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VI Congreso Latinoamericano de Investigación Turística
Neuquén, 25, 26 y 27 de Septiembre de 2014
1
A DINAMIZAÇÃO A PARTIR DO TURISMO:
O CASO DAS MINAS DO CAMAQUÃ, CAÇAPAVA DO SUL, RIO GRANDE DO
SUL, BRASIL.
1
Marcelo Ribeiro
2
Claudia Buzatti Souto
O turismo, entendido como um fenômeno social e econômico, caracterizado por diversos
segmentos e demandas, pode ser um elemento de desenvolvimento de municípios e regiões
que necessitem complementar suas fontes de renda ou mesmo revitalizar a economia local.
Este artigoanalisa o processo de uso de um território rural e não agrícola, localizado no
município de Caçapava do Sul, no estado do Rio Grande do Sul denominado Minas do
Camaquã, onde até o ano de 1996 havia a exploração de cobre.
A partir da escolha do local de investigação pelo conhecimento de um dos autores deste
artigo e, de revisão bibliográfica que contemplasse territórios rurais e não agrícolas que
possuíssem na atividade turística um dos seus eixos de desenvolvimento, foram levantados
trabalhos desenvolvidos em dissertações em diferentes áreas do conhecimento, como a
geografia (DEGRANDI, 2011;SILVA, 2008 e WINTER, 2008),a história (NOGUEIRA, 2012) e
no Programa de Mestrado de Extensão Rural (CABREIRA, 2008) sobre a área de estudos
do distrito de Minas do Camaquã.
2. Métodos empregados:
O método de pesquisa utilizado inicialmente foi uma ampla revisão bibliográfica a partir de
artigos, dissertações e teses sobre a área de estudos, além de conceitos de
desenvolvimento local, políticas públicas em turismo, além de espaços rurais não agrícolas.
O estudo realizado nas Minas do Camaquã busca compreender a atividade turística em um
território rural não agrícola, a partir do atual processo socioeconômico em que o turismo é
protagonista a partir de um empreendimento específico de turismo de aventura e que busca
atrair turistas deste segmento que buscam contato com o meio ambiente. Outro aspecto a
ser levado em conta na análise é a forte possibilidade do retorno de investimentos de
empresas de mineração que buscam explorar outro ponto de exploração, haja visto que o
passado daquele lugar teve uma forte influência de empresas mineradoras.
Foram utilizadas técnicas de pesquisa como entrevistas em profundidade com três
moradores locais, uma mais antiga, e dois moradores com oito e dez anos de residência no
local. As entrevistas com o proprietário da agencia turística receptiva de nome Minas
Outdoor Sports, e com um prestador de serviços à empresa que é o responsável pelo setor
de marketing da empresa, montanhista e morador do local. As entrevistas foram realizadas
com o auxilio de gravador, foram gravadas e posteriormente transcritas.
1
Professor da Universidade Federal de Santa Maria, Campus Silveira Martins;
2
Professora do Centro Universitário Franciscanode Santa Maria, Rio Grande do Sul.
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A entrevista como método para Marconi e Presotto (2005) pode ser dirigida, quando segue
um roteiro preestabelecido ou ainda não dirigida, o que ocorre de forma livre, quando é
informal e não há um roteiro a ser seguido, o pesquisador neste caso pode levar o
entrevistado a se manifestar e expor suas ideias espontaneamente.
Gil (1999), define a entrevista como uma técnica em que o investigador e o investigado se
colocam frente a frente, de modo que o primeiro faz perguntas para obter os dados de
interesse relativos a investigação. Neste trabalho, utilizamos os dois métodos de entrevistas
a dirigida e a livre, em razão das circunstâncias de entrevistarmos alguns dos moradores no
seu ambiente de trabalho, entre um atendimento e outro.
3. O Turismo, desenvolvimento local em territórios rurais, não agrícolas.
A noção de desenvolvimento foi introduzida recentemente na história da humanidade, mais
precisamente nas últimas décadas do século XIX, junto com as transformações ocasionadas
pelas Revoluções Industriais, especialmente aquelas que proporcionaram um crescimento
sem precedentes à oferta de bens para a humanidade, tanto na quantidade como na
diversidade e na complexidade (RIBEIRO DE MELO, 2010).
No caso da mineração e sua relação com o desenvolvimento, Hirshman (1977, apud
RIBEIRO DE MELO), sugere que em se tratando de uma atividade econômica incapaz de
produzir efeitos de desenvolvimento autossustentável na região onde se realiza, cabe ao
governo, por meio da sua função tributar, gerar recursos e promover investimentos para
compensar as microlocalizações receptoras dos impactos sociais e ambientais.
Sobre o desenvolvimento local como expressão do agrupamento das relações sociais e
como dimensão relevante nas abordagens sobre a problemática do desenvolvimento, tem
suas origens nos clássicos debates sobre a questão da heterogeneidade espacial do
dinamismo econômico, a partir do início do século XX.
O desenvolvimento local de acordo com Irving (2003) decorre de estudos de microeconomia
e está associado à quebra de paradigma do mundo pós-crise, vinculado a falência do
modelo desenvolvimentista dominante e das demandas naturais de um mundo complexo,
em transformação de valores e abordagens de futuro.
Segundo Carestiano (2000, apud IRVING, 2003) a construção do poder endógeno para que
uma determinada comunidade possa autogerir-se, desenvolvendo o seu potencial
socioeconômico, preservando o seu patrimônio ambiental e superando as suas limitações
na busca contínua da qualidade de vida de seus indivíduos.
Na perspectiva de Campanhola e Silva (2000), o local representa na atualidade o encontro
das relações de mercado e formas de regulação social. É, por outro lado, no entendimento
de Manzanal (2003), o espaço onde se manifestam e se dirimem os conflitos sociais
econômicos, políticos e culturais. Na opinião de Spink (2001, p.11, apud SANTOS, 2011), a
expressão que emergiu como a mais apropriada para aludir a esse espaço de ação é
“lugar”, “um horizonte de ligações, de produção de sentido e de lutas, que pode ser
submunicipal, municipal, [...]”.
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No período da exploração das jazidas nas Minas do Camaquã e da extração, pode-se
analisar a partir da obra de Nogueira (2002) que houve momentos de estabilidade, alternado
pelos períodos de mudanças dos proprietários da extração. Mas após este período, o local
deixa de ser atrativo, com decréscimo de cinco mil pessoas para duzentas e agora, em torno
de trezentas pessoas que sobrevivem nas Minas do Camaquã.
Para entendermos o turismo como um elemento dinamizador territorial, podemos refletir
sobre a forma como ocorre no território, como também entender que para chegar a processo
de amadurecimento turístico como atividade econômica, depende da dualidade entre o setor
publico e privado aliado a isso é necessário considerar ainda um forte suporte institucional
de políticas públicas de desenvolvimento local e regional que possa inserir a sociedade no
cenário econômico e social, atrair investidores, garantir a permanência do fenômeno
turístico por décadas e possibilitar complementaridades econômicas nos setores primário e
secundário.
De acordo com Oliveira (2002, apud ULTRAMARI e DUARTE, 2009) que divide o
desenvolvimento da atividade turística em três níveis: o primeiro é aquele em que exploram
os recursos naturais e culturais mais evidentes, com baixa exigência quantitativa e
qualitativa de mão de obra, infraestrutura e a mínima participação dos setores público e
privado; no segundo nível, há a consciência mais ampla dos benefícios da exploração
turística. O setor público e a iniciativa privada e a sociedade civil como um todo se
organizam para ativar e recuperar recursos naturais ou culturais, com a finalidade de
fortalecer a localidade como um destino turístico; finalmente, no terceiro nível, há o
estabelecimento de um programa amplo, de nível regional ou nacional, que busca fomentar
a atividade turística em regiões mais ou menos desenvolvidas, de modo coordenado, com
diretrizes gerais e intenções claras a longo prazo. Violier (1999) considera que o sistema de
atores do turismo receptivo é caracterizado por uma participação do Estado, baseado em
uma estrutura dual que associa a raiz de múltiplas parcerias entre atores públicos e privados
na concepção do turismo no território. O setor público deve ser atuante em fomentar,
capacitar os recursos humanos, promover o turismo no território e proteger os atrativos
naturais e culturais.
Com relação ao turismo na natureza, seja ecoturismo ou de aventuras, como é o caso das
Minas do Camaquã,segundo Barros (apud SERRANO, 2002, p.), o conceito de ecoturismo
advém da ONG norte-americana The EcotourismSociety que define como “a viagem
responsável a áreas naturais, visando preservar o meio ambiente e promover o bem estar
da população local.”
Com relação a convivência saudável entre esportes e natureza, ou turismo de aventura na
natureza, Bruhns (apud SERRANO, 2002) cita que apesar do discurso ecológico legitimar a
presença dos esportes em cachoeiras, cavernas, trilhas e montanhas, sem muito
questionamento, permeando sua prática com nuances românticas e utilizando termos como
“harmonização com a natureza”, “integração com a natureza” entre outros, presenciamos
uma situação que revela que o caráter inofensivo dos mesmos não se mostra sustentável.
