 impossível	 operar	 sem	 fazer	 uso	 da	 alavancagem.	 Este
comportamento	 denota	 a	 relação	 duvidosa	 e	 promíscua	 entre	 instituição	 e
cliente	lançando	grandes	dúvidas	sobre	a	existência	de	algum	ponto	positivo
nas	operações	oferecidas.
“Ele	 irá	 arriscar	 a	 metade	 de	 sua	 fortuna	 no	 mercado	 fazendo	 menos
reflexões	à	respeito	do	que	quando	compra	um	carro	popular”.
Jesse	Livermore
Diante	do	que	foi	dito,	resta	ainda	recomendar	ao	investidor	que	descubra	por
si	 mesmo,	 que	 pesquise,	 que	 busque.	 Não	 faltam	 exemplos	 trágicos	 de
pessoas	 que	 perderam	 todas	 as	 suas	 economias	 com	 essa	 modalidade	 de
aplicação.	Os	casos	bem	sucedidos,	por	outro	lado,	são	extremamente	raros,
além	de	possuir	caráter	altamente	duvidoso.
A	CVM	tem	recebido	nos	últimos	anos	reclamações	de	um	grande	número	de
pessoas	 que	 foram	 vítimas	 de	 fraudes	 e	 manipulações	 em	 esquemas	 de
investimento	no	mercado	forex,	na	maioria	das	vezes	por	instituições	sediadas
fora	do	país,	o	que	torna	impossível	que	haja	algum	controle	ou	regulação	por
parte	da	CVM.
Em	 quase	 todos	 os	 casos	 as	 pessoas	 lesadas	 não	 têm	 onde	 ou	 para	 quem
recorrer.	Portanto,	novamente	recomenda-se	o	bom	senso,	a	perspicácia	e	a
desconfiança.	 Nunca	 existiu	 e	 jamais	 existirá	 fórmula	 mágica	 para	 ganhar
dinheiro	rapidamente.
“Às	vezes	os	melhores	investimentos	são	aqueles	que	você	não	faz”.
Donald	Trump
Como	Investir	no	Mercado	a	Termo?
Um	termo	consiste	em	um	acordo	de	comprar	ou	de	vender	uma	determinada
quantidade	de	ações,	numa	data	futura,	a	um	preço	preestabelecido.	Termo	é
sinônimo	de	prazo,	logo,	um	comprador	a	termo	recebe	um	prazo	para	pagar
pelas	ações.	Já	o	vendedor	cobra	do	comprador	uma	taxa	de	juros	por	esse
prazo.	 Assim,	 um	 contrato	 de	 termo	 funciona	 como	 um	 contrato	 de
financiamento.
O	financiador	a	termo	compra	as	ações	no	mercado	à	vista	e	as	vende	a	termo
para	 o	 comprador	 pelo	 seu	 valor	 acrescido	 de	 uma	 taxa	 de	 juros,	 os	 quais
deverão	ser	pagos	numa	data	futura.	Isso	permite	que	o	comprador	a	termo
tenha	a	posse	das	ações	sem	ter	que	desembolsar	de	imediato	todo	capital	que
normalmente	seria	necessário	para	comprá-las	no	mercado	à	vista.
Apesar	 de	 existirem	 algumas	 diferenças,	 um	 contrato	 a	 termo	 é	 muito
parecido	com	um	contrato	futuro.	Entretanto,	este	último	é	caracterizado	por
ser	um	ativo	financeiro	padronizado	que	pode	ser	negociado	livremente	em
um	 pregão	 por	 possuir	 elevada	 liquidez	 e	 ajuste	 diário	 da	 posição	 e,
principalmente,	pela	possibilidade	de	liquidação	a	qualquer	momento	sem	a
imposição	de	vínculo	bilateral.
Já	 num	 contrato	 a	 termo	 existe	 uma	 obrigação	 entre	 as	 partes,	 portanto,	 o
mesmo	 não	 pode	 ser	 transferido	 a	 terceiros,	 podendo	 apenas	 ser	 encerrado
entre	 as	 partes	 ou	 no	 seu	 vencimento	 (operação	 não-intercambiável).	 Além
disso,	não	ocorre	o	ajuste	diário	da	posição,	apenas	da	margem	de	garantia
quando	for	necessário.	O	resultado	financeiro	é	apurado	no	momento	em	que
o	termo	é	encerrado.
“A	mudança	é	a	lei	da	vida.	E	aqueles	que	olham	apenas	para	o	passado
ou	apenas	para	o	presente	com	certeza	irão	perder	o	futuro”.
John	F.	Kennedy
Assim,	os	contratos	a	termo	regulamentam	operações	de	compra	e	de	venda
de	 um	 ativo	 objeto	 entre	 comprador	 e	 vendedor	 (contrapartes	 do	 contrato)
para	liquidação	física	(entrega	do	ativo	objeto)	ou	financeira.	Uma	operação
de	compra	ou	de	venda	a	termo	é	realizada	em	leilão,	sendo	bastante	similar	a
uma	negociação	no	mercado	à	vista,	resultando	numa	obrigação	entre	duas
partes,	o	comprador	a	termo	e	o	vendedor	a	termo.
Comprador	a	termo:	Adquire	o	direito	de	receber	a	ação	em	uma	data	futura,
estabelecida	 pelo	 contrato,	 com	 a	 obrigação	 de	 pagar	 o	 preço	 acordado.	 O
comprador	irá	auferir	lucro	na	operação	caso	o	preço	à	vista	da	ação	suba,	de
forma	que	na	data	do	encerramento	do	termo	esteja	acima	do	preço	acordado,
pois	 poderá	 comprá-la	 por	 um	 preço	 menor	 que	 o	 de	 mercado,	 lucrando	 a
diferença	entre	o	preço	à	vista	e	o	preço	acordado	no	termo.	Mas	caso	ocorra
o	contrário,	ou	seja,	o	preço	à	vista	da	ação	na	data	de	encerramento	do	termo
estiver	 abaixo	 do	 preço	 acordado,	 o	 comprador	 irá	 ter	 prejuízo,	 pois	 será
obrigado	a	pagar	um	preço	mais	alto	pela	ação,	sem	contar	o	juro	do	termo.
Vendedor	a	Termo:	Adquire	o	direito	de	receber	na	data	futura	o	preço	fixado
e	assume	a	obrigação	de	entregar	a	ação	nesta	mesma	data.	O	vendedor	irá
auferir	lucro	na	operação	caso	o	preço	à	vista	da	ação	caia,	de	forma	que	na
data	 do	 encerramento	 do	 termo	 esteja	 abaixo	 do	 preço	 acordado,	 pois	 irá
vender	a	ação	por	um	preço	maior	que	o	de	mercado.	E	mesmo	que	ocorra	o
contrário,	ou	seja,	o	preço	à	vista	da	ação	na	data	de	encerramento	do	termo
estiver	acima	do	preço	acordado,	o	vendedor	ainda	lucrará	o	juro	do	termo.
Contudo,	 será	 obrigado	 a	 receber	 pela	 ação	 um	 valor	 abaixo	 do	 preço	 de
mercado,	o	qual	fora	acordado	previamente.
No	momento	do	fechamento	do	contrato	o	preço	a	termo	equivale	ao	preço	de
entrega	do	ativo,	de	forma	que	o	preço	na	data	futura	de	liquidação	do	termo	é
travado	 no	 ato	 da	 operação.	 E	 o	 comprador	 deve	 pagar	 a	 taxa	 de	 juros	 do
termo	ao	vendedor,	conforme	o	prazo	do	contrato,	na	data	da	realização	do
termo.
De	um	lado	os	compradores	procuram	garantir	preços,	diversificar	riscos	e
captar	 recursos,	 por	 meio	 de	 uma	 operação	 de	 renda	 variável.	 De	 outro	 os
vendedores	(também	chamados	de	financiadores)	aumentam	a	receita	de	suas
carteiras	com	baixíssimo	risco,	fazendo	uma	operação	de	renda	fixa.	Assim,
podemos	observar	que	a	alta	no	preço	à	vista	da	ação	favorece	os	comprados,
e	a	queda	favorece	os	vendidos.
“Banqueiro:	aquele	que	empresta	o	dinheiro	dos	outros	e	guarda	os	juros
para	si”.
John	Pollard
Muitas	vezes	o	vendedor	do	termo	é	um	investidor	que	não	deseja	possuir	a
ação,	 mas	 sim	 o	 retorno	 sobre	 o	 investimento	 em	 forma	 de	 taxa	 de	 juros.
