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-----Cadernos Geográficos N°6 Maio 2003
dos referidos geógrafos, A. Cholk') deixou uma obra relatiamente escassa
de livros, mas de modo Sl'llIdhallll' a Max. Sorre foi dos poucos que
explicitou uma 'isão pessoal da ).!l'o).!ralia como ciência5
, fato raro entre os
geógrafos franceses, mas COfllllllll'lllrc os akmàes.
2
Como se sabe. a gl'ogra lIa llIoderna nasceu na Prússia. antes da
unificação alemã. na prillll'ira lllclalk do século XIX (A. '011 HlImboldt e K.
Ritter), como filha da filosolia c1as'aGI alem:) (I. Kant e F. Hegel), da mesma
fornla como ocorreu, pell I1l1..'1I0S pan:lallllcnte, com o marxismo (K. Marx c
F. Engels). Ela acabou se finl1lllldo l'OlllO uma necessidade intelectual francesa
no final do século XiX, selll.ltl que a !!lIL'IT<I li'alleo-prllssiana ( I X70-7 ) deu um
grande impulso nesta din..'ç:o. ASSIIIl, Cllllleçarel1l0S por perguntar o que era a
França no período I X71-191 ..L quandll dt' conhecimento praticamente ausente,
a geografia se transfol'lnou 1.'111 ciéllua l1Iuito aançada, realizando com a
geografia alemã, 11 partir da qual ela 1'1Ilcn'.iu.
A França no século XIX., «.'01 eSll«"I.'ial d,,· 1871 a 1914
- -'
Após Watt!rloo e o fim da Rt!'oltll,';'lll li'ancC'sa, o século XIX acahou
sendo, do ponto de vista econômico e político, li s~culo da "Pux Britannica",
com a G, Bretanha mantendo tranqui lalllente sua hegemonia européia e
mundial. mas paralelamente a qual os EUA e a Alemanha ascenderam
econômica e politicamente nas últimas décadas (I X70-190()). É curioso que a
França, seguramente a segunda potência européia e lllundial à altura de
IXOO. meSl1lO tendo passado por uma enorme revolução político-social.
tivesse perdido velocidade, nào só frente a G. Bretanha, C0l110 diante das
duas novas potências emergentt!s.
Se formos resumir a perda de velocidade francesa, podcríanh h
dctlni-Ia por um conjunto de características econômico-sociais c
políticasl
, incluindo: 1) lento crescimento econômico, em particular da
rV1 SOlTe, Le~ Fontkmenls de la géographie hUl1lainl', A. Colín, ...f ml., I'I·L' I')~  
t '110111.' I a ( iéllgraphil guide de ré1udianl, Pl !F. 1951 (prílllcíra l'di,':'t' dI' 11
).1,' I
M NI l~all lIí~lo..ia dos fato... l'l'oni'lJm'o~ cOllll'lllpOram'''' l.tl' 11
IIndll'..llIall/açilll .' l'It'...çillll'lIlo lia t'l'ollolllia fi;ull'.'''al. PllcL I')(,!) 1 11.1111.1111
Ih...I()II~' lY!lIHlllllqlll' l'I ",o(lak líllll,'l1Ilullallll'. lhap 11 jl 'I;' 1111111111" fLIII.}I'," ,f.'
1)01 'I ,I 1'/1,11. I d 1. IlIh hJ(·...1l'1tl I'I',.
Cadernos Geográfico~ N° 6 Maio 2003
indústria, e a pl'rsisll'llcia de lima economia agrícola camponesa IlHlltl
significativa, 2) IXII.'o dinamismo populacional, C0111 qUl'da d.1
natalidade, altas la:ts de mortalidade e acentuado en'clhecinlL'llto I
agitações políUl'htH:ials C mesmo guerras civis freqüentes (I s 11
1848-50. IX71). comparativamente à estabilidade inglesa, ak11 .1,1.
guerras externas (( '1Il1lL'ia IX5':+-56, México IS61-63, Prússia IX7j I I
a maior e mais illlporlantl' de todas), paralelamente aos .:+) 1'1'1/1
fluxos de aplicaçôes linancl'iras no exterior (Suez, Panamá, 1-111 111',1
oriental. etc I. akll1 das expansões coloniais no último quartd di
século (Congo Bral/,ilk, Tunísia, lndol'hina, Madagascar, etc).
A economia frallL'L':-.a tranSI~)fInOll-Se 'ugarosalllente, ao 1011,1'" .I"
século XIX, por um '!l'sIOf'llll.'llto progressivo do centro de gnn idad,' .),l
agricultura para a indllslria L' por uma lenta evolllçãü dos IllL'lndll. •
organização imlustrial. ; transformação realizada durante um século líll 1111
vários sentidos, l1le110~ L'llmplcta que a ocorrida na Alemanha nos 1",11 'IILI
anos que se seguir..1lll a I X71 "~. Para entendel11l0S este el'l.·...,·IIII'
econômico knto du França 10 período mencion:.ldo é preciso nos rcp'" 1.1111"
às Illudanças políticas e econômico-sociais decorrentes tI'l In ..llh. ""
francesa.
- 4 ­
A Rt!olução acabou criando nos inícios do século XI lIlll.l 11.11
,"
distinta das demais nações européias. pela implanw,'ào til' lI1I1,1 nh 11
relorma agrária. que criou ullla importante classe de pCqlll'Il0S PII111111't. .. "
camponeses c pelo reforçamC'nto do Estado central. hcran";t d.. t 11.1.
L'olbertiano, capaz de impulsionar a economia e a sockdatiL'. la. 11111.111 .1,11
pdo Código napoleônico. CÜl110 parte til) papel dll "stado Ol'lhlll<1,I'"II'
foi reestruturado e modernizado com a criaç:IIl, cntre outla... d" I ,1.11 I
Polil~cnica (17<)-+), Escola de Minas (179-+), ('lln"Cnahlllll ,h, 11,
Oficios (179:-), Escola Normal Superior (lil»).;), a:-.~Illl «11110 .1.1 1 .. .11
Ccntrallk Artes c Manufaturas, fundada lllai" I:mk (I x:.x<~'n plll 11111 ,., "I"
de ellgl'nlll'iros l' industriais".
I 11 (·l.lpllalll 1IIl' hollllfllh' I)", c!0Pllll'''1 411 ",1111 <' ,lIId ( H'III1,11I  I '11 I I I
H I ('all1,'IOII h;tlln' ;111.1 tlll' htlll"llll' 1)(''1011"1'111111 IIII"/,(' ISil1l 1'/1
1.'1111111'11 '11"'.1 1·,.·..l.l 1'llhlnllll,I '.('1  111'1.- 11I'I'Il,H,.I" ,h 1·"oLI,.h 1'11'" IIlul"
1'1.11,,1 I I kOh I  11'11.1 ( 1;"'/ ',) I .h" .. 111'" I I X", I  .111.1', 1I<'llI.I'. 11" 'I) '.11
( I S '.) /111"" II SI:" " 111.".111" ,I I '" ,,1.1 IIUIt"'1 d. "{·'.I 1'111111 I "111 .lIlhl j. 'H'
n
Cac:!ernos Geográfic:~s N°6 Maio 2003
Mas por que este enorme sailo 1Il0tkl'lli/ador do Estado francês nào
aederou tt)ftcmente o descl1 OIÍIllClllO L'l'omílllin1'! É que o outro lado da
R1.' lllul,'ào. o lado .'amponês. ll.'l' UIlI papel fundamental no futuro da
França. Com a R.'oluçào inÍ(-iada. w, ,';lIlIpOIlC"';CS sublevados no verão de
17X9 ocuparam por sua própria .'Ol)(a ;" Il'lTólS sl.'llhoriais. se libertando dos
de'ercs c seniços I~udais. sem plÚ'hall'1lI pagai compensações (abolição da
scr'idào). garantindo a posse da lL'na l' nlando uma enorme classe social de
pequenos proprietilrios rurais. lliu líplca tI;t sociedade francesa do século
XIX, Em 1791 foram abolidas a:-.. cOl'jlllla'úe:-.. de ofício, que paralisavam as
inicialillS indi iduais 110 que se rl'li:ll' ;h lIlillHlfaluras e indústrias privadas,
Paralelamente roi reogado II <llIl-'lo til- barreira alt:1ndegária entre
pro ineias e assim. homens. lllerL';lIhlllas L' çapitais puderam se deslocar
linemCnlt" o território trances se tU!IlOU 11111 Illcn:ado único. protegido por
uma laril~l externa l'Icada, ('01111) "L' ê, a Rcvolução baixou medidas
11l0Jerni/adoras. I.jue garantiram p I.'IL''''l'lIllento econômico. mas não
asseguraram lima "decolagem aL'L'iL'r;1!a , (I) lake-off de W, W, Rostow), já
que a enonlll' Jimensfio da eC01101l1la l';lIl1polIl·.,,, Irea"a e controlava o ritmo
do l.TeSI,:/fll:nlo capitalista-. Po!" I, o., L'alllpOneses mantinham lima
el'ollol1lia IHllural pohcultora !lrlL'llll'lIlL' ;Illto-sulkiente. que por isto mesmo
da a susll.'nla~:,lu a uma rede ,k L'L'IIIl'II.h 11L' pL'LJuenas e médias cidades no
interior da Frallça. mas que por i"tll 111"'/11) L'(Hl.~litllía um mercado diminuto
para o grande l.'apital t' 2) saiam kJll;IIIlL'llk do l'omplexo rural, onde estavam
inserido:-... pma {) assalariamento ao 111;111110 e itado. combinando formas de
resistcllcia COIllU a condição dL' /1lIL'/Il·propl'ietúrio camponês com a de
arrendalÚril) (1IlI.'layer) ou de nperallll'L';lfIlPOllês. etc provocando uma lenta
oll'rta tIL- flllCI dI:' trabalho para 11 Lapllal'
( I X(II) se haseou na F:;rola ('l'lIttal dr ,rles e I"'fanllfaturas, Aliás. a França foi
prO,l clnlL't1te o primeiro pai... a !llIplallla! ulIla Escola de engenharia, École des
Punls rI ('haussés. 1747t l' daí a illlpOrl;llIcía da adoção do sistema métrico (1790)
e li cnf;N' proposta an ell,~irHl da matL'mátiea (Condoreet. 1792 /. Assinale-se
tamhl.;1lI qlll' foi na Escola Normal Supl>ríor que se gestOll a geografia francesa.
com P 'idal de La Bladle,
K, MaL discutiu a rdação entre pequena propriedade camponesa e os freios à
aL'dl.'mção capitalista l.'1ll Teoria modcrna da cololliLaçào. L'ap, XX" do primeiro
tomo de O Capital. Ed, C'i, Bras.. entatizando sobretudo a situação dos EUA
antes da Guerra de Secessão,
" T. Kemp: A Ren)lução Industrial na Europa do século XIX. l'ap, /11
fksl.'1l ohinll.'/lto econômico francês: 11111 paradoxo'! Fd, 70. 19X'7
111
____C_a_dernos Geográ!!cos N° 6 Maio 2003
5 ­
A presença desta enorme classe camponesa. diversificada L'1I1
camponeses ricos. Illedins e pobres. constituiu uma marca registrada ti"
sociedade capilall"l:! francesa em todo o século XIX e toda a prinwlld
metade do Sl;Clllll X, Os camponeses foram o fiel da balança nos emnall',
entre a burgUl'SI:l l' o proletariado na França e em geral optaram por 11111,1
' I 'I b' c. 'postura conSl'n atIora e pro- Jurguesa. mas tam em loram responsa c/,
tomando Clll nmla as circunstàncias. pela lentidão do crescimenlll
econõmico. Ç1I10 la se sunlinhou. e pela desaceleração populacional, poi.. ,I
queda da Ilatalldad~ teL parte da estratégia camponesa de acumula~;I!'
~.'onômjca .' lk ,>ohrL' ivência autônoma. como fuga ao assalariamento,'
taxas de l'rl'''l'íIllCnlo anual do produto nacional. que refletiam a estrultll ,I
acima apontatb, L'"II eram entre as mais baixas dos países industrialíi"ld..
da Europa (llúll(l IA"ll' França 1.6°Q). enquanto Alemanha (2.9°(,) e Suell,l
(3° 0 ) regislr'Jalll laas bem maiores e da América do Norte. onde as la.I,
eram mais alIa... alllda (EUA -+'30
" e Canadá 3J~Oo). considerando o IOIl:'"
período de 1l)':1I c I') I 3'.
A colll'úl dl'mográfica francesa registrou ao longo do século 1 
uma queda dtll'II~'lil'jenle de natalidade mais rápida do que na G, Bretanh.1 I
na A kmanha . . I."""" ell1 I XOo- lU para 20.5Q
IKI em 1900-10. ao passo ti 11L' li
çoeficiente dl' mortalidade diminuiu menos depressa do que nesses I1lC~lIh',
pais~s: 26.3'llIO elll IxoO-1 (J para 19!)()f) em 1900-10. conduzindo a uma nll'llJlI
presença populal'Íollal comparativamente às demais potências
ttl
:
População (milh~~ 1800 1850 1900 9JO
FI':mça_____ 27.3 35.8 39.0 4Lx
( il ;] Rn:tanha 15.0 22.6 38.7 41>,0
-_._'-~--"--~'.~
AI J5,Y 56.4 ()4. 
Ri 60.2 111.0 "h.1l
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- ..."I~- 76.0 ) " ,q
- 6 ­
O período que 'ai de I ~70 a 1913 foi Illuito importante lia 111-.." Ii 1,1
européia. mais ainda para a Alemanha e a França, considerando 11, IItlllll,
distinlos de crescimento econômico. a França com 1.6".. ao ;tnll " ,I
.. K, lar: As lutas de dasst!s na França de IX4X a IXSII L' a il1lm,,"~';(I lI- 1 111':1'1'
ú edição dc IX~5, in K, 11ar e F, Fn!!L'k Tl'los 01. 111 iIÜ1,Úllll'!!iI
I" 11. Ni cau: obra l' L'ilpiltdo eirados, "L'ndo I'" dado" l'0pulaUOllill ,k  "
11 Illhl--
- - -
Cadernos Geogr~ficos N°6 Maio 2003
Alemanha com 2,90.0 • quase n dobro. Em IX71 a França saiu derrotada da
guerra franco-prussiana e assi~tíu cm Vl'rsalhes a proclamação do Império
alemão. e ambas continuaram a se dl.'filllltar militarmente na primeira guerra
mundial (1914-1 X) e na segullda ( It)~1)-4:'i I. Se IX71 foi mais uma  itória
político-militar dos akmães. CIll pknil cxpansão. a derrota francesa
significou um grande choquc na Hlcla dc "grandeza" da França. provocando
grandes reviravoltas materiais. pol!tll"a~ c mentais.
Em I X70-71 foram regi,>l,adll~ 140 mil mortos franceses. tanto por
ferimentos corno por doc1was (, allola I, cnquanto as baixas alemãs foram
muito menores (60 mil), sem rq,!,slm:-. dI.' mortes por varíola, pois suas tropas
haviam sido vacinadas. O Tralado dc Francfourt retirou da França
14.000Km2. habitados por L"i lllllh<lll dI.' habitantes. prO ocando grande
migração de alsacianos t' lorcllo,>. qUl' ahandonarmn suas regiões e se
dirigiam à França, além da (OhLIIl'<I de ifldcnizaçôcs fi nanl'l'iras. Ic"ando o
Estado franc~s a emitir papl'b da di  ula púhl il'a. Durante os con t1 itos caiu li
monarquia Je Napoleào 111. plOl" lallla"do-sl' a 111 Repllblica tj'ancesa ( IX70).
assim l'01110 a insurrci,io popu la! de Pari~ (I :-71) acabou afogada em
sangue. provocando Ulll rl'llu 0 prolungado das lutas sOl'iais na Fnll1çu.
compensado por CreSl'illlt'1I10 do IIh) IIlll'1l1o opcrúrio na Alemanha: em I x71
os social-democratas rt'glslraram HC mil volns. saltando panl 49J mil em
I'1'77 e alcançando 1-1-2' 11111 t'1I1 IX')OI i St' lIS !i'anceses ,'j'eram um refluxo
das lulas sociais. a Ikrrula dI.' IX70-" I despertoll sentimentos naCionais
intensos. inclusi c t'lllrc os IIl1ch:cluais. I..' ullla autocrítica cultllral e
ideológica, que dl'Selllbol'llll lia ,alorl/a~..ào dos l'StUJos geográfil'os, até
então incipientes na hall~·a. cl)mparativul1lcnte Ú Alemanha,
- 7 ­
A Europa também 'iveu de 187J a 1896 mais uma prolongada tàse
depressi a do l'ido longo industrial, com prejuízos maiores na França. A
crise foi 3gra'ada pela política comercial lÍre-l'ambista (I X6()-! >192).
inaugurada pelo tratado de comércio franco-ingks. com peqUL'lHlS llludallças
protecionistas em 1881. e substituída por tari fas nitidamente protcl'ionistas
em 189.2. com o gOerno Juks Méline. Durante o período de liTc-comércio
as importações agrícolas da América (cereais. etc) deprimiram a economia
camponesa francesa, acelerando o éxodo rural, e como ela representaiI
grande parte do consulllo Jo país. afetou a demanda de produtos industriais
1I F. Fngds: illlrodu.;àll al"Ílll<l cilada pp. 101 -02,
_._____ Cadernos Geográficos N° 6 Maio 2003
na~:ionais 1~. ma i'> lima 0 se registrando a importância camponesa 11.1
t'l'onomia L' na pollllca Iranl'csas,
Em dCl'OITt;IlClil da derrota de IX70-71 e da crise econófllh
prolongada do tinal do século. acabaram se concretizando as pressôl's 11"
sentido de l'OIHlllhla:-. l'oloniais e investimentos financeiros no exterior. o qlll'
igualmente rt,tim;oll a presença na vida fhlllcesa das antigas sociedades lI<­
gcogra tia C esllllluloll o dcscmolvi mento dos estudos geográficos Illotkrnli,
COIllO praticadm lia . Icmanha.
A gênese e () d,,'sl'fI·o.vimento inicial da geografia francesa (1871-19."0)
- 8 ­
É intclc""alltl' Ilbscnar que a g~nese da geogratia alemã. a primel!.1
,erdadeirallll'lIll' IJlotkrna. tenha se dado num momento em que os alem,ll'
 i"alll suhdl Idldo,> t'm numerosos pequel10s Estados, sobrevivência li.!
estrulura polllil'" 11;(~)llclltada medieaL eom "ida econômica social prcc;lIl.l
e arcaica. '·lIlrl'lanto. l'm contraste. a "ida intelectual alemà revelava ~ralldl
fertilidade. ..;phrcludo 11" filosofia e na literatura'1. ~
O pnlll"11'Il jlL'llsador que refletiu ao mesmo tempo sobre filosufia '
geografia foi I. Kan! (1724-Il<04). responsável pelo ensino de gcngra 11.1
tisiça. entre outros ~:ursos. na Uni,ersidade de K6nigsberg de 1756 a 1(1)/,
IllI'SIllO antes quI..' t'istisse uma cadeira de geografia nas L:nier:-.idadc
alemàs. ~I l)("illll'lra dl.'l~ls na Universidade Je Berlim. criada em 11<20 par;l ',,'I
ol'upaJa por K. RillL'r'~,
- 9
O processo de desenvolvimento desigual dentro da Europa de I:-'0 ,I
19 IJ (OIOl'OU lado a lado a (j, Bretanha. em processo de perda til- it<lII.l:III..
junto com a França, a Itália. etc. em cresçilllellto econômico Illuito klltll I' ti..
outro lado alguns países com forte dinamismo econômÍt'o, l'llIlI" ,I
I~ 	 M. flalllant. ob. cit. cap, 11 e P. Bairoch: COl11meree eXI~ricllr 1.'1 .k~ l'I0PPt'III"111
":l.'llomique de rEurope au XIXI.' siede. capo XL MOlllolJ. I97(l,
I' 	OS nomes mais destacados entre os tílósofos foram Kanl. hd,h'
Ikgd e na Iíleratura (Joelhe c Schi Iler. sohrctudo. Sohre a gelle,>.' d,1 1,..,,!'!.tI"l
alemã  ,'r Raquel M. F. 110 Amaral Pl'reira: 1)01 (il'ogratla qUl' ",. l·II'."I,1 " ( H'IH·.,
da !_'l'o,:ralía 1Il00!l'I"!l;1. "Inlí,';lll re j...ad;1. hl 111-(' 1'111')
I. 	  I SalJ)~HlIl Hnk"'''I 111 la 1','II'>l"l' """).'laph"lll<" .I.. ",1111 1111 ("," 11' ., '(,
IIJII,I
----___ Cadernos Geográfic9s N°6 Maio 2003
Alemanha. Dinamarca. Suécia. dc .1;1 aS!->IlIUlaIllOS que o descnvolvimento
alemão e sua unificação política tÍcram muito a H'r com a riqueza do
pensamento dc Kant e Hegcl 1.' lalllbL'1lI 1.'0111 as idéias geográficas dele
decorrentel
). É curioso que a hal~'a no período 11<70-1913. com
crescimento econômico e populacIonal l1luito lento. em pleno processo de
retração tanto econômica como política frente à Alemanha, tcnha
desenvolvido sua ciência geogr;"tlíca de mancira muito dinúJllica. copiando
inicialmente a geografia aklll;t. akall~'alldo originalidade reconhecida
mundialmente nas primciras dú'ada.'> do século XX e não se ri"alizado.
