O documento apresenta uma introdução sobre o mercado financeiro e estratégias de investimento, com o objetivo de orientar investidores. Aborda tópicos como derivativos, mercado futuro, opções e day trade, fornecendo conceitos, exemplos e avaliação de riscos para diferentes estratégias.
2. Prefácio
Para muitas pessoas os movimentos de alta e de baixa no mercado são
misteriosos, sendo bastante influenciados por notícias, muitas vezes
ocorrendo quando menos esperado. Mas a verdade é que o mercado não é tão
difícil de ser entendido e acompanhado. É preciso apenas compreender a
psicologia, as estratégias e a lógica envolvida neste complexo “jogo”.
O mercado recompensa através de várias estratégias e possibilidades de
negócios quando encarado com maturidade e bom senso. É uma atividade
lucrativa e um desafio intelectual para aqueles que têm sucesso em gerenciar
os riscos da renda variável e a disciplina para fazer o que deve ser feito de
forma sistemática. Assim como em muitas situações da vida, persistência,
paciência, confiança, competência, e acima de tudo, estar disposto a pagar o
preço, trarão o resultado desejado.
Nossa intenção ao escrever o conteúdo do Capital e Valor foi explicar o
mercado de capitais e as estratégias de operações, bem como demonstrar os
principais mecanismos para sua análise, desde uma perspectiva focada para
investidores de longo prazo até estratégias para especuladores, fornecendo
informações e mecanismos para que o investidor se torne auto-suficiente e
conquiste sua independência financeira, pois para ganhar no mercado não se
deve depender de ninguém.
“Muitos querem aquilo que você tem hoje, mas quando souberem o preço
que você pagou por isso irão desistir”.
João C. Filho
3. O conteúdo do Capital e Valor visa orientar o desenvolvimento de uma
metodologia objetiva para operar e analisar o mercado de forma consciente,
demonstrando as diferentes estratégias para momentos de alta e de baixa,
incluindo técnicas de gerenciamento de risco e de proteção de capital. Não é
um método milagroso de enriquecimento, tão pouco dicas de investimentos,
mas uma visão realista sobre o mercado financeiro embasada por informações
de qualidade para investidores conscientes e racionais, cujo objetivo é lhe
auxiliar a desenvolver o seu potencial de investir bem o seu dinheiro e a
garantir a sua prosperidade.
Através de uma linguagem simples e exemplos práticos o Capital e Valor
apresenta informações e estudos para orientar e inserir o investidor no
mercado financeiro. O conteúdo aborda as diversas estratégias operacionais,
avaliando a relação entre risco e rentabilidade, bem como as técnicas de
análise do mercado. Através de conhecimento e informações de qualidade
você transformará a maneira como lida com o dinheiro e, principalmente, a
forma como investe o seu patrimônio.
Mais do que nunca o mercado de capitais está cada vez mais popularizado no
Brasil e acessível para os investidores, sendo fundamental para a consolidação
de uma cultura de poupança de longo prazo no país. Todo investimento deve
ser encarado como um compromisso por quem o faz. Isso significa dedicar
tempo para estudar, para acompanhá-lo e, principalmente, para avaliá-lo. Não
tenha dúvida de que no longo prazo o retorno de seus investimentos será
diretamente proporcional ao seu comprometimento aos mesmos.
Com o passar do tempo as experiências no mercado acabam por revelar muito
de nós mesmos, sendo uma atividade em que além do crescimento financeiro
ocorre o crescimento como indivíduo. Temos então dois objetivos, fazer
dinheiro e aprender. Perdendo ou ganhando é preciso tirar algum
conhecimento dessas operações com o intuito de tornarmo-nos melhores
investidores no futuro. O mercado nos testa constantemente, em cada situação
existe uma profunda sabedoria a ser descoberta. Aceite o que o mercado lhe
5. Apresentação do Capital e Valor
O Capital e Valor através de uma linguagem simples e exemplos
práticos apresenta informações e estudos para orientar e inserir o investidor
no mercado financeiro. O conteúdo é direcionado a todos que necessitem de
educação financeira para se manterem atualizados, seja para fins pessoais ou
profissionais, no intuito de que seus objetivos sejam atingidos por meio do
conhecimento e da permanente inovação, promovendo o desenvolvimento de
seus próprios métodos e estratégias de investimento e a prosperidade
financeira. Embasado pelo conteúdo do Capital e Valor o investidor tomará
decisões mais conscientes e responsáveis, aproveitando melhor as
oportunidades de investimento, reduzindo as incertezas, administrando
melhor os riscos e maximizando os resultados dos seus investimentos.
Por não estar vinculado a nenhum banco, corretora ou qualquer instituição
financeira, as informações e as ferramentas disponibilizadas pelo Capital e
Valor possuem total independência em defesa dos interesses do investidor.
Através de uma visão realista sobre o mercado financeiro, nosso conteúdo
aborda as diversas estratégias operacionais, avaliando a relação entre risco e
rentabilidade, bem como as técnicas de análise do mercado. Através de
conhecimento e informações de qualidade, você transformará a maneira como
lida com o dinheiro e, principalmente, a forma como investe o seu patrimônio.
Conquiste sua independência financeira aperfeiçoando os seus conhecimentos
sobre análise técnica, análise fundamentalista e estratégias de investimento
em ações, futuros, opções, títulos do tesouro, fundos de investimento, renda
fixa, dentre outros.
6.0 – Estratégias de Investimentos no Mercado Futuro - Abordamos as
características dos diferentes tipos de investimentos no mercado futuro, como
Índice Futuro, Dólar Futuro, Mercado a Termo e Mercado de Opções.
Utilizando exemplos práticos e demonstrações de situações reais,
apresentamos os procedimentos operacionais e características de cada
instrumento, bem como os riscos envolvidos e o potencial de retorno de cada
estratégia de investimento.
6. 6.0 - Estratégias de Investimentos no Mercado Futuro
O Módulo 1 aborda as características dos mercados futuros e operações
estruturadas, apresentando os procedimentos operacionais e características de
cada instrumento através de exemplos práticos e da análise da relação
risco/retorno em diferentes estratégias, tanto para investimento quanto para
hedge.
6.01 - O que são Derivativos?
6.02 - O Mito das Operações Long & Short
6.03 - O Mito do Investimento no Mercado FOREX
6.04 - Como Investir no Mercado a Termo?
6.05 - Estratégias de Investimento no Mercado a Termo
6.06 - Como Investir no Mercado Futuro?
6.07 - Como Realizar Operações no Mercado Futuro?
