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Manuel José de Lourdes Esteves
IMPLICAÇÕES PSICOFISIOLÓGICAS EM TRABALHADORES EXPOSTOS A
PAUSAS LONGAS INTRAJORNADAS NOS AMBIENTES ARTIFICIALMENTE
FRIOS
2011
DEDICATÓRIA
A toda minha família, aos meus pais, meu
irmão (in memorian), minhas irmãs, e em
especial a minha esposa Ivete Esteves e meus
filhos: Clazância, Jonathan e Michael.
AGRADECIMENTOS
A Deus por ter me mantido vivo para poder pesquisar e escrever este
trabalho.
A Diretoria da Copacol através de seu Presidente Valter Pitol,
Vice-Presidente Emilio Gonçalves Mori e ao Secretário de Administração
Silvério Constantino que me aturam há mais de 20 anos.
A todas as empresas que participantes da pesquisa que deram suas
contribuições de maneira direta ou indireta.
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS.........................................................................................6
LISTA DE GRÁFICOS ......................................................................................7
LISTA DE QUADROS.......................................................................................8
LISTA DE TABELAS.........................................................................................9
RESUMO........................................................................................................10
ABSTRACT.....................................................................................................11
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................12
1.1 Considerações gerais............................................................................12
1.2 Problema de pesquisa...........................................................................14
1.3 Justificativa............................................................................................14
1.4 Objetivo geral ........................................................................................15
1.5 Objetivos específicos ............................................................................15
1.6 Limitações do trabalho ..........................................................................16
1.7 Estrutura do trabalho.............................................................................16
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ..................................................................17
2.1 Trocas de calor entre o corpo e o ambiente..........................................18
2.2 Nutrientes utilizados pelo organismo para a produção de energia........23
2.3 Estoques bioenergéticos de nutrientes e classificação dos nutrientes..24
2.4 Sistema do ácido láctico e fadiga muscular ..........................................28
2.5 Legislações ...........................................................................................31
3 FERRAMENTAL..........................................................................................34
4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS....................................................35
4.1 Caracterização da pesquisa..................................................................35
4.2 Entrevistas ............................................................................................36
4.3 Medição de parâmetros ambientais ......................................................35
4.4 Indicadores bioquímicos........................................................................37
5 APRESENTAÇÃO, DISCUSSÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS .........38
5.1Comparativo da pesquisa científica........................................................48
5.2 Indicadores psicológicos .......................................................................38
5.3 Parâmetros ambientais .........................................................................38
5.4 Análises dos resultados do questionário...............................................39
5.5 Dados Fisiológicos ................................................................................48
5.6 Caracterização da área de estudo ........................................................56
6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES......................................................57
REFERÊNCIAS ..............................................................................................60
APÊNDICE 1: MAPA IBGE............................................................................62
APÊNDICE 2: TABELA 1 DA ACGIH............................................................63
6
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Mapa climático do IBGE.............................................................................21
Figura 2: Mapa do clima no Brasil – IBGE ................................................................21
Figura 3: Poder de resfriamento do vento sobre o corpo exposto, expresso como
temperatura equivalente............................................................................................22
Figura 4: Hiperventilação ..........................................................................................27
Figura 5: Integração metabólica no SNC ..................................................................29
Figura 6: Gênese da amônia a partir da degradação de adenosina..........................30
Figura 7: Indicadores Copacol...................................................................................50
Figura 8: Indicadores Coopavel.................................................................................52
Figura 9: Indicadores AVIVAR Alimentos.....................Erro! Indicador não definido.
7
LISTA DE GRÁFICOS
Gáfico 1: Total de participantes por unidade ..................................................40
Gráfico 2: Tempo de afastamento ..................................................................41
Gráfico 3: Dificuldade em realizar o trabalho..................................................42
Gráfico 4: Situação conjugal...........................................................................43
Gráfico 5: Início dos sintomas.........................................................................44
Gráfico 6: Uso de medicação..........................................................................45
Gráfico 7: Tratamento.....................................................................................46
Gráfico 8: Histórico familiar de tratamento......................................................47
Gráfico 9: Sexo...............................................................................................48
8
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Regime de trabalho intermitente com descanso no próprio local de
trabalho .....................................................................................................................19
Quadro 2: Limites de tempo para exposição a baixas temperaturas para pessoas
adequadamente vestidas para exposição ao frio ......................................................20
Quadro 3: Estoques corporais de combustíveis e energia ........................................25
9
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Temperaturas ............................................................................................38
Tabela 2: Distribuição dos empregados participantes da pesquisa de acordo com a
unidade trabalho e os grupos – procurados ou encontrados ....................................39
Tabela 3: Tempo de afastamento..............................................................................40
Tabela 4: Dificuldades para realizar o trabalho .........................................................41
Tabela 5: Situação conjugal ......................................................................................42
Tabela 6: Início dos sintomas....................................................................................43
Tabela 7: Uso de medicação.....................................................................................44
Tabela 8: Tratamento................................................................................................45
Tabela 9: Histórico familiar de tratamento.................................................................46
Tabela 10: Sexo ........................................................................................................47
10
RESUMO
As condições ambientais naturais existentes numa região podem ser
modificadas, dentre outros fatores, pelas características dos locais, pelas atividades
que nela se realizam e pelas características dos meios de trabalhos existentes na
área. Dessa forma, cria-se um ambiente de trabalho que, de acordo com as
condições presentes, pode ser mais ou menos favorável à saúde dos trabalhadores.
Para torná-las favoráveis, deve-se estabelecer um adequado intercâmbio térmico
entre o trabalhador e o meio ambiente. Os efeitos adversos provocados no
organismo humano quando submetido a ambientes de trabalho com altas
temperaturas têm sido amplamente estudados e, por conseguinte, contam com
suficientes conhecimentos para serem aplicados para minimizar ao máximo os
efeitos nocivos. Porém, são poucos os trabalhos de pesquisa em ambientes frios
realizados no Brasil, apesar de ser um país que conta com um grande número de
empresas que utilizam ambientes frios em seu processo de produção. O mapa
climático do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apresenta grandes
variações térmicas, não levando em conta o clima artificialmente refrigerado dentro
de frigoríficos que é constante, portanto, não sujeito a variações externas.Como
médico do trabalho percebo a necessidade de ser participe quando se tratar em criar
ou alterar normas a saúde do trabalhador.Na existência de uma nova proposta de
aumentar pausas para a recuperação térmica, foi realizada uma pesquisa com os
trabalhadores das empresas que laboram especificamente na área de corte de
frangos.Utilizou-se os indicadores: psicossociais, níveis de gases sanguíneos como
ácido láctico,pCO2 creatina fosfoquinase (CPK),e amônia. O presente estudo
pretende avaliar se os indicadoressofrem alteraçõese os danos que podem
ocasionar à saúde humana.
PALAVRAS-CHAVE: Frio, Saúde, Trabalho, Pausas
11
ABSTRACT
The existing natural environmental conditions in a given region may be
modified, among other factors, by the characteristics of its locations, by the activity
which is conducted in them, and by the characteristics of the means of work which
exist in that area. In this way, one creates a work place which, according to its
present conditions, may be more or less favorable to the health of its workers. To
make these conditions favorable, it is necessary to establish an adequate thermal
exchange between the worker and his environment. The adverse effects provoked
upon the human body when submitted to high-temperature work places have been
widely studied, and, as a consequence, there is more than enough knowledge
available to be applied with the objective of minimizing, as far as possible, such
harmful effects. And yet in Brazil there have been very few research projects
conducted with regards to cold environments in spite of the country being one which
boasts a large number of companies which employ cold environments in their
production process, storage of raw materials, mid-stage and finished products. The
climate map of IBGE presents large variations in not taking into account the climate
artificially chilled in refrigerator that is constant, therefore not subject to external
variations. Working as aoccupational physician I understand the need to be
participant when it comes to creating or changing standards of the health worker. On
the existence of a new proposeto increase thermal breaks for recovery, a survey was
conducted in companies who labor, specifically in the area of chicken through the
analysis of various indicators, Psychosocial, blood gas levels such as lactic acid,
pCO2,Creatine phosphokinase (CPK), and Ammonia. This study aims to evaluate the
influence of these changes and contribute to damage human health.
KEY-WORDS: Cold, Health, Work Pauses
12
1 INTRODUÇÃO
1.1 Considerações gerais
Em função das exigências das legislações nacionais e internacionais, as
corporações têm procurado desenvolver políticas não só voltadas à produtividade,
mas, também, à redução dos índices de incidentes, acidentes e doenças do
trabalho, além de promover melhorias na qualidade de vida de seus funcionários.
Como medico do trabalho atuante há 20 anos em áreas frigorificadas é mister
a preocupação com a saúde do trabalhador, em 1950 em Genebra o comitê misto
da organização internacional da saúde OIT e organização mundial da saúde OMS
conceituam a medicina do trabalho como:
“A Saúde ocupacional tem como objetivos: a promoção e manutenção do
mais alto grau de bem estar físico, mental e social dos trabalhadores em todas as
ocupações; a prevenção entre os trabalhadores, de desvios de saúde causados
pelas condiçõesde trabalho; a proteção dos trabalhadores em seus empregos, dos
riscos resultantes de fatores adversos à saúde; a colocação e manutenção do
trabalhador adaptadas às aptidões fisiopsicológicas, em suma: a adaptação do
trabalho ao homem e de cada homem a sua atividade”
Com a extensão dos referenciais teóricosmencionados no transcorrer deste trabalho
e autor da tese de mestrado em 2003 com titulo “Implicações Fisiopsicológicas
em Trabalhadores Expostos a Ambientes Frios”, trabalho este apresentadono
27º Congresso Internacional daICOH 2003 “InernationalCommisiononOccupational
Health“ motivou o interesse em aprofundar os conhecimentos com os trabalhadores
expostos ao frio e qual o tempo ideal de pausas intrajornadas nos ambientes
artificialmente refrigerados.
Há muito tempo o homem preocupa-se de modo científico com o conforto
térmico. Na obra Historyandartofwarmingandventilationroomsandbuildings, escrita
por Walter Berman e publicada em 1845, o autor faz previsões de que o controle e a
criação de ambientes climáticos artificiais contribuíram como ciência, para o
desenvolvimento da humanidade, para preservação da saúde e, assim, ganho em
longevidade.
13
Entre 1913 e 1923 foram realizados os primeiros esforços organizados para o
estabelecimento de critérios a respeito do conforto térmico. Desde então o tema tem
sido estudado em diferentes partes do mundo.
Pesquisas mais recentes, realizadas no período de 1970 a 1986,
comprovaram que o conforto térmico está estritamente relacionado com o equilíbrio
térmico do corpo humano, que por sua vez é influenciado por fatores ambientais e
pessoais. Assim sendo, há ambiente onde as condições são favoráveis ao equilíbrio
térmico do corpo humano e o indivíduo sente-se bem disposto. Entretanto, há outros
em que as condições são desfavoráveis, provocam indisposição, diminuem a
eficiência no trabalho e aumentam a possibilidade da ocorrência de acidentes
(RUAS, 1999).
A sensação térmica é subjetiva, variando de indivíduo para indivíduo;
determinado ambiente pode ser termicamente confortável para uma pessoa ao
mesmo tempo em que é desconfortável para outra. Portanto, as diferenças
individuais são fatores importantes a considerar na troca térmica entre o trabalhador
e o meio ambiente. Deste modo, a sensação de bem-estar térmico ambiental pode
ter diferentes reações, em razão dos diferentes gradientes da temperatura.
As condições ambientais naturais existentes numa determinada região são
modificadas, geralmente, pelas particularidades dos locais, variando desde a
atividade que neles se realizam até as características dos meios de trabalho que
existem nesta área. Dessa forma, cria-se um ambiente de trabalho que, de acordo
com as condições existentes, pode ser mais ou menos prejudiciais à saúde dos
trabalhadores. Para que tais condições possam ser favoráveis, deve-se estabelecer
um adequado intercâmbio térmico entre o trabalhador e o meio ambiente, para que
não haja implicações futuras (CONCEPCIÓN, 2001).
Duboisapud Mendes (1995) relata que deve haver um perfeito equilíbrio entre
o indivíduo e o meio ambiente. Este conceito vem demonstrar a importância que tem
a perfeita harmonia entre o indivíduo e seu habitat.
Dessa forma, pode-se dizer que o meio externo age sobre o meio interno, ou
seja, as condições de trabalho às quais o homem está exposto podem interferir em
sua saúde.
Sendo o homem um ser homeotérmico, ele tem a propriedade de manter, por
meio de variados mecanismos e respeitando determinados limites, a temperatura
14
corporal interna relativamente constante independentemente da temperatura
ambiente.
Com base nas organizações supracitadas, é possível afirmar que o conforto
térmico é essencial para a qualidade de vida no ambiente de trabalho.
O conforto térmico deve existir tanto para temperaturas elevadas como para baixas
temperaturas. Mas, os estudos relacionados aos confortos térmicos e suas
consequências são, de um modo geral, sobre temperaturas elevadas. Pouco se tem
estudado sobre a influência do frio nos trabalhadores que desenvolvem suas
atividades em ambientes artificialmente frios, ou ainda, sobre a influência das
pausas prolongadas como possível solução, ou não, para eventuais injúrias
provocadas na saúde dos trabalhadores em ambientes artificialmente frios.
1.2 Problemas de pesquisa
O problema de pesquisa que orienta este estudo é o seguinte: quais as
implicações das pausas prolongadas na saúde dos trabalhadores em ambientes
artificialmente frios?
1.3 Justificativa
A escolha do tema se justifica no fato de que o aumento da produtividade no
ambiente de trabalho está diretamente relacionado à melhoria na qualidade de vida
dos trabalhadores.
Produtividade e equilíbrio emocional são inseparáveis. Desta forma, não há
ação puramente produtiva, uma vez que nela intervêm, em graus diversos, os
sentimentos e os valores, assim como não há ação puramente emocional, pois o
bem-estar supõe produtividade.
Sendo uma das definições da Ergonomia a adaptação das condições do
trabalho ao homem, observa-se que pouco se tem investido e aplicado no âmbito do
trabalho em benefício do trabalhador. Muitos são os fatores de riscos presentes nas
diferentes atividades e áreas de trabalho com ambientes frios e o aumento do tempo
de pausas pode não ser a solução mais adequada para esses problemas.
15
Desta análise, evidencia-se a presença de relações influentes entre os fatores
endógenos (interior) e os exógenos (exterior), havendo concomitância desses dois
fatores. Neste sentido, pode-se dizer que o comportamento do indivíduo não resulta
apenas da personalidade, mas sim da interação dos fatores hereditários,
personalidade, relação com o meio externo e o ambiente (AGUIAR, 1989).
Sob este panorama, o presente estudo justifica a intervenção ergonômica no
setor de cortes especializados de frangos e outros ambientes artificialmente frios, a
partir da implantação de um novo modelo de programa de ergonomia, com metas
que visam amenizar ou até mesmo elidir as condições predisponentes às doenças
ocupacionais e não simplesmente aumentar as pausas.
1.4 Objetivo geral
O objetivo deste estudo é investigar as alterações psicofisiológicas que as
pausas prolongadas intrajornadas podem causar no organismo humano dos
trabalhadores em geral, com ênfase no caso dos trabalhadores que atuam nos
ambientes artificialmente frios.
1.5 Objetivos específicos
Os objetivos específicos deste estudo são os seguintes:
• Avaliar o efeito de variações térmicas do mapa climático Oficial do
IBGE (apêndice 1) no prejuízo à saúde humana;
• Identificar os fatores de riscos ambientais que podem gerar implicações
psicofisiológicas aos trabalhadores;
• Avaliar o comportamento dos indicadores bioquímicos do pCO2,do
ácido lácteo e seus subprodutos nos trabalhadores após diferentes
pausas;
• Equacionar Tabela 1 (apêndice 2) da American
ConferenceofGovernmental Industrial Hygienists (ACGIH), sobre o
poder de resfriamento do vento sobre o corpo exposto, considerando a
temperatura do ar/bulbo seco.
16
1.6 Limitações do trabalho
Este trabalho tem como foco principal pesquisar os fatores de risco a que
estão expostos os trabalhadores que executam suas atividades a baixas
temperaturas, nas agroindústrias de produção avícola, setor de cortes especiais de
frangos, submetidos a longos intervalos intrajornadas.
É importante relevar, no entanto, que o estudo apresenta algumas limitações,
sobretudo, em função da carência de referências bibliográficas acerca da influência
e das implicações, tanto fisiológicas quanto psicológicas, do frio no ser humano em
ambientes de trabalho. Da mesma forma, a questão da avaliação dos fatores
ambientais na aplicação de indicadores de conforto térmico não será aprofundada, o
que não desmerece sua importância.
1.7Estrutura do trabalho
Para facilitar a compreensão do texto, o presente estudo foi dividido em seis
capítulos estruturados de modo a discutir os fatores de risco a que estão submetidos
os trabalhadores de corte de frango; e a influência desses fatores no corpo humano,
especialmente em relação às pausas longas, com o intuito de propor soluções que
minimizem ou mesmo eliminem seus efeitos adversos.
No primeiro capítulo o objeto deste estudo é introduzido por intermédio da
apresentação da problemática, da sua importância, justificativa, objetivos geral e
específicos, assim como as limitações encontradas durante a elaboração do estudo,
por fim é apresentada a estrutura do trabalho.
O segundo capítulo é formado pela fundamentação teórica em que são
estudados e debatidos aspectos relacionados com os mecanismos de trocas de
calor, geração de calor, mecanismo fisiológico no ambiente frio, efeitos metabólicos
no frio, o frio e sua relação com as alterações psicofisiológicas, consequências das
pausas prolongadas; além das legislações vigentes relacionadas com ambientes
frios e suas limitações.
O terceiro capítulo apresenta a descrição teórica do ferramental, onde são
detalhados os principais métodos e técnicas utilizados para a coleta das informações
necessárias à realização de uma pesquisa. São explicados, de forma sucinta, porém
17
minuciosa, as características e tipos de entrevistas que existem, os tipos de
questionários para indicadores psicológicos e exames para os indicadores
fisiológicos e sua forma de medição.
No quarto capítulo é abordada a metodologia que será aplicada neste estudo
para a consecução dos objetivos. São definidas as características da presente
pesquisa, a população e amostra a serem estudadas, assim como as características
das técnicas e métodos de coleta de informação específica, detalhando as
características próprias a cada uma delas e como auxiliam no cumprimento dos
objetivos.
O quinto capítulo é composto por resultados e análise. São apresentadas as
características da área objeto de estudo, assim como os resultados obtidos da
aplicação das diferentes técnicas e métodos por meio de uma discussão,
detectando-se os fatores de riscos que podem estar ocasionando acidentes do
trabalho e doenças profissionais nos trabalhadores analisados. Também são
propostas soluções para minimizar ou eliminar os efeitos adversos que as condições
de trabalho podem provocar no organismo humano.
Por fim, o sexto capítulo apresenta as conclusões para a situação analisada e
as recomendações para trabalhos futuros.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
As cavernas foram os primeiros abrigos do homem para se proteger das
agressividades do sol e da chuva. Os iglus são muito conhecidos em todo mundo
como “as casas de inverno dos esquimós”. Mas ao contrário do que se imagina o
iglu não é feito de gelo, mas de neve (empilhada por uma tempestade), que é um
excelente isolante térmico, mantendo uma temperatura agradável dentro do iglu.
Muito embora a preocupação científica do homem com o seu conforto térmico
seja antiga, pouco se tem estudado sobre o frio e suas consequências. Dedicação
maior tem sido dada aos efeitos do calor sobre o corpo humano e suas
consequências.
Para Davson e Eggleton (1968) a exposição ao frio é menos importante, uma
vez que, são as altas temperaturas que ocasionam alterações fisiológicas no
homem.
18
Frente à afirmação supracitada, é importante relevar que, no presente estudo
não são levadas em consideração as possíveis patologias causadas pela exposição
ao frio; mas, sim analisar as implicações causadas pelas pausas prolongadas à
saúde de trabalhadores em ambientes artificialmente frios.
2.1 Trocas de calor entre o corpo e o ambiente
O sistema cardiovascular do organismo humano desenvolve um rol
fundamental na termorregulação (BATIZ, 2001a).
O corpo humano é um sistema termodinâmico que produz calor e interage
continuamente com o ambiente para conseguir o balanço térmico indispensável para
a vida. Existe, assim, uma constante troca de calor entre o corpo e o meio, regido
pelas leis da física, sendo influenciada por mecanismos de adaptação fisiológica,
condições ambientais e fatores individuais (RUAS, 2001).