C0l110 ultrapassado 11 geografia aleltl;", qul" daa sinais de degenercscencia na
década de 30.
Parece certo que o acollh'I.·IIIIl'lIto mais imp0l1ante no despertar da
França para os estudos ).!:l"ogralkil" IlllHkrnos tenha sido a guerra franco­
prussiana, que marcou profllllltllllcntl' toda a sociedade francesa e exigiu
uma reelaboraçào das idl'ia" de Hh.'JlI Hlad.:' ll'll'ional. Para a França foi Ulll
choque Illuito grande a (krn'l.I l' a morte de um número muito maior de
rran~eses do que de aklll;k~. ':111 gl,lIIlk parI.' por doenças, apesar dos nomes
consagrado~ de C. Bcmanl 1.' I 1';1"lt'lfl 11,1" pl.'sl(uisas biológicas. sem I~llar
na perda de territórios, COIll i!1 alld,' 111 I]..! I:lÇÚO d.: alsacíanos e lor,'nos para o
território frances, das ílllklll/a~'I')l'" lín;lIl1:l.'ira" a pagar. etc
. 10
De c-se notar. paraklalll~ntl". qul" apo." 11 rdorllo d.... :.  on Humboldt
das pesquisas na Am.:'rica I.':-;panhola (17l ))·1 XO-l L sua L'stada ....m Paris durou
nada menos dl" inl.... :llh)S. organizando os dados I.'ülhidos. para publicá-los.
"O incompar<Íwl igor e o brilho da ida intelectual em Paris. àquela época.
constituiu grand........stímulo: Gay-Lussac. Laplact? Lamarck. Cmier. Arago.
Jussieu e muitos outros t?Íentistas foram seus amigos c colaboradores.
Richtofen atribuiu grande parte da cminência intelectual de Humholdt à
influelKia da cultura franc....sa sobre a base da sua formação germún
Em I X71 a "grandeza da França estava abalada.
Em rC'sposta ao historiador alemào Monnsen que im'oca a, em 1;lor
da anexação da Alsácia-Lorena relo Império Alemão. o "principio de
nacionalidade" (delinido pela raça e a língua), o historiador Fustel de
1< A. Mamigonian: A geografí;) e ";) formação soei:.!1 como teoria .... como 111Clod)",
in M. Adéli:.! A. Souza (org.): O f...lundo do cidadão. um cidadão do I1III1HIo.
It lI~'itec, I99t'l.
I" (i" lalham. in (i" Ta Im, OI". cif. ,:ap 11.
_____ ºadernos Geográficos N° 6 - Maio 2003
CoulangC's escrl.'I.'U "o que distingue as nações. nào é a raça, nem a Uni'.!!'!
Os homens Sl"IIIL'111 fiO ;'I.'U coração que são um mesmo povo quando tem UIf 1.1
cOl1lunidade dl' Ilkl;:-'. de interesses, de afeições. de lembranças l' d,
esperanças. Li" o qlll: Elz a pátria. Eis porque os homens querem mar.ll.1I
juntos. junto!-> trahalhar. juntos combater, viver e morrer uns pelos outros 
pátria é o que SI.' ama. Pode ser que a Alsácia seja alemà pela raça c prl.l
língua: mas pL'la nacionalidade e o sentimento da pátria. ela é francc:->a I
sabeis o qUl' ;1 tornou franCesa',) Nào foi Luis XIV, foi nossa Re"oluçüu .I,
17XC). Dcstk aqw:k momento a Alsácia seguiu o nosso destino, da  í ('11
nossa  ida, 1"la núl) tt' e nada de comulll com osco. A pátria. para ela I' .1
França. O l""trall!!l'lro para ela é a Akf11anha"I~.
O ChllllllC de IXii despertou os intelectuais franceses a rq1ensal
identidadc 11<11.'1111<11. assim como o choque de I X92 (guerra hispall"
ameril.'ana) 11.'1.' o mesmo efeito na Espanha. A chamada g....ração dI.' 11'
IOrtega y (ias"e!. llnaflluno e outros) repensou ti Espanha sobretudo a P;IIIII
da história. da 11lI.'S111<1 forma que o pensamento histórico SOhl" .1
nacionalidade fraIlL'.:'"a teve. anos antes, voz....s brilhantes com E. R('fI,111
(I X23-1 X)2) I: I. dI.' Coulanges (1830·1 XX9) entre outros e mesmo 111.11
recentef1ll"lltl.' com r. Braudel l". Mas o deito intelectual mais forl<' .j,
choque de I ,,'" I "OI França loi o nascimento da geografia mo(kfll:l 11.
lIníersida~k, COIII ti criação de lima cadeira especitka em Nanc;. (IX72L "11
pkna pru?itllilhldL' da Alemanha. onde havia sido criada em Ix71 a sC)wl1d,
cadeira uní.:'rsitúria dl" geografia. depois daquela de Berlim. para K, RIlln
em I x20, agora em Leipzig. ocupada por O. Peschelf'l.
- 11 ­
Naquele momcnto o salto nos estudos geográficos e no inlcrl.''>sL'
geografia adquiriram tres caminhos: I) E. Reclus. discipulo dC' RíllL'l'. qll I
ha ia editado em 1:-167-6X "La Terre. descriptioll des phénom011l's dI.' 1.1 "
du Globc" em dois olumes. trabalhou arduamente no L'íli~l. ;lpO~",1.
epulsão em I x71. publicando a partir de I x75 a "'NOlldk (iCOrf .1(1111
UniC'rsdlc", que completou 19 volumes em IX9.". 2) alll!lalk. l
publi.:ações orientadas pelas sociedades geográlieas (a mais :1111)..'.'" ;1 <I,
11. Flamanl. oh. cito p. 217.
I' : ilknlidade da I-"r:IIW:I, 1.'111 .; oIlIl1W'. ,) lrllllllil ,11" qual'> dl" I'I~" ,LI", 1.1
nhaud. N" 1lll'IO 'Olllllll' (I ;,pa~'" l' 111-.1. ,na I. Ikllltkl dCII VI.III.,," .'111"1,1." ,I'. Io.t· .
"<,orl,llI!"a,,_ lia 111111;1.1;1 (,""h: dc', 1)11",,"'
 I .....HIV.1I1II "h ,11 I' t '1
----Q~~~rnos Geográficos N°6 Maio 2003
Paris. até hoje existente. foi fundada elH I X21). que foram se mlllliplicando
por todas as grandes cidades franl'l:sas. l'(llIlO Marselha. Bordeml. Toulollse.
Lion. etc. com maior presença do qUl' el1 qualquer outro país. e que além
dos estudos locais estimularam o L'onhl'L'lIlll'nlo l' as conquistas coloniais de
I X75 l'1l1 diante. para compensar as perdas da )luerra franco-prussiana. J) o
naSl:illll'llto da geografia universitüria lIIoderna, iniciada com ti criação da
rekrida cadeira em Nane)!. ocupada de IX"' a IX77 por p, Vidal de La
Blache, e seguida até as duas prilllclras dl'cadas do sénl!o XX pela
implantação de nOHS cadeiras em I.ilk, Bordc<lll, Líon. Rennes, Arge. etc.
algumas de geografia colonial (por c,t'lI1plo elll Paris, elll I X(2). assim como
também iam se multiplicando as cadeira" dL' )!L'n~rafia nas lIniersidades
alemàs2f1,
A geogratia de E, Redus te l' ;lIlIpla lepl'n:ussão no mundo cultural
francês e também no exterior, Illas pOIlL:O inlluenciou as pesquisas
geográficas francesas. dado seu car;'te!' líhl,rtúno, .'Ilquanto a produção das
Sociedades geográficas tee maior Pl'l1t'1l ;1;;0, ...ohreludo como instrullll'nto
político-econômico. por causa de S.'Ul'alalt'1 IIllílflllati'o (relalos (li.'  iagens.
etc) e consen'ador. A geografia dc l;t Bladll'. a geogratia lIniersitúria.
apesar de posterior às outras duas, til! a qw: l'pandiu C(llll maior 10I"l,:a.
porque analisa a a realidade dl" lllalll.'lI a  I~~orosa e atendia Illdhor i1s
necessidades da burguesia francesa. Clllh)  l'll'IIIlIS adiante,
12
p, Vidal de La Blache j(lj 11111 grande intelectual das classes
dominantes, nascido de lima fàll1ílw liJ.!ada ao aparelho de Estado francês.
Seu .1 Ô participou dos comba1l's conlra os espanhóis na Catalunha (1795),
nos eventos militares da Re'oluçào Franc.'-;<l, Seu pai. após .1rios concursos
infrutí leros. ingressou no magistério "eclllhlúrio e lú carrei ra aSl'l'lldente no
ensino público, Ele próprio se dt'dicou Illuito prl'cocementl.' ao ensino
universitário e seu irmão à cam:ira militar. com partíeipal,'ào na guerra
franco-prussiana, na Alsácia-Lorcna, aprisionado e depois fugll1do para o
Luxemburgo. alcançando mais tardl' íl grau de general. ambos falecidos nos
fins da primeira guerra mundial. após a morte em combate Jt) SI..'U próprio
filho. também militar. Atraés de laços familiares La Blache tinha relações
no alto escalão do J'1inistério da "Instruction publique,,2l,
?O R, J. Harrison Church. in (j Talor, ob, t.: ilada.
'I RJ, Harrison C'lurch, in G, Tayíor. ob, citada.
____C_adernas Geo~ráficos N° 6 Maio 2003
La Bladll' ;lpO.... l'ursar a École normale superíeur e se classit'kar 111'
primeiro lug;1I na agn.:gal,'ão de história e geografia (I X66). foi lecionar '11
Atenas (I X67.(11) I. aproveitando para viajar pela Grécia, Turquia, SIII,I
Pakstina e I ~'I"l rendo sustentado doutorado na Sorbonne em Ix,' ,
decidiu tornal'--;c gt'ograro. partindo de sua formação básica de historiadul 
aceitar a l'adclI:I k geografia. recém criada na Universidade de N,lIh
( 1x7J-T'), 1>Cu wqiiência ao caminho escolhido. lecionando na 1':,,011
normale (1;,0-',lIX) 1.' k'poís na Sorbonne a partir de 1899. Diante do gnllld.
atraso da 1'1;111<1 l1e"la [Irea de conhecimento e com apoio administrati ()
gl.l erlutl11l'IItaL tOIllOU inumeras iniciativas, mais tarde complementadas p"
L. Galll.)is (IX" ,1 1)41) e EIllI1l. de MarlOnne (1873-1955), visando,.
apropriar e aplt11'ulldar as idéias e experiências acumuladas em outros paI....,·,
sobretudo na : klllanha
ê2
,
-13­
Qual a di r~rença entre a responsabilidade intelectual de Ritkr 11.
origelll da ,'l'(l!~r;lIía alemà e a de La Blache na origel1l da geo!:'I;111
franCL'sa" . !;til: f;1 inteIl'dlwl de Ritter ao aSSlllllir suas responsahiIidadl'~ 1I
L'nil,;'r..;idal!c' (k Ikrlim embasou-se. naturalmenle, na sua formal,'!i.. I
Irl'in<lllll'nlo na L'SI.'lIIa scwllJaria pelos princípios de Rousseau e Pertalo/J I
no '!'!'!'!'!'! pela nalurc/.a, nas observações extras durante os passeios Jidúthu
e 110 estudo das rdaçúes espaciais entre as coisas, partindo da própria eSl'lll.I
passando pl'la aldeia ou cidade. pela região até gradativamente alcall';l1
abrangem:ía lllundial. assim como Humboldt na mocidade haVia
interessado 110 tksellho de mapas. em diferentes escalas, 2) na Ull i'ersldad
estudou matemútica. filosofia, história e ciências naturais, 3) nas in tlUl'lIl1 ,I
das idéias lilosóficas e geográficas de Kant, que já se manifesta<l1Il Ili
ensino sccundário l' universitário alemão, mas sobretudo nas leituras 1'.11
preparação dos seus liTos. 4) na redação de "Europa. um retrato ~eogralíll
histórico c estatístico". cujo primeiro volullle saiu em 1804 e o segundu n
I X07, na dildgação el11 IX06 de seis mapas da Europa. seguidos de  alJlI
trahalhos de metodologia e na publicação de "Erdkunde" (I" oltll1lt' '1
IX17, 2" Clll IXIX e continuando nos anos seguintes), Assim, qlwld
assumiu a Lniersídade de Berlim ( 11'.QO), já era um geógraf(l preparado
clIlsagrado. num amhiente de enorme efervescência. paraklaml'nll' ao ;Itl;l',
econômic0. político e social. Seu encontro l'111 1X27 l:Olll 11111 IIholdl ('
 I "I"f'U/Il  Idal .I.' I a Bbdlt', 1111 gellle .1<' la !'l'U}'WpIUl', 1'.1 11.-1111 IlI')
----Cadern<:?_s~eográf!~os N°6 Maio 2003
e01liv:llcía até 11')59, quando amhos t~"Cl'l'ralll, contribuíram para grandes
inten:ümbios inlelectuais e estímulos mÚllIo:-, '1,
...
Assumindo em ~aney (I X72L sua primeira função de ensino
e:l'llI:-'lal1ll'ntc geográfico, La Bladll' In l' a capacidade de pen:eba a
necessidade de se dirigir ÍmedialalllL'llk li Alemanha. encontrando-se 1.'0111
Pesd1L'1 em Leipzig e em Berlim .'0111 Richlllllll'lI, que havia Olt:ldo da sua
tàmosa  iagem cienlífica à China. io, anos seguintes passou a 'iajar
bastante. como fez seguidamentl' úr)!dla L' ;'1 Tunísia, mas também à
Espanha. G. Bretanha. Escanliinú 1;1 ç rdomando à Alemanha. Áustria e
sobretudo Itália. As 'isitas e estú).!ios elll l'ClltroS mais avançados foram
insislcntemente indicados aos setls oricl1tandos. C0l110 Max-Sorre. que
assistiu aulas de F. Ratzel na Aklll;JIlh,1 l' 11. Baulig. que seguiu o curso de
gcolllorfología de W, 11. Dais 110' ',1. l'lItn,' outros. Na crdade. La
Blaehe te'e que desemoh er IInlll polltll'.J .'m  úrias frentes de luta, para
poder dinamizar a nas('ente geogralia 11111 l'l "Itaria francesa. A primeira foi
apontada acima: usufruir ele prúprltl I.' "l'lh dhl.:ipulos o que havia de mais
aançado no exterior e na Frallça, ('ir<lII1'" ,'clllplos no exterior c 'aleria
lembrar exemplos na França: estilllulollu" ,'!Intatos Ut' Max SorrI.' l' E111111, de
MartOllne com os biólogos A. {'hl' alICl.' I ('Henot. que ajudaram o avanço
da biogeografia e da geografia 1ll.;dic;l, ;,,,,,i11 1 COIllO os contatos ,'0111 Eml1l.
de Margl:'rie. da millL'ralogia. f~I/l'lhfo ;1 ,lIwar <I geol11orfologia de De
'~
Martonne e outros- ,
Antes da ida de La Blache ,I Slrholl[lC ( I)oI!)(») haviam sido defendidas
pou('<s teses de geografia e ulIla dl'las lili ;1 de I , ( iallois. educado como La
Blache na tradição históri('<} c que aprt':-'L'lItllu um estudo sobre "Les
Géographes allemandes de la RCllaISSaIlCl''' ( 1)0)0.). : presença de La Blache
na Sorbonne resultou em inúlllL'l'<ls l' IIllP(l['[,lllks teses. tendo sido as
primeiras as de J. BrunhL's c dL' F111111, de Martollne, ambas de 1902
25
•
seguidas da nomeaç;'io dos tlO os doutorL's para as universidades da
pro'Íncia. como Rennes (De Martl1Ime). Grenoble (R, Blanchard l. etc.
exceção de J, Brunhes, que nào tá carreira uni'ersitária.
2, G, Tathan. in G. Tado!'. llb. cit. 

2~ N, Broc: Vidal de La Blal.'he en Amérique du Nord. Ann. Géo, n" 5ú 1-562. 1991 

"' H, Church. in G. Taylor. oh, cit.. Cronologia allü<l e Jlota (1) (k~k 1.'10, 

1;-.;
____Cadernos Ge<:?f;lr~~cos W 6 - Maio 2003
15 ­
A dilllt!a~';hl de ,1'US trabalhos, bem como a de seus discípulos IpI
encenada L'L)I1I(l tarda muito importante. Seus dois primeiros livros, "Man ..
rolo. seu h:l1lpO l' "lIa,  iagens" ( ll-XO) e "La Terre. géographie physiquL' 'I
économique" II XXI I foram trabalhos relativamente pobres. diferentelllcl1h
do terceiro puhllcado por ocasião do 4" Congresso da UG L reunido em Pall',
"fIais et nariulls (k ITurope autour de la France" (IR89), do quinto. ('()llIu
tomo I da "Ill,tolrc .Jc France" de E, Lavisse. sob o título "Tableau de 1.1
géographic lk la Iranú'" (190.n do sexto "La France de I'Est (Lomllll!'
Abace)" dt' IliI " l' do sétimo, em co-autoria com L Gallois, "LI.? bassin d,'
la Sarre". l'..;ttldo~ lk p,l'ografia regional. todos com forte conteúdo POlítll ll
como diselltirellh)~ mais ahai:o~",
16 ­
: k;m da'> puhlicações de trabalhos científicos próprios, Iilw, "
artigos. foram cdltados seus materiais didáticos. aos quais La Blachl' d,!
grande Cnf:.I'>l', 1.'01110 a.., cartas murais escolares ( 1X8S) e o .'Atias Géll~'I.dl
Vidal de I;J Hblllc ti listoíre et GéographieJ". de 1894. que teve ;illl
edições. 111llltas an'l!;h,'ÓCS C foi de uso corrente entre as camadas culta:'> tI,l
populal,'iio dl'  ano~ países, inclusi e o Brasil~7. O grande instrumento d,
divulgação L' dehall.' 11l'sla primeira etapa de implantação da geograll,l
1Illiersitúria rralll'L'~a túrall1 os Annales de Géographie. publicação periúdll
a partir de IXI)I pela Armand Colin 'direção de La Blache eM. Duboi,) ,I
principal editora de gl.'ogratia desde fins do século XIX até meados d.
século XX. respOIlS;I cL aliás. pela monumental "Geographie Universdk'
organizada por I,a B1ache c L. Gallois, mas editada após a 1110rl,' d.
primeiro. de Il)27 a I').j.x. ('om alguns olumes clássicos, como os rdi....l·11 II
a G, Bretanha, de :, [)e11langcon (11<72-19401 e a América do Norte, de"
Baul ig (I X77-19(2), cntre outros.