Neste	 caso	 ele	 irá	 comprar	 a	 ação	 no	 mercado	 à	 vista	 e	 vendê-la	 a	 termo,
lucrando	a	taxa	de	juros	sobre	o	capital	empregado.	Qualquer	um	pode	ser
financiador	(vendedor	a	termo),	mas	na	maior	parte	das	vezes	os	investidores
institucionais	 e	 as	 corretoras	 o	 são.	 O	 financiador	 não	 assume	 riscos,	 não
importa	 o	 que	 aconteça	 com	 a	 cotação	 das	 ações	 ele	 vai	 receber	 os	 juros
contratados	 no	 final	 do	 período	 e	 o	 valor	 financiado.	 Entretanto,	 existe	 a
possibilidade	de	seu	lucro	ser	maior,	caso	o	contrato	a	termo	seja	liquidado
antecipadamente	pelo	comprador.	Situação	em	que	o	financiador	receberá	os
juros	num	prazo	menor	ao	que	fora	acordado.
Todas	as	ações	negociáveis	na	Bovespa	podem	ser	objeto	de	um	contrato	a
termo.	O	preço	a	termo	de	uma	ação	é	definido	pela	adição	no	seu	valor	no
mercado	à	vista	de	uma	parcela	correspondente	aos	juros,	fixados	livremente
em	mercado	em	função	do	prazo	do	contrato	e	da	taxa	básica	de	juros.	Para
cada	prazo	existe	uma	taxa	e	o	período	mínimo	de	um	contrato	é	de	16	e	o
máximo	 é	 de	 999	 dias.	 Entretanto,	 para	 gerar	 liquidez	 é	 fundamental	 a
padronização	dos	contratos,	que	normalmente	são	negociados		em	prazos	de
16,	 30,	 60,	 90,	 120,	 150	 e	 180	 dias.	 Abaixo	 temos	 um	 exemplo	 das	 taxas
praticadas	no	mercado	no	dia	10/08/2012.
“Quem	decide	pode	errar,	quem	não	decide	já	errou”.	
Os	contratos	a	termo	são	do	tipo	VC	(À	Vontade	do	Comprador)	em	que	o
encerramento	pode	ocorrer	no	vencimento	do	contrato	ou,	caso	o	comprador
requeira,	 antecipadamente.	 Hipótese	 em	 que	 o	 comprador	 terá	 que	 pagar	 o
juro	referente	a	todo	o	período	do	contrato.
Operações	 a	 termo	 são	 feitas	 através	 de	 margem,	 portanto,	 requerem	 o
depósito	 de	 garantias	 no	 intuito	 de	 assegurar	 o	 bom	 funcionamento	 e	 a
adimplência	das	duas	pontas	da	operação.	Nos	mercados	futuros	e	a	termo	há
exigência	 de	 garantias	 tanto	 dos	 compradores	 quanto	 dos	 vendedores,	 em
função	de	que	ambos	poderão	sofrer	perdas.
Na	ponta	vendedora	apenas	são	aceitas	vendas	cobertas,	ou	seja,	o	vendedor	a
termo	deve	depositar	o	ativo-objeto	como	garantia	de	que	o	entregará	na	data
da	 liquidação	 do	 contrato.	 Ao	 realizar	 essa	 cobertura,	 o	 vendedor	 fica
dispensado	 de	 depositar	 garantias	 adicionais.	 Já	 os	 compradores	 terão	 que
depositar	margem	de	garantia.	A	margem	inicial	corresponde	a	cerca	de		20%
do	valor	das	ações	compradas	a	termo.	Já	a	margem	de	garantia	adicional	está
relacionada	à	diferença	entre	o	valor	contratado	no	mercado	a	termo	e	o	preço
da	ação	no	mercado	à	vista,	bem	como	a	modalidade	de	liquidação.	Logo,
podemos	 perceber	 que	 um	 contrato	 a	 termo	 se	 trata	 de	 uma	 operação
alavancada.
Como	 margem	 podem	 ser	 depositados	 dinheiro,	 o	 qual	 será	 corrigido	 pelo
período	do	termo,	ouro,	e	a	critério	da	Bovespa,	títulos	públicos	e	privados,
cartas	de	fiança,	ações,	etc.	A	Bolsa	têm	a	prerrogativa	de	recusar	algum	título
se	o	considerar	de	alto	risco.	É	interessante	observar	que	para	realizar	uma
operação	a	termo	não	é	necessário	desembolsar	recursos	em	dinheiro	para	este
fim.	 Um	 investidor	 que	 possui	 uma	 carteira	 de	 ações	 pode	 muito	 bem
depositá-la	como	margem	para	fazer	um	termo.
“O	conhecimento	verdadeiro	é	reconhecer	que	você	não	sabe	de	nada”.
Harlie	Munger
A	bolsa	avalia	a	volatilidade	e	a	liquidez	das	ações	e	as	condições	gerais	das
empresas	emissoras,	classificando	as	diversas	ações	em	diferentes	intervalos
de	 margem.	 Para	 operações	 em	 papéis	 com	 maior	 volatilidade	 e	 menor
liquidez	pode	ser	requerido	um	percentual	maior	de	margem.	Quanto	maior	a
volatilidade	histórica	do	ativo,	maior	será	a	expectativa	de	instabilidade	do
seu	 preço	 e,	 portanto,	 maior	 será	 a	 estimativa	 do	 risco	 de	 perdas	 para	 os
compradores.	Consequentemente,	mais	margem	lhes	será	exigida	em	relação
aos	demais	ativos	a	fim	de	compensar	o	maior	potencial	de	risco.	Como	regra
geral,	 ações	 com	 maior	 liquidez	 e	 menor	 volatilidade	 enquadram-se	 nos
menores	intervalos	de	margem.
A	 margem	 varia	 durante	 o	 período	 que	 durar	 o	 contrato	 a	 termo	 e	 pode
aumentar	caso	a	ação	comprada	caia	de	preço	após	a	contratação	do	termo.
Quando	o	preço	à	vista	da	ação	está	evoluindo	contra	a	posição	do	comprador
(caindo)	 aumenta-se	 a	 exigência	 de	 margem	 e,	 quando	 a	 está	 evoluindo	 a
favor	(subindo)	reduz-se	a	exigência	de	margem.
A	margem	inicial	requerida	será	debitada	da	conta	no	dia	do	contrato,	seja	em
dinheiro	ou	em	ativos	financeiros.	Sempre	que	ocorrer	redução	no	valor	de
garantias	 do	 contrato,	 decorrente	 de	 oscilação	 dos	 valores	 dos	 títulos
depositados	como	margem	e/ou	da	ação	objeto	do	termo	no	mercado	à	vista,
será	necessário	o	reforço	da	garantia	inicial.	A	margem	adicional	poderá	ser
honrada	mediante	o	depósito	de	dinheiro	ou	demais	ativos	autorizados.	Todas
as	 margens	 de	 garantia	 depositadas	 em	 dinheiro	 são	 aplicadas	 no	 mercado
aberto	 e	 seu	 rendimento	 é	 repassado	 aos	 investidores	 por	 suas	 corretoras,
melhorando	o	resultado	da	operação.
Caso	uma	das	pontas	não	honre	suas	perdas,	a	bolsa	executará	as	garantias
previamente	depositadas	pelo	participante	para	cobrir	sua	inadimplência.	Se
as	garantias	tiverem	valor	maior	do	que	a	perda	a	bolsa	devolverá	o	restante
ao	participante.	Mas	se	forem	insuficientes	a	corretora	do	cliente	devedor	será
acionada.	 A	 Bolsa	 dispõe	 de	 um	 Fundo	 Garantidor	 de	 Liquidação	 formado
por	 recursos	 aportados	 pelas	 corretoras,	 o	 qual	 poderá	 ser	 utilizado	 para
garantir	o	pagamento.
“Cada	 direito	 implica	 em	 uma	 responsabilidade;	 Cada	 oportunidade
em	uma	obrigação;	Cada	posse	em	um	dever”.
John	D.	Rockefeller
Direitos	e	Proventos
Os	 direitos	 e	 proventos	 distribuídos	 às	 ações-objeto	 do	 contrato	 a	 termo
pertencem	ao	comprador	e	serão	recebidos	juntamente	com	as	ações	objeto	do
termo	 na	 data	 da	 liquidação	 ou	 segundo	 normas	 específicas	 da	 CBLC.	 No
caso	 de	 uma	 subscrição,	 o	 comprador	 deve	 manifestar	 sua	 intenção	 de
subscrever	ou	de	vender	seu	direito	à	subscrição	até	o	5º	dia	anterior	ao	prazo
final	estabelecido	pela	empresa.