O sangue serve de refrigerante a todos os órgãos internos e músculos onde
se gera calor metabólico, sendo transportado até os capilares que se encontram na
pele, dissipando-se, assim, para o ambiente exterior. Num clima caloroso, existe
afluência de sangue para a superfície do corpo, aumentando a temperatura. O corpo
começa a suar com o objetivo de esfriar a pele e, devido à evaporação do suor
sobre ela, inicia-se um processo de esfriamento do sangue. O contrário acontece
quando o clima é frio. Neste caso, o sangue fica longe da pele, acumulando-se na
parte central do corpo, evitando a saída de calor. Podem acontecer tremores (tiritar)
como um exercício involuntário do corpo na tentativa de produzir calor e manter a
temperatura interna, para um correto funcionamento do organismo.
Esta capacidade de aclimatar-se é devido a uma reação natural do organismo
exercida pelo SNC (Sistema Nervoso Central) informado pelo hipotálamo que
funciona como um termostato.
De acordo com Ruas (1999), existem basicamente três mecanismos de troca
térmica do corpo humano com o ambiente: convecção, radiação e evaporação. Tais
mecanismos conseguem manter o equilíbrio térmico do organismo, representado
pela equação do equilíbrio térmico do corpo.
A manutenção da temperatura interna do organismo depende do equilíbrio
entre as perdas e ganhos de calor do corpo.
19
A exposição do trabalhador ao calor é avaliada por intermédio do Índice de
Bulbo Úmido Termômetro de Globo (IBUTG), definido pelas equações que se
seguem, conforme determinação da Norma Regulamentadora de Segurança e
Saúde no Trabalho no
15:
Ambientes internos ou externos sem carga solar:
IBUTG = 0,7 tbn + 0,3 tg
Ambientes externos com carga solar:
IBUTG = 0,7tbn + 0,1tbs + 0,2 tg
Onde:
tbn= temperatura de bulbo úmido natural
tg= temperatura de globo
tbs= temperatura de bulbo seco
Para realizar a avaliação do IBUTG devem ser utilizados os seguintes
aparelhos: termômetro de bulbo úmido natural, termômetro de globo e termômetro
de mercúrio comum (NR 15).
As medidas devem ser realizadas no local onde permanece o trabalhador, à
altura da região do corpo mais atingida (NR 15).
O regime de trabalho intermitente é definido conforme o IBUTG obtido (vide
quadro 1).
Quadro 1: Regime de trabalho intermitente com descanso no próprio local de trabalho
Regime de trabalho intermitente com
descanso no próprio local de trabalho
(por hora)
TIPO DE ATIVIDADE
LEVE MODERADA PESADA
Trabalho contínuo até 30,0 até 26,7 até, 25,0
45 minutos trabalho
15 minutos de descanso
30,1 a 30,5 26,8 a 28,0 25,1 a 25,9
30 minutos de trabalho
30 minutos de descanso
30,7 a 31,4 28,1 a 29,4 26,0 a 27,9
15 minutos trabalho
45 minutos de descanso
31,5 a 32,2 29,5 a 31,1 28,0 a 30,0
Não é permitido o trabalho, sem a adoção de
medidas adequadas de controle
acima de 32,2 acima de 31,1 acima de 30,0
Fonte: NR 15, p. 4.
O anexo 9 da NR 15 dispõe sobre as atividades realizadas em ambientes
artificialmente frios:
As atividades ou operações executadas no interior de câmaras frigoríficas,
ou em locais que apresentem condições similares, que exponham os
trabalhadores ao frio, sem a proteção adequada, serão consideradas
20
insalubres em decorrência de laudo de inspeção realizada no local de
trabalho (NR 15, p. 62).
A NR 15 não determina limites de temperaturas para a caracterização da
insalubridade em ambientes artificialmente frios. Deste modo, a insalubridade é
determinada pelo critério técnico do perito, no momento da inspeção no local de
trabalho e que deve fazer distinção entre câmara frigorífica e ambiente
artificialmente frio.
A Fundacentro,com base em diversos estudos e pesquisas nacionais e
internacionais, apresenta uma tabela que fixa o tempo máximo de trabalho permitido
para cada faixa de temperatura. O tempo de trabalho em ambientes artificialmente
frios é intercalados com folgas para recuperação térmica em local fora do ambiente
considerado frio (MATOS2007) (vide quadro 2)
As câmaras frigoríficas são locais nas indústrias de alimentos onde são
estocados seus produtos para posterior embarque em caminhões, contêineres e
baús frigoríficos, ao contrario dos locais com frio artificial são setores de resfriamento
para conservação, desossa e beneficiamento. O art. 253 visa com intervalos
proporcionar conforto térmico do trabalhador (art.178 da CLT).
Quadro 2: Limites de tempo para exposição a baixas temperaturas para pessoas adequadamente
vestidas para exposição ao frio
Faixa de
temperatura
bulbo sexo (
o
C)
Máxima exposição diária permissível para pessoas adequadamente
vestidas para exposição ao frio
15,0 a -17,9*
12,0 a -17,9**
10,0 a -17,9***
Tempo total de trabalho no ambiente frio de 6 horas e 40 minutos,
sendo quatro períodos de 1 hora e 40 minutos alternados com 20
minutos de repouso e recuperação térmica, fora do ambiente frio.
-18,0 a -33,9
Tempo total de trabalho no ambiente frio de 4 horas, alternando-se 1
hora de trabalho com 1 hora de repouso e recuperação térmica, fora do
ambiente frio.
-34,0 a -56,9
Tempo total de trabalho no ambiente frio de 1 hora, sendo dois períodos
de 30 minutos com separação mínima de 4 horas para repouso e
recuperação térmica, fora do ambiente frio.
-57,0 a -73,0
Tempo total de trabalho no ambiente frio de 5 minutos, sendo o restante
da jornada cumprida obrigatoriamente fora do ambiente frio.
Abaixo de -73,0
Não é permitida exposição ao ambiente frio seja qual for a vestimenta
utilizada
* Faixa de temperatura válida para trabalhos em zona climática quente, de acordo com o
mapa oficial do IBGE.
** Faixa de temperatura válida para trabalhos em zona climática subquente, de acordo com o
mapa oficial do IBGE.
*** Faixa de temperatura válida para trabalhos em zona climática mesotérmica, de acordo
com o mapa oficial do IBGE.
Fonte: Matos, 2007, p. 93.
21
A figura abaixo apresenta o mapa climático do IBGE.
Figura 1: Mapa climático do IBGE
Fonte: IBGE, 2011
A figura 2 apresenta o mapa climático do IBGE delimitado por zonas
climáticas, facilitando a compreensão do tipo de clima em cada região do país.
Figura 2: Mapa do clima no Brasil – IBGE
Fonte: IBGE, 2011.
22
Além das determinações supracitadas, outras instituições também se dedicam
ao estudo e regulamentação deaspectos técnicos relacionados à Saúde
Ocupacional e Ambiental. A American ConferenceofGovernmental Industrial
Hygienistsdedicam ao estudo e regulamentação de (ACGIH), é uma organização
profissional e não governamental dedicada aos aspectos técnicos e administrativos
da Saúde Ocupacional e Ambiental. Esta Associação tem contribuído para o
desenvolvimento da proteção da saúde dos trabalhadores. Estabeleceu vários
parâmetros e limites de tolerância para diversos agentes prejudiciais no
desempenho de atividades.
Para a exposição ao frio, foram colocados limites somente para proteger os
trabalhadores dos efeitos mais graves, como hipotermia e outras doenças causadas
quando a temperatura interna do corpo atinge menos de 36ºC. Existe recomendação
para que o corpo inteiro esteja protegido, em especial da velocidade do vento.
A figura 3 apresenta a tabela 1 da ACGIH, a qual orienta que a temperatura
de até 4ºC com ventos de até 4,47 m/s não apresentam riscos a saúde do ser
humano.
Figura 3: Poder de resfriamento do vento sobre o corpo exposto, expresso como temperatura
equivalente
Fonte: ACGIH, 2011.
23
2.2 Nutrientes utilizados pelo organismo para a produção de energia
Os nutrientes são substâncias constituintes dos alimentos que são utilizadas
pelas células nos seus processos vitais ou que, de alguma forma, são essenciais ao
funcionamento do organismo, fornecendo a energia ou matéria necessária para a
manutenção da vida. Encontram-se em forma de proteínas, lipídeos e carboidratos.
As proteínas são compostos orgânicos presentes na natureza, caracterizadas
como polímeros de aminoácidos. Quando digeridas as proteínas liberam as
unidades de aminoácidos que após serem absorvidos pelo intestino e entrarem na
corrente sanguínea, atingem as células nas quais são metabolizados e podem
seguir vários caminhos como: originar novas proteínas (síntese proteica); serem
degradados (desaminaçãooxidativa); dar origem a aminoácidos não essenciais se
necessário (transaminação); ou dar origem a glicose (gliconeogênese) e desta forma
atuar como fonte de energia.
A fórmula geral dos aminoácidos é RCH (NH2) COOH, onde o carbono central
é denominado alfa e possui 4 ligantes geralmente diferentes, com exceção da glicina
onde o “R” é um hidrogênio. “O” pode ser “R”, um radical orgânico, onde conforme o
radical os aminoácidos podem ser classificados em polar, apolares, ácidos e
básicos. O outro ligante é sempre um hidrogênio (-H), o outro um agrupamento de
amina (NH2) e por fim uma carboxila (COOH).
Sobre os lipídeos, é importante destacar que existem várias formas como:
colesterol, éster de colesterol, ácidos graxos, ceras, esfingolipídios, fosfolipídios e
triacilgliceróis, entre outros. Dentre os lipídeos ingeridos na dieta, 90% são
triacilgliceróis que também constituem a principal forma de armazenamento de
lipídeos no organismo. Os triacilgliceróis são estruturalmente formados pela união de
um glicerol e três ácidos graxos que podem ser de cadeia curta (AGCC: menos que
doze carbonos na cadeia hidrocarbonada) ou de cadeia longa (AGCL: mais que
doze carbonos na cadeia hidrocarbonada). Os AGCL são os mais abundantes.
Sendo assim, durante a digestão dos triacilgliceróis os ácidos graxos podem
ser liberados dos gliceróis. Estes por sua vez são absorvidos e remontados no
intestino na forma de triacilgliceróis caindo inicialmente na circulação linfática e
depois sanguínea novamente. Neste trajeto os mesmos serão armazenados nas
células de gordura chamadas de adipócitos, mas antes são hidrolisados e ligados
24
novamente, já dentro da célula. O lipídeo armazenado está na forma de
triglicerídeos. Quando se faz necessário ocorre um estímulo para a produção de
enzimas que irão quebrar o triglicerídeo dentro das células em três moléculas de
ACGL e um glicerol. O glicerol por sua vez pode ir para via de gliconeogênese e ser
utilizado para produzir glicose para ser fonte de energia celular.
Os carboidratos (CHO) são substâncias orgânicas pertencentes à classe dos
compostos representados pelos açúcares como os monossacarídeos (glicose,
galactose, frutose), dissacarídeos (sacarose, maltose, isomaltose, lactose),
oligossacarídeos (dextrinas) e polissacarídeos de reserva de energia vegetal (amido)
e animal (glicogênio). Os carboidratos contêm carbono, hidrogênio e oxigênio.
Após a digestão dos dissacarídeos, oligossacarídeos e polissacarídeos pelo
organismo ocorre a liberação dos monossacarídeos que são absorvidos no intestino
e entram na circulação sanguínea, atingindo as células. Deste modo, podem seguir
vias como síntese de glicogênio (gliconeogênese) para ser estoque de glicose, ou
outras. Para que a glicose entre nas células ocorre à ação do hormônio peptídico
insulina e dos captadores intracelulares. Quando se faz necessário ocorre um
estímulo das células pelo hormônio glucagon que faz com que o glicogênio seja
degradado e libere glicoses (glicogenólise). Deste modo, as glicoses são utilizadas
como fonte de energia. De toda a energia produzida, aproximadamente 25% é
aproveitada para estocagem; o restante é gasto na produção de calor. Como não
existe reserva de ATP (mecanismos de transferência de energia), é preciso fazer a
ressíntese.
A ressíntese do ATP ocorre por três vias, que constituem mecanismos
energéticos: ATP-CP (Fosfagênico); Glicolítico ou Láctico; Oxidação. Tais
mecanismos têm como objetivo liberar energia dos nutrientes e transformá-la em
ATP, para que as mesmas possam ser utilizadas nas atividades físicas
(CARVALHO, 2009).
2.3 Estoques bioenergéticos de nutrientes e classificação dos nutrientes
Os estoques bioenergéticos de nutrientes são substratos de alimentos
transformados em nutrientes no corpo, armazenados em forma de energia, a qual
fica disponível para uso voluntário (esforço físico, psicológico) ou involuntário
25
(manutenção da vida). O quadro 3 apresenta os estoques corporais de combustíveis
e energia.
Quadro 3: Estoques corporais de combustíveis e energia
Gramas Kcal
CARBOIDRATOS
Glicogênio Hepático 110 451
Glicogênio Muscular 250 1025
Glucose em Fluidos Corporais 15 62
TOTAL 375 1538
LIPÍDIOS
Subcutâneo 7800 70980
Intramuscular 161 1465
TOTAL 7961 72445
Obs.: estimativas baseadas em massa corporal de 65 Kg (com 12% de gordura corporal).
Fonte: Silva, 2011, p.7.
Os nutrientes podem ser classificados como ATP-CrP que tem a creatina
fosfatada como principal fonte de energia; e o ácido láctico ou glicólise anaeróbia,
que usa glicose na ausência de oxigênio.
O ácido láctico consiste num uso ineficiente da glicose, produzindo
subprodutos que, acredita-se, sejam prejudiciais ao funcionamento muscular.
Durante exercícios de intensidade alta a máxima, o sistema de ácido láctico é
o dominante, durante curto período de tempo (aproximadamente um minuto). Mas, o
ácido láctico também é responsável por uma parte da energia durante exercício
aeróbio, uma vez que o organismo é capaz de livrar-se dos subprodutos anaeróbios
até certo nível. O treinamento melhora a eficiência da remoção dos subprodutos
pelos músculos.
Os nutrientes transformados por enzimas são classificados como alostéricos e
estequiométricos. Os alostéricos são reguladores que possuem, além dos sítios que
se unem ao substrato, sítios de ligação especial (alostéricos), aos quais o ATP se
liga e informa a enzima de que não existe necessidade da produção de ATP. Se o
ADP se ligar a esse sítio, é porque precisa produzir mais ATP. Os estequiométricos
somente possuem pontos de ligação para o substrato e atuam dependentes da
quantidade de substrato disponível.
O Sistema Nervoso Central (SNC) depende unicamente do glicogênio
hepático, uma vez que o glicogênio muscular não é devolvido ao sangue como
glicose. Os aminoácidos ficam estocados na célula muscular sob a forma de
proteína muscular propriamente dita.
26
O processo aeróbico ocorre dentro mitocôndria, enquanto que o anaeróbico
ocorre no citoplasma. A membrana mitocondrial não é permeável ao ácido graxo,
diferentemente do sarcolema. A carnitinaleva o ácido graxo para dentro dos
hidrogênios. Na molécula de glicose, os pares eletrônicos dos hidrogênios fornecem
energia.
Em repouso, o lactato sanguíneo é baixo ao se iniciar o exercício, o lactato
sanguíneo sobe até chegar ao Steady-State, quando se estabiliza, podendo vir a
baixar o nível. No caso de se tratar de exercício anaeróbico, o lactato sempre sobe,
uma vez que não chega nunca ao Steady-State.
A primeira etapa da oxidação da glicose é sempre anaeróbica; é mais rápida
e ocorre no citoplasma, produzindo ou não lactato, uma vez que depende do tipo de
exercício (aeróbio ou anaeróbio). A segunda etapa é lenta e ocorre na mitocôndria.
É importante destacar que a frequência cardíaca não deve ser usada como
indicador de recuperação entre ‘tiros’, pois ela cai muito antes da recuperação do
ambiente celular. Num teste ergométrico, a frequência cardíaca (fc) sobe até
alcançar o Steady-State máximo e estaciona, enquanto a ventilação continua a
aumentar. Este ponto, onde a frequência cardíaca para de subir, é o limiar
anaeróbico.
Na literatura são encontrados diversos estudos sobre os vários tipos de
protocolos de avaliação da capacidade funcional. Cada um destes protocolos produz
repercussões fisiológicas específicas, sendo desta forma essencial à caracterização
minuciosa de suas respostas para a compreensão dos mecanismos envolvidos
(SILVA ET AL., 2005).
O limiar anaeróbico é o ponto durante exercício dinâmico em que os músculos
utilizam metabolismo anaeróbico como uma fonte energética adicional, embora nem
todos se desviem simultaneamente para a anaerobiose. O pico do exercício se
caracteriza por uma grande redução da participação vagal e concomitante aumento
da atividade adrenérgica (SILVA ET AL., 2005).
O limiar anaeróbico decorre do acúmulo de ácido láctico num sujeito sadio
não treinado quando este alcança 40 a 60% do VO2 máximo; o que pode produzir
acidose metabólica com a intensificação do exercício (GOTTSCHALL, 2005).
À medida que se forma o lactato, este é tamponado no soro pelo bicarbonato,
resultando em excreção aumentada de CO2, e causando hiperventilação reflexa.
Assim, o limiar anaeróbico de troca gasosa é o ponto no qual a ventilação aumenta
27
desproporcionalmente em relação ao VO2 e ao trabalho (hiperventilação). Esse
limiar fica aparente no ponto em que a inflexão do VCO2 se separa da do VO2 ou
quando as inflexões dos dois se interceptam (Figura 4). Isto é, abaixo do limiar
anaeróbico, o VCO2 é proporcional ao VO2, enquanto que acima do limiar
anaeróbico o VCO2 é produzido em excesso ao VO2 (GOTTSCHALL, 2005).
Figura 4: Hiperventilação
Fonte: Gottschall, 2005, p. 60.
De acordo com a figura 4, à esquerda: até cerca de 80 I/min de ventilação
alveolar há uma relação linear entre ventilação pulmonar e trabalho aeróbico, após o
que a ventilação se torna maior que as necessidades metabólicas (hiperventilação),
passando o trabalho a ser anaeróbico (fase de exaustão). À direita: as variações da
pH eCO2são o principal estímulo químico à ventilação e lineares com o volume
minuto ventilatório numa ampla faixa. Embora o estímulo pela acidose nos
quimiorreceptores centrais seja mais agudo na fase inicial, não se matem tanto,
enquanto o estímulo ventilatório pela hipoxemia é mais retardado (GOTTSCHALL,
2005).
A utilidade do limiar anaeróbico decorre de que o trabalho abaixo desse nível
abarca a maior parte das atividades diárias. Uma elevação nesse limiar pelo
treinamento aumenta a capacidade individual para realizar atividades submáximas
sustentadas, com consequente melhoria da qualidade de vida.
O limiar anaeróbico1
tem sido principalmente determinado por meio do uso de
procedimentos invasivos e não invasivos durante teste incremental. Esse parâmetro
1
O limiar anaeróbico é considerado marcador da transição do metabolismo aeróbio/anaeróbico e tem
sido empregado na avaliação da capacidade funcional em níveis submáximos de exercício (SILVA ET
AL., 2005). Pode ser expresso em: VO2: ml.kg-1.min-1; Carga: km/h, mph, watts, kp, etc. Frequência
Cardíaca: bpm.
28
de capacidade aeróbia tem sido identificado por meio da concentração sanguínea de
lactato, pela determinação de alterações nas trocas gasosas, chamado de limiar de
anaerobiose ventilatório, pela resposta da frequência cardíaca e/ou pela
eletromiografia de superfície (SILVA ET AL., 2005).
2.4 Sistema do ácido láctico e fadiga muscular
No sistema do ácido láctico a obtenção de ATP se deve à quebra do
glicogênio, que é uma substância presente no músculo, e é nessa ‘quebra’ do
glicogênio que se produz o ácido láctico.
A produção de ácido láctico é a responsável pela queda da acidez, que é a
consequência da falta de oxigênio no músculo (exercício anaeróbio). A queda no pH
é responsável pela fadiga muscular.
Além dos neurotransmissores DO e 5-HT, o metabólito amônia também
influencia a fadiga aguda no SNC de forma multifatorial, causando alterações tanto
no metabolismo energético quanto nas funções neurológicas.
A amônia que também é liberada pelo sistema gástrico produzido durante
intervalos longos é prejudicial à saúde.
