A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nos aponta que mais da metade dos brasileiros era de pretos ou pardos: 56,10%. As desigualdades podem ser verificadas em diversas estatísticas, contudo, elas são ainda mais gritantes quando se trata da mulher preta.
Pesquisa do IBGE revela que 63% das casas chefiadas por mulheres negras vivem abaixo da linha da pobreza no Brasil
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6. Por mais complexa e múltipla que seja a realidade
brasileira, alguns traços lamentavelmente fixos apontam com
clareza como nossa sociedade funciona – através de dados
objetivos e estatísticos. É isso que confirma a última Síntese dos
Indicadores Sociais do país. Realizada pelo IBGE, a pesquisa é
uma “Análise das Condições de Vida da População Brasileira”,
mas ela também acaba falando sobre racismo e, indiretamente,
sobre a própria história do país. É impossível, afinal, não pensar
em nosso passado quando a pesquisa revela que 63% das casas
chefiadas por mulheres negras no Brasil vivem abaixo da linha
da pobreza.
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8. A linha da pobreza, segundo o IBGE, se coloca sobre as
famílias que vivem com cerca de R$ 420,00 por mês. Espanta
saber que 25% de toda a população brasileira atualmente se
encontra nessa região econômica e social, mas mais ainda
quando a perspectiva se torna racial: enquanto 63% das famílias
comandadas por mulheres negras sem cônjuge e com filhos de
até 14 anos vivem com esse montante mensal, o mesmo recorte
cai para 39,6% abaixo da linha da pobreza para famílias sob o
comando de mulheres brancas. Ambos os números são
assustadoramente altos, mas a diferença é gritante.
9. As mulheres negras são historicamente o grupo social
mais prejudicado no Brasil, e essa perspectiva se intensifica
também entre as famílias que vivem, segundo o IBGE, abaixo da
linha da miséria – com renda menor que 1,9 dólar ao dia: 23,7%
entre as famílias de mulheres negras, contra 13,9% para as
mulheres brancas. Segundo a pesquisa, no Brasil vivem 7,8
milhões de pessoas em casas chefiadas por mulheres negras, e
3,6 milhões em casas de mulheres brancas. O recorte com menor
porcentagem abaixo da linha da pobreza, com somente 9%, é o de
casais sem filhos.