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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (UNIRIO)
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS – CCH
ESCOLA DE BIBLIOTECONOMIA – EB
DOUGLAS VAZ DE BARROS MOREIRA
TRABALHO DE INFORMAÇÃO, MEMÓRIA E DOCUMENTO
Rio de Janeiro
2018
DOUGLAS VAZ DE BARROS MOREIRA
TRABALHO DE INFORMAÇÃO, MEMÓRIA E DOCUMENTO
Trabalho apresentado às Professoras Geni
Chaves e Cláudia Guerra como requisito para
obtenção de nota da disciplina Informação,
Memória e Documento do curso de
Bacharelado em Biblioteconomia da
Universidade Federal do Estado do Rio de
Janeiro.
Rio de Janeiro
2018
1
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................................2
2 DESENVOLVIMENTO..........................................................................................................2
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................................3
REFERÊNCIAS .........................................................................................................................4
2
1 INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem por objetivo analisar a conexão existente entre a disciplina
“Informação, Memória e Documento” com outra da Biblioteconomia. Para tal, foi escolhida
“História do Livro e das Bibliotecas”, ministrada pela professora Ana Virginia Pinheiro. A
escolha deveu-se ao fato de estas disciplinas estarem intimamente ligadas, não tanto pelo seu
conteúdo, mas sim pela sua finalidade: de alertar sobre a importância de se documentar e
preservar o que é “nosso”, seja levando-se em conta o sentido mais amplo da questão (de
humanidade; civilização) ao mais particular (do indivíduo; o “eu”).
Uma das abordagens da “História do Livro” diz que a “consulta do documento, como
fonte informativa para a história da cultura, das mentalidades, da tecnologia, da economia e,
por conseguinte, de todos os efeitos destas na História do Livro” (MÁRQUEZ, 2001 apud
PINHEIRO, 2017) nos passa justamente a noção do que foi visto em sala na disciplina
Informação, Memória e Documento: o uso do documento para passar uma informação, contar
uma passagem da história, trazer à tona uma memória e etc, junto com a preservação desse
patrimônio, que pode interessar a uma pessoa ou a uma nação.
2 DESENVOLVIMENTO
Na Biblioteconomia, o conceito de memória está intimamente ligado à preservação e
manutenção de obras que possam ser consultadas pelas gerações vindouras. Para tal, faz-se
necessária a intervenção dos bibliotecários na catalogação e curadoria de vastas bibliografias,
com o compromisso social de salvaguardar estes itens e deixa-los em condições de uso para
todo e qualquer usuário que venha a solicita-los no futuro. Os livros, nesse contexto, são o
ponto de partida para o trabalho do bibliotecário e a razão de ser do seu trabalho.
Paul Otlet traz a seguinte definição para livro:
Fica entendido que este termo genérico abrange os manuscritos e impressos de toda
espécie que, em números que alcançam vários milhões, foram compostos ou
publicados na forma de volumes, periódicos e publicações de arte, constituindo em
seu conjunto a memória materializada da humanidade, na qual, dia a dia, foram
registrados os fatos, as ideias, as ações, os sentimentos e os sonhos, quaisquer que
sejam, que tenham impressionado o espírito humano. (2018, p.59)
Pode-se dizer que “memória” e “livro” estão intimamente ligados ao papel central e
social da Biblioteconomia e, nesse contexto, a Fundação Biblioteca Nacional desempenha
papel primordial na preservação da História, Memória e Patrimônio no Brasil. No site da FBN
3
(2018), dentre as suas competências, a de nº 1 está assim redigida: “Captar, preservar e
difundir os registros da memória bibliográfica e documental nacional” (grifo nosso). Logo,
percebe-se que o papel da FBN vai muito além do livro: trata de “documento”, um conceito
muito mais abrangente. Segundo Suzanne Briet (2016, p.1), “um documento é uma prova em
apoio a um fato”, ou seja: a fotografia, o desenho ou algo que possa conter ou se transformar
em informação e que tenha substancial relevância pode, sim, ser alvo da respectiva
competência da FBN. Mas, enfim: quem define essa “substancial relevância”?
É aí que entra Informação, Memória e Documento: disciplina que se encarrega de
tecer conceitos e mostrar visões e noções sobre tempo e memória que são basilares para a
Biblioteconomia e a Documentação. Sem esta noção de tempo (e temporalidade) e de
conservação da memória (individual e coletiva), a catalogação, a organização do
conhecimento e a preservação e manutenção desta memória se tornariam missões das mais
complicadas. Portanto, pode-se dizer que a contribuição de Paul Ricoeur (aporia do tempo) foi
substancial, pois ajudou a dar sequência e sentido ao “tempo”, conciliando o “tempo cósmico”
com o “tempo do indivíduo”. Compreender uma época, mesmo não tendo vivido nela, é um
grande avanço nesse sentido.
Mas para que preservar?
A Memória é preservada para o homem, para as civilizações e para a humanidade.
