1. O documento apresenta um resumo de um livro sobre controle de sistemas em tempo contínuo.
2. O livro aborda tópicos como transformada de Laplace, modelagem de sistemas, análise de estabilidade e projeto de controladores.
3. O autor escreveu o livro com base em suas aulas e espera que ele sirva como um guia de estudos útil para alunos interessados no assunto.
Controle de sistemas em tempo contínuo: fundamentos e aplicações
1. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
.
Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
Alberto Luiz Serpa
2007
Esta apostila foi escrita com base nas notas de aulas utilizadas na dis-
ciplina de Controle de Sistemas Mecˆanicos que ministrei para os cursos de
gradua¸c˜ao em Engenharia de Controle e Automa¸c˜ao e Engenharia Mecˆanica
da UNICAMP nos ´ultimos anos. Este material representa um guia de estudos
e n˜ao tem o objetivo de substituir os bons livros adotados como bibliografia
da disciplina.
Com o surgimento da ferramenta de Internet para ensino aberto da UNI-
CAMP, o meu interesse em ter material did´atico digitado passou a ser maior
pela facilidade de poder disponibilizar este material aos alunos. Al´em disso,
acredito que ser´a mais f´acil atualizar e melhorar continuamente este material.
Esta vers˜ao foi atualizada em fevereiro de 2009.
Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2009 1
3. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
7 Formas padronizadas de sistemas com parˆametros concen-
trados 44
7.1 Sistema de ordem zero . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
7.2 Sistema de primeira ordem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
7.3 Sistema de segunda ordem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
8 Fun¸c˜ao de Transferˆencia 50
8.1 Resposta ao impulso e convolu¸c˜ao . . . . . . . . . . . . . . . . 52
8.2 Matriz de transferˆencia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
9 Crit´erios de Desempenho 55
9.1 Sistemas de Primeira Ordem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
9.2 Sistema de segunda ordem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
10 Estabilidade de sistemas lineares 63
10.1 Estabilidade para entrada nula . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
10.2 Estabilidade BIBO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
11 Resposta em frequˆencia 68
11.1 Rela¸c˜ao de amplitude e ˆangulo de fase . . . . . . . . . . . . . 68
11.2 Resposta em freq¨uˆencia de um sistema de primeira ordem . . . 70
11.3 Resposta em freq¨uˆencia de um sistema de segunda ordem . . . 70
11.4 Resposta em freq¨uˆencia de um integrador puro . . . . . . . . . 71
11.5 Diagramas de Bode . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
11.5.1 Diagramas de Bode para o integrador puro . . . . . . . 71
11.5.2 Diarama de Bode de sistemas de primeira ordem . . . . 72
11.5.3 Diagramas de Bode para sistemas de primeira ordem
em s´erie . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
11.5.4 Diagrama de Bode de sistemas de segunda ordem . . . 75
11.6 Banda de passagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
11.7 Algumas caracter´ısticas em freq¨uˆencia de sistemas de segunda
ordem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
11.8 Diagrama de Nyquist . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
11.8.1 Diagrama de Nyquist de sistemas de primeira ordem . 80
11.8.2 Diagrama de Nyquist para sistemas de segunda ordem 81
12 Sistemas de n´ıvel de tanques - introdu¸c˜ao `a malha fechada 84
12.1 Sistema de um tanque . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
12.2 Modelo instrumentado do sistema do tanque . . . . . . . . . . 86
12.3 Sistema de dois tanques independentes . . . . . . . . . . . . . 90
12.4 Sistema de dois tanques interligados . . . . . . . . . . . . . . . 91
Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2009 3
4. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
12.5 Inclus˜ao do controlador autom´atico . . . . . . . . . . . . . . . 93
12.6 An´alise do sistema controlado sujeito `a dist´urbios . . . . . . . 95
13 Malha fechada e malha aberta 98
14 An´alise de erro estacion´ario 99
14.1 Erro estacion´ario em realimenta¸c˜ao unit´aria . . . . . . . . . . 99
14.2 Erro estacion´ario em realimenta¸c˜ao n˜ao unit´aria . . . . . . . . 104
15 Lugar das ra´ızes 105
16 Crit´erio de estabilidade de Nyquist 110
16.1 Princ´ıpio do argumento de Cauchy . . . . . . . . . . . . . . . 111
17 An´alise de estabilidade relativa 117
17.1 Margens de ganho e de fase . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117
17.2 Margens de estabilidade no diagrama de Nyquist . . . . . . . . 123
18 Aproxima¸c˜oes para sistemas de segunda ordem 125
19 Controladores cl´assicos 126
19.1 A¸c˜ao de controle de duas posi¸c˜oes (liga ou desliga) . . . . . . . 127
19.2 A¸c˜ao de controle proporcional . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130
19.3 A¸c˜ao de controle integral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 133
19.4 A¸c˜ao de controle proporcional-integral . . . . . . . . . . . . . 133
19.5 A¸c˜ao proporcional-derivativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 136
19.6 A¸c˜ao de controle proporcional-integral-derivativo . . . . . . . . 139
19.7 Efeito f´ısico das constantes kp e kd em sistemas de segunda
ordem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 144
19.8 Controle PID - M´etodo Ziegler-Nichols . . . . . . . . . . . . . 145
19.9 Projeto PID anal´ıtico na freq¨uˆencia . . . . . . . . . . . . . . . 148
19.10Projeto PID com base no lugar das ra´ızes . . . . . . . . . . . . 152
19.11Controlador em avan¸co . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 157
19.12Compensa¸c˜ao em atraso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 166
19.13Projeto avan¸co-atraso anal´ıtico na freq¨uˆencia . . . . . . . . . . 174
19.14Projeto avan¸co-atraso com base no lugar das ra´ızes . . . . . . 179
20 Modelo de estados 183
20.1 Representa¸c˜ao no espa¸co de estados de equa¸c˜oes diferenciais
sem derivadas na excita¸c˜ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 185
20.2 Representa¸c˜ao de sistemas com derivadas na excita¸c˜ao . . . . 187
20.3 Representa¸c˜oes canˆonicas no espa¸co de estados . . . . . . . . . 189
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5. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
20.3.1 Forma canˆonica control´avel . . . . . . . . . . . . . . . 189
20.3.2 Forma canˆonica observ´avel . . . . . . . . . . . . . . . . 189
20.4 Autovalores da matriz An×n . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 191
20.5 Rela¸c˜ao entre fun¸c˜oes de transferˆencia e modelo de estado . . 191
20.6 Solu¸c˜ao das equa¸c˜oes de estado - sistemas invariantes no tempo193
20.6.1 Solu¸c˜ao da equa¸c˜ao homogˆenea . . . . . . . . . . . . . 193
20.7 Matriz de transi¸c˜ao de estados . . . . . . . . . . . . . . . . . . 194
20.8 Solu¸c˜ao das equa¸c˜oes de estado n˜ao homogˆeneas . . . . . . . . 195
21 Realimenta¸c˜ao de estados 197
21.1 Caso de regulador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 198
21.2 F´ormula de Ackermann . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 199
21.3 Caso de rastreador - entrada degrau . . . . . . . . . . . . . . . 205
22 Realimenta¸c˜ao da sa´ıda e observadores de estado 216
22.1 Malha fechada com observador - regulador . . . . . . . . . . . 218
22.2 Aloca¸c˜ao de p´olos do observador . . . . . . . . . . . . . . . . . 220
22.3 Fun¸c˜ao de transferˆencia equivalente para regulador . . . . . . 220
22.4 Malha fechada com observador - rastreador . . . . . . . . . . . 221
23 Bibliografia 231
A Vari´aveis-fun¸c˜oes complexas 232
B Equa¸c˜oes diferenciais 234
B.1 Solu¸c˜ao da equa¸c˜ao homogˆenea . . . . . . . . . . . . . . . . . 234
B.2 Determina¸c˜ao da solu¸c˜ao homogˆenea da equa¸c˜ao diferencial . . 235
B.3 Solu¸c˜ao particular da equa¸c˜ao diferencial . . . . . . . . . . . . 236
B.4 Solu¸c˜ao completa da equa¸c˜ao diferencial . . . . . . . . . . . . 237
C Exerc´ıcios - em prepara¸c˜ao 238
C.1 Exerc´ıcios relacionados `a se¸c˜ao 1 . . . . . . . . . . . . . . . . 238
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6. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
1 Introdu¸c˜ao
Apresentam-se a seguir algumas defini¸c˜oes b´asicas.
Um sistema associa uma fun¸c˜ao de entrada x(t) a uma fun¸c˜ao de sa´ıda
y(t). Se o sistema recebe uma a¸c˜ao, apresentar´a uma resposta associada,
conforme ilustrado na Figura 1.
x(t) y(t)
Sistema
(Excita¸c˜ao-Entrada) (Resposta-Sa´ıda)
Figura 1: Representa¸c˜ao de um sistema na forma de diagrama de blocos.
Um modelo caracteriza uma representa¸c˜ao dos aspectos essenciais de um
sistema de forma utiliz´avel.
Controlar significa atuar sobre um dado sistema de modo a atingir resul-
tados de acordo com um objetivo previamente estabelecido. Usualmente o
sistema a ser controlado ´e chamado de planta, ou ainda, de processo.
O controlador, ou tamb´em chamado de compensador, ´e um sub-sistema
que tem a fun¸c˜ao de controlar a planta.
Em um sistema em malha aberta a sa´ıda do sistema n˜ao tem efeito na
a¸c˜ao do controle, ou seja, n˜ao existe medi¸c˜ao da sa´ıda nem realimenta¸c˜ao,
Figura 2. O desempenho de um sistema de malha aberta depende de uma
boa calibra¸c˜ao.
Entrada
Controlador
Atua¸c˜ao Sa´ıda
Planta
Figura 2: Sistema em malha aberta.
Um exemplo de sistema em malha aberta ´e o disparo de um proj´etil
(problema de bal´ıstica convencional). Ap´os o tiro, o resultado esperado n˜ao
poder´a ser corrigido.
Em um sistema em malha fechada o sinal de sa´ıda possui um efeito direto
na a¸c˜ao de controle (sistemas de controle realimentados), Figura 3. A malha
fechada implica no uso de realimenta¸c˜ao com o objetivo de reduzir o erro do
sistema.
Os elementos b´asicos de um sistema de controle em malha fechada s˜ao: a
planta, o controlador, o atuador e o elemento de medida (sensor).
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7. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
Entrada Erro Atua¸c˜ao
−
Controlador
Sa´ıda
Planta
Elemento de medida
Figura 3: Sistema em malha fechada.
Alguns exemplos de sistemas em malha fechada s˜ao:
• Ato de dirigir um carro. A pista representa o objetivo a ser seguido, o
carro representa a planta, a sa´ıda ´e a posi¸c˜ao do carro, o elemento de
medida ´e a vis˜ao do motorista, a a¸c˜ao de controle ´e feita de acordo com
a habilidade do motorista em fun¸c˜ao do erro entre a posi¸c˜ao do carro
e a posi¸c˜ao determinada pela pista, e a atua¸c˜ao ´e feita pelos bra¸cos do
motorista sobre a planta atrav´es do volante do carro.
• Sucessivos disparos de proj´eteis. A cada tiro, o resultado pode ser veri-
ficado pelo atirador e uma compensa¸c˜ao pode ser feita para o pr´oximo
tiro visando acertar o alvo. Neste caso, nota-se o uso da resposta para
fins de reduzir o erro do sistema, caracterizando a realimenta¸c˜ao.
• Sistema de ar-condicionado ou refrigerador. A temperatura especifi-
cada ´e verificada pelo sensor do equipamento, que liga ou desliga con-
forme o erro encontrado, buscando manter a temperatura constante
conforme a especifica¸c˜ao desejada.
Verifica-se que a realimenta¸c˜ao negativa ´e caracterizada pela determina¸c˜ao
do erro entre a entrada desejada e a sa´ıda do sistema. A atua¸c˜ao ´e feita com
base nesta diferen¸ca.
A realimenta¸c˜ao positiva ´e indesej´avel nos sistemas de controle pois adi-
ciona “energia” ao sistema levando `a instabilidade.
Um regulador tem como objetivo manter a sa´ıda do sistema em um valor
constante. Por exemplo, um sistema de refrigera¸c˜ao que mant´em constante
a temperatura de um ambiente.
Um rastreador tem como objetivo seguir uma entrada vari´avel. Por exem-
plo, um sistema robotizado que segue uma certa trajet´oria em um processo
de soldagem.
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8. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
2 Entradas Padronizadas
As entradas padronizadas s˜ao utilizadas na an´alise de desempenho dos sis-
temas. Em geral, a entrada real ´e desconhecida e s˜ao definidos alguns
parˆametros para avaliar o desempenho dos sistemas de forma objetiva e ho-
mogˆenea.
As entradas padronizadas constituem uma boa maneira de prever o de-
sempenho do sistema e permitem realizar compara¸c˜oes de sistemas.
As principais entradas padronizadas s˜ao apresentadas a seguir.
2.1 Degrau Unit´ario
A entrada degrau unit´ario, usualmente denotada por u(t), ´e definida como
u(t) =
1 se t > 0
0 se t ≤ 0
,
e est´a representada graficamente na Figura 4.
1
t
u(t)
Figura 4: Degrau unit´ario.
Um degrau unit´ario com transla¸c˜ao ´e dado por:
u(t − T) =
1 se t > T,
0 se t ≤ T,
e est´a representado na Figura 5.
2.2 Rampa unit´aria
A rampa unit´aria, usualmente denotada por r(t), ´e definida como:
r(t) = tu(t) =
t se t > 0,
0 se t ≤ 0,
e est´a ilustrada na Figura 6.
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9. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
tT
u(t − T)
Figura 5: Degrau unit´ario com transla¸c˜ao.
t
r(t)
45o
Figura 6: Rampa unit´aria.
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10. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
2.3 Par´abola unit´aria
A par´abola unit´aria ´e definida como:
x(t) =
1
2
t2
u(t) =
1
2
t2
se t > 0,
0 se t ≤ 0,
e est´a ilustrada na Figura 7.
t
x(t)
Figura 7: Par´abola unit´aria.
2.4 Fun¸c˜ao Senoidal
A fun¸c˜ao senoidal de amplitude A, freq¨uˆencia w e ˆangulo de fase ϕ, ´e dada
por:
x(t) = Asen(wt + ϕ).
2.5 Fun¸c˜ao impulso unit´ario (Delta de Dirac)
O impulso unit´ario δ(t) ´e definido como:
δ(t) = 0 para t = 0, e
+∞
−∞
δ(t)dt = 1,
ou seja, possui dura¸c˜ao nula, amplitude infinita e ´area unit´aria, e sua repre-
senta¸c˜ao gr´afica usual ´e a da Figura 8.
2.6 Fun¸c˜ao porta ou pulso unit´ario (Gate)
O pulso unit´ario ´e definido como a diferen¸ca entre um degrau unit´ario e outro
degrau unit´ario transladado, ou seja,
g(t) = u(t) − u(t − T),
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11. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
t
δ(t)
Figura 8: Impulso unit´ario.
cujo resultado ´e mostrado na Figura 9.
t
g(t)
T
1
Figura 9: Pulso unit´ario.
2.7 Fun¸c˜ao s´erie de potˆencias
A s´erie de potˆencias ´e definida como:
x(t) =
a0 + a1t + a2t2
+ ... se t > 0,
0 se t ≤ 0.
3 Transformada de Laplace
A transformada de Laplace ´e um m´etodo para resolver equa¸c˜oes diferenciais
lineares no qual as opera¸c˜oes como diferencia¸c˜ao e integra¸c˜ao s˜ao substitu´ıdas
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12. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
por opera¸c˜oes alg´ebricas no plano complexo. A componente transit´oria e a
de regime permanente podem ser obtidas simultaneamente. Al´em disso, a
transformada de Laplace ´e fundamental para a an´alise de sistemas via fun¸c˜oes
de transferˆencia.