Formas	de	Liquidação	de	um	Contrato	a	Termo
•	Liquidação	Antecipada:	O	contrato	realizado	a	termo	é	liquidado	antes	da
data	 do	 seu	 respectivo	 vencimento	 a	 pedido	 do	 comprador,	 implicando	 o
pagamento	do	preço	estipulado	no	contrato	pelo	comprador.
•	 Liquidação	 por	 Diferença:	 O	 comprador	 do	 contrato	 a	 termo	 após	 o

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Estratégias de investimento no mercado futuro

  • 1.
  • 2. Prefácio Para muitas pessoas os movimentos de alta e de baixa no mercado são misteriosos, sendo bastante influenciados por notícias, muitas vezes ocorrendo quando menos esperado. Mas a verdade é que o mercado não é tão difícil de ser entendido e acompanhado. É preciso apenas compreender a psicologia, as estratégias e a lógica envolvida neste complexo “jogo”. O mercado recompensa através de várias estratégias e possibilidades de negócios quando encarado com maturidade e bom senso. É uma atividade lucrativa e um desafio intelectual para aqueles que têm sucesso em gerenciar os riscos da renda variável e a disciplina para fazer o que deve ser feito de forma sistemática. Assim como em muitas situações da vida, persistência, paciência, confiança, competência, e acima de tudo, estar disposto a pagar o preço, trarão o resultado desejado. Nossa intenção ao escrever o conteúdo do Capital e Valor foi explicar o mercado de capitais e as estratégias de operações, bem como demonstrar os principais mecanismos para sua análise, desde uma perspectiva focada para investidores de longo prazo até estratégias para especuladores, fornecendo informações e mecanismos para que o investidor se torne auto-suficiente e conquiste sua independência financeira, pois para ganhar no mercado não se deve depender de ninguém. “Muitos querem aquilo que você tem hoje, mas quando souberem o preço que você pagou por isso irão desistir”. João C. Filho
  • 3. O conteúdo do Capital e Valor visa orientar o desenvolvimento de uma metodologia objetiva para operar e analisar o mercado de forma consciente, demonstrando as diferentes estratégias para momentos de alta e de baixa, incluindo técnicas de gerenciamento de risco e de proteção de capital. Não é um método milagroso de enriquecimento, tão pouco dicas de investimentos, mas uma visão realista sobre o mercado financeiro embasada por informações de qualidade para investidores conscientes e racionais, cujo objetivo é lhe auxiliar a desenvolver o seu potencial de investir bem o seu dinheiro e a garantir a sua prosperidade. Através de uma linguagem simples e exemplos práticos o Capital e Valor apresenta informações e estudos para orientar e inserir o investidor no mercado financeiro. O conteúdo aborda as diversas estratégias operacionais, avaliando a relação entre risco e rentabilidade, bem como as técnicas de análise do mercado. Através de conhecimento e informações de qualidade você transformará a maneira como lida com o dinheiro e, principalmente, a forma como investe o seu patrimônio. Mais do que nunca o mercado de capitais está cada vez mais popularizado no Brasil e acessível para os investidores, sendo fundamental para a consolidação de uma cultura de poupança de longo prazo no país. Todo investimento deve ser encarado como um compromisso por quem o faz. Isso significa dedicar tempo para estudar, para acompanhá-lo e, principalmente, para avaliá-lo. Não tenha dúvida de que no longo prazo o retorno de seus investimentos será diretamente proporcional ao seu comprometimento aos mesmos. Com o passar do tempo as experiências no mercado acabam por revelar muito de nós mesmos, sendo uma atividade em que além do crescimento financeiro ocorre o crescimento como indivíduo. Temos então dois objetivos, fazer dinheiro e aprender. Perdendo ou ganhando é preciso tirar algum conhecimento dessas operações com o intuito de tornarmo-nos melhores investidores no futuro. O mercado nos testa constantemente, em cada situação existe uma profunda sabedoria a ser descoberta. Aceite o que o mercado lhe
  • 5. Apresentação do Capital e Valor O Capital e Valor através de uma linguagem simples e exemplos práticos apresenta informações e estudos para orientar e inserir o investidor no mercado financeiro. O conteúdo é direcionado a todos que necessitem de educação financeira para se manterem atualizados, seja para fins pessoais ou profissionais, no intuito de que seus objetivos sejam atingidos por meio do conhecimento e da permanente inovação, promovendo o desenvolvimento de seus próprios métodos e estratégias de investimento e a prosperidade financeira. Embasado pelo conteúdo do Capital e Valor o investidor tomará decisões mais conscientes e responsáveis, aproveitando melhor as oportunidades de investimento, reduzindo as incertezas, administrando melhor os riscos e maximizando os resultados dos seus investimentos. Por não estar vinculado a nenhum banco, corretora ou qualquer instituição financeira, as informações e as ferramentas disponibilizadas pelo Capital e Valor possuem total independência em defesa dos interesses do investidor. Através de uma visão realista sobre o mercado financeiro, nosso conteúdo aborda as diversas estratégias operacionais, avaliando a relação entre risco e rentabilidade, bem como as técnicas de análise do mercado. Através de conhecimento e informações de qualidade, você transformará a maneira como lida com o dinheiro e, principalmente, a forma como investe o seu patrimônio. Conquiste sua independência financeira aperfeiçoando os seus conhecimentos sobre análise técnica, análise fundamentalista e estratégias de investimento em ações, futuros, opções, títulos do tesouro, fundos de investimento, renda fixa, dentre outros. 6.0 – Estratégias de Investimentos no Mercado Futuro - Abordamos as características dos diferentes tipos de investimentos no mercado futuro, como Índice Futuro, Dólar Futuro, Mercado a Termo e Mercado de Opções. Utilizando exemplos práticos e demonstrações de situações reais, apresentamos os procedimentos operacionais e características de cada instrumento, bem como os riscos envolvidos e o potencial de retorno de cada estratégia de investimento.
  • 6. 6.0 - Estratégias de Investimentos no Mercado Futuro O Módulo 1 aborda as características dos mercados futuros e operações estruturadas, apresentando os procedimentos operacionais e características de cada instrumento através de exemplos práticos e da análise da relação risco/retorno em diferentes estratégias, tanto para investimento quanto para hedge. 6.01 - O que são Derivativos? 6.02 - O Mito das Operações Long & Short 6.03 - O Mito do Investimento no Mercado FOREX 6.04 - Como Investir no Mercado a Termo? 6.05 - Estratégias de Investimento no Mercado a Termo 6.06 - Como Investir no Mercado Futuro? 6.07 - Como Realizar Operações no Mercado Futuro? 6.08 - Mini Contratos Futuros - Mini Índice, Mini Dólar e outras Commodities O Módulo 2 aborda as características inerentes ao mercado de opções e seus procedimentos operacionais, bem como os riscos envolvidos e o potencial de retorno na utilização desses derivativos como estratégias de investimento e como proteção (hedge). Apresentamos um foco conceitual com demonstrações de situações reais e aplicadas aos conceitos abordados. 6.09 - Como Investir no Mercado de Opções? 6.10 - Como as Opções são Organizadas? 6.11 - Como Funciona a Relação entre as Opções e seu Ativo Objeto? 6.12 - Como é Formado o Prêmio de uma Opção? 6.13 - A Relação entre o Preço do Ativo Objeto e o Preço de Exercício da Opção 6.14 - A Relação entre o Preço de Mercado da Opção e a Passagem do Tempo 6.15 - A Volatilidade Histórica do Preço do Ativo Objeto e o Preço das Opções
  • 7. O Módulo 3 aborda as principais estratégias no mercado de opções, contextualizando-as em operações reais, desde a utilização desses instrumentos como proteção para o investidor (hedge), até operações especulativas e spreads (travas), avaliando a relação risco/retorno de cada modalidade. Por último, serão abordadas as estratégias de day trade nos diferentes mercados, contextualizando-as e avaliando a relação risco/retorno. 6.16 - Conclusão sobre os Aspectos e Riscos do Mercado de Opções 6.17 - Estratégias com Opções I – Hedge e Alavancagem 6.18 - Estratégias com Opções II – Venda Coberta 6.19 - Operações de Spread - Travas 6.20 - Trava de Alta / Financiamento 6.21 - Trava de Baixa / Reversão 6.22 - Straddle e Strangle 6.23 - Comprar Opções a Seco 6.24 - Como Realizar Operações de Day Trade? 6.25 - Em Quais Ativos Realizar Day Trade? 6.26 - Day Trade no Mercado de Opções 6.27 - A Estrutura Necessária para Realizar Day Trade 6.28 - Considerações Finais Sobre Investimentos e Bibliografia
