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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA
DEPARTAMENTO DE LETRAS E ARTES
PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM DESENHO
Tina Modotti, a imagem como testemunho1
Maria da Conceição Moreira Gonçalves
O texto Tina Modotti, a imagem como testemunho de Alberto Manguel2
disponível no livro Lendo Imagens: uma história de amor e ódio (p. 85-106) traz
uma discursão sobre a imagem e suas representações ao longo da história
bem como grandes reflexões sobra a vida e obra da artista Tina Modotti.
Muito embora o homem já venha buscando desde os primórdios da
humanidade se representar seja através de pinturas e/ou esculturas, só com a
fotografia ele consegue isso de uma forma mais próxima da realidade
representada, desta forma e segundo o autor para Plínio, o Velho, erudito que
escreveu diversos livros, apreender fielmente a realidade era o objetivo da arte.
Mesmo com todos os avanços tecnológicos é importante salientar como
Manguel mesmo afirma “as pinturas podem comportar um espelho fidedigno do
mundo.” (MANGUEL. 2001:90) da mesma forma entendemos que cada ser é
capaz de fazer uma leitura distinta conforme o que somos e aprendemos no
decorrer a vida.
Após dezenove séculos na cidade de Paris os irmãos Claude e Joseph
Nicéphore Niepce com o auxilio de uma câmera escura e papel sensibilizado
conseguem produzir imagens fieis a realidade e tinham suas tonalidades
invertidas, o que hoje chamamos de negativo, esse avanço seria apenas o
inicio do longo caminho que as imagens fotográficas ainda iram percorrer.
É a partir dessa descoberta que Paul Valery visualiza a possibilidade de por m
fim ao difícil problema da objetivação, “a arte está sempre lutando para ser
1 Trabalho solicitado pela professora GláuciaTrinchão como requisito avaliativo na disciplina XXXX do
curso de Pós Graduação em Desenho - UEFS
2 Escritor nascido na Argentina e hoje é cidadão canadense.Passou a infânciaem Israel,estudou na
Argentina e vive atualmente no interior da França.É ensaísta,organizador deantologias,tradutor,
editor e romancista.
independente da mera inteligência, para tornar-se uma questão de percepção
pura, para livrar se de suas responsabilidades com relação ao seu objeto ou
material’” (MANGUEL. 2001:91).
Passa então a se acreditar que a fotografia trazia a possibilidade da “percepção
pura” da realidade e qe enfim a câmera fotográfica iria de transformar no
espelho fidedigno de Plínio e é nesse contexto que Charles Baudelaire publica
uma carta na revista Le Boulevard onde declara: “Eu creio que a arte é, e só
pode ser, a reprodução exata da natureza [...]”.( BOULEVARD apud
MANGUEL. 2001:91)
Com a chegada avassaladora da fotografia o hoem como nunca visto antes
torna-se testemunha daquilo que aconteceu em determinado momento,
públicos ou privados, a paisagem de terras estrangeiras, o rosto de nossos
avós. E assim o passado torna-se contemporâneo e o presente se resume a
uma iconografia coletiva.
Com o passar do tempo a imagem passa a ser essencial na comunicação e
uma simples noticia necessita de uma foto pra apoia-la, confirmação do fato,
Acontecendo assim a democratização da realidade através da imagem
fotográfica.
Porém o autor faz ressalvas sobre essa utilização de fotografias,
Conhecemos os limites de um documento fotográfico, sabemos
que ele mostra aquilo que o fotógrafo quis enquadrar e aquilo
que determinada luz e sombra lhe permitam revelar, [...] Ao
contrário: a fidelidade que a fotografia reivindica permitiu (e
ainda permite) que ela seja manipulada sem protestos, uma
manipulação que as técnicas eletrônicas agora tornaram ainda
mais imperceptível.[...] a fotografia permite, talvez mais do que
qualquer outra arte, que a manipulação e a censura se tornem
parte integrante do seu próprio processo criativo. (MANGUEL.
2001:92).
Embora como já afirmado anteriormente a imagem seja o reflexo do real
começam por surgir as imagens deturpadas e vários estudiosos são contra
essa manipulação do real, dentre eles Edward Weston que acreditava que o
olho devia registrar mais fielmente tudo o que o mundo natural tinha oferecer e
pregava que depois que o fotógrafo tivesse “visualizado” a imagem, nada
deveria ser alterado e sua manipulação iria provocar a perda da sua
“autenticidade”.
Em 1920, Weston conhece a então atriz Tina Modotti que por algumas vezes
possou para suas fotos, no entanto fascinada pelo mundo das imagem
fotográficas, solicita que Weston lhe ensinasse como ser fotografa.