A transformada de Laplace de uma fun¸c˜ao f(t) ´e definida por
F(s) = L [f(t)] =
∞
0
f(t)e−st
dt, com s = σ + jw.
A transformada inversa de Laplace ´e dada por
f(t) = L−1
F(s) =
1
2πj
σ+j∞
σ−j∞
F(s)est
ds, t > 0.
A integral de Laplace existir´a/convergir´a se σ0 ´e escolhido de forma que
lim
t→∞
e−σ0t
f(t) = 0, (1)
onde σ0 ´e chamado de abscissa de convergˆencia.
Para a maioria das fun¸c˜oes ´e poss´ıvel adotar um valor de σ0 positivo
e suficientemente grande tal que a equa¸c˜ao (1) ´e satisfeita. Isso sempre
ser´a verdadeiro para exponenciais positivas ou para fun¸c˜oes que crescem a
uma taxa menor que uma exponencial. Existem fun¸c˜oes onde isso n˜ao ser´a
satisfeito para nenhum valor de σ0, por exemplo, et2
, que por sorte aparecem
raramente nos problemas de engenharia.
Exemplo: Calcular L[f(t)] para f(t) = e−at
, a = b + jc.
F(s) = L e−at
=
∞
0
e−at
e−st
dt =
=
∞
0
e−(s+a)t
dt =
−1
s + a
e−(s+a)t
∞
0
=
−1
s + a
[0 − 1] =
1
s + a
.
A abscissa de convergˆencia ´e determinada por
lim
t→∞
e−σ0t
e−at
= lim
t→∞
e−(σ0+b+jc)t
= lim
t→∞
e−(σ0+b)t
e−jct
,
e para que este limite convirja a zero, ent˜ao σ0 + b > 0, ou σ0 > −b.
Exemplo: Calcular L[f(t)] para f(t) = cos(wt).
´E poss´ıvel escrever que
cos(wt) =
1
2
ejwt
+ e−jwt
.
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13. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
Logo,
L[f(t)] =
1
2
L[ejwt
] + L[e−jwt
] =
1
2
1
s − jw
+
1
s + jw
=
s
s2 + w2
.
lim
t→∞
e−σ0t 1
2
e−jwt
+ e−jwt
= 0, se σ0 > 0.
Exemplo: Calcular L[u(t)] para o degrau unit´ario u(t).
u(t) =
0 se t ≤ 0,
1 = e0t
se t > 0.
Logo,
U(s) = L[u(t)] =
1
s + 0
=
1
s
, σ0 > 0.
Exemplo: Calcular L[δ(t)] para o impulso unit´ario δ(t).
Seja a fun¸c˜ao f(t) mostrada na Figura 10 e definida por
f(t) =
0 se t < 0,
1
t0
se 0 ≤ t ≤ t0,
0 se t0 < t.
f(t)
t
1
t0
t0
Figura 10: Representa¸c˜ao do impulso unit´ario, t0 → 0.
O impulso unit´ario pode ser representado como:
δ(t) = lim
t0→0
f(t).
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14. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
Assim,
L[δ(t)] = L lim
t0→0
f(t) =
∞
0
lim
t0→0
f(t)e−st
dt =
= lim
t0→0
∞
0
f(t)e−st
dt = lim
t0→0
t0
0
1
t0
e−st
dt =
= lim
t0→0
1
t0
−1
s
e−st
t0
0
= lim
t0→0
1 − e−st0
st0
.
Aplicando a regra de L’Hopital tem-se que
lim
t0→0
1 − e−st0
st0
= lim
t0→0
s e−st0
s
= 1.
Portanto,
L[δ(t)] = 1.
3.1 Propriedades da Transformada de Laplace
3.1.1 Linearidade
A transformada de Laplace ´e um operador linear, ou seja,
L[α1f1 + α2f2] = α1L(f1) + α2L(f2).
Prova:
L[α1f1 + α2f2] =
∞
0
(α1f1 + α2f2)e−st
dt =
∞
0
α1f1e−st
dt +
∞
0
α2f2e−st
dt = α1L[f1] + α2L[f2].
3.1.2 Diferencia¸c˜ao real
Se
L[f(t)] = F(s),
ent˜ao,
L
df
dt
= sF(s) − f(0).
Prova:
L
df
dt
=
∞
0
df
dt
e−st
dt =
∞
0
e−st
df.
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15. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
Integrando por partes, udv = uv − vdu, com u = e−st
, dv = df,
du = −se−st
dt e v = f(t), tem-se,
∞
0
udv = e−st
f(t)|∞
0 −
∞
0
f(t)(−s)e−st
dt =
= e−st
f(t)|∞
0 +
∞
0
f(t)s e−st
dt = 0 − f(0) + sF(s).
Portanto,
L
df
dt
= sF(s) − f(0).
Generalizando, tem-se:
L
dn
f(t)
dtn
= sn
F(s) −
n−1
i=0
sn−i−1 di
f
dti
t=0
.
Prova:
Seja g = df
dt
. Logo,
L
dg
dt
= sG(s) − g(0) = sL[g(t)] − g(0) =
= sL
df
dt
− g(0) = s(sF(s) − f(0)) −
df
dt t=0
=
= s2
F(s) − sf(0) −
df
dt t=0
.
Seja h = dg
dt
. Logo,
L
dh
dt
= sH(s) − h(0) = sL[h(t)] − h(0) =
= sL
dg
dt
− h(0) = s(sG(s) − g(0)) − h(0) =
= s2
G(s) − sg(0) − h(0) = s2
L[g(t)] − sg(0) − h(0) =
= s2
L
df
dt
− s
df
dt t=0
−
d2
f
dt2
t=0
=
= s2
(sF(s) − f(0)) − s
df
dt t=0
−
d2
f
dt2
t=0
=
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16. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
= s3
F(s) − s2
f(0) − s
df
dt t=0
−
d2
f
dt2
t=0
.
Pode-se continuar assim por diante para derivadas de ordem n.
Se todas as condi¸c˜oes iniciais s˜ao nulas tem-se que:
L
dn
f(t)
dtn
= sn
F(s).
Note que derivar no tempo corresponde a multiplicar por s no dom´ınio
de Laplace quando as condi¸c˜oes iniciais s˜ao nulas.
3.1.3 Integra¸c˜ao real
Se L[f(t)] = F(s), ent˜ao,
L f(t)dt =
1
s
F(s) +
1
s
f(t)dt
t=0
Quando todas as condi¸c˜oes iniciais s˜ao nulas tem-se que:
L f(t)dt =
F(s)
s
.
Prova:
L f(t)dt =
∞
0
f(t)dt
u
e−st
dt
dv
Definindo-se u = f(t)dt e dv = e−st
dt tem-se que v = e−st
−s
, o que permite
fazer uma integra¸c˜ao por partes ( udv = uv − vdu). Logo,
∞
0
f(t)dt e−st
dt =
e−st
−s
f(t)dt
∞
0
−
∞
0
e−st
−s
f(t)dt =
=
1
s
f(t)dt
t=0
+
1
s
∞
0
f(t)e−st
dt =
=
1
s
F(s) +
1
s
f(t)dt
t=0
= L f(t)dt .
Note que integrar no tempo corresponde a dividir por s no dom´ınio de
Laplace quando as condi¸c˜oes iniciais s˜ao nulas.
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17. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
3.1.4 Teorema do valor final
Se L[f(t)] = F(s) e existirem
L
df
dt
, lim
t→∞
f(t) e lim
s→0
sF(s),
ent˜ao,
lim
t→∞
f(t) = lim
s→0
sF(s).
Prova:
L
df
dt
= sF(s) − f(0) ⇒ L
df
dt
+ f(0) = sF(s),
lim
s→0
sF(s) = lim
s→0
L
df
dt
+ f(0) = lim
s→0
L
df
dt
+ f(0) =
= lim
s→0
∞
0
df
dt
e−st
dt + f(0) =
∞
0
lim
s→0
e−st
df + f(0) =
∞
0
df + f(0) = f(∞) − f(0) + f(0) = f(∞) = lim
t→∞
f(t).
3.1.5 Teorema do valor inicial
Se L[f(t)] = F(s) e existirem
L
df
dt
e lim
s→∞
sF(s),
ent˜ao,
lim
t→0+
f(t) = lim
s→∞
sF(s).
Prova:
lim
s→∞
sF(s) = lim
s→∞
L
df
dt
+ f(0) = lim
s→∞
L
df
dt
+ f(0) =
= lim
s→∞
∞
0
df
dt
e−st
dt + f(0) =
∞
0
lim
s→∞
e−st
df + f(0) = f(0) = lim
t→0+
f(t).
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18. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
f(t) f(t − T)u(t − T)
tT
Figura 11: Representa¸c˜ao da transla¸c˜ao de f(t).
3.1.6 Transla¸c˜ao real
Seja F(s) = L[f(t)], ent˜ao,
L[f(t − T)u(t − T)] = e−sT
F(s).
Prova:
L [f(t − T)u(t − T)] =
∞
0
f(t − T)u(t − T)e−st
dt =
=
∞
T
f(t − T)u(t − T)e−st
dt =
∞
0
f(τ)u(τ)e−s(τ+T)
dτ =
= e−sT
∞
0
f(τ)u(τ)e−sτ
dτ = e−sT
F(s),
onde τ = t − T e dτ = dt.
t
T
τ
Figura 12: Representa¸c˜ao dos eixos t e τ.
3.1.7 Fun¸c˜oes peri´odicas
Para f(t) uma fun¸c˜ao peri´odica de per´ıodo T tem-se que
L[f(t)] =
1
1 − e−sT
F1(s),
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19. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
onde F1(s) = L[f1(t)] e f1(t) ´e o primeiro per´ıodo de f(t).
Prova:
f(t) = f1(t)u(t) + f1(t − T)u(t − T) + f1(t − 2T)u(t − 2T) + . . . ,
F(s) = L[f(t)] = L[f1(t)u(t)]+L[f1(t−T)u(t−T)]+L[f1(t−2T)u(t−2T)]+. . .
Mas
L[f1(t)u(t)] = F1(s),
L[f1(t − T)u(t − T)] = e−sT
F1(s),
L[f1(t − 2T)u(t − 2T)] = e−s2T
F1(s),
e conseq¨uentemente,
F(s) = F1(s) + e−sT
F1(s) + e−2sT
F1(s) + . . . = (1 + e−sT
+ e−2sT
+ . . .)F1(s).
Como T > 0 tem-se que e−sT
= 1
esT < 1. A seq¨uˆencia 1, 1
esT , 1
e2sT , ..., ´e
uma PG de raz˜ao 1
esT , cuja soma ´e 1
1−e−sT . Logo,
F(s) =
1
1 − e−sT
F1(s).
Verifica-se que o fato de s ser complexo n˜ao altera o resultado da PG, ou
seja,
1
esT
=
1
e(a+jb)T
=
1
eaT ejbT
,
onde eaT
> 1 e ejbT
´e peri´odico e limitado.
3.1.8 Diferencia¸c˜ao Complexa
Se L[f(t)] = F(s) ent˜ao
−
dF(s)
ds
= L[tf(t)].
Prova:
−
dF(s)
ds
= −
d
ds
∞
0
f(t)e−st
dt = −
∞
0
d
ds
f(t)e−st
dt =
= −
∞
0
f(t) −te−st
dt =
∞
0
tf(t)e−st
dt = L[tf(t)].
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20. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
3.1.9 Integra¸c˜ao Complexa
Se L[f(t)] = F(s), e existe ∞
s F(s)ds, ent˜ao,
L
f(t)
t
=
∞
s
F(s)ds.
Prova:
∞
s
F(s)ds =
∞
s
∞
0
f(t)e−st
dtds =
∞
0
f(t)
∞
s
e−st
ds dt =
=
∞
0
f(t)
−e−st
t
∞
s
dt =
∞
0
f(t)
t
e−st
dt = L
f(t)
t
.
3.1.10 Transla¸c˜ao Complexa
Se L[f(t)] = F(s), ent˜ao,
F(s + a) = L[e−at
f(t)].
Prova:
L[e−at
f(t)] =
∞
0
e−at
f(t)e−st
dt =
=
∞
0
f(t)e−(a+s)t
dt =
∞
0
f(t)e−¯st
dt = F(¯s) = F(s + a).
3.1.11 Convolu¸c˜ao Real
Define-se a convolu¸c˜ao entre f(t) e g(t) como
h(t) = f(t) ∗ g(t) =
t
0
f(τ)g(t − τ)dτ.
Se L[f(t)] = F(s) e L[g(t)] = G(s), ent˜ao,
L[f(t) ∗ g(t)] = F(s)G(s).
Prova:
t
0
f(τ)g(t − τ)dτ =
∞
0
f(τ)g(t − τ)u(t − τ)dτ,
pois
u(t − τ) = u(−(τ − t)) =
1 se −(τ − t) > 0 ou τ < t,
0 se −(τ − t) ≤ 0 ou τ ≥ t.
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21. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
t τ
Figura 13: Representa¸c˜ao de u(t − τ).
Seja H(s) = L[h(t)]. Logo, escreve-se:
H(s) = L[h(t)] =
∞
0
∞
0
f(τ)g(t − τ)u(t − τ)dτ e−st
dt =
=
∞
0
f(τ)
∞
0
g(t − τ)u(t − τ)e−st
dt dτ =
=
∞
0
f(τ) e−sτ
G(s) dτ = G(s)
∞
0
f(τ)e−sτ
dτ = G(s)F(s).
No caso de sistemas antecipativos e entradas para t < 0, deve-se estender
os limites de integra¸c˜ao, ou seja, h(t) = f(t) ∗ g(t) = ∞
−∞ f(τ)g(t − τ)dτ.
Contudo, esta situa¸c˜ao n˜ao ´e coberta neste material.
Exemplo: Calcular a transformada de Laplace da fun¸c˜ao dente de serra,
como ilustrada na Figura 14.
O primeiro per´ıdo desta fun¸c˜ao pode ser constru´ıdo atrav´es da soma de
trˆes termos conforme mostrado na Figura 14, ou ainda,
f1(t) =
A
T
[tu(t) − (t − T)u(t − T) − Tu(t − T)] .
Aplicando a transformada de Laplace a cada um destes termos tem-se:
L[tu(t)] = L u(t)dt =
1
s
U(s) + 0 =
1
s
1
s
=
1
s2
,
L[(t − T)u(t − T)] = e−sT 1
s2
,
L[Tu(t − T)] = Te−sT 1
s
.
Portanto, a transformada de Laplace do primeiro per´ıodo da fun¸c˜ao ´e:
F1(s) =
A
T
1
s2
−
e−sT
s2
−
Te−sT
s
.
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22. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
t
ttt
T
TTT
A
A A
f1(t)
f1(t)
−−
A
T
tu(t) A
T
(t − T)u(t − T) Au(t − T)
Figura 14: Dente de serra.
Aplicando a propriedade de fun¸c˜oes peri´odicas tem-se para o dente de
serra:
F(s) =
1
1 − e−sT
F1(s) =
A
Ts2
1 − (1 − Ts)e−sT
1 − e−sT
.
3.2 Transformada inversa de Laplace - m´etodo da ex-
pans˜ao em fra¸c˜oes parciais
Este m´etodo aplica-se quando X(s) ´e uma fun¸c˜ao racional (quociente de dois
polinˆomios em s), ou seja,
X(s) =
Q(s)
P(s)
,
onde Q(s) possui ordem m e P(s) possui ordem n, com m < n.
