1. https://lizterra.wordpress.com/2009/10/08/como-analisar-e-entender-uma-imagem-uma-
leitura-semiotica/
Comoanalisare entenderumaimagem: Umaleiturasemiótica
Semiótica:
A semióticafoi criada por Charles Sanders Peirce, que formulouuma teoria geral para os
signos, definindo-os como “algo que representa alguma coisapara alguém em algum lugar”.
Uma filosofiadas significaçõesque adota a mediação como principal questão de análise, a
semiótica é a ciência que ajuda a interpretar a imagem e entender como ela transmite
mensagens. Seu estudo explicaque é o repertório visuale cultural de cada indivíduo que
permite diferentesinterpretaçõesde uma mesma imagem, além do fato de esta depender do
momento sócio cultural de uma sociedade. Por isso, são estabelecidasdiferençasentre o
significado e o sentido de uma imagem, no qual o primeiro refere-se a uma convenção
estabelecidapelo senso comum e o último a algo pessoal e intransferível.
A semióticatem por objeto de estudo qualquer sistema sígnico, portanto, pode-se analisar
semioticamente tudo o que está ao nosso redor, pois, para esta ciência, tudo é passívelde
interpretação e tem um significado.
A imagem é um signo e, por isso, representaalgo e precisa ser lida e decodificada, uma vez
que ajuda construir sentidos para aquilo que se observa. Porém, é importante ressaltar que
reconhecer um elemento de uma imagem não significa que e a estamos compreendendo e
decodificando, poiso ser humano trabalha comformas simbólicas.
O fotojornalismo moderno nasceu com Erich Salomon na Alemanha no ano de 1930. A
criação da revistaLIFE nos Estados Unidos é um acontecimento que merece destaque, uma
vezque caracterizaum momento importante que reiterouo fotojornalismo de guerra no
fotojornalismo mundial. A grande reportagempassou a tomar contadas revistase, por
consequência, o fotógrafo passoua ser valorizado como um “contador de histórias”, já que a
história passou a ser contadapor váriasimagens. Nos anos 80, surge um tipo de
fotojornalismo engajado e ideológico e nos anos 90, aparece uma épocade decadência do
fotojornalismo mundial, na qual ele deixade ser engajado e jornalístico, assumindo função
estéticapublicitária e cineatográficae a fotografiade imprensa retorna à posição de
ilustração. Nas imagens jornalísticas dos últimos anos percebe-se a estéticado espetáculo,
característicadaépocaatual. Vale ressaltar que apesar de a câmerafotográfica querer atuar
como testemunha dos fatos, ela é, na verdade, criação daquilo que imaginamos como
queremosque um fato seja representado.
Para a realização deste trabalho, selecioneia imagem de capa da
revistaSuperinteressante como objeto de leiturapara uma análise semiótica. A edição é de
maio de 2009e, apesar de trazer como imagem de capa uma montagem que causa impacto
pelo paradoxo que representa, possibilita interessante análise semiótica.
Considerações acerca da imagem escolhida:
A priori, a imagem que traz a capa da revistaé intrigante pelo fato de apresentar, em letras
imponentes, a palavra“DIETAS” inseridana figura de uma barra de chocolate.
Curiosa, aproximei-me da imagem para observá-lade perto. Só assim pude perceber que
em cada quadradinho de chocolate que compõe a barra do doce cita o nome popular de
dietas inventadas, como “dieta dos pontos”, “dieta do arroz” e “dieta da lua”, intercalados
com expressõescomo “BeverlyHills” e “South Beach”.
Ainda observando de perto a capa da revista, pude notar que a palavra“DIETAS” não é
apresentada sozinha, uma vez que vemacompanhada da frase “A farsa das”. A partir de
então, comeceicompreender o porquê da representação de dieta numa barrade chocolate.
2. “Comer de 3 em 3 horas? Passar fome depoisdas 6 da tarde? A maioria das ideias sobre
regime não faz sentido algum. Você realmente quer emagrecer? Então pergunte-nos como”
é, também, uma frase que compõe a capa da revista.
Foi somente após a completaobservação daimagem que muitas ideias surgiram em minha
cabeçaa fim de compreender seu significado. Neste momento, a partir de uma análise
semiótica, pode-se afirmar que ocorreuo uso de meu repertório visuale culturalpara a
interpretação da imagem.
“É o repertório visual e cultural de cada indivíduo que permite diferentes
interpretações de uma mesma imagem, além do fato de esta depender do
momento sócio cultural de uma sociedade”:
A barra de chocolatesopõe-se fortemente àidéia de dieta, fato que chamou minha atenção
num primeiro instante. A leitura das frases que complementam a idéia da capa da revista
permitiu melhor compreensão da intenção ali inserida.
Foi o meu repertório culturale visualque me fez analisar a imagem a partir do contexto da
sociedade em que estamos inseridos, a qual possui a característicade impor certospadrões
de beleza que devem ser adotados pelos indivíduospara que sejam aceitos no meio em que
vivem.
Essa questão gera polêmica à medida que, atualmente, o número de homens e de mulheres
insatisfeitos comsuas respectivasaparênciasé alarmante. Tais padrõessão ditados pela
sociedade capitalista atravésdos mais diversosmeios de comunicação, como revistase
televisão, osquais apresentam modelos magérrimos que induzem os indivíduos
acreditaremque só serão bem aceitosem seu meio se apresentarem figura semelhante
àquela veiculadana mídia.