De acordo com Machado (2005), o metabolismo da amônia no Sistema
Nervoso Central está diretamente relacionado ao ciclo de glutamina/glutamato,
essencial para os neurônios glutamatérgicos. Esse ciclo compreende a síntese de
glutamato no terminal pré-sináptico pela reação de desaminaçãooxidativa catalisada
peta glutamato desidrogenase (GDH, E.C. 3.5.1.2), esse glutamato é liberado na
fenda sináptica para transmissão de impulso nervoso. A captação do glutamato
ocorre, sobretudo pelos astrócitos por meio de transportadores, assim que é captado
é convertido a glutamina pela glutamina sintetase (GS, E.C. 6.3.1.2) e liberado para
o interstício e novamente captado pelo neurônio pré-sináptico (figura 5).
29
Figura 5: Integração metabólica no SNC. O glutamato liberado na fenda sináptica é captado
principalmente pelos astrócitos e convertido em glutamina pela GS. A glutamina é exportada para o
neurônio que a reconverte em glutamato. Praticamente todo o pool de glutamato no SNC é
sintetizado a partir do a-cetoglutarato do ciclo do ácido tricarboxilico produzidos no próprio SNC.
Fonte: Machado, 2005, p. 2.
O exercício gera estresse e, consequentemente altera a demanda energética
e, assim o metabolismo. As alterações metabólicas induzem a utilização de reservas
e a produção de inúmeros metabólitos que podem ou não ser nocivos ao próprio
organismo (MACHADO, 2005).
Segundo Turíbio (1999) a teoria metabólica sustenta-se na explicação de que
as cãibras ocorrem quando o músculo se torna "intoxicado" por metabólitos
provenientes da atividade contrátil.
Uma das substâncias tóxicas ao músculo é a amônia; produzida durante a
oxidação das proteínas, normalmente ela é conduzida ao fígado sob a forma de
glutamina ou alanina e, neste órgão, é biotransformada em ureia a qual é levada
pela corrente sanguínea até os rins, onde é filtrada e excretada. Entretanto, durante
a atividade física o fígado tem sua atividade reduzida e, consequentemente, a
transformação de amônia em ureia é muito menos intensa do que em condições de
30
repouso. Com isso percebe-se um maior acúmulo de amônia próximo às fibras
musculares e, devido a sua toxidade, pode levar ao estabelecimento das cãibras
musculares.
A restrição energética no SNC promovida pela amônia ocorre em virtude do
aumento da glicólise pela atividade enzimática da fosfofrutoquinase, bem como pela
depleção dos substratos do ciclo de (Krebs e da NAD+).
Nos mecanismos de auto-regulação que levam à homeostase, atuam,
integralmente, fatores nervosos e hormonais. Tais mecanismos implicam em
retroalimentação (feedback), que por sua vez aumenta ou diminui função (pressão,
glicemia frequência cardíaca, etc.), podendo provocar uma alteração no organismo
(física ou química e psicológica). Esta alteração desencadeia uma reação para a
correção funcional, garantindo o equilíbrio dinâmico (GUYTON, 2002).
Segundo Machado (2005), durante o exercício, outra fonte de amônia vem da
via de degradação de nucleotídeos com o aparecimento concomitante de IMP e
urato. Quando a demanda energética é elevada e a concentração de ADP aumenta,
ocorre a ativação da mioquinase (MK), enzima responsável pela transferência de
fosfatos entre dois ADP, sendo os produtos ATP e AMP. A relação entre as
concentrações de ATP, ADP e AMP é importante na regulação do metabolismo,
sendo assim a produção de AMP pela MK deve ser rapidamente equilibrada, isso
ocorre a partir da ativação da AMP deaminase (AD) que produz IMP e amônia
(figura 6).
Figura 6: Gênese da amônia a partir da degradação de adenosina. A ação da mioquinase (MK)
transfere um fosfato do ADP para outro com produção de ATP e AMP. O aumento da concentração
de AMP ativa a AMP deaminase (AD) que tem como produto o IMP e a amônia (NH3). Estas reações
fazem parte do ciclo da adenina nucleotídeo.
Fonte: Machado, 2005, p. 2.
31
A amônia é um dos fatores relacionado com a fadiga central. Machado (2005)
explica que a hiperamonemia clínica provoca efeitos como alterações no ciclo de
sono/vigília, coordenação neuromuscular, cognição, entre outros. Tais efeitos são
observados temporariamente em indivíduos que apresentam
hiperamonemiasubclínica. Esse tipo de alteração é similar à encontrada em
exercícios extenuantes e, sobretudo, naqueles em que a duração é elevada.
Nesse sentido, Dul e Weerdmeester (2001, p. 21) afirmam que a “fadiga
muscular pode ser reduzida com diversas pausas curtas distribuídas ao longo da
jornada de trabalho”; que são consideradas melhores que pausas longas realizadas
ao final de uma tarefa de longo período, ou ao fim da jornada de trabalho.
2.5 Legislações
A legislação elaborada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, como
determina a Constituição Federal de 1988, levou em conta somente as condições de
gradientes extremos dos ambientes de temperaturas baixas (câmaras frigoríficas e
similares), através da NR 29 (Norma Regulamentadora 29), direcionada a Serviços
Portuários. No entanto, não se refere às indústrias frigoríficas, onde as temperaturas
são moderadamente baixas.
Analisando a mens legis da Nr. 29, a conclusão a que se chega é que
segundo o próprio legislador sanitarista, o trabalho em frio moderado de forma
contínua, não traz necessidade de intervalos especiais, pois os intervalos regulares
de refeições já são suficientes para devolver o conforto térmico.
No Brasil, as únicas considerações relacionadas ao frio estão contidas no
artigo 253 da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) e no Anexo 9 da NR 15
(Atividades e Operações Insalubres) aprovada pela Portaria 3.214 de 08 de junho de
1978.
O artigo 253 da CLT, caput, diz o seguinte:
Para os empregados que trabalham no interior das câmaras frigoríficas e
para os que movimentam mercadorias do ambiente quente ou normal para
o frio e vice-versa, depois de uma hora e quarenta minutos de trabalho
contínuo, será assegurado, um período de vinte minutos de repouso,
computado esse intervalo como o de trabalho efetivo.
32
Parágrafo Único: Considera-se artificialmente frio, para os fins do presente
artigo, o que for inferior, na primeira, segunda e terceira zonas climáticas do
mapa oficial do Ministério do Trabalho, a 15º (quinze graus), na quarta zona
a 12º (doze graus), e na Quinta, sexta e sétima zona a 10º (dez graus).
Conforme o Anexo 9 da NR 15:
As atividades ou operações executadas no interior de câmaras frigoríficas,
ou em locais que apresentem condições similares, que exponham os
trabalhadores ao frio, sem a proteção adequada, serão considerados
insalubres em decorrência de laudo de inspeção realizada no local de
trabalho.
No Brasil não existe uma norma oficial para avaliação ambiental com limites
de tolerância, mas uma recomendação da Fundacentro, pela necessidade de
aplicarem os conhecimentos de transmissão de calor e de psicométrica no balanço
térmico do homem, analisando a sobrecarga térmica e suas consequências sobre a
saúde. Destacam-se, para o frio, os seguintes índices:
• Índice WCI (Wind Chill Index – Sensação Térmica);
• Tensões por Trocas Térmicas (ACGIH);
• Recomendações no Brasil (Ministério do Trabalho e Emprego);
• Índice IREQ (Isolamento de Roupas – ISO 11079).
De acordo com Wiczick (2008) as principais normas relacionadas aos estudos
de conforto térmico pertencem à ISO (InternationalOrganization for Standardization),
e pela ASHRAE (American SocietyofHeating, Refrigeratingand Air-
ConditioningEngineers), sendo que esses dois conjuntos de normas possuem em
comum o fato de que seus dizeres foram elaborados a partir de estudos realizados
em câmaras climatizadas, como o realizado por Fanger (1970). As principais normas
são:
ISO 7730/2005: Ambientes Térmicos Moderados – Determinação dos
Índices PMV e PPD e Especificações das Condições para Conforto. ISO
10551/2001: Ergonomia de Ambientes Térmicos - Verificação da Influência
do Ambiente Térmico Usando Escalas Subjetivas de Julgamento. ISO
8996/2004: Ergonomia - Determinação da Produção do Calor Metabólico.
ASHRAE Standard 55-2004: Ambientes Térmicos - Condições para a
Ocupação Humana. ISO/TR 11079/2007: Avaliação de ambientes frios -
Determinação do isolamento requerido de vestimentas. ISO 7726/1998:
Instrumentos e métodos de medição de parâmetros ambientais (WICZICK,
2008, p. 26).
O artigo 253-CLT e a NR 29 (Norma Regulamentadora de Segurança e
Saúde no Trabalhador Portuário), são específicos para os empregados que
trabalham no interior das câmaras frigoríficas e para os que movimentam
33
mercadorias do ambiente quente ou normal para o frio e vice-versa porque nessas
atividades existe o risco de ventos com velocidades de desconforto.
A NR 17 (Norma Regulamentadora 17: Ergonomia) estabelece as condições
ideais para desempenho de atividades, porém, sem menção às condições de
ambientes refrigerados, referindo-se somente às condições se tornarem
desconfortáveis em virtude de instalações geradoras de frio, o que não parece ser
suficiente.
Art.177 – Se as condições de ambiente se tornarem desconfortáveis, em
virtude de instalações geradoras de frio ou de calor, será obrigatório o uso
de vestimenta adequada para o trabalho em tais condições ou de capelas,
anteparos, paredes duplas, isolamento térmico e recursos similares, de
forma que os empregados fiquem protegidos contra as radiações térmicas.
A NR 17.5 (Norma Regulamentadora 17.5: Condições ambientais de trabalho)
determina que:
17.5.1. As condições ambientais de trabalho devem estar adequadas às
características fisiopsicológicas dos trabalhadores e à natureza do trabalho
a ser executado.
17.5.2. Nos locais de trabalho onde são executadas atividades que exijam
solicitação intelectual e atenção constante, tais como: salas de controle,
laboratórios, escritórios, salas de desenvolvimento ou análise de projetos,
dentre outros, são recomendadas as seguintes condições de conforto: a)
níveis de ruído, de acordo com o estabelecido na NBR 10152, norma
brasileira registrada no INMETRO (117.023-6 / I2); b) índice de temperatura
efetiva entre 20°C e 23°C (117.024-4 / I2); c) velo cidade do ar não superior
a 0,75m/s (117.025-2 / I2); d) umidade relativa do ar não inferior a 40%
(117.026-0 / I2).
17.5.2.2. Os parâmetros previstos no subitem 17.5.2 devem ser medidos
nos postos de trabalho, sendo os níveis de ruído determinados próximos à
zona auditiva e as demais variáveis na altura do tórax do trabalhador.
17.5.3. Em todos os locais de trabalho deve haver iluminação adequada,
natural ou artificial, geral ou suplementar, apropriada à natureza da
atividade.
A aplicabilidade da legislação e normas supracitadas, nas câmaras frigoríficas
ou similares, especialmente nos portos, nos navios e/ou outros meios de transportes
e estocagem, pode ser eficiente em maior ou menor grau. Mas, apresentam uma
realidade ambiental diferente daquela vivida pelos trabalhadores que atuam em
locais com frio artificial que são setores resfriados para produção industrializada de
carnes, subprodutos ou cortes, cujas temperaturas moderadamente baixas e a
exposição ao ambiente artificialmente frio são constantes.
34
3 FERRAMENTAL
A Ergonomia, como ciência, apóia-se em métodos e técnicas de coletas de
dados que permitem conhecer e avaliar uma situação determinada, com vistas a
propor medidas que ajudem a eliminar ou minimizar os riscos presentes, garantindo
a conservação da saúde dos trabalhadores, aumentando da qualidade do trabalho e,
por conseguinte, o da produtividade, através de uma melhoria substancial do meio
ambiente, tanto interno como externo. Entre as técnicas de coleta de informação
para análise de riscos prospectivos no trabalho, podem ser aplicadas:
• Análise documental;
• Observação;
• Medições de parâmetros ambientais;
• Entrevistas;
• Questionário;
• Indicadores psicológicos;
• Indicadores bioquímicos.
35
4PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
4.1 Caracterização da pesquisa
Para determinar o método de pesquisa foi utilizada a recomendação de W.
Goode e P. K. HattapudRicharson (1989, p.38):
A pesquisa moderna deve rejeitar como uma falsa dicotomia a separação
entre estudos ‘qualitativos’ e ‘quantitativos’ ou entre ponto da vista
‘estatístico’. Além disso, não importa quão precisas sejam as medidas, o
que é medido continua a ser uma qualidade.
Denomina-se pesquisa participante, quando a pesquisa se desenvolve a partir
da interação entre pesquisadores e membros das situações investigadas.
Assim, esta pesquisa caracteriza-se como aplicada, qualiquantitativa e
descritiva, já que descreve a realidade encontrada na empresa analisada (GIL,
1994), com abordagem exploratória por explorar novos conceitos.
O procedimento metodológico é documental, já que foi elaborado a partir de
documentos que não receberam tratamento analítico, de estudo de caso, uma vez
que envolve a análise profunda e exaustiva de um objeto, possibilitando o seu amplo
e detalhado conhecimento.
4.2Medição de parâmetros ambientais
Os pontos de medição foram determinados cumprindo o princípio de que elas
fossem representativas da situação a ser analisada e permitissem chegar a
conclusões sobre como estes fatores poderiam influir nos problemas de doenças
apresentados pelos trabalhadores.
Os parâmetros medidos e seus valores foram recolhidos em tabelas, como a
apresentada no Apêndice 2.
• Temperatura do ar, medida com um termômetro de globo
eletrônicomarca TGM 100, de fabricação TESTO (Alemanha), cujos
intervalos variam entre -50ºC e 100°C, com precisão de 0,1% e
resolução 0,1°C. As medições foram realizadas nos p ontos
selecionados, uma vez que a temperatura ambiente tem influência
direta sobre trabalhador.
36
• Velocidade do ar, medida nos mesmos pontos onde foram realizadas
as medições de temperatura do ar, com o auxílio de um anemômetro
da marca Texto 405-V1, de fabricação TESTO (Alemanha), cujos
intervalos variam entre 0 a 5 m/s e com uma precisão de 0.01 m/s. A
velocidade do ar tem influência direta na remoção do calor do ambiente
e da superfície do corpo.
• Umidade relativa, medida com um higrômetro da marca Texto 605 H1,
de fabricação TESTO (Alemanha), cujos intervalos variam entre 5 a 95
%, com uma precisão de 0.1 %. Assim como aconteceu com os valores
de temperatura do ar e velocidade do ar, os valores foram medidos nos
mesmos pontos.
Quando são medidos os valores de temperatura do ar, velocidade do ar e
umidade relativa nos mesmos pontos de medição;existe certa garantia de que todos
os fatores determinantes das condições psicrométricas desse ponto sejam
estudados.
• Temperatura do solo, medida utilizando um termômetro de contato da
marca Testo (Mini-Oberflãchen-Thermometer), de fabricação TESTO
(Alemanha), cujos intervalos variam entre -50 a 250°C, com uma
precisão de ±1°C.
4.3 Entrevistas
Para Lakatos& Marconi (1992) entrevista é a técnica pela qual se obtém
informações através de conversação efetuada face a face, de maneira metódica;
proporcionando verbalmente a informação necessária ao entrevistador. É
extremamente importante, dada a liberdade de expressão e porque, em função do
entrevistador estar presente, ele pode refletir sobre a veracidade das respostas.
O objetivo fundamental das entrevistas é a obtenção de informações de um
entrevistado sobre determinado assunto ou problema. As entrevistas, segundo o
número de pessoas que participam, podem-se classificar em:
• Individual, quando só participa o entrevistador e a pessoa entrevistada;
geralmente são as mais comuns;
37
• Coletiva, podendo ocorrer as seguintes situações: um só entrevistador
e várias pessoas entrevistadas; vários entrevistados e vários
entrevistadores; vários entrevistadores e só um entrevistado.
Segundo a forma de se apresentar, a entrevista pode ser classificada em:
• Padronizada ou estruturada: quando é estabelecido um roteiro prévio
para sua execução e está dirigida a conhecer aspectos específicos que
permitam ao pesquisador aprofundar sobre um ou vários temas de
interesse para sua pesquisa. São realizadas seguindo um esquema
predeterminado, com perguntas concretas e definidas com precisão. A
entrevista segue um esquema que responde à pergunta/resposta. O
objetivo é que o entrevistado dê respostas concisas e concretas, sem
divagações, explicações e sem se estender muito no tema. É muito
utilizada quando se precisa de uma informação objetiva;
• Despadronizada ou não-estruturada: quando não existe rigidez de
roteiro, nem esquema predeterminado. Por isso mesmo, algumas
questões podem ser mais amplamente exploradas.
4.4 Indicadores bioquímicos
Dosagens laboratoriais: são certos parâmetros que, em geral, são obtidos
através de dosagens sanguíneas de alguns elementos essenciais para a
manutenção da vida.
Gasometria venosa: é uma dosagem sanguínea diferente da gasometria
arterial é mais precisa na avaliação do nível do lactato,pCO2creatinefosfoquinase,e
amônia que podem sofrer alterações nas pausas prolongadas, provocando acidose
metabólica e hipóxia com abaixamento do nível do oxigênio, diminuindo a produção
de ATP.
Exames foram realizados:
• Antesdo início da jornada,
• Apósuma hora de jornada e seguintes intervalos:
• 5 minutos,10 minutos
• com uma hora e quarenta minutos de jornada de trabalhoeapós vinte
minutos de intervalo.
38
5 APRESENTAÇÃO, DISCUSSÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
5.1 Parâmetros ambientais
Os valores descritos na tabela 1 foram medidos nos solos e de diferentes
áreas do setor pesquisado.
Tabela 1: Temperaturas
Fonte: dados da pesquisa.
É possível observar que a média de temperatura ambiente é de 12,5ºC, com
mínimo de 11,1ºC e máximo de 14,4ºC. Estes valores coincidem com as
preocupações que o autor tem com os colaboradores.
Igualmente, foi medida a velocidade do ar, a qual se encontra em um valor
médio de 0,39 m/s, sendo a mínima de 0,14 m/s e máxima de 0,66m/s. Se
comparados estes valores com os estabelecidos pela ACGIH, ABHO (1999), com
relação ao poder de resfriamento do vento sobre o corpo, considerando a
temperatura real do ar e a velocidade do ar para saber qual seria a temperatura
equivalente ao de resfriamento, pode-se observar que os valores de velocidade do
ar obtidos na área objeto de estudo são considerados abaixo dos valores de calma,
portanto não apresentam influência negativa.
LOCAL DAS
MEDIÇÕES
HORÁRIO
MEDIÇÕES
PARÂMETROS TÉRMICOS AMBIENTAIS
ta (ºC) tsolo(ºC) Va (m/s) UR (%) tproduto(°C)
Cortes Exportação
15:50 11,8 5,9 0,30 72,2 4,8
21:10 12,4 6,0 0,49 73,1 6,0
00:20 13,0 6,1 0,24 74,2 5,8
Cortes M. Interno
15:45 13,0 5,4 0,36 78,1 5,9
21:00 13,1 5,5 0,52 72,1 5,5
00:10 13,2 5,9 0,46 74,2 5,6
Cortes Especiais
16:05 11,8 5,9 0,32 75,1 8,4
21:05 12,0 6,0 0,38 74,4 8,3
00:15 12,2 6,2 0,42 72,1 7,8
MÉDIA DIÁRIA
Média Dia Exportação 12,4 6,0 0,34 73,2 5,5
Média Dia M. Interno 13,1 5,6 0,45 74,8 5,7
Média Dia C. Especiais 12,0 6,0 0,37 73,9 8,2
Média Geral do Setor 12,5 5,9 0,39 73,9 6,5
39
5.2 Indicadores psicológicos
Foi aplicada a técnica individual, com o objetivo de aprofundar alguns temas e
aspectos de interesse para a pesquisa. As entrevistas foram padronizadas e
realizadas em domicílio dos participantes afastados por depressão aprofundando-se
nos aspectos de interesse psicológico e, posteriormente, validado por colegiado dos
psicólogos.
5.3 Análises dos resultados do questionário
Distribuição dos participantes da pesquisa por unidades
A pesquisa deste estudo foi realizada com 222 empregados, divididos em 2
grupos: Procurados (N=222; 100%) e Encontrados (N=125; 56%), divididos em 7
unidades de trabalho, conforme a tabela 2 e gráfico 1.
Tabela 2: Distribuição dos empregados participantes da pesquisa de acordo com a unidade trabalho e
os grupos – procurados ou encontrados
UNIDADE DE
TRABALHO
PROCURADOS (N)
ENCONTRADOS
N %
Marau/RS 30 10 33%
Serafina/RS 23 20 87%
Lajeado/RS 18 14 78%
Videira/SC 57 24 42%
Capinzal/SC 74 43 58%
Herval/SC 11 7 64%
Salto Veloso/SC 9 7 78%
TOTAL 222 125
Fonte: dados da pesquisa.