As principais etapas do m´etodo s˜ao:
1. Desenvolver Q(s)
P (s)
em fra¸c˜oes parciais na forma
X(s) =
Q(s)
P(s)
=
c1
r1(s)
+
c2
r2(s)
+ . . . +
cn
rn(s)
,
onde ri(s) s˜ao polinˆomios de grau 1 ou 2. Deve-se encontrar as ra´ızes
de P(s) (polinˆomio na forma fatorada).
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23. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
2. Calcular as constantes ci, i = 1, . . ., n.
3. Obter a transformada inversa de cada fra¸c˜ao parcial, que s˜ao fun¸c˜oes
mais simples.
Exemplo: Caso de ra´ızes simples. Seja
X(s) =
a + bs
(s − µ1)(s − µ2)
; µ1 = µ2.
Pode-se escrever X(s) da seguinte forma:
X(s) =
a + bs
(s − µ1)(s − µ2)
=
c1
s − µ1
+
c2
s − µ2
onde c1 e c2 s˜ao constantes que devem ser determinadas.
Multiplicando-se por s − µ1 tem-se:
(s − µ1)X(s) =
a + bs
s − µ2
= c1 + (s − µ1)
c2
s − µ2
.
Fazendo s = µ1, pois s pode assumir qualquer valor, tem-se
(s − µ1)X(s)|s=µ1
= c1 =
a + bµ1
µ1 − µ2
.
De forma an´aloga
c2 = (s − µ2)X(s)|s=µ2
=
a + bµ2
µ2 − µ1
.
Logo,
X(s) =
a + bµ1
µ1 − µ2
1
s − µ1
+
a + bµ2
µ2 − µ1
1
s − µ2
.
A anti-transformada de cada fra¸c˜ao parcial pode ser calculada, ou seja,
f(t) = L−1
[X(s)] =
a + bµ1
µ1 − µ2
eµ1t
+
a + bµ2
µ2 − µ1
eµ2t
.
Portanto, para n ra´ızes simples tem-se que:
ci = (s − µi)X(s)|s=µi
, i = 1, 2, . . ., n.
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24. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
Exemplo: Ra´ızes M´ultiplas. Seja
X(s) =
a + bs
(s − µ1)2(s − µ2)
,
com µ1 de multiplicidade 2.
A expans˜ao em fra¸c˜oes parciais torna-se
X(s) =
a + bs
(s − µ1)2(s − µ2)
=
c1
(s − µ1)2
+
c2
(s − µ1)
+
c3
(s − µ2)
. (2)
Multiplicando por (s − µ1)2
obt´em-se
(s − µ1)2
X(s) =
a + bs
s − µ2
= c1 + (s − µ1)c2 +
(s − µ1)2
s − µ2
c3, (3)
e fazendo s = µ1, tem-se que
c1 =
a + bµ1
µ1 − µ2
.
Derivando a equa¸c˜ao (3) com rela¸c˜ao a s e fazendo s = µ1 obt´em-se c2,
ou seja,
c2 =
d
ds
(s − µ1)2
X(s)
s=µ1
=
d
ds
a + bs
s − µ2 s=µ1
=
−µ2b − a
(µ1 − µ2)2
.
Portanto, para q ra´ızes reais e iguais, s = µi, tem-se
cp =
1
(p − 1)!
dp−1
dsp−1
[(s − µi)q
X(s)]
s=µi
, p = 1, . . . , q.
Multiplicando a equa¸c˜ao (2) por s − µ2 e fazendo s = µ2 tem-se
a + bs
(s − µ1)2
s=µ2
= c3 ⇒ c3 =
a + bµ2
(µ2 − µ1)2
.
A anti-transformada de cada fra¸c˜ao parcial pode ser calculada como
L−1 1
(s − µi)q
=
1
(q − 1)!
tq−1
eµit
.
Exemplo: Determinar a transformada de Laplace de uma equa¸c˜ao de se-
gunda ordem
¨y + 2ξwn ˙y + w2
ny(t) = γw2
nf(t),
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25. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
com as seguintes condi¸c˜oes iniciais y(0) = y0 e ˙y(0) = v0.
Pode-se escrever
L[y(t)] = Y (s), L[ ˙y(t)] = sY (s) − y0 e L[¨y(t)] = s2
Y (s) − sy0 − v0.
Consequentemente
(s2
+ 2ξwns + w2
n)Y (s) − (s + 2ξwn)y0 − v0 = γw2
nF(s),
ou ainda
Y (s) =
1
s2 + 2ξwns + w2
n
γw2
nF(s) + v0 + (s + 2ξwn)y0 ,
onde cada termo desta equa¸c˜ao pode ser analizado de forma independente
devido ao sistema ser linear.
Com condi¸c˜oes iniciais nulas, y0 = 0 e v0 = 0, tem-se
Y (s) =
γw2
n
s2 + 2ξwns + w2
n
F(s) = G(s)F(s),
onde
G(s) =
γw2
n
s2 + 2ξwns + w2
n
´e a fun¸c˜ao de transferˆencia que relaciona a entrada `a sa´ıda do sistema e que
pressup˜oe condi¸c˜oes iniciais nulas, ou seja,
Y (s) = G(s)F(s).
Exemplo: Seja um sistema de primeira ordem descrito por
a1
dy
dt
+ a0y = b0x ⇒ τ
dy
dt
+ y = γx(t).
onde
τ =
a1
a0
e γ =
b0
a0
com a condi¸c˜ao inicial y(0) = 0.
Aplicando a transformada de Laplace, tem-se que
L τ
dy
dt
+ y = L[γx(t)] ⇒ τsY (s) + Y (s) = γX(s)
onde L[y(t)] = Y (s) e L[x(t)] = X(s).
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26. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
´E poss´ıvel escrever que
Y (s) =
γ
τs + 1
X(s),
com a seguinte fun¸c˜ao de transferˆencia:
G(s) =
γ
τs + 1
.
Considere os casos das entradas apresentadas a seguir.
1. Seja x(t) = u(t) uma entrada do tipo de degrau unit´ario. Logo tem-se
que
X(s) = L[u(t)] =
1
s
e a transformada de Laplace da equa¸c˜ao do sistema de primeira ordem
torna-se
Y (s) =
γ
τs + 1
1
s
.
Deseja-se determinar a resposta temporal y(t) atrav´es da expans˜ao em
fra¸c˜oes parciais, ou seja,
Y (s) =
γ
τ
s + 1
τ
1
s
=
c1
s + 1
τ
+
c2
s
. (4)
Multiplicando (4) por s + 1
τ
tem-se
γ
τs
= c1 + (s +
1
τ
)
c2
s
,
e fazendo s = −1
τ
, pois a equa¸c˜ao deve ser v´alida para qualquer s,
tem-se
γ
τ(−1
τ
)
= c1 + 0 ⇒ c1 = −γ.
Multiplicando (4) por s e calculando-se para s = 0 tem-se,
γ
τ
s + 1
τ
=
c1
s + 1
τ
s + c2 ⇒ c2 = γ.
Logo,
Y (s) =
γ
s
−
γ
s + 1
τ
.
Fazendo a anti-transformada de Laplace tem-se:
L−1
γ
1
s
−
1
s + 1
τ
= γ(1 − e− 1
τ
t
) = y(t), t ≥ 0.
Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2009 26
27. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
2. Seja x(t) = δ(t) um impulso unit´ario. A transformada de Laplace do
impulso unit´ario ´e
X(s) = L[δ(t)] = 1.
e a transformada de Laplace da equa¸c˜ao do sistema de primeira ordem
torna-se
Y (s) = G(s) =
γ
τ
s + 1
τ
.
A resposta ao impulso pode ser encontrada atrav´es da transformada
inversa, ou seja,
y(t) = L−1
γ
τ
s + 1
τ
=
γ
τ
e− t
τ , t ≥ 0,
cuja representa¸c˜ao gr´afica est´a na Figura 15.
t
y(t)γ
τ
Figura 15: Resposta ao impulso de um sistema de primeira ordem.
3. Seja x(t) = tu(t) uma rampa unit´aria. A transformada de Laplace da
rampa unit´aria ´e
X(s) = L[tu(t)] =
1
s2
,
e a transformada da equa¸c˜ao da resposta do sistema de primeira ordem
torna-se
Y (s) =
γ
τ
s + 1
τ
1
s2
=
c1
s2
+
c2
s
+
c3
s + 1
τ
. (5)
As constantes da expans˜ao em fra¸c˜oes parciais podem ent˜ao ser calcu-
ladas. Multiplicando (5) por s + 1
τ
e fazendo s = −1
τ
tem-se
c3 =
γ
τ
s2
s=− 1
τ
=
γ
τ
−
τ
1
2
= γτ.
Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2009 27
28. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
Multiplicando (5) por s2
tem-se
γ
τ
s + 1
τ
= c1 + sc2 + s2 c3
s + 1
τ
, (6)
e fazendo s = 0, tem-se
c1 =
γ
τ
s + 1
τ s=0
= γ.
Derivando (6) com rela¸c˜ao a s obt´em-se
−γ
τ
(s + 1
τ
)2
= c2 +
d
ds
s2 c3
s + 1
τ
,
e fazendo s = 0 obt´em-se
c2 =
−γ
τ
(1
τ
)2
= −γτ.
Logo, a transformada de Laplace na forma de fra¸c˜oes parciais ´e
Y (s) =
γτ
s + 1
τ
+
γ
s2
−
γτ
s
,
cuja anti-transformada ser´a dada por
y(t) = L−1
[Y (s)] ⇒ y(t) = γ τe− t
τ + t − τ , t ≥ 0.
A resposta temporal ´e ilustrada na Figura 16.
τ t
y(t)
γ
resposta
entrada
Figura 16: Resposta `a rampa unit´aria de sistema de primeira ordem.
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29. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
4. Seja uma entrada senoidal na forma x(t) = senwt. A transformada de
Laplace de x(t) ´e
X(s) = L[senwt] =
w
s2 + w2
,
e a transformada da equa¸c˜ao da resposta do sistema de primeira ordem
torna-se
Y (s) =
γ
τ
s + 1
τ
w
s2 + w2
.
Como s2
+ w2
= (s + jw)(s − jw) ´e poss´ıvel escrever que
γ
τ
s + 1
τ
w
s2 + w2
=
c1
s + 1
τ
+
c2
s + jw
+
c3
s − jw
. (7)
As constantes das fra¸c˜oes parciais podem ser calculadas, ou seja,
c1 =
γ
τ
w
s2 + w2
s=− 1
τ
=
γ
τ
w
(−1
τ
)2 + w2
=
γwτ
1 + w2τ2
,
c2 =
γ
τ
s + 1
τ
w
s − jw s=−jw
=
γ w
τ
(−jw + 1
τ
)(−2jw)
,
c3 =
γ w
τ
(s + 1
τ
)(s + jw) s=jw
=
γ w
τ
(jw + 1
τ
)(2jw)
.
A transformada de Laplace na forma de fra¸c˜oes parciais torna-se:
Y (s) = γ wτ
1+w2τ2
1
s+ 1
τ
+
+
w
τ
(−jw+ 1
τ
)(−2jw)
1
s+jw
+
w
τ
(jw+ 1
τ
)(2jw)
1
(s−jw)
.
A anti-transformada de Laplace pode ser agora determinada,
y(t) = L−1
[Y (s)].
Para cada um dos termos tem-se:
L−1
γ
wτ
1 + w2τ2
1
s + 1
τ
= γ
wτ
1 + w2τ2
e− t
τ ,
L−1
γ
w
τ
(−jw + 1
τ
)(−2jw)
1
s + jw
= γ
w
τ
(−jw + 1
τ
)(−2jw)
e−jwt
,
Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2009 29
30. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
L−1
γ
w
τ
(jw + 1
τ
)(2jw)
1
s − jw
= γ
w
τ
(jw + 1
τ
)(2jw)
ejwt
.
As f´ormulas de Euler, ejt
= cost + jsent e e−jt
= cost − jsent, podem
ser empregadas de forma que
y(t) = γ wτ
1+w2τ2 e− t
τ +
+
w
τ
(−jw+ 1
τ
)(−2jw)
(coswt − jsenwt)+
+
w
τ
(jw+ 1
τ
)(2jw)
(coswt + jsenwt) ,
ou ainda,
y(t) = γ
wτ
1 + w2τ2
e− t
τ − coswt +
1
τw
senwt , t ≥ 0.
4 Diagrama de blocos
´E poss´ıvel representar sistemas atrav´es de diagramas de blocos. Os s´ımbolos
b´asicos s˜ao o integrador, o somador e o multiplicador e est˜ao mostrados na
Figura 17.
x(t)x(t)
y(0)
y(t)y(t)y(t)
k
x1(t)
x2(t)
xn(t)
Integrador
Somador
Multiplicador
Figura 17: Simbologia para diagramas de blocos.
O integrador executa a seguinte opera¸c˜ao:
y(t) =
t
0
x(τ)dτ + y(0).
O somador executa:
y(t) = x1(t) + x2(t) + . . . + xn(t).
O multiplicador executa:
y(t) = kx(t).
Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2009 30
31. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
4.1 Montagem direta de diagramas de blocos
As equa¸c˜oes diferencias que representam sistemas lineares usuais podem ser
representadas com o uso dos diagramas de blocos.
Exemplo: Considere a equa¸c˜ao diferencial
d3
y
dt3
+ 8
d2
y
dt2
+ 37
dy
dt
+ 50y = u(t).
Esta equa¸c˜ao pode ser reescrita na forma
d3
y
dt3
= −8
d2
y
dt2
− 37
dy
dt
− 50y + u(t), (8)
que permite a montagem direta do diagrama de blocos da Figura 18.
u(t) y(t)
−50
−37
−8
˙y¨yd3y
dt3
Figura 18: Diagrama de blocos correspondente `a equa¸c˜ao (8).
Exemplo: Seja uma outra equa¸c˜ao diferencial que se deseja representar
na forma de diagrama de blocos:
d3
y
dt3
+ 8
d2
y
dt2
+ 37
dy
dt
+ 50y = 3
du
dt
+ 5u(t). (9)
Esta equa¸c˜ao pode ser escrita no dom´ınio de Laplace como
(s3
+ 8s2
+ 37s + 50)
D(s)
Y = (3s + 5)
N(s)
U,
ou tamb´em,
D(s)X = U, X =
Y
N(s)
.
Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2009 31
32. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
O diagrama de blocos de D(s)X = U j´a foi constru´ıdo anteriormente,
bastando substituir y por x na Figura 18.
Como Y = N(s)X, ou seja,
Y = (3s + 5)X ⇒ y(t) = 3
dx
dt
+ 5x,
e os valores de x est˜ao dispon´ıveis no diagrama de blocos, ´e poss´ıvel incluir
os termos relacionados a N(s) conforme na Figura 19.
u(t) y(t)
−50
−37
−8
3
5
x(t)˙x¨xd3x
dt3
Figura 19: Diagrama de blocos correspondente `a equa¸c˜ao (9).
4.2 Montagem em s´erie de digramas de blocos
Uma fun¸c˜ao G(s) representativa de um sistema pode ser fatorada na forma
G(s) = G1(s)G2(s) . . .Gm(s).
Neste caso, o sistema pode ser visto com uma s´erie de subsistemas. Para
evitar a necessidade de um “diferenciador”, os subsistemas devem ser esco-
lhidos adequadamente, de forma que o grau do numerador n˜ao exceda o grau
do denominador em cada subsistema.
Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2009 32
33. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
Exemplo: Seja o sistema
G(s) =
3s + 5
s3 + 8s2 + 37s + 50
=
1
s + 2
G1(s)
3s + 5
s2 + 6s + 25
G2(s)
,
que permite a constru¸c˜ao do diagrama de blocos da Figura 20, onde os sub-
sistemas G1(s) e G2(s) foram colocados em s´erie.
u(t) y(t)
−2 −6
−25
5
3
Figura 20: Diagrama de blocos de dois sistemas concatenados em s´erie.