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Serrano (2002) cita uma matéria publicada no jornal Folha de São Paulo em que alpinistas
no Nepal deixam rastros de lixo (50 toneladas de lixo ao ano) e que o governo nepalês está
cobrando um depósito adicional para contornar o problema. É possível perceber que existe
um confronto ético sobre o uso sem deixar maiores impactos e o uso desenfreado, com
impactos negativos a médio e longo prazo.
O turismo de aventura para Machado (2005) é o segmento do turismo que proporciona
atividades ligadas à natureza, onde se buscam as superações dos limites físicos com
segurança e responsabilidade na utilização da natureza. Embora exista o cuidado com a
manutenção do ambiente natural, esta prática tem o foco em esportes de risco controlado,
em espaços naturais como cenário para a atividade física.
No caso das Minas do Camaquã, desde 2013 existem equipamentos voltados a este público
como tirolesa, bicicletas para offroad, modalidade em trilhas e com certa dificuldade, rapel,
escalada em paredes de rocha (indoor e outdoor) e caiaques, neste caso com menor
impacto pois é praticado em uma represa.
Como afirma Machado (2005), as práticas de aventura podem ser realizadas em áreas
específicas ou localizadas em Unidades de Conservação3
, desde que respeitadas suas
características e as possibilidades de uso público, bem como depois de um processo de
adaptação à realidade do local. Inicialmente esta modalidade era associada ao turismo
ecológico, hoje compõem um segmento a parte.
4. Conformação Histórica da localidade de Minas do Camaquã.
O município de Caçapava do Sul, localizado na região Sudoeste do estado do Rio Grande
do Sul, possui como terceiro distrito a localidade conhecida como Minas do Camaquã
(BREITENBACH, NEUMANN e MOURA, 2008). Este distrito localiza-se a setenta
quilômetros (70 km) da sede municipal, sendo que vinte e cinco quilômetros (25 km) são de
estrada sem pavimentação.
De acordo com Teixeira (1992, apud NOGUEIRA, 2012) no ano de 1865, a descoberta de
rochas com tonalidade esverdeada pelo Coronel João Dias, proprietário das terras gerou a
curiosidade de que aquelas terras possuíam minérios de valor como ouro e cobre.
Teixeira, (1992, apud NOGUEIRA, 2012), afirma que a descoberta de ouro em Santo
Antonio das Lavras, próximo ao rio Camaquã, já havia desencadeado a cobiça na região.
Em contradição com a precariedade nas avaliações de minérios e na possibilidade de lucro,
as condições de isolamento eram parte das dificuldades a serem superadas pelas empresas
de mineração, dentre outros o transporte e a morosidade na aquisição do apoio
governamental.
O capital inglês, de acordo com Nogueira (2012), foi investido a partir de uma empresa
criada para tal empreendimento, a “Rio Grande Gold Mining Limited” que atuou durante de
1870 a 1887. Não era ouro e sim o cobre que estava sendo explorado. A partir deste
3
Unidade de Conservação: território demarcado e definido legalmente com a finalidade de proteger espécies de flora e de
fauna silvestres.
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período, sucessivamente vieram empresas nacionais como a família Saenger de Pelotas
(1889 a 1899), a empresa belga “Mines de Cuivre de Camaquan” que implanta novas
tecnologias e abre novas galerias (BETTENCOURT, 1992, apud NOGUEIRA, 2012), o
trabalho era manual, sendo necessária a contratação de mão de obra na região e mesmo
importar mineiros e geólogos da Europa, Ásia e do Chile.
A queda de rendimentos para a exportação do cobre em 1907 e a mineração intensiva nos
Estados Unidos e no Congo-Belga foram fatores que ajudaram a acabar com as atividades
(NOGUEIRA, 2012). Este mesmo autor cita que houve participações de capital alemão e
francês na exploração da lavra.Desde a década de 1930, época em que a exploração do
cobre esteve integrada ao processo de substituição das importações através da
industrialização, o que vai ocorrer de modo significativo a partir deste contexto. O
surgimento da Companhia Vale do Rio Doce em 1943 significa o aumento das empresas
estatais no desenvolvimento do setor siderúrgico (NOGUEIRA, 2012).
Em 1942 foi fundada a Companhia Brasileira do Cobre (CBC), através de uma parceria do
Governo Estado do Rio Grande do Sul com o empresário Francisco Matarazzo Pignatari,
filho do Francisco Matarazzo, industrial paulista. De 1956 a 1974, o controle majoritário
esteve com Pignatari. Pignatari visitava a mina e a comunidade, sendo que sua casa é
conservada até hoje no núcleo urbano.
A partir da década de 1970 a mineração entra em franco declínio, o que pode-se perceber
que é contraditório com o período de avanço na construção de infraestrutura que
modernizava o complexo mineiro. Segundo Nogueira (2012), deve-se ao fato do capital
financeiro da empresa não ter condições de manter os constantes investimentos na mina. A
mina contava com 3.878 habitantes no vilarejo em 1971, sendo 37,6% de empregados da
mina e 62,4% dos empregados.
No ano de 1974, a FIBASE, filial do BNDES4
que assume o gerenciamento e controle das
minas pelos inúmeros problemas constatados como inexistência de organização técnica e
inexperiência em relação à mina do novo pessoal técnico contratado. O Grupo Pignatari, o
proprietário da mina, desinteressa-se pelo empreendimento, concentrando trabalhos e
esforços em outros estados e outros investimentos. Em 1975 foram paralisadas as
atividades na mina (CBC. Minas do Camaquã, Ed. Comemorativa, 1992, p.32).
Em 1979, o governo do Estado, assina o contrato de financiamento entre BNDE e CBC para
o novo plano da lavra, contando com mecanização e capacidade de produção o que se
denominou de “Expansão Camaquã”, aumento das galerias e melhor na mecanização. De
acordo com Bettencourt (1992), com o projeto Expansão Camaquã a produção de
concentrado de minério de cobre passou de uma escala de 1.500 para 5.500 toneladas por
dia além da mina a céu aberto, as minas subterrâneas Uruguai e São Luiz foram exploradas
mais profundamente.
4
Banco Nacional de Desenvolvimento e Social, órgão federal criado no ano de 1952, o BNDES se destaca no apoio à
agricultura, indústria, infraestrutura e comércio e serviços, oferecendo condições especiais para micro, pequenas e médias
empresas.
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No ano de 1989,a partir de um programa
com o governo vendendo as ações a um grupo de empregados
mineiros funda a empresa denominada Bom Jardim que explorará as minas até
seu fechamento em 1996.
As Minas do Camaquã possuem peculiaridades e singularidades por sua localização e
paisagem, pela sua história extrativis
são hierarquicamente distribuídas no território
mais altos e com melhor visual, pertenciam a pessoas com os cargos mais elevados como
os engenheiros e diretores já as residências mais simples estão localizadas nas áreas mais
baixas eram as ocupadas pelos mineiros
De acordo com Michelle Perrot (2009), a organização de uma mina na França, no século
XIX, também era estruturada de forma semelhante a das Minas do Camaquã. Mas não se
precisa ir tão longe. Por exemplo, na Vila Belga, em Santa Maria, a distribuição das c
seguia a estruturas hierárquicas da empresa, sendo que os trabalhadores menos
qualificados ficavam estabelecidos fora da vila, afastados e residindo no bairro do Itararé.
Sobre este aspecto, Ströher (2000, p. 56) descreve a divisão espacial em setores
Minas do Camaquã como:
O setor mineiro que é composto por minas a céu aberto e subterrâneas e
também uma superestrutura de edifícios/galpões para
maquinaria, instrumentos e veículos necessários à
de edifícios administrativos. O segundo setor a
alojamentos e residências, organizado em vários
constituindo testemunhos de sua história. O último
prédios e espaços públicos, constituído pelo
igreja, escola, clube, ginásio, CTG,
estrutura está praticamente
que chegou a ter 5 mil
de 500 pessoas.
Foto de divulgação das Minas do Camaquã, retirado do site da Prefeitura de Caçapava do Sul, RS.
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um programa do governo federal de desestatização é executado
com o governo vendendo as ações a um grupo de empregados da mina
mineiros funda a empresa denominada Bom Jardim que explorará as minas até
As Minas do Camaquã possuem peculiaridades e singularidades por sua localização e
extrativista. Uma curiosidade sobre o local é que as residências
uídas no território do povoado, onde as melhores, nos pontos
mais altos e com melhor visual, pertenciam a pessoas com os cargos mais elevados como
já as residências mais simples estão localizadas nas áreas mais
eram as ocupadas pelos mineiros.
De acordo com Michelle Perrot (2009), a organização de uma mina na França, no século
XIX, também era estruturada de forma semelhante a das Minas do Camaquã. Mas não se
precisa ir tão longe. Por exemplo, na Vila Belga, em Santa Maria, a distribuição das c
seguia a estruturas hierárquicas da empresa, sendo que os trabalhadores menos
qualificados ficavam estabelecidos fora da vila, afastados e residindo no bairro do Itararé.