Noamente La Blache percebeu claramente as necessidades ('
oportunidades que se foram aprescntando, No caso da re'ista (Anllilk'. d,
Géographie. que se edita até hoje). baseou-se 110 modelo das rn ",l.I
uni l'rsitúrias alemàs e disputou a batalha das idéias com a Rl' lW d,
Céographie, de L Drapeyron, fundada em 1877. mas qUl' :lca!l"1
desaparecendo em 1905. Tratou de imprimir um caráter mais ('ienti tiro ,111
Annalc:-.. citando publicar relatos de 'iagens e debateu Sll<l:-' idl'la" d
?" I A, Sanguin. I Q93. ob, cit. 

.' l. Rangel. entn::vi,;ta à (J('osul. n" 5. )91:<, 

)I)
Cadernos Geográficos N°6 Maio 2003
geografIa, lJue iam amadurecendo. com a radkaliLação das determinações
geográficas de F. Ratzd e as propostas d(' llIorlólogia social de E. Durkheim.
lJue em I..":ontrapartida minimiza am :IS raiA':-' geográficas~s () projeto da
enorme coleção da Géographie lll1i~'rsl'lle se apoiou na força dos seus
discípulos, que ocupa<lm cadeiras UIlI H'r:-.itúrias (De marton ne. :Iax. Sorre.
A. Del11angeon. H. Baulig. entre Olltrosl. n:spollsúeis pela tan:f~ de preparar
os 'olumes correspondentes. e talllbc-III se apoiou no modelo alemào
(Erdkunde. de K. Ritter. por e.emplll) ~' no sucesso de NOU'dle (iéographie
Unierselle ( I X75-l 195) de E. R0dlh.
17
Outra Ih:nte de luta na npillh;io da geografia franeesa surgiu da
participação de La Blache .' dL' hllll. Ili: l1artone no encontro da UGI em
Washington. no ano de 1'10-1. i pnncipal originalidade do Congresso
Internacional foi seu ~'<lrúlL'r 1I111~'rallk'. iniciando-se em Washington. com
seqü~ncias em Filadélfia. Ntl a York. Blilillo. Chicago e Saint-Louis. com
sessões de trabalho.  isilas. r~·ct'p.,·(k:-. ollciais e curtas excur:-.ões. Após o
encerramento na última L'ldallL'. l'OIllÇ;Otl lima grande ü,cursJo
transcontinental, I.jlle !wrlnitÍu a XO l'llIl~ressistas (o encontro haia reunido
677 inscritos), cntre ek~ La Hlach~' c De Ilartone. percorrer durantc três
semanas o Oeste dos Estados l.lnidns L' I :1(-.ÍCL1. totaliLando 4.300 km. rom
inúmeros guias americanos. entre des '.11. Dais, E~ta grande eperÍ~nciu
foi copiada e adaptada nos anos seguintes por Emm. De Martonc. genro e
herdeiro de La Blache. na realila~ào da primeira Excursão anual gL'ognífica
interllniversitária, com duração de uma semana, em uma dt"tcrminada região
francesa, com a participação de professores e alunos de várias uni ersidades.
visando a pesquisa. acompanhada da discussão dos resultados. Tornaram-se
famosas as pol~micas t"ntre De Martol1t" e R. Blanchard durante estas
t"xcursões anuais sobre questões geomorfológicas. entre outr;ls. o que
estimulou bastante 0<1 anço e o amadurecimento da geografia franccs,/'.
Na luta de p, Vidal de La Blache pela g~nese da geografia
uni I.'rsitúria na F-rança. tudo o que loi mencionado anteriormente de nada
adiantaria. sem o esfôrço peJa "'invenção" de teorias ç temas I.jUI.' dessem
sustentação intelectual ao empreendimento. como nos seus dehates com F
~, L. FebTe: A Terra e a coluç':io humana (introdução !:eográtira :1 história). l'llja~ ~ .
edição origínal c dê IY':::':::. P.'. La Blacht:: La géographie politiqm: ~rapr0s k"
éníts de M,F. Ratzd. Al1n. (jéo.. I X9X.
N. Aroe: Vídal dt.' La 81achc en Améríque du Nord. Anil. tiéo.. Itil! I.
:0
Cadernos Geográficos N° 6 Maio 2003
Rat/d e E. DurkhL'ifll: isto é, era preciso im'cntar a "geografia francesa". SII;I
tard~1 gigalll.':-.ca fUI Eldlitada pelo terreno irg:em no campo uniersitúll!1
diferentL'mentL' du que acontecia com a história. o Ljue permitiu aproveita! n
que ha ia de lIIaí" (1 aw.;ado: a:-. idéias alemàs, mas que nào podiam ,,'1
simplesmellll' L'I lPlada".
A mai:-. IllIportante idéia esposada por La Blache foi a (k
"possibilislll()". frente ao "'determinismo" de F, Ratze!. assumindo UHI,)
postura equilihrada lhl estudo da relação homem-natureza. não aceitando 11111
pnssibilisll10 radlL'aL que 'aloriza'a a ação humana. independentemente <1,1
nature7a ~' IICIll a 0111:lse rat7eliana nos fatores naturais'''. Na 'erdade I
Rat/el desvilu"l' da tradi~'ào aberta por Kant e adotada por Rittcr e mal',
tarde por:. Ikttll~'L no inicio do SéClllo XX, Enquanto Ritter L'sCre~'ll suhl('
as rdaçôc:-. rÚ'lprlC1S l'lItn: () homem e a nature/a. "'RatLel tendia a l'r "
homem COIllO produto Llu llIeio. moldado pelas lorças fisicas que o rode~l ~1I1l
e subsistindo apena:-. lia Illedida CIll que se .Üustaa corretamente às Sll.r'
condiçôes..'I. As:-.illl. nu l'ollhalL' ao determinismo de Ratzel. p, Vidal de I ,I
Blache assumiu u1lla po"i.,·;() lll'o-kantiana. criticando a trallsrOSI~';l'
grosseira das idéias dc r)am ill c dos dal'il1i~tas sociais. COIllLl H. SpeIK~'t ,I
geografia humana. Em F. Kat/l'i J~I apan?L'e o hiolog:isl1lo qUL' mais tank ",'
transformou el11 racislllo c tamllL;1ll e1ll agressi'idade geopolítica com"
Ihmshokr. 11111 dos fundadores da reista leitschrift tUr Geopolitik (19.::'.1 ~
inspiradora do n~l/i:-.mo '-'.
No fundo. tanto o possibilismo hablachiano quanto o detl'rminisl1lP
ratLdwno foram  isões l'mpobrecedoras, na ênlàsc maior ou menor na,
determinações naturais em detrimento das múltiplas determinações. 1,1
 l'rdad~' nào se t..at;:na da relação homem-natureza, mas de socied:Hk'
natureza. pois desde a Introdução á crítica da economia política (I X'i')
l1ar jú haia obsenado que "em todas as fbrmas de sociedade hú 11111;
produçào determinada que é superior a todas as outras" e "Clll ttHla~ ;'>
formas em que predomina a propriedade da terra. a relação com a n;turL'/;1 "
prcdOlllinante: naqul'la:-. ftlJ'lllaS em que reina o capital. é o t'klllento ~llll.d
l" L Ft:hl'l': : Tt:rra c a ~'voluçàn humana (introdw;ào geo,l;rúfil..'a ú 11',1111"1;1 ti"
t 'o.~1l10s. Lisboa. l'i'i I.
q G. Talham. in li. Taylor. ob. cit. cap, 111.
;~ S. 'an 'alkenourg. in Ci. Taylor. oh cil. ESl'l!a gcrl1l;lnít'a de .l~~·"t'l,lIl,1 
Ikrdonlay. obxil. ..:ap. VI. A t'pistemologia íLlaliana: K. 1I;lIhh..kl (l,' 1.1
gl'opnlitiquc:. Ed. Llilrd .' K.:. 'illllgd: (il.'lIp,,'ití~'a, lllall'ríali"lIt1 ~'c·tli'l.lI" ,••
"1:11' 1',!l10. 1tl:'l). ','1",';'10 .I.. lt'Il~. ( iH. ,,"'O
Cadernos Geográficos N°6 Maio 2003
produLido historicamente que pn:vakcc", De qualquer maneira seria
necessário conhecer o sistema natural l' a estrutura da sociedade; isto é. sua
Illl"lllação el'onômil'o-sol'iaL nllo 1."11 .'l'ntral sào as relaçÕes de produção
(de propriedade c de trabalho ,. pOl~ ;J~ IClaÇÔI'S dos homens com a natureza
são mediadas pelas rdações dos h0l11l'll~ lIns com os outros, Para decifrar um
país ou uma região seria IWCC"O analisar as múltiplas detcrmínaçôes
naturais. técnicas. de trabalho, til' prupril'dadl'. culturais. políticas. etc que Se
combinam num todo concrclo L' Incali/ado, Enquanto La Blachl' estava
combatendo Ratzel. no inh:rcssl' da ls~io franccsa de Mundo. W, Lênin
esta'a decifrando Seu país. t'L'lltrado /la fill'I1l:l produti'<l mais a'ançada. em
() Desell ohimellto do capitalhlllO lIíl Rú",sÍiI (I X9X) e mais tarde procllrou
dccifrar as rdações mundiais elltre o.., palSl'S. igualmente pelas flwl11as mais
,1 ançadas. I.'om SUa teoria do III1Pl" tah"'lllo (1916). C01110 assinalou H,
Ll'fdwn:"
Como jú :--e díssl' Imli!a". l'h',>, a c";l'ola francesa de geografia, soh
liderança de La BIHchl'. Iku g'''IHk 1~1Ir;ISl' aos estudos n.:gíollais, que
procuraram dl'l' ifrar as rl'la'.lt'~ Vlll'l' l~ hnlllClls c as condiçôl's naturais.
numa isün kantiana dc' 1l11llu;l... IlItlllt~lIt'ias, inspirando. aliús. os mwos
historiadores da '-'POl';! (I, h:hIC puhllcou t'lll JlJl2 lima Histoire de La
Franche-ColHté. por l'clllpl.n, tjUt' "l' apUlarall1 aos aanços da geografia c
de outras ciê'ncias para rl'llm ar '~ .'..,llIdo" hí..,!lricos, fundando em 1929 Lcs
Annaks d'histoirc eúltlollliquc l'I ,>nl..'lak', l'lll I.'ujo comit~· de redaç;lo
figur;l am dois geógrafos. A Iklllall~~t'lIll L' ", SicgfncdJ4
,
Por tudo que sabcmos, lJàll L'<lu..,a '>urpn:sa que no 1ll0tlK'lltO atual. dê
retomada do:-- interesses pe!t1s l'studus t!l'ogralú;os regionais e locais. a obra
de 'idal tk La Blachl' rl'aparn,'a, l'olllflarada ús isões dI.' Mar c de F,
.Iamcson. UIll dos raros intdcl..'tu<lis llJal'""tas amcril'anos, como paradigma
do 1ll1l1HJO pn?-industrial Call1pOIll's. l'l1l L'ompar<lç<io COIl1 n mundo industrial
do s~L'ulo X IX (r>.1arx) (' com () mundo capitallsla atual nos Et~ A (Jameson).
Curiosamcnte a seqüê'nl'ia eSI:olhida por t. Thrili (Vidal. Marx e Jameson) é
l.'I'onológica quanto à l'oluçüo da I ipolog.ia reg.ional. mas nào é quanto aos
11. Lddn 1':: La pl:l1~01: dI: L':nim:, Bordas. Il,I57 l'ap. O PellSallll'nl~) cconómínl
dI.' L.':nin. p. ~06 a ~53, Na geogmfia foi 1''1, Santns quc fCI liSO da .:ategori..
formação econômico-social: Sociedade I:' l'spa.,n a formação soeial.:omo teoria e
como método, BoI. Paulista de Geografia. nU 54, IlJ77, O deselloh imento desta
catcgoria por y, Lacoste k ou-o a da~sificar o Japão como sllb(ks~'n oh ido,
11 	G, Bourd0 e H, Martin: Lcs ~eoles historil/ues, Ed, SeuiL IlJX3, .:ap. 7, : escola
dns ",nnaks",
____C_a.dernos Ge()gráficos N° 6 - Maio 2003
autores, pois f;lltoll di/cr que Marx analisou o capitalismo industrial
antes que La Blilchl' analisasse a França camponesa (sobretudo atra ~'> ,h
seus discípulo:--. dL' 1902 a 191Xl. o ljue 1e'Oll Thrift a indicar como fell.l;d.
modelo de produç<'lo dominante examinado por <idaI
1
", Aqui aparecl' 1111
equívoco  iSI(,1. l1Ias de üícil explicação,
F, Bral/del illsistiu rccentemente em perguntar por LJWlI1tos séculu:> .1
França teria vi Ido lima "economia camponesa" e ele mesmo respondeu ";,1,
os dias de holl'''. apoiando-se nos estudos c depoimentos dc P. DufoulIl!'1
sobre a Saúía: "muitos dos antigos caminhos, qUe remontam meSlllll ,
protohistóría, ,10 desaparecendo soh as matas de corte. as sehes L' ,
culturas, pOlIlÚO poderem ser usados pelas máquinas l11otorí/adas e por  ull,
dl' 1960 eram allltla quasl' todos transitáeis. pl'lo 11h."nos a p0"" ~o inl' "
do séC'ulo  . quando foram reali7adas <lS pesquisas reg.ionais dos di:-.cíplIl..
de Vida!. a Fralll,:a CI'a tortemente l'amponesa. mas relações fl'udais I.'sta ,111
cnterradas dC'sdc a Revollll;:ào Francesa e desde então a economia capitall .1.
passou a L'ellllandar o pais e principalmente e economia l'amponesa '.,
COlno analisou V, Berdoulay a geografia 'idaliana l'St,1<I 1'1
hal111oni" C'um a polítil.'a dominante da 3d
República, e se apoiaa nela (.1111,
Ferry e outros diri);l.'lllt's políticos), de nacionalismo e expansão colnni;d .1,
alialwa ourgltl'sia-nltllponcses. visando isolar 1.1 l1loil1lento npl'rário, .I,
ensino obrigatúrio, laínJ e gratuito. dentro da tradição republicana 
 alorilarcl1l U Illlllldn l"llllpunes. nas teses regionais. os dis~'iplllos dt'  1.1,1
estudavam a França "profunda", diversificada nas relações homcns-Ilattlll'
locais (pays) e ajlldaalll a cimentar a aliança política entre a
burguesia franl.'esa l' a l'Iassl' camponesa, mas cometiam l) pecado .I,
anacronismo intelectual. pois o enfoque no chamados gêneros-dc- Id"
apoiado na etnografia, tratava dc sociedades tribais e de sociL'dad,
camponesas isoladas. qU<lndt1 a França do sél'lIlo XIX j:i era lIrna SOl'll'd,1t1
onde o capitalismo cOllstituía o modo-dl'-produçã(, principal l' :1 111:'1111'11
:i N, Thriti: Visando o ámago da região. st)bretudo a tahela 7.1 11'1'1,;;; :llIhHld"d·
Vidal, Marx e Jamcson), in O, Gregory et alli (org,l: (ieogralía 1I1111!.lll
sociedade. espaço e ciência social. Rio de JaIK'iro. 1 Zahar. 19%.
h F, Braudel: A idcntidade da França (os homcns (' as coisas), hL (;101>0,  "I 11
19XÓ, onde discute uma "economia camponesa" ate n seL'ulo , I' I':t lI"
,- A longas etapas de subordinação e adaptação da l'conomia campO!l'·..... ,lO '1111.111< ti' ,
capitalismo francês, estào bem discutidas por A, Lipiel/: () rapil;i1 l' '.1 '11 '··'11.1!," I,
Ilucit('c,
"V. fkrdnulu (194<;). p, 2.~O,
Cadernos Geográficos N° 6 - Maio 2003
produção mercantil era um modo de produção subordinado. Assim. enquanto
K. 1arx na sua análise dos camponeses tinha os olhos voltados para o
futuro. Vidal tinha os olhos voltados para o passado. Analisando a economia
camponesa. K. Marx assinalava que "" agricultura toma-se cada 'ez mais
um simples ramo da indústria. dominado pl'lo capital" e a análise de Vidal e
seus discípulos insistia numa 'isão anacn'1I11.:a. de permanência das relações
natureza-sociedade e de minimizaçào das rdaçôes sociais, O entoque nos
gêncros-de-'ida, na escola francesa, k'e 1Ill1:! longa e pesada duração e só
foi abandonado após a segunda guerra 1ll1llHliaL graças às mudanças na
realidade e ao combate empreendido pelos geogratós cntão marxistas, como
P. George';".
- 18
O lado menos conhecido atuallllcntc da produção inteleçtual dos
primeiros tempos da escola francesa dI.' gl.'o!!rafia t': o da geografia política,
devido a aversão à geopolítica alenüL sohrcllIdo após a segunda guerra
mundial. mas também às colocaçôes ~'qlli lIl.';ldas de Y. Lacoste nos
primeiros números da reÍsta Hérodotl' ." (lllJa~ publicações"'I'. É interessante
assinalar que antes mesmo da publkaçlio da Politisdle Geographie (1R97) de
E. Ratzel. o primeiro grande trahalho de túkgo til:- P. Vidal de La Blache
tenha sido Etats el nations de I' ~uropl' alltom de la France ( I XX9). Foi lima
escolha deliberada no sentido de enll'lldl.'f m. países limítrofes da França"'I,
"para estudar as relações e!ltr.' 1 sol(1 e os habitantes", explicativas
freqüentemente das ""Iriedades L' IIll~SIl10 das contradições que se obsena na
fisionomia dos PO'os". como assIIlalall10S no prefácio. O livro trata bastante
de questões políticas e já no capitulo preliminar faz referência à questào da
língua e nacionalidade no conjunto da Europa, Nos capítulos específicos faz
seguidamente obsen'ações de geografia política: I) o caráter político da
,,, p, Vidal til' La Blaehe: Lés genn:s de vil? dans la geographie hUlllaine. Anil, (jéo..
IlIl!. p, (jeorge: Introduetion à I"dude géographiqul.' dI.' la population du monde.
Paris, PUF. IllS6. La Blaehe sentiu necessidade de lima categoria de análise maís
adequada do que gênl.'ros-de- ida I.' que desse conta dos fatores humanos de
grandes dimensões territoriais. tendo elegido "ci'ili/.ação". depois d.' sua viagem
ao:" El:; (llIO..H. capai de distinguir grandes tipos de socicdade~, Mais tarde
lablal.'hianos como p, UOUI'OU fizeram grande uso desta categoria,
____C_,adernos Geog.r.~.!icos N°6 Maio 2003
llacionalidatk' suil,'a. 2) a significação militar e política da área de 11I:11U. 11,1
regiào akmli, ,,) a form:II;:'io do reino da Saxônia. 4) origens coloniais da ;11",1
prussíana. i1S allnaly'ôes prussianas de I Xó6 e as relações da Prússia (11111
Império aklldu. ") a nacionalidade holandesa, 6) a marinll<l mcrcante "
illl1u~ncia politica hntúníc:l, 7) a nacionalidade escocesa, Xl a n<lciünalilbd,
irlande~a. I)) lil'a~'úL"-; da Inglaterra com a Europa e com suas colôllias. IIl1 .I
f pro'inL'ias do 11OroL'~k eomo berço da nacionalidade espanhola. I 1,
Espanha L' a . Inca, 12) o caráter catalão, 13) a unidade italiana.