6.08 - Mini Contratos Futuros - Mini Índice, Mini Dólar e outras
Commodities
O Módulo 2 aborda as características inerentes ao mercado de opções e seus
procedimentos operacionais, bem como os riscos envolvidos e o potencial de
retorno na utilização desses derivativos como estratégias de investimento e
como proteção (hedge). Apresentamos um foco conceitual com
demonstrações de situações reais e aplicadas aos conceitos abordados.
6.09 - Como Investir no Mercado de Opções?
6.10 - Como as Opções são Organizadas?
6.11 - Como Funciona a Relação entre as Opções e seu Ativo Objeto?
6.12 - Como é Formado o Prêmio de uma Opção?
6.13 - A Relação entre o Preço do Ativo Objeto e o Preço de Exercício da
Opção
6.14 - A Relação entre o Preço de Mercado da Opção e a Passagem do Tempo
6.15 - A Volatilidade Histórica do Preço do Ativo Objeto e o Preço das
Opções
7. O Módulo 3 aborda as principais estratégias no mercado de opções,
contextualizando-as em operações reais, desde a utilização desses
instrumentos como proteção para o investidor (hedge), até operações
especulativas e spreads (travas), avaliando a relação risco/retorno de cada
modalidade. Por último, serão abordadas as estratégias de day trade nos
diferentes mercados, contextualizando-as e avaliando a relação risco/retorno.
6.16 - Conclusão sobre os Aspectos e Riscos do Mercado de Opções
6.17 - Estratégias com Opções I – Hedge e Alavancagem
6.18 - Estratégias com Opções II – Venda Coberta
6.19 - Operações de Spread - Travas
6.20 - Trava de Alta / Financiamento
6.21 - Trava de Baixa / Reversão
6.22 - Straddle e Strangle
6.23 - Comprar Opções a Seco
6.24 - Como Realizar Operações de Day Trade?
6.25 - Em Quais Ativos Realizar Day Trade?
6.26 - Day Trade no Mercado de Opções
6.27 - A Estrutura Necessária para Realizar Day Trade
6.28 - Considerações Finais Sobre Investimentos e Bibliografia
8. O que são Derivativos?
A história do Mercado de Futuros está diretamente vinculada à necessidade de
administração do risco e das oscilações dos preços dos ativos, originalmente
das commodities, e mais recentemente também dos ativos financeiros. A
realização de acordos contratuais entre indivíduos para pagamento e entrega
numa data futura já era significativa nas feiras medievais da Europa do século
XII.
Derivativos são criados por operações financeiras que têm como base de
negociação o preço ou a cotação de um ativo, chamado de ativo-objeto,
negociado nos mercados futuros, ou seja, a preço futuro. Os mercados de
derivativos ou de liquidação futura viabilizam aos investidores realizar
operações que possam protegê-los do risco de futuras variações no preço das
suas posições no mercado à vista.
Uma operação com derivativos funciona como um contrato que assegura aos
participantes o exercício dos seus direitos, bem como os obriga a cumprirem
suas obrigações, estando fixadas neste acordo todas as características e
condições sob as quais a operação será efetuada, tais como a data de
vencimento, o preço a ser pago, o tamanho do contrato, dentre outras.
“Toda matemática que você precisa para investir no mercado de ações
você aprendeu na quinta série.”
Peter Lynch
Um derivativo é um ativo financeiro cujo valor resulta (deriva) do valor de
outro ativo negociado no mercado à vista. São negociados contratos
referenciados sobre ativos financeiros tais como ações, índices, moedas ou
mercadorias, com vencimento e liquidação estabelecidos para uma data futura
e por um preço determinado. Os mercados derivativos abrangem as
9. modalidades mercado a termo, mercado futuro e mercado de opções.
O que o investidor busca nos mercados de derivativos é a proteção contra o
risco das variações do preço de um determinado ativo. Essa administração de
risco é conhecida como hedge, o qual funciona como um seguro contra o
risco de mercado, especificamente no que refere ao preço.
Assim, uma operação de hedge realizada no mercado de derivativos visa fixar
antecipadamente o preço de uma mercadoria, uma ação ou um outro ativo
financeiro, de forma a minimizar o impacto das mudanças no seu preço.
Do lado do especulador, os derivativos lhe possibilitam obter de maiores
ganhos em comparação ao mercado à vista e aos demais investimentos (renda
fixa), mediante a sua disposição de assumir os riscos da flutuação dos preços
dos ativos objetos e da volatilidade dos preços dos derivativos, bem como os
riscos da alavancagem.
O especulador desempenha uma função econômica importantíssima para o
funcionamento dos mercados ao gerar liquidez e assumir o risco do
investidor, assegurando a existência de contratos com vencimento durante
todo o ano.
“A volatilidade dos mercados é a maior aliada do verdadeiro investidor”.
Warren Buffett
Atualmente, como decorrência de uma prolongada crise econômica
internacional, os derivativos estão cada vez mais associados à quebra de
instituições financeiras, e até mesmo à escândalos contábeis ocasionados pela
má utilização desses instrumentos. O seu uso indiscriminado e a falta de
regulamentação têm sido responsáveis pela transformação dos derivativos em
mecanismos para especulações altamente alavancadas, diferentemente do
propósito original para o qual foram criados, ou seja, servirem como
instrumentos práticos e inteligentes para o gerenciamento do risco para
posições em ativos.
Investidores institucionais realizam operações de especulação e de arbitragem
no mercado financeiro com enormes volumes de dinheiro, utilizando recursos
de terceiros (clientes ou cotistas). Na prática a manipulação e a arbitragem
dos preços só é possível quando se dispõe de enormes quantias, de forma que
o pequeno percentual de retorno auferido nessas operações gere um lucro
significativo.
Em muitos casos tais instituições assumem posições demasiadamente
10. alavancadas, através da criação e utilização em larga escala de derivativos,
muitos dos quais são lastreados em outros derivativos, ao invés de ativos
“reais”, expondo assim o capital de seus clientes a riscos que podem gerar
prejuízos muito maiores do que os patrimônios destas instituições.
Essa atitude imoral e irresponsável de buscar o lucro à qualquer custo
contribui para o aumento do risco sistêmico no mercado financeiro, pois além
de estarem sujeitos à perda total do capital próprio, podem gerar prejuízos a
outros agentes econômicos e cidadãos, credores ou não, que via a cadeia
econômica estão atrelados de alguma maneira à tais instituições e são
prejudicados direta ou indiretamente.