Ströher (2000, p. 56) descreve a divisão espacial em setores
O setor mineiro que é composto por minas a céu aberto e subterrâneas e
estrutura de edifícios/galpões para armazenagem de
maquinaria, instrumentos e veículos necessários à extração dos minerais, além
de edifícios administrativos. O segundo setor a ser considerado é o de
alojamentos e residências, organizado em vários níveis e dimensões,
constituindo testemunhos de sua história. O último setor é representado pelos
e espaços públicos, constituído pelo hospital, cinema, praça, hotel,
igreja, escola, clube, ginásio, CTG, supermercado e outros. Toda essa grande
estrutura está praticamente abandonada desde o fechamento da mina. Uma vila
que chegou a ter 5 mil moradores, na década de 80, hoje sobrevive com cerca
Foto de divulgação das Minas do Camaquã, retirado do site da Prefeitura de Caçapava do Sul, RS.
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desestatização é executado
da mina. Este grupo de
mineiros funda a empresa denominada Bom Jardim que explorará as minas até o ano de
As Minas do Camaquã possuem peculiaridades e singularidades por sua localização e
Uma curiosidade sobre o local é que as residências
as melhores, nos pontos
mais altos e com melhor visual, pertenciam a pessoas com os cargos mais elevados como
já as residências mais simples estão localizadas nas áreas mais
De acordo com Michelle Perrot (2009), a organização de uma mina na França, no século
XIX, também era estruturada de forma semelhante a das Minas do Camaquã. Mas não se
precisa ir tão longe. Por exemplo, na Vila Belga, em Santa Maria, a distribuição das casas
seguia a estruturas hierárquicas da empresa, sendo que os trabalhadores menos
qualificados ficavam estabelecidos fora da vila, afastados e residindo no bairro do Itararé.
Ströher (2000, p. 56) descreve a divisão espacial em setores da Vila
O setor mineiro que é composto por minas a céu aberto e subterrâneas e possui
armazenagem de
extração dos minerais, além
ser considerado é o de
níveis e dimensões,
setor é representado pelos
hospital, cinema, praça, hotel,
supermercado e outros. Toda essa grande
abandonada desde o fechamento da mina. Uma vila
moradores, na década de 80, hoje sobrevive com cerca
Foto de divulgação das Minas do Camaquã, retirado do site da Prefeitura de Caçapava do Sul, RS.
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Após o esgotamento das reservas minerais economicamente viáveis em 1996 as Minas
foram fechadas, a maior parte da população deixou o local, abandonou suas casas e o
comércio foi ficando diminuto. A CBC (Companhia Brasileira do Cobre) continua hoje como
a proprietária das instalações das minas, as casas pertencem a famílias de mineiros e nos
últimos anos segundo relatos, aumentoua compra de imóveis por pessoas de outras regiões
do estado o que ocasionou a inflação e a atração de veranistas com segunda residência no
mercado local.
Local de beleza cênica e com uma paisagem diversa, as Minas do Camaquã e a estrada de
acesso ao povoado foi cenário de filmes como Valsa para Bruno Stein (2007), este inclusive
ainda permanece a casa cenográfica próxima às formações denominadas Guaritas;
O outro filme intitulado Anahy de lãs Misiones (1997), que teve suas locações na região.
Quando foram feitas as entrevistas soube-se que uma minissérie da Rede Globo de
Televisão será filmada em locações das Minas denominada “Animal” com estreia em 2014.
5. Uma análise a partir das entrevistas:
As entrevistas realizadas nas Minas do Camaquã visaram em especial, o proprietário da
empresa Minas Outdoor Sports, uma proprietária de um mercado, a proprietária de um
pequeno bar e restaurante e um morador foram realizados em fevereiro de 2014. A ideia era
compreender o atual momento das Minas do Camaquãcom o turismo e a possibilidade de
que venha a ser explorada a mineração.
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A entrevista com o proprietário da empresa que hoje arrenda parte do entorno do povoado
de Minas do Camaquã foi gravada e posteriormente transcrita. O mesmo é também
proprietário de uma mina de extração de calcário, começa dizendo queseu sonho foi
implantar atividades de turismo de aventura naquele local, mas para tanto pede a concessão
de uso dos espaços pertencentes a Companhia Brasileira de Cobre (CBC) que incluem as
ruínas da antiga mina e o entorno ao vilarejo: a represa e os morros que circundam o local.
A empresa Minas Outdoor Sports possui uma pousada com salão para eventos de pequeno
porte com capacidade para 50 pessoas, uma loja de produtos para turismo no meio
ambiente com grife própria, criada com o propósito de disseminar a filosofia da empresa e
sua relação com o meio ambiente. A edição de uma revista em quadrinhos com
personagens baseados nas pessoas que vivem que trabalham na empresa Minas Outdoor
Sports ilustra a ideia de que a relação da empresa é de contribuir com a qualidade de vida e
com a oferta de um tipo de turismo responsável e atuante com o meio ambiente do lugar.
O turismo aparece no depoimento do proprietário como elemento de atração neste primeiro
ano de funcionamento (2013 e 2014) de acordo com sua percepção, possui dois tipos de
públicos: as escolas e Universidades que acorrem às Minas para estudos (geologia e
geografia são os cursos que mais visitam o local) do Rio Grande do Sul, como as
Universidades Federais de Santa Maria, do Rio Grande do Sul e a Universidade de São
Paulo entre outras. O outro segmento são os parentes de mineiros e antigos mineiros que
trabalharam nas Minas e que voltam ao local que nasceram, cresceram. Lembram o período
de fartura e a decadência da mineração quando foram obrigados a buscar nova vida em
outros municípios.
Além dos segmentos citados, podem ser elencados os ufólogos que se reúnem, fazem
prospecções sobre possíveis aparecimentos de extraterrestres que segundo alguns
moradores aparecem na região esporadicamente no local, o que não se comprova
oficialmente.
Conforme Breitenbach, Neumann e Moura (2008), antes do turismo de aventura, que hoje
ocupa uma parcela da população, não haviam alternativas econômicas. Estes autores em
seus estudos com viés antropológico citam as heranças do período da mineração:
aposentadorias de pessoas com pouca idade, o paternalismo em várias épocas, por parte
dos antigos “donos” do local que protegiam e garantiam as necessidade básicas como
moradia, trabalho, saúde, lazer e a educação.
No trabalho de campo realizado para este artigo em fevereiro de 2014pode-se observar a
estagnação econômica a partir das moradias abandonadas, da falta de cuidado com os
espaços de lazer como praça, clube e mesmo as ruas. O fenômeno das segundas
residências5
é uma realidade, com pessoas de municípios distantes como Porto Alegre,
Sapiranga, Pelotas e Bagé adquiriram imóveis e terrenos a preços razoáveis o que pode vir
a mudar o cenário da ocupação no centro do distrito.
5
Residências com o fim de lazer, oriundas de excesso de capital para tal fim.
VI Congreso Latinoamericano de Investigación Turística
Um aspecto da relação com a sede do município, no caso, Caçapava do Sul
nas entrevistas e mostra o ressentimento
Caçapava do Sul que historicamente pouco devolveu às Minas do Camaquã o que esta
gerou em impostos e no desenvolvimento do município
Por outro lado, a cultura paternalista não é expressa sobre a f
com o turismo de aventuras. De acordo com as
e outra de um mercado informaram que o empresário investe recursos de “
melhoramento da estrada, na melhoria de postes de luz e na instalação de equipamentos de
segurança no seu negócio, mas que os moradores podem
Prefeitura de Caçapava do Sul deveria realizar
Segundo o calculo feito pelo em
assinada e a preferência foi por pessoas do povoado. A ideia é trabalhar com trilhas,
canoagem, rapel e também é feita uma visitação a primeira galeria da nave principal da
mina para que os turistas conheçam o processo de exploração. As atividades são
divulgadas nas redes sociais e mesmo eventos relacionados a turismo de aventura foram
realizados.
A empresa Minas Outdoor Sports
relação saudável com o entorno
parcerias com os proprietários de um hotel e com outros moradores que possuem negócios.
Mas a ideia é de melhorar os serviços como, por exemplo,
momento deixa a desejar, na opinião do empresário.
Cartaz de divulgação da tirolesa, Minas do Camaquã, Caçapava do Sul.
A possibilidade de uma nova exploração de minérios nas Minas, desta vez por parte do
grupo Votorantim reacende as possibilidades de melhoria de vi
trabalho aos habitantes da Vila.
mineiros e suas famílias tinham acesso à serviços e bens ofertados pelas administrações da
VI Congreso Latinoamericano de Investigación Turística
Neuquén, 25, 26 y 27 de Septiembre de 2014
Um aspecto da relação com a sede do município, no caso, Caçapava do Sul
ressentimento por parte dos entrevistados com
Caçapava do Sul que historicamente pouco devolveu às Minas do Camaquã o que esta
gerou em impostos e no desenvolvimento do município.
cultura paternalista não é expressa sobre a figura do empresário que at
com o turismo de aventuras. De acordo com as entrevistadas, uma dona de um restaurante
formaram que o empresário investe recursos de “
melhoramento da estrada, na melhoria de postes de luz e na instalação de equipamentos de
segurança no seu negócio, mas que os moradores podem desfrutar serviços estes que a
Prefeitura de Caçapava do Sul deveria realizar.
Segundo o calculo feito pelo empresário, oito funcionários trabalham em regime de carteira
assinada e a preferência foi por pessoas do povoado. A ideia é trabalhar com trilhas,
canoagem, rapel e também é feita uma visitação a primeira galeria da nave principal da
as conheçam o processo de exploração. As atividades são
divulgadas nas redes sociais e mesmo eventos relacionados a turismo de aventura foram
Minas Outdoor Sports é uma empresa recém-criada, em 2013, e que preza a
o entorno como citado pelo empresário. Pode-se notar na proposta de
parcerias com os proprietários de um hotel e com outros moradores que possuem negócios.
