1. O documento discute a necessidade de uma transição para fontes de energia renováveis e sustentáveis, longe das opções de alto risco como a energia nuclear.
2. É proposta uma parceria entre a União Europeia e a América Latina para o desenvolvimento de uma "civilização pós-petróleo" baseada em energia limpa como o hidrogênio produzido a partir de fontes renováveis.
3. A transição energética deve preservar o meio ambiente e a biodiversidade, além de promover novos modelos de produção e
1. 1
Um Consenso Latino-americano
Enrique Ortega Rodríguez
Faculdade de Engenharia de Alimentos
Unicamp ortega@fea.unicamp.br
Ciência e Tecnologia na América Latina
A Universidade como promotora da Sustentabilidade
30 de julho de 2004
4. 4
Pulsos pequenos
(figuras adaptadas de texto
de Daniel E. Campbell, 2004)
Energia
1000
T = 1
1000
100
1000
10
10
1000
1000
1000
Acumulação
de recursos
Materiais
reciclados
Nível 1
Consumo de
recursos
0
4
8
12
16
20
0 400 800 1200 1600 2000 2400 2800 3200
Tempo
Emergia,
sej
Recursos dos acumuladores
Recursos dos consumidores
5. 5
Pulsos médios
Energia
10000
T = 1
10000
1000
10000
100
100
10000
10000
10000
Acumulação
de recursos
Materiais
reciclados
Nível 2
Consumo de
recursos 0
4
8
12
16
20
0 400 800 1200 1600 2000 2400 2800 3200
Tempo
Emergia,
sej
Recursos dos acumuladores
Recursos dos consumidores
6. 6
Pulsos grandes
0
4
8
12
16
20
0 400 800 1200 1600 2000 2400 2800 3200
Tempo
Emergia,
sej
Recursos dos acumuladores
Recursos dos consumidores
A
B
C D
Energia
100000
T = 1
100000
10000
100000
1000
1000
100000
100000
100000
Acumulação
de recursos
Materiais
reciclados
Nível 3
Consumo de
recursos
Etapa Produtores Consumidores
A Acumulação lenta Retorno
B Climax Consumo intenso
C Degradação Senescência
D Recomposição Hibernação ou ausencia
7. Sumidouro de Energia
Sistema da Biosfera
Fontes externas
de energia
(limitadas)
Etapa inicial de desenvolvimento humano
Produtores
Estoques da
biosfera:
atmosfera,
minerais,
sedimentos
Estoques
biológicos
Estoques
energéticos
fósseis
Consumidor
sustentável
Renováveis
anualmente
Minerais
Materiais
de fora
Saída de materiais
Renováveis
em centenas
ou milhares
de anos
Fluxos
Estoques
não- renováveis
Fluxos de energia e
materiais na Biosfera
8. Fontes externas
de energia
(limitadas)
Sumidouro de Energia
Sistema da Biosfera
Civilização urbana não industrial
Produtores
Estoques da
biosfera:
atmosfera,
minerais,
sedimentos
Estoques
biológicos
Estoques
energéticos
fósseis
Consumidor
sustentável
Renováveis
anualmente
Minerais
Materiais
de fora
Saída de materiais
Renováveis
em centenas
ou milhares
de anos
Consumidor
não- sustentável
Fluxos
Estoques
Fluxos de energia e
materiais na Biosfera
9. Fontes externas
de energia
(limitadas)
Sumidouro de Energia
Sistema da Biosfera
Civilização atual
Produtores
Estoques da
biosfera:
atmosfera,
minerais,
sedimentos
Estoques
biológicos
Estoques
energéticos
fósseis
Consumidor
sustentável
Renováveis
anualmente
Minerais
Materiais
de fora
Emissões
e
Resíduos
Saída de materiais
Renováveis
em centenas
ou milhares
de anos
Consumidor
não- sustentável
Fluxos
Estoques
Fluxos de energia e
materiais na Biosfera
10. Fontes externas
de energia
(limitadas)
Sumidouro de Energia
Sistema da Biosfera
Situação inicial do reajuste
Produtores
Estoques da
biosfera:
atmosfera,
minerais,
sedimentos
Estoques
biológicos
Energias
fósseis
Consumidor
sustentável
Renováveis
anualmente
Minerais
Materiais
de fora
Emissões
e
