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A ARTE DA ALTA IDADE MÉDIA
HISTÓRIA DA ARTE 2 | PROF. GUSTAVO LOPES
Semana 7
Com a desintegração do
poder político central,
grande parte do antigo
Império Romano do
Ocidente se viu governada
por povos germânicos.
Embora alguns deles, como
os ostrogodos, fossem
bastante romanizados,
outros, como os anglo-
saxões, viviam de modo bem
diferente.
Reconstituição de casa anglo-
saxã, Inglaterra.
Réplica de elmo
encontrado no sítio
arqueológico de
Sutton Hoo. Original
(figura menor) do
início do século VII.
Os anglo-saxões não praticavam o estilo
de arte figurativa naturalista característico
das partes romanizadas do Império.
Preferiam um estilo que combinava
formas entrelaçadas e animais estilizados.
Neste elmo anglo-saxão, um pássaro ou
dragão dourado estende as asas sobre a
face do guerreiro.
Nem sempre é fácil
encontrar esses
animais: aqui há 12
deles (sem contar
com as duas
figuras humanas),
mas para ver todos
é preciso observar
atentamente.
Tampo de bolsa.
Sutton Hoo,
Inglaterra. Início do
século VII.
Fivela de cinto, Sutton Hoo, início do séculoVII
Em algumas obras os animais são estilizados ao
ponto de se tornarem quase padrões abstratos,
como as serpentes que se contorcem nesta
fivela anglo-saxã.
Fivela de cinto.
Sutton Hoo, início
do século VII
Fivela de cinto, Sutton Hoo, início do séculoVII
Os objetos do sítio
arqueológico de Sutton Hoo
aforam enterrados no interior
de uma barca funerária,
encontrada sob uma colina
artificial. Acredita-se que um
homem da nobreza tenha sido
enterrado ali.
Barca funerária de Oseberg,
Noruega, c. 825. Usada no
funeral de uma sacerdotisa ou
mulher da nobreza.
Esse costume era praticado
também por povos
escandinavos.
Barca funerária de Oseberg, c. 825
Um estilo baseado em
entrelaçamentos e animais
estilizados era empregado na
decoração desses navios, como se
pode ver nesses entalhes da Barca
de Oseberg.
Cabeças encontradas em Oseberg.
Uso deconhecido (proa de navio,
mobiliário, decoração
arquiterônica?). Peça à esquerda
com 51 cm de altura. Madeira, c.
825.
Estela de Tjangvide. Ilha de Gotland, Suécia.
Século VIII
Uma variante dessa prática funerária era
cremação da barca com o corpo em seu interior.
Porém, ao contrário do que se vê em filmes e
séries, nos exemplos históricos essa cremação
ocorre em terra. A cremação da barca lançada na
água figura na literatura (o funeral do deus
Balder no Eda em Prosa), mas não há provas de
que tenha acontecido historicamente. Seja como
for, o que é certo é a barca era um símbolo
importante da viagem para a vida futura. Nesta
estela (tipo de pedra comemorativa, que às
vezes servia de lápide), o destino pós-vida das
almas que viajam na parte de baixo é mostrado
na parte superior, onde se vê o deus Odin a
cavalo.
A cristianização dos escandinavos se
completa por volta do ano 1000.
Entretanto, variantes do estilo entrelaçado
tradicional persistiram em sua arquitetura
religiosa.
Abaixo: Igreja de madeira de Urnes. Noruega,
c. 1130. Ao lado: portal norte da igreja.
Detalhe da Pedra de Sigurd (Sö 101),
Suécia, c. 1030
Juntamente com os textos literários, a arte
escandinava nos ajuda a entender melhor as
crenças pré-cristãs de seus criadores, mesmo
depois de sua cristiniazação. Esta pedra mostra
episódios da vida do herói Sigurd, descendente
do deus Odin.
Esses relevos em madeira
representam os mesmos
episódios.
Decoração da igreja de
Hylestad, Noruega, séculos XII-
XIII
A história do Ferreiro
Wayland e a adoração dos
Magos. Caixa anglo-saxã,
século VIII
Às vezes, temas cristãos
e pagãos eram
incorporados em uma
única obra, como nesta
caixa com inscrições em
runas, caracteres usados
por povos germânicos.
Fragmento da Cruz de Torwald, Inglaterra, c. 900-950
Neste detalhe de uma cruz
em pedra, produzida em
uma colônia escandinava no
atual território do Reino
Unido, o deus Odin,
identificado pelo corvo em
seu ombro, é atacado pelo
lobo Fenrir durante o
Ragnarok, a batalha final
entre os deuses e seus
adversários no paganismo
escandinavo.