é de melhorar os serviços como, por exemplo, a oferta gastronômica
a a desejar, na opinião do empresário.
Cartaz de divulgação da tirolesa, Minas do Camaquã, Caçapava do Sul.
A possibilidade de uma nova exploração de minérios nas Minas, desta vez por parte do
grupo Votorantim reacende as possibilidades de melhoria de vida e oportunidade de
abalho aos habitantes da Vila. A cultura do paternalismo histórico em razão de que os
tinham acesso à serviços e bens ofertados pelas administrações da
9
Um aspecto da relação com a sede do município, no caso, Caçapava do Sul foi detectado
com a Prefeitura de
Caçapava do Sul que historicamente pouco devolveu às Minas do Camaquã o que esta
igura do empresário que atua
entrevistadas, uma dona de um restaurante
formaram que o empresário investe recursos de “seu bolso” em
melhoramento da estrada, na melhoria de postes de luz e na instalação de equipamentos de
desfrutar serviços estes que a
presário, oito funcionários trabalham em regime de carteira
assinada e a preferência foi por pessoas do povoado. A ideia é trabalhar com trilhas,
canoagem, rapel e também é feita uma visitação a primeira galeria da nave principal da
as conheçam o processo de exploração. As atividades são
divulgadas nas redes sociais e mesmo eventos relacionados a turismo de aventura foram
, em 2013, e que preza a
se notar na proposta de
parcerias com os proprietários de um hotel e com outros moradores que possuem negócios.
a oferta gastronômica que até o
Cartaz de divulgação da tirolesa, Minas do Camaquã, Caçapava do Sul.
A possibilidade de uma nova exploração de minérios nas Minas, desta vez por parte do
da e oportunidade de
histórico em razão de que os
tinham acesso à serviços e bens ofertados pelas administrações da
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Mina, é refletida no imaginário das pessoas com a possível volta da mineração e com a
possível proteção que historicamente as empresas mineradoras proporcionaram o que de
fato existiu como relatado nas entrevistas, mas cabe a consideração de que houve casos de
mineiros que vieram a falecer por problemas de saúde e de suicídios decorrentes da
mineração relatados nas entrevistas e na obra de Nogueira (2012).
De acordo com Enríquez (2009), há casos como o município de Corumbá no Mato Grosso
do Sul em que o turismo convive com a mineração pois o tipo de turismo praticado naquele
município é contemplativo e a mineração não afeta a paisagem pantaneira por ser uma
atividade pontual.
Quando questionado a respeito sobre este novo cenário, explorado pela empresa de
mineração Votorantim que prospecta chumbo e zinco em Minas do Camaquã e pretende
explorar um novo veio mineral, o empresário aposta em que o turismo de aventura e a
proteção ambiental sejam parceiros das políticas de sustentabilidade incrustada no discurso
das grandes empresas que exploram o meio ambiente.
6. Considerações Finais:
Aperspectiva de unir o turismo nas Minas do Camaquã com uma nova exploração mineral é
uma possibilidade para um território não agrícola, rural e que historicamente foi desassistido
pelo município que o abriga: Caçapava do Sul como comprovam os trabalhos consultados e
ainda as entrevistas com moradores e o empresário que explora o turismo de aventura no
local.
Os desafios que necessitam ser superados futuramente serão conviver com a nova
exploração de minérios em uma nova perfuração, acontecerá provavelmente a céu abertoou
de forma complementar com o setor de serviços que é o turismo que se propõem a ser uma
atividade a partir da contemplação e de impactos negativos reduzidos junto anatureza.
O destino turístico Minas do Camaquã, assim como outros destinos no Brasil e no mundo,
pode conviver com o novo período da exploração das suas riquezas minerais, entretanto
parece necessário que fique claro o papel de cada um dos segmentos, turismo e mineração,
assim como o papel que a comunidade desempenha, que necessita participar e ser inserida
social e economicamente. Por outro lado, os novos donos de antigas moradias de mineiros
que hoje buscam sossego e possibilidades de investimentos em novos serviços vinculados
ao turismo de aventuras e ecológico poderão ter um papel importante na qualificação do
espaço rural não agrícola.
A forma como operam os atores econômicos da empresa de turismo de aventura é com
cuidado tanto nas relações com os moradores, como com impactos negativos que venham a
ser causados ao meio ambiente, fazendo muitas vezes o papel de órgão público em razão
de investimentos em infraestrutura como melhoria na estrada e instalação de postes de luz,
o que demonstra a incipiente colaboração da Prefeitura de Caçapava do Sul junto a aquele
distrito.
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Neuquén, 25, 26 y 27 de Septiembre de 2014
11
As entrevistas realizadas possibilitaram entender que os novos atores chegam ao cenário
das Minas do Camaquã, assim como a empresa Minas Outdoor Sports tem a proposta de
promover o equilíbrio na relação com o destino e sua comunidade e na atração de turistas,
com qualidade na oferta. Por outro lado vislumbra uma relação de parceria, respeito e
equilíbrio com a futura empreendedora na exploração dos veios de chumbo e de zinco, a
Votorantim.
Os moradores locais creem em novos tempos de bonança, como nos tempos de Baby
Pignatari, ou da CBC e também da Bom Jardim que além de gerar emprego e renda,
permitiu que os mesmos vivessem amparados na concepção de uma empresa de
empregados. A empresa gerida por trabalhadores das minas, porém com melhoria de vida e
acesso a facilidades como o asfalto nos vinte e cinco quilômetros que separam a BR 183.
Em alguns estudos sobre aquele local, a interpretação é de que houve um paternalismo
histórico gerado pelas diferentes empresas de mineração no local e a ausência do poder
municipal.
A questão que fica como reflexão é que o turismo é um complemento a outras atividades
econômicas, que não existem imediatismos na sua implantação e que os resultados
econômicos favoráveis podem aparecer. No caso das Minas do Camaquã a partir de uma
nova configuração de atores sociais e econômicos, pode vir a ser um destino diferenciado
como por exemplo sua história, sua beleza cênica e reside o desafio de colher frutos com
uma proposta socioeconômica e ambientalmente sustentável que resida no turismo e na
mineração.
Bibliografia:
BETTENCOURT, J. S. 1992. A mina de cobre do Camaquã, RS. Tese (Doutorado).
Universidade de São Paulo, São Paulo, 1992.
BREITENBACH, R.; NEUMANN, P. S. e MOURA, L.D. de. “O rural de economia não-
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tortuoso para uma relação potencialmente frutuosa. In:
http://www.egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/anexos/29860-29876-1-PB.pdf
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conciliar?Em Revista de la Red Iberoamericana de Economía Ecológica, 2009.
http://www.redibec.org/IVO/rev12
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potencialidade e a utopia.” In: D’Avila, M. I. e Pedro, R. (orgs.) Tecendo o desenvolvimento.
Rio de Janeiro: Mauad: Bapera Editores, Coleção Eicos, 2003.
VI Congreso Latinoamericano de Investigación Turística
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12
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Janeiro: SENAC Nacional, 2005.
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Editora Atlas, 2005.
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Camaquã entre 1970 e 1996. Dissertação defendida no programa de História da
Universidade Federal de Santa Maria, 2012.
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Zona Metalúrgica de Minas Gerais” em Ralfo Matos e Weber Soares (org.) Desigualdades,
redes e espacialidades emergentes no Brasil.Rio de Janeiro: Garamond Universitária, 2010.
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a partir de Canaã dos Carajás, Pará. Dissertação do Programa de Administração, UFPA,
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SERRANO, C. (org.) A Educação pelas Pedras: Ecoturismo e educação ambiental. São
Paulo: Chronos, 2000.
ULTRAMARI, C. e DUARTE, F. Desenvolvimento local e regional. Curitiba: Editora IBPEX,
2009.
WINTER, S.K. Reflexões culturais sobre o antigo prédio do Clube Minas do Camaquã,
Caçapava do Sul, Rio Grande do Sul. Dissertação de mestrado defendida no Programa de
Geografia – PPGPO, Fundação Universitária de Rio Grande, RS, Brasil, 2010.