40
Gáfico 1: Total de participantes por unidade
Fonte: dados da pesquisa.
Caracterização quanto ao tempo de afastamento total da empresa
Os dados da pesquisa revelam que, dentre os 125 entrevistados, 121 (97%)
já permaneceram afastados do ambiente de trabalho, por problemas de saúde;
conforme demonstra a tabela 3 e o gráfico 2.
Tabela 3: Tempo de afastamento
TEMPO DE
AFASTAMENTO
NUMERO DE
PROFISSIONAIS
AFASTADOS
%
Menos de 6 meses 23 19%
De 6 meses a 1 ano 17 14%
De 2 a 4 anos 47 39%
De 5 a 7 anos 28 23%
De 8 a 10 anos 6 5%
Mais de 10 anos 0 --
TOTAL 121 100%
Fonte: dados da pesquisa.
0
50
100
150
200
250
Marau/RS Serafina/RS Lajeado/RS Videira/SC Capinzal/SC Herval/SC Salto
Veloso/SC
TOTAL
Procurados 30 23 18 57 74 11 9 222
Encontrados 10 20 14 24 43 7 7 125
TOTAL DE PARTICIPANTES POR UNIDADE
41
Gráfico 2: Tempo de afastamento
Fonte: dados da pesquisa.
Demonstrativo quanto à dificuldade em realizar o trabalho
Dentre os 125 entrevistados que pertencem ao grupo dos Encontrados, 48
(38%) alegaram ter dificuldades para realizar suas atividades diárias (vide tabela 4 e
gráfico 3).
Tabela 4: Dificuldades para realizar o trabalho
Dificuldade para
realizar o trabalho
NUMERO DE
PROFISSIONAIS
AFASTADOS
%
Sim 48 38
Não 77 62%
TOTAL 125 100%
Fonte: dados da pesquisa.
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
Menos
de 6
meses
de 6
mesesa
1 ano
de 2 a 4
anos
de 5 a 7
anos
de 8 a
10 anos
mais de
10 anos
Tempo de afastamento 23 17 47 28 6 0
TEMPO DE AFASTAMENTO
42
Gráfico 3: Dificuldade em realizar o trabalho
Fonte: dados da pesquisa.
Demonstrativo da situação conjugal dos participantes
No grupo de Encontrados (N=125), 58 (46%) são casados e 29 (23%) são
amasiados; 27 (22%) são divorciados e 11 (9%) são solteiros (vide tabela 5 e gráfico
4).
Tabela 5: Situação conjugal
SITUAÇÃO
CONJUGAL
NUMERO DE
PROFISSIONAIS
%
Casado 58 46%
Amasiado 29 23%
Divorciado 27 22%
Viúvo 0 --
Solteiro 11 9%
TOTAL 125 100%
Fonte: dados da pesquisa.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Sim Não
Dificuldade em realizar o trabalho 48 77
DIFICULDADE EM REALIZARO TRABALHO
43
Gráfico 4: Situação conjugal
Fonte: dados da pesquisa.
Demonstrativo quanto ao início dos sintomas
De acordo com os dados da pesquisa, dentre os 125 entrevistados, 26 (21%)
declararam que não sabem quando surgiram os sintomas de problemas com a
saúde; 15 (12%) disseram que os sintomas tiveram início com a perda de um ente
querido; 84 (67%) responderam outros (vide tabela 6 e gráfico 5).
Tabela 6: Início dos sintomas
INÍCIO DOS
SINTOMAS
NUMERO DE
PROFISSIONAIS
%
Não sabe 26 21%
Perda de ente querido 15 12%
Outros 84 67%
TOTAL 125 100%
Fonte: dados da pesquisa.
0
10
20
30
40
50
60
Casado Amasiado Divorciado Viúvo Solteiro
SITUAÇÃO CONJUGAL 58 29 27 0 11
SITUAÇÃOCONJUGAL
44
Gráfico 5: Início dos sintomas
Fonte: dados da pesquisa.
Demonstrativo da quantidade de afastados que fazem uso de medicação
Dentre os 125 entrevistados, 115 (92%) trabalhadores fazem uso de
medicação (vide tabela 7 e gráfico 6).
Tabela 7: Uso de medicação
USO DE MEDICAÇÃO
NUMERO DE
PROFISSIONAIS
%
Sim 115 92%
Não 10 8%
TOTAL 125 100%
Fonte: dados da pesquisa.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
Não sabe Perdade ente
querido
Outros
Início dos sintomas 26 15 84
INÍCIO DOS SINTOMAS
45
Gráfico 6: Uso de medicação
Fonte: dados da pesquisa.
Demonstrativo da quantidade de afastados em tratamento
Dentre os 125 participantes da pesquisa, apenas 3 (2%) não realizam
nenhum tipo de tratamento. Os demais realizam tratamentos psicológicos;
psiquiátricos e outros tipos de tratamentos. É importante destacar que alguns
funcionários realizam acompanhamento psiquiátrico e psicológico e, por isso, o total
de números do gráfico é superior a 125, totalizando 156 respostas (vide tabela 8 e
gráfico 7).
Tabela 8: Tratamento
TRATAMENTO
NUMERO DE
PROFISSIONAIS
%
Psicológico 26 17%
Psiquiátrico 120 77%
Nenhum 3 2%
Outros 7 4%
TOTAL 156 100%
Fonte: dados da pesquisa.
0
20
40
60
80
100
120
Sim Não
USO DE MEDICAÇÃO 115 10
USO DE MEDICAÇÃO
46
Gráfico 7: Tratamento
Fonte: dados da pesquisa.
Demonstrativo dos participantes com histórico familiar de tratamento
A quantidade de participantes que possuem familiares com histórico familiar
de tratamento (psicológico/psiquiátrico/outros) é de 69 (55%) (vide tabela 9 e gráfico
8).
Tabela 9: Histórico familiar de tratamento
HISTÓRICO
FAMILIAR DE
TRATAMENTO
NUMERO DE
PROFISSIONAIS
%
Sim 69 55%
Não 56 45%
TOTAL 125 100%
Fonte: dados da pesquisa.
0
20
40
60
80
100
120
Psicológico Psiquiátrico Nenhum Outros
TRATAMENTO 26 120 3 7
TRATAMENTO
47
Gráfico 8: Histórico familiar de tratamento
Fonte: dados da pesquisa.
Demonstrativo dos participantes de acordo com o sexo
Dentre os 125 participantes da pesquisa, 56 (45%) pertencem ao sexo
masculino e 69 (55%) pertencem ao sexo feminino (vide tabela 10 e gráfico 9).
Tabela 10: Sexo
SEXO
NUMERO DE
PROFISSIONAIS
%
Masculino 56 45%
Feminino 69 55%
TOTAL 125 100%
Fonte: dados da pesquisa.
0
10
20
30
40
50
60
70
Sim Não
HISTÓRICO FAMILIAR DE
TRATAMENTO
69 56
HISTÓRICO FAMILIAR DE TRATAMENTO
48
Gráfico 9: Sexo
Fonte: dados da pesquisa.
As entrevistas com trabalhadores afastados por motivos psicológicos
demonstram que são variadas as causas das alterações psicossociais; que variam
desde problemas relacionados ao alcoolismo na família até desavenças conjugais.
Setenta e sete por cento (77%) dos entrevistados referiram-se ao alcoolismo na
família e aos problemas conjugais, além de problemas relacionados aos cuidadores,
e morte de entes queridos nos últimos cinco anos, além de problema de saúde na
família. Também é importante afirmar que 22,23% dos entrevistados relataram
sentirem-se sufocados no ambiente fechado, com sobrecarga e pressão no trabalho,
além de dificuldades de relacionamento com os coordenadores e colegas de
trabalho.
5.4 Dados Bioquímicos
As amostra foram coletadas dos trabalhadores antes do inicio da jornada
após uma hora de trabalho com 5 minutos e 10 minutos de intervalos, tambémforam
coletados após uma hora e quarenta minutos do labor e vinte minutos de intervalo.
5.5Apresentação da pesquisa laboratorial
0
10
20
30
40
50
60
70
Masculino Feminino
SEXO 56 69
SEXO DOS PARTICIPANTES
49
A pesquisa laboratorial realizada demonstra os resultado dos indicadores de
Lactato, pCO2, creatinofosfoquinase (CPK) e Amônia:
5.5.1 Representação gráfica COPACOL – Cooperativa Agroindustrial.
Figura 7: Indicador Lactato Copacol
Fonte: Exames laboratoriais – dados da pesquisa.
50
Figura 8 Indicador pCO2 Copacol
Fonte: Exames laboratoriais – dados da pesquisa.
Figura 9: Indicador CPK Copacol
Fonte: Exames laboratoriais – dados da pesquisa.
51
Figura 10: Indicador Amônia Copacol
Fonte: Exames laboratoriais – dados da pesquisa.
5.5.2 Representação gráfica COOPAVEL – Cooperativa Agroindustrial.
Figura 11 Indicador Lactato Coopavel
52
Fonte: Exames laboratoriais – dados da pesquisa.
Figura 12Indicador pCO2Coopavel
Fonte: Exames laboratoriais – dados da pesquisa
Figura 13: Indicador CPK Coopavel
Fonte: Exames laboratoriais – dados da pesquisa.
53
Figura 14: Indicador Amônia Coopavel
Fonte: Exames laboratoriais – dados da pesquisa.
5.5.3 Representação gráfica AVIVAR Alimentos.
Figura 15Indicador Lactato Avivar
Fonte: Exames laboratoriais – dados da pesquisa.
54
Figura 16: Indicador pCO2 Avivar
Fonte: Exames laboratoriais – dados da pesquisa.
Figura 17: Indicador CPK Avivar
Fonte: Exames laboratoriais – dados da pesquisa
55
Figura 18: Indicador Amônia Avivar
As amostras coletadas dos trabalhadores antes do inicio da jornada
mostraram ligeiras alterações nos resultados de amostra feminina, provavelmente
pela dupla jornada e viajem, nos demais se verificam alterações mínimas com 5
minutos e 10 minutos de intervalos após atividades de uma hora, porém as
alterações se tornam acentuadas após 20 minutos de repouso depois da jornada de
uma hora e quarenta minutos especialmente indicadores do CPK e amônia.
56
5.6Caracterização da área de estudo
A pesquisa teve a participação das empresas abaixo relacionadas, sendo que
o setor escolhido para esta pesquisa foi a área industrial, no abatedouro de aves,
cortes especializados de frangos, por apresentarem maior número de problemas.
COPACOL – Cooperativa Agroindustrial Consolata localizada em
Cafelandia/Pr, abate em média 300.000 frangos/dia, que são comercializados em
diversos estados brasileiros e em vários países no exterior; o quadro de
trabalhadores no abatedouro de aproximadamente 4.300 funcionários.
C. VALE – Cooperativa Agroindustrial localizada em Palotina-Pr tem uma
produção diária de abate 320.000 frangos/dia com número de empregados de 2903
compreendendo abatedouro de aves e setor de industrializados.
COOPAVEL – Cooperativa Agroindustrial situada no município de
CascavelPr, abate em média de 200.000 frangos por dia, sendo que trabalham no
abatedouro aproximadamente 2.200 funcionários.
RIVELLI ALIMENTOS, empresa do ramo de alimentício, situada no município
de Barbacena, Estado de Minas Gerais possui em seu quadro aproximadamente
1.400 empregados abatendo 90 mil frangos dia.
AVIVAR ALIMENTOS LTDA, empresa do ramo alimentício localizada no
município de São Sebastião do Oeste, Estado de Minas Gerais;
SEARA ALIMENTOS S/A, empresa do ramo de abate de aves, localizada no
município de Nuporanga, Estado de São Paulo, com 2.561 empregados e produção
diária de 180.000 frangos/dia.
SADIA S/A, empresa do ramo de abate e industrialização de carnes,
localizada no município de Chapecó, Estado de Santa Catarina com produção diária
de 226.000frango, 28.500 peru de corte, 20.000 peru temperado inteiros e20.000
frango inteiro com 6.055 funcionários.
57
6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Esta pesquisa demonstrou a importância da Ergonomia enquanto ciência para
o estudo dos ambientes de trabalho e mais especificamente, dos ambientes de
trabalho com temperaturas baixas. Por outro lado, demonstrou como a Ergonomia,
com suas técnicas e métodos, permite realizar o estudo da busca dos fatores que
incidem nas possíveis alterações fisiológicas, psicológicas e patológicas nos
trabalhadores e na solução ou redução dos problemas detectados.
Igualmente, este estudo inovou, ao ser direcionado para o pessoal, que
trabalha em ambientes frios, não comuns na literatura, uma vez que a maioria dos
trabalhos relacionados à análise de condições térmicas está relacionada a
temperaturas extremas e geralmente altas e, portanto os indicadores fisiológicos são
estudados em indivíduos que se encontram nessas condições. O presente estudo
demonstrou a necessidade de se aprofundar muito neste campo da Ergonomia e
conhecer como se comporta o organismo humano mediante as condições de
temperaturas baixas das câmaras frigoríficas, distintosdos ambientes artificialmente
frios .
O diferencial do gradiente da temperatura entre as zonas climáticas oficiais
preconizadas pelo mapa do IBGE (apêndice 1) é adequado para câmaras frigoríficas
e não apresenta beneficio algum para o trabalhador nos ambientes artificialmente
frios por eles terem temperatura constante e moderada no seu local de trabalho;
onde não existe movimentação de mercadorias em gradientes diferentes da
temperatura e nem mesmo vento acima do limite do conforto que poderia
eventualmente remover o calor.
É necessário conhecer a temperatura e a umidade relativa do ar para se
analisar a capacidade de contribuição da ventilação na remoção de calor do corpo
humano.
A velocidade do ar é medida por um instrumento chamado anemômetro e
expressada geralmente em m/s (metros por segundo) ou pé/s (pés por segundo).
Ela influi de forma significativa na troca térmica que se produz entre o trabalhador e
o meio ambiente (BATIZ, 2001a).
Para a condição de ar não saturado e com temperatura inferior à da pele,
pode-se afirmar que:
58
a) Quando a ventilação aumenta:
- O processo de evaporação aumenta, porque a umidade do corpo é retirada
mais rapidamente;
- O processo de convecção aumenta, porque a velocidade de troca do ar que
rodeia o corpo é maior.
b) Quando a ventilação diminui:
- Os processos de convecção e evaporação também diminuem.
Verifica-se assim, o cumprimento do primeiro objetivo específico.
Avaliadas as condições e temperaturas ambientais, dos produtos e do chão,
velocidade do ar e umidade relativa, identificam-se, nas técnicas de observação., os
fatores de riscos ambientais que podem gerar implicações aos trabalhadores:
As temperaturas do corpo apresentaram ligeiras alterações com relação ao
seu valor normal, o que indica que também o frio é um indicador influente da tensão
térmica. Às temperaturas das extremidades dos membros superiores (mãos) e as
inferiores (pés e tornozelos) foram muito menores com relação às outras partes do
corpo. A monotonia do trabalho tem demonstrado em poucos trabalhadores algum
tipo de alteração psicológica. O comportamento psicológico tem demonstrado
alterações que na maioria tem origem doméstica
Cumprimento do segundo objetivo específico do presente trabalho.
Com relação os indicadores bioquímicos os resultados obtidos podem ser
resumidos da seguinte forma:
• As alterações dos gases sanguíneos avaliados nos exames laboratoriaisLactato
PCO2,CreatinaFosfoquinase (CPK) e Amônia apresentaram alterações dignas de
observações e também parecem estar compensando entre si para não permitir
um distúrbio metabólico maior, que provocaria dano irreparável à saúde
(homeostase). De certa maneira, uma simples exposição aos intervalos
superiores a dez minutos provocam alteração nestes elementos;
• Amônia teve também alteração, após o retorno de pausas curtas, porém em
pausas longas foram significativas assim confirmaque esse indicador é alterado
quando o trabalhador está descansando por mais tempo.
Todas estas alterações têm valor importante, porque afetam o perfeito
funcionamento do corpo dos trabalhadores que trabalham nos ambientes frios
manuseando produtos frios. Por conseguinte, demonstra-se, no presente trabalho,
59
que, são indicadores bioquímicos de confiabilidade para conhecer o comportamento
do organismo humano quando se trabalha em ambientes artificialmente frios e as
pausas são longas.
Assim cumprimento do terceiro objetivo específico.
As temperaturas ambientais com gradientes frios, consideradas por certos
autores benéficas, embora tenha suas inconveniências mais por sensações de que
por afecções demonstrou este estudo de que os intervalos longos para recuperação
térmica podem causar mais danos de que benefícios, sendo assim a mais indicada
para ambientes artificialmente frios a (Tabela1 da ACGIH – apêndice 2) demonstra o
poder de resfriamento sobre o corpo exposto, expresso como temperatura
equivalente).
Alcançando assim, o quarto objetivo deste trabalho.
As alterações psicológicas estudadas nesta pesquisa demonstraram serem
insignificantes, porém deve-se levar em consideração porque a amônia tem seu
efeito na redução da permeabilidade da barreira hematoencefálica, que por sua vez,
dificultaria o transporte dos aminoácidos para o encéfalo, as alterações fisiológicas
estas são de grande importância como se verifica, elas podem ocasionar variadas
enfermidades a curto e longo prazo não só nos trabalhadores que trabalham nos
ambientes artificialmente frios bem como nos trabalhadores em ambientes normais.
Assim ratifica o objetivo Geral deste trabalho.
60
REFERÊNCIAS
ACGIH.AmericanConferenceofGovernmental Industrial Hygienists.Edição em
Português. Tradução: Associação Brasileira de Higienistas Ocupacionais – ABHO.
1999/2010.
BATIZ, E.C. Condições ambientais de trabalho. Florianópolis, 2001(a). p.1-41.
Apostila.
BATIZ, E.C. Gasto energético. Florianópolis, SC, 2001(b). p.1-10. Apostila.
CARVALHO, T. Esporte e produção de energia. 2009. Disponível em
<thttp://www.medicinadaaventura.com.br/index.php?option=com_content&view=articl
e&id=20:esporte-e-producao-de-energia&catid=11:saude&Itemid=9>, acesso em
julho, 2011.
DAVSON, H.; EGGLETON,G. Fisiologiahumana.13ª ed. Madrid: Aguilar, 1968.
DUL, J.; WEERDMEESTER, B. Ergonomia prática. Tradução ItiroIida. São Paulo:
Edgard Bluchderd, 2001.
DUTRA, A.R.A. Introdução à Ergonomia. Florianópolis, SC: [s.n.], 2000. Apostila.
FANGER, P.O. Thermal Comfort. New York: McGraw-Hill Book Company, 1970.
GIL, A.C. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 4ªed. São Paulo: Atlas, 1994.
207p.
GOTTSCHALL, C.A.M. Dinâmica cardiovascular: do miócito à maratona. São
Paulo: Editora Atheneu, 2005.
GUYTON, A.C.; HALL, J.E. Tratado de fisiologia médica. 10ª Ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2002.
LAKATOS, E.M.; MARCONI, M.A. Metodologia Científica. 2ª ed. São Paulo: Atlas,
1992.
MACHADO, M. Exercício, amônia e sistema nervoso central. Envolvimento dos
receptores NMDA. 2005. Disponível em
<http://www.efdeportes.com/efd89/amonia.htm>, acesso em julho, 2011.
MATOS, M.P. Exposição ocupacional ao frio. Nov., 2007. Disponível em
<http://www.higieneocupacional.com.br/download/frio-paiva.pdf>, acesso em julho,
2011.
MENDES, R. Patologia do trabalho. Rio de Janeiro: Atheneu, 2001.
61
Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho no 15 (NR 15).
Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho no 17 (NR 17).
Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho no 17.5 (NR 17.5).
Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho no 29 (NR 29).
RUAS, A.C. Avaliação de Conforto Térmico Contribuição à Aplicação Prática
das Normas Internacionais. São Paulo: Fundacentro, 2001. 77p.
RUAS, A.C. Conforto térmico nos ambientes de trabalho. São Paulo:
Fundacentro, 1999. 96p.
SARAIVA, C.L.T. Consolidação das Leis do Trabalho. Decreto Lei no 5.452 de 01
de maio de 1943. 2001.
SILVA, A.S.R.; SANTOS, F.N.C.; SANTHIAGO, V. et al. Comparação entre métodos
invasivos e não invasivo de determinação da capacidade aeróbia em futebolistas
profissionais. RevBrasMed Esporte, jul./ago. 2005, vol.11, no.4, p.233-237.