Fragmento da Cruz de Torwald,
Inglaterra, c. 900-950
As runas e um dragão ou
serpente entrelaçada se
combinam à cruz cristã nesta
estela de pedra. As cores
forem restauradas.
Estela rúnica. Uppland, Suécia.
século XI
Além da arte greco-romana e da arte
dos povos germânicos, contribuiu para a
formação da arte da Alta Idade Média
europeia (476 - c. 1000) a arte dos
celtas, povos que, antes da conquista
romana, habitavam o atual território do
Reino Unido, da Espanha e da Irlanda,
entre outros.
Verso de um espelho, Britânia romana, século I
Nos territórios romanizados, a influência
da arte celta se reduziu grandemente e
era pouco visível quando o Império
Romano do Ocidente foi conquistado
por povos germânicos.
A Irlanda, contudo, jamais fizera parte
do Império Romano, de modo que ali a
tradição artística céltica permaneceu
viva por muito mais tempo.
Tampa de caixa em bronze, Irlanda, século I
Quando monges
irlandeses fundaram
mosteiros fora de seu
país, eles trouxeram
consigo sua tradição
artística nativa e a
incorporaram a obras
cristãs, às quais
integraram também
os entrelaçamentos
animalistas de
origem germânica.
Neste manuscrito, as
espirais célticas se
combinam com os
animais estilizados e
entrelaçados.
Evangeliário de Lindisfarne,
Inglaterra, c. 700.
Estatueta equestre de Carlos Magno,
século IX
Em regiões mais ao sul da Europa, onde,
apesar das crises e guerras, a cultura
romana foi mais efetivamente preservada, a
arte tomou um rumo diferente. Entre os
séculos VIII e IX, teve lugar o Renascimento
Carolíngio, movimento cultural
impulsionado pelo imperador Carlos
Magno. Esse movimento tomou por
modelo principal a cultura da Antiguidade
pagã grecorromana, embora as culturas
paleocristã e bizantina tenham sido
referências importantes.
Entre os produtos artísticos
do Renascimento Carolíngio
destaca-se a Capela Palatina,
parte do complexo palaciano
de Carlos Magno. Seus
arquitetos tomaram por
modelo a brasílica bizantina
de San Vitale, em Ravena.
Para a sua construção, Carlos
Magno mandou buscar de
outras partes da Europa
partes de edifícios anteriores,
como colunas. Mas havia
também decoração original:
o interior da Capela Palatina
era coberto de mosaicos, que
não foram preservados (os
atuais são do século XIX).
É possível ter uma ideia
de seu aspecto
observando-se o mosaico
carolíngio da Arca da Aliança
(c. 806), na Basílica de
Germiny-des-Près, França.
Crucifixo de Gereão, c. 975-1000 (a inscrição INRI, assim
como a mandorla e os raios luminosos atrás do crucifixo,
é posterior). Madeira. altura do Cristo 1,87 m
O retorno aos modelos greco-romanos
perdeu força com o fim do Império
Carolíngio, mas o impulso iniciado por
Carlos Magno não desapareceu. Os
edifícios de pedra com arcos, colunas e
outros elementos antigos seguiram se
multiplicando na Europa. Com a
aproximação do ano 1000, começa a
ressurgir na Europa a escultura
monumental, outra tradição da
Antiguidade pagã.
Mas não se tratava de um simples retorno
à cultura greco-romana: muitas vezes, os
belos corpos da arte pagã antiga dariam
lugar ao pathos, o apelo à emoção,
suscitado por gestos, expressões e corpos
em sofrimento. A tendência de empregar o
feio com uma finalidade devocional seria
especialmente forte nas regiões que hoje
compõem a atual Alemanha.
“Onde e quando surgiu esta
interpretação humana do
salvador, não sabemos dizê-lo:
parece ter-se desenvolvido na
esteira da Questão Iconoclasta.
É rara antes da Crucificação de
Dafne e nenhuma suscita tão
poderosamente as emoções do
contemplador. Este sentido de
compaixão na arte sacra foi
talvez a maior contribuição da
Segunda Idade do Ouro ...”