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163 ribeiro buzatti

  • 1. VI Congreso Latinoamericano de Investigación Turística Neuquén, 25, 26 y 27 de Septiembre de 2014 1 A DINAMIZAÇÃO A PARTIR DO TURISMO: O CASO DAS MINAS DO CAMAQUÃ, CAÇAPAVA DO SUL, RIO GRANDE DO SUL, BRASIL. 1 Marcelo Ribeiro 2 Claudia Buzatti Souto O turismo, entendido como um fenômeno social e econômico, caracterizado por diversos segmentos e demandas, pode ser um elemento de desenvolvimento de municípios e regiões que necessitem complementar suas fontes de renda ou mesmo revitalizar a economia local. Este artigoanalisa o processo de uso de um território rural e não agrícola, localizado no município de Caçapava do Sul, no estado do Rio Grande do Sul denominado Minas do Camaquã, onde até o ano de 1996 havia a exploração de cobre. A partir da escolha do local de investigação pelo conhecimento de um dos autores deste artigo e, de revisão bibliográfica que contemplasse territórios rurais e não agrícolas que possuíssem na atividade turística um dos seus eixos de desenvolvimento, foram levantados trabalhos desenvolvidos em dissertações em diferentes áreas do conhecimento, como a geografia (DEGRANDI, 2011;SILVA, 2008 e WINTER, 2008),a história (NOGUEIRA, 2012) e no Programa de Mestrado de Extensão Rural (CABREIRA, 2008) sobre a área de estudos do distrito de Minas do Camaquã. 2. Métodos empregados: O método de pesquisa utilizado inicialmente foi uma ampla revisão bibliográfica a partir de artigos, dissertações e teses sobre a área de estudos, além de conceitos de desenvolvimento local, políticas públicas em turismo, além de espaços rurais não agrícolas. O estudo realizado nas Minas do Camaquã busca compreender a atividade turística em um território rural não agrícola, a partir do atual processo socioeconômico em que o turismo é protagonista a partir de um empreendimento específico de turismo de aventura e que busca atrair turistas deste segmento que buscam contato com o meio ambiente. Outro aspecto a ser levado em conta na análise é a forte possibilidade do retorno de investimentos de empresas de mineração que buscam explorar outro ponto de exploração, haja visto que o passado daquele lugar teve uma forte influência de empresas mineradoras. Foram utilizadas técnicas de pesquisa como entrevistas em profundidade com três moradores locais, uma mais antiga, e dois moradores com oito e dez anos de residência no local. As entrevistas com o proprietário da agencia turística receptiva de nome Minas Outdoor Sports, e com um prestador de serviços à empresa que é o responsável pelo setor de marketing da empresa, montanhista e morador do local. As entrevistas foram realizadas com o auxilio de gravador, foram gravadas e posteriormente transcritas. 1 Professor da Universidade Federal de Santa Maria, Campus Silveira Martins; 2 Professora do Centro Universitário Franciscanode Santa Maria, Rio Grande do Sul.
  • 2. VI Congreso Latinoamericano de Investigación Turística Neuquén, 25, 26 y 27 de Septiembre de 2014 2 A entrevista como método para Marconi e Presotto (2005) pode ser dirigida, quando segue um roteiro preestabelecido ou ainda não dirigida, o que ocorre de forma livre, quando é informal e não há um roteiro a ser seguido, o pesquisador neste caso pode levar o entrevistado a se manifestar e expor suas ideias espontaneamente. Gil (1999), define a entrevista como uma técnica em que o investigador e o investigado se colocam frente a frente, de modo que o primeiro faz perguntas para obter os dados de interesse relativos a investigação. Neste trabalho, utilizamos os dois métodos de entrevistas a dirigida e a livre, em razão das circunstâncias de entrevistarmos alguns dos moradores no seu ambiente de trabalho, entre um atendimento e outro. 3. O Turismo, desenvolvimento local em territórios rurais, não agrícolas. A noção de desenvolvimento foi introduzida recentemente na história da humanidade, mais precisamente nas últimas décadas do século XIX, junto com as transformações ocasionadas pelas Revoluções Industriais, especialmente aquelas que proporcionaram um crescimento sem precedentes à oferta de bens para a humanidade, tanto na quantidade como na diversidade e na complexidade (RIBEIRO DE MELO, 2010). No caso da mineração e sua relação com o desenvolvimento, Hirshman (1977, apud RIBEIRO DE MELO), sugere que em se tratando de uma atividade econômica incapaz de produzir efeitos de desenvolvimento autossustentável na região onde se realiza, cabe ao governo, por meio da sua função tributar, gerar recursos e promover investimentos para compensar as microlocalizações receptoras dos impactos sociais e ambientais. Sobre o desenvolvimento local como expressão do agrupamento das relações sociais e como dimensão relevante nas abordagens sobre a problemática do desenvolvimento, tem suas origens nos clássicos debates sobre a questão da heterogeneidade espacial do dinamismo econômico, a partir do início do século XX. O desenvolvimento local de acordo com Irving (2003) decorre de estudos de microeconomia e está associado à quebra de paradigma do mundo pós-crise, vinculado a falência do modelo desenvolvimentista dominante e das demandas naturais de um mundo complexo, em transformação de valores e abordagens de futuro. Segundo Carestiano (2000, apud IRVING, 2003) a construção do poder endógeno para que uma determinada comunidade possa autogerir-se, desenvolvendo o seu potencial socioeconômico, preservando o seu patrimônio ambiental e superando as suas limitações na busca contínua da qualidade de vida de seus indivíduos. Na perspectiva de Campanhola e Silva (2000), o local representa na atualidade o encontro das relações de mercado e formas de regulação social. É, por outro lado, no entendimento de Manzanal (2003), o espaço onde se manifestam e se dirimem os conflitos sociais econômicos, políticos e culturais. Na opinião de Spink (2001, p.11, apud SANTOS, 2011), a expressão que emergiu como a mais apropriada para aludir a esse espaço de ação é “lugar”, “um horizonte de ligações, de produção de sentido e de lutas, que pode ser submunicipal, municipal, [...]”.
  • 3. VI Congreso Latinoamericano de Investigación Turística Neuquén, 25, 26 y 27 de Septiembre de 2014 3 No período da exploração das jazidas nas Minas do Camaquã e da extração, pode-se analisar a partir da obra de Nogueira (2002) que houve momentos de estabilidade, alternado pelos períodos de mudanças dos proprietários da extração. Mas após este período, o local deixa de ser atrativo, com decréscimo de cinco mil pessoas para duzentas e agora, em torno de trezentas pessoas que sobrevivem nas Minas do Camaquã. Para entendermos o turismo como um elemento dinamizador territorial, podemos refletir sobre a forma como ocorre no território, como também entender que para chegar a processo de amadurecimento turístico como atividade econômica, depende da dualidade entre o setor publico e privado aliado a isso é necessário considerar ainda um forte suporte institucional de políticas públicas de desenvolvimento local e regional que possa inserir a sociedade no cenário econômico e social, atrair investidores, garantir a permanência do fenômeno turístico por décadas e possibilitar complementaridades econômicas nos setores primário e secundário. De acordo com Oliveira (2002, apud ULTRAMARI e DUARTE, 2009) que divide o desenvolvimento da atividade turística em três níveis: o primeiro é aquele em que exploram os recursos naturais e culturais mais evidentes, com baixa exigência quantitativa e qualitativa de mão de obra, infraestrutura e a mínima participação dos setores público e privado; no segundo nível, há a consciência mais ampla dos benefícios da exploração turística. O setor público e a iniciativa privada e a sociedade civil como um todo se organizam para ativar e recuperar recursos naturais ou culturais, com a finalidade de fortalecer a localidade como um destino turístico; finalmente, no terceiro nível, há o estabelecimento de um programa amplo, de nível regional ou nacional, que busca fomentar a atividade turística em regiões mais ou menos desenvolvidas, de modo coordenado, com diretrizes gerais e intenções claras a longo prazo. Violier (1999) considera que o sistema de atores do turismo receptivo é caracterizado por uma participação do Estado, baseado em uma estrutura dual que associa a raiz de múltiplas parcerias entre atores públicos e privados na concepção do turismo no território. O setor público deve ser atuante em fomentar, capacitar os recursos humanos, promover o turismo no território e proteger os atrativos naturais e culturais. Com relação ao turismo na natureza, seja ecoturismo ou de aventuras, como é o caso das Minas do Camaquã,segundo Barros (apud SERRANO, 2002, p.), o conceito de ecoturismo advém da ONG norte-americana The EcotourismSociety que define como “a viagem responsável a áreas naturais, visando preservar o meio ambiente e promover o bem estar da população local.” Com relação a convivência saudável entre esportes e natureza, ou turismo de aventura na natureza, Bruhns (apud SERRANO, 2002) cita que apesar do discurso ecológico legitimar a presença dos esportes em cachoeiras, cavernas, trilhas e montanhas, sem muito questionamento, permeando sua prática com nuances românticas e utilizando termos como “harmonização com a natureza”, “integração com a natureza” entre outros, presenciamos uma situação que revela que o caráter inofensivo dos mesmos não se mostra sustentável.