Toda a ohra de La 81ache está imbuída de lima visào politiL'a a ser I,,,
do nal.'iol1ali~IlH) francês: II crítica ú~ colocações de Ratzel l)uantn
geografia pollll"a. 2) inclui a Alsácia-Lorena. então sob o domínio akmall
na Frmwa dL' ksll' IH) ~ell Tablcau de la geógraphie de la France ( 19()J "  I
La Frann' de I 1st lI.orraille-Alsace), conl'luída em dezembro de III Ih
publicada elll Ili I~. L'olltribuill para o retorno desta~ prm íncias ~I!) dOllllllt.,
frances, ;;1 que li PIL'SHknte Iv'. Wi ISOII, dos ElI A. era contra a deolu,'ú"
O qllt' ~e di,,~.' (k 'idal ale para seus discipulos, C.Vallau.. publicou ':1'
1911 Geógraphic sOl'lak: 10 sol et rEtat (' juntamcntl.' com .I. Brullhl.."". t ,
Geógraphit' de I'hislllirl'. (ieographie de la paix et de la guerre :-;ur tene ,]
SUl' mel' t 1912" A. Sicgli'll'd puhlicou em l':.lU l) clússieo Tablcau poli!I,!II'
de la France de l'olle~t sou~ la Y' RcpublitJue, lais tarde, na década de ;11
quando K. Hanshúfer I.'st;la 110 auge do prestígio. J. Alice! defendl'iI ,I
tradição da geL)gratia poliul'a t'ralll.'l'Sa de J. Brunlll.'s e Vidal tiL' La Bladh' 11.1
própria Zeitschri fi für Geopolitik (llJ39). além de expor suas id~ias SUhl" .1
Alemanha no Manuel G~ographique de politique européennc. tonll'
(I' Allemagne I, Ed. Delagr:ne, De e-se registrar que J, AnceL fraI1L',;, ,k
origem judaica, foi morto durante a üeupação nazista da Fran,';) l' "­
Hanshofer se suicidou em 194b,
- 19 ­
I
De tudo o quc foi exposto é possÍ'd diLer que se l.l crL"sl.'iI11'111!I
econômico da França cOlltinuou lento de I ~71 a 191-+ eomparali a111'111<' .1
Alemanha. a geografia francesa reali;:ou nestl' período um sallll n,n'pl'llIll.d
projetando-se mundialmente eomo concorrente ú hegemonia <~l'nll;l1lc;1 1 III
I X9X no mundo todo a geografia esta a sendo ellsinada por I '} I plOk~",."1
em 92 instítuições de ensino superior: 32 e 22 respecti'amellll' 11;1 , kll1,i1111.1
",U y, Lacoste: La g~ographic, ça sert d'abord à ülÍre la guerre, Maspeo, Paris, 1976.
~ I 	Os países limítrofes à hança estudados especificamente foram a Suíça. (l Império 4: p, Vidal de La Blaehe: "'La gl..~ógraphi.' pnlitJquc d'aprl-s !c" nllh til' 1 I
akmãn. o Rcino da Bl'lgica. o Reino da Holanda, o Reino Unido da (i.Bretanha e I{al/d". AI1I1, (i~·".. I X'>X: I (I halll:~' dt' I'I'sl ti IlIT"me .,1';1"<' I .tI, ,111"" ,I I
da Irlanda, o Reino da Espanha, o Reino de Portugal e o Reino da Itúlia, ",h""" ,'111 I')~O pd'l [ Ih. , ( ,,1111
Cadernos Geográfico~ N°6 Maio 2003
22 e 16n<l França, 16 e 1I na Rússia, 14 c 10 na Austria, etc. No conjullto da
lIGI de 1904 em Washington a França participou com a segunda dckgaç50
estrangeira (43 membros). apús ti Alemanha (65 membros), Em 1920 a
geografia era lecionada em todas as universidades. saho Caen~ I.
Enquanto a geografia ali,:llli'í lúi prejudicada pelo HIIlatis1llo nazista.
deve-se assinalar que a geogralia francesa, por razões que nào estào
suficientemente discutidas.  i'(,'1 na dL-cada de 30 um significati'o avanço
teórico e empírico. que se prolongou nos anos 40 e 50. mas l'Ol11eçOll a
perder vitalidade nos anos 60 e 70.
A inserção de A. Cholle~' na (;co~rafia francesa
- 20 ­
Como se sabe o h:ll1po de L'llllstitllição da geografia moderna na
França completou um SL-culo nos dias atuais e nos caberia tentar algumas
comparações, que ajudcm a l'pllcar li percurso e as características atuais,
Atualmente 110 lugar dl.' ullIa ~Ialllk litkrança do pensamento geográfico
francês, podemos distinguir II'L-S lidcranças, SCIll a grando,;t de r. Vidal de
La Blache das últimas tkL·ada... do s;l'lllo .:L e primeiros dl1 século X.: e
nem de Emm. De Martollc. quc l'OlllalldllU a geografia francC'sa até a 2"
guC'rra ll1undial. Os líderes atuais diri)!clIl re'istas, que não recebem o
reconhecimento que garantiram a lill'!,:a dos Annales de Cieógraphie:
L' EspaL'e géographique (R. Bru/lel) editada dL'sde 1972. HL-wdote (Y.
Lacoste) editada desde 1976 t! (íéog,raphiL' d Cultures (r. elaal) editada
desde 1l}9~, R, Brune! e y, Lacoste fíll'alll membros do rCF L' discípulos de
p, George. sendo quc os três fizeram UIll IlL'rl'lIfSO de Illoderaçi'to política,
numa 11l:lrcha em direção ao centm do l.'spedro político. p, Clm'al sempre
esteve em posições politicamente ccntristas, LI que dá a curiosa Situação de
três lideranças de centro, que Se' (kgladiam freqüentemente por I) questões
de tL'cnicas de trabalho. como as críticas de Y. Lacoste ao qualllitatiislllo,
sobretudo de R. Brunet e 2) temáticas distintas (geopolítica, cultura, etc.).
21 ­
Para chegar a esta situação distante do dinamismo e da grandeza dos
primeiros tempos, toi preciso passar por uma crise política e cpistemológica
~1 G. Tathan. in G. Taylor ( 95 I. N. Brol.' ( 19(1), p. 636, A Cholh?): TenJunces d
irganization de la géographie en France. in A. Chollcy (19571. p. ~4, totulizand()
f fluniversidades. induindo a til' Arg('f.
____C~~_adernosGeográficos N° 6 - Maio 2003
ljue COl1le'ou a altura de 1960, mas foi precipitada pelos aconteeimenh", d.
196X, quc ahalaram toda a 1IIli'ersidadc francesa. Entretanto nos HlHlS I.
foram g,cstada..; Idéias ljue fizeram avançar a geografia francl'.1
prm ;lL'IIllL'Illl' soh (l estimulo da concolT(-ncia da geopolítica alem,i, .I,
radkali/4l';ll da sociedade, aliás nitida entre os intelectuais. que se dcli'",111
freqüentemcl1te cntrc extrema-esquerda e extrema-direita, assim COIllO lI.
Alemanha :--oh a Rcpública de Veimar havia ocorrido o mesmo, anos <1nll'
U a<IIlI;1l tL'UIIl') L' cmpírico da geografia francesa dos anos 30 nào t"
pL'rL'cbído por p, (,Iaa! c nem anteriormente por A, Meynier';~.
- 22 ­
() prilllcím a apontar o uanço teórico dos anos 30 tt1i A. Chollc
quc tee o papL'l dc caplar a Illudança epistemológica provavelmente 1)111 k
sido herdeinl de ullla knta C oluçào da geografia em direçào ao rcklld.
salto, O corpo lIL- L'iclltlstas da 11I)'a l'icneia foi montado, como já s(' d,.,
por p, 'ídal de La BlaL"llL'. qUL" l'r.1 L'sscncialmente geógrafo humano c 111111<'
cncnllia de geogralia IIsiL'a. daí kr feito o esforço de inC0I110r,1I;;'10 ,
geólogos, botánicos. etc li UIll Irabalho conjunto com os geógrafos (EIIlIlI I"
ilargerit!, p.ex,). A ,líderança da geogralia francesa passou a ser e,l'llllll
sem Jescolllilluidade. :lpÓS 1920 por Emlll. De Martone. que acaholl
t()rnando hasicamcnte um gcol1lorCólogo, bastante ligado ús idéias dl'   f
11:lIS, Assim sendo, a chamada ge~)gratia regiona! francesa carecia de 1111
instrul1lental teórico qUl' realmente cOllseguisse aeoplar criatiHulll'llIl' "
ratus naturais L'om us 111tos humanos. o qUL' na 'erdade não SL' 111111,
consegUIdo fazt!r Ilas primeiras tt.'ses. Nào por que a geografia akm,i. 1111
suas rai7es kantianas. não ti't.'sst" indicado os L'aminhos teóricos. 111.1
pnn <IL'1mL'l1lc por que praticú-Ios 11<0 era tarelll Illuito fácil. exigilldll IIII
domínio agupdo de campos tão díspares como clima, re!co, Ill'UP;I .I'
humana. cidades, etc. Nunca seria suficiente montar lima colagem lk LIIII
um a UIll L' sabL'-ILIS dcsmontá-Ios para efeito de amílisc L' CIll '''111.1
clllllbina-Ios num quebra cabeça eplicatio. Em reSUI1lO seria nCt'~·"',.1f I'
dominar e acoplar os dois t!ntt1llues da geografia inaugurada por I.all!. .
cllfoqUl' sistemático (tcórico) e o enfoque regional (empírico. di7cnd.. ti
maneira simpliticada.
"~ Ikllllin: IIlshllre de la PCII"l'.: ~·t'o!!raphiqlll' 1.:11 hlllll.'' IIX'::'~ f'lh'lll'l I "lh'l
f' II,I:II Ilh'oll.' ,k 1;1 (,,''')~raphil' frall'aiw de IX:I) a 11th ' ••111 .... 'i,Uh.ill 1'1'1;-';
 I 11011.-, 1"11.1,111< l', ,'I "11',1111/,111.11" de la 1 "'''!'Llllhll'l"1I II,III(,
Cadernos Geográficos N° 6 Maio 2003
Sob a orientação de Emll1. De Martone. A. Cholley realizou um
enorme esforço empírico c teóril.:o, ao escrever sua tese Lês Préalpes de
Sa oic (Geneoís, Bauges) et kur aant-pays: étude de geógraphie
n:gionalc-lh na épüca em qUL' trabalha'a el11 Lyon, como "maitre de
conf.'rl'nces", antes de seguir el11 1927 iI Paris.
Sua teSt' roi, 110 di/er lk Ik f'vlartone, a primeira tese original sobre
uma regiüo montanhosa da França, jú que a de Max. Som: sobre os Pirineus
hasicamente um estudo de hiogcografia-l-. Assim C01110 HlImboldt foi
f,j orccido nas suas obsenal,'úes gL'ogrMicas ao tratar das regiões
monlilnlh)SaS (Andes, p,e,), pL'la 1~:l1dêl1cia ao aparecimento de vários
pequenos sistemas naturais bem ddílllítados, igualmente A, Cholky se viu
Jd'rlmtado pela imbricação ('ol11pkx", mais ao mesmo tempo "didática" de
fato..; de origens diersas, 11l:lllili..'..;ladas em tipos de tempo, hidrologia
c)ll1pk.'a (lagos, pÚlltanos, !luxos glal.:iais, etc), a presença milenar de
ocupação camponesa, com dil;..'rL'lltL·... tipoS de aproveitamento das condições
naturais (planícies, enco~la,. Illlllltallhas, etc ) L' uma industriali/ação de base
rural L" de pL"quenas cidade... ( llIll'L'y, p.t'x.l.
Apos lIllla introdlJ(;üo, Iraloll Ib florlil ln.!:!ia dos Préalpes da Saoia (I'.
X3 a I()(). do clinlil L' da IlIdrolllgía 111. Ih7 a 2~7), de um capítulo
illll'nnedi:u'io entre I.l 1HIIIII:lI l' ti hUlII,II)U H) 11Ill1lCIll e as condições naturais,
p. ~xx a 3X-+L seguido do... ('l'llL'ros Ik ida (p. 3x:'i a 70510 mais olutnoso
da lese, seguido da L'lllL'hIS;'Il (70(1 a 71:'i). (. curioso qlle A. Cholle! tenha
sido o pril1lt:.'iro !:!cúgralil I'ranc(>s a inl'l)f'porar as idéias de J. Bjerkner e H
Solberg, Illekorolugistas L'sL',mdinao:-, c assim a trabalhar nào só com os
challladl)S clt:.'nlL'lllus do clima (temperatura e precipitações), mas também
l'llll1 as L'sta'ôe... l' lipos de tempos (p, 217 ti 23:'i), tendo superado De
flartllnL' neste L'alllpn L' sido o responsável pela orientação de tese de p,
Pl'~klab()nk: U Climal du hassin parisien (essai dmc méthode rationalle de
climatolngi<.:' physique), Ed. Génin, 1957, qUL' impulsiona a chamada
clilllalOh)gia dinámica,
A lL'se de A, Cholley nào só é majoritariamente de g('ografia humana,
pcln nÚlllL'ro dê páginas, mas pdo L'spírito, jà que para elê o homem é o
(,L'nlrn das preocupações da geografia que ele adota, Nela já aparecem dois
componentes fundamentais do seu pensamento I) o casamento de grande
~.. A rd'erídn tese edl' 1925 (A. C'olin) e o primeiro texto de fôlego o illieiante A.
l'holle:-. foi também lIlll estudo regillllal sobre sua região, localí/ada na parte
11l:ridional da Larcna: La 'oge, Ann, Gl)" 1t} 15, pp, 219·2J5,
~- FIllIll. [)t' lanone: I.ó Pr0alpe:-. de S;'loil". :nn. (j00.. 19]7, p.~6.~-(.;.
____C_adernos qE:lc:>~áficos N°6 Maio 2003
fertilidade entrL' g.el)g.rafia sistemática e geografia regional. na tradit;a.. ti
Kant. Ritter L' Ikttner. todos com ampla formação filosótica. ,,'UI1I" .1
mesmo e ::!) ~I i(kia de que os fàtos geográficos são combinações com'I'!,I.
C0l110 tais prL'cisalll ser estudados e decifrados.
A I , I
CIUWAS SISTEMATICAS
,~
8'
eo
.J:..~
Diagrama dando o caráter espt'cial da geografia como clenl'Ía
integradora. que atravessa em diagonal as ciências sistell1átic:I",
ao inés de confinar com elas (Conforme Hettner. que se basl'Ía
em Kant e com o qual A. Cholley concorda),
fonte: HARTSHORNE.
Quanto às suas pesquisas de morfologia alpina tL''L' qUL' ....l' d'fI 0111.11
entre as interpretações de Emm. De Martone e as de R, Blanchard. 111/11<' •
k~ ou a dar continuidade às pesquisas em outras rq!.Il" tí,UII" ..1
(Bourgogne e região parisiensel. tendo orientado t!rall(k mÚ1ll'/ () de I"'·'
sobn.' a hacia sedimentar parisiense (Tricarl. Pinclh:llld, .1011111"11. dI •
Nestas pL'squisas se dL'lI conta Ja riquL'la quc 0'<; dcpúsillls Iil' L'tlu h!a
Cadernos Geográficos N°6 Maio 2003
representar na revelação das condições pako-climáticas. e assim sua
doutrina em matéria de geol1lorfologia ganhou corpo e se afinou: tectônica e
erosão se li rum a um duelo atra'~s das variações climáticas, permitindo
definir a noção de "sistema de cr)sào" e o uso da técnica de análise dos
sedimentos. em laboratórios apropriados. Este caminho, aberto por A.
Cholley4X corresponde ao salto t:1ll direção à geolllorfología climática,
postt:riormente apropriada indehilaJllt'IItC' por vários autores (./. Trical1,
p.e.). C.A. Figueiredo Monteiro lemhrou
l
" 411e até a UGI de Lisboa (194l<)
a temútica geomortológica gira;! elll tomo das "supert1cies de aplainamento
nos dois lados do Atlântico" c l'fll Washington (1952) a telllátit:u passou a
ersar sobre os "'cascalheiros" das l'ncostas, tào reeladorcs dos processos
pako-c1 illlÚtícos.
De tanto relac ionar I:ltnr, /. ('holley passou a teoriza-Ios: os làtos
geogrúlicos, quaisquer quc o.;l'jalll. aldeia, economia agrária. subúrbio em
üpansào, forças crosiY<ls, ek.. rcsultam de uma combinação de intluências
 ariadas. lisicas. biológjca~. hUlllilll;t". 111L'ntais. etc.. cujas il1t~rações são tào
cOlllplt'.xas que, ns 'e7L'S tOl'ar IHIIIl d.'l1I.'l1tO da combinação cOllsiste 1.'111
modificar o todo. por 11111<1 "l'l il' de rCaç'lcs em cndeía, A anúlise dos
l'Il'nlL"ntos de tais l'oll1hllla~',k's, a "hsLT;I,';U dL' sua italidadl', fornecem ú
gellgra lia 1.,1 SCU l11~tod(l.  qual ,lL'lílll' ll(1s~a cil'llcia em oposiçt1o ús ciências
sct(lriais (geologia. hotit11il';), etc.). Trata-o.;l'. aso.;ím. dc descobnr o dinamismo
duma combinação. sua Ctl'l1sào csp<l:ial. S.'ll l'l':scimento em detrimento das
comhinações vizinhas. e depois sua própria Jl'gl'lwrl'scência, Não só é a
sistêmica antcs dela se generalizar, conto (- a visão de múltiplas
l Ietennll1açoes l Ie IV aL '".. - ~·1
:. Cholky foi o sucess..)!' dc El11l11, De rv1artone na liderança da
gcogralia francesa L' o auge do seu poder se l'xerceu de 1945 a J 956, Foi
professor na Sorbone de 1927, levado pelas mãos de De Martone. até 1956.
tendo sido Sl'lI DO)l'n dl' 1945 a 1953 e diretor do Instituto (Ie' Geografia de
1944 a 195h, Presidiu durante quase 20 anos o júri da nova agregação de
1:-. A, Cholley publicou nos Ann. Géo. Três artigos sobre a morli.llogia da região
parisiense ( 1943) e mais tanle o famoso Morphologie structurak et l11orphologíe
dimatíque (Ann, G~o" IliSO), tradu,ódo em I %0 no Boletim (jeogrútko (,NG.
~'I Informação oral.
," J, Gràs: André C'holley, in: Ph. Pinchemel et alli: Deux sieclt::s de geographie
fr:llwais..:-, CTHS, IllX4.
(J
Cadernos Geográficos N° 6 Maio 2003
geografia, assim como dirigiu por muito tempo a Associação dos Geógralo.
Franceses e os Annales de Géographie no auge do seu prestigio51
,
Além das suas contribuições anteriomlente apontadas é interes:--anl,
lembrar que o animava lima grande preocupação didática: I) colaborou l'OIl,
A. Demangellll na coleção de liTOS de primeiro e segundo gl;llI.
organizando anos depois sua própria coleção. com nomes de peso. COl1ln I
Dresch, P. (ieorgl'. p, Birot e outros. podendo-se dizer que seus li, I".
didáticos :It':' hoje nào toram superados na seriedade do conteúdo, 2) rUlldtltl
em IYJ6 a I' Infllnnation géographique. revista destinada aos professores !lu
magistério scclIlld4Írio, 3) publicou em co-autoria com Emm, De Martollc .1,
cartas dI) "I·tat-Major" IXO,OOO", selecionadas e comentadas. destinada" :1"
trcinamcnto dno.; alunos universitários,
Mas a 1;lcc didút ica. de estimulador de novas vocações. nào dt" 
obscurt?ú'r sua IÚl'C de kórico importante. como reconhecenllll 1<
Hartshorne, 1.'111 I<JÚ(I, l' (i. Bcrtrand recentemente52
• Bertrand assinalai
importànál da idcia de comhinação geográfica para a gênese da ('atcgO! LI
geo-sistl'ma. lamL'lltando quc os gcomorfólogos franceses se isolem C111 ',11.1
e~pel'ialidade, Hartshort1c lemhra quc no Guide de I'Étudiant. Cholll
assinala a distinção entre Gcograna c as chamadas ciências sistêmicas, hl'lIl
L'l)1l10 as st::l1lelhanças entre Geografia e História, tão próximas às colo.:;I,''''·.
de Kant. Lal11cnta'ell11ellte nos anos 60 e 70 começaram a se acentuaI .I
"'fragmentações" da Geografia. já apontadas por A. Meynier'. 111,1,
principalmente uma ênfase crescente à organização espacial (paisagem. ,'h
como a "cspacjalidade" num processo de regressão teórica.