SILVA, S.G. Fisiologia do exercício: Bioenergética. Disponível em
<http://www.fisioex.ufpr.br/resources/BE066_2011_1_bioenergetica.pdf>, acesso em
jul./2011.
WICZICK, R.M. Diagnóstico da incidência de doenças associadas a LER/DORT
em trabalhadores de câmaras frigoríficas de Curitiba e região metropolitana.
Ponta Grossa: UTFPR (dissertação mestrado), 2008.
62
APÊNDICE 1: MAPA IBGE
63
APÊNDICE 2: TABELA 1 DA ACGIH
64
Manuel José de Lourdes Esteves
Clinico Geral
Especialista em Medicina do trabalho
Mestre em Eng. Produção ênfase em Ergonomia
Professor de Cursos de pós-graduação em Segurança do Trabalho
Professor de Curso de Perito Trabalhista
Apresentou trabalho no congresso Internacional (ICOH 2003)

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Artigo cientifico pausas

  • 1. Manuel José de Lourdes Esteves IMPLICAÇÕES PSICOFISIOLÓGICAS EM TRABALHADORES EXPOSTOS A PAUSAS LONGAS INTRAJORNADAS NOS AMBIENTES ARTIFICIALMENTE FRIOS 2011
  • 2. DEDICATÓRIA A toda minha família, aos meus pais, meu irmão (in memorian), minhas irmãs, e em especial a minha esposa Ivete Esteves e meus filhos: Clazância, Jonathan e Michael.
  • 3. AGRADECIMENTOS A Deus por ter me mantido vivo para poder pesquisar e escrever este trabalho. A Diretoria da Copacol através de seu Presidente Valter Pitol, Vice-Presidente Emilio Gonçalves Mori e ao Secretário de Administração Silvério Constantino que me aturam há mais de 20 anos. A todas as empresas que participantes da pesquisa que deram suas contribuições de maneira direta ou indireta.
  • 4. SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS.........................................................................................6 LISTA DE GRÁFICOS ......................................................................................7 LISTA DE QUADROS.......................................................................................8 LISTA DE TABELAS.........................................................................................9 RESUMO........................................................................................................10 ABSTRACT.....................................................................................................11 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................12 1.1 Considerações gerais............................................................................12 1.2 Problema de pesquisa...........................................................................14 1.3 Justificativa............................................................................................14 1.4 Objetivo geral ........................................................................................15 1.5 Objetivos específicos ............................................................................15 1.6 Limitações do trabalho ..........................................................................16 1.7 Estrutura do trabalho.............................................................................16 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ..................................................................17 2.1 Trocas de calor entre o corpo e o ambiente..........................................18 2.2 Nutrientes utilizados pelo organismo para a produção de energia........23 2.3 Estoques bioenergéticos de nutrientes e classificação dos nutrientes..24 2.4 Sistema do ácido láctico e fadiga muscular ..........................................28 2.5 Legislações ...........................................................................................31 3 FERRAMENTAL..........................................................................................34 4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS....................................................35 4.1 Caracterização da pesquisa..................................................................35 4.2 Entrevistas ............................................................................................36 4.3 Medição de parâmetros ambientais ......................................................35 4.4 Indicadores bioquímicos........................................................................37 5 APRESENTAÇÃO, DISCUSSÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS .........38 5.1Comparativo da pesquisa científica........................................................48 5.2 Indicadores psicológicos .......................................................................38 5.3 Parâmetros ambientais .........................................................................38 5.4 Análises dos resultados do questionário...............................................39 5.5 Dados Fisiológicos ................................................................................48
  • 5. 5.6 Caracterização da área de estudo ........................................................56 6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES......................................................57 REFERÊNCIAS ..............................................................................................60 APÊNDICE 1: MAPA IBGE............................................................................62 APÊNDICE 2: TABELA 1 DA ACGIH............................................................63
  • 6. 6 LISTA DE FIGURAS Figura 1: Mapa climático do IBGE.............................................................................21 Figura 2: Mapa do clima no Brasil – IBGE ................................................................21 Figura 3: Poder de resfriamento do vento sobre o corpo exposto, expresso como temperatura equivalente............................................................................................22 Figura 4: Hiperventilação ..........................................................................................27 Figura 5: Integração metabólica no SNC ..................................................................29 Figura 6: Gênese da amônia a partir da degradação de adenosina..........................30 Figura 7: Indicadores Copacol...................................................................................50 Figura 8: Indicadores Coopavel.................................................................................52 Figura 9: Indicadores AVIVAR Alimentos.....................Erro! Indicador não definido.
  • 7. 7 LISTA DE GRÁFICOS Gáfico 1: Total de participantes por unidade ..................................................40 Gráfico 2: Tempo de afastamento ..................................................................41 Gráfico 3: Dificuldade em realizar o trabalho..................................................42 Gráfico 4: Situação conjugal...........................................................................43 Gráfico 5: Início dos sintomas.........................................................................44 Gráfico 6: Uso de medicação..........................................................................45 Gráfico 7: Tratamento.....................................................................................46 Gráfico 8: Histórico familiar de tratamento......................................................47 Gráfico 9: Sexo...............................................................................................48
  • 8. 8 LISTA DE QUADROS Quadro 1: Regime de trabalho intermitente com descanso no próprio local de trabalho .....................................................................................................................19 Quadro 2: Limites de tempo para exposição a baixas temperaturas para pessoas adequadamente vestidas para exposição ao frio ......................................................20 Quadro 3: Estoques corporais de combustíveis e energia ........................................25
  • 9. 9 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Temperaturas ............................................................................................38 Tabela 2: Distribuição dos empregados participantes da pesquisa de acordo com a unidade trabalho e os grupos – procurados ou encontrados ....................................39 Tabela 3: Tempo de afastamento..............................................................................40 Tabela 4: Dificuldades para realizar o trabalho .........................................................41 Tabela 5: Situação conjugal ......................................................................................42 Tabela 6: Início dos sintomas....................................................................................43 Tabela 7: Uso de medicação.....................................................................................44 Tabela 8: Tratamento................................................................................................45 Tabela 9: Histórico familiar de tratamento.................................................................46 Tabela 10: Sexo ........................................................................................................47
  • 10. 10 RESUMO As condições ambientais naturais existentes numa região podem ser modificadas, dentre outros fatores, pelas características dos locais, pelas atividades que nela se realizam e pelas características dos meios de trabalhos existentes na área. Dessa forma, cria-se um ambiente de trabalho que, de acordo com as condições presentes, pode ser mais ou menos favorável à saúde dos trabalhadores. Para torná-las favoráveis, deve-se estabelecer um adequado intercâmbio térmico entre o trabalhador e o meio ambiente. Os efeitos adversos provocados no organismo humano quando submetido a ambientes de trabalho com altas temperaturas têm sido amplamente estudados e, por conseguinte, contam com suficientes conhecimentos para serem aplicados para minimizar ao máximo os efeitos nocivos. Porém, são poucos os trabalhos de pesquisa em ambientes frios realizados no Brasil, apesar de ser um país que conta com um grande número de empresas que utilizam ambientes frios em seu processo de produção. O mapa climático do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apresenta grandes variações térmicas, não levando em conta o clima artificialmente refrigerado dentro de frigoríficos que é constante, portanto, não sujeito a variações externas.Como médico do trabalho percebo a necessidade de ser participe quando se tratar em criar ou alterar normas a saúde do trabalhador.Na existência de uma nova proposta de aumentar pausas para a recuperação térmica, foi realizada uma pesquisa com os trabalhadores das empresas que laboram especificamente na área de corte de frangos.Utilizou-se os indicadores: psicossociais, níveis de gases sanguíneos como ácido láctico,pCO2 creatina fosfoquinase (CPK),e amônia. O presente estudo pretende avaliar se os indicadoressofrem alteraçõese os danos que podem ocasionar à saúde humana. PALAVRAS-CHAVE: Frio, Saúde, Trabalho, Pausas
  • 11. 11 ABSTRACT The existing natural environmental conditions in a given region may be modified, among other factors, by the characteristics of its locations, by the activity which is conducted in them, and by the characteristics of the means of work which exist in that area. In this way, one creates a work place which, according to its present conditions, may be more or less favorable to the health of its workers. To make these conditions favorable, it is necessary to establish an adequate thermal exchange between the worker and his environment. The adverse effects provoked upon the human body when submitted to high-temperature work places have been widely studied, and, as a consequence, there is more than enough knowledge available to be applied with the objective of minimizing, as far as possible, such harmful effects. And yet in Brazil there have been very few research projects conducted with regards to cold environments in spite of the country being one which boasts a large number of companies which employ cold environments in their production process, storage of raw materials, mid-stage and finished products. The climate map of IBGE presents large variations in not taking into account the climate artificially chilled in refrigerator that is constant, therefore not subject to external variations. Working as aoccupational physician I understand the need to be participant when it comes to creating or changing standards of the health worker. On the existence of a new proposeto increase thermal breaks for recovery, a survey was conducted in companies who labor, specifically in the area of chicken through the analysis of various indicators, Psychosocial, blood gas levels such as lactic acid, pCO2,Creatine phosphokinase (CPK), and Ammonia. This study aims to evaluate the influence of these changes and contribute to damage human health. KEY-WORDS: Cold, Health, Work Pauses
  • 12. 12 1 INTRODUÇÃO 1.1 Considerações gerais Em função das exigências das legislações nacionais e internacionais, as corporações têm procurado desenvolver políticas não só voltadas à produtividade, mas, também, à redução dos índices de incidentes, acidentes e doenças do trabalho, além de promover melhorias na qualidade de vida de seus funcionários. Como medico do trabalho atuante há 20 anos em áreas frigorificadas é mister a preocupação com a saúde do trabalhador, em 1950 em Genebra o comitê misto da organização internacional da saúde OIT e organização mundial da saúde OMS conceituam a medicina do trabalho como: “A Saúde ocupacional tem como objetivos: a promoção e manutenção do mais alto grau de bem estar físico, mental e social dos trabalhadores em todas as ocupações; a prevenção entre os trabalhadores, de desvios de saúde causados pelas condiçõesde trabalho; a proteção dos trabalhadores em seus empregos, dos riscos resultantes de fatores adversos à saúde; a colocação e manutenção do trabalhador adaptadas às aptidões fisiopsicológicas, em suma: a adaptação do trabalho ao homem e de cada homem a sua atividade” Com a extensão dos referenciais teóricosmencionados no transcorrer deste trabalho e autor da tese de mestrado em 2003 com titulo “Implicações Fisiopsicológicas em Trabalhadores Expostos a Ambientes Frios”, trabalho este apresentadono 27º Congresso Internacional daICOH 2003 “InernationalCommisiononOccupational Health“ motivou o interesse em aprofundar os conhecimentos com os trabalhadores expostos ao frio e qual o tempo ideal de pausas intrajornadas nos ambientes artificialmente refrigerados. Há muito tempo o homem preocupa-se de modo científico com o conforto térmico. Na obra Historyandartofwarmingandventilationroomsandbuildings, escrita por Walter Berman e publicada em 1845, o autor faz previsões de que o controle e a criação de ambientes climáticos artificiais contribuíram como ciência, para o desenvolvimento da humanidade, para preservação da saúde e, assim, ganho em longevidade.
  • 13. 13 Entre 1913 e 1923 foram realizados os primeiros esforços organizados para o estabelecimento de critérios a respeito do conforto térmico. Desde então o tema tem sido estudado em diferentes partes do mundo. Pesquisas mais recentes, realizadas no período de 1970 a 1986, comprovaram que o conforto térmico está estritamente relacionado com o equilíbrio térmico do corpo humano, que por sua vez é influenciado por fatores ambientais e pessoais. Assim sendo, há ambiente onde as condições são favoráveis ao equilíbrio térmico do corpo humano e o indivíduo sente-se bem disposto. Entretanto, há outros em que as condições são desfavoráveis, provocam indisposição, diminuem a eficiência no trabalho e aumentam a possibilidade da ocorrência de acidentes (RUAS, 1999). A sensação térmica é subjetiva, variando de indivíduo para indivíduo; determinado ambiente pode ser termicamente confortável para uma pessoa ao mesmo tempo em que é desconfortável para outra. Portanto, as diferenças individuais são fatores importantes a considerar na troca térmica entre o trabalhador e o meio ambiente. Deste modo, a sensação de bem-estar térmico ambiental pode ter diferentes reações, em razão dos diferentes gradientes da temperatura. As condições ambientais naturais existentes numa determinada região são modificadas, geralmente, pelas particularidades dos locais, variando desde a atividade que neles se realizam até as características dos meios de trabalho que existem nesta área. Dessa forma, cria-se um ambiente de trabalho que, de acordo com as condições existentes, pode ser mais ou menos prejudiciais à saúde dos trabalhadores. Para que tais condições possam ser favoráveis, deve-se estabelecer um adequado intercâmbio térmico entre o trabalhador e o meio ambiente, para que não haja implicações futuras (CONCEPCIÓN, 2001). Duboisapud Mendes (1995) relata que deve haver um perfeito equilíbrio entre o indivíduo e o meio ambiente. Este conceito vem demonstrar a importância que tem a perfeita harmonia entre o indivíduo e seu habitat. Dessa forma, pode-se dizer que o meio externo age sobre o meio interno, ou seja, as condições de trabalho às quais o homem está exposto podem interferir em sua saúde. Sendo o homem um ser homeotérmico, ele tem a propriedade de manter, por meio de variados mecanismos e respeitando determinados limites, a temperatura
  • 14. 14 corporal interna relativamente constante independentemente da temperatura ambiente. Com base nas organizações supracitadas, é possível afirmar que o conforto térmico é essencial para a qualidade de vida no ambiente de trabalho. O conforto térmico deve existir tanto para temperaturas elevadas como para baixas temperaturas. Mas, os estudos relacionados aos confortos térmicos e suas consequências são, de um modo geral, sobre temperaturas elevadas. Pouco se tem estudado sobre a influência do frio nos trabalhadores que desenvolvem suas atividades em ambientes artificialmente frios, ou ainda, sobre a influência das pausas prolongadas como possível solução, ou não, para eventuais injúrias provocadas na saúde dos trabalhadores em ambientes artificialmente frios. 1.2 Problemas de pesquisa O problema de pesquisa que orienta este estudo é o seguinte: quais as implicações das pausas prolongadas na saúde dos trabalhadores em ambientes artificialmente frios? 1.3 Justificativa A escolha do tema se justifica no fato de que o aumento da produtividade no ambiente de trabalho está diretamente relacionado à melhoria na qualidade de vida dos trabalhadores. Produtividade e equilíbrio emocional são inseparáveis. Desta forma, não há ação puramente produtiva, uma vez que nela intervêm, em graus diversos, os sentimentos e os valores, assim como não há ação puramente emocional, pois o bem-estar supõe produtividade. Sendo uma das definições da Ergonomia a adaptação das condições do trabalho ao homem, observa-se que pouco se tem investido e aplicado no âmbito do trabalho em benefício do trabalhador. Muitos são os fatores de riscos presentes nas diferentes atividades e áreas de trabalho com ambientes frios e o aumento do tempo de pausas pode não ser a solução mais adequada para esses problemas.
  • 15. 15 Desta análise, evidencia-se a presença de relações influentes entre os fatores endógenos (interior) e os exógenos (exterior), havendo concomitância desses dois fatores. Neste sentido, pode-se dizer que o comportamento do indivíduo não resulta apenas da personalidade, mas sim da interação dos fatores hereditários, personalidade, relação com o meio externo e o ambiente (AGUIAR, 1989). Sob este panorama, o presente estudo justifica a intervenção ergonômica no setor de cortes especializados de frangos e outros ambientes artificialmente frios, a partir da implantação de um novo modelo de programa de ergonomia, com metas que visam amenizar ou até mesmo elidir as condições predisponentes às doenças ocupacionais e não simplesmente aumentar as pausas. 1.4 Objetivo geral O objetivo deste estudo é investigar as alterações psicofisiológicas que as pausas prolongadas intrajornadas podem causar no organismo humano dos trabalhadores em geral, com ênfase no caso dos trabalhadores que atuam nos ambientes artificialmente frios. 1.5 Objetivos específicos Os objetivos específicos deste estudo são os seguintes: • Avaliar o efeito de variações térmicas do mapa climático Oficial do IBGE (apêndice 1) no prejuízo à saúde humana; • Identificar os fatores de riscos ambientais que podem gerar implicações psicofisiológicas aos trabalhadores; • Avaliar o comportamento dos indicadores bioquímicos do pCO2,do ácido lácteo e seus subprodutos nos trabalhadores após diferentes pausas; • Equacionar Tabela 1 (apêndice 2) da American ConferenceofGovernmental Industrial Hygienists (ACGIH), sobre o poder de resfriamento do vento sobre o corpo exposto, considerando a temperatura do ar/bulbo seco.
  • 16. 16 1.6 Limitações do trabalho Este trabalho tem como foco principal pesquisar os fatores de risco a que estão expostos os trabalhadores que executam suas atividades a baixas temperaturas, nas agroindústrias de produção avícola, setor de cortes especiais de frangos, submetidos a longos intervalos intrajornadas. É importante relevar, no entanto, que o estudo apresenta algumas limitações, sobretudo, em função da carência de referências bibliográficas acerca da influência e das implicações, tanto fisiológicas quanto psicológicas, do frio no ser humano em ambientes de trabalho. Da mesma forma, a questão da avaliação dos fatores ambientais na aplicação de indicadores de conforto térmico não será aprofundada, o que não desmerece sua importância. 1.7Estrutura do trabalho Para facilitar a compreensão do texto, o presente estudo foi dividido em seis capítulos estruturados de modo a discutir os fatores de risco a que estão submetidos os trabalhadores de corte de frango; e a influência desses fatores no corpo humano, especialmente em relação às pausas longas, com o intuito de propor soluções que minimizem ou mesmo eliminem seus efeitos adversos. No primeiro capítulo o objeto deste estudo é introduzido por intermédio da apresentação da problemática, da sua importância, justificativa, objetivos geral e específicos, assim como as limitações encontradas durante a elaboração do estudo, por fim é apresentada a estrutura do trabalho. O segundo capítulo é formado pela fundamentação teórica em que são estudados e debatidos aspectos relacionados com os mecanismos de trocas de calor, geração de calor, mecanismo fisiológico no ambiente frio, efeitos metabólicos no frio, o frio e sua relação com as alterações psicofisiológicas, consequências das pausas prolongadas; além das legislações vigentes relacionadas com ambientes frios e suas limitações. O terceiro capítulo apresenta a descrição teórica do ferramental, onde são detalhados os principais métodos e técnicas utilizados para a coleta das informações necessárias à realização de uma pesquisa. São explicados, de forma sucinta, porém
  • 17. 17 minuciosa, as características e tipos de entrevistas que existem, os tipos de questionários para indicadores psicológicos e exames para os indicadores fisiológicos e sua forma de medição. No quarto capítulo é abordada a metodologia que será aplicada neste estudo para a consecução dos objetivos. São definidas as características da presente pesquisa, a população e amostra a serem estudadas, assim como as características das técnicas e métodos de coleta de informação específica, detalhando as características próprias a cada uma delas e como auxiliam no cumprimento dos objetivos. O quinto capítulo é composto por resultados e análise. São apresentadas as características da área objeto de estudo, assim como os resultados obtidos da aplicação das diferentes técnicas e métodos por meio de uma discussão, detectando-se os fatores de riscos que podem estar ocasionando acidentes do trabalho e doenças profissionais nos trabalhadores analisados. Também são propostas soluções para minimizar ou eliminar os efeitos adversos que as condições de trabalho podem provocar no organismo humano. Por fim, o sexto capítulo apresenta as conclusões para a situação analisada e as recomendações para trabalhos futuros. 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA As cavernas foram os primeiros abrigos do homem para se proteger das agressividades do sol e da chuva. Os iglus são muito conhecidos em todo mundo como “as casas de inverno dos esquimós”. Mas ao contrário do que se imagina o iglu não é feito de gelo, mas de neve (empilhada por uma tempestade), que é um excelente isolante térmico, mantendo uma temperatura agradável dentro do iglu. Muito embora a preocupação científica do homem com o seu conforto térmico seja antiga, pouco se tem estudado sobre o frio e suas consequências. Dedicação maior tem sido dada aos efeitos do calor sobre o corpo humano e suas consequências. Para Davson e Eggleton (1968) a exposição ao frio é menos importante, uma vez que, são as altas temperaturas que ocasionam alterações fisiológicas no homem.