  • 4. VI Congreso Latinoamericano de Investigación Turística Neuquén, 25, 26 y 27 de Septiembre de 2014 4 Serrano (2002) cita uma matéria publicada no jornal Folha de São Paulo em que alpinistas no Nepal deixam rastros de lixo (50 toneladas de lixo ao ano) e que o governo nepalês está cobrando um depósito adicional para contornar o problema. É possível perceber que existe um confronto ético sobre o uso sem deixar maiores impactos e o uso desenfreado, com impactos negativos a médio e longo prazo. O turismo de aventura para Machado (2005) é o segmento do turismo que proporciona atividades ligadas à natureza, onde se buscam as superações dos limites físicos com segurança e responsabilidade na utilização da natureza. Embora exista o cuidado com a manutenção do ambiente natural, esta prática tem o foco em esportes de risco controlado, em espaços naturais como cenário para a atividade física. No caso das Minas do Camaquã, desde 2013 existem equipamentos voltados a este público como tirolesa, bicicletas para offroad, modalidade em trilhas e com certa dificuldade, rapel, escalada em paredes de rocha (indoor e outdoor) e caiaques, neste caso com menor impacto pois é praticado em uma represa. Como afirma Machado (2005), as práticas de aventura podem ser realizadas em áreas específicas ou localizadas em Unidades de Conservação3 , desde que respeitadas suas características e as possibilidades de uso público, bem como depois de um processo de adaptação à realidade do local. Inicialmente esta modalidade era associada ao turismo ecológico, hoje compõem um segmento a parte. 4. Conformação Histórica da localidade de Minas do Camaquã. O município de Caçapava do Sul, localizado na região Sudoeste do estado do Rio Grande do Sul, possui como terceiro distrito a localidade conhecida como Minas do Camaquã (BREITENBACH, NEUMANN e MOURA, 2008). Este distrito localiza-se a setenta quilômetros (70 km) da sede municipal, sendo que vinte e cinco quilômetros (25 km) são de estrada sem pavimentação. De acordo com Teixeira (1992, apud NOGUEIRA, 2012) no ano de 1865, a descoberta de rochas com tonalidade esverdeada pelo Coronel João Dias, proprietário das terras gerou a curiosidade de que aquelas terras possuíam minérios de valor como ouro e cobre. Teixeira, (1992, apud NOGUEIRA, 2012), afirma que a descoberta de ouro em Santo Antonio das Lavras, próximo ao rio Camaquã, já havia desencadeado a cobiça na região. Em contradição com a precariedade nas avaliações de minérios e na possibilidade de lucro, as condições de isolamento eram parte das dificuldades a serem superadas pelas empresas de mineração, dentre outros o transporte e a morosidade na aquisição do apoio governamental. O capital inglês, de acordo com Nogueira (2012), foi investido a partir de uma empresa criada para tal empreendimento, a “Rio Grande Gold Mining Limited” que atuou durante de 1870 a 1887. Não era ouro e sim o cobre que estava sendo explorado. A partir deste 3 Unidade de Conservação: território demarcado e definido legalmente com a finalidade de proteger espécies de flora e de fauna silvestres.
  • 5. VI Congreso Latinoamericano de Investigación Turística Neuquén, 25, 26 y 27 de Septiembre de 2014 5 período, sucessivamente vieram empresas nacionais como a família Saenger de Pelotas (1889 a 1899), a empresa belga “Mines de Cuivre de Camaquan” que implanta novas tecnologias e abre novas galerias (BETTENCOURT, 1992, apud NOGUEIRA, 2012), o trabalho era manual, sendo necessária a contratação de mão de obra na região e mesmo importar mineiros e geólogos da Europa, Ásia e do Chile. A queda de rendimentos para a exportação do cobre em 1907 e a mineração intensiva nos Estados Unidos e no Congo-Belga foram fatores que ajudaram a acabar com as atividades (NOGUEIRA, 2012). Este mesmo autor cita que houve participações de capital alemão e francês na exploração da lavra.Desde a década de 1930, época em que a exploração do cobre esteve integrada ao processo de substituição das importações através da industrialização, o que vai ocorrer de modo significativo a partir deste contexto. O surgimento da Companhia Vale do Rio Doce em 1943 significa o aumento das empresas estatais no desenvolvimento do setor siderúrgico (NOGUEIRA, 2012). Em 1942 foi fundada a Companhia Brasileira do Cobre (CBC), através de uma parceria do Governo Estado do Rio Grande do Sul com o empresário Francisco Matarazzo Pignatari, filho do Francisco Matarazzo, industrial paulista. De 1956 a 1974, o controle majoritário esteve com Pignatari. Pignatari visitava a mina e a comunidade, sendo que sua casa é conservada até hoje no núcleo urbano. A partir da década de 1970 a mineração entra em franco declínio, o que pode-se perceber que é contraditório com o período de avanço na construção de infraestrutura que modernizava o complexo mineiro. Segundo Nogueira (2012), deve-se ao fato do capital financeiro da empresa não ter condições de manter os constantes investimentos na mina. A mina contava com 3.878 habitantes no vilarejo em 1971, sendo 37,6% de empregados da mina e 62,4% dos empregados. No ano de 1974, a FIBASE, filial do BNDES4 que assume o gerenciamento e controle das minas pelos inúmeros problemas constatados como inexistência de organização técnica e inexperiência em relação à mina do novo pessoal técnico contratado. O Grupo Pignatari, o proprietário da mina, desinteressa-se pelo empreendimento, concentrando trabalhos e esforços em outros estados e outros investimentos. Em 1975 foram paralisadas as atividades na mina (CBC. Minas do Camaquã, Ed. Comemorativa, 1992, p.32). Em 1979, o governo do Estado, assina o contrato de financiamento entre BNDE e CBC para o novo plano da lavra, contando com mecanização e capacidade de produção o que se denominou de “Expansão Camaquã”, aumento das galerias e melhor na mecanização. De acordo com Bettencourt (1992), com o projeto Expansão Camaquã a produção de concentrado de minério de cobre passou de uma escala de 1.500 para 5.500 toneladas por dia além da mina a céu aberto, as minas subterrâneas Uruguai e São Luiz foram exploradas mais profundamente. 4 Banco Nacional de Desenvolvimento e Social, órgão federal criado no ano de 1952, o BNDES se destaca no apoio à agricultura, indústria, infraestrutura e comércio e serviços, oferecendo condições especiais para micro, pequenas e médias empresas.
  • 6. VI Congreso Latinoamericano de Investigación Turística No ano de 1989,a partir de um programa com o governo vendendo as ações a um grupo de empregados mineiros funda a empresa denominada Bom Jardim que explorará as minas até seu fechamento em 1996. As Minas do Camaquã possuem peculiaridades e singularidades por sua localização e paisagem, pela sua história extrativis são hierarquicamente distribuídas no território mais altos e com melhor visual, pertenciam a pessoas com os cargos mais elevados como os engenheiros e diretores já as residências mais simples estão localizadas nas áreas mais baixas eram as ocupadas pelos mineiros De acordo com Michelle Perrot (2009), a organização de uma mina na França, no século XIX, também era estruturada de forma semelhante a das Minas do Camaquã. Mas não se precisa ir tão longe. Por exemplo, na Vila Belga, em Santa Maria, a distribuição das c seguia a estruturas hierárquicas da empresa, sendo que os trabalhadores menos qualificados ficavam estabelecidos fora da vila, afastados e residindo no bairro do Itararé. Sobre este aspecto, Ströher (2000, p. 56) descreve a divisão espacial em setores Minas do Camaquã como: O setor mineiro que é composto por minas a céu aberto e subterrâneas e também uma superestrutura de edifícios/galpões para maquinaria, instrumentos e veículos necessários à de edifícios administrativos. O segundo setor a alojamentos e residências, organizado em vários constituindo testemunhos de sua história. O último prédios e espaços públicos, constituído pelo igreja, escola, clube, ginásio, CTG, estrutura está praticamente que chegou a ter 5 mil de 500 pessoas. Foto de divulgação das Minas do Camaquã, retirado do site da Prefeitura de Caçapava do Sul, RS. VI Congreso Latinoamericano de Investigación Turística Neuquén, 25, 26 y 27 de Septiembre de 2014 um programa do governo federal de desestatização é executado com o governo vendendo as ações a um grupo de empregados da mina mineiros funda a empresa denominada Bom Jardim que explorará as minas até As Minas do Camaquã possuem peculiaridades e singularidades por sua localização e extrativista. Uma curiosidade sobre o local é que as residências uídas no território do povoado, onde as melhores, nos pontos mais altos e com melhor visual, pertenciam a pessoas com os cargos mais elevados como já as residências mais simples estão localizadas nas áreas mais eram as ocupadas pelos mineiros. De acordo com Michelle Perrot (2009), a organização de uma mina na França, no século XIX, também era estruturada de forma semelhante a das Minas do Camaquã. Mas não se precisa ir tão longe. Por exemplo, na Vila Belga, em Santa Maria, a distribuição das c seguia a estruturas hierárquicas da empresa, sendo que os trabalhadores menos qualificados ficavam estabelecidos fora da vila, afastados e residindo no bairro do Itararé. Ströher (2000, p. 56) descreve a divisão espacial em setores O setor mineiro que é composto por minas a céu aberto e subterrâneas e estrutura de edifícios/galpões para armazenagem de maquinaria, instrumentos e veículos necessários à extração dos minerais, além de edifícios administrativos. O segundo setor a ser considerado é o de alojamentos e residências, organizado em vários níveis e dimensões, constituindo testemunhos de sua história. O último setor é representado pelos e espaços públicos, constituído pelo hospital, cinema, praça, hotel, igreja, escola, clube, ginásio, CTG, supermercado e outros. Toda essa grande estrutura está praticamente abandonada desde o fechamento da mina. Uma vila que chegou a ter 5 mil moradores, na década de 80, hoje sobrevive com cerca Foto de divulgação das Minas do Camaquã, retirado do site da Prefeitura de Caçapava do Sul, RS. 6 desestatização é executado da mina. Este grupo de mineiros funda a empresa denominada Bom Jardim que explorará as minas até o ano de As Minas do Camaquã possuem peculiaridades e singularidades por sua localização e Uma curiosidade sobre o local é que as residências as melhores, nos pontos mais altos e com melhor visual, pertenciam a pessoas com os cargos mais elevados como já as residências mais simples estão localizadas nas áreas mais De acordo com Michelle Perrot (2009), a organização de uma mina na França, no século XIX, também era estruturada de forma semelhante a das Minas do Camaquã. Mas não se precisa ir tão longe. Por exemplo, na Vila Belga, em Santa Maria, a distribuição das casas seguia a estruturas hierárquicas da empresa, sendo que os trabalhadores menos qualificados ficavam estabelecidos fora da vila, afastados e residindo no bairro do Itararé. Ströher (2000, p. 56) descreve a divisão espacial em setores da Vila O setor mineiro que é composto por minas a céu aberto e subterrâneas e possui armazenagem de extração dos minerais, além ser considerado é o de níveis e dimensões, setor é representado pelos hospital, cinema, praça, hotel, supermercado e outros. Toda essa grande abandonada desde o fechamento da mina. Uma vila moradores, na década de 80, hoje sobrevive com cerca Foto de divulgação das Minas do Camaquã, retirado do site da Prefeitura de Caçapava do Sul, RS.