J, (j rãs: André Chollcy (ll:il:ló-1968,. in P. George: Lcs gé!)graphc.~ 11 alll.!1
tTHS.IlJ75.
R, Hartshornc: Perspectivas on the nature of gt'ography. Assoe, 01' ..111 (I.'il)'1
19611. com tradução do IPGII. Rio de Jalx'Íro, 1969 c (i. Ikrtralld l'1I1I' 1,1.1 .•
(iH)SlIL (IFSC. 199X,n"26,p. 144·160.
 lkI1I('1
II

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  • 2. -----Cadernos Geográficos N°6 Maio 2003 dos referidos geógrafos, A. Cholk') deixou uma obra relatiamente escassa de livros, mas de modo Sl'llIdhallll' a Max. Sorre foi dos poucos que explicitou uma 'isão pessoal da ).!l'o).!ralia como ciência5 , fato raro entre os geógrafos franceses, mas COfllllllll'lllrc os akmàes. 2 Como se sabe. a gl'ogra lIa llIoderna nasceu na Prússia. antes da unificação alemã. na prillll'ira lllclalk do século XIX (A. '011 HlImboldt e K. Ritter), como filha da filosolia c1as'aGI alem:) (I. Kant e F. Hegel), da mesma fornla como ocorreu, pell I1l1..'1I0S pan:lallllcnte, com o marxismo (K. Marx c F. Engels). Ela acabou se finl1lllldo l'OlllO uma necessidade intelectual francesa no final do século XiX, selll.ltl que a !!lIL'IT<I li'alleo-prllssiana ( I X70-7 ) deu um grande impulso nesta din..'ç:o. ASSIIIl, Cllllleçarel1l0S por perguntar o que era a França no período I X71-191 ..L quandll dt' conhecimento praticamente ausente, a geografia se transfol'lnou 1.'111 ciéllua l1Iuito aançada, realizando com a geografia alemã, 11 partir da qual ela 1'1Ilcn'.iu. A França no século XIX., «.'01 eSll«"I.'ial d,,· 1871 a 1914 - -' Após Watt!rloo e o fim da Rt!'oltll,';'lll li'ancC'sa, o século XIX acahou sendo, do ponto de vista econômico e político, li s~culo da "Pux Britannica", com a G, Bretanha mantendo tranqui lalllente sua hegemonia européia e mundial. mas paralelamente a qual os EUA e a Alemanha ascenderam econômica e politicamente nas últimas décadas (I X70-190()). É curioso que a França, seguramente a segunda potência européia e lllundial à altura de IXOO. meSl1lO tendo passado por uma enorme revolução político-social. tivesse perdido velocidade, nào só frente a G. Bretanha, C0l110 diante das duas novas potências emergentt!s. Se formos resumir a perda de velocidade francesa, podcríanh h dctlni-Ia por um conjunto de características econômico-sociais c políticasl , incluindo: 1) lento crescimento econômico, em particular da rV1 SOlTe, Le~ Fontkmenls de la géographie hUl1lainl', A. Colín, ...f ml., I'I·L' I')~ t '110111.' I a ( iéllgraphil guide de ré1udianl, Pl !F. 1951 (prílllcíra l'di,':'t' dI' 11 ).1,' I M NI l~all lIí~lo..ia dos fato... l'l'oni'lJm'o~ cOllll'lllpOram'''' l.tl' 11 IIndll'..llIall/açilll .' l'It'...çillll'lIlo lia t'l'ollolllia fi;ull'.'''al. PllcL I')(,!) 1 11.1111.1111 Ih...I()II~' lY!lIHlllllqlll' l'I ",o(lak líllll,'l1Ilullallll'. lhap 11 jl 'I;' 1111111111" fLIII.}I'," ,f.' 1)01 'I ,I 1'/1,11. I d 1. IlIh hJ(·...1l'1tl I'I',. Cadernos Geográfico~ N° 6 Maio 2003 indústria, e a pl'rsisll'llcia de lima economia agrícola camponesa IlHlltl significativa, 2) IXII.'o dinamismo populacional, C0111 qUl'da d.1 natalidade, altas la:ts de mortalidade e acentuado en'clhecinlL'llto I agitações políUl'htH:ials C mesmo guerras civis freqüentes (I s 11 1848-50. IX71). comparativamente à estabilidade inglesa, ak11 .1,1. guerras externas (( '1Il1lL'ia IX5':+-56, México IS61-63, Prússia IX7j I I a maior e mais illlporlantl' de todas), paralelamente aos .:+) 1'1'1/1 fluxos de aplicaçôes linancl'iras no exterior (Suez, Panamá, 1-111 111',1 oriental. etc I. akll1 das expansões coloniais no último quartd di século (Congo Bral/,ilk, Tunísia, lndol'hina, Madagascar, etc). A economia frallL'L':-.a tranSI~)fInOll-Se 'ugarosalllente, ao 1011,1'" .I" século XIX, por um '!l'sIOf'llll.'llto progressivo do centro de gnn idad,' .),l agricultura para a indllslria L' por uma lenta evolllçãü dos IllL'lndll. • organização imlustrial. ; transformação realizada durante um século líll 1111 vários sentidos, l1le110~ L'llmplcta que a ocorrida na Alemanha nos 1",11 'IILI anos que se seguir..1lll a I X71 "~. Para entendel11l0S este el'l.·...,·IIII' econômico knto du França 10 período mencion:.ldo é preciso nos rcp'" 1.1111" às Illudanças políticas e econômico-sociais decorrentes tI'l In ..llh. "" francesa. - 4 ­ A Rt!olução acabou criando nos inícios do século XI lIlll.l 11.11 ," distinta das demais nações européias. pela implanw,'ào til' lI1I1,1 nh 11 relorma agrária. que criou ullla importante classe de pCqlll'Il0S PII111111't. .. " camponeses c pelo reforçamC'nto do Estado central. hcran";t d.. t 11.1. L'olbertiano, capaz de impulsionar a economia e a sockdatiL'. la. 11111.111 .1,11 pdo Código napoleônico. CÜl110 parte til) papel dll "stado Ol'lhlll<1,I'"II' foi reestruturado e modernizado com a criaç:IIl, cntre outla... d" I ,1.11 I Polil~cnica (17<)-+), Escola de Minas (179-+), ('lln"Cnahlllll ,h, 11, Oficios (179:-), Escola Normal Superior (lil»).;), a:-.~Illl «11110 .1.1 1 .. .11 Ccntrallk Artes c Manufaturas, fundada lllai" I:mk (I x:.x<~'n plll 11111 ,., "I" de ellgl'nlll'iros l' industriais". I 11 (·l.lpllalll 1IIl' hollllfllh' I)", c!0Pllll'''1 411 ",1111 <' ,lIId ( H'III1,11I I '11 I I I H I ('all1,'IOII h;tlln' ;111.1 tlll' htlll"llll' 1)(''1011"1'111111 IIII"/,(' ISil1l 1'/1 1.'1111111'11 '11"'.1 1·,.·..l.l 1'llhlnllll,I '.('1 111'1.- 11I'I'Il,H,.I" ,h 1·"oLI,.h 1'11'" IIlul" 1'1.11,,1 I I kOh I 11'11.1 ( 1;"'/ ',) I .h" .. 111'" I I X", I .111.1', 1I<'llI.I'. 11" 'I) '.11 ( I S '.) /111"" II SI:" " 111.".111" ,I I '" ,,1.1 IIUIt"'1 d. "{·'.I 1'111111 I "111 .lIlhl j. 'H' n
  • 3. Cac:!ernos Geográfic:~s N°6 Maio 2003 Mas por que este enorme sailo 1Il0tkl'lli/ador do Estado francês nào aederou tt)ftcmente o descl1 OIÍIllClllO L'l'omílllin1'! É que o outro lado da R1.' lllul,'ào. o lado .'amponês. ll.'l' UIlI papel fundamental no futuro da França. Com a R.'oluçào inÍ(-iada. w, ,';lIlIpOIlC"';CS sublevados no verão de 17X9 ocuparam por sua própria .'Ol)(a ;" Il'lTólS sl.'llhoriais. se libertando dos de'ercs c seniços I~udais. sem plÚ'hall'1lI pagai compensações (abolição da scr'idào). garantindo a posse da lL'na l' nlando uma enorme classe social de pequenos proprietilrios rurais. lliu líplca tI;t sociedade francesa do século XIX, Em 1791 foram abolidas a:-.. cOl'jlllla'úe:-.. de ofício, que paralisavam as inicialillS indi iduais 110 que se rl'li:ll' ;h lIlillHlfaluras e indústrias privadas, Paralelamente roi reogado II <llIl-'lo til- barreira alt:1ndegária entre pro ineias e assim. homens. lllerL';lIhlllas L' çapitais puderam se deslocar linemCnlt" o território trances se tU!IlOU 11111 Illcn:ado único. protegido por uma laril~l externa l'Icada, ('01111) "L' ê, a Rcvolução baixou medidas 11l0Jerni/adoras. I.jue garantiram p I.'IL''''l'lIllento econômico. mas não asseguraram lima "decolagem aL'L'iL'r;1!a , (I) lake-off de W, W, Rostow), já que a enonlll' Jimensfio da eC01101l1la l';lIl1polIl·.,,, Irea"a e controlava o ritmo do l.TeSI,:/fll:nlo capitalista-. Po!" I, o., L'alllpOneses mantinham lima el'ollol1lia IHllural pohcultora !lrlL'llll'lIlL' ;Illto-sulkiente. que por isto mesmo da a susll.'nla~:,lu a uma rede ,k L'L'IIIl'II.h 11L' pL'LJuenas e médias cidades no interior da Frallça. mas que por i"tll 111"'/11) L'(Hl.~litllía um mercado diminuto para o grande l.'apital t' 2) saiam kJll;IIIlL'llk do l'omplexo rural, onde estavam inserido:-... pma {) assalariamento ao 111;111110 e itado. combinando formas de resistcllcia COIllU a condição dL' /1lIL'/Il·propl'ietúrio camponês com a de arrendalÚril) (1IlI.'layer) ou de nperallll'L';lfIlPOllês. etc provocando uma lenta oll'rta tIL- flllCI dI:' trabalho para 11 Lapllal' ( I X(II) se haseou na F:;rola ('l'lIttal dr ,rles e I"'fanllfaturas, Aliás. a França foi prO,l clnlL't1te o primeiro pai... a !llIplallla! ulIla Escola de engenharia, École des Punls rI ('haussés. 1747t l' daí a illlpOrl;llIcía da adoção do sistema métrico (1790) e li cnf;N' proposta an ell,~irHl da matL'mátiea (Condoreet. 1792 /. Assinale-se tamhl.;1lI qlll' foi na Escola Normal Supl>ríor que se gestOll a geografia francesa. com P 'idal de La Bladle, K, MaL discutiu a rdação entre pequena propriedade camponesa e os freios à aL'dl.'mção capitalista l.'1ll Teoria modcrna da cololliLaçào. L'ap, XX" do primeiro tomo de O Capital. Ed, C'i, Bras.. entatizando sobretudo a situação dos EUA antes da Guerra de Secessão, " T. Kemp: A Ren)lução Industrial na Europa do século XIX. l'ap, /11 fksl.'1l ohinll.'/lto econômico francês: 11111 paradoxo'! Fd, 70. 19X'7 111 ____C_a_dernos Geográ!!cos N° 6 Maio 2003 5 ­ A presença desta enorme classe camponesa. diversificada L'1I1 camponeses ricos. Illedins e pobres. constituiu uma marca registrada ti" sociedade capilall"l:! francesa em todo o século XIX e toda a prinwlld metade do Sl;Clllll X, Os camponeses foram o fiel da balança nos emnall', entre a burgUl'SI:l l' o proletariado na França e em geral optaram por 11111,1 ' I 'I b' c. 'postura conSl'n atIora e pro- Jurguesa. mas tam em loram responsa c/, tomando Clll nmla as circunstàncias. pela lentidão do crescimenlll econõmico. Ç1I10 la se sunlinhou. e pela desaceleração populacional, poi.. ,I queda da Ilatalldad~ teL parte da estratégia camponesa de acumula~;I!' ~.'onômjca .' lk ,>ohrL' ivência autônoma. como fuga ao assalariamento,' taxas de l'rl'''l'íIllCnlo anual do produto nacional. que refletiam a estrultll ,I acima apontatb, L'"II eram entre as mais baixas dos países industrialíi"ld.. da Europa (llúll(l IA"ll' França 1.6°Q). enquanto Alemanha (2.9°(,) e Suell,l (3° 0 ) regislr'Jalll laas bem maiores e da América do Norte. onde as la.I, eram mais alIa... alllda (EUA -+'30 " e Canadá 3J~Oo). considerando o IOIl:'" período de 1l)':1I c I') I 3'. A colll'úl dl'mográfica francesa registrou ao longo do século 1 uma queda dtll'II~'lil'jenle de natalidade mais rápida do que na G, Bretanh.1 I na A kmanha . . I."""" ell1 I XOo- lU para 20.5Q IKI em 1900-10. ao passo ti 11L' li çoeficiente dl' mortalidade diminuiu menos depressa do que nesses I1lC~lIh', pais~s: 26.3'llIO elll IxoO-1 (J para 19!)()f) em 1900-10. conduzindo a uma nll'llJlI presença populal'Íollal comparativamente às demais potências ttl : População (milh~~ 1800 1850 1900 9JO FI':mça_____ 27.3 35.8 39.0 4Lx ( il ;] Rn:tanha 15.0 22.6 38.7 41>,0 -_._'-~--"--~'.~ AI J5,Y 56.4 ()4. Ri 60.2 111.0 "h.1l h "I' ~ - ..."I~- 76.0 ) " ,q - 6 ­ O período que 'ai de I ~70 a 1913 foi Illuito importante lia 111-.." Ii 1,1 européia. mais ainda para a Alemanha e a França, considerando 11, IItlllll, distinlos de crescimento econômico. a França com 1.6".. ao ;tnll " ,I .. K, lar: As lutas de dasst!s na França de IX4X a IXSII L' a il1lm,,"~';(I lI- 1 111':1'1' ú edição dc IX~5, in K, 11ar e F, Fn!!L'k Tl'los 01. 111 iIÜ1,Úllll'!!iI I" 11. Ni cau: obra l' L'ilpiltdo eirados, "L'ndo I'" dado" l'0pulaUOllill ,k " 11 Illhl--
  • 4. - - - Cadernos Geogr~ficos N°6 Maio 2003 Alemanha com 2,90.0 • quase n dobro. Em IX71 a França saiu derrotada da guerra franco-prussiana e assi~tíu cm Vl'rsalhes a proclamação do Império alemão. e ambas continuaram a se dl.'filllltar militarmente na primeira guerra mundial (1914-1 X) e na segullda ( It)~1)-4:'i I. Se IX71 foi mais uma itória político-militar dos akmães. CIll pknil cxpansão. a derrota francesa significou um grande choquc na Hlcla dc "grandeza" da França. provocando grandes reviravoltas materiais. pol!tll"a~ c mentais. Em I X70-71 foram regi,>l,adll~ 140 mil mortos franceses. tanto por ferimentos corno por doc1was (, allola I, cnquanto as baixas alemãs foram muito menores (60 mil), sem rq,!,slm:-. dI.' mortes por varíola, pois suas tropas haviam sido vacinadas. O Tralado dc Francfourt retirou da França 14.000Km2. habitados por L"i lllllh<lll dI.' habitantes. prO ocando grande migração de alsacianos t' lorcllo,>. qUl' ahandonarmn suas regiões e se dirigiam à França, além da (OhLIIl'<I de ifldcnizaçôcs fi nanl'l'iras. Ic"ando o Estado franc~s a emitir papl'b da di ula púhl il'a. Durante os con t1 itos caiu li monarquia Je Napoleào 111. plOl" lallla"do-sl' a 111 Repllblica tj'ancesa ( IX70). assim l'01110 a insurrci,io popu la! de Pari~ (I :-71) acabou afogada em sangue. provocando Ulll rl'llu 0 prolungado das lutas sOl'iais na Fnll1çu. compensado por CreSl'illlt'1I10 do IIh) IIlll'1l1o opcrúrio na Alemanha: em I x71 os social-democratas rt'glslraram HC mil volns. saltando panl 49J mil em I'1'77 e alcançando 1-1-2' 11111 t'1I1 IX')OI i St' lIS !i'anceses ,'j'eram um refluxo das lulas sociais. a Ikrrula dI.' IX70-" I despertoll sentimentos naCionais intensos. inclusi c t'lllrc os IIl1ch:cluais. I..' ullla autocrítica cultllral e ideológica, que dl'Selllbol'llll lia ,alorl/a~..ào dos l'StUJos geográfil'os, até então incipientes na hall~·a. cl)mparativul1lcnte Ú Alemanha, - 7 ­ A Europa também 'iveu de 187J a 1896 mais uma prolongada tàse depressi a do l'ido longo industrial, com prejuízos maiores na França. A crise foi 3gra'ada pela política comercial lÍre-l'ambista (I X6()-! >192). inaugurada pelo tratado de comércio franco-ingks. com peqUL'lHlS llludallças protecionistas em 1881. e substituída por tari fas nitidamente protcl'ionistas em 189.2. com o gOerno Juks Méline. Durante o período de liTc-comércio as importações agrícolas da América (cereais. etc) deprimiram a economia camponesa francesa, acelerando o éxodo rural, e como ela representaiI grande parte do consulllo Jo país. afetou a demanda de produtos industriais 1I F. Fngds: illlrodu.;àll al"Ílll<l cilada pp. 101 -02, _._____ Cadernos Geográficos N° 6 Maio 2003 na~:ionais 1~. ma i'> lima 0 se registrando a importância camponesa 11.1 t'l'onomia L' na pollllca Iranl'csas, Em dCl'OITt;IlClil da derrota de IX70-71 e da crise econófllh prolongada do tinal do século. acabaram se concretizando as pressôl's 11" sentido de l'OIHlllhla:-. l'oloniais e investimentos financeiros no exterior. o qlll' igualmente rt,tim;oll a presença na vida fhlllcesa das antigas sociedades lI<­ gcogra tia C esllllluloll o dcscmolvi mento dos estudos geográficos Illotkrnli, COIllO praticadm lia . Icmanha. A gênese e () d,,'sl'fI·o.vimento inicial da geografia francesa (1871-19."0) - 8 ­ É intclc""alltl' Ilbscnar que a g~nese da geogratia alemã. a primel!.1 ,erdadeirallll'lIll' IJlotkrna. tenha se dado num momento em que os alem,ll' i"alll suhdl Idldo,> t'm numerosos pequel10s Estados, sobrevivência li.! estrulura polllil'" 11;(~)llclltada medieaL eom "ida econômica social prcc;lIl.l e arcaica. '·lIlrl'lanto. l'm contraste. a "ida intelectual alemà revelava ~ralldl fertilidade. ..;phrcludo 11" filosofia e na literatura'1. ~ O pnlll"11'Il jlL'llsador que refletiu ao mesmo tempo sobre filosufia ' geografia foi I. Kan! (1724-Il<04). responsável pelo ensino de gcngra 11.1 tisiça. entre outros ~:ursos. na Uni,ersidade de K6nigsberg de 1756 a 1(1)/, IllI'SIllO antes quI..' t'istisse uma cadeira de geografia nas L:nier:-.idadc alemàs. ~I l)("illll'lra dl.'l~ls na Universidade Je Berlim. criada em 11<20 par;l ',,'I ol'upaJa por K. RillL'r'~, - 9 O processo de desenvolvimento desigual dentro da Europa de I:-'0 ,I 19 IJ (OIOl'OU lado a lado a (j, Bretanha. em processo de perda til- it<lII.l:III.. junto com a França, a Itália. etc. em cresçilllellto econômico Illuito klltll I' ti.. outro lado alguns países com forte dinamismo econômÍt'o, l'llIlI" ,I I~ M. flalllant. ob. cit. cap, 11 e P. Bairoch: COl11meree eXI~ricllr 1.'1 .k~ l'I0PPt'III"111 ":l.'llomique de rEurope au XIXI.' siede. capo XL MOlllolJ. I97(l, I' OS nomes mais destacados entre os tílósofos foram Kanl. hd,h' Ikgd e na Iíleratura (Joelhe c Schi Iler. sohrctudo. Sohre a gelle,>.' d,1 1,..,,!'!.tI"l alemã ,'r Raquel M. F. 110 Amaral Pl'reira: 1)01 (il'ogratla qUl' ",. l·II'."I,1 " ( H'IH·., da !_'l'o,:ralía 1Il00!l'I"!l;1. "Inlí,';lll re j...ad;1. hl 111-(' 1'111') I. I SalJ)~HlIl Hnk"'''I 111 la 1','II'>l"l' """).'laph"lll<" .I.. ",1111 1111 ("," 11' ., '(, IIJII,I