(W. H. Janson)
Para saber mais:
Johnni Langer, Erfi: As Práticas Funerárias na Escandinávia Viking e suas Representações
http://45.71.6.41/index.php/brathair/article/view/600
Johnni Langer, A morte de Odin? As representações do Ragnarök na arte das Ilhas Britânicas (séc. X)
https://journals.openedition.org/medievalista/812
Hidden animals in Celtic art
https://www.youtube.com/watch?v=lzEX6A1cXwA
(opção traduzir automaticamente para o português disponível)
How to make a Celtic torc
https://www.youtube.com/watch?v=pBu6cixcaxI
(opção traduzir automaticamente para o português disponível)

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  • 1. A ARTE DA ALTA IDADE MÉDIA HISTÓRIA DA ARTE 2 | PROF. GUSTAVO LOPES Semana 7
  • 2. Com a desintegração do poder político central, grande parte do antigo Império Romano do Ocidente se viu governada por povos germânicos. Embora alguns deles, como os ostrogodos, fossem bastante romanizados, outros, como os anglo- saxões, viviam de modo bem diferente. Reconstituição de casa anglo- saxã, Inglaterra.
  • 3. Réplica de elmo encontrado no sítio arqueológico de Sutton Hoo. Original (figura menor) do início do século VII. Os anglo-saxões não praticavam o estilo de arte figurativa naturalista característico das partes romanizadas do Império. Preferiam um estilo que combinava formas entrelaçadas e animais estilizados. Neste elmo anglo-saxão, um pássaro ou dragão dourado estende as asas sobre a face do guerreiro.
  • 4. Nem sempre é fácil encontrar esses animais: aqui há 12 deles (sem contar com as duas figuras humanas), mas para ver todos é preciso observar atentamente. Tampo de bolsa. Sutton Hoo, Inglaterra. Início do século VII.
  • 5. Fivela de cinto, Sutton Hoo, início do séculoVII Em algumas obras os animais são estilizados ao ponto de se tornarem quase padrões abstratos, como as serpentes que se contorcem nesta fivela anglo-saxã. Fivela de cinto. Sutton Hoo, início do século VII
  • 6. Fivela de cinto, Sutton Hoo, início do séculoVII Os objetos do sítio arqueológico de Sutton Hoo aforam enterrados no interior de uma barca funerária, encontrada sob uma colina artificial. Acredita-se que um homem da nobreza tenha sido enterrado ali.
  • 7. Barca funerária de Oseberg, Noruega, c. 825. Usada no funeral de uma sacerdotisa ou mulher da nobreza. Esse costume era praticado também por povos escandinavos.
  • 8. Barca funerária de Oseberg, c. 825 Um estilo baseado em entrelaçamentos e animais estilizados era empregado na decoração desses navios, como se pode ver nesses entalhes da Barca de Oseberg.
  • 9. Cabeças encontradas em Oseberg. Uso deconhecido (proa de navio, mobiliário, decoração arquiterônica?). Peça à esquerda com 51 cm de altura. Madeira, c. 825.
  • 10. Estela de Tjangvide. Ilha de Gotland, Suécia. Século VIII Uma variante dessa prática funerária era cremação da barca com o corpo em seu interior. Porém, ao contrário do que se vê em filmes e séries, nos exemplos históricos essa cremação ocorre em terra. A cremação da barca lançada na água figura na literatura (o funeral do deus Balder no Eda em Prosa), mas não há provas de que tenha acontecido historicamente. Seja como for, o que é certo é a barca era um símbolo importante da viagem para a vida futura. Nesta estela (tipo de pedra comemorativa, que às vezes servia de lápide), o destino pós-vida das almas que viajam na parte de baixo é mostrado na parte superior, onde se vê o deus Odin a cavalo.
  • 11. A cristianização dos escandinavos se completa por volta do ano 1000. Entretanto, variantes do estilo entrelaçado tradicional persistiram em sua arquitetura religiosa. Abaixo: Igreja de madeira de Urnes. Noruega, c. 1130. Ao lado: portal norte da igreja.
  • 12. Detalhe da Pedra de Sigurd (Sö 101), Suécia, c. 1030 Juntamente com os textos literários, a arte escandinava nos ajuda a entender melhor as crenças pré-cristãs de seus criadores, mesmo depois de sua cristiniazação. Esta pedra mostra episódios da vida do herói Sigurd, descendente do deus Odin.
  • 13. Esses relevos em madeira representam os mesmos episódios. Decoração da igreja de Hylestad, Noruega, séculos XII- XIII
  • 14. A história do Ferreiro Wayland e a adoração dos Magos. Caixa anglo-saxã, século VIII Às vezes, temas cristãos e pagãos eram incorporados em uma única obra, como nesta caixa com inscrições em runas, caracteres usados por povos germânicos.