Esse é o chamado efeito dominó, onde toda a cadeia de produção e de
investimento é quebrada, colocando todo o sistema financeiro em risco e
obrigando os Bancos Centrais a injetarem recursos públicos nestas
instituições para evitar uma quebra sistêmica, conforme aconteceu nos
Estados Unidos em 2008 e ainda vem acontecendo, bem como está ocorrendo
na Europa e em diversos outros lugares.
Essa é uma situação de privatização dos lucros e socialização dos prejuízos.
Os grandes lucros, resultantes de uma enorme exposição ao risco e gerados
pela ganância e irresponsabilidade dos gestores destes grandes fundos, são
usufruídos dentre essas instituições. Mas quando as coisas dão errado e essas
instituições quebram, gerando prejuízos em larga escala para toda a cadeia
econômica, é a sociedade quem paga o preço ao arcar com os prejuízos
gerados por estes criminosos institucionalizados.
Adam Smith observa que em toda sociedade coexistem dois sistemas morais:
um, rigidamente conservador, para os pobres; outro, flexível e permissivo,
para os ricos e elegantes. O Governo ao socorrer tais absurdos especulativos
praticamente está afirmando que os bancos são “inquebráveis”. Política
imoral que acaba incentivando mais ainda tais excessos e irresponsabilidade.
A falta de regulação, a legislação permissiva e a grande variedade de
manobras jurídicas garantem a impunidade desses gestores e afetam a
confiança dos investidores, induzindo fugas de capital e escassez de crédito.
“O ladrão passa por homem de bem quando o roubo o enriquece”.
Thomas Fuller
Fatos como estes comprovam que a auto-regulação não previne imprudências.
Muitos economistas são favoráveis à um maior controle dos Estados sobre a
circulação de capital volátil pelo mundo, aquele que entra e sai dos países
11. com o objetivo principal de obter lucros arbitrando diferenças de preços entre
diferentes mercados.
Da mesma maneira que esse capital pode, durante certo período, trazer
benefícios para alguns países, em outros pode provocar fortes
desestabilizações, a partir do momento em que melhores oportunidades de
rendimentos em outras economias aparecerem, pois esse dinheiro tende ser
retirado desses países. Quando somados, os efeitos da manipulação exercida
no mercado, os movimentos de capital volátil e a gigantesca exposição em
derivativos por parte dessas instituições rapidamente geram enormes
prejuízos para a economia de um país.
Do lado do pequeno investidor a grande liquidez, o baixo custo e a
volatilidade dos derivativos, juntamente com a sua expressiva alavancagem,
atrai o interesse daqueles que fazem day trade. Entretanto, como a
preocupação do especulador é alavancar o seu capital, ele assume riscos
relativamente altos posicionando-se nos mercados de derivativos através de
apostas direcionais quanto ao comportamento futuro dos preços. Em
contrapartida, há uma possibilidade de ganhos expressivos quando suas
operações dão certo.
Portanto, vale ressaltar que a diferença entre o remédio e o veneno é a
dosagem. Assim, o mercado de derivativo para o especulador é considerado
como sendo de alto risco se comparado aos investimentos convencionais tais
como ações e renda fixa, seja pela alavancagem ou pela grande volatilidade
nas cotações desses ativos. A alavancagem presente nas operações que
utilizam margem o permite assumir grandes posições com um pequeno capital
próprio investido. Isso o expõe a um risco muito maior do que os demais
investimentos, pois em alguns casos existe a possibilidade de que sua perda
seja superior ao capital investido.
“Há apenas um tipo de comunidade que pensa mais em dinheiro do que
os ricos: os pobres. Os pobres não conseguem pensar em mais nada”.
Oscar Wilde
No caso do mercado de opções existe o risco da volatilidade dos preços, pois
as variações no preço do ativo objeto tendem a geram variações muito
maiores nos preços das opções, tanto para cima quanto para baixo. E da
mesma forma que uma grande volatilidade na direção contrária à posição do
investidor lhe causará enormes prejuízos, a falta de volatilidade também
poderá resultar em perdas, visto que opções perdem valor extrínseco com o
12. passar do tempo. O que mostra claramente que as operações com opções
envolvem um risco muito maior se comparadas às operações com o ativo
objeto no mercado à vista.
Assim, sem dúvida alguma as operações especulativas com derivativos
tendem a produzir resultados exponencialmente maiores do que as variações
do preço dos ativos nos quais estão referenciados. Tal potencial atua nos dois
sentidos, tanto no ganho quanto na perda. A possibilidade de obter retornos
mais altos exige a disposição para assumir riscos muito maiores.
No outro lado, o mercado de derivativo oferece aos investidores mais
conservadores diversas estratégias para aumentarem a rentabilidade de seus
investimentos de renda variável, bem como lhes permite proteger suas
posições de longo prazo através da realização de operações de hedge,
mostrando-se uma ferramenta importantíssima para o gerenciamento do risco
nos investimentos de renda variável.
Em suma, através de operações com derivativos os investidores podem
reduzir ou limitar aqueles riscos que lhes são indesejáveis, hedgeando suas
posições, possibilitando também que tomem vantagem do aumento do risco,
quando lhes for vantajoso, alavancando assim os seus potenciais de retorno.
Historicamente a maioria das experiências malsucedidas com derivativos não
ocorreu devido a seu uso como instrumentos de hedge e neutralização de
riscos; mas a seu uso como ferramenta de alavancagem para especulação.
“Em especulação o lucro é como um picolé ao sol, ou você chupa, ou ele
derrete na sua mão”.
13. O Mito das Operações Long & Short
Operações Long & Short são estratégias muito utilizada por fundos de
investimentos para obter retornos que não dependam da tendência principal
do mercado, apenas da relação entre um par de ativos. Na prática os fundos de
hedge criam carteiras de investimentos com posições compradas e vendidas
em diferentes ativos para atingir este objetivo.
Esta arbitragem entre dois ativos tem como objetivo de lucro a performance
relativa entre ambos, ou seja, que a ponta ativa (comprada) performe melhor
que ponta passiva (vendida) ou vice-versa. O investidor irá alugar e vender
(Short) o ativo que acredita que terá uma desvalorização, ou mesmo, uma
valorização menor em relação à ponta comprada e, irá comprar (Long) o ativo
que acredita que terá uma maior valorização, ou mesmo, uma desvalorização
menor em relação à ponta vendida. O objetivo principal é a obtenção de lucro
no aumento do spread entre os dois ativos, aproveitando momentos em que
ocorrem distorções entre seus preços.
Teoricamente é uma operação de mercado neutro, usualmente praticada por
árbitros do mercado (investidores institucionais) para tomar vantagem de
pequenas distorções de preço entre diferentes ativos. Por meio de margem são
feitas operações conjuntas objetivando o ganho correspondente às diferenças
entre os valores de liquidação.