Considerada uma pessoa espetacular, Modotti se inicia nas fotografias e logo
conclui que colocou arte demais em sua vida.
Por possuir diversos amigos no Partido Comunista acaba se envolvendo com a
Ajuda Vermelha o que ocasiona um choque com suas fotografias e contata
depois de alguns meses que estava a produzir menos de uma foto por mês e
mesmo com uma produção pequena sua arte foi considerada em 1926 como
rara e de grande sensibilidade. A posição moral de Modotti tornou-se cristalina
após sua chegada ao México: acreditava no direito individual a uma vida
decente; opunha-se à injustiça.
O autor então segue fazendo uma analise de imagem da fotografia de um par
de pés apresentada no início do texto e conclui:
Quando Modotti resolveu retratar, em minúncias afetuosas, o
par de pés anciãos cansados de viver, ela estava
(conscientemente ou não) situando o seu camponês mexicano
na cadeia de uma longa tradição de sofredores e de
conquistadores presos à terra, alguns ilustres e muitos (como o
seu camponês) anônimos, todos profundamente humanos em
uma ligação com o pó da terra, ao qual, nos ensinaram, temos
de voltar. (MANGUEL. 2001:101).
Embora muitos fotógrafos documentais use imagens brutais para sensibilizar o
telespectador, Modotti faz uso da serena observação dos fatos o tornando
convincente apaixonante e eloquente, diferentemente da maioria das imagens,
suas fotos denunciam a miséria de seus pensamentos a ao mesmo tempo
abraçam a humanidade deles como comum à nossa.
Modotti foi expulsa do México, e como os Estados Unidos negaram sua
autorização para sua entrada no país, Modotti viajou para Berlim e para União
Soviética, onde trabalhou para o Partido Comunista em missões de resgates
clandestinas, logo após a queda da república espanhola regressa ao México
usando um nome falso, após três anos morre em um táxi, alguns defendem
que sua morte foi proveniente de problemas cardíacos outros acreditam se
tratar de assassinato. Vale salientar que mesmo não sendo mais afiliada do
Partido Comunista em seu ataúde foi coberta com pano vermelho onde
estavam estampados a foice e o martelo.
REFERÊNCIAS
MANGUEL, Alberto. Lendo Imagens: uma história de amor e ódio. São
Paulo. Companhia de Letras, 2001.

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Tina modotti, a imagem como testemunho

  • 1. UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA DEPARTAMENTO DE LETRAS E ARTES PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM DESENHO Tina Modotti, a imagem como testemunho1 Maria da Conceição Moreira Gonçalves O texto Tina Modotti, a imagem como testemunho de Alberto Manguel2 disponível no livro Lendo Imagens: uma história de amor e ódio (p. 85-106) traz uma discursão sobre a imagem e suas representações ao longo da história bem como grandes reflexões sobra a vida e obra da artista Tina Modotti. Muito embora o homem já venha buscando desde os primórdios da humanidade se representar seja através de pinturas e/ou esculturas, só com a fotografia ele consegue isso de uma forma mais próxima da realidade representada, desta forma e segundo o autor para Plínio, o Velho, erudito que escreveu diversos livros, apreender fielmente a realidade era o objetivo da arte. Mesmo com todos os avanços tecnológicos é importante salientar como Manguel mesmo afirma “as pinturas podem comportar um espelho fidedigno do mundo.” (MANGUEL. 2001:90) da mesma forma entendemos que cada ser é capaz de fazer uma leitura distinta conforme o que somos e aprendemos no decorrer a vida. Após dezenove séculos na cidade de Paris os irmãos Claude e Joseph Nicéphore Niepce com o auxilio de uma câmera escura e papel sensibilizado conseguem produzir imagens fieis a realidade e tinham suas tonalidades invertidas, o que hoje chamamos de negativo, esse avanço seria apenas o inicio do longo caminho que as imagens fotográficas ainda iram percorrer. É a partir dessa descoberta que Paul Valery visualiza a possibilidade de por m fim ao difícil problema da objetivação, “a arte está sempre lutando para ser 1 Trabalho solicitado pela professora GláuciaTrinchão como requisito avaliativo na disciplina XXXX do curso de Pós Graduação em Desenho - UEFS 2 Escritor nascido na Argentina e hoje é cidadão canadense.Passou a infânciaem Israel,estudou na Argentina e vive atualmente no interior da França.É ensaísta,organizador deantologias,tradutor, editor e romancista.
