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Copyright © 2017 Aurélio Simões
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser
copiada ou reproduzida sem a prévia autorização. Esta é uma obra de
ficção. Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.
Capa e diagramação
Denis Lenzi
Revisão
Iris Figueiredo
DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLI-
CAÇÃO (CIP)
Carla Lopes Ferreira (Bibliotecária CRB1-2960)
S593s
Simões, Aurélio
Segredos sombrios / Aurélio Simões. – Rio de Janeiro, RJ:
[s.n.], 2017.
282 p.; 14x21cm.
ISBN:978-85-910966-2-6 
1.	 Literatura Brasileira.2. Ficção Policial. 3. Investigação
Policial.4. Romance Policial. 5. Literatura Contemporânea. I Título.
CDU 821.134.3(81)
CDD 869.93
AGRADECIMENTOS
É quase impossível escolher as palavras certas para definir
o quanto é maravilhoso finalizar uma obra. É um momento
mágico, uma coisa fascinante, uma alegria infinita. No entanto,
todo esse êxtase não seria possível senão fosse a ajuda de pessoas
que considero muito especiais.
Agradeço aos meus betas Marlon, Wesley e Evandro – muito
obrigado pelas sugestões. Ao meu capista e diagramador Denis
Lenzi, pelo trabalho incrível. À Iris Figueiredo, pela revisão do
texto. Ao meu tradutor, Carmel, por me ajudar no Espanhol.
Por fim, agradeço a todos os meus familiares e amigos que me
ajudaram a concluir esse trabalho tão especial para mim. Amo
todos vocês!
Dedico este livro a Cleber Marcondes.
Um amigo que se foi, mas me ensinou uma das coisas mais
importantes da vida: a eterna alegria de viver.
8
9
PARTE I
A I N V E S T I G A Ç Ã O
PARTE I
A I N V E S T I G A Ç Ã O
Passivo solitário: Já chegou?
Ativo sem local: Tô no caminho.
Passivo solitário: Blz.
Ativo sem local: Já tá no bar?
Passivo solitário: Entrando agora.
Ativo sem local: Como tá aí?
Passivo solitário: Vazio.
Ativo sem local: Nenhum cliente?
Passivo solitário: Se tiver, tá dentro das cabines.
Ativo sem local: Blz. Entra na última cabine do corredor.
Me espera lá.
Passivo solitário: Ok.
P
atrick Maia guardou o celular no bolso do short, entrou na
cabine e trancou a porta. O local era apertado e escuro. A
única iluminação era de um monitor de vídeo acoplado à
parede, que exibia um pornô gay. Era uma cena de fist fucking1
,
algo que ele não gostava, então se dirigiu ao painel do monitor
de vídeo para tentar trocar o filme. Havia dois botões. Apertou
ambos e nada. Decidiu não olhar mais para a cena. Ouviu passos
próximos. Olhou entre a fresta da porta e percebeu alguém em
frente. No entanto, não era quem havia cogitado. A pessoa era
negra, corpulenta, muito diferente do corpo de quem esperava.
1 Fist fucking é uma prática sexual que envolve a inserção da mão ou antebraço na
vagina ou no ânus.
1
11
12
Retirou o celular do bolso e selecionou o ícone do aplicativo
Hornet. Após abri-lo, percebeu que não tinha recebido nenhuma
mensagem nova. Teclou no perfil da pessoa que havia conversado
há pouco e digitou:
Passivo solitário: Kd vc?
Ativo sem local: Eu tô aqui já. Mas quando ia te encontrar,
tinha uma bicha gorda aí na frente.
Passivo solitário: Ah, tá. Kkk. Deixa eu ver se ela ainda tá
aqui.
Ativo sem local:Blz.
Passivo solitário: Acabei de olhar. Não tá aqui mais não.
Ativo sem local: Blz. Tô indo.
Quem Patrick aguardava se aproximava. A pessoa corpu-
lenta a quem ele se referira estava na cabine ao lado, com a porta
fechada, e ouviu os passos. Imediatamente, olhou para a fresta da
porta a fim de saber se o cliente que havia entrado interessava a
ele. Assustou-se. A pessoa usava uma sombria máscara branca. O
coração do homem corpulento começou a bater aceleradamente
ao avistar o mascarado segurando uma faca pontiaguda. O medo
agora dominava todo o seu corpo e mente. Algo muito errado
iria acontecer ali. Não sabia o que fazer; estava apavorado demais
para pensar em algo. Ouviu quando o mascarado bateu duas
vezes na porta ao lado e ela se abriu.