Normalmente são realizadas com o financeiro perto de zero, ou seja, a mesma
quantidade de dinheiro recebido na venda de um ativo é investida na compra
do outro. Entretanto, também é comum que seja realizada com alavancagem
em uma das pontas, vendendo 2 ativos para cada 1 comprado, por exemplo.
Estratégias de spread são muito comuns no mercado de derivativos, mas
14. podem ser realizadas com praticamente qualquer tipo de ativo. No mercado
de ações costuma ser realizada entre pares de ações que demonstraram no
passado uma forte correlação, mas que temporariamente foi reduzida, na
expectativa de que essa correlação volte a normalidade. Podem ser realizadas
também entre uma ação e um fundo de índice (ETF), como o BOVA11 por
exemplo. Estes nada mais são do que cotas de fundos espelhados em índices
negociadas em Bolsa da mesma forma que ações. O desempenho dessas ações
acompanha diretamente as variações de seus respectivos índices.
Correlação é um coeficiente que mede a força e a direção da relação linear
entre duas variáveis aleatórias, sendo que pode variar entre -1 e 1. Quando
negativo, as variáveis andam em sentido contrário, quando positivo, andam no
mesmo sentido. Quanto maior for o número absoluto, maior a correlação.
Portanto, a ideia por trás da estratégia envolve inicialmente identificar pares
de ações com histórico de movimentos similares nos preços. Então, sempre
que ocorrer divergência suficiente entre os preços das ações que compõem o
par assume-se uma posição comprada e outra vendida, simultaneamente,
apostando que a divergência nos preços do par é temporária e que convergirá
ao longo do tempo.
“Outubro. Esse é um dos meses mais perigosos para especular no
mercado. Os outros são: Julho, Janeiro, Setembro, Abril, Novembro,
Maio, Março, Dezembro, Agosto e Fevereiro”.
Mark Twain
Uma operação Long & Short envolve a negociação simultânea (casada) de
posições vendidas (short) e de posições compradas (long) em ativos
diferentes. Ou seja, consiste em alugar um determinado ativo para vendê-lo,
abrindo assim uma ponta vendida, a qual irá apostar na sua desvalorização e,
com o financeiro recebido pela venda, comprar um outro ativo abrindo uma
posição comprada, a qual irá apostar na valorização deste. O objetivo de lucro
é a diferença da rentabilidade entre eles, ou seja, o aumento do spread entre os
ativos.
É uma operação com alavancagem financeira, pois é lastreada com margens
de garantia. A margem é necessária em razão da posição vendida que é aberta
em um dos ativos, pois tal venda ocorre a descoberto, e sendo assim, o
vendedor precisa alugar os ativos no Banco de Títulos da CBLC.
Também seria possível utilizar a posição comprada (Long) como parte da
margem para o aluguel do ativo que será vendido. Mas normalmente a
15. operação de aluguel e a posterior venda do ativo são realizadas primeiro para
gerar o financeiro para ponta comprada. Portanto, é possível montá-la
possuindo apenas a margem para a ponta vendida, seja com financeiro ou com
ativos tais como ações e títulos, os quais serão utilizados como garantia.
Assim, para realizar uma long & short o investidor terá que desembolsar
somente a margem necessária para a operação de aluguel, que hoje está em
torno de 100% a 140% sobre o valor alugado. A maior parte dessa margem
será reembolsada pelo investidor na venda do ativo, e então utilizada para a
compra do outro, o que teoricamente quase torna uma Long & Short uma
operação de financeiro zero. Abaixo temos um exemplo de uma operação
long & short nos ativos VALE5 X PETR4 em que o investidor obteve lucro
nas duas pontas.
Montagem da Operação:
1º Abrir uma posição tomadora de aluguel de 1000 PETR4 cotadas à R$
20,00 no mercado à vista. Margem requerida para o aluguel 110% (R$
22.000,00), taxa acordada 0,50% a.a., custo de emolumento de 0,25% a.a. e
taxa de corretagem de R$ 20,00. Supondo que a operação dure 30 dias, o
custo do aluguel sairá por R$ 32,50.
2º Abrir a posição vendida a descoberto: Vender no mercado as 1000 PETR4
alugadas por R$ 20,00 cada, operação em que investidor receberá R$
20.000,00, menos taxa de corretagem de R$ 20,00.
3º Abrir a posição comprada: Comprar 500 VALE5 cotadas a R$ 40,00 no
mercado à vista, operação em que o investidor pagará R$ 20.000,00 mais a
taxa de corretagem de R$ 20,00.
Liquidação da Operação:
4º Encerrar a posição comprada: Vender 500 VALE5 cotadas a R$ 40,80 no
mercado à vista (alta de 2%), operação em que o investidor receberá R$
20.400,00 menos a taxa de corretagem de R$ 20,00. Lucro de R$ 400,00 na
ponta comprada.
5º Encerrar a posição vendida: Comprar 1000 PETR4 cotadas a R$ 19,60 no
mercado à vista (queda de 2%), operação em que investidor receberá R$
19.600,00, menos taxa de corretagem de R$ 20,00.
6º Encerrar o aluguel de 1000 PETR4 e ter sua margem de R$ 20.000,00
desbloqueada. Lucro da ponta vendida R$ 400,00.
O retorno da operação é o spread, diferença entre o valor total da ponta
comprada e da ponta vendida, menos os custos da operação. (R$ 20.400,00 –
R$ 19.600,00). Lucro da operação: R$ 800,00 – R$ 80,00 de corretagens – R$
32,50 de custos do aluguel – R$ 27,60 referente aos emolumentos = R$
16. 659,90 de lucro líquido.
“Tenha cuidado com os custos pequenos! Uma pequena fenda afunda
grandes barcos”
Benjamin Franklin
Essa modalidade de operação é muito utilizada por fundos de investimento
para tomar vantagem de distorções de preços entre ativos cuja variação no
passado apresentou uma alta correlação. Não importa se ambos os ativos
subirem ou caírem, desde que a posição que esteja a favor do movimento
tenha uma maior variação do que a posição que está contrária, de forma que o
spread entre ambos aumente, gerando lucro sobre a performance relativa dos
ativos.
Como a operação foi casada no financeiro, ou seja, foi feita com a mesma
quantidade de dinheiro em cada ponta, seu spread inicial será de R$
20.000,00. Desde que esse spread se mantenha acima desse valor o investidor
estará auferindo lucro. Logo, se houver uma valorização da ponta comprada
(VALE5) superior à desvalorização ou à valorização da ponta vendida
(PETR4), haverá lucro. Da mesma forma que se houver uma desvalorização
da ponta vendida (PETR4) superior à valorização ou à desvalorização da
ponta compradora (VALE5).