  • 8. O que são Derivativos? A história do Mercado de Futuros está diretamente vinculada à necessidade de administração do risco e das oscilações dos preços dos ativos, originalmente das commodities, e mais recentemente também dos ativos financeiros. A realização de acordos contratuais entre indivíduos para pagamento e entrega numa data futura já era significativa nas feiras medievais da Europa do século XII. Derivativos são criados por operações financeiras que têm como base de negociação o preço ou a cotação de um ativo, chamado de ativo-objeto, negociado nos mercados futuros, ou seja, a preço futuro. Os mercados de derivativos ou de liquidação futura viabilizam aos investidores realizar operações que possam protegê-los do risco de futuras variações no preço das suas posições no mercado à vista. Uma operação com derivativos funciona como um contrato que assegura aos participantes o exercício dos seus direitos, bem como os obriga a cumprirem suas obrigações, estando fixadas neste acordo todas as características e condições sob as quais a operação será efetuada, tais como a data de vencimento, o preço a ser pago, o tamanho do contrato, dentre outras. “Toda matemática que você precisa para investir no mercado de ações você aprendeu na quinta série.” Peter Lynch Um derivativo é um ativo financeiro cujo valor resulta (deriva) do valor de outro ativo negociado no mercado à vista. São negociados contratos referenciados sobre ativos financeiros tais como ações, índices, moedas ou mercadorias, com vencimento e liquidação estabelecidos para uma data futura e por um preço determinado. Os mercados derivativos abrangem as
  • 9. modalidades mercado a termo, mercado futuro e mercado de opções. O que o investidor busca nos mercados de derivativos é a proteção contra o risco das variações do preço de um determinado ativo. Essa administração de risco é conhecida como hedge, o qual funciona como um seguro contra o risco de mercado, especificamente no que refere ao preço. Assim, uma operação de hedge realizada no mercado de derivativos visa fixar antecipadamente o preço de uma mercadoria, uma ação ou um outro ativo financeiro, de forma a minimizar o impacto das mudanças no seu preço. Do lado do especulador, os derivativos lhe possibilitam obter de maiores ganhos em comparação ao mercado à vista e aos demais investimentos (renda fixa), mediante a sua disposição de assumir os riscos da flutuação dos preços dos ativos objetos e da volatilidade dos preços dos derivativos, bem como os riscos da alavancagem. O especulador desempenha uma função econômica importantíssima para o funcionamento dos mercados ao gerar liquidez e assumir o risco do investidor, assegurando a existência de contratos com vencimento durante todo o ano. “A volatilidade dos mercados é a maior aliada do verdadeiro investidor”. Warren Buffett Atualmente, como decorrência de uma prolongada crise econômica internacional, os derivativos estão cada vez mais associados à quebra de instituições financeiras, e até mesmo à escândalos contábeis ocasionados pela má utilização desses instrumentos. O seu uso indiscriminado e a falta de regulamentação têm sido responsáveis pela transformação dos derivativos em mecanismos para especulações altamente alavancadas, diferentemente do propósito original para o qual foram criados, ou seja, servirem como instrumentos práticos e inteligentes para o gerenciamento do risco para posições em ativos. Investidores institucionais realizam operações de especulação e de arbitragem no mercado financeiro com enormes volumes de dinheiro, utilizando recursos de terceiros (clientes ou cotistas). Na prática a manipulação e a arbitragem dos preços só é possível quando se dispõe de enormes quantias, de forma que o pequeno percentual de retorno auferido nessas operações gere um lucro significativo. Em muitos casos tais instituições assumem posições demasiadamente
  • 10. alavancadas, através da criação e utilização em larga escala de derivativos, muitos dos quais são lastreados em outros derivativos, ao invés de ativos “reais”, expondo assim o capital de seus clientes a riscos que podem gerar prejuízos muito maiores do que os patrimônios destas instituições. Essa atitude imoral e irresponsável de buscar o lucro à qualquer custo contribui para o aumento do risco sistêmico no mercado financeiro, pois além de estarem sujeitos à perda total do capital próprio, podem gerar prejuízos a outros agentes econômicos e cidadãos, credores ou não, que via a cadeia econômica estão atrelados de alguma maneira à tais instituições e são prejudicados direta ou indiretamente. Esse é o chamado efeito dominó, onde toda a cadeia de produção e de investimento é quebrada, colocando todo o sistema financeiro em risco e obrigando os Bancos Centrais a injetarem recursos públicos nestas instituições para evitar uma quebra sistêmica, conforme aconteceu nos Estados Unidos em 2008 e ainda vem acontecendo, bem como está ocorrendo na Europa e em diversos outros lugares. Essa é uma situação de privatização dos lucros e socialização dos prejuízos. Os grandes lucros, resultantes de uma enorme exposição ao risco e gerados pela ganância e irresponsabilidade dos gestores destes grandes fundos, são usufruídos dentre essas instituições. Mas quando as coisas dão errado e essas instituições quebram, gerando prejuízos em larga escala para toda a cadeia econômica, é a sociedade quem paga o preço ao arcar com os prejuízos gerados por estes criminosos institucionalizados. Adam Smith observa que em toda sociedade coexistem dois sistemas morais: um, rigidamente conservador, para os pobres; outro, flexível e permissivo, para os ricos e elegantes. O Governo ao socorrer tais absurdos especulativos praticamente está afirmando que os bancos são “inquebráveis”. Política imoral que acaba incentivando mais ainda tais excessos e irresponsabilidade. A falta de regulação, a legislação permissiva e a grande variedade de manobras jurídicas garantem a impunidade desses gestores e afetam a confiança dos investidores, induzindo fugas de capital e escassez de crédito. “O ladrão passa por homem de bem quando o roubo o enriquece”. Thomas Fuller Fatos como estes comprovam que a auto-regulação não previne imprudências. Muitos economistas são favoráveis à um maior controle dos Estados sobre a circulação de capital volátil pelo mundo, aquele que entra e sai dos países
  • 11. com o objetivo principal de obter lucros arbitrando diferenças de preços entre diferentes mercados. Da mesma maneira que esse capital pode, durante certo período, trazer benefícios para alguns países, em outros pode provocar fortes desestabilizações, a partir do momento em que melhores oportunidades de rendimentos em outras economias aparecerem, pois esse dinheiro tende ser retirado desses países. Quando somados, os efeitos da manipulação exercida no mercado, os movimentos de capital volátil e a gigantesca exposição em derivativos por parte dessas instituições rapidamente geram enormes prejuízos para a economia de um país. Do lado do pequeno investidor a grande liquidez, o baixo custo e a volatilidade dos derivativos, juntamente com a sua expressiva alavancagem, atrai o interesse daqueles que fazem day trade. Entretanto, como a preocupação do especulador é alavancar o seu capital, ele assume riscos relativamente altos posicionando-se nos mercados de derivativos através de apostas direcionais quanto ao comportamento futuro dos preços. Em contrapartida, há uma possibilidade de ganhos expressivos quando suas operações dão certo. Portanto, vale ressaltar que a diferença entre o remédio e o veneno é a dosagem. Assim, o mercado de derivativo para o especulador é considerado como sendo de alto risco se comparado aos investimentos convencionais tais como ações e renda fixa, seja pela alavancagem ou pela grande volatilidade nas cotações desses ativos. A alavancagem presente nas operações que utilizam margem o permite assumir grandes posições com um pequeno capital próprio investido. Isso o expõe a um risco muito maior do que os demais investimentos, pois em alguns casos existe a possibilidade de que sua perda seja superior ao capital investido. “Há apenas um tipo de comunidade que pensa mais em dinheiro do que os ricos: os pobres. Os pobres não conseguem pensar em mais nada”. Oscar Wilde No caso do mercado de opções existe o risco da volatilidade dos preços, pois as variações no preço do ativo objeto tendem a geram variações muito maiores nos preços das opções, tanto para cima quanto para baixo. E da mesma forma que uma grande volatilidade na direção contrária à posição do investidor lhe causará enormes prejuízos, a falta de volatilidade também poderá resultar em perdas, visto que opções perdem valor extrínseco com o
  • 12. passar do tempo. O que mostra claramente que as operações com opções envolvem um risco muito maior se comparadas às operações com o ativo objeto no mercado à vista. Assim, sem dúvida alguma as operações especulativas com derivativos tendem a produzir resultados exponencialmente maiores do que as variações do preço dos ativos nos quais estão referenciados. Tal potencial atua nos dois sentidos, tanto no ganho quanto na perda. A possibilidade de obter retornos mais altos exige a disposição para assumir riscos muito maiores. No outro lado, o mercado de derivativo oferece aos investidores mais conservadores diversas estratégias para aumentarem a rentabilidade de seus investimentos de renda variável, bem como lhes permite proteger suas posições de longo prazo através da realização de operações de hedge, mostrando-se uma ferramenta importantíssima para o gerenciamento do risco nos investimentos de renda variável. Em suma, através de operações com derivativos os investidores podem reduzir ou limitar aqueles riscos que lhes são indesejáveis, hedgeando suas posições, possibilitando também que tomem vantagem do aumento do risco, quando lhes for vantajoso, alavancando assim os seus potenciais de retorno. Historicamente a maioria das experiências malsucedidas com derivativos não ocorreu devido a seu uso como instrumentos de hedge e neutralização de riscos; mas a seu uso como ferramenta de alavancagem para especulação. “Em especulação o lucro é como um picolé ao sol, ou você chupa, ou ele derrete na sua mão”.