Antes que Patrick pudesse entender o que estava aconte-
cendo, a faca pontiaguda foi fincada duas vezes em seu abdômen.
O corpo ensanguentado de Patrick tombou para a frente, batendo
na lateral da cabine. O assassino olhou a última vez para a vítima
que, aos poucos, se despedia da vida. Após, saiu às pressas.
O rapaz na cabine ao lado avistou, pela fresta da porta, o
assassino partir. Esperou mais alguns segundos, saiu do cômodo
13
e andou o mais rápido que podia em direção à saída. Avistou o
recepcionista do local. Pelo semblante de pavor que o cliente
demonstrou, percebeu que havia acontecido algo muito grave.
No entanto, mal teve tempo de fazer ou dizer alguma coisa. Na
mesma hora, pegou a lanterna na recepção e dirigiu-se apressa-
damente ao corredor da casa. Na última cabine, encontrou o
problema. Havia um belo rapaz de 22 anos, outrora repleto de
vida, que fora sentenciado pela morte.
14
UMA SEMANA DEPOIS. 12 DE ABRIL DE 2016.
V
inícius olhou para o anúncio do jornal que segurava e
confirmou a numeração do prédio à sua frente. Deveria
se dirigir ao terceiro andar, sala 303. Entrou e logo
percebeu a decadência do prédio. Chão sujo, paredes descas-
cando, elevador desativado. Teria que subir as escadas. Chegou
ao terceiro andar. Trezentos e cinco, 304, 303. Parou em frente.
A porta estava aberta e havia um homem alto, branco, de uns
trinta e poucos anos sentado à cadeira, barba por fazer, mexendo
no celular com os pés apoiados na mesa. Antes de perguntar
qualquer coisa, Vinícius olhou para a porta, checando se havia
alguma identificação sobre a sala. Não havia nada. Quando
estava prestes a fazer uma pergunta, o homem, sem tirar os olhos
do celular e mantendo a mesma postura, disse:
— É, eu sei que deveria ter uma placa aí dizendo “detetive
particular”, mas não tem. E pra falar a verdade, não tô muito a
fim de colocar, não. É o que está procurando ou bateu na sala
errada?
Em outra hora, Vinícius teria virado as costas não se dando
ao trabalho de responder àquele homem rude e sem nenhuma
educação. No entanto, o momento pedia calma e controle; preci-
sava dos serviços daquele profissional. Decidiu dar uma segunda
chance após a péssima primeira impressão:
— Sim, é o que estou procurando.
2
Ítalo encarou Vinícius, retirou os pés da mesa, apontou para
a cadeira à sua frente e disse:
— Pois então sente-se pra gente conversar.
Desde que entrara, Vinícius havia reparado no péssimo
aspecto da sala, condizente com o prédio em que estava. Uma
porta capenga de madeira, chão sujo, parede com mofo, uma
mesa velha. Vinícius cogitou alguns segundos se deveria ou não se
sentar naquela cadeira pouco convidativa. Porém, estava disposto
a dar uma terceira chance ao detetive. Ajeitou-se desconfortavel-
mente no assento, olhou para a porta e pediu:
— Pode encostar a porta, por favor?
Quando o cliente pede para encostar a porta, é porque o negócio
é complicado. Será que é mais um corno tomando chifre da mulher?,
pensou Ítalo, enquanto atendia ao pedido.
Após Ítalo se sentar em sua cadeira, Vinícius então começou:
— É a primeira vez que eu procuro um detetive. Nem sei
como funciona. Eu nem sabia como procurar um. Eu encontrei
o seu anúncio folheando o jornal.
O que me interessa saber isso, cara? Desembucha logo, pensou
Ítalo ficando entediado.
— E o que quer investigar, senhor…?
— Vinícius.
— Pois então. — Ítalo fez um gesto com as mãos para que
Vinícius continuasse a história.
— Bom, há uma semana atrás eu… recebi a péssima notícia
do assassinato do meu irmão.
