O documento descreve uma pesquisa sobre a comunidade aquática e a qualidade da água em cinco pontos de uma Área de Preservação Permanente no Parque Dr. Fernando Costa em São Paulo. Foram coletados 731 peixes de 6 espécies diferentes, sendo as mais abundantes Poecilia reticulata e Geophagus brasiliensis. Os parâmetros físicos e químicos da água variaram entre os pontos, com os maiores valores de poluentes no Lago Negro.
Agricultura orgânica e Análise físico-química dos diferentes tipos de agua.
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COMUNIDADE AQUÁTICA E MONITORAMENTO DA QUALIDADE DA ÁGUA DA
ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE – APP DO PARQUE
DR. FERNANDO COSTA (SÃO PAULO, SP)
Raquel Moraes Costa PEREIRA1*; Maressa Helena NANINI-COSTA2; Ruan de Oliveira
CARNEIRO1; Aline Viana de ARAÚJO1; Maurício Keniti NAGATA3; Marcos Aureliano Silva
CERQUEIRA3; Márcio HIPÓLITO4; Katharina Eichbaum ESTEVES3;
Cíntia BADARÓ-PEDROSO3
1 Bolsista PIBIC-IP
2 Bolsista TT3 da FAPESP-IP
3 Pesquisador Científico do Instituto de PESCA – APTA – SAA – SP
4Pesquisador Científico do Instituto Biológico de São Paulo.
5 Contatos: endereço eletrônico: gestao.ma@hotmail.com, pedrosos@pesca.sp.gov.br
*Apoio financeiro: PIBIC-IP/CNPq (processo 128740/2016-7)
Palavras-chave: Ictiofauna; nascente; Phalloceros leptokeras; covo.
INTRODUÇÃO
Apesar de já existirem trabalhos realizados na Área de Preservação Permanente
(APP) do Parque Dr. Fernando Costa por JORDÃO (2007) e FRANCISCHINI et al. (2011),
ainda não existem informações referentes às espécies da comunidade aquática.
FRANCISCHINI et al. (2011) registraram a ocorrência de Phalloceros leptokeras, espécie de
peixe nativo, e importante predador de larvas do mosquito da dengue Aedes aegypti, no
interior da APP. No entanto, segundo BADARÓ-PEDROSO (com. pessoal) atualmente esta
espécie não é mais observada na nascente.
O objetivo geral do presente projeto é caracterizar a comunidade de peixes da APP,
verificando a ocorrência de Phalloceros leptokeras, já registrado anteriormente nesta área, bem
como monitorar alguns parâmetros biológicos e físicos e químicos da água.
MATERIAL E MÉTODOS
Foram selecionados cinco pontos de coleta na APP (nascente, tanques I, II, III e Lago
Negro), onde peixes foram coletados na época chuvosa (novembro-dezembro de 2016). Para
a coleta da ictiofauna utilizou-se nove covos, sendo três confeccionados com garrafas pet de
2,5 litros (L) de capacidade, três de 6 L e três covos de multifilamento com malha de 2,5cm
entre nós e abertura de boca de aproximadamente 14 cm.
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Foram registrados os seguintes parâmetros físicos e químicos da água com o auxílio
da sonda multiparâmetros Horiba (modelo U-52G): temperatura (°C), oxigênio dissolvido
(OD) (mg.L-1), pH, condutividade elétrica (µS.cm-1) e sólidos totais dissolvidos (STD) (mg.L-
1). Além disto, foram coletadas amostras de água superficial para a determinação de Amônia
total (mg.L-1), Nitrito (µg.cm-1), Nitrato (mg.cm-1) e Ortofosfato (µg.cm-1) e outra para a
determinação da Dureza Total (mg CaCo3.L-1).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Um total de 731 peixes foram coletados sendo as espécies mais abundantes Poecilia
reticulata (n=611) e Geophagus brasiliensis (n=88). As espécies com menor abundância foram
Barbodes semifasciolatus no Tanque I (N=1) (4,17%) e Oreochromis niloticus no Lago Negro
(N=1) (1,04%). A introdução de Poecilia reticulata, espécie considerada exótica (VIEIRA e
SHIBATTA, 2007), pode estar relacionada com o fácil acesso do público aos locais de coleta e
a sua maior abundância, com os seus hábitos alimentares e características físicas e químicas
da água nos tanques III e Lago Negro.