  • 13. O Mito das Operações Long & Short Operações Long & Short são estratégias muito utilizada por fundos de investimentos para obter retornos que não dependam da tendência principal do mercado, apenas da relação entre um par de ativos. Na prática os fundos de hedge criam carteiras de investimentos com posições compradas e vendidas em diferentes ativos para atingir este objetivo. Esta arbitragem entre dois ativos tem como objetivo de lucro a performance relativa entre ambos, ou seja, que a ponta ativa (comprada) performe melhor que ponta passiva (vendida) ou vice-versa. O investidor irá alugar e vender (Short) o ativo que acredita que terá uma desvalorização, ou mesmo, uma valorização menor em relação à ponta comprada e, irá comprar (Long) o ativo que acredita que terá uma maior valorização, ou mesmo, uma desvalorização menor em relação à ponta vendida. O objetivo principal é a obtenção de lucro no aumento do spread entre os dois ativos, aproveitando momentos em que ocorrem distorções entre seus preços. Teoricamente é uma operação de mercado neutro, usualmente praticada por árbitros do mercado (investidores institucionais) para tomar vantagem de pequenas distorções de preço entre diferentes ativos. Por meio de margem são feitas operações conjuntas objetivando o ganho correspondente às diferenças entre os valores de liquidação. Normalmente são realizadas com o financeiro perto de zero, ou seja, a mesma quantidade de dinheiro recebido na venda de um ativo é investida na compra do outro. Entretanto, também é comum que seja realizada com alavancagem em uma das pontas, vendendo 2 ativos para cada 1 comprado, por exemplo. Estratégias de spread são muito comuns no mercado de derivativos, mas
  • 14. podem ser realizadas com praticamente qualquer tipo de ativo. No mercado de ações costuma ser realizada entre pares de ações que demonstraram no passado uma forte correlação, mas que temporariamente foi reduzida, na expectativa de que essa correlação volte a normalidade. Podem ser realizadas também entre uma ação e um fundo de índice (ETF), como o BOVA11 por exemplo. Estes nada mais são do que cotas de fundos espelhados em índices negociadas em Bolsa da mesma forma que ações. O desempenho dessas ações acompanha diretamente as variações de seus respectivos índices. Correlação é um coeficiente que mede a força e a direção da relação linear entre duas variáveis aleatórias, sendo que pode variar entre -1 e 1. Quando negativo, as variáveis andam em sentido contrário, quando positivo, andam no mesmo sentido. Quanto maior for o número absoluto, maior a correlação. Portanto, a ideia por trás da estratégia envolve inicialmente identificar pares de ações com histórico de movimentos similares nos preços. Então, sempre que ocorrer divergência suficiente entre os preços das ações que compõem o par assume-se uma posição comprada e outra vendida, simultaneamente, apostando que a divergência nos preços do par é temporária e que convergirá ao longo do tempo. “Outubro. Esse é um dos meses mais perigosos para especular no mercado. Os outros são: Julho, Janeiro, Setembro, Abril, Novembro, Maio, Março, Dezembro, Agosto e Fevereiro”. Mark Twain Uma operação Long & Short envolve a negociação simultânea (casada) de posições vendidas (short) e de posições compradas (long) em ativos diferentes. Ou seja, consiste em alugar um determinado ativo para vendê-lo, abrindo assim uma ponta vendida, a qual irá apostar na sua desvalorização e, com o financeiro recebido pela venda, comprar um outro ativo abrindo uma posição comprada, a qual irá apostar na valorização deste. O objetivo de lucro é a diferença da rentabilidade entre eles, ou seja, o aumento do spread entre os ativos. É uma operação com alavancagem financeira, pois é lastreada com margens de garantia. A margem é necessária em razão da posição vendida que é aberta em um dos ativos, pois tal venda ocorre a descoberto, e sendo assim, o vendedor precisa alugar os ativos no Banco de Títulos da CBLC. Também seria possível utilizar a posição comprada (Long) como parte da margem para o aluguel do ativo que será vendido. Mas normalmente a
  • 15. operação de aluguel e a posterior venda do ativo são realizadas primeiro para gerar o financeiro para ponta comprada. Portanto, é possível montá-la possuindo apenas a margem para a ponta vendida, seja com financeiro ou com ativos tais como ações e títulos, os quais serão utilizados como garantia. Assim, para realizar uma long & short o investidor terá que desembolsar somente a margem necessária para a operação de aluguel, que hoje está em torno de 100% a 140% sobre o valor alugado. A maior parte dessa margem será reembolsada pelo investidor na venda do ativo, e então utilizada para a compra do outro, o que teoricamente quase torna uma Long & Short uma operação de financeiro zero. Abaixo temos um exemplo de uma operação long & short nos ativos VALE5 X PETR4 em que o investidor obteve lucro nas duas pontas. Montagem da Operação: 1º Abrir uma posição tomadora de aluguel de 1000 PETR4 cotadas à R$ 20,00 no mercado à vista. Margem requerida para o aluguel 110% (R$ 22.000,00), taxa acordada 0,50% a.a., custo de emolumento de 0,25% a.a. e taxa de corretagem de R$ 20,00. Supondo que a operação dure 30 dias, o custo do aluguel sairá por R$ 32,50. 2º Abrir a posição vendida a descoberto: Vender no mercado as 1000 PETR4 alugadas por R$ 20,00 cada, operação em que investidor receberá R$ 20.000,00, menos taxa de corretagem de R$ 20,00. 3º Abrir a posição comprada: Comprar 500 VALE5 cotadas a R$ 40,00 no mercado à vista, operação em que o investidor pagará R$ 20.000,00 mais a taxa de corretagem de R$ 20,00. Liquidação da Operação: 4º Encerrar a posição comprada: Vender 500 VALE5 cotadas a R$ 40,80 no mercado à vista (alta de 2%), operação em que o investidor receberá R$ 20.400,00 menos a taxa de corretagem de R$ 20,00. Lucro de R$ 400,00 na ponta comprada. 5º Encerrar a posição vendida: Comprar 1000 PETR4 cotadas a R$ 19,60 no mercado à vista (queda de 2%), operação em que investidor receberá R$ 19.600,00, menos taxa de corretagem de R$ 20,00. 6º Encerrar o aluguel de 1000 PETR4 e ter sua margem de R$ 20.000,00 desbloqueada. Lucro da ponta vendida R$ 400,00. O retorno da operação é o spread, diferença entre o valor total da ponta comprada e da ponta vendida, menos os custos da operação. (R$ 20.400,00 – R$ 19.600,00). Lucro da operação: R$ 800,00 – R$ 80,00 de corretagens – R$ 32,50 de custos do aluguel – R$ 27,60 referente aos emolumentos = R$
  • 16. 659,90 de lucro líquido. “Tenha cuidado com os custos pequenos! Uma pequena fenda afunda grandes barcos” Benjamin Franklin Essa modalidade de operação é muito utilizada por fundos de investimento para tomar vantagem de distorções de preços entre ativos cuja variação no passado apresentou uma alta correlação. Não importa se ambos os ativos subirem ou caírem, desde que a posição que esteja a favor do movimento tenha uma maior variação do que a posição que está contrária, de forma que o spread entre ambos aumente, gerando lucro sobre a performance relativa dos ativos. Como a operação foi casada no financeiro, ou seja, foi feita com a mesma quantidade de dinheiro em cada ponta, seu spread inicial será de R$ 20.000,00. Desde que esse spread se mantenha acima desse valor o investidor estará auferindo lucro. Logo, se houver uma valorização da ponta comprada (VALE5) superior à desvalorização ou à valorização da ponta vendida (PETR4), haverá lucro. Da mesma forma que se houver uma desvalorização da ponta vendida (PETR4) superior à valorização ou à desvalorização da ponta compradora (VALE5). Entretanto, caso ocorra o inverso, ou seja, as variações dos preços dos ativos sejam contrárias às posições abertas, o investidor terá prejuízo nas duas pontas da operação. Portanto, o maior risco para esse investidor seria o ativo VALE5 se desvalorizar e o ativo PETR4 se valorizar. Também haveria prejuízo ainda que a variação inversa à posição aberta ocorresse apenas em uma ponta e fosse maior em relação à variação favorável da outra ponta. Em resumo, os eventos possíveis são: Lucro: - Ganhar nas duas pontas (valorização da VALE5 e desvalorização da PETR4). – Ganhar mais numa ponta em relação à outra. Prejuízo - Perder nas duas pontas (valorização da PETR4 e desvalorização da VALE5). – Perder mais numa ponta em relação à outra. Se no exemplo citado ocorresse o inverso, ou seja, a PETR4 se valorizasse 2% e a VALE5 se desvalorizasse 2%, o investidor iria auferir um prejuízo de