Vinícius olhou para o detetive buscando ao menos uma
ponta de sentimento nele. Não encontrou. Ítalo continuou enca-
rando-o friamente. Vinícius continuou:
— Meu irmão, Patrick, de 22 anos, foi brutalmente assas-
sinado.
— Onde?
15
16
Vinícius levou mais do que o esperado para responder. A
resposta era demasiadamente constrangedora:
— É difícil de explicar. Ele… meu irmão era gay e frequen-
tava bares para esse público. Mas esse onde ele foi assassinado
não era um bar gay comum, entende?
Ítalo fechou a cara, sem gostar muito dos rumos da conversa.
Quis logo saber o que o cliente pretendia dizer:
— Como assim não era um “bar gay comum”?
Vinícius remexeu-se na cadeira e respondeu:
— Bom… é que nesse bar há cabines onde os clientes fazem
sexo. Lá é um lugar para encontros sexuais.
— Já ouvi falar de lugares assim. É um bar disfarçado de
puteiro. Não é isso?
Vinícius não havia gostado da descrição hostil. Conten-
tou-se a responder:
— É. Pode-se dizer que sim.
— Você disse que o assassinato tem uma semana. Então a
polícia provavelmente ainda está investigando. Não acredita que
eles consigam pegar o assassino?
Com a pergunta, Vinícius reforçou o que já havia cogitado.
Aquele assunto havia incomodado o detetive. Estava visível
que ele não gostaria de investigar um caso como aquele, envol-
vendo um homem gay. Porém, mesmo percebendo isso, arriscou
responder:
— A polícia está investigando. Mas não acredito que eles vão
se empenhar no caso. Meu irmão vai ser mais um gay assassinado
no Rio de Janeiro. Não vai dar em nada. Sei como é isso.
Ítalo franziu a testa ao ouvir “sei como é isso” e, curioso,
perguntou:
— Como assim sei como é isso?
Vinícius encarou o detetive e respondeu:
— Também sou homossexual, detetive.
17
Aquela resposta surpreendeu a Ítalo. Olhou imediatamente
para Vinícius, dessa vez avaliando-o. Vinícius era um homem
magro, branco, de no máximo trinta anos, cabelo curto, que
vestia calca jeans e uma blusa polo. Nenhum trejeito afeminado
ou nada que evidenciasse que ele era gay. Um homem que Ítalo
poderia considerar bonito, senão fosse o seu machismo e homo-
fobia. Homens como Ítalo, no máximo, diriam que Vinícius era
um cara “boa pinta”.
Após o avaliar durante alguns segundos, Ítalo deu uma
resposta completamente desnecessária:
— Você não parece gay.
— E de que modo um gay deve parecer? — perguntou
Vinícius, já irritado.
Sem graça, Ítalo pôs a mão na boca, tossiu e fugiu do assunto:
— Essa coisa de assassinato não é muito a minha praia.
Vamos fazer assim: eu vou pegar o seu contato e falar com um
amigo detetive que atua mais nessa área. Ele vai poder te ajudar
melhor do que eu.
Vinícius havia desistido de tentar. Entendeu, enfim, que
o detetive não queria ajudá-lo por puro preconceito. Resolveu
informar o contato e finalizar logo aquele encontro que não
daria em nada.
Ítalo anotou o número em um pedaço de papel e depois
disse:
— Está anotado.
Vinícius se levantou, deu uma olhada no detetive querendo
dizer “você é um tremendo imbecil”, despediu-se e foi embora.
Assim que o cliente bateu a porta, Ítalo pegou o pedaço de
papel com o contato e jogou no lixo.

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Justiça para meu irmão

  • 1.
  • 2.
  • 3.