4.3 Montagem em paralelo de diagramas de blocos
Neste caso a fun¸c˜ao G(s) do sistema ´e expandida em fra¸c˜oes parciais na forma
G(s) = G1(s) + G2(s) + . . . + Gm(s),
onde Gi(s) representa usualmente sistemas de primeira ordem ou sistemas
de segunda ordem.
Exemplo: Seja
G(s) =
3s + 5
s3 + 8s2 + 37s + 50
=
−1
17
s + 2
G1(s)
+
s
17
+ 55
17
s2 + 6s + 25
G2(s)
,
cujo diagrama de blocos na forma paralela est´a representado agora na Figura
21. Nota-se que
Y = G(s)U = (G1(s) + G2(s)) U = G1(s)U + G2(s)U.
Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2009 33
34. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
u(t)
y(t)
−2
−6
−25
55
17
1
17
−1
17
Figura 21: Diagrama de blocos com subsistemas em paralelo.
5 Modelagem de alguns sistemas lineares
5.1 Sistemas massa-mola-amortecedor de um grau de
liberdade
A Figura 22 apresenta um sistema massa-mola-amortecedor de um grau de
liberdade para o qual ´e aplicada uma for¸ca u(t) e considerada como resposta
o deslocamento y(t). Os parˆametros do sistema s˜ao: massa m, rigidez da
mola k e constante de amortecimento viscoso c.
Aplicando a segunda Lei de Newton, obt´em-se a equa¸c˜ao diferencial do
movimento, ou seja,
u − ky − c ˙y = m¨y ⇒ m¨y + c ˙y + ky = u(t).
Dividindo-se pela massa m e levando para o dom´ınio de Laplace, a equa¸c˜ao
torna-se
s2
+
c
m
s +
k
m
Y =
1
m
U.
Portanto, o polinˆomio caracter´ıstico ´e
s2
+
c
m
s +
k
m
= 0,
Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2009 34
35. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
k c
m
uu
ky c ˙y
y, ˙y, ¨y
Figura 22: Sistema massa-mola-amortecedor e diagrama de corpo livre.
que possui duas ra´ızes, que podem ser reais simples, reais duplas ou um par
complexo conjugado.
A equa¸c˜ao diferencial do sistema pode ser escrita como
¨y =
1
m
u −
c
m
˙y −
k
m
y,
que permite a constru¸c˜ao direta do diagrama de blocos da Figura 23.
y1
m
u
k
m
c
m
¨y ˙y
− −
Figura 23: Diagrama de blocos do sistema massa-mola-amortecedor de um
grau de liberdade.
5.2 Sistema mecˆanico torcional de um grau de liber-
dade
O sistema torcional de um grau de liberdade da Figura 24 ´e formado por
uma in´ercia J, uma mola torcional de rigidez k e um amortecimento viscoso
Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2009 35
36. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
c. O torque aplicado ´e m(t) e o deslocamento angular θ(t).
k
c
J
θ
θ
m(t)m(t)
c ˙θ kθ
Figura 24: Sistema torcional de um grau de liberdade.
A equa¸c˜ao diferencial que descreve o movimento do sistema pode ser
obtida pela aplica¸c˜ao da Lei de Newton, ou seja,
m(t) − kθ − c ˙θ = J ¨θ ⇒ J ¨θ + c ˙θ + kθ = m(t).
No dom´ınio de Laplace escreve-se que
s2
+
c
J
s +
k
J
Θ =
1
J
M,
cuja equa¸c˜ao caracter´ıstica ´e
s2
+
c
J
s +
k
J
= 0.
O diagrama de blocos correspondente a este sistema ´e apresentado na
Figura 25.
5.3 Circuito RC
Seja um circuito RC (resistor R e capacitor C em s´erie) ilustrado na Figura
26, tendo como entrada uma tens˜ao v(t) e como sa´ıda a tens˜ao no capacitor
vC(t).
Os comportamentos do resistor e do capacitor s˜ao descritos por:
vR = RiR, iC = C
dvC
dt
,
Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2009 36
37. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
θ1
J
m
k
J
c
J
¨θ ˙θ
− −
Figura 25: Diagrama de blocos do sistema torcional de um grau de liberdade.
v(t)
vC(t)
++
−
−
i(t)
R
C
∼
Figura 26: Circuito RC.
Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2009 37
38. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
ou ainda no dom´ınio de Laplace:
VR = RIR, IC = CsVC.
Neste caso iR = iC pois os componentes est˜ao em s´erie.
Aplicando a lei das malhas de Kirchhoff, obt´em-se a equa¸c˜ao
v = vR + vC ⇒ V = RCsVC + VC,
ou ainda,
s +
1
RC
VC =
1
RC
V.
Pode-se representar este sistema na forma de uma fun¸c˜ao de transferˆencia
como:
VC = G(s)V =
1
RC
s + 1
RC
V.
Verifica-se que este sistema ´e de primeira ordem e que
˙vC =
1
RC
v −
1
RC
vC,
o que permite a constru¸c˜ao direta do diagrama de blocos da Figura 27.
vCv ˙vC
−
1
RC
1
RC
Figura 27: Diagrama de blocos do circuito RC.
5.4 Circuito RLC
Seja um circuito formado por um resistor R, um indutor L e um capacitor
C em s´erie com uma tens˜ao v(t) de entrada e tendo como sa´ıda a tens˜ao no
capacitor vC(t), conforme esquematizado na Figura 28.
As leis que governam os componentes do circuito s˜ao:
vR = RiR, iC = C
dvC
dt
, vL = L
diL
dt
.
Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2009 38
39. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
v(t)
vC(t)
+
+
−
−
i(t)
R
C
∼
L
Figura 28: Circuito RLC.
ou no dom´ınio de Laplace:
VR = RIR, IC = CsVC VL = LsIL.
Como os componentes est˜ao em s´erie, todos apresentam a mesma cor-
rente, ou seja, iR = iL = iC = i.
Deseja-se escrever a rela¸c˜ao entre a entrada v(t) e a sa´ıda vC(t). Con-
seq¨uentemente,
VR = RI = RCsVC,
VL = LsI = Ls(CsVC) = LCs2
VC.
Aplicando-se a lei de malhas escreve-se
v = vR + vL + vC,
e substituindo as tens˜oes calculadas para cada componente tem-se
V = RCsVC + LCs2
VC + VC,
s2
+
R
L
s +
1
LC
VC =
1
LC
V.
A fun¸c˜ao de transferˆencia neste caso ´e
G(s) =
1
LC
s2 + R
L
s + 1
LC
.
A equa¸c˜ao diferencial correspondente ao sistema VC(t) = G(s)V (t) pode
ser escrita como
¨vC =
1
LC
v −
R
L
˙vC −
1
LC
vC
que permite diretamente a representa¸c˜ao na forma de diagrama de blocos da
Figura 29.
Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2009 39
40. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
vC1
LC
v
1
LC
R
L
¨vC ˙vC
− −
Figura 29: Diagrama de blocos para um circuito RLC.
5.5 Sistema massa-mola-amortecedor com 2 graus de
liberdade
Seja o sistema massa-mola-amoretecedor de dois graus de liberdade repre-
sentado na Figura 30.
Aplicando a lei de Newton escreve-se para cada massa:
k2(y2 − y1) + c2( ˙y2 − ˙y1) − k1y1 − c1 ˙y1 + u1(t) = m1 ¨y1,
−k2(y2 − y1) − c2( ˙y2 − ˙y1) + u2(t) = m2 ¨y2.
Estas equa¸c˜oes podem ser escritas na forma matricial como:
m1 0
0 m2
M
¨y1
¨y2
¨y
+
(c1 + c2) −c2
−c2 c2
C
˙y1
˙y2
˙y
+
+
(k1 + k2) −k2
−k2 k2
K
y1
y2
y
=
u1(t)
u2(t)
u
,
ou tamb´em
M¨y + C ˙y + Ky = u(t),
onde M ´e a matriz de massa, C ´e a matriz de amortecimento, K ´e a matriz de
rigidez, y ´e vetor deslocamento, ˙y ´e o vetor velocidade, ¨y ´e o vetor acelera¸c˜ao
e u(t) ´e o vetor de excita¸c˜ao (for¸cas externas aplicadas).
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41. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
k1
k2
c1
c2
m1
m1
m2
m2
y1
y2
u1(t)
u1(t)
u2(t)
u2(t)
k1y1 c1 ˙y1
k2(y2 − y1) c2( ˙y2 − ˙y1)
y2 > y1
Figura 30: Sistema massa-mola-amortecedor de dois graus de liberdade e
diagramas de corpo livre.
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42. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
6 Lineariza¸c˜ao
Muitos problemas possuem termos n˜ao lineares e que dificultam a an´alise.
Uma forma de simplificar estes problemas ´e empregar uma lineariza¸c˜ao, que
embora seja uma aproxima¸c˜ao, normalmente permite a an´alise do problema.
O aspecto central da lineariza¸c˜ao ´e a aplica¸c˜ao da s´erie de Taylor, tomando-
se at´e o termo linear. Seja a Figura 31 em que f(x) ´e uma fun¸c˜ao n˜ao linear
e se deseja determinar uma aproxima¸c˜ao y(x) para f(x) em torno do ponto
x0.
f, y
f(x)
y(x)
xxo
Figura 31: Lineariza¸c˜ao.
A fun¸c˜ao f(x) pode ser expandida em s´erie de Taylor como
f(x) = f(x0) +
df
dx x0
(x − x0)
1!
+
d2
f
dx2
x0
(x − x0)2
2!
+ ...
Tomando apenas o primeiro e o segundo termos tem-se
f(x) ≈ y(x) = f(x0) +
df
dx x0
(x − x0),
em torno do ponto x0, que ´e uma aproxima¸c˜ao linearizada para f(x).
Exemplo: Seja um tanque conforme a mostrado na Figura 32 no qual a
vaz˜ao de sa´ıda depende de forma n˜ao linear do n´ıvel de l´ıquido no tanque.
Neste problema tem-se que: Fi ´e a vaz˜ao que entra no tanque, F ´e a
vaz˜ao que sai do tanque, h ´e a altura do n´ıvel de l´ıquido no tanque, e A ´e a
´area da se¸c˜ao transversal do tanque.
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43. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
F
h
Fi
Figura 32: Esquema do tanque.
A vaz˜ao de sa´ıda depende da altura do n´ıvel de l´ıquido do tanque por
F = β
√
h.
A equa¸c˜ao diferencial (n˜ao linear) para a varia¸c˜ao da altura h no tanque
´e
A
dh
dt
= Fi − F ⇒ A
dh
dt
+ β
√
h = Fi.
A lineariza¸c˜ao deve ser conduzida para o termo n˜ao linear correspondente
`a fun¸c˜ao f(h) =
√
h. Assim,
f(h) ≈ f(h0) +
d(
√
h)
dh h0
(h − h0) = h0 +
1
2
h
−1
2
0 (h − h0).
Substituindo o resultado da lineariza¸c˜ao na equa¸c˜ao diferencial tem-se
A
dh
dt
+ β h0 +
1
2
√
h0
(h − h0) = Fi,
A
dh
dt
+ β
h
2
√
h0
= Fi − β
√
h0
2
,
que agora ´e uma equa¸c˜ao direfencial linear.
Os erros envolvidos na lineariza¸c˜ao aumentam `a medida em que se distˆancia
do ponto em torno do qual a fun¸c˜ao foi linearizada. No caso deste exemplo,
a aproxima¸c˜ao ser´a v´alida em torno do n´ıvel h0.
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44. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
7 Formas padronizadas de sistemas com parˆametros
concentrados
7.1 Sistema de ordem zero
Um sistema de ordem zero ´e descrito por uma equa¸c˜ao diferencial de ordem
zero, ou seja, por uma equa¸c˜ao alg´ebrica do tipo
a0y = b0x,
ou tamb´em
y = γx, γ =
b0
a0
,
onde γ ´e a sensibilidade est´atica.
Um sistema de ordem zero ´e instantˆaneo, sem atraso ou distor¸c˜ao. Um
sistema que pode ser considerado sistema de ordem zero ´e o termopar (trans-
duz temperatura em voltagem instantˆaneamente, e pode ser linearizado num
dado intervalo).
7.2 Sistema de primeira ordem
Um sistema de primeira ordem ´e descrito por uma equa¸c˜ao diferencial de
primeira ordem como
a1
dy
dt
+ a0y = b0x,
ou no dom´ınio de Laplace,
(a1s + a0)Y = b0X.
Define-se τ = a1
a0
como a constante de tempo e γ = b0
a0
o ganho ou sensi-
bilidade est´atica. Logo,
(τs + 1)Y = γX.
A equa¸c˜ao homogˆenea ´e
τ ˙y + y = 0
e a equa¸c˜ao caracter´ıstica ´e τs + 1 = 0 cuja raiz ´e s = −1
τ
.
A solu¸c˜ao homogˆenea da equa¸c˜ao diferencial ´e do tipo
yh(t) = Ae
−t
τ .
Seja a condi¸c˜ao inicial y(0) = y0. Logo,
yh(t) = y0e
−t
τ .
Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2009 44
45. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
Para y0 = 0 e t = τ, tem-se
y(τ) = y0e−1
= 0.3678y0 ⇒
y(τ)
y0
= 0.3678.
Observa-se que a constante de tempo τ fornece uma medida da velocidade
que a resposta do sistema tende a zero. Nota-se que decorrido o tempo τ,
a redu¸c˜ao percentual da resposta natural ´e aproximadamente 37% do valor
inicial y0, como ilustrado na Figura 33.
yh(t)
tτ
y0
0.3678y0
Figura 33: Resposta homogˆenea de um sistema de primeira ordem, τ > 0.
Seja o caso em que a entrada ´e um degrau unit´ario u(t). Neste caso, a
equa¸c˜ao diferencial do sistema ´e
τ ˙y + y = γu(t).
A solu¸c˜ao particular ´e do tipo:
yp(t) = C,
pois o degrau ´e uma constante para t > 0.
A solu¸c˜ao completa ser´a a soma da solu¸c˜ao homogˆenea e da solu¸c˜ao par-
ticular:
y(t) = Ae
−t
τ + C.
Seja o caso particular da condi¸c˜ao inicial y(0) = 0. Logo,
y(0) = 0 = Ae0
+ C = A + C ⇒ A = −C,
e conseq¨uentemente,
y(t) = C(1 − e
−t
τ )
´E poss´ıvel calcular a seguinte derivada
˙y(t) = C
1
τ
e
−t
τ .
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46. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
Substituindo y(t) e ˙y(t) na equa¸c˜ao diferencial tem-se:
τC
1
τ
e
−t
τ + C(1 − e
−t
τ ) = γ ⇒ C = γ,
e portanto a solu¸c˜ao da equa¸c˜ao diferencial ´e
y(t) = γ(1 − e
−t
τ ),
cuja representa¸c˜ao gr´afica est´a na Figura 34.
y(t)
tτ
0.6321γ
γ
Figura 34: Solu¸c˜ao completa de sistema de primeira ordem.
Verifica-se que para t = τ tem-se
y(τ)
γ
= 1 − e−1
= 0.6321,
ou seja, para um tempo igual a τ o sistema atingiu aproximadamente 63%
da resposta de regime.
Um exemplo de sistema de primeira ordem ´e o modelo linearizado do
enchimento do tanque dado por
A
dh
dt
+ β
h
2
√
h0
= Fi − β
√
h0
2
.
Um outro exemplo ´e o circuito RC descrito por
RC ˙y + y = u(t),
com τ = RC e γ = 1.
Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2009 46
47. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
7.3 Sistema de segunda ordem
Um sistema de segunda ordem ´e descrito por uma equa¸c˜ao diferencial de
segunda ordem como
a2 ¨y + a1 ˙y + a0y(t) = b0x(t) ou ¨y +
a1
a2
˙y +
a0
a2
y =
b0
a2
x(t).
Esta equa¸c˜ao de segunda ordem pode ser escrita no dom´ınio de Laplace
em uma forma padronizada como
(s2
+ 2ξwns + w2
n)Y = γw2
nX,
onde
wn =
a0
a2
,
´e a freq¨uˆencia natural,
ξ =
a1
2
√
a0a2
,
´e o fator de amortecimento, e
γ =
b0
a0
´e o ganho est´atico. Note que o ganho est´atico ´e o fator que multiplicado
pela amplitude da entrada resulta no valor de regime (desconsiderando-se os
efeitos dinˆamicos de ˙y e ¨y).
A resposta natural do sistema ´e baseada na equa¸c˜ao homogˆenea, cuja
equa¸c˜ao caracter´ıstica ´e:
s2
+ 2ξwns + w2
n = 0.
As ra´ızes da equa¸c˜ao caracter´ıstica s˜ao s1,2 = −ξwn ± wn
√
ξ2 − 1, cuja
natureza depende do valor de ξ. Os casos poss´ıveis s˜ao analisados a seguir.
Amortecimento subcr´ıtico/sistema sub-amortecido, ξ < 1
No caso de sistema sub-amortecido, ξ < 1, as ra´ızes s˜ao complexas conjugadas
e podem ser escritas como
s1,2 = −ξwn ± jwn 1 − ξ2 = σ ± jwd,
onde σ = −ξwn ´e a parte real e wd = wn
√
1 − ξ2 ´e a parte imagin´aria
(caracterizando a freq¨uˆencia natural amortecida). Estas ra´ızes podem ser
representadas no plano complexo como na Figura 35.
Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2009 47
48. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
wn = cte
ξ = cte
s1
s2
φ
wn
−ξwn
wn
√
1 − ξ2
−wn
√
1 − ξ2
σ (real)
jw (imagin´ario)
Figura 35: Representa¸c˜ao de um par complexo conjugado no plano complexo.
Nesta representa¸c˜ao verifica-se que wn ´e o raio do c´ırculo e cosφ = ξ.
Observa-se que as ra´ızes s1 e s2 caminham sobre o c´ırculo em fun¸c˜ao do valor
de ξ.
A solu¸c˜ao homogˆenea de um sistema de segunda ordem ´e do tipo
yh(t) = A1es1t
+ A2es2t
= e−ξwnt
(A1ejwdt
+ A2e−jwdt
) = Ae−ξwnt
sen(wdt + φ),
que caracteriza uma resposta oscilat´oria com freq¨uˆencia wd.
Considere uma entrada do tipo degrau unit´ario, u(t). A solu¸c˜ao particular
ser´a do tipo
yp = C para t ≥ 0.
Logo, ˙yp = 0 e ¨yp = 0. Substituindo-se na equa¸c˜ao do sistema, tem-se,
w2
nC = γw2
n ⇒ C = γ.
A solu¸c˜ao completa do sistema ´e a soma da solu¸c˜ao particular e da solu¸c˜ao
homogˆenea:
y(t) = γ + Ae−ξwnt
sen(wdt + φ),
onde A e φ s˜ao determinados atrav´es das condi¸c˜oes iniciais.
Verifica-se da Figura 35 que:
senφ = 1 − ξ2, cos φ = ξ e tan φ =
√
1 − ξ2
ξ
.
No caso em que y(0) = 0 e ˙y(0) = 0 (condi¸c˜oes iniciais nulas) tem-se
y(0) = γ + Asenφ = 0 ⇒ A =
−γ
√
1 − ξ2
,
Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2009 48
49. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
˙y(0) = A(−ξwn)senφ + Awdcosφ = 0 ⇒ tan φ =
wd
ξwn
=
√
1 − ξ2
ξ
.
Sistema criticamente amortecido, ξ = 1
No caso criticamente amortecido, ξ = 1, as ra´ızes s˜ao reais e iguais e est˜ao
sobre o eixo real no plano complexo, ou seja,
s1 = s2 = −ξwn = −wn.
A solu¸c˜ao transit´oria (homogˆenea) ´e
yh(t) = A1e−wnt
+ A2te−wnt
,
que representa um movimento que n˜ao oscila.
Considerando a entrada um degrau unit´ario, a solu¸c˜ao completa ´e da
forma
y(t) = γ + A1e−wnt
+ A2te−wnt
.
Com as condi¸c˜oes iniciais nulas, y(0) = 0 e ˙y(0) = 0, tem-se
y(0) = 0 = γ + A1 ⇒ A1 = −γ,
˙y(0) = 0 = A1(−wn) + A2 ⇒ A2 = −γwn.
Sistema super-amortecido, ξ > 1
No caso de um sistema super-amortecido, ξ > 1, as ra´ızes s˜ao reais e distintas,
ou seja,
s1 = wn −ξ + ξ2 − 1 =
−1
τ1
,
s2 = wn −ξ − ξ2 − 1 =
−1
τ2
.
A resposta transit´oria (solu¸c˜ao da equa¸c˜ao homogˆenea) ´e
y(t) = A1e
−t
τ1 + A2e
−t
τ2 ,
e a solu¸c˜ao completa, considerando a entrada degrau unit´ario, ´e
y(t) = γ + A1e
−t
τ1 + A2e
−t
τ2 .
Quando as condi¸c˜oes iniciais s˜ao nulas, y(0) = 0 e ˙y(0) = 0, tem-se
A1 =
−γτ1
τ1 − τ2
e A2 =
γτ2
τ1 − τ2
.
Verifica-se que o caso super-amortecido apresenta uma resposta sem car´ater
oscilat´orio como esperado.
Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2009 49
50. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
Movimento harmˆonico simples, sistema n˜ao amortecido, ξ = 0
No caso sem amortecimento, as ra´ızes s˜ao complexas conjugadas com parte
real nula, ou seja, est˜ao sobre o eixo imagin´ario. Neste caso, o sistema
apresentar´a uma resposta transit´oria sem decaimento, caracterizando o mo-
vimento harmˆonico simples, ou seja, wd = wn, φ = 0 e yh(t) = Asen(wnt).
8 Fun¸c˜ao de Transferˆencia
Seja um sistema que estabelece uma rela¸c˜ao entre entrada e sa´ıda esquema-
tizada na Figura 36.
f(t) y(t)
(entrada) (sa´ıda)
sistema
Figura 36: Rela¸c˜ao entre entrada e sa´ıda.
Este sistema pode ser descrito por uma equa¸c˜ao diferencial do tipo
an
dn
y
dtn
+ an−1
dn−1
y
dtn−1
+ . . . + a1
dy
dt
+ a0y(t) = b0f(t).
Se as condi¸c˜oes iniciais s˜ao nulas, y(0) = ˙y(0) = . . . = yn−1
(0) = 0, tem-se
atrav´es da transformada de Laplace, que
Y (s)
F(s)
= G(s) =
b0
ansn + an−1sn−1 + . . . + a1s + a0
,
ou ainda
Y (s) = G(s)F(s)
onde G(s) ´e uma fun¸c˜ao de transferˆencia e o sistema pode ser representado
conforme esquematizado na Figura 37.
F(s) Y (s)
G(s)
Figura 37: Rela¸c˜ao entrada-sa´ıda no dom´ınio de Laplace.
Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2009 50
51. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
Caso o sistema possua duas entradas tem-se que
an
dn
y
dtn
+ an−1
dn−1
y
dtn−1
+ . . . + a1
dy
dt
+ a0y(t) = b1f1(t) + b2f2(t),
cuja representa¸c˜ao est´a na Figura 38.
f1(t)
f2(t)
y(t)
sistema
Figura 38: Representa¸c˜ao de um sistema com duas entradas e uma sa´ıda.
Considerando condi¸c˜oes iniciais nulas e aplicando a transformada de La-
place tem-se que
(ansn
+ an−1sn−1
+ . . . + a1s + a0)Y (s) = b1F1(s) + b2F2(s),
Y (s) =
b1
ansn
+ an−1sn−1
+ . . . + a1s + a0
G1(s)
F1(s)+
b2
ansn
+ an−1sn−1
+ . . . + a1s + a0
G2(s)
F2(s),
ou ainda
Y (s) = G1(s)F1(s) + G2(s)F2(s),
onde G1(s) e G2(s) s˜ao as fun¸c˜oes de transferˆancia que relacionam cada
entrada `a sa´ıda, conforme esquematizado na Figura 39.
F1(s)
F2(s)
G1(s)
G2(s)
Y (s)
Figura 39: Representa¸c˜ao de um sistema com duas entradas e uma sa´ıda.
Para sistemas com m´ultiplas entradas e m´ultiplas sa´ıdas, define-se a ma-
triz de transferˆencia como a matriz formada pelas rela¸c˜oes entre cada entrada
e cada sa´ıda, considerando-se nulas todas as entradas exceto a entrada em
quest˜ao, e com todas as condi¸c˜oes iniciais nulas.
Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2009 51
52. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
8.1 Resposta ao impulso e convolu¸c˜ao
Seja um sistema representado por
Y (s) = G(s)X(s),
onde G(s) ´e a fun¸c˜ao de transferˆencia.
Sabe-se que a multiplica¸c˜ao no dom´ınio de Laplace ´e equivalente `a con-
volu¸c˜ao no dom´ınio do tempo. Portanto,
y(t) =
t
0
x(τ)g(t − τ)dτ =
t
0
g(τ)x(t − τ)dτ,
com g(t) = 0 e x(t) = 0 para t < 0.
Seja uma entrada do tipo impulso unit´ario, x(t) = δ(t), com condi¸c˜oes
iniciais nulas. Logo, X(s) = L[δ(t)] = 1, e ent˜ao
Y (s) = G(s).
Logo,
y(t) = L−1
[G(s)] = g(t),
´e a resposta ao impulso, ou seja, a transformada de Laplace da resposta ao
impulso de um sistema fornece a respectiva fun¸c˜ao de transferˆencia.
Na pr´atica, ´e poss´ıvel aproximar uma fun¸c˜ao impulso por uma fun¸c˜ao
pulso de amplitude grande e de dura¸c˜ao pequena cuja ´area seja unit´aria
conforme mostrado na Figura 10. Nota-se que quando t0 → 0 o pulso tende ao
impulso. Portanto, a resposta de um sistema a um pulso de grande amplitude
e de pequena dura¸c˜ao (´area unit´aria) tende `a resposta do impulso do sistema.
8.2 Matriz de transferˆencia
O conceito de matriz de transferˆencia ´e aplic´avel ao caso de sistemas com
m´ultiplas entradas e m´ultiplas sa´ıdas.
Considere um sistema com m entradas e n sa´ıdas. As m entradas carac-
terizam o vetor de entrada. As n sa´ıdas caracterizam o vetor de sa´ıda.
Seja, por exemplo, um sistema com duas entradas e duas sa´ıdas conforme
esquematizado na Figura 40.
A rela¸c˜ao entre as sa´ıdas e as entradas ´e dada por
Y1(s) = G11(s)X1(s) + G12(s)X2(s),
Y2(s) = G21(s)X1(s) + G22(s)X2(s).
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53. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
X1(s)
X2(s)
Y1(s)
Y2(s)
G11
G12
G21
G22
Figura 40: Representa¸c˜ao de sistema com duas entradas e duas sa´ıdas.
Escrevendo na forma matricial tem-se que
Y1(s)
Y2(s)
=
G11(s) G12(s)
G21(s) G22(s)
X1(s)
X2(s)
,
sendo que Gij(s) ´e a fun¸c˜ao de transferˆencia relacionando a i-´esima sa´ıda
com a j-´esima entrada.
Generalizando, para m entradas e n sa´ıdas, tem-se
Y(s)n×1 = G(s)n×mX(s)m×1
onde Y(s)n×1 ´e a transformada de Laplace do vetor de sa´ıda, G(s)n×m ´e a
matriz de transferˆencia e X(s)m×1 ´e a transformada de Laplace do vetor de
entrada.
Exemplo: Considere o sistema da Figura 41 inicialmente em repouso.
Sejam as for¸cas u1(t) e u2(t) as entradas e sejam as posi¸c˜oes y1(t) e y2(t)
as sa´ıdas.
As equa¸c˜oes do movimento podem ser escritas, ou seja, para a massa m1
tem-se
m1 ¨y1 = c( ˙y2 − ˙y1) − k1y1 + u1(t),
m1 ¨y1 + c( ˙y1 − ˙y2) + k1y1 = u1(t),
e para a massa m2 tem-se
m2 ¨y2 = −c( ˙y2 − ˙y1) − k2y2 + u2(t),
Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2009 53
54. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
k1
k2
c
m1
m1
m2
m2
y1
y2
u1(t)
u1(t)
u2(t)
u2(t)
k1x1
k2x2c( ˙x2 − ˙x1)
c( ˙x2 − ˙x1)
Figura 41: Sistema massa-mola-amortecedor de dois graus de liberdade.
m2 ¨y2 + c( ˙y2 − ˙y1) + k2y2 = u2(t).
Aplicando a transformada de Laplace `as duas equa¸c˜oes do movimento e
considerando condi¸c˜oes iniciais nulas tem-se
(m1s2
+ cs + k1)Y1(s) − csY2(s) = U1(s),
(m2s2
+ cs + k2)Y2(s) − csY1(s) = U2(s).
Matricialmente pode-se escrever que
m1s2
+ cs + k1 −cs
−cs m2s2
+ cs + k2
G−1
Y1(s)
Y2(s)
=
U1(s)
U2(s)
.
Portanto,
Y1(s)
Y2(s)
= G(s)
U1(s)
U2(s)
,
onde
G(s) =
1
(m1s2 + cs + k1)(m2s2 + cs + k2) − c2s2
m2s2
+ cs + k2 cs
cs m1s2
+ cs + k1
,
´e a matriz de transferˆencia, neste caso 2 × 2.
Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2009 54
55. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
Conseq¨uentemente,
y1(t) = L−1 (m2s2
+ cs + k2)U1(s) + csU2(s)
(m1s2 + cs + k1)(m2s2 + cs + k2) − c2s2
,
y2(t) = L−1 csU1(s) + (m1s2
+ cs + k1)U2(s)
(m1s2 + cs + k1)(m2s2 + cs + k2) − c2s2
.
9 Crit´erios de Desempenho
Esta se¸c˜ao apresenta os principais parˆametros de desempenho no tempo de
sistemas de primeira e de segunda ordem.
9.1 Sistemas de Primeira Ordem
Seja um sistema de primeira ordem dado por
a1
dy
dt
+ a0y(t) = b0f(t) ou τ
dy
dt
+ y = γf(t),
onde τ = a1
a0
´e a constante de tempo e γ = b0
a0
´e a sensibilidade est´atica.
A transformada de Laplace correspondente ´e
τsY (s) + Y (s) = γF(s),
e a respectiva fun¸c˜ao de transferˆencia ´e
Y (s)
F(s)
=
γ
τs + 1
.
1. A resposta ao impulso deste sistema ´e
g(t) =
γ
τ
e− t
τ ,
que se encontra ilustrada na Figura 42.
2. A resposta ao degrau, ou resposta indicial, de um sistema de primeira
ordem ´e
y(t) = γ(1 − e− t
τ ),
que se encontra ilustrada na Figura 43 para dois valores de constante
de tempo (τ1 > τ2) e na Figura 44 para dois valores da sensibilidade
est´atica γ1 > γ2.
Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2009 55
56. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
t
γ
τ
(sistema est´avel)
Figura 42: Resposta ao impulso de sistema de primeira ordem, τ > 0.
t
τ1τ2
Figura 43: Sistema de primeira ordem - resposta ao degrau - τ1 > τ2.
tτ
γ1
γ2
0, 63γ1
0, 63γ2
y(t)
Figura 44: Sistema de primeira ordem - resposta ao degrau - γ1 > γ2.
Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2009 56
57. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
tτ
y(t)
∆(t)
Figura 45: Sistema de primeira ordem - resposta `a rampa unit´aria.
3. A resposta `a rampa unit´aria ´e dada por
y(t) = γ(τe− t
τ + t − τ),
e est´a representada na Figura 45.
A diferen¸ca entre a rampa e a resposta do sistema ´e dada por
∆(t) = γt − y(t) = γτ(1 − e− t
τ ),
e o erro estacion´ario ´e
lim
t→∞
∆(t) = γτ.
9.2 Sistema de segunda ordem
Seja um sistema de segunda ordem na forma padronizada
d2
y
dt2
+ 2ξwn
dy
dt
+ w2
ny = γw2
nf(t),
onde wn ´e a freq¨uˆencia natural, ξ ´e o fator de amortecimento e γ ´e o ganho
est´atico.
A fun¸c˜ao de transferˆencia correspondente ´e
Y (s)
F(s)
= G(s) =
γw2
n
s2 + 2ξwns + w2
n
.
As ra´ızes da equa¸c˜ao caracter´ıstica s˜ao
s1,2 = −ξwn ± wn ξ2 − 1
wd
,
e os trˆes casos importantes de resposta natural podem ser analisados em
fun¸c˜ao do valor de ξ, i.e.,
Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2009 57
58. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
• ξ > 1: sistema superamortecido, comportamento n˜ao oscilat´orio, cuja
resposta ao impulso ´e
y(t) = C1es1t
+ C2es2t
.
• 0 < ξ < 1: sistema sub-amortecido, comportamento oscilat´orio durante
o transit´orio, cuja resposta ao impulso ´e
y(t) = C1e−ξwnt
(senwdt + φ).
• ξ = 1: sistema criticamente amortecido, n˜ao oscilat´orio, cuja resposta
ao impulso ´e
y(t) = (C1 + C2t)e−ξwnt
.
O comportamento de um sistema de segunda ordem sub-amortecido ´e
normalmente analisado em termos da resposta ao degrau atrav´es de alguns
parˆametros que permitem uma adequada compara¸c˜ao. Estes parˆametros s˜ao
brevemente descritos a seguir e ilustrados na Figura 46.
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
1.2
1.4
Resposta ao degrau unit´ario
Amplitude
Tempo (s)
tp te
ts
yp
γ
eest
Figura 46: Sistema de segunda ordem - principais parˆametros de desempenho
na resposta ao degrau.
Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2009 58
59. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
1. O valor de regime, γ, ´e o valor da resposta do sistema para um tempo
grande, ou seja,
γ = lim
t→∞
y(t).
Note que o valor de regime corresponde ao ganho est´atico do sistema
se a entrada for um degrau unit´ario.
2. O erro estacion´ario, eest, ´e a diferen¸ca entre o valor da entrada e o valor
de regime. No caso da entrada degrau, tem-se que:
eest = 1 − γ.
3. O tempo de subida, ts, ´e o tempo para a resposta passar, por exemplo,
de 10% do valor de regime para 90% do valor de regime.
4. O tempo para o pico m´aximo, tp, ´e o tempo para a resposta atingir o
primeiro pico da sobre-eleva¸c˜ao (overshoot).
5. O percentual de sobre-sinal, pss, representa o valor do pico em rela¸c˜ao
ao valor de regime de forma percentual, ou seja,
pss = 100
yp − γ
γ
.
A resposta ao degrau ´e
y(t) = γ 1 −
e−ξwnt
√
1 − ξ2
sen(wdt + φ) ,
O pico da curva de resposta pode ser determinado por
dy
dt
= 0 ⇒ ξwnsen(wdt + φ) = wdcos(wdt + φ),
ou ainda
tan(wdt + φ) =
wd
ξwn
=
√
1 − ξ2
ξ
= tanφ,
para wdt = kπ, k = 0, 1, 2, . . .. O primeiro pico ocorre para wdtp = π,
e ent˜ao, tp = π
wd
e cosφ = ξ.
Substituindo este resultado na equa¸c˜ao da resposta ao degrau tem-se
que
yp = y(tp) = γ
1 −
e
−ξwn
π
wd
√
1 − ξ2
sen wd
π
wd
+ φ
=
Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2009 59
60. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
= γ
1 −
e
−ξπ
√
1−ξ2
√
1 − ξ2
sen(π + φ)
=
= γ
1 −
e
−ξπ
√
1−ξ2
√
1 − ξ2
(senπ
0
cosφ + senφ cosπ
−1
)
=
= γ
1 −
e
−ξπ
√
1−ξ2
√
1 − ξ2
(−senφ)
= γ 1 + e
−ξπ
√
1−ξ2
.
Logo, o pss ser´a dado por:
pss = 100
γ 1 + e
−ξ π√
1−ξ2
− γ
γ
= 100e
−ξπ
√
1−ξ2
.
Conseq¨uentemente pode-se escrever que
ξ =
ln100
pss
π2 + ln100
pss
2
.
Nota-se que o pss ´e uma medida do fator de amortecimento, ou seja,
dado ξ tem-se o pss e vice-versa. Verifica-se que pss|ξ=0 = 100% e
pss|ξ=1 = 0%.
6. Constante de tempo de um sistema de segunda ordem
As curvas que limitam a resposta de um sistema s˜ao chamadas de en-
volt´orias e est˜ao ilustradas na Figura 47.
As equa¸c˜oes das envolt´orias s˜ao determinadas em fun¸c˜ao dos pontos
cr´ıticos de y(t) e s˜ao dadas por:
ev(t) = γ 1 ±
e−ξwnt
√
1 − ξ2
.
Considerando a envolt´oria superior, nota-se que:
ev(t)|t=0 = γ 1 +
1
√
1 − ξ2
,
ev(t)|t= 1
ξwn
= γ 1 +
e−1
√
1 − ξ2
.
Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2009 60
61. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
envolt´oria
valor de regime (γ)
y(t)
τ t
Figura 47: Curvas envolt´orias.
Define-se a constante de tempo, τ, do sistema de segunda ordem como
τ =
1
ξwn
,
pois
ev(τ) − γ
ev(0) − γ
=
e−1
1
= 0.3678,
que corresponde ao decaimento da envolt´oria com rela¸c˜ao ao valor de
regime γ de forma semelhante ao caso de um sistema de primeira ordem.
7. O tempo de estabiliza¸c˜ao ´e o tempo para o sistema apresentar x% de
erro com rela¸c˜ao ao valor de regime.
O tempo de estabiliza¸c˜ao a 5% ´e dado por:
γ 1 + e− t
τ
√
1−ξ2
− γ
γ
≤ 0.05 ⇒
e− t
τ
√
1 − ξ2
≤ 0.05 ⇒ e− t
τ ≤ 0.05 1 − ξ2.
´E poss´ıvel calcular o tempo de estabiliza¸c˜ao para alguns valores de ξ.
• para ξ = 0.1:
e− t
τ ≤ 0.05 × 0.995 ⇒
t
τ
= 3.00.
• para ξ = 0.5:
e− t
τ ≤ 0.05 × 0.866 ⇒
t
τ
= 3.14.
Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2009 61
62. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
• para ξ = 0.7:
e− t
τ ≤ 0.05 × 0.714 ⇒
t
τ
= 3.33.
Portanto, uma aproxima¸c˜ao usual ´e que
te5% ≈ 3.2τ =
3.2
ξwn
.
Da mesma forma que foi feito para 5% pode-se fazer para 2% e obter
que
te2% ≈ 4τ =
4
ξwn
.
8. Decremento logar´ıtmico.
Seja uma sen´oide amortecida correspondente `a resposta do sistema,
y(t) = Ae−ξwnt
(senwdt + φ),
como mostrada na Figura 48.
t2
y1
y2
t1
y(t)
t
Figura 48: Sen´oide amortecida.
O per´ıodo ´e dado por T = t2 − t1 e ´e sabido que sen(wdt1 + φ) =
sen(wdt2 + φ).
A rela¸c˜ao entre duas amplitudes consecutivas ´e
y1
y2
=
Ae−ξwnt1
Ae−ξwnt2
= eξwnT
= e
ξwn( 2π
wd
)
= e
2πξ
√
1−ξ2
.
O decremento logaritmico, δl, ´e definido como
δl = ln
y1
y2
=
2πξ
√
1 − ξ2
.
Nota-se que δl ´e uma medida do amortecimento do sistema. Para ξ <<
1 tem-se a aproxima¸c˜ao que δl ≈ 2πξ.
Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2009 62
63. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
10 Estabilidade de sistemas lineares
Um sistema ´e considerado est´avel se sua resposta n˜ao cresce de forma ili-
mitada para qualquer condi¸c˜ao inicial (resposta natural) ou para qualquer
entrada limitada. A an´alise baseada na resposta natural caracteriza o que se
chama de estabilidade de entrada nula e a an´alise baseada em uma entrada
limitada caracteriza a estabilidade BIBO (bounded input - bounded output).
10.1 Estabilidade para entrada nula
Seja uma fun¸c˜ao de transferˆencia dada por
Y (s)
F(s)
= G(s) =
Q(s)
P(s)
,
onde Q(s) e P(s) s˜ao polinˆomios que representam o numerador e o denomi-
nador respectivamente.
Estes polinˆomios s˜ao tais que o grau de Q(s) ´e menor ou igual ao grau de
P(s), caracterizando os sistemas n˜ao antecipativos.
Considerando que n˜ao existam cancelamentos entre fatores do numerador
e do denominador, as ra´ızes de Q(s) s˜ao denominadas de zeros de G(s), e as
ra´ızes de P(s) s˜ao os p´olos G(s). Os p´olos de G(s) s˜ao os pontos singulares
de G(s).
Caso existam fatores comuns no numerador e denominar, aten¸c˜ao ´e re-
querida como no exemplo de
G(s) =
(s − 1)
(s − 1)(s + 2)
,
em que se tem apenas apenas um p´olo que ´e −2. Note que n˜ao h´a singulari-
dade para s = 1.
Seja uma fun¸c˜ao de transferˆencia, sem cancelamentos entre o numerador
e o denominador, escrita na forma
G(s) =
Q(s)
(s − p1)(s − p2)(s − p3)m(s − p4)(s − p∗
4)(s − p5)(s − p6)(s − p∗
6)
,
cujos p´olos est˜ao representados na Figura 49.
Os p´olos deste sistema podem ser classificados como a seguir.
1. P´olos reais e distintos de multiplicidade 1 e n˜ao nulos (p1 e p2).
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64. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
imagin´ario
real
p´olos est´aveis p´olos inst´aveis
p1 p2p3
p4
p∗
4
p5
p6
p∗
6
Figura 49: Localiza¸c˜ao t´ıpica dos p´olos no plano complexo.
A contribui¸c˜ao destes p´olos na anti-transformada de Laplace gera os
termos ilustrados na Figura 50, que podem ser verificados via expans˜ao
em fra¸c˜oes parciais, ou seja,
C1ep1t
+ C2ep2t
.
O p´olo p2 > 0 contribui para uma situa¸c˜ao de instabilidade.
tt
y(t)y(t)
C1ep1t
C2ep2t
Figura 50: Contribui¸c˜ao na resposta de p´olos reais e distintos e n˜ao nulos.
2. P´olos reais m´ultiplos (p3).
A anti-transformada de Laplace gera termos do seguinte tipo:
C1 + C2t +
C3
2!
t2
+ . . . +
Cm
(m − 1)!
tm−1
a(t)
ep3t
= a(t)ep3t
.
Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2009 64
65. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
Trˆes situa¸c˜oes podem ocorrer em fun¸c˜ao da posi¸c˜ao do p´olo p3:
• se p3 > 0, ent˜ao a(t)ep3t
→ ±∞, quando t → ∞.
• Se p3 = 0, ent˜ao a(t)ep3t
= a(t) → ±∞, quando t → ∞.
• Se p3 < 0, ent˜ao a(t)ep3t
→ 0, quando t → ∞.
Nota-se que se p3 ≥ 0 tem-se uma situa¸c˜ao de instabilidade.
3. P´olo simples na origem (p5).
A anti-transformada, neste caso, ´e uma constante como ilustrado na
Figura 51, que caracteriza uma resposta marginalmente est´avel (n˜ao
decresce).
t
y(t)
Figura 51: Anti-transformada correspondente a um p´olo simples na origem.
4. P´olos complexos conjugados (pares (p4,p∗
4) e (p6,p∗
6)).
Neste caso, ´e poss´ıvel escrever que
C
(s − p4)(s − p∗
4)
=
D
(s2 + b2)
.
A anti-transformada de Laplace ´e do tipo:
eat
sen(bt + φ)
onde a ´e a parte real dos p´olos. Nota-se que se a > 0 tem-se uma
situa¸c˜ao inst´avel.
Para o caso particular em que a = 0, ou seja, p´olos complexos conjuga-
dos sobre o eixo imagin´ario, tem-se resposta senoidal sem decaimento,
Figura 53, que caracteriza uma resposta marginalmente est´avel.
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66. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
tt
y(t)y(t)
a < 0 a > 0
Figura 52: Efeito de p´olos compolexos conjugados.
t
y(t)
Figura 53: Efeito de p´olo com parte real nula.
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67. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
Da an´alise anterior, ´e poss´ıvel concluir que:
• P´olos com parte real negativa, isto ´e, localizados no semi-plano es-
querdo do plano complexo, contribuem com resposta est´avel.
• P´olos com parte real positiva, isto ´e, localizados no semi-plano direito
do plano complexo, contribuem com resposta crescente com o tempo
ou inst´avel.
• P´olos simples com parte real nula, isto ´e, sobre o eixo imagin´ario, con-
tribuem com resposta constante ou senoidal.
• P´olos m´ultiplos na origem ou sobre o eixo imagin´ario acarretam insta-
bilidade.
Uma avalia¸c˜ao da estabilidade natural pode ser feita tamb´em atrav´es da
resposta ao impulso. Lembrando que Y (s) = G(s)F(s) e que se F(s) = 1,
ou seja, f(t) = δ(t) um impulso unit´ario, ent˜ao,
L−1
[Y (s)] = L−1
[G(s)] = y(t),
onde y(t) ´e a resposta ao impulso do sistema, e que permite verificar a ins-
tabilidade se esta crescer de forma ilimitada.
Exemplo: Discutir a estabilidade do sistema G1(s) = 1
s
.
Este sistema possui um p´olo simples na origem, caracterizando uma res-
posta natural marginalmente est´avel. A resposta ao impulso deste sistema ´e
um degrau u(t), que ´e limitada.
Exemplo: Discutir a estabilidade do sistema G2(s) = 1000
s2+100
.
Este sistema possui p´olos complexos conjugados sobre o eixo imagin´ario,
caracterizando uma resposta senoidal marginalmente est´avel. A resposta ao
impulso deste sistema ´e 100sen(10t)u(t), que ´e limitada.
Exemplo: Discutir a estabilidade do sistema G3(s) = 1
s2 .
Este sistema possui p´olos m´ultiplos na origem, e ´e portanto inst´avel. A
resposta ao impulso deste sistema ´e tu(t), que cresce de forma ilimitada.
10.2 Estabilidade BIBO
O conceito de estabilidade BIBO (bounded input - bounded output) estabe-
lece que o sistema ´e est´avel se a resposta permanece limitada para qualquer
entrada limitada.
Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2009 67
68. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
A rela¸c˜ao entre a resposta Y (s) e a entrada F(s) de um sistema pode ser
escrita como
Y (s) = G(s)F(s),
e usando a propriedade de convolu¸c˜ao pode-se escrever que
y(t) = L−1
[G(s)F(s)] = g(t) ∗ f(t) =
t
0
g(τ)f(t − τ)dτ.