  • 17. R$ 940,10. Na teoria operações long & short tem potencial para gerar lucro independente de o mercado estar subindo ou caindo, pois o que interessa é a relação entre a variação entre os ativos (spread). Mas na prática o risco é bastante alto, pois existem maiores possibilidades para que situações desfavoráveis ocorram. “Se há possibilidade de várias coisas darem errado, todas darão – ou a que causar mais prejuízo”. Murphy Fundos de investimento ao montarem essas operações procuram controlar sua exposição a tais riscos através da seleção de ativos que demonstraram uma forte correlação no passado e através do re-balanceamento das pontas de acordo com suas variações, ou mesmo, fazendo o hedge das pontas com derivativos. No caso do pequeno investidor, tanto o re-balanceamento como o hedge aumentam muito os custos da operação, inviabilizando-a. Nos últimos anos, operações long & short têm se popularizado entre os pequenos investidores, sendo largamente vendida e incentivada por corretoras e “gurus” do mercado. Muitas corretoras cobram corretagem de mesa para realizar operações long & short (tabela Bovespa), ainda que para day trade, o que as torna pouco atraentes. Assim, são operações que além de serem caras, em função do alto custo com corretagem, aluguel e emolumentos, se mostram trabalhosas, arriscadas e na maioria das vezes possibilitam ao investidor um pequeno retorno. Mesmo oferecendo o potencial de gerar lucro com a alta ou com a queda, ainda assim essas operações são apostas direcionais nas mudanças dos preços de dois ativos. E algumas operações que se mostram muito atraentes na teoria podem não apresentar bons resultados quando implementadas na prática. Em geral, investidores montam esse tipo de operação quando percebem que a diferença de preço entre dois ativos foge muito à média histórica. Apostam então na correção de tais diferenças por acreditarem que são momentâneas e que, portanto, os preços tenderão a retornar à média histórica. Assim, para tentar diminuir os riscos envolvidos os investidores buscam pares que no passado apresentaram variações bastante correlacionadas, cujo índice de correlação está acima de 80%, ou acima de +0,8. Mas ainda assim a volatilidade histórica e a performance de um ativo no passado não são garantia alguma de volatilidade ou de performance futura, de forma que o patrimônio do investidor também não está garantido neste tipo de operação.
  • 18. “Notei que todos aqueles que dizem que o mercado é eficiente são pobres”. Larry Hite Para tentar diminuir o risco de uma inversão os investidores selecionam os pares de ativos para operações long & short seguindo critérios tais como financeiro neutro, beta neutro e setor neutro, esperando dessa forma que as variações de sua carteira fiquem mais previsíveis. Contudo, diversos estudos estatísticos têm demonstrado que não existe correlação significativa entre o retorno e o beta, mas ainda assim o índice beta continua sendo utilizado na tentativa de prever retornos e riscos. • Long & Short Intra-Setorial: São selecionados 2 ativos do mesmo setor. O investidor abre a ponta comprada em um ativo que acredita que irá sobreperformar o outro, que será a ponta vendida da operação. Por exemplo, ELPL4 x ELET6. • Long & Short Inter-Setorial: São selecionados 2 ativos de diferentes setores. O investidor seleciona um ativo em que acredita que vai se valorizar e outro de um diferente setor, que acredita que vai se desvalorizar. Por exemplo, PETR4 X BBAS3. Esse tipo de long & short apresenta maior risco para o investidor. • Ações Preferenciais x Ações Ordinárias: As pontas da operação são abertas em ações da mesma empresa, Ex:VALE5 X VALE3. Teoricamente é um tipo de long & short mais conservador, pois os ativos tendem a oscilar na mesma direção (alta correlação). A estratégia consiste em montar a operação quando a correlação histórica entre os ativos diminuir, ou seja, quando houver algum tipo de distorção entre seus preços. Por ter um menor risco teórico, conseqüentemente, haverá um menor retorno neste tipo de operação. • Long & Short entre Carteiras: É montada entre dois índices ou dois ETF’s, ou mesmo, entre um índice e um ETF. O investidor compra uma carteira de ações e vende a de outro grupo de ações ou compra um índice e vende um ETF, e assim por diante. Por exemplo SMAL11 X Ibovespa Futuro ou BOVA11 X VALE5. Abaixo vemos a lista dos ETFs e seus índices de referência: BOVA11 segue o Índice Bovespa. BRAX11 é referenciado pelo Índice IBrX-100. CSMO11 replica o Índice de Consumo. MILA11 é referenciado pelo Índice Mid-Large Cap.
  • 19. MOBI11 segue o Índice Imobiliário. SMAL11 replica o Índice Small Cap. PIBB11 é referenciado pelo Índice IBrX-50. “Se você comprar irá perder; Se você vender irá perder; Mas se você não operar estará perdendo uma oportunidade”. Capital e Valor Apesar de muito utilizadas por fundos de investimento, as operações Long & Short não significam ganhos efetivos. A escolha correta das posições e o momento certo para se abrir as pontas são determinantes para o resultado da operação. Teoricamente, o risco máximo da posição vendida é ilimitado, pois um ativo pode aumentar de preço indefinidamente. Para auferir lucro numa estratégia long & short o investidor deve então predizer qual ativo terá uma performance melhor, independente de quão neutro esteja a operação. Os eventos setoriais e a possibilidade dos ativos fugirem do padrão histórico podem afetar o diretamente o resultado do investimento, sendo por isso considerada uma estratégia de alto risco e de curto a médio prazo. Na tentativa de recuperar um prejuízo muitos investidores transformam uma posição comprada, em que estão tendo prejuízo, numa operação Long & Short abrindo uma ponta vendida num outro ativo. Isso é pior do que fazer preço médio, pois não há garantia alguma de que o outro ativo irá cair de preço, e mesmo que isso aconteça, ainda assim a queda pode não gerar um lucro suficiente para compensar o prejuízo da ponta comprada. Isso porque de uma maneira geral ações tendem a acompanhar umas às outras na mesma direção, ou seja, tendem a seguir a tendência do mercado. Portanto, jamais torne uma posição perdedora num spread somente para tentar contornar um prejuízo. Se for montar um spread, seja em ações ou em derivativos, faça por acreditar no potencial de lucro da operação e não para salvar o seu pescoço, pois o mais provável que poderá ocorrer é que você tenha prejuízo em ambos os lados do spread. “Não será a economia que derrubará os investidores, serão os próprios investidores.” Warren Buffett Para se ter uma ideia, durante a crise dos tigres asiáticos um dos maiores fundos de investimento da época quebrou por estar extremamente alavancado
  • 20. numa serie de operações de Long & Short que deram errado. O gestor desse fundo, ganhador do prêmio Nobel pelo famoso modelo de precificação de derivativos Black & Scholes, tentou maximizar o retorno das operações, que na teoria eram de arbitragem, através da alavancagem de posições que posteriormente se mostraram erradas. As operações Long & Short são vendidas por corretoras e “gurus” como estratégias seguras em razão de haver a possibilidade de ganhar com a queda ou a alta do mercado. Mas como fora explicado, isso não é verdade. Além do risco ser bem maior, há um custo operacional substancialmente maior, o que também é um agravante, pois em razão dos altos custos, quanto menor o capital empregado pior será retorno líquido da operação. Algumas corretoras disponibilizam para seus clientes robôtraders que fazem varreduras em diversos ativos buscando distorções e possíveis oportunidades para essa estratégia. Em alguns casos tanto a execução da operação como os parâmetros de negociação são definidos pela própria corretora. Tais mecanismos procuram obter pequenos e constantes ganhos, realizando um número enorme de operações, o que muitas vezes gera mais custos do que lucros. Sem contar que não são garantia alguma de acerto, muito menos de retorno, na maior parte das vezes se mostrando como uma prática predatória de geração de taxas e oneração do capital do investidor que visa garantir o sustento das instituições envolvidas no processo de negociação de valores. Portanto, assim como nos demais investimentos de renda variável, é recomendável o estudo e o uso do bom senso ao implementar essa estratégia no mercado. “Um homem pode acreditar no impossível, mas nunca pode acreditar no improvável”. Oscar Wilde