Resíduos
Saída de materiais
Não
Renováveis
Consumidor
não- sustentável
Fluxos
Estoques
decrescentes
Fluxos de energia e
materiais na Biosfera
Transferência de
pessoas e recursos
11. Tempo
Seres anaeróbicos e
aeróbicos, atmosfera
termo-regulada com O2
- 10 000
Desenvolvimento
Sustentável
De 0 até 4 bilhões
de anos da Terra
Gráfico das mudanças nos estoques da Biosfera
Biodiversidade,
imobilização
de Carbono
1500 2000 2100
Transição
Recuperação
dos
ecossistemas
Crescimento
humano em
detrimento de
outras espécies,
ainda sem uso
de energéticos
fósseis
Crescimento
industrial
Ajuste da
população e
mudança dos
sistemas de
produção e
consumo
opções
12. 12
Energia usada
(b) Caçadores e recoletores
Energia usada
(c) Economia Agraria
Meio ambiente
Recursos
energéticos
locais
Agricultura Indústria
Pessoas
nas urbes
Informação
Combustíveis
e minerais
(a) Modelo de ocupação do espaço
Energia usada
(d) Revolução Industrial
Energia usada
(e) Explosão Populacional
Energia usada
(f) Tormenta Global de Informações
Figura adaptada do livro
The Prosperous Way Down
de H.T. Odum & E.C. Odum (2001)
13. 13
Meio ambiente
Recursos
energéticos
locais
Agricultura Indústria
Pessoas
nas urbes
Informação
Combustíveis
e minerais
Modelo de ocupação do espaço
Figura adaptada do livro
The Prosperous Way Down
de H.T. Odum & E.C. Odum (2001)
Caçadores
e recoletores
Economia
Agraria
Revolução
Industrial
Explosão
Populacional
Tormenta
Global de
Informações
15. 15
Meio ambiente
Recursos
energéticos
locais
Agricultura Indústria
Pessoas
nas urbes
Informação
Combustíveis
e minerais
Modelo de ocupação do espaço
Figura adaptada do livro
The Prosperous Way Down
de H.T. Odum & E.C. Odum (2001)
População e bens
Tempo
Transição ao sistema sustentável
Sistemas rurais
agroecológicos
Sistemas urbanos com
base no petróleo
16. 16
Situação atual
A atmosfera foi danificada, a biodiversidade está
sendo extinta, os recursos hídricos foram
exauridos. Existe excesso populacional em muitas
regiões. As mudanças climáticas podem ser
catastróficas!
Esta na hora de questionar o modelo de
desenvolvimento atual! ... E propor alternativas!
17. 17
Alternativas consideradas
O conhecimento da situação da Biosfera e dos
enormes desafios sociais motivam grupos a se
organizar para discutir alternativas.
Nos últimos meses, a Unicamp foi sede de muitos
encontros para discutir o futuro.
Colocarei aqui as Conclusões do IV Workshop
Internacional sobe Estudos Avançados em Energia.
19. 19
Um outro consenso, além do de
Washington, é possível!
O Comitê Organizador do Workshop “Advances in
Energy Studies” promoveu um seminário no Brasil e
também participou de um encontro na Itália sobre a
Civilização do Hidrogênio, ambos realizados em
fevereiro de 2004, para obter subsídios para redigir
sugestões que foram oferecidas aos participantes
para facilitar a obtenção das conclusões do
Workshop. O texto tomou muitas idéias de Porfírio
Muñoz Ledo, o redator das conclusões do evento
realizado na Itália.
20. 20
EM BUSCA DE UM CONSENSO LATINOAMERICAN0
Auto-organização da
sociedade a procura do
Desenvolvimento Sustentável
Conclusões preliminares do
Workshop Internacional Estudos
Avançados em Energia.
Unicamp 16-19 junho 2004.
21. 21
1. Esgotamento de recursos
Perante o esgotamento do petróleo em um prazo
curto de tempo, torna-se imprescindível contar
com fontes de energia renováveis que:
(a) não produzam danos irreversíveis à natureza
(b) não possam ser monopolizadas.