Preservam-se memórias boas e, sim, memórias nada boas, muitas vezes para que, no futuro,
este caminho seja evitado. A Alemanha é um exemplo de nação que ainda mantém de pé
“monumentos” que remontam ao sombrio tempo em que o nazismo imperava no país:
Auschwitz lá está para quem quiser ver. A isto, soma-se o indivíduo, com as suas experiências
pessoais, que contribuem para a construção dessa memória coletiva que, no fim das contas,
criam a identidade de um povo e de uma nação. Para Halbwachs (1968, p.98) “[...] a memória
se enriquece com as contribuições de fora que, depois de tomarem raízes e depois de terem
encontrado seu lugar, não se distinguem mais de outras lembranças”.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Biblioteca, os livros, os documentos e, por conseguinte, a Memória, possuem uma
função atemporal, mas diretamente ligada ao(s) indivíduo(s) e à sociedade em que está
inserida. Nesse contexto, as disciplinas “História do livro e das bibliotecas” e “Informação,
Memória e Documento” se complementam e indicam diretrizes a serem seguidas pelas
instituições responsáveis pela preservação da Memória e Patrimônio. Percebe-se, atualmente,
4
um revisionismo perigoso, que pode fazer desmoronar “monumentos”, ditaduras, a Memória;
que pode querer nos dizer o que tem “substancial relevância”. O tempo não para, as
sociedades se modificam e até mesmo o passado pode se modificar, tendo em vista que vemos
o passado que nos faz sentido hoje (modismo). Por isso, nunca devemos perder de vista o que
Paul Ricoeur nos ensina: passado presente, futuro presente, presença.
Biblioteconomia presente.
5
REFERÊNCIAS
VIEIRA, B. V.G; ALVES, A.P.M. (Org). Acervos especiais: memórias e diálogos. São Paulo:
Cultura Acadêmica, 2015. p.33-44. Disponível em:
<https://www.fclar.unesp.br/Home/Instituicao/Administracao/DivisaoTecnicaAcademica/Apo
ioaoEnsino/LaboratorioEditorial/colecao-memoria-da-fcl-n9.pdf>. Acesso em: 03/12/2018.
BIBLIOTECA NACIONAL (Brasil). Disponível em: < https://www.bn.gov.br/sobre-
bn/competencias-atividades>. Acesso em: 03/12/2018.
OTLET, Paul. Tratado de Documentação. Organização: Antonio Agenor Briquet de Lemos.
Brasília: Briquet de Lemos, 2018.
BRIET, Suzanne. O que é a documentação? Tradução: Maria de Nazareth Rocha Furtado.
Brasília: Briquet de Lemos, 2018.
Material didático disponível nos slides 2, 3 e 4 da disciplina “Informação, Memória e
Documento”.

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  • 1. UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (UNIRIO) CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS – CCH ESCOLA DE BIBLIOTECONOMIA – EB DOUGLAS VAZ DE BARROS MOREIRA TRABALHO DE INFORMAÇÃO, MEMÓRIA E DOCUMENTO Rio de Janeiro 2018
  • 2. DOUGLAS VAZ DE BARROS MOREIRA TRABALHO DE INFORMAÇÃO, MEMÓRIA E DOCUMENTO Trabalho apresentado às Professoras Geni Chaves e Cláudia Guerra como requisito para obtenção de nota da disciplina Informação, Memória e Documento do curso de Bacharelado em Biblioteconomia da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro 2018
  • 3. 1 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................................2 2 DESENVOLVIMENTO..........................................................................................................2 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................................3 REFERÊNCIAS .........................................................................................................................4
  • 4. 2 1 INTRODUÇÃO O presente trabalho tem por objetivo analisar a conexão existente entre a disciplina “Informação, Memória e Documento” com outra da Biblioteconomia. Para tal, foi escolhida “História do Livro e das Bibliotecas”, ministrada pela professora Ana Virginia Pinheiro. A escolha deveu-se ao fato de estas disciplinas estarem intimamente ligadas, não tanto pelo seu conteúdo, mas sim pela sua finalidade: de alertar sobre a importância de se documentar e preservar o que é “nosso”, seja levando-se em conta o sentido mais amplo da questão (de humanidade; civilização) ao mais particular (do indivíduo; o “eu”). Uma das abordagens da “História do Livro” diz que a “consulta do documento, como fonte informativa para a história da cultura, das mentalidades, da tecnologia, da economia e, por conseguinte, de todos os efeitos destas na História do Livro” (MÁRQUEZ, 2001 apud PINHEIRO, 2017) nos passa justamente a noção do que foi visto em sala na disciplina Informação, Memória e Documento: o uso do documento para passar uma informação, contar uma passagem da história, trazer à tona uma memória e etc, junto com a preservação desse patrimônio, que pode interessar a uma pessoa ou a uma nação. 