  • 15. Fragmento da Cruz de Torwald, Inglaterra, c. 900-950 Neste detalhe de uma cruz em pedra, produzida em uma colônia escandinava no atual território do Reino Unido, o deus Odin, identificado pelo corvo em seu ombro, é atacado pelo lobo Fenrir durante o Ragnarok, a batalha final entre os deuses e seus adversários no paganismo escandinavo. Fragmento da Cruz de Torwald, Inglaterra, c. 900-950
  • 16. As runas e um dragão ou serpente entrelaçada se combinam à cruz cristã nesta estela de pedra. As cores forem restauradas. Estela rúnica. Uppland, Suécia. século XI
  • 17. Além da arte greco-romana e da arte dos povos germânicos, contribuiu para a formação da arte da Alta Idade Média europeia (476 - c. 1000) a arte dos celtas, povos que, antes da conquista romana, habitavam o atual território do Reino Unido, da Espanha e da Irlanda, entre outros. Verso de um espelho, Britânia romana, século I
  • 18. Nos territórios romanizados, a influência da arte celta se reduziu grandemente e era pouco visível quando o Império Romano do Ocidente foi conquistado por povos germânicos. A Irlanda, contudo, jamais fizera parte do Império Romano, de modo que ali a tradição artística céltica permaneceu viva por muito mais tempo. Tampa de caixa em bronze, Irlanda, século I
  • 19. Quando monges irlandeses fundaram mosteiros fora de seu país, eles trouxeram consigo sua tradição artística nativa e a incorporaram a obras cristãs, às quais integraram também os entrelaçamentos animalistas de origem germânica. Neste manuscrito, as espirais célticas se combinam com os animais estilizados e entrelaçados. Evangeliário de Lindisfarne, Inglaterra, c. 700.
  • 20. Estatueta equestre de Carlos Magno, século IX Em regiões mais ao sul da Europa, onde, apesar das crises e guerras, a cultura romana foi mais efetivamente preservada, a arte tomou um rumo diferente. Entre os séculos VIII e IX, teve lugar o Renascimento Carolíngio, movimento cultural impulsionado pelo imperador Carlos Magno. Esse movimento tomou por modelo principal a cultura da Antiguidade pagã grecorromana, embora as culturas paleocristã e bizantina tenham sido referências importantes.
  • 21. Entre os produtos artísticos do Renascimento Carolíngio destaca-se a Capela Palatina, parte do complexo palaciano de Carlos Magno. Seus arquitetos tomaram por modelo a brasílica bizantina de San Vitale, em Ravena.
  • 22. Para a sua construção, Carlos Magno mandou buscar de outras partes da Europa partes de edifícios anteriores, como colunas. Mas havia também decoração original: o interior da Capela Palatina era coberto de mosaicos, que não foram preservados (os atuais são do século XIX).
  • 23. É possível ter uma ideia de seu aspecto observando-se o mosaico carolíngio da Arca da Aliança (c. 806), na Basílica de Germiny-des-Près, França.
  • 24. Crucifixo de Gereão, c. 975-1000 (a inscrição INRI, assim como a mandorla e os raios luminosos atrás do crucifixo, é posterior). Madeira. altura do Cristo 1,87 m O retorno aos modelos greco-romanos perdeu força com o fim do Império Carolíngio, mas o impulso iniciado por Carlos Magno não desapareceu. Os edifícios de pedra com arcos, colunas e outros elementos antigos seguiram se multiplicando na Europa. Com a aproximação do ano 1000, começa a ressurgir na Europa a escultura monumental, outra tradição da Antiguidade pagã.
  • 25. Mas não se tratava de um simples retorno à cultura greco-romana: muitas vezes, os belos corpos da arte pagã antiga dariam lugar ao pathos, o apelo à emoção, suscitado por gestos, expressões e corpos em sofrimento. A tendência de empregar o feio com uma finalidade devocional seria especialmente forte nas regiões que hoje compõem a atual Alemanha.
  • 26. “Onde e quando surgiu esta interpretação humana do salvador, não sabemos dizê-lo: parece ter-se desenvolvido na esteira da Questão Iconoclasta. É rara antes da Crucificação de Dafne e nenhuma suscita tão poderosamente as emoções do contemplador. Este sentido de compaixão na arte sacra foi talvez a maior contribuição da Segunda Idade do Ouro ...” (W. H. Janson) Para saber mais: Johnni Langer, Erfi: As Práticas Funerárias na Escandinávia Viking e suas Representações http://45.71.6.41/index.php/brathair/article/view/600 Johnni Langer, A morte de Odin? As representações do Ragnarök na arte das Ilhas Britânicas (séc. X) https://journals.openedition.org/medievalista/812 Hidden animals in Celtic art https://www.youtube.com/watch?v=lzEX6A1cXwA (opção traduzir automaticamente para o português disponível) How to make a Celtic torc https://www.youtube.com/watch?v=pBu6cixcaxI (opção traduzir automaticamente para o português disponível)