Entretanto, caso ocorra o inverso, ou seja, as variações dos preços dos ativos
sejam contrárias às posições abertas, o investidor terá prejuízo nas duas
pontas da operação. Portanto, o maior risco para esse investidor seria o ativo
VALE5 se desvalorizar e o ativo PETR4 se valorizar. Também haveria
prejuízo ainda que a variação inversa à posição aberta ocorresse apenas em
uma ponta e fosse maior em relação à variação favorável da outra ponta.
Em resumo, os eventos possíveis são:
Lucro:
- Ganhar nas duas pontas (valorização da VALE5 e desvalorização da
PETR4).
– Ganhar mais numa ponta em relação à outra.
Prejuízo
- Perder nas duas pontas (valorização da PETR4 e desvalorização da VALE5).
– Perder mais numa ponta em relação à outra.
Se no exemplo citado ocorresse o inverso, ou seja, a PETR4 se valorizasse
2% e a VALE5 se desvalorizasse 2%, o investidor iria auferir um prejuízo de
17. R$ 940,10. Na teoria operações long & short tem potencial para gerar lucro
independente de o mercado estar subindo ou caindo, pois o que interessa é a
relação entre a variação entre os ativos (spread). Mas na prática o risco é
bastante alto, pois existem maiores possibilidades para que situações
desfavoráveis ocorram.
“Se há possibilidade de várias coisas darem errado, todas darão – ou a
que causar mais prejuízo”.
Murphy
Fundos de investimento ao montarem essas operações procuram controlar sua
exposição a tais riscos através da seleção de ativos que demonstraram uma
forte correlação no passado e através do re-balanceamento das pontas de
acordo com suas variações, ou mesmo, fazendo o hedge das pontas com
derivativos. No caso do pequeno investidor, tanto o re-balanceamento como o
hedge aumentam muito os custos da operação, inviabilizando-a.
Nos últimos anos, operações long & short têm se popularizado entre os
pequenos investidores, sendo largamente vendida e incentivada por corretoras
e “gurus” do mercado. Muitas corretoras cobram corretagem de mesa para
realizar operações long & short (tabela Bovespa), ainda que para day trade, o
que as torna pouco atraentes.
Assim, são operações que além de serem caras, em função do alto custo com
corretagem, aluguel e emolumentos, se mostram trabalhosas, arriscadas e na
maioria das vezes possibilitam ao investidor um pequeno retorno. Mesmo
oferecendo o potencial de gerar lucro com a alta ou com a queda, ainda assim
essas operações são apostas direcionais nas mudanças dos preços de dois
ativos. E algumas operações que se mostram muito atraentes na teoria podem
não apresentar bons resultados quando implementadas na prática.
Em geral, investidores montam esse tipo de operação quando percebem que a
diferença de preço entre dois ativos foge muito à média histórica. Apostam
então na correção de tais diferenças por acreditarem que são momentâneas e
que, portanto, os preços tenderão a retornar à média histórica.
Assim, para tentar diminuir os riscos envolvidos os investidores buscam pares
que no passado apresentaram variações bastante correlacionadas, cujo índice
de correlação está acima de 80%, ou acima de +0,8. Mas ainda assim a
volatilidade histórica e a performance de um ativo no passado não são
garantia alguma de volatilidade ou de performance futura, de forma que o
patrimônio do investidor também não está garantido neste tipo de operação.
18. “Notei que todos aqueles que dizem que o mercado é eficiente são
pobres”.
Larry Hite
Para tentar diminuir o risco de uma inversão os investidores selecionam os
pares de ativos para operações long & short seguindo critérios tais como
financeiro neutro, beta neutro e setor neutro, esperando dessa forma que as
variações de sua carteira fiquem mais previsíveis. Contudo, diversos estudos
estatísticos têm demonstrado que não existe correlação significativa entre o
retorno e o beta, mas ainda assim o índice beta continua sendo utilizado na
tentativa de prever retornos e riscos.
• Long & Short Intra-Setorial: São selecionados 2 ativos do mesmo setor. O
investidor abre a ponta comprada em um ativo que acredita que irá
sobreperformar o outro, que será a ponta vendida da operação. Por exemplo,
ELPL4 x ELET6.
• Long & Short Inter-Setorial: São selecionados 2 ativos de diferentes setores.
O investidor seleciona um ativo em que acredita que vai se valorizar e outro
de um diferente setor, que acredita que vai se desvalorizar. Por exemplo,
PETR4 X BBAS3. Esse tipo de long & short apresenta maior risco para o
investidor.
• Ações Preferenciais x Ações Ordinárias: As pontas da operação são abertas
em ações da mesma empresa, Ex:VALE5 X VALE3. Teoricamente é um tipo
de long & short mais conservador, pois os ativos tendem a oscilar na mesma
direção (alta correlação). A estratégia consiste em montar a operação quando
a correlação histórica entre os ativos diminuir, ou seja, quando houver algum
tipo de distorção entre seus preços. Por ter um menor risco teórico,
conseqüentemente, haverá um menor retorno neste tipo de operação.
• Long & Short entre Carteiras: É montada entre dois índices ou dois ETF’s,
ou mesmo, entre um índice e um ETF. O investidor compra uma carteira de
ações e vende a de outro grupo de ações ou compra um índice e vende um
ETF, e assim por diante. Por exemplo SMAL11 X Ibovespa Futuro ou
BOVA11 X VALE5. Abaixo vemos a lista dos ETFs e seus índices de
referência:
BOVA11 segue o Índice Bovespa.
BRAX11 é referenciado pelo Índice IBrX-100.
CSMO11 replica o Índice de Consumo.
MILA11 é referenciado pelo Índice Mid-Large Cap.
19. MOBI11 segue o Índice Imobiliário.
SMAL11 replica o Índice Small Cap.
PIBB11 é referenciado pelo Índice IBrX-50.
“Se você comprar irá perder; Se você vender irá perder; Mas se você não
operar estará perdendo uma oportunidade”.
Capital e Valor
Apesar de muito utilizadas por fundos de investimento, as operações Long &
Short não significam ganhos efetivos. A escolha correta das posições e o
momento certo para se abrir as pontas são determinantes para o resultado da
operação. Teoricamente, o risco máximo da posição vendida é ilimitado, pois
um ativo pode aumentar de preço indefinidamente.