  • 7. VI Congreso Latinoamericano de Investigación Turística Neuquén, 25, 26 y 27 de Septiembre de 2014 7 Após o esgotamento das reservas minerais economicamente viáveis em 1996 as Minas foram fechadas, a maior parte da população deixou o local, abandonou suas casas e o comércio foi ficando diminuto. A CBC (Companhia Brasileira do Cobre) continua hoje como a proprietária das instalações das minas, as casas pertencem a famílias de mineiros e nos últimos anos segundo relatos, aumentoua compra de imóveis por pessoas de outras regiões do estado o que ocasionou a inflação e a atração de veranistas com segunda residência no mercado local. Local de beleza cênica e com uma paisagem diversa, as Minas do Camaquã e a estrada de acesso ao povoado foi cenário de filmes como Valsa para Bruno Stein (2007), este inclusive ainda permanece a casa cenográfica próxima às formações denominadas Guaritas; O outro filme intitulado Anahy de lãs Misiones (1997), que teve suas locações na região. Quando foram feitas as entrevistas soube-se que uma minissérie da Rede Globo de Televisão será filmada em locações das Minas denominada “Animal” com estreia em 2014. 5. Uma análise a partir das entrevistas: As entrevistas realizadas nas Minas do Camaquã visaram em especial, o proprietário da empresa Minas Outdoor Sports, uma proprietária de um mercado, a proprietária de um pequeno bar e restaurante e um morador foram realizados em fevereiro de 2014. A ideia era compreender o atual momento das Minas do Camaquãcom o turismo e a possibilidade de que venha a ser explorada a mineração.
  • 8. VI Congreso Latinoamericano de Investigación Turística Neuquén, 25, 26 y 27 de Septiembre de 2014 8 A entrevista com o proprietário da empresa que hoje arrenda parte do entorno do povoado de Minas do Camaquã foi gravada e posteriormente transcrita. O mesmo é também proprietário de uma mina de extração de calcário, começa dizendo queseu sonho foi implantar atividades de turismo de aventura naquele local, mas para tanto pede a concessão de uso dos espaços pertencentes a Companhia Brasileira de Cobre (CBC) que incluem as ruínas da antiga mina e o entorno ao vilarejo: a represa e os morros que circundam o local. A empresa Minas Outdoor Sports possui uma pousada com salão para eventos de pequeno porte com capacidade para 50 pessoas, uma loja de produtos para turismo no meio ambiente com grife própria, criada com o propósito de disseminar a filosofia da empresa e sua relação com o meio ambiente. A edição de uma revista em quadrinhos com personagens baseados nas pessoas que vivem que trabalham na empresa Minas Outdoor Sports ilustra a ideia de que a relação da empresa é de contribuir com a qualidade de vida e com a oferta de um tipo de turismo responsável e atuante com o meio ambiente do lugar. O turismo aparece no depoimento do proprietário como elemento de atração neste primeiro ano de funcionamento (2013 e 2014) de acordo com sua percepção, possui dois tipos de públicos: as escolas e Universidades que acorrem às Minas para estudos (geologia e geografia são os cursos que mais visitam o local) do Rio Grande do Sul, como as Universidades Federais de Santa Maria, do Rio Grande do Sul e a Universidade de São Paulo entre outras. O outro segmento são os parentes de mineiros e antigos mineiros que trabalharam nas Minas e que voltam ao local que nasceram, cresceram. Lembram o período de fartura e a decadência da mineração quando foram obrigados a buscar nova vida em outros municípios. Além dos segmentos citados, podem ser elencados os ufólogos que se reúnem, fazem prospecções sobre possíveis aparecimentos de extraterrestres que segundo alguns moradores aparecem na região esporadicamente no local, o que não se comprova oficialmente. Conforme Breitenbach, Neumann e Moura (2008), antes do turismo de aventura, que hoje ocupa uma parcela da população, não haviam alternativas econômicas. Estes autores em seus estudos com viés antropológico citam as heranças do período da mineração: aposentadorias de pessoas com pouca idade, o paternalismo em várias épocas, por parte dos antigos “donos” do local que protegiam e garantiam as necessidade básicas como moradia, trabalho, saúde, lazer e a educação. No trabalho de campo realizado para este artigo em fevereiro de 2014pode-se observar a estagnação econômica a partir das moradias abandonadas, da falta de cuidado com os espaços de lazer como praça, clube e mesmo as ruas. O fenômeno das segundas residências5 é uma realidade, com pessoas de municípios distantes como Porto Alegre, Sapiranga, Pelotas e Bagé adquiriram imóveis e terrenos a preços razoáveis o que pode vir a mudar o cenário da ocupação no centro do distrito. 5 Residências com o fim de lazer, oriundas de excesso de capital para tal fim.
  • 9. VI Congreso Latinoamericano de Investigación Turística Um aspecto da relação com a sede do município, no caso, Caçapava do Sul nas entrevistas e mostra o ressentimento Caçapava do Sul que historicamente pouco devolveu às Minas do Camaquã o que esta gerou em impostos e no desenvolvimento do município Por outro lado, a cultura paternalista não é expressa sobre a f com o turismo de aventuras. De acordo com as e outra de um mercado informaram que o empresário investe recursos de “ melhoramento da estrada, na melhoria de postes de luz e na instalação de equipamentos de segurança no seu negócio, mas que os moradores podem Prefeitura de Caçapava do Sul deveria realizar Segundo o calculo feito pelo em assinada e a preferência foi por pessoas do povoado. A ideia é trabalhar com trilhas, canoagem, rapel e também é feita uma visitação a primeira galeria da nave principal da mina para que os turistas conheçam o processo de exploração. As atividades são divulgadas nas redes sociais e mesmo eventos relacionados a turismo de aventura foram realizados. A empresa Minas Outdoor Sports relação saudável com o entorno parcerias com os proprietários de um hotel e com outros moradores que possuem negócios. Mas a ideia é de melhorar os serviços como, por exemplo, momento deixa a desejar, na opinião do empresário. Cartaz de divulgação da tirolesa, Minas do Camaquã, Caçapava do Sul. A possibilidade de uma nova exploração de minérios nas Minas, desta vez por parte do grupo Votorantim reacende as possibilidades de melhoria de vi trabalho aos habitantes da Vila. mineiros e suas famílias tinham acesso à serviços e bens ofertados pelas administrações da VI Congreso Latinoamericano de Investigación Turística Neuquén, 25, 26 y 27 de Septiembre de 2014 Um aspecto da relação com a sede do município, no caso, Caçapava do Sul ressentimento por parte dos entrevistados com Caçapava do Sul que historicamente pouco devolveu às Minas do Camaquã o que esta gerou em impostos e no desenvolvimento do município. cultura paternalista não é expressa sobre a figura do empresário que at com o turismo de aventuras. De acordo com as entrevistadas, uma dona de um restaurante formaram que o empresário investe recursos de “ melhoramento da estrada, na melhoria de postes de luz e na instalação de equipamentos de segurança no seu negócio, mas que os moradores podem desfrutar serviços estes que a Prefeitura de Caçapava do Sul deveria realizar. Segundo o calculo feito pelo empresário, oito funcionários trabalham em regime de carteira assinada e a preferência foi por pessoas do povoado. A ideia é trabalhar com trilhas, canoagem, rapel e também é feita uma visitação a primeira galeria da nave principal da as conheçam o processo de exploração. As atividades são divulgadas nas redes sociais e mesmo eventos relacionados a turismo de aventura foram Minas Outdoor Sports é uma empresa recém-criada, em 2013, e que preza a o entorno como citado pelo empresário. Pode-se notar na proposta de parcerias com os proprietários de um hotel e com outros moradores que possuem negócios. é de melhorar os serviços como, por exemplo, a oferta gastronômica a a desejar, na opinião do empresário. Cartaz de divulgação da tirolesa, Minas do Camaquã, Caçapava do Sul. A possibilidade de uma nova exploração de minérios nas Minas, desta vez por parte do grupo Votorantim reacende as possibilidades de melhoria de vida e oportunidade de abalho aos habitantes da Vila. A cultura do paternalismo histórico em razão de que os tinham acesso à serviços e bens ofertados pelas administrações da 9 Um aspecto da relação com a sede do município, no caso, Caçapava do Sul foi detectado com a Prefeitura de Caçapava do Sul que historicamente pouco devolveu às Minas do Camaquã o que esta igura do empresário que atua entrevistadas, uma dona de um restaurante formaram que o empresário investe recursos de “seu bolso” em melhoramento da estrada, na melhoria de postes de luz e na instalação de equipamentos de desfrutar serviços estes que a presário, oito funcionários trabalham em regime de carteira assinada e a preferência foi por pessoas do povoado. A ideia é trabalhar com trilhas, canoagem, rapel e também é feita uma visitação a primeira galeria da nave principal da as conheçam o processo de exploração. As atividades são divulgadas nas redes sociais e mesmo eventos relacionados a turismo de aventura foram , em 2013, e que preza a se notar na proposta de parcerias com os proprietários de um hotel e com outros moradores que possuem negócios. a oferta gastronômica que até o Cartaz de divulgação da tirolesa, Minas do Camaquã, Caçapava do Sul. A possibilidade de uma nova exploração de minérios nas Minas, desta vez por parte do da e oportunidade de histórico em razão de que os tinham acesso à serviços e bens ofertados pelas administrações da