A partir da capa é, também, possívelafirmar que a reportagemtem como alvo o público
feminino, já que o assunto dieta manifesta-se, principalmente, entre esse grupo, devido às
inúmeras razões já discutidas nesse texto. Estudos filosóficosafirmamque a formamagra
foi rapidamente aceita pelas mulheres pelo fato de que este formato traz no inconsciente
feminino um sentido libertador dos contornosarredondadosque simbolizavam a
maternidade e o papel reprodutor da mulher dos séculospassados.
As consequênciasdessa “ditadura” da beleza são devastadoras, uma vezque faz os
indivíduos esqueceremda natureza do conceito de beleza, além de enfrentarem regimes
torturantesque podem acarretar problemas como obsessão pela magreza, pela malhação,
pelas cirurgias plásticas, pelosprodutos de beleza, pela moda e, claro, pelas dietas. É
necessária a conscientização de que são exatamente elas, quando feitas sem
acompanhamento médico, sem orientaçõesadequadas, de formaradical e sem necessidade,
as principais causas de doençascomo bulemia, anorexia, entre outros transtornos
alimentares. Vale ressaltar que o risco de as dietas não surtirem o efeito desejado pelo
“praticante” – emagrecer com o intuito de enquadrar-se naquilo que a sociedade considera
como belo – é enorme.
Interpretação da imagem selecionada e mensagem que ela pretende
transmitir:
É nesse contexto que se insere as expressõesinscritasnos quadradinhos de chocolate:
“Beverly Hills” e “South Beach” referem-se à lugares populares por sua fama de ser
freqüentado por homens e mulheres bonitos que ilustram, exatamente, o modelo firmado
pela sociedade; já as “dietas populares” atuam, simultaneamente, como uma expressão
alarmante e irônicaacercados danos que podem trazer. “Vale a pena esquecer a modelo
perfeitade outdoor” e “não dá para virar a Fernanda Lima quando o espelho mostrou
sempre a silhueta de PretaGil”, são frasesdo texto que confirmamtal alegação.
A imagem da capa traz o chocolate mordido. Considero esse elemento como o desejo de
incentivar o leitor a negar padrões de beleza estabelecidose as dietas populares, as quais,
muitas vezes, constituemem mitos, e procuraremapoio profissional e apropriado para
emagrecer e conquistar a figura almejada. A parte do texto que diz “Você realmente quer
3. emagrecer? Então pergunte-nos como” traz implícita a idéia de que não condena os padrões
estabelecidospela sociedade, já que promove a credibilidade da revistacomo forma de
ajuda confiávelparao leitor ou leitora que almeja conquistar o peso desejado. Porém, a
partir da leitura do texto, pode-se concluir que o que a revistapretende não é, como pensei
a priori, substituir o papel de um “médico”, mas sim alertar os leitoresdos perigos das
dietas malucas e combatê-las, “detonando” os mitos que elas carregamconsigo. Asfrases
“Só vale fazer sacrifício se a questão for de saúde” e “dietas malucas são uma armadilha”,
comprovamtais afirmações.
“Na balança, o que interessa é quantas calorias o alimento tem” e “pode comer de tudo”, “é
proibido proibir” e “não precisadeixar de comer o que gosta, basta comer menos”, são
frases do texto que adicionam à minha interpretação do chocolate mordido, a intenção de
transmitir a mensagem de que é permitido comer doce, mesmo durante uma dieta, se as
caloriasingeridas neste alimento forem compensadas como não consumo de outros
alimentos muito calóricos, afim de manter um nívelde calorias diárias adequadas.
Apósa leitura da reportagem, pude constatar, também, que a matéria enfocaexplicações
científicase biológicasa respeito do funcionamento do metabolismo humano e de como o
corpo engorda e emagrece;abordagem que careceuna minha interpretação. Tambémposso
afirmar que em minha leitura da imagem faltou tratar a questão da indústria da dieta, ao
passo que meu foco voltou-se aospadrõesde beleza impostos pela sociedade capitalistae, o
da revista, apesar de também discutir esse assunto, deu maior atenção ao mercado das
dietas e à indústria alimentícia, as quais atuam na sociedade sob as formasde vendas de
livrose de empresas que utilizam esse elemento para promoverem-se. Nesse argumento,
mais uma veza revistamostrou-se disposta a detonar os mitos, alertando para que os
leitoresportem-se menos ingênuos e resistam à industria das dietas. A leitura do texto
confirma, ainda, que minha análise deixoua desejar no que diz respeito à questão da fome
como um processo psicológico que envolve, por exemplo, prazer, dificuldadesemocionais,
biológicase sociais, insegurança, entre outros.
“Nos anos 90 aparece uma época de decadência do fotojornalismo mundial,
na qual ele deixa de ser engajado e jornalístico, assumindo função estética
publicitária e cineatográfica e a fotografia de imprensa retorna à posição de
ilustração”.
Considerações finais:
Cabe nesta parte do trabalho dizer que concordo coma imagem trazida na capa desta
edição da revista, pois esta permitiu uma boa interpretação da mensagem da reportagem.
Embora minha análise tenha deixado a desejar em alguns quesitos, posso garantir que foi
por precariedade de meu repertório cultural, uma vezque lida a matéria, pude
compreender os significadosque, a priori, não percebi. Afirmo, portanto, que, se tivesse
autoridade, selecionaria, sim, esta imagem para representar a reportagem. Ressalvo apenas
para o fato de que ela não traz elementos que induzam o leitor se informar de que o texto
apresenta uma notávelabordagem científicaacercado funcionamento do corpo humano.
4. capa da Rev ista "Su perinteressante", m aio de 2 009