  • 18. 18 Frente à afirmação supracitada, é importante relevar que, no presente estudo não são levadas em consideração as possíveis patologias causadas pela exposição ao frio; mas, sim analisar as implicações causadas pelas pausas prolongadas à saúde de trabalhadores em ambientes artificialmente frios. 2.1 Trocas de calor entre o corpo e o ambiente O sistema cardiovascular do organismo humano desenvolve um rol fundamental na termorregulação (BATIZ, 2001a). O corpo humano é um sistema termodinâmico que produz calor e interage continuamente com o ambiente para conseguir o balanço térmico indispensável para a vida. Existe, assim, uma constante troca de calor entre o corpo e o meio, regido pelas leis da física, sendo influenciada por mecanismos de adaptação fisiológica, condições ambientais e fatores individuais (RUAS, 2001). O sangue serve de refrigerante a todos os órgãos internos e músculos onde se gera calor metabólico, sendo transportado até os capilares que se encontram na pele, dissipando-se, assim, para o ambiente exterior. Num clima caloroso, existe afluência de sangue para a superfície do corpo, aumentando a temperatura. O corpo começa a suar com o objetivo de esfriar a pele e, devido à evaporação do suor sobre ela, inicia-se um processo de esfriamento do sangue. O contrário acontece quando o clima é frio. Neste caso, o sangue fica longe da pele, acumulando-se na parte central do corpo, evitando a saída de calor. Podem acontecer tremores (tiritar) como um exercício involuntário do corpo na tentativa de produzir calor e manter a temperatura interna, para um correto funcionamento do organismo. Esta capacidade de aclimatar-se é devido a uma reação natural do organismo exercida pelo SNC (Sistema Nervoso Central) informado pelo hipotálamo que funciona como um termostato. De acordo com Ruas (1999), existem basicamente três mecanismos de troca térmica do corpo humano com o ambiente: convecção, radiação e evaporação. Tais mecanismos conseguem manter o equilíbrio térmico do organismo, representado pela equação do equilíbrio térmico do corpo. A manutenção da temperatura interna do organismo depende do equilíbrio entre as perdas e ganhos de calor do corpo.
  • 19. 19 A exposição do trabalhador ao calor é avaliada por intermédio do Índice de Bulbo Úmido Termômetro de Globo (IBUTG), definido pelas equações que se seguem, conforme determinação da Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho no 15: Ambientes internos ou externos sem carga solar: IBUTG = 0,7 tbn + 0,3 tg Ambientes externos com carga solar: IBUTG = 0,7tbn + 0,1tbs + 0,2 tg Onde: tbn= temperatura de bulbo úmido natural tg= temperatura de globo tbs= temperatura de bulbo seco Para realizar a avaliação do IBUTG devem ser utilizados os seguintes aparelhos: termômetro de bulbo úmido natural, termômetro de globo e termômetro de mercúrio comum (NR 15). As medidas devem ser realizadas no local onde permanece o trabalhador, à altura da região do corpo mais atingida (NR 15). O regime de trabalho intermitente é definido conforme o IBUTG obtido (vide quadro 1). Quadro 1: Regime de trabalho intermitente com descanso no próprio local de trabalho Regime de trabalho intermitente com descanso no próprio local de trabalho (por hora) TIPO DE ATIVIDADE LEVE MODERADA PESADA Trabalho contínuo até 30,0 até 26,7 até, 25,0 45 minutos trabalho 15 minutos de descanso 30,1 a 30,5 26,8 a 28,0 25,1 a 25,9 30 minutos de trabalho 30 minutos de descanso 30,7 a 31,4 28,1 a 29,4 26,0 a 27,9 15 minutos trabalho 45 minutos de descanso 31,5 a 32,2 29,5 a 31,1 28,0 a 30,0 Não é permitido o trabalho, sem a adoção de medidas adequadas de controle acima de 32,2 acima de 31,1 acima de 30,0 Fonte: NR 15, p. 4. O anexo 9 da NR 15 dispõe sobre as atividades realizadas em ambientes artificialmente frios: As atividades ou operações executadas no interior de câmaras frigoríficas, ou em locais que apresentem condições similares, que exponham os trabalhadores ao frio, sem a proteção adequada, serão consideradas
  • 20. 20 insalubres em decorrência de laudo de inspeção realizada no local de trabalho (NR 15, p. 62). A NR 15 não determina limites de temperaturas para a caracterização da insalubridade em ambientes artificialmente frios. Deste modo, a insalubridade é determinada pelo critério técnico do perito, no momento da inspeção no local de trabalho e que deve fazer distinção entre câmara frigorífica e ambiente artificialmente frio. A Fundacentro,com base em diversos estudos e pesquisas nacionais e internacionais, apresenta uma tabela que fixa o tempo máximo de trabalho permitido para cada faixa de temperatura. O tempo de trabalho em ambientes artificialmente frios é intercalados com folgas para recuperação térmica em local fora do ambiente considerado frio (MATOS2007) (vide quadro 2) As câmaras frigoríficas são locais nas indústrias de alimentos onde são estocados seus produtos para posterior embarque em caminhões, contêineres e baús frigoríficos, ao contrario dos locais com frio artificial são setores de resfriamento para conservação, desossa e beneficiamento. O art. 253 visa com intervalos proporcionar conforto térmico do trabalhador (art.178 da CLT). Quadro 2: Limites de tempo para exposição a baixas temperaturas para pessoas adequadamente vestidas para exposição ao frio Faixa de temperatura bulbo sexo ( o C) Máxima exposição diária permissível para pessoas adequadamente vestidas para exposição ao frio 15,0 a -17,9* 12,0 a -17,9** 10,0 a -17,9*** Tempo total de trabalho no ambiente frio de 6 horas e 40 minutos, sendo quatro períodos de 1 hora e 40 minutos alternados com 20 minutos de repouso e recuperação térmica, fora do ambiente frio. -18,0 a -33,9 Tempo total de trabalho no ambiente frio de 4 horas, alternando-se 1 hora de trabalho com 1 hora de repouso e recuperação térmica, fora do ambiente frio. -34,0 a -56,9 Tempo total de trabalho no ambiente frio de 1 hora, sendo dois períodos de 30 minutos com separação mínima de 4 horas para repouso e recuperação térmica, fora do ambiente frio. -57,0 a -73,0 Tempo total de trabalho no ambiente frio de 5 minutos, sendo o restante da jornada cumprida obrigatoriamente fora do ambiente frio. Abaixo de -73,0 Não é permitida exposição ao ambiente frio seja qual for a vestimenta utilizada * Faixa de temperatura válida para trabalhos em zona climática quente, de acordo com o mapa oficial do IBGE. ** Faixa de temperatura válida para trabalhos em zona climática subquente, de acordo com o mapa oficial do IBGE. *** Faixa de temperatura válida para trabalhos em zona climática mesotérmica, de acordo com o mapa oficial do IBGE. Fonte: Matos, 2007, p. 93.
  • 21. 21 A figura abaixo apresenta o mapa climático do IBGE. Figura 1: Mapa climático do IBGE Fonte: IBGE, 2011 A figura 2 apresenta o mapa climático do IBGE delimitado por zonas climáticas, facilitando a compreensão do tipo de clima em cada região do país. Figura 2: Mapa do clima no Brasil – IBGE Fonte: IBGE, 2011.
  • 22. 22 Além das determinações supracitadas, outras instituições também se dedicam ao estudo e regulamentação deaspectos técnicos relacionados à Saúde Ocupacional e Ambiental. A American ConferenceofGovernmental Industrial Hygienistsdedicam ao estudo e regulamentação de (ACGIH), é uma organização profissional e não governamental dedicada aos aspectos técnicos e administrativos da Saúde Ocupacional e Ambiental. Esta Associação tem contribuído para o desenvolvimento da proteção da saúde dos trabalhadores. Estabeleceu vários parâmetros e limites de tolerância para diversos agentes prejudiciais no desempenho de atividades. Para a exposição ao frio, foram colocados limites somente para proteger os trabalhadores dos efeitos mais graves, como hipotermia e outras doenças causadas quando a temperatura interna do corpo atinge menos de 36ºC. Existe recomendação para que o corpo inteiro esteja protegido, em especial da velocidade do vento. A figura 3 apresenta a tabela 1 da ACGIH, a qual orienta que a temperatura de até 4ºC com ventos de até 4,47 m/s não apresentam riscos a saúde do ser humano. Figura 3: Poder de resfriamento do vento sobre o corpo exposto, expresso como temperatura equivalente Fonte: ACGIH, 2011.
  • 23. 23 2.2 Nutrientes utilizados pelo organismo para a produção de energia Os nutrientes são substâncias constituintes dos alimentos que são utilizadas pelas células nos seus processos vitais ou que, de alguma forma, são essenciais ao funcionamento do organismo, fornecendo a energia ou matéria necessária para a manutenção da vida. Encontram-se em forma de proteínas, lipídeos e carboidratos. As proteínas são compostos orgânicos presentes na natureza, caracterizadas como polímeros de aminoácidos. Quando digeridas as proteínas liberam as unidades de aminoácidos que após serem absorvidos pelo intestino e entrarem na corrente sanguínea, atingem as células nas quais são metabolizados e podem seguir vários caminhos como: originar novas proteínas (síntese proteica); serem degradados (desaminaçãooxidativa); dar origem a aminoácidos não essenciais se necessário (transaminação); ou dar origem a glicose (gliconeogênese) e desta forma atuar como fonte de energia. A fórmula geral dos aminoácidos é RCH (NH2) COOH, onde o carbono central é denominado alfa e possui 4 ligantes geralmente diferentes, com exceção da glicina onde o “R” é um hidrogênio. “O” pode ser “R”, um radical orgânico, onde conforme o radical os aminoácidos podem ser classificados em polar, apolares, ácidos e básicos. O outro ligante é sempre um hidrogênio (-H), o outro um agrupamento de amina (NH2) e por fim uma carboxila (COOH). Sobre os lipídeos, é importante destacar que existem várias formas como: colesterol, éster de colesterol, ácidos graxos, ceras, esfingolipídios, fosfolipídios e triacilgliceróis, entre outros. Dentre os lipídeos ingeridos na dieta, 90% são triacilgliceróis que também constituem a principal forma de armazenamento de lipídeos no organismo. Os triacilgliceróis são estruturalmente formados pela união de um glicerol e três ácidos graxos que podem ser de cadeia curta (AGCC: menos que doze carbonos na cadeia hidrocarbonada) ou de cadeia longa (AGCL: mais que doze carbonos na cadeia hidrocarbonada). Os AGCL são os mais abundantes. Sendo assim, durante a digestão dos triacilgliceróis os ácidos graxos podem ser liberados dos gliceróis. Estes por sua vez são absorvidos e remontados no intestino na forma de triacilgliceróis caindo inicialmente na circulação linfática e depois sanguínea novamente. Neste trajeto os mesmos serão armazenados nas células de gordura chamadas de adipócitos, mas antes são hidrolisados e ligados
  • 24. 24 novamente, já dentro da célula. O lipídeo armazenado está na forma de triglicerídeos. Quando se faz necessário ocorre um estímulo para a produção de enzimas que irão quebrar o triglicerídeo dentro das células em três moléculas de ACGL e um glicerol. O glicerol por sua vez pode ir para via de gliconeogênese e ser utilizado para produzir glicose para ser fonte de energia celular. Os carboidratos (CHO) são substâncias orgânicas pertencentes à classe dos compostos representados pelos açúcares como os monossacarídeos (glicose, galactose, frutose), dissacarídeos (sacarose, maltose, isomaltose, lactose), oligossacarídeos (dextrinas) e polissacarídeos de reserva de energia vegetal (amido) e animal (glicogênio). Os carboidratos contêm carbono, hidrogênio e oxigênio. Após a digestão dos dissacarídeos, oligossacarídeos e polissacarídeos pelo organismo ocorre a liberação dos monossacarídeos que são absorvidos no intestino e entram na circulação sanguínea, atingindo as células. Deste modo, podem seguir vias como síntese de glicogênio (gliconeogênese) para ser estoque de glicose, ou outras. Para que a glicose entre nas células ocorre à ação do hormônio peptídico insulina e dos captadores intracelulares. Quando se faz necessário ocorre um estímulo das células pelo hormônio glucagon que faz com que o glicogênio seja degradado e libere glicoses (glicogenólise). Deste modo, as glicoses são utilizadas como fonte de energia. De toda a energia produzida, aproximadamente 25% é aproveitada para estocagem; o restante é gasto na produção de calor. Como não existe reserva de ATP (mecanismos de transferência de energia), é preciso fazer a ressíntese. A ressíntese do ATP ocorre por três vias, que constituem mecanismos energéticos: ATP-CP (Fosfagênico); Glicolítico ou Láctico; Oxidação. Tais mecanismos têm como objetivo liberar energia dos nutrientes e transformá-la em ATP, para que as mesmas possam ser utilizadas nas atividades físicas (CARVALHO, 2009). 2.3 Estoques bioenergéticos de nutrientes e classificação dos nutrientes Os estoques bioenergéticos de nutrientes são substratos de alimentos transformados em nutrientes no corpo, armazenados em forma de energia, a qual fica disponível para uso voluntário (esforço físico, psicológico) ou involuntário
  • 25. 25 (manutenção da vida). O quadro 3 apresenta os estoques corporais de combustíveis e energia. Quadro 3: Estoques corporais de combustíveis e energia Gramas Kcal CARBOIDRATOS Glicogênio Hepático 110 451 Glicogênio Muscular 250 1025 Glucose em Fluidos Corporais 15 62 TOTAL 375 1538 LIPÍDIOS Subcutâneo 7800 70980 Intramuscular 161 1465 TOTAL 7961 72445 Obs.: estimativas baseadas em massa corporal de 65 Kg (com 12% de gordura corporal). Fonte: Silva, 2011, p.7. Os nutrientes podem ser classificados como ATP-CrP que tem a creatina fosfatada como principal fonte de energia; e o ácido láctico ou glicólise anaeróbia, que usa glicose na ausência de oxigênio. O ácido láctico consiste num uso ineficiente da glicose, produzindo subprodutos que, acredita-se, sejam prejudiciais ao funcionamento muscular. Durante exercícios de intensidade alta a máxima, o sistema de ácido láctico é o dominante, durante curto período de tempo (aproximadamente um minuto). Mas, o ácido láctico também é responsável por uma parte da energia durante exercício aeróbio, uma vez que o organismo é capaz de livrar-se dos subprodutos anaeróbios até certo nível. O treinamento melhora a eficiência da remoção dos subprodutos pelos músculos. Os nutrientes transformados por enzimas são classificados como alostéricos e estequiométricos. Os alostéricos são reguladores que possuem, além dos sítios que se unem ao substrato, sítios de ligação especial (alostéricos), aos quais o ATP se liga e informa a enzima de que não existe necessidade da produção de ATP. Se o ADP se ligar a esse sítio, é porque precisa produzir mais ATP. Os estequiométricos somente possuem pontos de ligação para o substrato e atuam dependentes da quantidade de substrato disponível. O Sistema Nervoso Central (SNC) depende unicamente do glicogênio hepático, uma vez que o glicogênio muscular não é devolvido ao sangue como glicose. Os aminoácidos ficam estocados na célula muscular sob a forma de proteína muscular propriamente dita.
  • 26. 26 O processo aeróbico ocorre dentro mitocôndria, enquanto que o anaeróbico ocorre no citoplasma. A membrana mitocondrial não é permeável ao ácido graxo, diferentemente do sarcolema. A carnitinaleva o ácido graxo para dentro dos hidrogênios. Na molécula de glicose, os pares eletrônicos dos hidrogênios fornecem energia. Em repouso, o lactato sanguíneo é baixo ao se iniciar o exercício, o lactato sanguíneo sobe até chegar ao Steady-State, quando se estabiliza, podendo vir a baixar o nível. No caso de se tratar de exercício anaeróbico, o lactato sempre sobe, uma vez que não chega nunca ao Steady-State. A primeira etapa da oxidação da glicose é sempre anaeróbica; é mais rápida e ocorre no citoplasma, produzindo ou não lactato, uma vez que depende do tipo de exercício (aeróbio ou anaeróbio). A segunda etapa é lenta e ocorre na mitocôndria. É importante destacar que a frequência cardíaca não deve ser usada como indicador de recuperação entre ‘tiros’, pois ela cai muito antes da recuperação do ambiente celular. Num teste ergométrico, a frequência cardíaca (fc) sobe até alcançar o Steady-State máximo e estaciona, enquanto a ventilação continua a aumentar. Este ponto, onde a frequência cardíaca para de subir, é o limiar anaeróbico. Na literatura são encontrados diversos estudos sobre os vários tipos de protocolos de avaliação da capacidade funcional. Cada um destes protocolos produz repercussões fisiológicas específicas, sendo desta forma essencial à caracterização minuciosa de suas respostas para a compreensão dos mecanismos envolvidos (SILVA ET AL., 2005). O limiar anaeróbico é o ponto durante exercício dinâmico em que os músculos utilizam metabolismo anaeróbico como uma fonte energética adicional, embora nem todos se desviem simultaneamente para a anaerobiose. O pico do exercício se caracteriza por uma grande redução da participação vagal e concomitante aumento da atividade adrenérgica (SILVA ET AL., 2005). O limiar anaeróbico decorre do acúmulo de ácido láctico num sujeito sadio não treinado quando este alcança 40 a 60% do VO2 máximo; o que pode produzir acidose metabólica com a intensificação do exercício (GOTTSCHALL, 2005). À medida que se forma o lactato, este é tamponado no soro pelo bicarbonato, resultando em excreção aumentada de CO2, e causando hiperventilação reflexa. Assim, o limiar anaeróbico de troca gasosa é o ponto no qual a ventilação aumenta
  • 27. 27 desproporcionalmente em relação ao VO2 e ao trabalho (hiperventilação). Esse limiar fica aparente no ponto em que a inflexão do VCO2 se separa da do VO2 ou quando as inflexões dos dois se interceptam (Figura 4). Isto é, abaixo do limiar anaeróbico, o VCO2 é proporcional ao VO2, enquanto que acima do limiar anaeróbico o VCO2 é produzido em excesso ao VO2 (GOTTSCHALL, 2005). Figura 4: Hiperventilação Fonte: Gottschall, 2005, p. 60. De acordo com a figura 4, à esquerda: até cerca de 80 I/min de ventilação alveolar há uma relação linear entre ventilação pulmonar e trabalho aeróbico, após o que a ventilação se torna maior que as necessidades metabólicas (hiperventilação), passando o trabalho a ser anaeróbico (fase de exaustão). À direita: as variações da pH eCO2são o principal estímulo químico à ventilação e lineares com o volume minuto ventilatório numa ampla faixa. Embora o estímulo pela acidose nos quimiorreceptores centrais seja mais agudo na fase inicial, não se matem tanto, enquanto o estímulo ventilatório pela hipoxemia é mais retardado (GOTTSCHALL, 2005). A utilidade do limiar anaeróbico decorre de que o trabalho abaixo desse nível abarca a maior parte das atividades diárias. Uma elevação nesse limiar pelo treinamento aumenta a capacidade individual para realizar atividades submáximas sustentadas, com consequente melhoria da qualidade de vida. O limiar anaeróbico1 tem sido principalmente determinado por meio do uso de procedimentos invasivos e não invasivos durante teste incremental. Esse parâmetro 1 O limiar anaeróbico é considerado marcador da transição do metabolismo aeróbio/anaeróbico e tem sido empregado na avaliação da capacidade funcional em níveis submáximos de exercício (SILVA ET AL., 2005). Pode ser expresso em: VO2: ml.kg-1.min-1; Carga: km/h, mph, watts, kp, etc. Frequência Cardíaca: bpm.
  • 28. 28 de capacidade aeróbia tem sido identificado por meio da concentração sanguínea de lactato, pela determinação de alterações nas trocas gasosas, chamado de limiar de anaerobiose ventilatório, pela resposta da frequência cardíaca e/ou pela eletromiografia de superfície (SILVA ET AL., 2005). 2.4 Sistema do ácido láctico e fadiga muscular No sistema do ácido láctico a obtenção de ATP se deve à quebra do glicogênio, que é uma substância presente no músculo, e é nessa ‘quebra’ do glicogênio que se produz o ácido láctico. A produção de ácido láctico é a responsável pela queda da acidez, que é a consequência da falta de oxigênio no músculo (exercício anaeróbio). A queda no pH é responsável pela fadiga muscular. Além dos neurotransmissores DO e 5-HT, o metabólito amônia também influencia a fadiga aguda no SNC de forma multifatorial, causando alterações tanto no metabolismo energético quanto nas funções neurológicas. A amônia que também é liberada pelo sistema gástrico produzido durante intervalos longos é prejudicial à saúde. De acordo com Machado (2005), o metabolismo da amônia no Sistema Nervoso Central está diretamente relacionado ao ciclo de glutamina/glutamato, essencial para os neurônios glutamatérgicos. Esse ciclo compreende a síntese de glutamato no terminal pré-sináptico pela reação de desaminaçãooxidativa catalisada peta glutamato desidrogenase (GDH, E.C. 3.5.1.2), esse glutamato é liberado na fenda sináptica para transmissão de impulso nervoso. A captação do glutamato ocorre, sobretudo pelos astrócitos por meio de transportadores, assim que é captado é convertido a glutamina pela glutamina sintetase (GS, E.C. 6.3.1.2) e liberado para o interstício e novamente captado pelo neurônio pré-sináptico (figura 5).