  • 21. O Mito do Investimento no Mercado FOREX Forex (da expressão FOReign EXchange) é de forma simples, um tipo de mercado onde o investidor pode explorar as relações de preço de uma moeda com outra. Neste mercado tem-se uma moeda precificada em termos de uma segunda moeda e o investidor ou especulador pode explorar as possibilidades de aplicações que envolvam modificações nessa paridade. As operações ocorrem, portanto, sempre envolvendo pares de moedas, onde uma ponta é comprada e outra é vendida, na expectativa de que a ponta vendida se desvalorize em relação à ponta comprada. É importante, contudo, fazer uma distinção entre o FOREX e uma operação cambial comum. No mercado FOREX o investidor não opera diretamente uma moeda, mas um derivativo de moedas, ou seja, somente uma relação entre pares de moedas. Ao comprar Dólares dos Estados Unidos e vender Euro, quem aplica não está de fato comprando ou se desfazendo de nenhum deles, apenas apostando sobre um futuro movimento na relação entre essas moedas, e sua contraparte é a corretora/instituição financeira, diferente do mercado cambial, onde a contraparte são os demais investidores. Devido a essa natureza, classifica-se o mercado de FOREX como um mercado de derivativos, internacional, onde agentes e instituições econômicas de vários países operam, cada qual seguindo a regulamentação de sua localidade. O FOREX é um mercado virtual internacional sem nacionalidade específica. É constituído por instituições financeiras sediadas em diversos países que realizam operações neste mercado 24 horas por dia ao redor do mundo. Até a data da publicação deste artigo, nenhuma corretora ou instituição financeira
  • 22. havia obtido a permissão da CVM para desempenhar esta atividade em território brasileiro. Devido a este fato, operar neste mercado exige certos malabarismos e traz complicações e riscos ainda maiores que os inerentes à atividade regulamentada nos mercados de capitais. Primeiramente existe a necessidade de enviar recursos ao exterior, por meio de transferência, cartão de crédito ou similar (paypall, egold, dentre outros), atividade que em alguns casos pode ser considerada uma contravenção, ou mesmo, crime. “Uma das coisas mais importantes é a capacidade de dizer não a um investimento.” Henry Kravis Ao conseguir enviar seus recursos e na hipótese de obter lucro, outro problema surge – repatriar o dinheiro. Neste caso, o investidor geralmente opta por transferência ou crédito na fatura de seu cartão e o processo todo pode mostrar-se incrivelmente mais complexo do que aparenta. Ainda que seja possível contingenciar todas as limitações relativas ao envio e recebimento de recursos, existem outros fatores adicionais que devem ser levados em conta ao considerar aplicações no FOREX. Falaremos neste artigo dos dois mais importantes. O primeiro fator que deve ser considerado é a confiabilidade e a clareza da instituição que se escolhe para operar. Por sua natureza descentralizada e internacional, é muito comum encontrar no forex instituições instaladas em países de legislação permissiva, onde é possível todo tipo de prática desonesta com fins de cooptar os recursos dos investidores. Não é incomum empresas se apossarem do dinheiro investido, cancelarem contas, forjarem cotações ou até mesmo impedir que o investidor retire seu dinheiro. Como estas instituições são sempre as contrapartes das operações efetuadas por seus clientes, um nítido conflito de interesse surge, pois para que o cliente tenha lucro, é necessário que a instituição deixe de ganhar ou perca dinheiro. Supondo que a instituição seja honesta, credenciada e instalada em um país que possua estrutura legal minimamente suficiente para proteger o investidor, ainda existe um segundo empecilho. O segundo fator que deve ser considerado é o risco inerente à altíssima alavancagem permitida no forex. Neste mercado, as operações são feitas através de margens muito pequenas, pois são liquidadas financeiramente, ou seja, apenas pela diferença entre as variações de duas moedas. Não é
  • 23. necessário então que o investidor possua todo o montante de recursos envolvidos na operação, mas apenas uma margem que cubra a variação entre o par de moedas. “O cérebro é uma coisa maravilhosa. Todos deveriam ter um”. Dessa forma, é prática comum liberar aos clientes a possibilidade de abrir posições 50, 100, 200, 400 vezes maiores que o capital disponível. Sendo assim, com um pequeno capital o investidor pode tomar vantagem de pequenas variações de preço sobre uma enorme quantidade de dinheiro. Utilizando uma margem de 1000%, um investidor com mil dólares poderá abrir uma operação lastreada em 100.000,00 dólares. Uma variação de 1% na diferença entre um par de moedas a favor da sua aposta lhe renderá mil dólares sobre seus mil dólares investidos, ou, 100% de lucro. Mas caso uma variação de 1% ocorra na direção contrária à sua aposta, a elevadíssima alavancagem resultará na perda de 100% do seu capital. O que por sinal é realizado automaticamente pelo sistema da corretora. Quando o prejuízo da operação aumenta e chega perto do valor da margem, a operação é liquidada automaticamente pelo próprio sistema. Aos olhos desatentos tal possibilidade de grande e rápido retorno poderia passar-se como vantagem e atrativo. A realidade é, contudo, muito mais perversa do que parece. Com sistemas computacionais sofisticados, não é muito difícil para as corretoras estimar com base nas posições abertas o impacto de uma micro-oscilação nas cotações. Com tal informação, pequenas oscilações nos preços “surgem” no intuito único de limpar as contas de seus clientes, exageradamente alavancados, perseguindo lucros fantasiosos e impossíveis. Na maioria das corretoras é inclusive impossível operar sem fazer uso da alavancagem. Este comportamento denota a relação duvidosa e promíscua entre instituição e cliente lançando grandes dúvidas sobre a existência de algum ponto positivo nas operações oferecidas. “Ele irá arriscar a metade de sua fortuna no mercado fazendo menos reflexões à respeito do que quando compra um carro popular”. Jesse Livermore Diante do que foi dito, resta ainda recomendar ao investidor que descubra por si mesmo, que pesquise, que busque. Não faltam exemplos trágicos de pessoas que perderam todas as suas economias com essa modalidade de
  • 24. aplicação. Os casos bem sucedidos, por outro lado, são extremamente raros, além de possuir caráter altamente duvidoso. A CVM tem recebido nos últimos anos reclamações de um grande número de pessoas que foram vítimas de fraudes e manipulações em esquemas de investimento no mercado forex, na maioria das vezes por instituições sediadas fora do país, o que torna impossível que haja algum controle ou regulação por parte da CVM. Em quase todos os casos as pessoas lesadas não têm onde ou para quem recorrer. Portanto, novamente recomenda-se o bom senso, a perspicácia e a desconfiança. Nunca existiu e jamais existirá fórmula mágica para ganhar dinheiro rapidamente. “Às vezes os melhores investimentos são aqueles que você não faz”. Donald Trump
  • 25. Como Investir no Mercado a Termo? Um termo consiste em um acordo de comprar ou de vender uma determinada quantidade de ações, numa data futura, a um preço preestabelecido. Termo é sinônimo de prazo, logo, um comprador a termo recebe um prazo para pagar pelas ações. Já o vendedor cobra do comprador uma taxa de juros por esse prazo. Assim, um contrato de termo funciona como um contrato de financiamento. O financiador a termo compra as ações no mercado à vista e as vende a termo para o comprador pelo seu valor acrescido de uma taxa de juros, os quais deverão ser pagos numa data futura. Isso permite que o comprador a termo tenha a posse das ações sem ter que desembolsar de imediato todo capital que normalmente seria necessário para comprá-las no mercado à vista. Apesar de existirem algumas diferenças, um contrato a termo é muito parecido com um contrato futuro. Entretanto, este último é caracterizado por ser um ativo financeiro padronizado que pode ser negociado livremente em um pregão por possuir elevada liquidez e ajuste diário da posição e, principalmente, pela possibilidade de liquidação a qualquer momento sem a imposição de vínculo bilateral. Já num contrato a termo existe uma obrigação entre as partes, portanto, o mesmo não pode ser transferido a terceiros, podendo apenas ser encerrado entre as partes ou no seu vencimento (operação não-intercambiável). Além disso, não ocorre o ajuste diário da posição, apenas da margem de garantia quando for necessário. O resultado financeiro é apurado no momento em que o termo é encerrado.