Para auferir lucro numa estratégia long & short o investidor deve então
predizer qual ativo terá uma performance melhor, independente de quão
neutro esteja a operação. Os eventos setoriais e a possibilidade dos ativos
fugirem do padrão histórico podem afetar o diretamente o resultado do
investimento, sendo por isso considerada uma estratégia de alto risco e de
curto a médio prazo.
Na tentativa de recuperar um prejuízo muitos investidores transformam uma
posição comprada, em que estão tendo prejuízo, numa operação Long & Short
abrindo uma ponta vendida num outro ativo. Isso é pior do que fazer preço
médio, pois não há garantia alguma de que o outro ativo irá cair de preço, e
mesmo que isso aconteça, ainda assim a queda pode não gerar um lucro
suficiente para compensar o prejuízo da ponta comprada. Isso porque de uma
maneira geral ações tendem a acompanhar umas às outras na mesma direção,
ou seja, tendem a seguir a tendência do mercado.
Portanto, jamais torne uma posição perdedora num spread somente para tentar
contornar um prejuízo. Se for montar um spread, seja em ações ou em
derivativos, faça por acreditar no potencial de lucro da operação e não para
salvar o seu pescoço, pois o mais provável que poderá ocorrer é que você
tenha prejuízo em ambos os lados do spread.
“Não será a economia que derrubará os investidores, serão os próprios
investidores.”
Warren Buffett
Para se ter uma ideia, durante a crise dos tigres asiáticos um dos maiores
fundos de investimento da época quebrou por estar extremamente alavancado
20. numa serie de operações de Long & Short que deram errado. O gestor desse
fundo, ganhador do prêmio Nobel pelo famoso modelo de precificação de
derivativos Black & Scholes, tentou maximizar o retorno das operações, que
na teoria eram de arbitragem, através da alavancagem de posições que
posteriormente se mostraram erradas.
As operações Long & Short são vendidas por corretoras e “gurus” como
estratégias seguras em razão de haver a possibilidade de ganhar com a queda
ou a alta do mercado. Mas como fora explicado, isso não é verdade. Além do
risco ser bem maior, há um custo operacional substancialmente maior, o que
também é um agravante, pois em razão dos altos custos, quanto menor o
capital empregado pior será retorno líquido da operação.
Algumas corretoras disponibilizam para seus clientes robôtraders que fazem
varreduras em diversos ativos buscando distorções e possíveis oportunidades
para essa estratégia. Em alguns casos tanto a execução da operação como os
parâmetros de negociação são definidos pela própria corretora.
Tais mecanismos procuram obter pequenos e constantes ganhos, realizando
um número enorme de operações, o que muitas vezes gera mais custos do que
lucros. Sem contar que não são garantia alguma de acerto, muito menos de
retorno, na maior parte das vezes se mostrando como uma prática predatória
de geração de taxas e oneração do capital do investidor que visa garantir o
sustento das instituições envolvidas no processo de negociação de valores.
Portanto, assim como nos demais investimentos de renda variável, é
recomendável o estudo e o uso do bom senso ao implementar essa estratégia
no mercado.
“Um homem pode acreditar no impossível, mas nunca pode acreditar no
improvável”.
Oscar Wilde
21. O Mito do Investimento no Mercado FOREX
Forex (da expressão FOReign EXchange) é de forma simples, um tipo de
mercado onde o investidor pode explorar as relações de preço de uma moeda
com outra. Neste mercado tem-se uma moeda precificada em termos de uma
segunda moeda e o investidor ou especulador pode explorar as possibilidades
de aplicações que envolvam modificações nessa paridade.
As operações ocorrem, portanto, sempre envolvendo pares de moedas, onde
uma ponta é comprada e outra é vendida, na expectativa de que a ponta
vendida se desvalorize em relação à ponta comprada.
É importante, contudo, fazer uma distinção entre o FOREX e uma operação
cambial comum. No mercado FOREX o investidor não opera diretamente
uma moeda, mas um derivativo de moedas, ou seja, somente uma relação
entre pares de moedas. Ao comprar Dólares dos Estados Unidos e vender
Euro, quem aplica não está de fato comprando ou se desfazendo de nenhum
deles, apenas apostando sobre um futuro movimento na relação entre essas
moedas, e sua contraparte é a corretora/instituição financeira, diferente do
mercado cambial, onde a contraparte são os demais investidores.
Devido a essa natureza, classifica-se o mercado de FOREX como um
mercado de derivativos, internacional, onde agentes e instituições econômicas
de vários países operam, cada qual seguindo a regulamentação de sua
localidade.
O FOREX é um mercado virtual internacional sem nacionalidade específica.
É constituído por instituições financeiras sediadas em diversos países que
realizam operações neste mercado 24 horas por dia ao redor do mundo. Até a
data da publicação deste artigo, nenhuma corretora ou instituição financeira
22. havia obtido a permissão da CVM para desempenhar esta atividade em
território brasileiro.
Devido a este fato, operar neste mercado exige certos malabarismos e traz
complicações e riscos ainda maiores que os inerentes à atividade
regulamentada nos mercados de capitais. Primeiramente existe a necessidade
de enviar recursos ao exterior, por meio de transferência, cartão de crédito ou
similar (paypall, egold, dentre outros), atividade que em alguns casos pode ser
considerada uma contravenção, ou mesmo, crime.
“Uma das coisas mais importantes é a capacidade de dizer não a um
investimento.”
Henry Kravis
Ao conseguir enviar seus recursos e na hipótese de obter lucro, outro
problema surge – repatriar o dinheiro. Neste caso, o investidor geralmente
opta por transferência ou crédito na fatura de seu cartão e o processo todo
pode mostrar-se incrivelmente mais complexo do que aparenta. Ainda que
seja possível contingenciar todas as limitações relativas ao envio e
recebimento de recursos, existem outros fatores adicionais que devem ser
levados em conta ao considerar aplicações no FOREX. Falaremos neste
artigo dos dois mais importantes.
O primeiro fator que deve ser considerado é a confiabilidade e a clareza da
instituição que se escolhe para operar. Por sua natureza descentralizada e
internacional, é muito comum encontrar no forex instituições instaladas em
países de legislação permissiva, onde é possível todo tipo de prática desonesta
com fins de cooptar os recursos dos investidores. Não é incomum empresas se
apossarem do dinheiro investido, cancelarem contas, forjarem cotações ou até
mesmo impedir que o investidor retire seu dinheiro.
Como estas instituições são sempre as contrapartes das operações efetuadas
por seus clientes, um nítido conflito de interesse surge, pois para que o cliente
tenha lucro, é necessário que a instituição deixe de ganhar ou perca dinheiro.