  • 29. 29 Figura 5: Integração metabólica no SNC. O glutamato liberado na fenda sináptica é captado principalmente pelos astrócitos e convertido em glutamina pela GS. A glutamina é exportada para o neurônio que a reconverte em glutamato. Praticamente todo o pool de glutamato no SNC é sintetizado a partir do a-cetoglutarato do ciclo do ácido tricarboxilico produzidos no próprio SNC. Fonte: Machado, 2005, p. 2. O exercício gera estresse e, consequentemente altera a demanda energética e, assim o metabolismo. As alterações metabólicas induzem a utilização de reservas e a produção de inúmeros metabólitos que podem ou não ser nocivos ao próprio organismo (MACHADO, 2005). Segundo Turíbio (1999) a teoria metabólica sustenta-se na explicação de que as cãibras ocorrem quando o músculo se torna "intoxicado" por metabólitos provenientes da atividade contrátil. Uma das substâncias tóxicas ao músculo é a amônia; produzida durante a oxidação das proteínas, normalmente ela é conduzida ao fígado sob a forma de glutamina ou alanina e, neste órgão, é biotransformada em ureia a qual é levada pela corrente sanguínea até os rins, onde é filtrada e excretada. Entretanto, durante a atividade física o fígado tem sua atividade reduzida e, consequentemente, a transformação de amônia em ureia é muito menos intensa do que em condições de
  • 30. 30 repouso. Com isso percebe-se um maior acúmulo de amônia próximo às fibras musculares e, devido a sua toxidade, pode levar ao estabelecimento das cãibras musculares. A restrição energética no SNC promovida pela amônia ocorre em virtude do aumento da glicólise pela atividade enzimática da fosfofrutoquinase, bem como pela depleção dos substratos do ciclo de (Krebs e da NAD+). Nos mecanismos de auto-regulação que levam à homeostase, atuam, integralmente, fatores nervosos e hormonais. Tais mecanismos implicam em retroalimentação (feedback), que por sua vez aumenta ou diminui função (pressão, glicemia frequência cardíaca, etc.), podendo provocar uma alteração no organismo (física ou química e psicológica). Esta alteração desencadeia uma reação para a correção funcional, garantindo o equilíbrio dinâmico (GUYTON, 2002). Segundo Machado (2005), durante o exercício, outra fonte de amônia vem da via de degradação de nucleotídeos com o aparecimento concomitante de IMP e urato. Quando a demanda energética é elevada e a concentração de ADP aumenta, ocorre a ativação da mioquinase (MK), enzima responsável pela transferência de fosfatos entre dois ADP, sendo os produtos ATP e AMP. A relação entre as concentrações de ATP, ADP e AMP é importante na regulação do metabolismo, sendo assim a produção de AMP pela MK deve ser rapidamente equilibrada, isso ocorre a partir da ativação da AMP deaminase (AD) que produz IMP e amônia (figura 6). Figura 6: Gênese da amônia a partir da degradação de adenosina. A ação da mioquinase (MK) transfere um fosfato do ADP para outro com produção de ATP e AMP. O aumento da concentração de AMP ativa a AMP deaminase (AD) que tem como produto o IMP e a amônia (NH3). Estas reações fazem parte do ciclo da adenina nucleotídeo. Fonte: Machado, 2005, p. 2.
  • 31. 31 A amônia é um dos fatores relacionado com a fadiga central. Machado (2005) explica que a hiperamonemia clínica provoca efeitos como alterações no ciclo de sono/vigília, coordenação neuromuscular, cognição, entre outros. Tais efeitos são observados temporariamente em indivíduos que apresentam hiperamonemiasubclínica. Esse tipo de alteração é similar à encontrada em exercícios extenuantes e, sobretudo, naqueles em que a duração é elevada. Nesse sentido, Dul e Weerdmeester (2001, p. 21) afirmam que a “fadiga muscular pode ser reduzida com diversas pausas curtas distribuídas ao longo da jornada de trabalho”; que são consideradas melhores que pausas longas realizadas ao final de uma tarefa de longo período, ou ao fim da jornada de trabalho. 2.5 Legislações A legislação elaborada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, como determina a Constituição Federal de 1988, levou em conta somente as condições de gradientes extremos dos ambientes de temperaturas baixas (câmaras frigoríficas e similares), através da NR 29 (Norma Regulamentadora 29), direcionada a Serviços Portuários. No entanto, não se refere às indústrias frigoríficas, onde as temperaturas são moderadamente baixas. Analisando a mens legis da Nr. 29, a conclusão a que se chega é que segundo o próprio legislador sanitarista, o trabalho em frio moderado de forma contínua, não traz necessidade de intervalos especiais, pois os intervalos regulares de refeições já são suficientes para devolver o conforto térmico. No Brasil, as únicas considerações relacionadas ao frio estão contidas no artigo 253 da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) e no Anexo 9 da NR 15 (Atividades e Operações Insalubres) aprovada pela Portaria 3.214 de 08 de junho de 1978. O artigo 253 da CLT, caput, diz o seguinte: Para os empregados que trabalham no interior das câmaras frigoríficas e para os que movimentam mercadorias do ambiente quente ou normal para o frio e vice-versa, depois de uma hora e quarenta minutos de trabalho contínuo, será assegurado, um período de vinte minutos de repouso, computado esse intervalo como o de trabalho efetivo.
  • 32. 32 Parágrafo Único: Considera-se artificialmente frio, para os fins do presente artigo, o que for inferior, na primeira, segunda e terceira zonas climáticas do mapa oficial do Ministério do Trabalho, a 15º (quinze graus), na quarta zona a 12º (doze graus), e na Quinta, sexta e sétima zona a 10º (dez graus). Conforme o Anexo 9 da NR 15: As atividades ou operações executadas no interior de câmaras frigoríficas, ou em locais que apresentem condições similares, que exponham os trabalhadores ao frio, sem a proteção adequada, serão considerados insalubres em decorrência de laudo de inspeção realizada no local de trabalho. No Brasil não existe uma norma oficial para avaliação ambiental com limites de tolerância, mas uma recomendação da Fundacentro, pela necessidade de aplicarem os conhecimentos de transmissão de calor e de psicométrica no balanço térmico do homem, analisando a sobrecarga térmica e suas consequências sobre a saúde. Destacam-se, para o frio, os seguintes índices: • Índice WCI (Wind Chill Index – Sensação Térmica); • Tensões por Trocas Térmicas (ACGIH); • Recomendações no Brasil (Ministério do Trabalho e Emprego); • Índice IREQ (Isolamento de Roupas – ISO 11079). De acordo com Wiczick (2008) as principais normas relacionadas aos estudos de conforto térmico pertencem à ISO (InternationalOrganization for Standardization), e pela ASHRAE (American SocietyofHeating, Refrigeratingand Air- ConditioningEngineers), sendo que esses dois conjuntos de normas possuem em comum o fato de que seus dizeres foram elaborados a partir de estudos realizados em câmaras climatizadas, como o realizado por Fanger (1970). As principais normas são: ISO 7730/2005: Ambientes Térmicos Moderados – Determinação dos Índices PMV e PPD e Especificações das Condições para Conforto. ISO 10551/2001: Ergonomia de Ambientes Térmicos - Verificação da Influência do Ambiente Térmico Usando Escalas Subjetivas de Julgamento. ISO 8996/2004: Ergonomia - Determinação da Produção do Calor Metabólico. ASHRAE Standard 55-2004: Ambientes Térmicos - Condições para a Ocupação Humana. ISO/TR 11079/2007: Avaliação de ambientes frios - Determinação do isolamento requerido de vestimentas. ISO 7726/1998: Instrumentos e métodos de medição de parâmetros ambientais (WICZICK, 2008, p. 26). O artigo 253-CLT e a NR 29 (Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalhador Portuário), são específicos para os empregados que trabalham no interior das câmaras frigoríficas e para os que movimentam
  • 33. 33 mercadorias do ambiente quente ou normal para o frio e vice-versa porque nessas atividades existe o risco de ventos com velocidades de desconforto. A NR 17 (Norma Regulamentadora 17: Ergonomia) estabelece as condições ideais para desempenho de atividades, porém, sem menção às condições de ambientes refrigerados, referindo-se somente às condições se tornarem desconfortáveis em virtude de instalações geradoras de frio, o que não parece ser suficiente. Art.177 – Se as condições de ambiente se tornarem desconfortáveis, em virtude de instalações geradoras de frio ou de calor, será obrigatório o uso de vestimenta adequada para o trabalho em tais condições ou de capelas, anteparos, paredes duplas, isolamento térmico e recursos similares, de forma que os empregados fiquem protegidos contra as radiações térmicas. A NR 17.5 (Norma Regulamentadora 17.5: Condições ambientais de trabalho) determina que: 17.5.1. As condições ambientais de trabalho devem estar adequadas às características fisiopsicológicas dos trabalhadores e à natureza do trabalho a ser executado. 17.5.2. Nos locais de trabalho onde são executadas atividades que exijam solicitação intelectual e atenção constante, tais como: salas de controle, laboratórios, escritórios, salas de desenvolvimento ou análise de projetos, dentre outros, são recomendadas as seguintes condições de conforto: a) níveis de ruído, de acordo com o estabelecido na NBR 10152, norma brasileira registrada no INMETRO (117.023-6 / I2); b) índice de temperatura efetiva entre 20°C e 23°C (117.024-4 / I2); c) velo cidade do ar não superior a 0,75m/s (117.025-2 / I2); d) umidade relativa do ar não inferior a 40% (117.026-0 / I2). 17.5.2.2. Os parâmetros previstos no subitem 17.5.2 devem ser medidos nos postos de trabalho, sendo os níveis de ruído determinados próximos à zona auditiva e as demais variáveis na altura do tórax do trabalhador. 17.5.3. Em todos os locais de trabalho deve haver iluminação adequada, natural ou artificial, geral ou suplementar, apropriada à natureza da atividade. A aplicabilidade da legislação e normas supracitadas, nas câmaras frigoríficas ou similares, especialmente nos portos, nos navios e/ou outros meios de transportes e estocagem, pode ser eficiente em maior ou menor grau. Mas, apresentam uma realidade ambiental diferente daquela vivida pelos trabalhadores que atuam em locais com frio artificial que são setores resfriados para produção industrializada de carnes, subprodutos ou cortes, cujas temperaturas moderadamente baixas e a exposição ao ambiente artificialmente frio são constantes.
  • 34. 34 3 FERRAMENTAL A Ergonomia, como ciência, apóia-se em métodos e técnicas de coletas de dados que permitem conhecer e avaliar uma situação determinada, com vistas a propor medidas que ajudem a eliminar ou minimizar os riscos presentes, garantindo a conservação da saúde dos trabalhadores, aumentando da qualidade do trabalho e, por conseguinte, o da produtividade, através de uma melhoria substancial do meio ambiente, tanto interno como externo. Entre as técnicas de coleta de informação para análise de riscos prospectivos no trabalho, podem ser aplicadas: • Análise documental; • Observação; • Medições de parâmetros ambientais; • Entrevistas; • Questionário; • Indicadores psicológicos; • Indicadores bioquímicos.
  • 35. 35 4PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 4.1 Caracterização da pesquisa Para determinar o método de pesquisa foi utilizada a recomendação de W. Goode e P. K. HattapudRicharson (1989, p.38): A pesquisa moderna deve rejeitar como uma falsa dicotomia a separação entre estudos ‘qualitativos’ e ‘quantitativos’ ou entre ponto da vista ‘estatístico’. Além disso, não importa quão precisas sejam as medidas, o que é medido continua a ser uma qualidade. Denomina-se pesquisa participante, quando a pesquisa se desenvolve a partir da interação entre pesquisadores e membros das situações investigadas. Assim, esta pesquisa caracteriza-se como aplicada, qualiquantitativa e descritiva, já que descreve a realidade encontrada na empresa analisada (GIL, 1994), com abordagem exploratória por explorar novos conceitos. O procedimento metodológico é documental, já que foi elaborado a partir de documentos que não receberam tratamento analítico, de estudo de caso, uma vez que envolve a análise profunda e exaustiva de um objeto, possibilitando o seu amplo e detalhado conhecimento. 4.2Medição de parâmetros ambientais Os pontos de medição foram determinados cumprindo o princípio de que elas fossem representativas da situação a ser analisada e permitissem chegar a conclusões sobre como estes fatores poderiam influir nos problemas de doenças apresentados pelos trabalhadores. Os parâmetros medidos e seus valores foram recolhidos em tabelas, como a apresentada no Apêndice 2. • Temperatura do ar, medida com um termômetro de globo eletrônicomarca TGM 100, de fabricação TESTO (Alemanha), cujos intervalos variam entre -50ºC e 100°C, com precisão de 0,1% e resolução 0,1°C. As medições foram realizadas nos p ontos selecionados, uma vez que a temperatura ambiente tem influência direta sobre trabalhador.
  • 36. 36 • Velocidade do ar, medida nos mesmos pontos onde foram realizadas as medições de temperatura do ar, com o auxílio de um anemômetro da marca Texto 405-V1, de fabricação TESTO (Alemanha), cujos intervalos variam entre 0 a 5 m/s e com uma precisão de 0.01 m/s. A velocidade do ar tem influência direta na remoção do calor do ambiente e da superfície do corpo. • Umidade relativa, medida com um higrômetro da marca Texto 605 H1, de fabricação TESTO (Alemanha), cujos intervalos variam entre 5 a 95 %, com uma precisão de 0.1 %. Assim como aconteceu com os valores de temperatura do ar e velocidade do ar, os valores foram medidos nos mesmos pontos. Quando são medidos os valores de temperatura do ar, velocidade do ar e umidade relativa nos mesmos pontos de medição;existe certa garantia de que todos os fatores determinantes das condições psicrométricas desse ponto sejam estudados. • Temperatura do solo, medida utilizando um termômetro de contato da marca Testo (Mini-Oberflãchen-Thermometer), de fabricação TESTO (Alemanha), cujos intervalos variam entre -50 a 250°C, com uma precisão de ±1°C. 4.3 Entrevistas Para Lakatos& Marconi (1992) entrevista é a técnica pela qual se obtém informações através de conversação efetuada face a face, de maneira metódica; proporcionando verbalmente a informação necessária ao entrevistador. É extremamente importante, dada a liberdade de expressão e porque, em função do entrevistador estar presente, ele pode refletir sobre a veracidade das respostas. O objetivo fundamental das entrevistas é a obtenção de informações de um entrevistado sobre determinado assunto ou problema. As entrevistas, segundo o número de pessoas que participam, podem-se classificar em: • Individual, quando só participa o entrevistador e a pessoa entrevistada; geralmente são as mais comuns;
  • 37. 37 • Coletiva, podendo ocorrer as seguintes situações: um só entrevistador e várias pessoas entrevistadas; vários entrevistados e vários entrevistadores; vários entrevistadores e só um entrevistado. Segundo a forma de se apresentar, a entrevista pode ser classificada em: • Padronizada ou estruturada: quando é estabelecido um roteiro prévio para sua execução e está dirigida a conhecer aspectos específicos que permitam ao pesquisador aprofundar sobre um ou vários temas de interesse para sua pesquisa. São realizadas seguindo um esquema predeterminado, com perguntas concretas e definidas com precisão. A entrevista segue um esquema que responde à pergunta/resposta. O objetivo é que o entrevistado dê respostas concisas e concretas, sem divagações, explicações e sem se estender muito no tema. É muito utilizada quando se precisa de uma informação objetiva; • Despadronizada ou não-estruturada: quando não existe rigidez de roteiro, nem esquema predeterminado. Por isso mesmo, algumas questões podem ser mais amplamente exploradas. 4.4 Indicadores bioquímicos Dosagens laboratoriais: são certos parâmetros que, em geral, são obtidos através de dosagens sanguíneas de alguns elementos essenciais para a manutenção da vida. Gasometria venosa: é uma dosagem sanguínea diferente da gasometria arterial é mais precisa na avaliação do nível do lactato,pCO2creatinefosfoquinase,e amônia que podem sofrer alterações nas pausas prolongadas, provocando acidose metabólica e hipóxia com abaixamento do nível do oxigênio, diminuindo a produção de ATP. Exames foram realizados: • Antesdo início da jornada, • Apósuma hora de jornada e seguintes intervalos: • 5 minutos,10 minutos • com uma hora e quarenta minutos de jornada de trabalhoeapós vinte minutos de intervalo.
  • 38. 38 5 APRESENTAÇÃO, DISCUSSÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS 5.1 Parâmetros ambientais Os valores descritos na tabela 1 foram medidos nos solos e de diferentes áreas do setor pesquisado. Tabela 1: Temperaturas Fonte: dados da pesquisa. É possível observar que a média de temperatura ambiente é de 12,5ºC, com mínimo de 11,1ºC e máximo de 14,4ºC. Estes valores coincidem com as preocupações que o autor tem com os colaboradores. Igualmente, foi medida a velocidade do ar, a qual se encontra em um valor médio de 0,39 m/s, sendo a mínima de 0,14 m/s e máxima de 0,66m/s. Se comparados estes valores com os estabelecidos pela ACGIH, ABHO (1999), com relação ao poder de resfriamento do vento sobre o corpo, considerando a temperatura real do ar e a velocidade do ar para saber qual seria a temperatura equivalente ao de resfriamento, pode-se observar que os valores de velocidade do ar obtidos na área objeto de estudo são considerados abaixo dos valores de calma, portanto não apresentam influência negativa. LOCAL DAS MEDIÇÕES HORÁRIO MEDIÇÕES PARÂMETROS TÉRMICOS AMBIENTAIS ta (ºC) tsolo(ºC) Va (m/s) UR (%) tproduto(°C) Cortes Exportação 15:50 11,8 5,9 0,30 72,2 4,8 21:10 12,4 6,0 0,49 73,1 6,0 00:20 13,0 6,1 0,24 74,2 5,8 Cortes M. Interno 15:45 13,0 5,4 0,36 78,1 5,9 21:00 13,1 5,5 0,52 72,1 5,5 00:10 13,2 5,9 0,46 74,2 5,6 Cortes Especiais 16:05 11,8 5,9 0,32 75,1 8,4 21:05 12,0 6,0 0,38 74,4 8,3 00:15 12,2 6,2 0,42 72,1 7,8 MÉDIA DIÁRIA Média Dia Exportação 12,4 6,0 0,34 73,2 5,5 Média Dia M. Interno 13,1 5,6 0,45 74,8 5,7 Média Dia C. Especiais 12,0 6,0 0,37 73,9 8,2 Média Geral do Setor 12,5 5,9 0,39 73,9 6,5
  • 39. 39 5.2 Indicadores psicológicos Foi aplicada a técnica individual, com o objetivo de aprofundar alguns temas e aspectos de interesse para a pesquisa. As entrevistas foram padronizadas e realizadas em domicílio dos participantes afastados por depressão aprofundando-se nos aspectos de interesse psicológico e, posteriormente, validado por colegiado dos psicólogos. 5.3 Análises dos resultados do questionário Distribuição dos participantes da pesquisa por unidades A pesquisa deste estudo foi realizada com 222 empregados, divididos em 2 grupos: Procurados (N=222; 100%) e Encontrados (N=125; 56%), divididos em 7 unidades de trabalho, conforme a tabela 2 e gráfico 1. Tabela 2: Distribuição dos empregados participantes da pesquisa de acordo com a unidade trabalho e os grupos – procurados ou encontrados UNIDADE DE TRABALHO PROCURADOS (N) ENCONTRADOS N % Marau/RS 30 10 33% Serafina/RS 23 20 87% Lajeado/RS 18 14 78% Videira/SC 57 24 42% Capinzal/SC 74 43 58% Herval/SC 11 7 64% Salto Veloso/SC 9 7 78% TOTAL 222 125 Fonte: dados da pesquisa.