2 DESENVOLVIMENTO Na Biblioteconomia, o conceito de memória está intimamente ligado à preservação e manutenção de obras que possam ser consultadas pelas gerações vindouras. Para tal, faz-se necessária a intervenção dos bibliotecários na catalogação e curadoria de vastas bibliografias, com o compromisso social de salvaguardar estes itens e deixa-los em condições de uso para todo e qualquer usuário que venha a solicita-los no futuro. Os livros, nesse contexto, são o ponto de partida para o trabalho do bibliotecário e a razão de ser do seu trabalho. Paul Otlet traz a seguinte definição para livro: Fica entendido que este termo genérico abrange os manuscritos e impressos de toda espécie que, em números que alcançam vários milhões, foram compostos ou publicados na forma de volumes, periódicos e publicações de arte, constituindo em seu conjunto a memória materializada da humanidade, na qual, dia a dia, foram registrados os fatos, as ideias, as ações, os sentimentos e os sonhos, quaisquer que sejam, que tenham impressionado o espírito humano. (2018, p.59) Pode-se dizer que “memória” e “livro” estão intimamente ligados ao papel central e social da Biblioteconomia e, nesse contexto, a Fundação Biblioteca Nacional desempenha papel primordial na preservação da História, Memória e Patrimônio no Brasil. No site da FBN
  • 5. 3 (2018), dentre as suas competências, a de nº 1 está assim redigida: “Captar, preservar e difundir os registros da memória bibliográfica e documental nacional” (grifo nosso). Logo, percebe-se que o papel da FBN vai muito além do livro: trata de “documento”, um conceito muito mais abrangente. Segundo Suzanne Briet (2016, p.1), “um documento é uma prova em apoio a um fato”, ou seja: a fotografia, o desenho ou algo que possa conter ou se transformar em informação e que tenha substancial relevância pode, sim, ser alvo da respectiva competência da FBN. Mas, enfim: quem define essa “substancial relevância”? É aí que entra Informação, Memória e Documento: disciplina que se encarrega de tecer conceitos e mostrar visões e noções sobre tempo e memória que são basilares para a Biblioteconomia e a Documentação. Sem esta noção de tempo (e temporalidade) e de conservação da memória (individual e coletiva), a catalogação, a organização do conhecimento e a preservação e manutenção desta memória se tornariam missões das mais complicadas. Portanto, pode-se dizer que a contribuição de Paul Ricoeur (aporia do tempo) foi substancial, pois ajudou a dar sequência e sentido ao “tempo”, conciliando o “tempo cósmico” com o “tempo do indivíduo”. Compreender uma época, mesmo não tendo vivido nela, é um grande avanço nesse sentido. Mas para que preservar? A Memória é preservada para o homem, para as civilizações e para a humanidade. Preservam-se memórias boas e, sim, memórias nada boas, muitas vezes para que, no futuro, este caminho seja evitado. A Alemanha é um exemplo de nação que ainda mantém de pé “monumentos” que remontam ao sombrio tempo em que o nazismo imperava no país: Auschwitz lá está para quem quiser ver. A isto, soma-se o indivíduo, com as suas experiências pessoais, que contribuem para a construção dessa memória coletiva que, no fim das contas, criam a identidade de um povo e de uma nação. Para Halbwachs (1968, p.98) “[...] a memória se enriquece com as contribuições de fora que, depois de tomarem raízes e depois de terem encontrado seu lugar, não se distinguem mais de outras lembranças”. 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS A Biblioteca, os livros, os documentos e, por conseguinte, a Memória, possuem uma função atemporal, mas diretamente ligada ao(s) indivíduo(s) e à sociedade em que está inserida. Nesse contexto, as disciplinas “História do livro e das bibliotecas” e “Informação, Memória e Documento” se complementam e indicam diretrizes a serem seguidas pelas instituições responsáveis pela preservação da Memória e Patrimônio. Percebe-se, atualmente,
  • 6. 4 um revisionismo perigoso, que pode fazer desmoronar “monumentos”, ditaduras, a Memória; que pode querer nos dizer o que tem “substancial relevância”. O tempo não para, as sociedades se modificam e até mesmo o passado pode se modificar, tendo em vista que vemos o passado que nos faz sentido hoje (modismo). Por isso, nunca devemos perder de vista o que Paul Ricoeur nos ensina: passado presente, futuro presente, presença. Biblioteconomia presente.
  • 7. 5 REFERÊNCIAS VIEIRA, B. V.G; ALVES, A.P.M. (Org). Acervos especiais: memórias e diálogos. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2015. p.33-44. Disponível em: <https://www.fclar.unesp.br/Home/Instituicao/Administracao/DivisaoTecnicaAcademica/Apo ioaoEnsino/LaboratorioEditorial/colecao-memoria-da-fcl-n9.pdf>. Acesso em: 03/12/2018. BIBLIOTECA NACIONAL (Brasil). Disponível em: < https://www.bn.gov.br/sobre- bn/competencias-atividades>. Acesso em: 03/12/2018. OTLET, Paul. Tratado de Documentação. Organização: Antonio Agenor Briquet de Lemos. Brasília: Briquet de Lemos, 2018. BRIET, Suzanne. O que é a documentação? Tradução: Maria de Nazareth Rocha Furtado. Brasília: Briquet de Lemos, 2018. Material didático disponível nos slides 2, 3 e 4 da disciplina “Informação, Memória e Documento”.