  • 10. VI Congreso Latinoamericano de Investigación Turística Neuquén, 25, 26 y 27 de Septiembre de 2014 10 Mina, é refletida no imaginário das pessoas com a possível volta da mineração e com a possível proteção que historicamente as empresas mineradoras proporcionaram o que de fato existiu como relatado nas entrevistas, mas cabe a consideração de que houve casos de mineiros que vieram a falecer por problemas de saúde e de suicídios decorrentes da mineração relatados nas entrevistas e na obra de Nogueira (2012). De acordo com Enríquez (2009), há casos como o município de Corumbá no Mato Grosso do Sul em que o turismo convive com a mineração pois o tipo de turismo praticado naquele município é contemplativo e a mineração não afeta a paisagem pantaneira por ser uma atividade pontual. Quando questionado a respeito sobre este novo cenário, explorado pela empresa de mineração Votorantim que prospecta chumbo e zinco em Minas do Camaquã e pretende explorar um novo veio mineral, o empresário aposta em que o turismo de aventura e a proteção ambiental sejam parceiros das políticas de sustentabilidade incrustada no discurso das grandes empresas que exploram o meio ambiente. 6. Considerações Finais: Aperspectiva de unir o turismo nas Minas do Camaquã com uma nova exploração mineral é uma possibilidade para um território não agrícola, rural e que historicamente foi desassistido pelo município que o abriga: Caçapava do Sul como comprovam os trabalhos consultados e ainda as entrevistas com moradores e o empresário que explora o turismo de aventura no local. Os desafios que necessitam ser superados futuramente serão conviver com a nova exploração de minérios em uma nova perfuração, acontecerá provavelmente a céu abertoou de forma complementar com o setor de serviços que é o turismo que se propõem a ser uma atividade a partir da contemplação e de impactos negativos reduzidos junto anatureza. O destino turístico Minas do Camaquã, assim como outros destinos no Brasil e no mundo, pode conviver com o novo período da exploração das suas riquezas minerais, entretanto parece necessário que fique claro o papel de cada um dos segmentos, turismo e mineração, assim como o papel que a comunidade desempenha, que necessita participar e ser inserida social e economicamente. Por outro lado, os novos donos de antigas moradias de mineiros que hoje buscam sossego e possibilidades de investimentos em novos serviços vinculados ao turismo de aventuras e ecológico poderão ter um papel importante na qualificação do espaço rural não agrícola. A forma como operam os atores econômicos da empresa de turismo de aventura é com cuidado tanto nas relações com os moradores, como com impactos negativos que venham a ser causados ao meio ambiente, fazendo muitas vezes o papel de órgão público em razão de investimentos em infraestrutura como melhoria na estrada e instalação de postes de luz, o que demonstra a incipiente colaboração da Prefeitura de Caçapava do Sul junto a aquele distrito.
  • 11. VI Congreso Latinoamericano de Investigación Turística Neuquén, 25, 26 y 27 de Septiembre de 2014 11 As entrevistas realizadas possibilitaram entender que os novos atores chegam ao cenário das Minas do Camaquã, assim como a empresa Minas Outdoor Sports tem a proposta de promover o equilíbrio na relação com o destino e sua comunidade e na atração de turistas, com qualidade na oferta. Por outro lado vislumbra uma relação de parceria, respeito e equilíbrio com a futura empreendedora na exploração dos veios de chumbo e de zinco, a Votorantim. Os moradores locais creem em novos tempos de bonança, como nos tempos de Baby Pignatari, ou da CBC e também da Bom Jardim que além de gerar emprego e renda, permitiu que os mesmos vivessem amparados na concepção de uma empresa de empregados. A empresa gerida por trabalhadores das minas, porém com melhoria de vida e acesso a facilidades como o asfalto nos vinte e cinco quilômetros que separam a BR 183. Em alguns estudos sobre aquele local, a interpretação é de que houve um paternalismo histórico gerado pelas diferentes empresas de mineração no local e a ausência do poder municipal. A questão que fica como reflexão é que o turismo é um complemento a outras atividades econômicas, que não existem imediatismos na sua implantação e que os resultados econômicos favoráveis podem aparecer. No caso das Minas do Camaquã a partir de uma nova configuração de atores sociais e econômicos, pode vir a ser um destino diferenciado como por exemplo sua história, sua beleza cênica e reside o desafio de colher frutos com uma proposta socioeconômica e ambientalmente sustentável que resida no turismo e na mineração. Bibliografia: BETTENCOURT, J. S. 1992. A mina de cobre do Camaquã, RS. Tese (Doutorado). Universidade de São Paulo, São Paulo, 1992. BREITENBACH, R.; NEUMANN, P. S. e MOURA, L.D. de. “O rural de economia não- agrícola: aspectos antropológicos de Minas do Camaquã. In: XLVI Congresso da Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural, Rio Branco, Acre, 2008. CAMPANHOLA, Clayton;SILVA, José G. Desenvolvimento Local e a Democratização dos Espaços Rurais. Cadernos de Ciência e Tecnologia. Brasília: 2000. v.17. p. 11- 40. COIT, J. C. L.; PUJOL, D.S. e HEREDIA, R.C. Conflictoslocacionales em territórios em crisis. Turismo y Reiduos em Cardona (Barcelona). In: Anales de Geografia de laUniversidadConplutense, nº 19, 119-140, 1999. CRISTÓVÃO, A. F. C. Ambiente e desenvolvimento de áreas rurais marginais: o caminho tortuoso para uma relação potencialmente frutuosa. In: http://www.egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/anexos/29860-29876-1-PB.pdf ENRIQUEZ,Maria Amélia R. da S.Mineração e desenvolvimento sustentável - é possível conciliar?Em Revista de la Red Iberoamericana de Economía Ecológica, 2009. http://www.redibec.org/IVO/rev12 IRVING, M. de A. “Turismo como instrumento para desenvolvimento local: entre a potencialidade e a utopia.” In: D’Avila, M. I. e Pedro, R. (orgs.) Tecendo o desenvolvimento. Rio de Janeiro: Mauad: Bapera Editores, Coleção Eicos, 2003.
  • 12. VI Congreso Latinoamericano de Investigación Turística Neuquén, 25, 26 y 27 de Septiembre de 2014 12 MACHADO, A. Ecoturismo: Um produto viável. A Experiência do Rio Grande do Sul. Rio de Janeiro: SENAC Nacional, 2005. MARCONI, M. de A. e PRESOTTO, Z. M. N. Antropologia. Uma introdução. São Paulo: Editora Atlas, 2005. NOGUEIRA, J. E. Mineiros e Engenheiros: Memória, identidade e trabalho nas Minas do Camaquã entre 1970 e 1996. Dissertação defendida no programa de História da Universidade Federal de Santa Maria, 2012. OLIVEIRA A. I. de. Histórico da mineração de cobre no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: UFRGS, 1944. PERROT, Michelle. A história da vida privada.. São Paulo, Companhia das Letras, 2009. RIBEIRO DE MELO, E. M. “Ressurgência da mineração e desigualdades socioespaciais na Zona Metalúrgica de Minas Gerais” em Ralfo Matos e Weber Soares (org.) Desigualdades, redes e espacialidades emergentes no Brasil.Rio de Janeiro: Garamond Universitária, 2010. SANTOS, D. M. V. dos. Grande mineração e desenvolvimento de comunidades: Uma leitura a partir de Canaã dos Carajás, Pará. Dissertação do Programa de Administração, UFPA, Pará, 2011. SERRANO, C. (org.) A Educação pelas Pedras: Ecoturismo e educação ambiental. São Paulo: Chronos, 2000. ULTRAMARI, C. e DUARTE, F. Desenvolvimento local e regional. Curitiba: Editora IBPEX, 2009. WINTER, S.K. Reflexões culturais sobre o antigo prédio do Clube Minas do Camaquã, Caçapava do Sul, Rio Grande do Sul. Dissertação de mestrado defendida no Programa de Geografia – PPGPO, Fundação Universitária de Rio Grande, RS, Brasil, 2010.