  • 5. ----___ Cadernos Geográfic9s N°6 Maio 2003 Alemanha. Dinamarca. Suécia. dc .1;1 aS!->IlIUlaIllOS que o descnvolvimento alemão e sua unificação política tÍcram muito a H'r com a riqueza do pensamento dc Kant e Hegcl 1.' lalllbL'1lI 1.'0111 as idéias geográficas dele decorrentel ). É curioso que a hal~'a no período 11<70-1913. com crescimento econômico e populacIonal l1luito lento. em pleno processo de retração tanto econômica como política frente à Alemanha, tcnha desenvolvido sua ciência geogr;"tlíca de mancira muito dinúJllica. copiando inicialmente a geografia aklll;t. akall~'alldo originalidade reconhecida mundialmente nas primciras dú'ada.'> do século XX e não se ri"alizado. C0l110 ultrapassado 11 geografia aleltl;", qul" daa sinais de degenercscencia na década de 30. Parece certo que o acollh'I.·IIIIl'lIto mais imp0l1ante no despertar da França para os estudos ).!:l"ogralkil" IlllHkrnos tenha sido a guerra franco­ prussiana, que marcou profllllltllllcntl' toda a sociedade francesa e exigiu uma reelaboraçào das idl'ia" de Hh.'JlI Hlad.:' ll'll'ional. Para a França foi Ulll choque Illuito grande a (krn'l.I l' a morte de um número muito maior de rran~eses do que de aklll;k~. ':111 gl,lIIlk parI.' por doenças, apesar dos nomes consagrado~ de C. Bcmanl 1.' I 1';1"lt'lfl 11,1" pl.'sl(uisas biológicas. sem I~llar na perda de territórios, COIll i!1 alld,' 111 I]..! I:lÇÚO d.: alsacíanos e lor,'nos para o território frances, das ílllklll/a~'I')l'" lín;lIl1:l.'ira" a pagar. etc . 10 De c-se notar. paraklalll~ntl". qul" apo." 11 rdorllo d.... :. on Humboldt das pesquisas na Am.:'rica I.':-;panhola (17l ))·1 XO-l L sua L'stada ....m Paris durou nada menos dl" inl.... :llh)S. organizando os dados I.'ülhidos. para publicá-los. "O incompar<Íwl igor e o brilho da ida intelectual em Paris. àquela época. constituiu grand........stímulo: Gay-Lussac. Laplact? Lamarck. Cmier. Arago. Jussieu e muitos outros t?Íentistas foram seus amigos c colaboradores. Richtofen atribuiu grande parte da cminência intelectual de Humholdt à influelKia da cultura franc....sa sobre a base da sua formação germún Em I X71 a "grandeza da França estava abalada. Em rC'sposta ao historiador alemào Monnsen que im'oca a, em 1;lor da anexação da Alsácia-Lorena relo Império Alemão. o "principio de nacionalidade" (delinido pela raça e a língua), o historiador Fustel de 1< A. Mamigonian: A geografí;) e ";) formação soei:.!1 como teoria .... como 111Clod)", in M. Adéli:.! A. Souza (org.): O f...lundo do cidadão. um cidadão do I1III1HIo. It lI~'itec, I99t'l. I" (i" lalham. in (i" Ta Im, OI". cif. ,:ap 11. _____ ºadernos Geográficos N° 6 - Maio 2003 CoulangC's escrl.'I.'U "o que distingue as nações. nào é a raça, nem a Uni'.!!'! Os homens Sl"IIIL'111 fiO ;'I.'U coração que são um mesmo povo quando tem UIf 1.1 cOl1lunidade dl' Ilkl;:-'. de interesses, de afeições. de lembranças l' d, esperanças. Li" o qlll: Elz a pátria. Eis porque os homens querem mar.ll.1I juntos. junto!-> trahalhar. juntos combater, viver e morrer uns pelos outros pátria é o que SI.' ama. Pode ser que a Alsácia seja alemà pela raça c prl.l língua: mas pL'la nacionalidade e o sentimento da pátria. ela é francc:->a I sabeis o qUl' ;1 tornou franCesa',) Nào foi Luis XIV, foi nossa Re"oluçüu .I, 17XC). Dcstk aqw:k momento a Alsácia seguiu o nosso destino, da í ('11 nossa ida, 1"la núl) tt' e nada de comulll com osco. A pátria. para ela I' .1 França. O l""trall!!l'lro para ela é a Akf11anha"I~. O ChllllllC de IXii despertou os intelectuais franceses a rq1ensal identidadc 11<11.'1111<11. assim como o choque de I X92 (guerra hispall" ameril.'ana) 11.'1.' o mesmo efeito na Espanha. A chamada g....ração dI.' 11' IOrtega y (ias"e!. llnaflluno e outros) repensou ti Espanha sobretudo a P;IIIII da história. da 11lI.'S111<1 forma que o pensamento histórico SOhl" .1 nacionalidade fraIlL'.:'"a teve. anos antes, voz....s brilhantes com E. R('fI,111 (I X23-1 X)2) I: I. dI.' Coulanges (1830·1 XX9) entre outros e mesmo 111.11 recentef1ll"lltl.' com r. Braudel l". Mas o deito intelectual mais forl<' .j, choque de I ,,'" I "OI França loi o nascimento da geografia mo(kfll:l 11. lIníersida~k, COIII ti criação de lima cadeira especitka em Nanc;. (IX72L "11 pkna pru?itllilhldL' da Alemanha. onde havia sido criada em Ix71 a sC)wl1d, cadeira uní.:'rsitúria dl" geografia. depois daquela de Berlim. para K, RIlln em I x20, agora em Leipzig. ocupada por O. Peschelf'l. - 11 ­ Naquele momcnto o salto nos estudos geográficos e no inlcrl.''>sL' geografia adquiriram tres caminhos: I) E. Reclus. discipulo dC' RíllL'l'. qll I ha ia editado em 1:-167-6X "La Terre. descriptioll des phénom011l's dI.' 1.1 " du Globc" em dois olumes. trabalhou arduamente no L'íli~l. ;lpO~",1. epulsão em I x71. publicando a partir de I x75 a "'NOlldk (iCOrf .1(1111 UniC'rsdlc", que completou 19 volumes em IX9.". 2) alll!lalk. l publi.:ações orientadas pelas sociedades geográlieas (a mais :1111)..'.'" ;1 <I, 11. Flamanl. oh. cito p. 217. I' : ilknlidade da I-"r:IIW:I, 1.'111 .; oIlIl1W'. ,) lrllllllil ,11" qual'> dl" I'I~" ,LI", 1.1 nhaud. N" 1lll'IO 'Olllllll' (I ;,pa~'" l' 111-.1. ,na I. Ikllltkl dCII VI.III.,," .'111"1,1." ,I'. Io.t· . "<,orl,llI!"a,,_ lia 111111;1.1;1 (,""h: dc', 1)11",,"' I .....HIV.1I1II "h ,11 I' t '1
  • 6. ----Q~~~rnos Geográficos N°6 Maio 2003 Paris. até hoje existente. foi fundada elH I X21). que foram se mlllliplicando por todas as grandes cidades franl'l:sas. l'(llIlO Marselha. Bordeml. Toulollse. Lion. etc. com maior presença do qUl' el1 qualquer outro país. e que além dos estudos locais estimularam o L'onhl'L'lIlll'nlo l' as conquistas coloniais de I X75 l'1l1 diante. para compensar as perdas da )luerra franco-prussiana. J) o naSl:illll'llto da geografia universitüria lIIoderna, iniciada com ti criação da rekrida cadeira em Nane)!. ocupada de IX"' a IX77 por p, Vidal de La Blache, e seguida até as duas prilllclras dl'cadas do sénl!o XX pela implantação de nOHS cadeiras em I.ilk, Bordc<lll, Líon. Rennes, Arge. etc. algumas de geografia colonial (por c,t'lI1plo elll Paris, elll I X(2). assim como também iam se multiplicando as cadeira" dL' )!L'n~rafia nas lIniersidades alemàs2f1, A geogratia de E, Redus te l' ;lIlIpla lepl'n:ussão no mundo cultural francês e também no exterior, Illas pOIlL:O inlluenciou as pesquisas geográficas francesas. dado seu car;'te!' líhl,rtúno, .'Ilquanto a produção das Sociedades geográficas tee maior Pl'l1t'1l ;1;;0, ...ohreludo como instrullll'nto político-econômico. por causa de S.'Ul'alalt'1 IIllílflllati'o (relalos (li.' iagens. etc) e consen'ador. A geografia dc l;t Bladll'. a geogratia lIniersitúria. apesar de posterior às outras duas, til! a qw: l'pandiu C(llll maior 10I"l,:a. porque analisa a a realidade dl" lllalll.'lI a I~~orosa e atendia Illdhor i1s necessidades da burguesia francesa. Clllh) l'll'IIIlIS adiante, 12 p, Vidal de La Blache j(lj 11111 grande intelectual das classes dominantes, nascido de lima fàll1ílw liJ.!ada ao aparelho de Estado francês. Seu .1 Ô participou dos comba1l's conlra os espanhóis na Catalunha (1795), nos eventos militares da Re'oluçào Franc.'-;<l, Seu pai. após .1rios concursos infrutí leros. ingressou no magistério "eclllhlúrio e lú carrei ra aSl'l'lldente no ensino público, Ele próprio se dt'dicou Illuito prl'cocementl.' ao ensino universitário e seu irmão à cam:ira militar. com partíeipal,'ào na guerra franco-prussiana, na Alsácia-Lorcna, aprisionado e depois fugll1do para o Luxemburgo. alcançando mais tardl' íl grau de general. ambos falecidos nos fins da primeira guerra mundial. após a morte em combate Jt) SI..'U próprio filho. também militar. Atraés de laços familiares La Blache tinha relações no alto escalão do J'1inistério da "Instruction publique,,2l, ?O R, J. Harrison Church. in (j Talor, ob, t.: ilada. 'I RJ, Harrison C'lurch, in G, Tayíor. ob, citada. ____C_adernas Geo~ráficos N° 6 Maio 2003 La Bladll' ;lpO.... l'ursar a École normale superíeur e se classit'kar 111' primeiro lug;1I na agn.:gal,'ão de história e geografia (I X66). foi lecionar '11 Atenas (I X67.(11) I. aproveitando para viajar pela Grécia, Turquia, SIII,I Pakstina e I ~'I"l rendo sustentado doutorado na Sorbonne em Ix,' , decidiu tornal'--;c gt'ograro. partindo de sua formação básica de historiadul aceitar a l'adclI:I k geografia. recém criada na Universidade de N,lIh ( 1x7J-T'), 1>Cu wqiiência ao caminho escolhido. lecionando na 1':,,011 normale (1;,0-',lIX) 1.' k'poís na Sorbonne a partir de 1899. Diante do gnllld. atraso da 1'1;111<1 l1e"la [Irea de conhecimento e com apoio administrati () gl.l erlutl11l'IItaL tOIllOU inumeras iniciativas, mais tarde complementadas p" L. Galll.)is (IX" ,1 1)41) e EIllI1l. de MarlOnne (1873-1955), visando,. apropriar e aplt11'ulldar as idéias e experiências acumuladas em outros paI....,·, sobretudo na : klllanha ê2 , -13­ Qual a di r~rença entre a responsabilidade intelectual de Ritkr 11. origelll da ,'l'(l!~r;lIía alemà e a de La Blache na origel1l da geo!:'I;111 franCL'sa" . !;til: f;1 inteIl'dlwl de Ritter ao aSSlllllir suas responsahiIidadl'~ 1I L'nil,;'r..;idal!c' (k Ikrlim embasou-se. naturalmenle, na sua formal,'!i.. I Irl'in<lllll'nlo na L'SI.'lIIa scwllJaria pelos princípios de Rousseau e Pertalo/J I no '!'!'!'!'!'! pela nalurc/.a, nas observações extras durante os passeios Jidúthu e 110 estudo das rdaçúes espaciais entre as coisas, partindo da própria eSl'lll.I passando pl'la aldeia ou cidade. pela região até gradativamente alcall';l1 abrangem:ía lllundial. assim como Humboldt na mocidade haVia interessado 110 tksellho de mapas. em diferentes escalas, 2) na Ull i'ersldad estudou matemútica. filosofia, história e ciências naturais, 3) nas in tlUl'lIl1 ,I das idéias lilosóficas e geográficas de Kant, que já se manifesta<l1Il Ili ensino sccundário l' universitário alemão, mas sobretudo nas leituras 1'.11 preparação dos seus liTos. 4) na redação de "Europa. um retrato ~eogralíll histórico c estatístico". cujo primeiro volullle saiu em 1804 e o segundu n I X07, na dildgação el11 IX06 de seis mapas da Europa. seguidos de alJlI trahalhos de metodologia e na publicação de "Erdkunde" (I" oltll1lt' '1 IX17, 2" Clll IXIX e continuando nos anos seguintes), Assim, qlwld assumiu a Lniersídade de Berlim ( 11'.QO), já era um geógraf(l preparado clIlsagrado. num amhiente de enorme efervescência. paraklaml'nll' ao ;Itl;l', econômic0. político e social. Seu encontro l'111 1X27 l:Olll 11111 IIholdl (' I "I"f'U/Il Idal .I.' I a Bbdlt', 1111 gellle .1<' la !'l'U}'WpIUl', 1'.1 11.-1111 IlI')
  • 7. ----Cadern<:?_s~eográf!~os N°6 Maio 2003 e01liv:llcía até 11')59, quando amhos t~"Cl'l'ralll, contribuíram para grandes inten:ümbios inlelectuais e estímulos mÚllIo:-, '1, ... Assumindo em ~aney (I X72L sua primeira função de ensino e:l'llI:-'lal1ll'ntc geográfico, La Bladll' In l' a capacidade de pen:eba a necessidade de se dirigir ÍmedialalllL'llk li Alemanha. encontrando-se 1.'0111 Pesd1L'1 em Leipzig e em Berlim .'0111 Richlllllll'lI, que havia Olt:ldo da sua tàmosa iagem cienlífica à China. io, anos seguintes passou a 'iajar bastante. como fez seguidamentl' úr)!dla L' ;'1 Tunísia, mas também à Espanha. G. Bretanha. Escanliinú 1;1 ç rdomando à Alemanha. Áustria e sobretudo Itália. As 'isitas e estú).!ios elll l'ClltroS mais avançados foram insislcntemente indicados aos setls oricl1tandos. C0l110 Max-Sorre. que assistiu aulas de F. Ratzel na Aklll;JIlh,1 l' 11. Baulig. que seguiu o curso de gcolllorfología de W, 11. Dais 110' ',1. l'lItn,' outros. Na crdade. La Blaehe te'e que desemoh er IInlll polltll'.J .'m úrias frentes de luta, para poder dinamizar a nas('ente geogralia 11111 l'l "Itaria francesa. A primeira foi apontada acima: usufruir ele prúprltl I.' "l'lh dhl.:ipulos o que havia de mais aançado no exterior e na Frallça, ('ir<lII1'" ,'clllplos no exterior c 'aleria lembrar exemplos na França: estilllulollu" ,'!Intatos Ut' Max SorrI.' l' E111111, de MartOllne com os biólogos A. {'hl' alICl.' I ('Henot. que ajudaram o avanço da biogeografia e da geografia 1ll.;dic;l, ;,,,,,i11 1 COIllO os contatos ,'0111 Eml1l. de Margl:'rie. da millL'ralogia. f~I/l'lhfo ;1 ,lIwar <I geol11orfologia de De '~ Martonne e outros- , Antes da ida de La Blache ,I Slrholl[lC ( I)oI!)(») haviam sido defendidas pou('<s teses de geografia e ulIla dl'las lili ;1 de I , ( iallois. educado como La Blache na tradição históri('<} c que aprt':-'L'lItllu um estudo sobre "Les Géographes allemandes de la RCllaISSaIlCl''' ( 1)0)0.). : presença de La Blache na Sorbonne resultou em inúlllL'l'<ls l' IIllP(l['[,lllks teses. tendo sido as primeiras as de J. BrunhL's c dL' F111111, de Martollne, ambas de 1902 25 • seguidas da nomeaç;'io dos tlO os doutorL's para as universidades da pro'Íncia. como Rennes (De Martl1Ime). Grenoble (R, Blanchard l. etc. exceção de J, Brunhes, que nào tá carreira uni'ersitária. 2, G, Tathan. in G. Tado!'. llb. cit. 2~ N, Broc: Vidal de La Blal.'he en Amérique du Nord. Ann. Géo, n" 5ú 1-562. 1991 "' H, Church. in G. Taylor. oh, cit.. Cronologia allü<l e Jlota (1) (k~k 1.'10, 1;-.; ____Cadernos Ge<:?f;lr~~cos W 6 - Maio 2003 15 ­ A dilllt!a~';hl de ,1'US trabalhos, bem como a de seus discípulos IpI encenada L'L)I1I(l tarda muito importante. Seus dois primeiros livros, "Man .. rolo. seu h:l1lpO l' "lIa, iagens" ( ll-XO) e "La Terre. géographie physiquL' 'I économique" II XXI I foram trabalhos relativamente pobres. diferentelllcl1h do terceiro puhllcado por ocasião do 4" Congresso da UG L reunido em Pall', "fIais et nariulls (k ITurope autour de la France" (IR89), do quinto. ('()llIu tomo I da "Ill,tolrc .Jc France" de E, Lavisse. sob o título "Tableau de 1.1 géographic lk la Iranú'" (190.n do sexto "La France de I'Est (Lomllll!' Abace)" dt' IliI " l' do sétimo, em co-autoria com L Gallois, "LI.? bassin d,' la Sarre". l'..;ttldo~ lk p,l'ografia regional. todos com forte conteúdo POlítll ll como diselltirellh)~ mais ahai:o~", 16 ­ : k;m da'> puhlicações de trabalhos científicos próprios, Iilw, " artigos. foram cdltados seus materiais didáticos. aos quais La Blachl' d,! grande Cnf:.I'>l', 1.'01110 a.., cartas murais escolares ( 1X8S) e o .'Atias Géll~'I.dl Vidal de I;J Hblllc ti listoíre et GéographieJ". de 1894. que teve ;illl edições. 111llltas an'l!;h,'ÓCS C foi de uso corrente entre as camadas culta:'> tI,l populal,'iio dl' ano~ países, inclusi e o Brasil~7. O grande instrumento d, divulgação L' dehall.' 11l'sla primeira etapa de implantação da geograll,l 1Illiersitúria rralll'L'~a túrall1 os Annales de Géographie. publicação periúdll a partir de IXI)I pela Armand Colin 'direção de La Blache eM. Duboi,) ,I principal editora de gl.'ogratia desde fins do século XIX até meados d. século XX. respOIlS;I cL aliás. pela monumental "Geographie Universdk' organizada por I,a B1ache c L. Gallois, mas editada após a 1110rl,' d. primeiro. de Il)27 a I').j.x. ('om alguns olumes clássicos, como os rdi....l·11 II a G, Bretanha, de :, [)e11langcon (11<72-19401 e a América do Norte, de" Baul ig (I X77-19(2), cntre outros. Noamente La Blache percebeu claramente as necessidades (' oportunidades que se foram aprescntando, No caso da re'ista (Anllilk'. d, Géographie. que se edita até hoje). baseou-se 110 modelo das rn ",l.I uni l'rsitúrias alemàs e disputou a batalha das idéias com a Rl' lW d, Céographie, de L Drapeyron, fundada em 1877. mas qUl' :lca!l"1 desaparecendo em 1905. Tratou de imprimir um caráter mais ('ienti tiro ,111 Annalc:-.. citando publicar relatos de 'iagens e debateu Sll<l:-' idl'la" d ?" I A, Sanguin. I Q93. ob, cit. .' l. Rangel. entn::vi,;ta à (J('osul. n" 5. )91:<, )I)