Se a entrada ´e limitada, ent˜ao pode-se escrever que
|f(t)| ≤ M < ∞.
Para que a resposta seja limitada deseja-se que
|y(t)| =
t
0
g(τ)f(t − τ)dτ ≤
t
0
|g(τ)||f(t − τ)|dτ,
e conseq¨uentemente ´e poss´ıvel escrever que
|y(t)| ≤ M
t
0
|g(τ)|dτ.
Para que a resposta |y(t)| seja limitada, deve-se ter que
t
0
|g(τ)|dτ < ∞,
que significa que a resposta ao impulso do sistema deve ser limitada.
11 Resposta em frequˆencia
11.1 Rela¸c˜ao de amplitude e ˆangulo de fase
A resposta em regime de um sistema linear invariante no tempo a uma en-
trada senoidal ´e tamb´em de forma senoidal, com amplitude e fase distin-
tos da entrada e dependentes das caracter´ısticas dinˆamicas do sistema e da
frequˆencia de entrada.
Seja um sistema descrito por
Y (s)
F(s)
= G(s) =
Q(s)
P(s)
,
com Q(s) e P(s) polinˆomios s.
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69. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
Seja uma entrada f(t) senoidal. Logo,
f(t) = Asenwt ⇒ F(s) = L[f(t)] =
Aw
s2 + w2
,
e consequentemente,
Y (s) = G(s)
Aw
s2 + w2
.
Uma expans˜ao em fra¸c˜oes parciais pode ser escrita como
Y (s) =
C1
(s − p1)
+
C2
(s − p2)
+ . . . +
Cn
s − pn
termos transit´orios
+
K1
s + jw
+
K2
s − jw
termos de regime
.
Realizando a anti-transformada de Laplace tem-se
y(t) =
n
i=1
Ciepit
+ K1e−jwt
+ K2ejwt
onde a somat´oria pode ser desconsiderada pois representa os termos tran-
sit´orios. Pressup˜oe-se que G(s) ´e est´avel.
Logo, a resposta de regime ´e
y(t) = K1e−jwt
+ K2ejwt
.
As constantes correspondentes s˜ao:
K1 = (s + jw)G(s)
Aw
(s + jw)(s − jw) s=−jw
= G(−jw)
Aw
−2jw
= G(−jw)
A
−2j
,
K2 = (s − jw)G(s)
Aw
(s + jw)(s − jw) s=jw
= G(jw)
A
2j
,
Pode-se escrever
G(jw) = |G(jw)|ejφ
, G(−jw) = |G(jw)|e−jφ
,
e
φ = G(jw) = tan−1 Im(G(jw))
Re(G(jw))
.
Consequentemente,
y(t) = −A
2j
|G(jw)|e−jφ
e−jwt
+ A
2j
|G(jw)|ejφ
ejwt
=
= A|G(jw)| ej(wt+φ)−e−j(wt+φ)
2j
=
= A|G(jw)|sen(wt + φ).
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70. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
Nota: senα = ejα−e−jα
2j
e |a + jb| =
√
a2 + b2.
Portanto, se a entrada ´e
f(t) = Asenwt,
a sa´ıda ser´a
y(t) = A|G(jw)|sen(wt + φ),
que representa uma resposta senoidal com outra amplitude e com uma defa-
sagem em rela¸c˜ao `a entrada.
A rela¸c˜ao de amplitudes RA entre a resposta e a entrada ´e dada por
RA =
max y(t)
max f(t)
= |G(jw)|.
Alguns exemplos s˜ao apresentados a seguir.
11.2 Resposta em freq¨uˆencia de um sistema de pri-
meira ordem
Seja
G(s) =
γ
τs + 1
.
Logo,
G(jw) =
γ
1 + jwτ
=
|γ|
√
1 + w2τ2
ejφ
,
φ = tan−1 −wτ
1
= −tan−1
(wτ).
A rela¸c˜ao de amplitudes ser´a dada por
RA =
|γ|
√
1 + w2τ2
.
11.3 Resposta em freq¨uˆencia de um sistema de se-
gunda ordem
Seja
G(s) =
γw2
n
s2 + 2ξwns + w2
n
.
Logo,
G(jw) =
γw2
n
−w2 + j(2ξwnw) + w2
n
,
Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2009 70
71. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
|G(jw)| =
|γ|w2
n
[(w2
n − w2)2 + 4ξ2w2
nw2]
1
2
= RA,
φ = −tan−1 2ξwnw
(w2
n − w2)
.
11.4 Resposta em freq¨uˆencia de um integrador puro
Seja
G(s) =
γ
s
,
ent˜ao,
G(jw) =
γ
jw
= −j
γ
w
=
γ
w
e−jφ
,
e se verifica que
|G(jw)| =
γ
w
= RA, φ = tan−1
−γ
w
0
= −
π
2
.
11.5 Diagramas de Bode
Existem dois gr´aficos usuais para representar as caracter´ısticas de resposta
em freq¨uˆencia de sistemas.
• Diagrama de amplitudes: plota as RA (em decib´eis, dB) em fun¸c˜ao de
w (escala log).
• Digrama de fases: plota as fases φ em fun¸c˜ao de w em escala log.
Para isso define-se a rela¸c˜ao de amplitudes em dB como
RAdB = 20 log RA.
S˜ao apresentados a seguir os diagramas de Bode de alguns sistemas t´ıpicos.
11.5.1 Diagramas de Bode para o integrador puro
A rela¸c˜ao de amplitudes para o integrador puro permite escrever que
RAdB = 20 log
γ
w
= 20 log γ − 20 log w,
que ´e uma reta na escala dB-log do tipo
y = C − 20x,
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72. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
cuja inclina¸c˜ao ´e −20. Note que o para log w = 0 o cruzamento com o eixo
da rela¸c˜ao de amplitude se d´a para 20 log γ.
A fase ´e φ = −π
2
constante.
Os diagramas de Bode do integrador puro, G(s) = 1
s
, s˜ao mostrados na
Figura 54.
−20
−15
−10
−5
0
5
Magnitude(dB)
10
0
10
1
−91
−90.5
−90
−89.5
−89
Phase(deg)
Bode Diagram
Frequency (rad/sec)
Figura 54: Diagramas de Bode para G(s) = 1
s
.
11.5.2 Diarama de Bode de sistemas de primeira ordem
Seja um sistema de primeira ordem dado por
G(s) =
γ
τs + 1
com γ > 0.
A rela¸c˜ao de amplitudes e o ˆangulo de fase s˜ao:
RA =
γ
√
1 + w2τ2
, φ = −tan−1
(wτ).
A rela¸c˜ao de amplitudes em dB ´e
RAdB = 20 log
γ
√
1 + w2τ2
= 20 log γ − 10 log(1 + w2
τ2
).
´E poss´ıvel conduzir a an´alise para dois casos.
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73. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
1. “Baixas” freq¨uˆencias: wτ << 1 ⇒ w << 1
τ
⇒ 1 + w2
τ2
≈ 1, ent˜ao,
RAdB ≈ 20 log γ,
que representa uma constante de valor 20 log γ. Note que este ´e o valor
de partida do gr´afico quando w = 0.
2. “Altas” freq¨uˆencias: wτ >> 1 ⇒ w >> 1
τ
⇒ 1 + w2
τ2
≈ w2
τ2
, ent˜ao,
RAdB ≈ 20 log γ − 10 log(wτ)2
= 20 log γ − 20 log(wτ),
RAdB ≈ 20 log γ − 20 log w − 20 log τ,
RAdB ≈ 20 log
γ
τ
− 20 log w,
que representa uma reta de inclina¸c˜ao −20.
Em termos de fase, tem-se:
• para w = 0 ⇒ φ = −tan−1
(0) = 0,
• para w = 1
τ
⇒ φ = −tan(1
τ
τ) = −π
4
,
• para w → ∞ ⇒ φ = −tan(∞) = −π
2
,
como mostrado na Figura 55.
Como exemplo, os diagramas de Bode para G(s) = 1
s+1
est˜ao mostrados
na Figura 55.
11.5.3 Diagramas de Bode para sistemas de primeira ordem em
s´erie
Seja o sistema G(s) formado por v´arios sistemas de primeira ordem em s´erie,
G(s) =
γ1
τ1s + 1
γ2
τ2s + 1
. . .
γn
τns + 1
.
A rela¸c˜ao de amplitudes e a fase podem ser escritas como
RA = |G(jw)| =
γ1γ2 . . . γn
(1 + τ2
1 w2)(1 + τ2
2 w2) . . .(1 + τ2
nw2)
,
φ =
n
i=1
φi =
n
i=1
−tan−1
(wτi).
Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2009 73
74. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
−40
−30
−20
−10
0
Magnitude(dB)
10
−2
10
−1
10
0
10
1
10
2
−90
−45
0
Phase(deg)
Bode Diagram
Frequency (rad/sec)
Figura 55: Diagramas de amplitudes e fases - sistema de primeira ordem.
A rela¸c˜ao de amplitudes em dB ´e dada por
RAdB =
n
i=1
20 log γi −
1
2
n
i=1
20 log(1 + τ2
i w2
) = RAi
dB,
que corresponde ao somat´orio da rela¸c˜ao de amplitudes de cada sistema.
Exemplo: Sejam os sistemas de primeira ordem
G1(s) =
5
s + 1
e G2(s) =
2000
s + 100
,
e o sistema resultante do produto destes, G(s) = G1(s)G2(s).
As rela¸c˜oes de amplitudes e as fases de dois sistemas de primeira ordem
podem ser somadas diretamente nos gr´aficos conforme na Figura 56.
Observa-se ainda que
lim
s→0
G(s) = lim
s→0
G1(s)G2(s) =
5
1
2000
100
= 100 = 40dB,
que corresponde ao valor para w → 0 no diagrama de bode. Note ainda que
o valor da resposta em freq¨uˆencia para w → 0 coresponde ao ganho est´atico
do sistema.
Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2009 74
75. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
−100
−50
0
50
Magnitude(dB)
10
−2
10
−1
10
0
10
1
10
2
10
3
10
4
−180
−135
−90
−45
0
Phase(deg)
Bode Diagram
Frequency (rad/sec)
G1(s)
G2(s)
G(s)
Figura 56: Diagramas de Bode de dois sistemas de primeira ordem em s´erie.
Observa-se cada p´olo simples contribui com uma queda de -20dB/d´ecada
no diagrama de Bode. Note que um zero ir´a alterar o sinal da inclina¸c˜ao
da reta, contribuindo com um efeito de +20dB/d´ecada, assim como uma
contrinui¸c˜ao positiva na fase, como ilustrado no exemplo a seguir.
Exemplo: Sejam os sistemas de primeira ordem
G1(s) =
5
s + 1
e G2(s) =
s + 100
2000
,
e o sistema resultante do produto destes, G(s) = G1(s)G2(s).
As rela¸c˜oes de amplitudes e as fases de dois sistemas de primeira ordem
podem ser somadas diretamente nos gr´aficos conforme na Figura 57.
11.5.4 Diagrama de Bode de sistemas de segunda ordem
A rela¸c˜ao de amplitudes para um sistema de segunda ordem ´e
RA =
γ
[1 − ( w
wn
)2]2 + 4ξ2( w
wn
)2
,
Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2009 75
76. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
−80
−60
−40
−20
0
20
Magnitude(dB)
10
−2
10
−1
10
0
10
1
10
2
10
3
10
4
−90
−45
0
45
90
Phase(deg)
Bode Diagram
Frequency (rad/sec)
G1(s)
G2(s)
G(s)
Figura 57: Diagramas de Bode de dois sistemas de primeira ordem em s´erie.
e em dB tem-se
RAdB = 20 log γ − 10 log
1 −
w
wn
2 2
+ 4ξ2 w
wn
2
.
Dois casos em termos de faixas de freq¨uˆencias podem ser analisados.
1. Ass´ıntota para baixas frequˆencias (w << wn):
RAdB ≈ 20 log γ,
que representa um valor constante.
2. Ass´ıntota para altas frequˆencias (w >> wn):
RAdB ≈ 20 log γ − 10 log
w
wn
4
= 20 log γ − 40 log
w
wn
=
= 20 log γ + 40 log wn − 40 log w = 20 log(γw2
n) − 40 log w,
que representa uma inclina¸c˜ao de −40dB/d´ecada.
Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2009 76
77. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
O ˆangulo de fase ´e dado por
φ = −tan−1 2ξwnw
w2
n − w2
,
e verifica-se que:
• para w = 0 ⇒ φ = 0,
• para w = wn ⇒ φ = −π
2
,
• para w → ∞ ⇒ φ = −π.
O diagrama de Bode do sistema de segunda ordem est´a representado na
Figura 58 para alguns valores de ξ.
−40
−30
−20
−10
0
10
20
30
40
Magnitude(dB)
10
−1
10
0
10
1
−180
−135
−90
−45
0
Phase(deg)
Bode Diagram
Frequency (rad/sec)
ξ1 = 0.01
ξ2 = 0.2
ξ3 = 0.4
ξ4 = 0.7
Figura 58: Diagramas de Bode para v´arios valores de fator de amortecimento
de sistemas de segunda ordem.
Um caso particular de interesse ´e o de ξ = 0, ou seja, sistema sem amor-
tecimento. Neste caso, os diagramas de Bode s˜ao caracterizados por uma
singularidade na amplitude e uma mudan¸ca brusca de fase de 0◦
para −180◦
,
como j´a se observa a tendˆencia para o caso de menor fator de amortecimento
ilustrado na Figura 58.
Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2009 77
78. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
11.6 Banda de passagem
A banda de passagem, wb, ´e o valor de freq¨uˆencia tal que a amplitude cai 3dB
em rela¸c˜ao ao valor de correspondente ao ganho est´atico, conforme ilustrado
na Figura 59.
Bode Diagram
Frequency (rad/sec)
10
−1
10
0
10
1
0
5
10
15
20
25
30
Magnitude(dB)
3dB
wb
Figura 59: Banda de passagem.
11.7 Algumas caracter´ısticas em freq¨uˆencia de siste-
mas de segunda ordem
A freq¨uˆencia de ressonˆancia, wr, em sistemas de segunda ordem corresponde
ao valor de freq¨uˆencia em que ocorre a maior amplitude da resposta em
freq¨uˆencia, e ´e dada por
wr = wn 1 − 2ξ2 para ξ <
√
2
2
.
Para esta freq¨uˆencia tem-se o valor do pico da resposta, adicionado ao
valor do ganho est´atico, dado por
Mp =
1
2ξ
√
1 − ξ2
para ξ <
√
2
2
.
Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2009 78
79. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
Exemplo: Dada a resposta em freq¨uˆencia do sistema de segunda conforme
na Figura 60, determine a freq¨uˆencia natural, fator de amortecimento e o
ganho est´atico.
10
−1
10
0
10
1
10
2
−180
−135
−90
−45
0
Phase(deg)
Bode Diagram
Frequency (rad/sec)
−60
−40
−20
0
20
40
System: ps
Peak gain (dB): 24.8
At frequency (rad/sec): 1.81
Magnitude(dB)
Figura 60: Resposta em freq¨uˆencia de sistema de segunda ordem.
A forma padr˜ao do sistema de segunda ordem ´e
P(s) =
γw2
n
s2 + 2ξwns + w2
n
.
O ganho est´atico pode ser determinado fazendo-se
lim
s→0
P(s) = γ = 20dB = 10.
O pico da resposta ´e 24.8 dB. Logo, o valor adicional ao valor do ganho
est´atico ´e Mp = 4.8 dB = 1.7378, que permite calcular:
Mp =
1
2ξ
√
1 − ξ2
= 1.7378 ⇒ ξ = 0.30.