  • 2. independente da mera inteligência, para tornar-se uma questão de percepção pura, para livrar se de suas responsabilidades com relação ao seu objeto ou material’” (MANGUEL. 2001:91). Passa então a se acreditar que a fotografia trazia a possibilidade da “percepção pura” da realidade e qe enfim a câmera fotográfica iria de transformar no espelho fidedigno de Plínio e é nesse contexto que Charles Baudelaire publica uma carta na revista Le Boulevard onde declara: “Eu creio que a arte é, e só pode ser, a reprodução exata da natureza [...]”.( BOULEVARD apud MANGUEL. 2001:91) Com a chegada avassaladora da fotografia o hoem como nunca visto antes torna-se testemunha daquilo que aconteceu em determinado momento, públicos ou privados, a paisagem de terras estrangeiras, o rosto de nossos avós. E assim o passado torna-se contemporâneo e o presente se resume a uma iconografia coletiva. Com o passar do tempo a imagem passa a ser essencial na comunicação e uma simples noticia necessita de uma foto pra apoia-la, confirmação do fato, Acontecendo assim a democratização da realidade através da imagem fotográfica. Porém o autor faz ressalvas sobre essa utilização de fotografias, Conhecemos os limites de um documento fotográfico, sabemos que ele mostra aquilo que o fotógrafo quis enquadrar e aquilo que determinada luz e sombra lhe permitam revelar, [...] Ao contrário: a fidelidade que a fotografia reivindica permitiu (e ainda permite) que ela seja manipulada sem protestos, uma manipulação que as técnicas eletrônicas agora tornaram ainda mais imperceptível.[...] a fotografia permite, talvez mais do que qualquer outra arte, que a manipulação e a censura se tornem parte integrante do seu próprio processo criativo. (MANGUEL. 2001:92). Embora como já afirmado anteriormente a imagem seja o reflexo do real começam por surgir as imagens deturpadas e vários estudiosos são contra essa manipulação do real, dentre eles Edward Weston que acreditava que o olho devia registrar mais fielmente tudo o que o mundo natural tinha oferecer e pregava que depois que o fotógrafo tivesse “visualizado” a imagem, nada
  • 3. deveria ser alterado e sua manipulação iria provocar a perda da sua “autenticidade”. Em 1920, Weston conhece a então atriz Tina Modotti que por algumas vezes possou para suas fotos, no entanto fascinada pelo mundo das imagem fotográficas, solicita que Weston lhe ensinasse como ser fotografa. Considerada uma pessoa espetacular, Modotti se inicia nas fotografias e logo conclui que colocou arte demais em sua vida. Por possuir diversos amigos no Partido Comunista acaba se envolvendo com a Ajuda Vermelha o que ocasiona um choque com suas fotografias e contata depois de alguns meses que estava a produzir menos de uma foto por mês e mesmo com uma produção pequena sua arte foi considerada em 1926 como rara e de grande sensibilidade. A posição moral de Modotti tornou-se cristalina após sua chegada ao México: acreditava no direito individual a uma vida decente; opunha-se à injustiça. O autor então segue fazendo uma analise de imagem da fotografia de um par de pés apresentada no início do texto e conclui: Quando Modotti resolveu retratar, em minúncias afetuosas, o par de pés anciãos cansados de viver, ela estava (conscientemente ou não) situando o seu camponês mexicano na cadeia de uma longa tradição de sofredores e de conquistadores presos à terra, alguns ilustres e muitos (como o seu camponês) anônimos, todos profundamente humanos em uma ligação com o pó da terra, ao qual, nos ensinaram, temos de voltar. (MANGUEL. 2001:101). Embora muitos fotógrafos documentais use imagens brutais para sensibilizar o telespectador, Modotti faz uso da serena observação dos fatos o tornando convincente apaixonante e eloquente, diferentemente da maioria das imagens, suas fotos denunciam a miséria de seus pensamentos a ao mesmo tempo abraçam a humanidade deles como comum à nossa. Modotti foi expulsa do México, e como os Estados Unidos negaram sua autorização para sua entrada no país, Modotti viajou para Berlim e para União Soviética, onde trabalhou para o Partido Comunista em missões de resgates clandestinas, logo após a queda da república espanhola regressa ao México usando um nome falso, após três anos morre em um táxi, alguns defendem
  • 4. que sua morte foi proveniente de problemas cardíacos outros acreditam se tratar de assassinato. Vale salientar que mesmo não sendo mais afiliada do Partido Comunista em seu ataúde foi coberta com pano vermelho onde estavam estampados a foice e o martelo. REFERÊNCIAS MANGUEL, Alberto. Lendo Imagens: uma história de amor e ódio. São Paulo. Companhia de Letras, 2001.