Supondo que a instituição seja honesta, credenciada e instalada em um país
que possua estrutura legal minimamente suficiente para proteger o investidor,
ainda existe um segundo empecilho.
O segundo fator que deve ser considerado é o risco inerente à altíssima
alavancagem permitida no forex. Neste mercado, as operações são feitas
através de margens muito pequenas, pois são liquidadas financeiramente, ou
seja, apenas pela diferença entre as variações de duas moedas. Não é
23. necessário então que o investidor possua todo o montante de recursos
envolvidos na operação, mas apenas uma margem que cubra a variação entre
o par de moedas.
“O cérebro é uma coisa maravilhosa. Todos deveriam ter um”.
Dessa forma, é prática comum liberar aos clientes a possibilidade de abrir
posições 50, 100, 200, 400 vezes maiores que o capital disponível. Sendo
assim, com um pequeno capital o investidor pode tomar vantagem de
pequenas variações de preço sobre uma enorme quantidade de dinheiro.
Utilizando uma margem de 1000%, um investidor com mil dólares poderá
abrir uma operação lastreada em 100.000,00 dólares. Uma variação de 1% na
diferença entre um par de moedas a favor da sua aposta lhe renderá mil
dólares sobre seus mil dólares investidos, ou, 100% de lucro. Mas caso uma
variação de 1% ocorra na direção contrária à sua aposta, a elevadíssima
alavancagem resultará na perda de 100% do seu capital. O que por sinal é
realizado automaticamente pelo sistema da corretora. Quando o prejuízo da
operação aumenta e chega perto do valor da margem, a operação é liquidada
automaticamente pelo próprio sistema.
Aos olhos desatentos tal possibilidade de grande e rápido retorno poderia
passar-se como vantagem e atrativo. A realidade é, contudo, muito mais
perversa do que parece. Com sistemas computacionais sofisticados, não é
muito difícil para as corretoras estimar com base nas posições abertas o
impacto de uma micro-oscilação nas cotações.
Com tal informação, pequenas oscilações nos preços “surgem” no intuito
único de limpar as contas de seus clientes, exageradamente alavancados,
perseguindo lucros fantasiosos e impossíveis. Na maioria das corretoras é
inclusive impossível operar sem fazer uso da alavancagem. Este
comportamento denota a relação duvidosa e promíscua entre instituição e
cliente lançando grandes dúvidas sobre a existência de algum ponto positivo
nas operações oferecidas.
“Ele irá arriscar a metade de sua fortuna no mercado fazendo menos
reflexões à respeito do que quando compra um carro popular”.
Jesse Livermore
Diante do que foi dito, resta ainda recomendar ao investidor que descubra por
si mesmo, que pesquise, que busque. Não faltam exemplos trágicos de
pessoas que perderam todas as suas economias com essa modalidade de
25. Como Investir no Mercado a Termo?
Um termo consiste em um acordo de comprar ou de vender uma determinada
quantidade de ações, numa data futura, a um preço preestabelecido. Termo é
sinônimo de prazo, logo, um comprador a termo recebe um prazo para pagar
pelas ações. Já o vendedor cobra do comprador uma taxa de juros por esse
prazo. Assim, um contrato de termo funciona como um contrato de
financiamento.
O financiador a termo compra as ações no mercado à vista e as vende a termo
para o comprador pelo seu valor acrescido de uma taxa de juros, os quais
deverão ser pagos numa data futura. Isso permite que o comprador a termo
tenha a posse das ações sem ter que desembolsar de imediato todo capital que
normalmente seria necessário para comprá-las no mercado à vista.
Apesar de existirem algumas diferenças, um contrato a termo é muito
parecido com um contrato futuro. Entretanto, este último é caracterizado por
ser um ativo financeiro padronizado que pode ser negociado livremente em
um pregão por possuir elevada liquidez e ajuste diário da posição e,
principalmente, pela possibilidade de liquidação a qualquer momento sem a
imposição de vínculo bilateral.
Já num contrato a termo existe uma obrigação entre as partes, portanto, o
mesmo não pode ser transferido a terceiros, podendo apenas ser encerrado
entre as partes ou no seu vencimento (operação não-intercambiável). Além
disso, não ocorre o ajuste diário da posição, apenas da margem de garantia
quando for necessário. O resultado financeiro é apurado no momento em que
o termo é encerrado.
26. “A mudança é a lei da vida. E aqueles que olham apenas para o passado
ou apenas para o presente com certeza irão perder o futuro”.
John F. Kennedy
Assim, os contratos a termo regulamentam operações de compra e de venda
de um ativo objeto entre comprador e vendedor (contrapartes do contrato)
para liquidação física (entrega do ativo objeto) ou financeira. Uma operação
de compra ou de venda a termo é realizada em leilão, sendo bastante similar a
uma negociação no mercado à vista, resultando numa obrigação entre duas
partes, o comprador a termo e o vendedor a termo.
Comprador a termo: Adquire o direito de receber a ação em uma data futura,
estabelecida pelo contrato, com a obrigação de pagar o preço acordado. O
comprador irá auferir lucro na operação caso o preço à vista da ação suba, de
forma que na data do encerramento do termo esteja acima do preço acordado,
pois poderá comprá-la por um preço menor que o de mercado, lucrando a
diferença entre o preço à vista e o preço acordado no termo. Mas caso ocorra
o contrário, ou seja, o preço à vista da ação na data de encerramento do termo
estiver abaixo do preço acordado, o comprador irá ter prejuízo, pois será
obrigado a pagar um preço mais alto pela ação, sem contar o juro do termo.
Vendedor a Termo: Adquire o direito de receber na data futura o preço fixado
e assume a obrigação de entregar a ação nesta mesma data. O vendedor irá
auferir lucro na operação caso o preço à vista da ação caia, de forma que na
data do encerramento do termo esteja abaixo do preço acordado, pois irá
vender a ação por um preço maior que o de mercado. E mesmo que ocorra o
contrário, ou seja, o preço à vista da ação na data de encerramento do termo
estiver acima do preço acordado, o vendedor ainda lucrará o juro do termo.
Contudo, será obrigado a receber pela ação um valor abaixo do preço de
mercado, o qual fora acordado previamente.
No momento do fechamento do contrato o preço a termo equivale ao preço de
entrega do ativo, de forma que o preço na data futura de liquidação do termo é
travado no ato da operação. E o comprador deve pagar a taxa de juros do
termo ao vendedor, conforme o prazo do contrato, na data da realização do
termo.