Tabela 1 – Abundância relativa das espécies de peixes dos pontos Nascente, Tanque I, II, III
e Lago Negro da Área de Preservação Permanente do Parque Dr. Fernando Costa, São Paulo.
Espécies Nascente (%) Tanque I (%) Tanque II (%) Tanque III (%) Lago Negro (%)
Geophagus brasiliensis 0 33,33 96,15 0 65,62
Barbodes semifasciolatus 0 4,17 0 0 0
Tanicts albonubes 0 62,50 3,85 0,68 0
Poecilia reticulata 0 0 0 99,31 31,25
Coptodon rendalli 0 0 0 0 2,08
Oreochromis niloticus 0 0 0 0 1,04
De um modo geral, os parâmetros físicos e químicos da água apresentaram valores
bem variáveis. Os valores mais elevados de OD, Temperatura, Turbidez, Nitrito, Nitrato,
Ortosfosfato e Dureza Total foram verificados no Lago Negro, além de um aumento
gradativo do pH, entre o ponto da Nascente e este (Tabela 2). Ainda a Nascente apresentou
os menores valores de OD, Amônia, Nitrito e Ortofosfato.
Os dados apresentados são parciais, esperando-se que após a realização de todas as
coletas, outras espécies de peixes ainda sejam coletadas, permitindo constatar a ocorrência
do Phalloceros leptokeras.
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Tabela 2. Parâmetros físicos e químicos registrados na Nascente, Tanque I, II, III e Lago
Negro da Área de Preservação Permanente do Parque Dr. Fernando Costa, São Paulo.
pH=potencial hidrogeniônico; Cond.=Condutividade; STD=sólidos totais dissolvidos.
OD=Oxigênio Dissolvido; DT=Dureza Total; Negrito=valores mais elevados.
Parâmetros Nascente Tanque I Tanque II Tanque III Lago Negro
pH 4,56 4,77 5,27 6,09 6,83
OD (mg. L-¹) 2,89 8,23 7,04 8,1 8,71
Cond. (µS.cm-1) 188,5 187,5 175,5 183,5 172,5
Temperatura (°C) 22,31 22,25 21,62 21,17 21,65
STD (mg. L-¹) 0,122 0,122 0,134 0,164 0,111
Turbidez (UNT) 10,05 1,7 3,1 21,3 33,75
Amônia (mg. L-¹) 0,04 0,075 0,065 0,055 0,1
Nitrito (µg. L-¹) 0,645 2,52 1,865 1,435 3,745
Nitrato (mg. L-¹) 0,01 0,01 0,01 0,01 0,02
Ortofosfato (µg. L-¹) 2,325 13,185 5,425 6,2 28,705
DT (mg.L-1) 25,8 27,95 18,275 17,11 27,95
Coordenadas
23º 31’ 53,0’’ S 23° 31’ 52,1’’ S 23° 31’ 52,0’’ S 23° 31’ 51,4’’ S 23° 31’ 49,6’’ S
46º 40’ 12,7’’ O 46° 40’ 12,9’’ O 46° 40’ 14,0’’ O 46° 40’ 13,4’’ O 46° 40’ 12,8’’ O
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FRANCISQUINI-DA-SILVA T.; BADARÓ-PEDROSO, C.; FARIA-PEREIRA, L.P.; GUERRA,
H.P. del; MATÕES-SANTOS, J. 2011 Ocorrência de Phalloceros leptokeras
(Cyprinodontiformes: Poeciliidae: Poeciliinae) na área de proteção permanente na
APP do Parque Fernando Costa (Parque da Água Branca), São Paulo. Anais do VI
Seminário de Iniciação Científica do Instituto de Pesca. Disponível em:
<http://www.pesca.sp.gov.br/6sicip/resumos.htm>, acesso em 20/02/2016.
JORDÃO M.A.S.M. 2007 Impacto da urbanização nos ecossistemas representativos locais de
áreas verdes essenciais para a proteção dos recursos hídricos – Parque da Água
Branca. São Paulo. 80f. (Monografia em Gestão Ambiental da PROENCO Brasil
Ltda).
VIEIRA, D. B. e SHIBATTA, O.A. 2007 Peixes como indicadores da qualidade ambiental do
ribeirão Esperança, município de Londrina, Paraná, Brasil. Biota Neotropical,
Campinas, 7(1): Vol. 7, p. 58-64.