22. 22
2. Descartar as opções de alto risco
Descartadas a fissão nuclear pelo perigo das
suas instalações e resíduos e a fusão nuclear
pelo custo e pela incerteza de suas
tecnologias, as energias renováveis aparecem
como a opção viável para conseguir o acesso a
um novo patamar de civilização, na qual a
União Européia e América Latina poderiam
assumir um papel condutor de primeira ordem.
23. 23
3. Fim do petróleo
Se o petróleo abriu caminho e sustentou uma
das etapas mais inovadoras para o progresso
da humanidade e o desenvolvimento das
nações, também é notável seu impacto
negativo na Biosfera e no desequilíbrio da
sociedade mundial.
24. 24
4. Preservação do patrimônio natural
A conservação do patrimônio natural é sem
dúvida um dos valores centrais que o
homem deve defender e promover.
A transição energética deverá ter como
perspectiva a recuperação da biodiversidade
e a qualidade ambiental.
25. 25
5. Civilização Pós-Petróleo
Um projeto mundial visando a civilização
pós-petróleo, se afirmar o direito a energia,
abriria o caminho de uma nova ética social
objetiva que permitiria a democratização não
somente da energia, mais a gestação de um
modelo econômico e social destinado a saldar
as diferenças históricas entre o Norte e o Sul.
26. 26
6. Projeto energético do futuro
Pensa-se em um amplo projeto de colaboração
com conseqüências econômicas importantes,
com uma estratégia que aborde a produção, o
transporte, a distribuição e o uso das novas
fontes de energia. Também, devem-se
considerar as etapas necessárias para eliminar
as barreiras sócio-econômicas, tecnológicas,
políticas e culturais.
27. 27
7. Visão de longo-prazo
Europa e América Latina podem se
comprometer tendo como marco de referência
uma visão de longo prazo, para estabelecer um
sistema adequado de investigação e um plano
de ação que permita o acesso conjunto a uma
nova civilização pós-petróleo. Esse marco
poderia integrar os esforços similares de outras
regiões do planeta.
28. 28
8. Novos modelos de produção e consumo
Agricultura ecológica;
Recuperação da biodiversidade para obter nutrientes
do solo, recuperar a água do subsolo e serviços
biológicos;
Reciclagem de nutrientes após uso urbano;
Produção de biomassa para diversos fins;
Aproveitamento da força do sol e do vento como fontes
de energia.
29. 29
9. O papel do hidrogênio
O hidrogênio pode ser uma energia renovável
de alta qualidade porém sempre dentro de uma
base energética renovável diversificada.
Um acordo entre a União Européia e a América
Latina deve considerar que existe o hidrogênio
“verde” que usa fontes de energia renováveis.
Também existe o hidrogênio “negro” que usa
energia fóssil.
30. 30
10. Energia limpa
O projeto europeu de hidrogênio assume hoje
um compromisso com um conceito renovado
de mundo e de relações democráticas. Através
da produção de energia limpa e tendo o cuidado
devido com os resíduos este vetor energético
seria posto a serviço de um desenvolvimento
mais sustentável e a humanidade poderá entrar
na Civilização Pós-Petróleo.
31. 31
11. Condições para ser uma utopia real
Longe de converter-se em uma utopia “a
Economia do Hidrogênio”, uma boa idéia
proposta por Jeremy Rifkin, pode constituir-se
em uma enorme falácia se não considerar o
contexto social dos países do terceiro mundo,
onde prevalecem as desigualdades econômicas
e sociais, que mantêm a maioria da população
desprovida de uma vida digna.
32. 32
12. Mudanças sociais e culturais
Não se conseguirá melhorar as estruturas
econômicas, políticas e sociais da América
Latina se considerarmos apenas um fator de
mudança: a tecnologia.
A transformação das estruturas sociais e
culturais (internas e externas) é o fator
limitante.
33. 33
13. Interesses prioritários
É necessário que o ser humano consiga
estabelecer um relacionamento harmônico com
seu meio, antepondo a dignidade humana e o
respeito pela Terra aos interesses econômicos.