De um lado os compradores procuram garantir preços, diversificar riscos e
captar recursos, por meio de uma operação de renda variável. De outro os
vendedores (também chamados de financiadores) aumentam a receita de suas
carteiras com baixíssimo risco, fazendo uma operação de renda fixa. Assim,
27. podemos observar que a alta no preço à vista da ação favorece os comprados,
e a queda favorece os vendidos.
“Banqueiro: aquele que empresta o dinheiro dos outros e guarda os juros
para si”.
John Pollard
Muitas vezes o vendedor do termo é um investidor que não deseja possuir a
ação, mas sim o retorno sobre o investimento em forma de taxa de juros.
Neste caso ele irá comprar a ação no mercado à vista e vendê-la a termo,
lucrando a taxa de juros sobre o capital empregado. Qualquer um pode ser
financiador (vendedor a termo), mas na maior parte das vezes os investidores
institucionais e as corretoras o são. O financiador não assume riscos, não
importa o que aconteça com a cotação das ações ele vai receber os juros
contratados no final do período e o valor financiado. Entretanto, existe a
possibilidade de seu lucro ser maior, caso o contrato a termo seja liquidado
antecipadamente pelo comprador. Situação em que o financiador receberá os
juros num prazo menor ao que fora acordado.
Todas as ações negociáveis na Bovespa podem ser objeto de um contrato a
termo. O preço a termo de uma ação é definido pela adição no seu valor no
mercado à vista de uma parcela correspondente aos juros, fixados livremente
em mercado em função do prazo do contrato e da taxa básica de juros. Para
cada prazo existe uma taxa e o período mínimo de um contrato é de 16 e o
máximo é de 999 dias. Entretanto, para gerar liquidez é fundamental a
padronização dos contratos, que normalmente são negociados em prazos de
16, 30, 60, 90, 120, 150 e 180 dias. Abaixo temos um exemplo das taxas
praticadas no mercado no dia 10/08/2012.
“Quem decide pode errar, quem não decide já errou”.
Os contratos a termo são do tipo VC (À Vontade do Comprador) em que o
encerramento pode ocorrer no vencimento do contrato ou, caso o comprador
requeira, antecipadamente. Hipótese em que o comprador terá que pagar o
28. juro referente a todo o período do contrato.
Operações a termo são feitas através de margem, portanto, requerem o
depósito de garantias no intuito de assegurar o bom funcionamento e a
adimplência das duas pontas da operação. Nos mercados futuros e a termo há
exigência de garantias tanto dos compradores quanto dos vendedores, em
função de que ambos poderão sofrer perdas.
Na ponta vendedora apenas são aceitas vendas cobertas, ou seja, o vendedor a
termo deve depositar o ativo-objeto como garantia de que o entregará na data
da liquidação do contrato. Ao realizar essa cobertura, o vendedor fica
dispensado de depositar garantias adicionais. Já os compradores terão que
depositar margem de garantia. A margem inicial corresponde a cerca de 20%
do valor das ações compradas a termo. Já a margem de garantia adicional está
relacionada à diferença entre o valor contratado no mercado a termo e o preço
da ação no mercado à vista, bem como a modalidade de liquidação. Logo,
podemos perceber que um contrato a termo se trata de uma operação
alavancada.
Como margem podem ser depositados dinheiro, o qual será corrigido pelo
período do termo, ouro, e a critério da Bovespa, títulos públicos e privados,
cartas de fiança, ações, etc. A Bolsa têm a prerrogativa de recusar algum título
se o considerar de alto risco. É interessante observar que para realizar uma
operação a termo não é necessário desembolsar recursos em dinheiro para este
fim. Um investidor que possui uma carteira de ações pode muito bem
depositá-la como margem para fazer um termo.
“O conhecimento verdadeiro é reconhecer que você não sabe de nada”.
Harlie Munger
A bolsa avalia a volatilidade e a liquidez das ações e as condições gerais das
empresas emissoras, classificando as diversas ações em diferentes intervalos
de margem. Para operações em papéis com maior volatilidade e menor
liquidez pode ser requerido um percentual maior de margem. Quanto maior a
volatilidade histórica do ativo, maior será a expectativa de instabilidade do
seu preço e, portanto, maior será a estimativa do risco de perdas para os
compradores. Consequentemente, mais margem lhes será exigida em relação
aos demais ativos a fim de compensar o maior potencial de risco. Como regra
geral, ações com maior liquidez e menor volatilidade enquadram-se nos
menores intervalos de margem.
A margem varia durante o período que durar o contrato a termo e pode
29. aumentar caso a ação comprada caia de preço após a contratação do termo.
Quando o preço à vista da ação está evoluindo contra a posição do comprador
(caindo) aumenta-se a exigência de margem e, quando a está evoluindo a
favor (subindo) reduz-se a exigência de margem.
A margem inicial requerida será debitada da conta no dia do contrato, seja em
dinheiro ou em ativos financeiros. Sempre que ocorrer redução no valor de
garantias do contrato, decorrente de oscilação dos valores dos títulos
depositados como margem e/ou da ação objeto do termo no mercado à vista,
será necessário o reforço da garantia inicial. A margem adicional poderá ser
honrada mediante o depósito de dinheiro ou demais ativos autorizados. Todas
as margens de garantia depositadas em dinheiro são aplicadas no mercado
aberto e seu rendimento é repassado aos investidores por suas corretoras,
melhorando o resultado da operação.
Caso uma das pontas não honre suas perdas, a bolsa executará as garantias
previamente depositadas pelo participante para cobrir sua inadimplência. Se
as garantias tiverem valor maior do que a perda a bolsa devolverá o restante
ao participante. Mas se forem insuficientes a corretora do cliente devedor será
acionada. A Bolsa dispõe de um Fundo Garantidor de Liquidação formado
por recursos aportados pelas corretoras, o qual poderá ser utilizado para
garantir o pagamento.
“Cada direito implica em uma responsabilidade; Cada oportunidade
em uma obrigação; Cada posse em um dever”.
John D. Rockefeller
Direitos e Proventos
Os direitos e proventos distribuídos às ações-objeto do contrato a termo
pertencem ao comprador e serão recebidos juntamente com as ações objeto do
termo na data da liquidação ou segundo normas específicas da CBLC. No
caso de uma subscrição, o comprador deve manifestar sua intenção de
subscrever ou de vender seu direito à subscrição até o 5º dia anterior ao prazo
final estabelecido pela empresa.
Formas de Liquidação de um Contrato a Termo
• Liquidação Antecipada: O contrato realizado a termo é liquidado antes da
data do seu respectivo vencimento a pedido do comprador, implicando o
pagamento do preço estipulado no contrato pelo comprador.
• Liquidação por Diferença: O comprador do contrato a termo após o