  • 8. Cadernos Geográficos N°6 Maio 2003 geografIa, lJue iam amadurecendo. com a radkaliLação das determinações geográficas de F. Ratzd e as propostas d(' llIorlólogia social de E. Durkheim. lJue em I..":ontrapartida minimiza am :IS raiA':-' geográficas~s () projeto da enorme coleção da Géographie lll1i~'rsl'lle se apoiou na força dos seus discípulos, que ocupa<lm cadeiras UIlI H'r:-.itúrias (De marton ne. :Iax. Sorre. A. Del11angeon. H. Baulig. entre Olltrosl. n:spollsúeis pela tan:f~ de preparar os 'olumes correspondentes. e talllbc-III se apoiou no modelo alemào (Erdkunde. de K. Ritter. por e.emplll) ~' no sucesso de NOU'dle (iéographie Unierselle ( I X75-l 195) de E. R0dlh. 17 Outra Ih:nte de luta na npillh;io da geografia franeesa surgiu da participação de La Blache .' dL' hllll. Ili: l1artone no encontro da UGI em Washington. no ano de 1'10-1. i pnncipal originalidade do Congresso Internacional foi seu ~'<lrúlL'r 1I111~'rallk'. iniciando-se em Washington. com seqü~ncias em Filadélfia. Ntl a York. Blilillo. Chicago e Saint-Louis. com sessões de trabalho. isilas. r~·ct'p.,·(k:-. ollciais e curtas excur:-.ões. Após o encerramento na última L'ldallL'. l'OIllÇ;Otl lima grande ü,cursJo transcontinental, I.jlle !wrlnitÍu a XO l'llIl~ressistas (o encontro haia reunido 677 inscritos), cntre ek~ La Hlach~' c De Ilartone. percorrer durantc três semanas o Oeste dos Estados l.lnidns L' I :1(-.ÍCL1. totaliLando 4.300 km. rom inúmeros guias americanos. entre des '.11. Dais, E~ta grande eperÍ~nciu foi copiada e adaptada nos anos seguintes por Emm. De Martonc. genro e herdeiro de La Blache. na realila~ào da primeira Excursão anual gL'ognífica interllniversitária, com duração de uma semana, em uma dt"tcrminada região francesa, com a participação de professores e alunos de várias uni ersidades. visando a pesquisa. acompanhada da discussão dos resultados. Tornaram-se famosas as pol~micas t"ntre De Martol1t" e R. Blanchard durante estas t"xcursões anuais sobre questões geomorfológicas. entre outr;ls. o que estimulou bastante 0<1 anço e o amadurecimento da geografia franccs,/'. Na luta de p, Vidal de La Blache pela g~nese da geografia uni I.'rsitúria na F-rança. tudo o que loi mencionado anteriormente de nada adiantaria. sem o esfôrço peJa "'invenção" de teorias ç temas I.jUI.' dessem sustentação intelectual ao empreendimento. como nos seus dehates com F ~, L. FebTe: A Terra e a coluç':io humana (introdução !:eográtira :1 história). l'llja~ ~ . edição origínal c dê IY':::':::. P.'. La Blacht:: La géographie politiqm: ~rapr0s k" éníts de M,F. Ratzd. Al1n. (jéo.. I X9X. N. Aroe: Vídal dt.' La 81achc en Améríque du Nord. Anil. tiéo.. Itil! I. :0 Cadernos Geográficos N° 6 Maio 2003 Rat/d e E. DurkhL'ifll: isto é, era preciso im'cntar a "geografia francesa". SII;I tard~1 gigalll.':-.ca fUI Eldlitada pelo terreno irg:em no campo uniersitúll!1 diferentL'mentL' du que acontecia com a história. o Ljue permitiu aproveita! n que ha ia de lIIaí" (1 aw.;ado: a:-. idéias alemàs, mas que nào podiam ,,'1 simplesmellll' L'I lPlada". A mai:-. IllIportante idéia esposada por La Blache foi a (k "possibilislll()". frente ao "'determinismo" de F, Ratze!. assumindo UHI,) postura equilihrada lhl estudo da relação homem-natureza. não aceitando 11111 pnssibilisll10 radlL'aL que 'aloriza'a a ação humana. independentemente <1,1 nature7a ~' IICIll a 0111:lse rat7eliana nos fatores naturais'''. Na 'erdade I Rat/el desvilu"l' da tradi~'ào aberta por Kant e adotada por Rittcr e mal', tarde por:. Ikttll~'L no inicio do SéClllo XX, Enquanto Ritter L'sCre~'ll suhl(' as rdaçôc:-. rÚ'lprlC1S l'lItn: () homem e a nature/a. "'RatLel tendia a l'r " homem COIllO produto Llu llIeio. moldado pelas lorças fisicas que o rode~l ~1I1l e subsistindo apena:-. lia Illedida CIll que se .Üustaa corretamente às Sll.r' condiçôes..'I. As:-.illl. nu l'ollhalL' ao determinismo de Ratzel. p, Vidal de I ,I Blache assumiu u1lla po"i.,·;() lll'o-kantiana. criticando a trallsrOSI~';l' grosseira das idéias dc r)am ill c dos dal'il1i~tas sociais. COIllLl H. SpeIK~'t ,I geografia humana. Em F. Kat/l'i J~I apan?L'e o hiolog:isl1lo qUL' mais tank ",' transformou el11 racislllo c tamllL;1ll e1ll agressi'idade geopolítica com" Ihmshokr. 11111 dos fundadores da reista leitschrift tUr Geopolitik (19.::'.1 ~ inspiradora do n~l/i:-.mo '-'. No fundo. tanto o possibilismo hablachiano quanto o detl'rminisl1lP ratLdwno foram isões l'mpobrecedoras, na ênlàsc maior ou menor na, determinações naturais em detrimento das múltiplas determinações. 1,1 l'rdad~' nào se t..at;:na da relação homem-natureza, mas de socied:Hk' natureza. pois desde a Introdução á crítica da economia política (I X'i') l1ar jú haia obsenado que "em todas as fbrmas de sociedade hú 11111; produçào determinada que é superior a todas as outras" e "Clll ttHla~ ;'> formas em que predomina a propriedade da terra. a relação com a n;turL'/;1 " prcdOlllinante: naqul'la:-. ftlJ'lllaS em que reina o capital. é o t'klllento ~llll.d l" L Ft:hl'l': : Tt:rra c a ~'voluçàn humana (introdw;ào geo,l;rúfil..'a ú 11',1111"1;1 ti" t 'o.~1l10s. Lisboa. l'i'i I. q G. Talham. in li. Taylor. ob. cit. cap, 111. ;~ S. 'an 'alkenourg. in Ci. Taylor. oh cil. ESl'l!a gcrl1l;lnít'a de .l~~·"t'l,lIl,1 Ikrdonlay. obxil. ..:ap. VI. A t'pistemologia íLlaliana: K. 1I;lIhh..kl (l,' 1.1 gl'opnlitiquc:. Ed. Llilrd .' K.:. 'illllgd: (il.'lIp,,'ití~'a, lllall'ríali"lIt1 ~'c·tli'l.lI" ,•• "1:11' 1',!l10. 1tl:'l). ','1",';'10 .I.. lt'Il~. ( iH. ,,"'O
  • 9. Cadernos Geográficos N°6 Maio 2003 produLido historicamente que pn:vakcc", De qualquer maneira seria necessário conhecer o sistema natural l' a estrutura da sociedade; isto é. sua Illl"lllação el'onômil'o-sol'iaL nllo 1."11 .'l'ntral sào as relaçÕes de produção (de propriedade c de trabalho ,. pOl~ ;J~ IClaÇÔI'S dos homens com a natureza são mediadas pelas rdações dos h0l11l'll~ lIns com os outros, Para decifrar um país ou uma região seria IWCC"O analisar as múltiplas detcrmínaçôes naturais. técnicas. de trabalho, til' prupril'dadl'. culturais. políticas. etc que Se combinam num todo concrclo L' Incali/ado, Enquanto La Blachl' estava combatendo Ratzel. no inh:rcssl' da ls~io franccsa de Mundo. W, Lênin esta'a decifrando Seu país. t'L'lltrado /la fill'I1l:l produti'<l mais a'ançada. em () Desell ohimellto do capitalhlllO lIíl Rú",sÍiI (I X9X) e mais tarde procllrou dccifrar as rdações mundiais elltre o.., palSl'S. igualmente pelas flwl11as mais ,1 ançadas. I.'om SUa teoria do III1Pl" tah"'lllo (1916). C01110 assinalou H, Ll'fdwn:" Como jú :--e díssl' Imli!a". l'h',>, a c";l'ola francesa de geografia, soh liderança de La BIHchl'. Iku g'''IHk 1~1Ir;ISl' aos estudos n.:gíollais, que procuraram dl'l' ifrar as rl'la'.lt'~ Vlll'l' l~ hnlllClls c as condiçôl's naturais. numa isün kantiana dc' 1l11llu;l... IlItlllt~lIt'ias, inspirando. aliús. os mwos historiadores da '-'POl';! (I, h:hIC puhllcou t'lll JlJl2 lima Histoire de La Franche-ColHté. por l'clllpl.n, tjUt' "l' apUlarall1 aos aanços da geografia c de outras ciê'ncias para rl'llm ar '~ .'..,llIdo" hí..,!lricos, fundando em 1929 Lcs Annaks d'histoirc eúltlollliquc l'I ,>nl..'lak', l'lll I.'ujo comit~· de redaç;lo figur;l am dois geógrafos. A Iklllall~~t'lIll L' ", SicgfncdJ4 , Por tudo que sabcmos, lJàll L'<lu..,a '>urpn:sa que no 1ll0tlK'lltO atual. dê retomada do:-- interesses pe!t1s l'studus t!l'ogralú;os regionais e locais. a obra de 'idal tk La Blachl' rl'aparn,'a, l'olllflarada ús isões dI.' Mar c de F, .Iamcson. UIll dos raros intdcl..'tu<lis llJal'""tas amcril'anos, como paradigma do 1ll1l1HJO pn?-industrial Call1pOIll's. l'l1l L'ompar<lç<io COIl1 n mundo industrial do s~L'ulo X IX (r>.1arx) (' com () mundo capitallsla atual nos Et~ A (Jameson). Curiosamcnte a seqüê'nl'ia eSI:olhida por t. Thrili (Vidal. Marx e Jameson) é l.'I'onológica quanto à l'oluçüo da I ipolog.ia reg.ional. mas nào é quanto aos 11. Lddn 1':: La pl:l1~01: dI: L':nim:, Bordas. Il,I57 l'ap. O PellSallll'nl~) cconómínl dI.' L.':nin. p. ~06 a ~53, Na geogmfia foi 1''1, Santns quc fCI liSO da .:ategori.. formação econômico-social: Sociedade I:' l'spa.,n a formação soeial.:omo teoria e como método, BoI. Paulista de Geografia. nU 54, IlJ77, O deselloh imento desta catcgoria por y, Lacoste k ou-o a da~sificar o Japão como sllb(ks~'n oh ido, 11 G, Bourd0 e H, Martin: Lcs ~eoles historil/ues, Ed, SeuiL IlJX3, .:ap. 7, : escola dns ",nnaks", ____C_a.dernos Ge()gráficos N° 6 - Maio 2003 autores, pois f;lltoll di/cr que Marx analisou o capitalismo industrial antes que La Blilchl' analisasse a França camponesa (sobretudo atra ~'> ,h seus discípulo:--. dL' 1902 a 191Xl. o ljue 1e'Oll Thrift a indicar como fell.l;d. modelo de produç<'lo dominante examinado por <idaI 1 ", Aqui aparecl' 1111 equívoco iSI(,1. l1Ias de üícil explicação, F, Bral/del illsistiu rccentemente em perguntar por LJWlI1tos séculu:> .1 França teria vi Ido lima "economia camponesa" e ele mesmo respondeu ";,1, os dias de holl'''. apoiando-se nos estudos c depoimentos dc P. DufoulIl!'1 sobre a Saúía: "muitos dos antigos caminhos, qUe remontam meSlllll , protohistóría, ,10 desaparecendo soh as matas de corte. as sehes L' , culturas, pOlIlÚO poderem ser usados pelas máquinas l11otorí/adas e por ull, dl' 1960 eram allltla quasl' todos transitáeis. pl'lo 11h."nos a p0"" ~o inl' " do séC'ulo . quando foram reali7adas <lS pesquisas reg.ionais dos di:-.cíplIl.. de Vida!. a Fralll,:a CI'a tortemente l'amponesa. mas relações fl'udais I.'sta ,111 cnterradas dC'sdc a Revollll;:ào Francesa e desde então a economia capitall .1. passou a L'ellllandar o pais e principalmente e economia l'amponesa '., COlno analisou V, Berdoulay a geografia 'idaliana l'St,1<I 1'1 hal111oni" C'um a polítil.'a dominante da 3d República, e se apoiaa nela (.1111, Ferry e outros diri);l.'lllt's políticos), de nacionalismo e expansão colnni;d .1, alialwa ourgltl'sia-nltllponcses. visando isolar 1.1 l1loil1lento npl'rário, .I, ensino obrigatúrio, laínJ e gratuito. dentro da tradição republicana alorilarcl1l U Illlllldn l"llllpunes. nas teses regionais. os dis~'iplllos dt' 1.1,1 estudavam a França "profunda", diversificada nas relações homcns-Ilattlll' locais (pays) e ajlldaalll a cimentar a aliança política entre a burguesia franl.'esa l' a l'Iassl' camponesa, mas cometiam l) pecado .I, anacronismo intelectual. pois o enfoque no chamados gêneros-dc- Id" apoiado na etnografia, tratava dc sociedades tribais e de sociL'dad, camponesas isoladas. qU<lndt1 a França do sél'lIlo XIX j:i era lIrna SOl'll'd,1t1 onde o capitalismo cOllstituía o modo-dl'-produçã(, principal l' :1 111:'1111'11 :i N, Thriti: Visando o ámago da região. st)bretudo a tahela 7.1 11'1'1,;;; :llIhHld"d· Vidal, Marx e Jamcson), in O, Gregory et alli (org,l: (ieogralía 1I1111!.lll sociedade. espaço e ciência social. Rio de JaIK'iro. 1 Zahar. 19%. h F, Braudel: A idcntidade da França (os homcns (' as coisas), hL (;101>0, "I 11 19XÓ, onde discute uma "economia camponesa" ate n seL'ulo , I' I':t lI" ,- A longas etapas de subordinação e adaptação da l'conomia campO!l'·..... ,lO '1111.111< ti' , capitalismo francês, estào bem discutidas por A, Lipiel/: () rapil;i1 l' '.1 '11 '··'11.1!," I, Ilucit('c, "V. fkrdnulu (194<;). p, 2.~O,
  • 10. Cadernos Geográficos N° 6 - Maio 2003 produção mercantil era um modo de produção subordinado. Assim. enquanto K. 1arx na sua análise dos camponeses tinha os olhos voltados para o futuro. Vidal tinha os olhos voltados para o passado. Analisando a economia camponesa. K. Marx assinalava que "" agricultura toma-se cada 'ez mais um simples ramo da indústria. dominado pl'lo capital" e a análise de Vidal e seus discípulos insistia numa 'isão anacn'1I11.:a. de permanência das relações natureza-sociedade e de minimizaçào das rdaçôes sociais, O entoque nos gêncros-de-'ida, na escola francesa, k'e 1Ill1:! longa e pesada duração e só foi abandonado após a segunda guerra 1ll1llHliaL graças às mudanças na realidade e ao combate empreendido pelos geogratós cntão marxistas, como P. George';". - 18 O lado menos conhecido atuallllcntc da produção inteleçtual dos primeiros tempos da escola francesa dI.' gl.'o!!rafia t': o da geografia política, devido a aversão à geopolítica alenüL sohrcllIdo após a segunda guerra mundial. mas também às colocaçôes ~'qlli lIl.';ldas de Y. Lacoste nos primeiros números da reÍsta Hérodotl' ." (lllJa~ publicações"'I'. É interessante assinalar que antes mesmo da publkaçlio da Politisdle Geographie (1R97) de E. Ratzel. o primeiro grande trahalho de túkgo til:- P. Vidal de La Blache tenha sido Etats el nations de I' ~uropl' alltom de la France ( I XX9). Foi lima escolha deliberada no sentido de enll'lldl.'f m. países limítrofes da França"'I, "para estudar as relações e!ltr.' 1 sol(1 e os habitantes", explicativas freqüentemente das ""Iriedades L' IIll~SIl10 das contradições que se obsena na fisionomia dos PO'os". como assIIlalall10S no prefácio. O livro trata bastante de questões políticas e já no capitulo preliminar faz referência à questào da língua e nacionalidade no conjunto da Europa, Nos capítulos específicos faz seguidamente obsen'ações de geografia política: I) o caráter político da ,,, p, Vidal til' La Blaehe: Lés genn:s de vil? dans la geographie hUlllaine. Anil, (jéo.. IlIl!. p, (jeorge: Introduetion à I"dude géographiqul.' dI.' la population du monde. Paris, PUF. IllS6. La Blaehe sentiu necessidade de lima categoria de análise maís adequada do que gênl.'ros-de- ida I.' que desse conta dos fatores humanos de grandes dimensões territoriais. tendo elegido "ci'ili/.ação". depois d.' sua viagem ao:" El:; (llIO..H. capai de distinguir grandes tipos de socicdade~, Mais tarde lablal.'hianos como p, UOUI'OU fizeram grande uso desta categoria, ____C_,adernos Geog.r.~.!icos N°6 Maio 2003 llacionalidatk' suil,'a. 2) a significação militar e política da área de 11I:11U. 11,1 regiào akmli, ,,) a form:II;:'io do reino da Saxônia. 4) origens coloniais da ;11",1 prussíana. i1S allnaly'ôes prussianas de I Xó6 e as relações da Prússia (11111 Império aklldu. ") a nacionalidade holandesa, 6) a marinll<l mcrcante " illl1u~ncia politica hntúníc:l, 7) a nacionalidade escocesa, Xl a n<lciünalilbd, irlande~a. I)) lil'a~'úL"-; da Inglaterra com a Europa e com suas colôllias. IIl1 .I f pro'inL'ias do 11OroL'~k eomo berço da nacionalidade espanhola. I 1, Espanha L' a . Inca, 12) o caráter catalão, 13) a unidade italiana. Toda a ohra de La 81ache está imbuída de lima visào politiL'a a ser I,,, do nal.'iol1ali~IlH) francês: II crítica ú~ colocações de Ratzel l)uantn geografia pollll"a. 2) inclui a Alsácia-Lorena. então sob o domínio akmall na Frmwa dL' ksll' IH) ~ell Tablcau de la geógraphie de la France ( 19()J " I La Frann' de I 1st lI.orraille-Alsace), conl'luída em dezembro de III Ih publicada elll Ili I~. L'olltribuill para o retorno desta~ prm íncias ~I!) dOllllllt., frances, ;;1 que li PIL'SHknte Iv'. Wi ISOII, dos ElI A. era contra a deolu,'ú" O qllt' ~e di,,~.' (k 'idal ale para seus discipulos, C.Vallau.. publicou ':1' 1911 Geógraphic sOl'lak: 10 sol et rEtat (' juntamcntl.' com .I. Brullhl.."". t , Geógraphit' de I'hislllirl'. (ieographie de la paix et de la guerre :-;ur tene ,] SUl' mel' t 1912" A. Sicgli'll'd puhlicou em l':.lU l) clússieo Tablcau poli!I,!II' de la France de l'olle~t sou~ la Y' RcpublitJue, lais tarde, na década de ;11 quando K. Hanshúfer I.'st;la 110 auge do prestígio. J. Alice! defendl'iI ,I tradição da geL)gratia poliul'a t'ralll.'l'Sa de J. Brunlll.'s e Vidal tiL' La Bladh' 11.1 própria Zeitschri fi für Geopolitik (llJ39). além de expor suas id~ias SUhl" .1 Alemanha no Manuel G~ographique de politique européennc. tonll' (I' Allemagne I, Ed. Delagr:ne, De e-se registrar que J, AnceL fraI1L',;, ,k origem judaica, foi morto durante a üeupação nazista da Fran,';) l' "­ Hanshofer se suicidou em 194b, - 19 ­ I De tudo o quc foi exposto é possÍ'd diLer que se l.l crL"sl.'iI11'111!I econômico da França cOlltinuou lento de I ~71 a 191-+ eomparali a111'111<' .1 Alemanha. a geografia francesa reali;:ou nestl' período um sallll n,n'pl'llIll.d projetando-se mundialmente eomo concorrente ú hegemonia <~l'nll;l1lc;1 1 III I X9X no mundo todo a geografia esta a sendo ellsinada por I '} I plOk~",."1 em 92 instítuições de ensino superior: 32 e 22 respecti'amellll' 11;1 , kll1,i1111.1 ",U y, Lacoste: La g~ographic, ça sert d'abord à ülÍre la guerre, Maspeo, Paris, 1976. ~ I Os países limítrofes à hança estudados especificamente foram a Suíça. (l Império 4: p, Vidal de La Blaehe: "'La gl..~ógraphi.' pnlitJquc d'aprl-s !c" nllh til' 1 I akmãn. o Rcino da Bl'lgica. o Reino da Holanda, o Reino Unido da (i.Bretanha e I{al/d". AI1I1, (i~·".. I X'>X: I (I halll:~' dt' I'I'sl ti IlIT"me .,1';1"<' I .tI, ,111"" ,I I da Irlanda, o Reino da Espanha, o Reino de Portugal e o Reino da Itúlia, ",h""" ,'111 I')~O pd'l [ Ih. , ( ,,1111
