1. A Ilha
A Ilha sempre significou a fuga.
A fuga da família, a fuga dos amigos, a fuga das responsabilidades.
A Ilha ao mesmo tempo que era o refúgio era a diversão.
Agora, a Ilha será a moradia.
Longe da família, amigos e responsabilidades.
Longe de tudo e de todos e perto daqueles que a visitam.
Cada final de semana a Ilha de enche de novos visitantes que não o conhecem.
Quem sabe se um desses não o tira de lá?
Quem sabe se um deles não se torna amigo?
A Ilha, tão perto e tão longe.
O mais difícil será a adaptação. Sim, porque a Ilha não aceita estanhos.
A Ilha cobra...
A Ilha pouco retribui.
Sobram as compensações.
Será que a Ilha conseguirá mudar cabeças?
Será que a Ilha conseguirá incutir responsabilidades?
Será que a Ilha conseguirá mudar a criança em homem?
Será que a Ilha passará a ser a moradia?
Espero, filho, que além da bela vista você tenha uma bela vida.
Não aquela vida de papo pro ar em uma rede presa a coqueiros.
Uma vida nova, de responsabilidades.
Uma nova vida cheia de esperanças.
Esperanças que um dia se transformarão em realidade.
Antonio Fernando Navarro, A Ilha / 31/08/12