  • 40. 40 Gáfico 1: Total de participantes por unidade Fonte: dados da pesquisa. Caracterização quanto ao tempo de afastamento total da empresa Os dados da pesquisa revelam que, dentre os 125 entrevistados, 121 (97%) já permaneceram afastados do ambiente de trabalho, por problemas de saúde; conforme demonstra a tabela 3 e o gráfico 2. Tabela 3: Tempo de afastamento TEMPO DE AFASTAMENTO NUMERO DE PROFISSIONAIS AFASTADOS % Menos de 6 meses 23 19% De 6 meses a 1 ano 17 14% De 2 a 4 anos 47 39% De 5 a 7 anos 28 23% De 8 a 10 anos 6 5% Mais de 10 anos 0 -- TOTAL 121 100% Fonte: dados da pesquisa. 0 50 100 150 200 250 Marau/RS Serafina/RS Lajeado/RS Videira/SC Capinzal/SC Herval/SC Salto Veloso/SC TOTAL Procurados 30 23 18 57 74 11 9 222 Encontrados 10 20 14 24 43 7 7 125 TOTAL DE PARTICIPANTES POR UNIDADE
  • 41. 41 Gráfico 2: Tempo de afastamento Fonte: dados da pesquisa. Demonstrativo quanto à dificuldade em realizar o trabalho Dentre os 125 entrevistados que pertencem ao grupo dos Encontrados, 48 (38%) alegaram ter dificuldades para realizar suas atividades diárias (vide tabela 4 e gráfico 3). Tabela 4: Dificuldades para realizar o trabalho Dificuldade para realizar o trabalho NUMERO DE PROFISSIONAIS AFASTADOS % Sim 48 38 Não 77 62% TOTAL 125 100% Fonte: dados da pesquisa. 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 Menos de 6 meses de 6 mesesa 1 ano de 2 a 4 anos de 5 a 7 anos de 8 a 10 anos mais de 10 anos Tempo de afastamento 23 17 47 28 6 0 TEMPO DE AFASTAMENTO
  • 42. 42 Gráfico 3: Dificuldade em realizar o trabalho Fonte: dados da pesquisa. Demonstrativo da situação conjugal dos participantes No grupo de Encontrados (N=125), 58 (46%) são casados e 29 (23%) são amasiados; 27 (22%) são divorciados e 11 (9%) são solteiros (vide tabela 5 e gráfico 4). Tabela 5: Situação conjugal SITUAÇÃO CONJUGAL NUMERO DE PROFISSIONAIS % Casado 58 46% Amasiado 29 23% Divorciado 27 22% Viúvo 0 -- Solteiro 11 9% TOTAL 125 100% Fonte: dados da pesquisa. 0 10 20 30 40 50 60 70 80 Sim Não Dificuldade em realizar o trabalho 48 77 DIFICULDADE EM REALIZARO TRABALHO
  • 43. 43 Gráfico 4: Situação conjugal Fonte: dados da pesquisa. Demonstrativo quanto ao início dos sintomas De acordo com os dados da pesquisa, dentre os 125 entrevistados, 26 (21%) declararam que não sabem quando surgiram os sintomas de problemas com a saúde; 15 (12%) disseram que os sintomas tiveram início com a perda de um ente querido; 84 (67%) responderam outros (vide tabela 6 e gráfico 5). Tabela 6: Início dos sintomas INÍCIO DOS SINTOMAS NUMERO DE PROFISSIONAIS % Não sabe 26 21% Perda de ente querido 15 12% Outros 84 67% TOTAL 125 100% Fonte: dados da pesquisa. 0 10 20 30 40 50 60 Casado Amasiado Divorciado Viúvo Solteiro SITUAÇÃO CONJUGAL 58 29 27 0 11 SITUAÇÃOCONJUGAL
  • 44. 44 Gráfico 5: Início dos sintomas Fonte: dados da pesquisa. Demonstrativo da quantidade de afastados que fazem uso de medicação Dentre os 125 entrevistados, 115 (92%) trabalhadores fazem uso de medicação (vide tabela 7 e gráfico 6). Tabela 7: Uso de medicação USO DE MEDICAÇÃO NUMERO DE PROFISSIONAIS % Sim 115 92% Não 10 8% TOTAL 125 100% Fonte: dados da pesquisa. 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 Não sabe Perdade ente querido Outros Início dos sintomas 26 15 84 INÍCIO DOS SINTOMAS
  • 45. 45 Gráfico 6: Uso de medicação Fonte: dados da pesquisa. Demonstrativo da quantidade de afastados em tratamento Dentre os 125 participantes da pesquisa, apenas 3 (2%) não realizam nenhum tipo de tratamento. Os demais realizam tratamentos psicológicos; psiquiátricos e outros tipos de tratamentos. É importante destacar que alguns funcionários realizam acompanhamento psiquiátrico e psicológico e, por isso, o total de números do gráfico é superior a 125, totalizando 156 respostas (vide tabela 8 e gráfico 7). Tabela 8: Tratamento TRATAMENTO NUMERO DE PROFISSIONAIS % Psicológico 26 17% Psiquiátrico 120 77% Nenhum 3 2% Outros 7 4% TOTAL 156 100% Fonte: dados da pesquisa. 0 20 40 60 80 100 120 Sim Não USO DE MEDICAÇÃO 115 10 USO DE MEDICAÇÃO
  • 46. 46 Gráfico 7: Tratamento Fonte: dados da pesquisa. Demonstrativo dos participantes com histórico familiar de tratamento A quantidade de participantes que possuem familiares com histórico familiar de tratamento (psicológico/psiquiátrico/outros) é de 69 (55%) (vide tabela 9 e gráfico 8). Tabela 9: Histórico familiar de tratamento HISTÓRICO FAMILIAR DE TRATAMENTO NUMERO DE PROFISSIONAIS % Sim 69 55% Não 56 45% TOTAL 125 100% Fonte: dados da pesquisa. 0 20 40 60 80 100 120 Psicológico Psiquiátrico Nenhum Outros TRATAMENTO 26 120 3 7 TRATAMENTO
  • 47. 47 Gráfico 8: Histórico familiar de tratamento Fonte: dados da pesquisa. Demonstrativo dos participantes de acordo com o sexo Dentre os 125 participantes da pesquisa, 56 (45%) pertencem ao sexo masculino e 69 (55%) pertencem ao sexo feminino (vide tabela 10 e gráfico 9). Tabela 10: Sexo SEXO NUMERO DE PROFISSIONAIS % Masculino 56 45% Feminino 69 55% TOTAL 125 100% Fonte: dados da pesquisa. 0 10 20 30 40 50 60 70 Sim Não HISTÓRICO FAMILIAR DE TRATAMENTO 69 56 HISTÓRICO FAMILIAR DE TRATAMENTO
  • 48. 48 Gráfico 9: Sexo Fonte: dados da pesquisa. As entrevistas com trabalhadores afastados por motivos psicológicos demonstram que são variadas as causas das alterações psicossociais; que variam desde problemas relacionados ao alcoolismo na família até desavenças conjugais. Setenta e sete por cento (77%) dos entrevistados referiram-se ao alcoolismo na família e aos problemas conjugais, além de problemas relacionados aos cuidadores, e morte de entes queridos nos últimos cinco anos, além de problema de saúde na família. Também é importante afirmar que 22,23% dos entrevistados relataram sentirem-se sufocados no ambiente fechado, com sobrecarga e pressão no trabalho, além de dificuldades de relacionamento com os coordenadores e colegas de trabalho. 5.4 Dados Bioquímicos As amostra foram coletadas dos trabalhadores antes do inicio da jornada após uma hora de trabalho com 5 minutos e 10 minutos de intervalos, tambémforam coletados após uma hora e quarenta minutos do labor e vinte minutos de intervalo. 5.5Apresentação da pesquisa laboratorial 0 10 20 30 40 50 60 70 Masculino Feminino SEXO 56 69 SEXO DOS PARTICIPANTES
  • 49. 49 A pesquisa laboratorial realizada demonstra os resultado dos indicadores de Lactato, pCO2, creatinofosfoquinase (CPK) e Amônia: 5.5.1 Representação gráfica COPACOL – Cooperativa Agroindustrial. Figura 7: Indicador Lactato Copacol Fonte: Exames laboratoriais – dados da pesquisa.
  • 50. 50 Figura 8 Indicador pCO2 Copacol Fonte: Exames laboratoriais – dados da pesquisa. Figura 9: Indicador CPK Copacol Fonte: Exames laboratoriais – dados da pesquisa.
  • 51. 51 Figura 10: Indicador Amônia Copacol Fonte: Exames laboratoriais – dados da pesquisa. 5.5.2 Representação gráfica COOPAVEL – Cooperativa Agroindustrial. Figura 11 Indicador Lactato Coopavel
  • 52. 52 Fonte: Exames laboratoriais – dados da pesquisa. Figura 12Indicador pCO2Coopavel Fonte: Exames laboratoriais – dados da pesquisa Figura 13: Indicador CPK Coopavel Fonte: Exames laboratoriais – dados da pesquisa.
  • 53. 53 Figura 14: Indicador Amônia Coopavel Fonte: Exames laboratoriais – dados da pesquisa. 5.5.3 Representação gráfica AVIVAR Alimentos. Figura 15Indicador Lactato Avivar Fonte: Exames laboratoriais – dados da pesquisa.
  • 54. 54 Figura 16: Indicador pCO2 Avivar Fonte: Exames laboratoriais – dados da pesquisa. Figura 17: Indicador CPK Avivar Fonte: Exames laboratoriais – dados da pesquisa
  • 55. 55 Figura 18: Indicador Amônia Avivar As amostras coletadas dos trabalhadores antes do inicio da jornada mostraram ligeiras alterações nos resultados de amostra feminina, provavelmente pela dupla jornada e viajem, nos demais se verificam alterações mínimas com 5 minutos e 10 minutos de intervalos após atividades de uma hora, porém as alterações se tornam acentuadas após 20 minutos de repouso depois da jornada de uma hora e quarenta minutos especialmente indicadores do CPK e amônia.
  • 56. 56 5.6Caracterização da área de estudo A pesquisa teve a participação das empresas abaixo relacionadas, sendo que o setor escolhido para esta pesquisa foi a área industrial, no abatedouro de aves, cortes especializados de frangos, por apresentarem maior número de problemas. COPACOL – Cooperativa Agroindustrial Consolata localizada em Cafelandia/Pr, abate em média 300.000 frangos/dia, que são comercializados em diversos estados brasileiros e em vários países no exterior; o quadro de trabalhadores no abatedouro de aproximadamente 4.300 funcionários. C. VALE – Cooperativa Agroindustrial localizada em Palotina-Pr tem uma produção diária de abate 320.000 frangos/dia com número de empregados de 2903 compreendendo abatedouro de aves e setor de industrializados. COOPAVEL – Cooperativa Agroindustrial situada no município de CascavelPr, abate em média de 200.000 frangos por dia, sendo que trabalham no abatedouro aproximadamente 2.200 funcionários. RIVELLI ALIMENTOS, empresa do ramo de alimentício, situada no município de Barbacena, Estado de Minas Gerais possui em seu quadro aproximadamente 1.400 empregados abatendo 90 mil frangos dia. AVIVAR ALIMENTOS LTDA, empresa do ramo alimentício localizada no município de São Sebastião do Oeste, Estado de Minas Gerais; SEARA ALIMENTOS S/A, empresa do ramo de abate de aves, localizada no município de Nuporanga, Estado de São Paulo, com 2.561 empregados e produção diária de 180.000 frangos/dia. SADIA S/A, empresa do ramo de abate e industrialização de carnes, localizada no município de Chapecó, Estado de Santa Catarina com produção diária de 226.000frango, 28.500 peru de corte, 20.000 peru temperado inteiros e20.000 frango inteiro com 6.055 funcionários.
  • 57. 57 6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES Esta pesquisa demonstrou a importância da Ergonomia enquanto ciência para o estudo dos ambientes de trabalho e mais especificamente, dos ambientes de trabalho com temperaturas baixas. Por outro lado, demonstrou como a Ergonomia, com suas técnicas e métodos, permite realizar o estudo da busca dos fatores que incidem nas possíveis alterações fisiológicas, psicológicas e patológicas nos trabalhadores e na solução ou redução dos problemas detectados. Igualmente, este estudo inovou, ao ser direcionado para o pessoal, que trabalha em ambientes frios, não comuns na literatura, uma vez que a maioria dos trabalhos relacionados à análise de condições térmicas está relacionada a temperaturas extremas e geralmente altas e, portanto os indicadores fisiológicos são estudados em indivíduos que se encontram nessas condições. O presente estudo demonstrou a necessidade de se aprofundar muito neste campo da Ergonomia e conhecer como se comporta o organismo humano mediante as condições de temperaturas baixas das câmaras frigoríficas, distintosdos ambientes artificialmente frios . O diferencial do gradiente da temperatura entre as zonas climáticas oficiais preconizadas pelo mapa do IBGE (apêndice 1) é adequado para câmaras frigoríficas e não apresenta beneficio algum para o trabalhador nos ambientes artificialmente frios por eles terem temperatura constante e moderada no seu local de trabalho; onde não existe movimentação de mercadorias em gradientes diferentes da temperatura e nem mesmo vento acima do limite do conforto que poderia eventualmente remover o calor. É necessário conhecer a temperatura e a umidade relativa do ar para se analisar a capacidade de contribuição da ventilação na remoção de calor do corpo humano. A velocidade do ar é medida por um instrumento chamado anemômetro e expressada geralmente em m/s (metros por segundo) ou pé/s (pés por segundo). Ela influi de forma significativa na troca térmica que se produz entre o trabalhador e o meio ambiente (BATIZ, 2001a). Para a condição de ar não saturado e com temperatura inferior à da pele, pode-se afirmar que:
  • 58. 58 a) Quando a ventilação aumenta: - O processo de evaporação aumenta, porque a umidade do corpo é retirada mais rapidamente; - O processo de convecção aumenta, porque a velocidade de troca do ar que rodeia o corpo é maior. b) Quando a ventilação diminui: - Os processos de convecção e evaporação também diminuem. Verifica-se assim, o cumprimento do primeiro objetivo específico. Avaliadas as condições e temperaturas ambientais, dos produtos e do chão, velocidade do ar e umidade relativa, identificam-se, nas técnicas de observação., os fatores de riscos ambientais que podem gerar implicações aos trabalhadores: As temperaturas do corpo apresentaram ligeiras alterações com relação ao seu valor normal, o que indica que também o frio é um indicador influente da tensão térmica. Às temperaturas das extremidades dos membros superiores (mãos) e as inferiores (pés e tornozelos) foram muito menores com relação às outras partes do corpo. A monotonia do trabalho tem demonstrado em poucos trabalhadores algum tipo de alteração psicológica. O comportamento psicológico tem demonstrado alterações que na maioria tem origem doméstica Cumprimento do segundo objetivo específico do presente trabalho. Com relação os indicadores bioquímicos os resultados obtidos podem ser resumidos da seguinte forma: • As alterações dos gases sanguíneos avaliados nos exames laboratoriaisLactato PCO2,CreatinaFosfoquinase (CPK) e Amônia apresentaram alterações dignas de observações e também parecem estar compensando entre si para não permitir um distúrbio metabólico maior, que provocaria dano irreparável à saúde (homeostase). De certa maneira, uma simples exposição aos intervalos superiores a dez minutos provocam alteração nestes elementos; • Amônia teve também alteração, após o retorno de pausas curtas, porém em pausas longas foram significativas assim confirmaque esse indicador é alterado quando o trabalhador está descansando por mais tempo. Todas estas alterações têm valor importante, porque afetam o perfeito funcionamento do corpo dos trabalhadores que trabalham nos ambientes frios manuseando produtos frios. Por conseguinte, demonstra-se, no presente trabalho,
  • 59. 59 que, são indicadores bioquímicos de confiabilidade para conhecer o comportamento do organismo humano quando se trabalha em ambientes artificialmente frios e as pausas são longas. Assim cumprimento do terceiro objetivo específico. As temperaturas ambientais com gradientes frios, consideradas por certos autores benéficas, embora tenha suas inconveniências mais por sensações de que por afecções demonstrou este estudo de que os intervalos longos para recuperação térmica podem causar mais danos de que benefícios, sendo assim a mais indicada para ambientes artificialmente frios a (Tabela1 da ACGIH – apêndice 2) demonstra o poder de resfriamento sobre o corpo exposto, expresso como temperatura equivalente). Alcançando assim, o quarto objetivo deste trabalho. As alterações psicológicas estudadas nesta pesquisa demonstraram serem insignificantes, porém deve-se levar em consideração porque a amônia tem seu efeito na redução da permeabilidade da barreira hematoencefálica, que por sua vez, dificultaria o transporte dos aminoácidos para o encéfalo, as alterações fisiológicas estas são de grande importância como se verifica, elas podem ocasionar variadas enfermidades a curto e longo prazo não só nos trabalhadores que trabalham nos ambientes artificialmente frios bem como nos trabalhadores em ambientes normais. Assim ratifica o objetivo Geral deste trabalho.
  • 60. 60 REFERÊNCIAS ACGIH.AmericanConferenceofGovernmental Industrial Hygienists.Edição em Português. Tradução: Associação Brasileira de Higienistas Ocupacionais – ABHO. 1999/2010. BATIZ, E.C. Condições ambientais de trabalho. Florianópolis, 2001(a). p.1-41. Apostila. BATIZ, E.C. Gasto energético. Florianópolis, SC, 2001(b). p.1-10. Apostila. CARVALHO, T. Esporte e produção de energia. 2009. Disponível em <thttp://www.medicinadaaventura.com.br/index.php?option=com_content&view=articl e&id=20:esporte-e-producao-de-energia&catid=11:saude&Itemid=9>, acesso em julho, 2011. DAVSON, H.; EGGLETON,G. Fisiologiahumana.13ª ed. Madrid: Aguilar, 1968. DUL, J.; WEERDMEESTER, B. Ergonomia prática. Tradução ItiroIida. São Paulo: Edgard Bluchderd, 2001. DUTRA, A.R.A. Introdução à Ergonomia. Florianópolis, SC: [s.n.], 2000. Apostila. FANGER, P.O. Thermal Comfort. New York: McGraw-Hill Book Company, 1970. GIL, A.C. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 4ªed. São Paulo: Atlas, 1994. 207p. GOTTSCHALL, C.A.M. Dinâmica cardiovascular: do miócito à maratona. São Paulo: Editora Atheneu, 2005. GUYTON, A.C.; HALL, J.E. Tratado de fisiologia médica. 10ª Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002. LAKATOS, E.M.; MARCONI, M.A. Metodologia Científica. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 1992. MACHADO, M. Exercício, amônia e sistema nervoso central. Envolvimento dos receptores NMDA. 2005. Disponível em <http://www.efdeportes.com/efd89/amonia.htm>, acesso em julho, 2011. MATOS, M.P. Exposição ocupacional ao frio. Nov., 2007. Disponível em <http://www.higieneocupacional.com.br/download/frio-paiva.pdf>, acesso em julho, 2011. MENDES, R. Patologia do trabalho. Rio de Janeiro: Atheneu, 2001.
  • 61. 61 Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho no 15 (NR 15). Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho no 17 (NR 17). Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho no 17.5 (NR 17.5). Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho no 29 (NR 29). RUAS, A.C. Avaliação de Conforto Térmico Contribuição à Aplicação Prática das Normas Internacionais. São Paulo: Fundacentro, 2001. 77p. RUAS, A.C. Conforto térmico nos ambientes de trabalho. São Paulo: Fundacentro, 1999. 96p. SARAIVA, C.L.T. Consolidação das Leis do Trabalho. Decreto Lei no 5.452 de 01 de maio de 1943. 2001. SILVA, A.S.R.; SANTOS, F.N.C.; SANTHIAGO, V. et al. Comparação entre métodos invasivos e não invasivo de determinação da capacidade aeróbia em futebolistas profissionais. RevBrasMed Esporte, jul./ago. 2005, vol.11, no.4, p.233-237. SILVA, S.G. Fisiologia do exercício: Bioenergética. Disponível em <http://www.fisioex.ufpr.br/resources/BE066_2011_1_bioenergetica.pdf>, acesso em jul./2011. WICZICK, R.M. Diagnóstico da incidência de doenças associadas a LER/DORT em trabalhadores de câmaras frigoríficas de Curitiba e região metropolitana. Ponta Grossa: UTFPR (dissertação mestrado), 2008.
  • 64. 64 Manuel José de Lourdes Esteves Clinico Geral Especialista em Medicina do trabalho Mestre em Eng. Produção ênfase em Ergonomia Professor de Cursos de pós-graduação em Segurança do Trabalho Professor de Curso de Perito Trabalhista Apresentou trabalho no congresso Internacional (ICOH 2003)