  • 11. Cadernos Geográfico~ N°6 Maio 2003 22 e 16n<l França, 16 e 1I na Rússia, 14 c 10 na Austria, etc. No conjullto da lIGI de 1904 em Washington a França participou com a segunda dckgaç50 estrangeira (43 membros). apús ti Alemanha (65 membros), Em 1920 a geografia era lecionada em todas as universidades. saho Caen~ I. Enquanto a geografia ali,:llli'í lúi prejudicada pelo HIIlatis1llo nazista. deve-se assinalar que a geogralia francesa, por razões que nào estào suficientemente discutidas. i'(,'1 na dL-cada de 30 um significati'o avanço teórico e empírico. que se prolongou nos anos 40 e 50. mas l'Ol11eçOll a perder vitalidade nos anos 60 e 70. A inserção de A. Cholle~' na (;co~rafia francesa - 20 ­ Como se sabe o h:ll1po de L'llllstitllição da geografia moderna na França completou um SL-culo nos dias atuais e nos caberia tentar algumas comparações, que ajudcm a l'pllcar li percurso e as características atuais, Atualmente 110 lugar dl.' ullIa ~Ialllk litkrança do pensamento geográfico francês, podemos distinguir II'L-S lidcranças, SCIll a grando,;t de r. Vidal de La Blache das últimas tkL·ada... do s;l'lllo .:L e primeiros dl1 século X.: e nem de Emm. De Martollc. quc l'OlllalldllU a geografia francC'sa até a 2" guC'rra ll1undial. Os líderes atuais diri)!clIl re'istas, que não recebem o reconhecimento que garantiram a lill'!,:a dos Annales de Cieógraphie: L' EspaL'e géographique (R. Bru/lel) editada dL'sde 1972. HL-wdote (Y. Lacoste) editada desde 1976 t! (íéog,raphiL' d Cultures (r. elaal) editada desde 1l}9~, R, Brune! e y, Lacoste fíll'alll membros do rCF L' discípulos de p, George. sendo quc os três fizeram UIll IlL'rl'lIfSO de Illoderaçi'to política, numa 11l:lrcha em direção ao centm do l.'spedro político. p, Clm'al sempre esteve em posições politicamente ccntristas, LI que dá a curiosa Situação de três lideranças de centro, que Se' (kgladiam freqüentemente por I) questões de tL'cnicas de trabalho. como as críticas de Y. Lacoste ao qualllitatiislllo, sobretudo de R. Brunet e 2) temáticas distintas (geopolítica, cultura, etc.). 21 ­ Para chegar a esta situação distante do dinamismo e da grandeza dos primeiros tempos, toi preciso passar por uma crise política e cpistemológica ~1 G. Tathan. in G. Taylor ( 95 I. N. Brol.' ( 19(1), p. 636, A Cholh?): TenJunces d irganization de la géographie en France. in A. Chollcy (19571. p. ~4, totulizand() f fluniversidades. induindo a til' Arg('f. ____C~~_adernosGeográficos N° 6 - Maio 2003 ljue COl1le'ou a altura de 1960, mas foi precipitada pelos aconteeimenh", d. 196X, quc ahalaram toda a 1IIli'ersidadc francesa. Entretanto nos HlHlS I. foram g,cstada..; Idéias ljue fizeram avançar a geografia francl'.1 prm ;lL'IIllL'Illl' soh (l estimulo da concolT(-ncia da geopolítica alem,i, .I, radkali/4l';ll da sociedade, aliás nitida entre os intelectuais. que se dcli'",111 freqüentemcl1te cntrc extrema-esquerda e extrema-direita, assim COIllO lI. Alemanha :--oh a Rcpública de Veimar havia ocorrido o mesmo, anos <1nll' U a<IIlI;1l tL'UIIl') L' cmpírico da geografia francesa dos anos 30 nào t" pL'rL'cbído por p, (,Iaa! c nem anteriormente por A, Meynier';~. - 22 ­ () prilllcím a apontar o uanço teórico dos anos 30 tt1i A. Chollc quc tee o papL'l dc caplar a Illudança epistemológica provavelmente 1)111 k sido herdeinl de ullla knta C oluçào da geografia em direçào ao rcklld. salto, O corpo lIL- L'iclltlstas da 11I)'a l'icneia foi montado, como já s(' d,., por p, 'ídal de La BlaL"llL'. qUL" l'r.1 L'sscncialmente geógrafo humano c 111111<' cncnllia de geogralia IIsiL'a. daí kr feito o esforço de inC0I110r,1I;;'10 , geólogos, botánicos. etc li UIll Irabalho conjunto com os geógrafos (EIIlIlI I" ilargerit!, p.ex,). A ,líderança da geogralia francesa passou a ser e,l'llllll sem Jescolllilluidade. :lpÓS 1920 por Emlll. De Martone. que acaholl t()rnando hasicamcnte um gcol1lorCólogo, bastante ligado ús idéias dl' f 11:lIS, Assim sendo, a chamada ge~)gratia regiona! francesa carecia de 1111 instrul1lental teórico qUl' realmente cOllseguisse aeoplar criatiHulll'llIl' " ratus naturais L'om us 111tos humanos. o qUL' na 'erdade não SL' 111111, consegUIdo fazt!r Ilas primeiras tt.'ses. Nào por que a geografia akm,i. 1111 suas rai7es kantianas. não ti't.'sst" indicado os L'aminhos teóricos. 111.1 pnn <IL'1mL'l1lc por que praticú-Ios 11<0 era tarelll Illuito fácil. exigilldll IIII domínio agupdo de campos tão díspares como clima, re!co, Ill'UP;I .I' humana. cidades, etc. Nunca seria suficiente montar lima colagem lk LIIII um a UIll L' sabL'-ILIS dcsmontá-Ios para efeito de amílisc L' CIll '''111.1 clllllbina-Ios num quebra cabeça eplicatio. Em reSUI1lO seria nCt'~·"',.1f I' dominar e acoplar os dois t!ntt1llues da geografia inaugurada por I.all!. . cllfoqUl' sistemático (tcórico) e o enfoque regional (empírico. di7cnd.. ti maneira simpliticada. "~ Ikllllin: IIlshllre de la PCII"l'.: ~·t'o!!raphiqlll' 1.:11 hlllll.'' IIX'::'~ f'lh'lll'l I "lh'l f' II,I:II Ilh'oll.' ,k 1;1 (,,''')~raphil' frall'aiw de IX:I) a 11th ' ••111 .... 'i,Uh.ill 1'1'1;-'; I 11011.-, 1"11.1,111< l', ,'I "11',1111/,111.11" de la 1 "'''!'Llllhll'l"1I II,III(,
  • 12. Cadernos Geográficos N° 6 Maio 2003 Sob a orientação de Emll1. De Martone. A. Cholley realizou um enorme esforço empírico c teóril.:o, ao escrever sua tese Lês Préalpes de Sa oic (Geneoís, Bauges) et kur aant-pays: étude de geógraphie n:gionalc-lh na épüca em qUL' trabalha'a el11 Lyon, como "maitre de conf.'rl'nces", antes de seguir el11 1927 iI Paris. Sua teSt' roi, 110 di/er lk Ik f'vlartone, a primeira tese original sobre uma regiüo montanhosa da França, jú que a de Max. Som: sobre os Pirineus hasicamente um estudo de hiogcografia-l-. Assim C01110 HlImboldt foi f,j orccido nas suas obsenal,'úes gL'ogrMicas ao tratar das regiões monlilnlh)SaS (Andes, p,e,), pL'la 1~:l1dêl1cia ao aparecimento de vários pequenos sistemas naturais bem ddílllítados, igualmente A, Cholky se viu Jd'rlmtado pela imbricação ('ol11pkx", mais ao mesmo tempo "didática" de fato..; de origens diersas, 11l:lllili..'..;ladas em tipos de tempo, hidrologia c)ll1pk.'a (lagos, pÚlltanos, !luxos glal.:iais, etc), a presença milenar de ocupação camponesa, com dil;..'rL'lltL·... tipoS de aproveitamento das condições naturais (planícies, enco~la,. Illlllltallhas, etc ) L' uma industriali/ação de base rural L" de pL"quenas cidade... ( llIll'L'y, p.t'x.l. Apos lIllla introdlJ(;üo, Iraloll Ib florlil ln.!:!ia dos Préalpes da Saoia (I'. X3 a I()(). do clinlil L' da IlIdrolllgía 111. Ih7 a 2~7), de um capítulo illll'nnedi:u'io entre I.l 1HIIIII:lI l' ti hUlII,II)U H) 11Ill1lCIll e as condições naturais, p. ~xx a 3X-+L seguido do... ('l'llL'ros Ik ida (p. 3x:'i a 70510 mais olutnoso da lese, seguido da L'lllL'hIS;'Il (70(1 a 71:'i). (. curioso qlle A. Cholle! tenha sido o pril1lt:.'iro !:!cúgralil I'ranc(>s a inl'l)f'porar as idéias de J. Bjerkner e H Solberg, Illekorolugistas L'sL',mdinao:-, c assim a trabalhar nào só com os challladl)S clt:.'nlL'lllus do clima (temperatura e precipitações), mas também l'llll1 as L'sta'ôe... l' lipos de tempos (p, 217 ti 23:'i), tendo superado De flartllnL' neste L'alllpn L' sido o responsável pela orientação de tese de p, Pl'~klab()nk: U Climal du hassin parisien (essai dmc méthode rationalle de climatolngi<.:' physique), Ed. Génin, 1957, qUL' impulsiona a chamada clilllalOh)gia dinámica, A lL'se de A, Cholley nào só é majoritariamente de g('ografia humana, pcln nÚlllL'ro dê páginas, mas pdo L'spírito, jà que para elê o homem é o (,L'nlrn das preocupações da geografia que ele adota, Nela já aparecem dois componentes fundamentais do seu pensamento I) o casamento de grande ~.. A rd'erídn tese edl' 1925 (A. C'olin) e o primeiro texto de fôlego o illieiante A. l'holle:-. foi também lIlll estudo regillllal sobre sua região, localí/ada na parte 11l:ridional da Larcna: La 'oge, Ann, Gl)" 1t} 15, pp, 219·2J5, ~- FIllIll. [)t' lanone: I.ó Pr0alpe:-. de S;'loil". :nn. (j00.. 19]7, p.~6.~-(.;. ____C_adernos qE:lc:>~áficos N°6 Maio 2003 fertilidade entrL' g.el)g.rafia sistemática e geografia regional. na tradit;a.. ti Kant. Ritter L' Ikttner. todos com ampla formação filosótica. ,,'UI1I" .1 mesmo e ::!) ~I i(kia de que os fàtos geográficos são combinações com'I'!,I. C0l110 tais prL'cisalll ser estudados e decifrados. A I , I CIUWAS SISTEMATICAS ,~ 8' eo .J:..~ Diagrama dando o caráter espt'cial da geografia como clenl'Ía integradora. que atravessa em diagonal as ciências sistell1átic:I", ao inés de confinar com elas (Conforme Hettner. que se basl'Ía em Kant e com o qual A. Cholley concorda), fonte: HARTSHORNE. Quanto às suas pesquisas de morfologia alpina tL''L' qUL' ....l' d'fI 0111.11 entre as interpretações de Emm. De Martone e as de R, Blanchard. 111/11<' • k~ ou a dar continuidade às pesquisas em outras rq!.Il" tí,UII" ..1 (Bourgogne e região parisiensel. tendo orientado t!rall(k mÚ1ll'/ () de I"'·' sobn.' a hacia sedimentar parisiense (Tricarl. Pinclh:llld, .1011111"11. dI • Nestas pL'squisas se dL'lI conta Ja riquL'la quc 0'<; dcpúsillls Iil' L'tlu h!a
  • 13. Cadernos Geográficos N°6 Maio 2003 representar na revelação das condições pako-climáticas. e assim sua doutrina em matéria de geol1lorfologia ganhou corpo e se afinou: tectônica e erosão se li rum a um duelo atra'~s das variações climáticas, permitindo definir a noção de "sistema de cr)sào" e o uso da técnica de análise dos sedimentos. em laboratórios apropriados. Este caminho, aberto por A. Cholley4X corresponde ao salto t:1ll direção à geolllorfología climática, postt:riormente apropriada indehilaJllt'IItC' por vários autores (./. Trical1, p.e.). C.A. Figueiredo Monteiro lemhrou l " 411e até a UGI de Lisboa (194l<) a temútica geomortológica gira;! elll tomo das "supert1cies de aplainamento nos dois lados do Atlântico" c l'fll Washington (1952) a telllátit:u passou a ersar sobre os "'cascalheiros" das l'ncostas, tào reeladorcs dos processos pako-c1 illlÚtícos. De tanto relac ionar I:ltnr, /. ('holley passou a teoriza-Ios: os làtos geogrúlicos, quaisquer quc o.;l'jalll. aldeia, economia agrária. subúrbio em üpansào, forças crosiY<ls, ek.. rcsultam de uma combinação de intluências ariadas. lisicas. biológjca~. hUlllilll;t". 111L'ntais. etc.. cujas il1t~rações são tào cOlllplt'.xas que, ns 'e7L'S tOl'ar IHIIIl d.'l1I.'l1tO da combinação cOllsiste 1.'111 modificar o todo. por 11111<1 "l'l il' de rCaç'lcs em cndeía, A anúlise dos l'Il'nlL"ntos de tais l'oll1hllla~',k's, a "hsLT;I,';U dL' sua italidadl', fornecem ú gellgra lia 1.,1 SCU l11~tod(l. qual ,lL'lílll' ll(1s~a cil'llcia em oposiçt1o ús ciências sct(lriais (geologia. hotit11il';), etc.). Trata-o.;l'. aso.;ím. dc descobnr o dinamismo duma combinação. sua Ctl'l1sào csp<l:ial. S.'ll l'l':scimento em detrimento das comhinações vizinhas. e depois sua própria Jl'gl'lwrl'scência, Não só é a sistêmica antcs dela se generalizar, conto (- a visão de múltiplas l Ietennll1açoes l Ie IV aL '".. - ~·1 :. Cholky foi o sucess..)!' dc El11l11, De rv1artone na liderança da gcogralia francesa L' o auge do seu poder se l'xerceu de 1945 a J 956, Foi professor na Sorbone de 1927, levado pelas mãos de De Martone. até 1956. tendo sido Sl'lI DO)l'n dl' 1945 a 1953 e diretor do Instituto (Ie' Geografia de 1944 a 195h, Presidiu durante quase 20 anos o júri da nova agregação de 1:-. A, Cholley publicou nos Ann. Géo. Três artigos sobre a morli.llogia da região parisiense ( 1943) e mais tanle o famoso Morphologie structurak et l11orphologíe dimatíque (Ann, G~o" IliSO), tradu,ódo em I %0 no Boletim (jeogrútko (,NG. ~'I Informação oral. ," J, Gràs: André C'holley, in: Ph. Pinchemel et alli: Deux sieclt::s de geographie fr:llwais..:-, CTHS, IllX4. (J Cadernos Geográficos N° 6 Maio 2003 geografia, assim como dirigiu por muito tempo a Associação dos Geógralo. Franceses e os Annales de Géographie no auge do seu prestigio51 , Além das suas contribuições anteriomlente apontadas é interes:--anl, lembrar que o animava lima grande preocupação didática: I) colaborou l'OIl, A. Demangellll na coleção de liTOS de primeiro e segundo gl;llI. organizando anos depois sua própria coleção. com nomes de peso. COl1ln I Dresch, P. (ieorgl'. p, Birot e outros. podendo-se dizer que seus li, I". didáticos :It':' hoje nào toram superados na seriedade do conteúdo, 2) rUlldtltl em IYJ6 a I' Infllnnation géographique. revista destinada aos professores !lu magistério scclIlld4Írio, 3) publicou em co-autoria com Emm, De Martollc .1, cartas dI) "I·tat-Major" IXO,OOO", selecionadas e comentadas. destinada" :1" trcinamcnto dno.; alunos universitários, Mas a 1;lcc didút ica. de estimulador de novas vocações. nào dt" obscurt?ú'r sua IÚl'C de kórico importante. como reconhecenllll 1< Hartshorne, 1.'111 I<JÚ(I, l' (i. Bcrtrand recentemente52 • Bertrand assinalai importànál da idcia de comhinação geográfica para a gênese da ('atcgO! LI geo-sistl'ma. lamL'lltando quc os gcomorfólogos franceses se isolem C111 ',11.1 e~pel'ialidade, Hartshort1c lemhra quc no Guide de I'Étudiant. Cholll assinala a distinção entre Gcograna c as chamadas ciências sistêmicas, hl'lIl L'l)1l10 as st::l1lelhanças entre Geografia e História, tão próximas às colo.:;I,''''·. de Kant. Lal11cnta'ell11ellte nos anos 60 e 70 começaram a se acentuaI .I "'fragmentações" da Geografia. já apontadas por A. Meynier'. 111,1, principalmente uma ênfase crescente à organização espacial (paisagem. ,'h como a "cspacjalidade" num processo de regressão teórica. J, (j rãs: André Chollcy (ll:il:ló-1968,. in P. George: Lcs gé!)graphc.~ 11 alll.!1 tTHS.IlJ75. R, Hartshornc: Perspectivas on the nature of gt'ography. Assoe, 01' ..111 (I.'il)'1 19611. com tradução do IPGII. Rio de Jalx'Íro, 1969 c (i. Ikrtralld l'1I1I' 1,1.1 .• (iH)SlIL (IFSC. 199X,n"26,p. 144·160. lkI1I('1 II