  • 26. “A mudança é a lei da vida. E aqueles que olham apenas para o passado ou apenas para o presente com certeza irão perder o futuro”. John F. Kennedy Assim, os contratos a termo regulamentam operações de compra e de venda de um ativo objeto entre comprador e vendedor (contrapartes do contrato) para liquidação física (entrega do ativo objeto) ou financeira. Uma operação de compra ou de venda a termo é realizada em leilão, sendo bastante similar a uma negociação no mercado à vista, resultando numa obrigação entre duas partes, o comprador a termo e o vendedor a termo. Comprador a termo: Adquire o direito de receber a ação em uma data futura, estabelecida pelo contrato, com a obrigação de pagar o preço acordado. O comprador irá auferir lucro na operação caso o preço à vista da ação suba, de forma que na data do encerramento do termo esteja acima do preço acordado, pois poderá comprá-la por um preço menor que o de mercado, lucrando a diferença entre o preço à vista e o preço acordado no termo. Mas caso ocorra o contrário, ou seja, o preço à vista da ação na data de encerramento do termo estiver abaixo do preço acordado, o comprador irá ter prejuízo, pois será obrigado a pagar um preço mais alto pela ação, sem contar o juro do termo. Vendedor a Termo: Adquire o direito de receber na data futura o preço fixado e assume a obrigação de entregar a ação nesta mesma data. O vendedor irá auferir lucro na operação caso o preço à vista da ação caia, de forma que na data do encerramento do termo esteja abaixo do preço acordado, pois irá vender a ação por um preço maior que o de mercado. E mesmo que ocorra o contrário, ou seja, o preço à vista da ação na data de encerramento do termo estiver acima do preço acordado, o vendedor ainda lucrará o juro do termo. Contudo, será obrigado a receber pela ação um valor abaixo do preço de mercado, o qual fora acordado previamente. No momento do fechamento do contrato o preço a termo equivale ao preço de entrega do ativo, de forma que o preço na data futura de liquidação do termo é travado no ato da operação. E o comprador deve pagar a taxa de juros do termo ao vendedor, conforme o prazo do contrato, na data da realização do termo. De um lado os compradores procuram garantir preços, diversificar riscos e captar recursos, por meio de uma operação de renda variável. De outro os vendedores (também chamados de financiadores) aumentam a receita de suas carteiras com baixíssimo risco, fazendo uma operação de renda fixa. Assim,
  • 27. podemos observar que a alta no preço à vista da ação favorece os comprados, e a queda favorece os vendidos. “Banqueiro: aquele que empresta o dinheiro dos outros e guarda os juros para si”. John Pollard Muitas vezes o vendedor do termo é um investidor que não deseja possuir a ação, mas sim o retorno sobre o investimento em forma de taxa de juros. Neste caso ele irá comprar a ação no mercado à vista e vendê-la a termo, lucrando a taxa de juros sobre o capital empregado. Qualquer um pode ser financiador (vendedor a termo), mas na maior parte das vezes os investidores institucionais e as corretoras o são. O financiador não assume riscos, não importa o que aconteça com a cotação das ações ele vai receber os juros contratados no final do período e o valor financiado. Entretanto, existe a possibilidade de seu lucro ser maior, caso o contrato a termo seja liquidado antecipadamente pelo comprador. Situação em que o financiador receberá os juros num prazo menor ao que fora acordado. Todas as ações negociáveis na Bovespa podem ser objeto de um contrato a termo. O preço a termo de uma ação é definido pela adição no seu valor no mercado à vista de uma parcela correspondente aos juros, fixados livremente em mercado em função do prazo do contrato e da taxa básica de juros. Para cada prazo existe uma taxa e o período mínimo de um contrato é de 16 e o máximo é de 999 dias. Entretanto, para gerar liquidez é fundamental a padronização dos contratos, que normalmente são negociados em prazos de 16, 30, 60, 90, 120, 150 e 180 dias. Abaixo temos um exemplo das taxas praticadas no mercado no dia 10/08/2012. “Quem decide pode errar, quem não decide já errou”. Os contratos a termo são do tipo VC (À Vontade do Comprador) em que o encerramento pode ocorrer no vencimento do contrato ou, caso o comprador requeira, antecipadamente. Hipótese em que o comprador terá que pagar o
  • 28. juro referente a todo o período do contrato. Operações a termo são feitas através de margem, portanto, requerem o depósito de garantias no intuito de assegurar o bom funcionamento e a adimplência das duas pontas da operação. Nos mercados futuros e a termo há exigência de garantias tanto dos compradores quanto dos vendedores, em função de que ambos poderão sofrer perdas. Na ponta vendedora apenas são aceitas vendas cobertas, ou seja, o vendedor a termo deve depositar o ativo-objeto como garantia de que o entregará na data da liquidação do contrato. Ao realizar essa cobertura, o vendedor fica dispensado de depositar garantias adicionais. Já os compradores terão que depositar margem de garantia. A margem inicial corresponde a cerca de 20% do valor das ações compradas a termo. Já a margem de garantia adicional está relacionada à diferença entre o valor contratado no mercado a termo e o preço da ação no mercado à vista, bem como a modalidade de liquidação. Logo, podemos perceber que um contrato a termo se trata de uma operação alavancada. Como margem podem ser depositados dinheiro, o qual será corrigido pelo período do termo, ouro, e a critério da Bovespa, títulos públicos e privados, cartas de fiança, ações, etc. A Bolsa têm a prerrogativa de recusar algum título se o considerar de alto risco. É interessante observar que para realizar uma operação a termo não é necessário desembolsar recursos em dinheiro para este fim. Um investidor que possui uma carteira de ações pode muito bem depositá-la como margem para fazer um termo. “O conhecimento verdadeiro é reconhecer que você não sabe de nada”. Harlie Munger A bolsa avalia a volatilidade e a liquidez das ações e as condições gerais das empresas emissoras, classificando as diversas ações em diferentes intervalos de margem. Para operações em papéis com maior volatilidade e menor liquidez pode ser requerido um percentual maior de margem. Quanto maior a volatilidade histórica do ativo, maior será a expectativa de instabilidade do seu preço e, portanto, maior será a estimativa do risco de perdas para os compradores. Consequentemente, mais margem lhes será exigida em relação aos demais ativos a fim de compensar o maior potencial de risco. Como regra geral, ações com maior liquidez e menor volatilidade enquadram-se nos menores intervalos de margem. A margem varia durante o período que durar o contrato a termo e pode
  • 29. aumentar caso a ação comprada caia de preço após a contratação do termo. Quando o preço à vista da ação está evoluindo contra a posição do comprador (caindo) aumenta-se a exigência de margem e, quando a está evoluindo a favor (subindo) reduz-se a exigência de margem. A margem inicial requerida será debitada da conta no dia do contrato, seja em dinheiro ou em ativos financeiros. Sempre que ocorrer redução no valor de garantias do contrato, decorrente de oscilação dos valores dos títulos depositados como margem e/ou da ação objeto do termo no mercado à vista, será necessário o reforço da garantia inicial. A margem adicional poderá ser honrada mediante o depósito de dinheiro ou demais ativos autorizados. Todas as margens de garantia depositadas em dinheiro são aplicadas no mercado aberto e seu rendimento é repassado aos investidores por suas corretoras, melhorando o resultado da operação. Caso uma das pontas não honre suas perdas, a bolsa executará as garantias previamente depositadas pelo participante para cobrir sua inadimplência. Se as garantias tiverem valor maior do que a perda a bolsa devolverá o restante ao participante. Mas se forem insuficientes a corretora do cliente devedor será acionada. A Bolsa dispõe de um Fundo Garantidor de Liquidação formado por recursos aportados pelas corretoras, o qual poderá ser utilizado para garantir o pagamento. “Cada direito implica em uma responsabilidade; Cada oportunidade em uma obrigação; Cada posse em um dever”. John D. Rockefeller Direitos e Proventos Os direitos e proventos distribuídos às ações-objeto do contrato a termo pertencem ao comprador e serão recebidos juntamente com as ações objeto do termo na data da liquidação ou segundo normas específicas da CBLC. No caso de uma subscrição, o comprador deve manifestar sua intenção de subscrever ou de vender seu direito à subscrição até o 5º dia anterior ao prazo final estabelecido pela empresa. Formas de Liquidação de um Contrato a Termo • Liquidação Antecipada: O contrato realizado a termo é liquidado antes da data do seu respectivo vencimento a pedido do comprador, implicando o pagamento do preço estipulado no contrato pelo comprador. • Liquidação por Diferença: O comprador do contrato a termo após o