Da freq¨uˆencia de ressonˆancia, wr = 1.81rad/s, e do valor de ξ, tem-se
que
wr = wn
√
1 − 2 × 0.32 = 1.81rad/s ⇒ wn = 2rad/s.
Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2009 79
80. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
Uma outra forma de obter a freq¨uˆencia natural ´e verificar a freq¨uˆencia
que corresponde `a fase de −90◦
, ou seja, wn = 2rad/s.
11.8 Diagrama de Nyquist
O diagrama de Nyquist ´e uma outra forma de representa¸c˜ao da resposta em
frequˆencia. ´E um gr´afico do m´odulo de G(jw) pelo ˆangulo de fase de G(jw)
em coordenadas polares quando w varia, por exemplo, de zero a infinito.
11.8.1 Diagrama de Nyquist de sistemas de primeira ordem
Para um sistema de primeira ordem tem-se que
|G(jw)| =
|γ|
√
1 + w2τ2
, φ = −tan−1
(wτ).
Seja o caso particular em que γ = 1. Logo,
|G(jw)| =
1
√
1 + w2τ2
, φ = −tan−1
(wτ).
Calculando alguns valores tem-se:
• w = 0 ⇒ |G(0)| = 1, φ = −tan−1
(0) = 0,
• w = 1
τ
⇒ |G(j
τ
)| = 1√
1+1
= 1√
2
, φ = −tan−1
(1) = −45◦
,
• w → ∞ ⇒ |G(∞)| = 0, φ = −tan−1
(∞) = −90◦
,
que podem ser visualizados na Figura 61.
Nota-se que a curva do diagrama de Nyquist para este sistema ´e uma
circunferˆencia, como pode ser verificado a seguir.
G(jw) =
1
1 + jwτ
=
1 − jwτ
12 + w2τ2
=
1
1 + w2τ2
parte real
−
wτ
1 + w2τ2
parte imagin´aria
j.
Definindo x e y como as partes real e imagin´aria, tem-se:
x =
1
1 + w2τ2
=
1
1 + a2
,
y =
−wτ
1 + w2τ2
=
−a
1 + a2
.
Verifica-se que
x −
1
2
2
+ y2
=
1
1 + a2
−
1
2
2
+
−a
1 + a2
2
=
1
2
2
,
ou seja, a equa¸c˜ao de um c´ırculo com origem no ponto 1
2
, 0 e raio 1
2
.
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81. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
a
b
c
Imagin´ario
Real
1
2
−45o
1√
2
Figura 61: Diagrama de Nyquist - sistema de primeira ordem.
11.8.2 Diagrama de Nyquist para sistemas de segunda ordem
A forma padr˜ao de um sistema de segunda ordem permite escrever que
G(jw) =
γw2
n
(jw)2 + 2ξwn(jw) + w2
n
=
γ
1 + 2ξ(j w
wn
) + (j w
wn
)2
.
Seja o caso particular em que γ = 1. Logo,
lim
w→0
G(jw) = 1 0◦
, lim
w→∞
G(jw) = 0 − 180◦
.
Para w = wn, ent˜ao,
G(jw) =
1
1 + 2ξj − 1
=
1
2ξj
,
que corresponde a um valor imagin´ario puro, e que permite determinar o
valor de ξ.
A situa¸c˜ao de ressonˆancia corresponde ao ponto onde ocorre o m´aximo
valor de |G(jw)|, ou seja m´axima amplitute, e ´e o ponto cuja distˆancia at´e a
origem ´e m´axima no diagrama de Nyquist.
Para ξ > 1 grandes, o diagrama aproxima-se de uma circunferˆencia, pois
o sistema tende a um sistema de primeira ordem, e uma das ra´ızes reais
predomina sobre a outra.
Exemplo: Seja o sistema dado por
G(s) =
1
s2 + 2s + 1
.
O diagrama de Nyquist correspondente est´a mostrado na Figura 62.
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82. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
−1.5 −1 −0.5 0 0.5 1 1.5 2
−3
−2.5
−2
−1.5
−1
−0.5
0
0.5
Nyquist Diagram
Real Axis
ImaginaryAxis
wrwn
Figura 62: Diagrama de Nyquist para G(s) = 1
s2+2s+1
.
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83. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
O ponto de cruzamento com o eixo imagin´ario corresponde `a w = wn =
1rad/s e ´e −2.5j. Logo,
1
2ξj
= −2.5j ⇒ ξ = 0.2.
A m´axima amplitude ´e 8.14dB e corresponde a uma freq¨uˆencia de res-
sonˆancia w = wr = 0.959rad/s.
Exemplo: Determinar o diagrama de Nyquist para
G(s) =
1
s(Ts + 1)
.
Calcula-se:
G(jw) =
1
jw(Tjw + 1)
=
−T
1 + w2T2
− j
1
(1 + w2T2)w
.
Logo,
lim
w→0
G(jw) = −T − j∞ = ∞ − 90◦
,
lim
w→∞
G(jw) = 0 − j × 0 = 0 − 180◦
.
O diagrama correspondente ´e apresentado na Figura 63.
Im
Re
w
w
0
0∞
−T
Figura 63: Diagrama de Nyquist.
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84. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
12 Sistemas de n´ıvel de tanques - introdu¸c˜ao
`a malha fechada
12.1 Sistema de um tanque
Considere o tanque esquematizado na Figura 64, onde qe ´e a vaz˜ao de entrada,
qs ´e a vaz˜ao de sa´ıda, h ´e a altura do n´ıvel de l´ıquido e u ´e a vari´avel que regula
a posi¸c˜ao da v´alvula de entrada. O tanque possui ´area da se¸c˜ao tranversal
A, de forma que o volume de l´ıquido ´e V = Ah. O problema de interesse ´e
manter o n´ıvel de l´ıquido em valores desejados.
qe
u
h
qs
Figura 64: Sistema de n´ıvel de tanque.
Este sistema pode ser representado na forma de diagrama de blocos con-
forme na Figura 65.
qe
qs
entradas
sa´ıda
processo
h
Figura 65: Problema do tanque na forma de diagrama de blocos.
Um modelo matem´atico deste sistema pode ser obtido atrav´es do princ´ıpio
da conserva¸c˜ao da massa. A varia¸c˜ao de volume no tanque ´e dada por
˙V (t) = qe(t) − qs(t).
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85. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
Se a ´area do tanque ´e constante, tem-se que
˙V (t) = A˙h(t).
Dependendo to tipo de escoamento, laminar ou turbulento, ´e poss´ıvel
estabelecer uma rela¸c˜ao entre a vaz˜ao na v´alvula de sa´ıda e o n´ıvel de l´ıquido
h(t). No caso de escoamento laminar, pode-se escrever que
qs(t) =
1
R
h(t),
onde R ´e uma constante restritiva, tamb´em chamada de “restri¸c˜ao”. Nota-se
a analogia com a lei de Ohm para circuitos el´etricos (potencial=resistˆencia
× corrente).
Estas equa¸c˜oes podem ser agrupadas, levando `a:
A˙h(t) = qe(t) −
1
R
h(t) ⇒ RA˙h(t) + h(t) = Rqe(t),
que caracteriza uma equa¸c˜ao diferencial de primeira ordem (sistema de pri-
meira ordem) que pode ser escrita na sua forma padr˜ao como
τ ˙h(t) + h(t) = γqe(t),
onde τ = RA ´e a constante de tempo e γ = R ´e o ganho est´atico.
Aplicando a transformada de Laplace (condi¸c˜oes iniciais nulas) chega-se
`a fun¸c˜ao de transferˆencia:
(τs + 1)H(s) = γQe(s) ⇒ H(s) =
γ
τs + 1
Qe(s).
Este modelo do tanque permite estudar dois comportamentos f´ısicos de
interesse: o esvaziamento e o enchimento.
• Esvaziamento do tanque. Seja a condi¸c˜ao homogˆenea em que a vaz˜ao
de entrada ´e nula, qe(t) = 0. A solu¸c˜ao homogˆenea para este sistema
de primeira ordem ´e
hh(t) = C1e
−t
τ ,
com C1 = h(0) o n´ıvel inicial do tanque.
• Solu¸c˜ao particular. Seja uma vaz˜ao de entrada constante qe(t) = η. A
solu¸c˜ao particular ´e tamb´em uma constante, ou seja,
hp(t) = C2.
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86. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
• Solu¸c˜ao completa. A solu¸c˜ao completa, que corresponde ao enchimento
do tanque, ser´a dada por
h(t) = hh(t) + hp(t) = C1e
−t
τ + C2.
Considere como condi¸c˜ao inicial que o tanque est´a vazio, h(0) = 0.
Logo,
h(0) = C1e
−0
τ + C2 = 0 ⇒ C1 = −C2 = C,
e portanto,
h(t) = C(1 − e
−t
τ ).
Substituindo este resultado na equa¸c˜ao diferencial, determina-se que
C = γη, e consequentemente escreve-se a solu¸c˜ao completa como
h(t) = γη(1 − e
−t
τ ).
12.2 Modelo instrumentado do sistema do tanque
O modelo desenvolvido anteriormente para o tanque precisa incorporar a
instrumenta¸c˜ao necess´aria para permitir o posterior controle de n´ıvel.
Sejam alguns dados num´ericos de interesse:
• ´area da se¸c˜ao transversal do tanque: A = 4π m2
;
• curso m´aximo das v´alvulas: 25 mm;
• constante de restri¸c˜ao: R = 140 s/m2
;
• m´axima altura do tanque: 4 m.
Com base nestes valores, a equa¸c˜ao diferencial do sistema ´e
1759˙h(t) + h(t) = 140qe(t).
Seja u(t) a posi¸c˜ao da v´alvula de entrada que determina a vaz˜ao de en-
trada qe(t). Deseja-se controlar o n´ıvel do tanque atrav´es da vaz˜ao de entrada.
Um esquema do problema ´e mostrado na Figura 66. Verifica-se que uma
posi¸c˜ao da v´alvula define uma vaz˜ao de entrada, que atuar´a no processo,
mudando o n´ıvel de l´ıquido, e este ser´a medido atrav´es de um sensor. Desta,
forma fica estabelecida uma rela¸c˜ao entre posi¸c˜ao da v´alvula u(t) e a altura
h(t).
A estrutura do sensor est´a esquematizada na Figura 67. Dada uma altura
h(t) tem-se uma press˜ao p(t), que se relaciona a um valor de resistˆencia
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87. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
u(t) h(t)
atuador processo sensor
Figura 66: Rela¸c˜ao entre deslocamento da v´alvula e n´ıvel do tanque.
h(t) Is(t)p(t) r(t)
prim´ario transdutor condicionador
Figura 67: Estrutura do sensor - rela¸c˜ao entre altura e corrente.
el´etrica r(t), que por sua vez determina uma corrente de sa´ıda do sensor
Is(t).
A rela¸c˜ao entre altura e press˜ao ´e dada por
p(t) = ρgh(t) =
1000 × 9.81
105
h(t) [bar],
onde se considerou que o l´ıquido ´e ´agua.
Tendo em mente que a altura m´axima do tanque ´e de 4m, verifica-se que
a press˜ao m´axima a ser medida ´e de 0.3924 bar, valor este que permite a
escolha de um sensor adequado.
Os elementos de transdu¸c˜ao e de condicionamento geralmente tˆem uma
faixa de opera¸c˜ao at´e 20mA. Neste caso, calcula-se o respectivo ganho asso-
ciado, ou seja,
0.3924 bar ←→ 20mA ⇒
20mA
0.3924 bar
= 50.968,
de forma que se escreve a rela¸c˜ao
Is(t) = 50.968p(t) = 50.968
9810
105
h(t) ⇒ Is(t) ∼= 5h(t).
A estrutura do atuador pode ser esquematizada conforme na Figura 68.
Uma v´alvula eletro-pneum´atica ´e adequada neste caso e transforma cor-
rente em press˜ao. Para uma faixa de opera¸c˜ao de 0 at´e 20mA tem-se a sa´ıda
de 0 at´e 6 bar, caracterizando um ganho dado por
6 bar
20mA
= 0.3 bar/mA,
ou seja,
p(t) = 0.3Ie(t).
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88. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
Ie(t) qe(t)p(t) u(t)
v´alvula conversor posi¸c˜ao-vaz˜ao
Figura 68: Estrutura do atuador - rela¸c˜ao entre corrente e vaz˜ao.
O conversor press˜ao-deslocamento est´a esquematizado na Figura 69. Verifica-
se, da condi¸c˜ao de equil´ıbrio, que
p × Adiafragma = Kmola × u ⇒ u =
Adiafragma
Kmola
p,
ou em termos num´ericos
u =
0.052
π
200000
p = 3.93 × 10−8
p.
Para uma press˜ao em bar e curso em mm escreve-se que
u(t) = 3.93p(t).
deslocamento u(t)
press˜ao p(t)
mola (200000N/m)
diafragma (φ100mm)
Figura 69: Esquema do conversor press˜ao-deslocamento.
O deslocamento da v´alvula est´a diretamente relacionado `a vaz˜ao de en-
trada como ilustrado na Figura 70. O curso da v´alvula ´e de 25mm para uma
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89. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
vaz˜ao de 10m3
/h. Portanto, pode-se escrever que
qe(t) =
10m3
/h
25mm
u(t) ⇒ qe(t) = 0.000111u(t),
para vaz˜ao em m3
/s e deslocamento em mm.
deslocamento u(t)
vaz˜ao qe(t)
Figura 70: Esquema da v´alvula deslocamento-vaz˜ao.
Conseq¨uentemente, ´e poss´ıvel relacionar a vaz˜ao de entrada `a corrente,
ou seja,
qe(t) = 0.000111u(t) = 0.000111×3.93×p(t) = 0.000111×3.93×0.3×Ie(t),
qe(t) = 0.0001309Ie(t).
Com as rela¸c˜oes desenvolvidas ´e poss´ıvel escrever a equa¸c˜ao diferencial
do tanque em termos das correntes de entrada e de sa´ıda, ou seja,
τ
˙Is
5
+
Is
5
= γ × 0.0001309Ie(t),
1759
˙Is
5
+
Is
5
= 140 × 0.0001309Ie(t),
1759 ˙Is + Is = 0.09163Ie(t),
que corresponde ao modelo instrumentado do tanque. Note que as seguintes
rela¸c˜oes s˜ao empregadas:
Is(t) ←→ h(t) e Ie(t) ←→ qe(t).
Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2009 89
90. Controle de Sistemas em Tempo Cont´ınuo
u(t)
qe1
qe1
qs2
h2
h2
h1
h1
planta 1 planta 2
qs1 = qe2
Figura 71: Esquema de dois tanques independentes.
12.3 Sistema de dois tanques independentes
Seja um sistema composto por dois tanques independentes conforme na Fi-
gura 71, cujo objetivo ´e controlar o n´ıvel h2.
Para o primeiro tanque ´e poss´ıvel escrever:
τ1
˙h1 + h1 = γ1qe1 ⇒ (τ1s + 1)H1 = γ1Qe1 ⇒ H1 =
γ1
τ1s + 1
Qe1.
Para o segundo tanque tem-se:
τ2
˙h2 + h2 = γ2qe2 ⇒ (τ2s + 1)H2 = γ2Qe2 ⇒ H2 =
γ2
τ2s + 1
Qe2.
A vaz˜ao de sa´ıda do primeiro tanque, que ´e a vaz˜ao de entrada do segundo
tanque, ´e:
qs1 =
1
R1
h1(t) = qe2 ⇒ Qe2 =
1
R
H1.
Substituindo este resultado na equa¸c˜ao do n´ıvel do segundo tanque tem-
se:
H2 =
γ2
τ2s + 1
1
R1
H1 ,
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