O poder de empresas e governos centrais (grupos
relativamente pequenos) causa um enorme dano
a Biosfera e amplia o abismo entre pessoas e
países.
34. 34
14. Urgem estudos!
Um alerta importante é feito aqui para impedir
a imposição de um modelo tecnológico (mesmo
que seja ecológico) sem estudos de boa
qualidade e sem que a população conheça,
discuta e absorva os novos paradigmas
culturais e os novos compromissos sociais.
35. 35
15. Cuidados especiais
Um modelo “dito alternativo” sem estudos
suficientes e sem discussão ampla pode gerar
maiores problemas que os que se propõe
solucionar. Pois inadvertidamente se estaria
contribuindo ao fortalecimento dos grupos
hegemônicos que sempre tiveram acesso à
tecnologia para explorar recursos e populações.
36. 36
16. Inovações locais prioritárias:
(a) Sistemas agrosilvipastoris ecológicos;
(b) Mini-usinas de álcool com co-geração de
eletricidade e alimentos;
(c) Novos métodos de contabilidade de empresas
que levem em conta as contribuições da
natureza e as externalidades negativas;
37. 37
17. As inovações estão surgindo.
(d) Certificação da qualidade, da sustentabilidade e
da intensidade de uso de energia não-renovável
de matérias-primas agropecuárias agrícolas e
produtos industriais;
(e) Métodos de análise emergética de propriedades
rurais em bacias hidrográficas;
(f) Novos indicadores e métodos de apresentação do
desempenho ecológico-energético;
38. 38
18. Apoio as inovações locais.
(g) Modelagem e simulação de ecossistemas;
(h) Represas permeáveis para otimizar o
aproveitamento da chuva no semi-árido;
(i) Bases científicas para o manejo sustentável
da floresta Amazônica; etc.
39. 39
19. Problemas e enfoques do Hemisfério Sul
j) Sistemas super-intensivos de produção de
carne de suínos no Sul do Brasil;
k) Discussão das idéias dos pequenos
agricultores e dos sindicatos perante as
questões do meio ambiente e a energia;
40. 40
20. Problemas do Hemisfério Sul:
l) Discussão da dívida social e a inclusão social no
novo desenvolvimento;
m) Análise do impacto dos transgênicos na Argentina
e no Brasil, uma tecnologia imposta pelo lobby da
Monsanto, a revelia dos interesses dos
agricultores familiares ecológicos comprometidos
com o Desenvolvimento Sustentável.
41. 41
21. Estudos do Hemisfério Norte:
o) A descentralização planejada de sistemas
urbanos (ruralização ecológica);
p) Bases metodológicas para discussão de preços
nos mercados comuns;
q) Novas disciplinas científicas para abordar as
questões da Sustentabilidade;
42. 42
22. Estudos do Hemisfério Norte:
r) Estudos do impacto social e ambiental das
células de combustível;
s) Dependência do crescimento econômico no
petróleo;
t) Caminhos suaves para a transição ao
Desenvolvimento Sustentável.
43. 43
Nossa visão do futuro: Interações
Interessa interagir em torno de projetos prioritários,
por meio de redes de pesquisa e apoio.
Interessa oferecer esclarecimentos a sociedade.
Interessa discutir possibilidades de parceria com os
movimentos sociais, as escolas de ensino médio e
as universidades, o governo e empresas
interessadas na perspectiva apresentada.
44. 44
Em resumo: Buscar a Auto-suficiência
O grupo reunido no Workshop de Campinas
considerou importante concentrar esforços em
projetos rurais de auto-suficiência energética e
alimentar, estratégicos em ambos hemisférios.
O desenvolvimento sustentável para ser viável
deve ocorrer nos dois hemisférios ao mesmo
tempo! Unindo esforços das populações
interessadas. Devem se unir as redes com
propostas convergentes!
46. 46
Contatos futuros: via páginas web!
Laboratório de Engenharia Ecológica da
FEA/Unicamp:
http://www.unicamp.br/fea/ortega/
Workshop Advances in Energy Studies:
http://www.fea.unicamp.br/energy/
http://www.chim.unisi.it/portovenere/