  • 4. Copyright © 2017 Aurélio Simões Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser copiada ou reproduzida sem a prévia autorização. Esta é uma obra de ficção. Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência. Capa e diagramação Denis Lenzi Revisão Iris Figueiredo DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLI- CAÇÃO (CIP) Carla Lopes Ferreira (Bibliotecária CRB1-2960) S593s Simões, Aurélio Segredos sombrios / Aurélio Simões. – Rio de Janeiro, RJ: [s.n.], 2017. 282 p.; 14x21cm. ISBN:978-85-910966-2-6  1. Literatura Brasileira.2. Ficção Policial. 3. Investigação Policial.4. Romance Policial. 5. Literatura Contemporânea. I Título. CDU 821.134.3(81) CDD 869.93
  • 5. AGRADECIMENTOS É quase impossível escolher as palavras certas para definir o quanto é maravilhoso finalizar uma obra. É um momento mágico, uma coisa fascinante, uma alegria infinita. No entanto, todo esse êxtase não seria possível senão fosse a ajuda de pessoas que considero muito especiais. Agradeço aos meus betas Marlon, Wesley e Evandro – muito obrigado pelas sugestões. Ao meu capista e diagramador Denis Lenzi, pelo trabalho incrível. À Iris Figueiredo, pela revisão do texto. Ao meu tradutor, Carmel, por me ajudar no Espanhol. Por fim, agradeço a todos os meus familiares e amigos que me ajudaram a concluir esse trabalho tão especial para mim. Amo todos vocês!
  • 6.
  • 7. Dedico este livro a Cleber Marcondes. Um amigo que se foi, mas me ensinou uma das coisas mais importantes da vida: a eterna alegria de viver.
  • 8. 8
  • 9. 9 PARTE I A I N V E S T I G A Ç Ã O PARTE I A I N V E S T I G A Ç Ã O
  • 10.
  • 11. Passivo solitário: Já chegou? Ativo sem local: Tô no caminho. Passivo solitário: Blz. Ativo sem local: Já tá no bar? Passivo solitário: Entrando agora. Ativo sem local: Como tá aí? Passivo solitário: Vazio. Ativo sem local: Nenhum cliente? Passivo solitário: Se tiver, tá dentro das cabines. Ativo sem local: Blz. Entra na última cabine do corredor. Me espera lá. Passivo solitário: Ok. P atrick Maia guardou o celular no bolso do short, entrou na cabine e trancou a porta. O local era apertado e escuro. A única iluminação era de um monitor de vídeo acoplado à parede, que exibia um pornô gay. Era uma cena de fist fucking1 , algo que ele não gostava, então se dirigiu ao painel do monitor de vídeo para tentar trocar o filme. Havia dois botões. Apertou ambos e nada. Decidiu não olhar mais para a cena. Ouviu passos próximos. Olhou entre a fresta da porta e percebeu alguém em frente. No entanto, não era quem havia cogitado. A pessoa era negra, corpulenta, muito diferente do corpo de quem esperava. 1 Fist fucking é uma prática sexual que envolve a inserção da mão ou antebraço na vagina ou no ânus. 1 11
  • 12. 12 Retirou o celular do bolso e selecionou o ícone do aplicativo Hornet. Após abri-lo, percebeu que não tinha recebido nenhuma mensagem nova. Teclou no perfil da pessoa que havia conversado há pouco e digitou: Passivo solitário: Kd vc? Ativo sem local: Eu tô aqui já. Mas quando ia te encontrar, tinha uma bicha gorda aí na frente. Passivo solitário: Ah, tá. Kkk. Deixa eu ver se ela ainda tá aqui. Ativo sem local:Blz. Passivo solitário: Acabei de olhar. Não tá aqui mais não. Ativo sem local: Blz. Tô indo. Quem Patrick aguardava se aproximava. A pessoa corpu- lenta a quem ele se referira estava na cabine ao lado, com a porta fechada, e ouviu os passos. Imediatamente, olhou para a fresta da porta a fim de saber se o cliente que havia entrado interessava a ele. Assustou-se. A pessoa usava uma sombria máscara branca. O coração do homem corpulento começou a bater aceleradamente ao avistar o mascarado segurando uma faca pontiaguda. O medo agora dominava todo o seu corpo e mente. Algo muito errado iria acontecer ali. Não sabia o que fazer; estava apavorado demais para pensar em algo. Ouviu quando o mascarado bateu duas vezes na porta ao lado e ela se abriu. Antes que Patrick pudesse entender o que estava aconte- cendo, a faca pontiaguda foi fincada duas vezes em seu abdômen. O corpo ensanguentado de Patrick tombou para a frente, batendo na lateral da cabine. O assassino olhou a última vez para a vítima que, aos poucos, se despedia da vida. Após, saiu às pressas. O rapaz na cabine ao lado avistou, pela fresta da porta, o assassino partir. Esperou mais alguns segundos, saiu do cômodo
  • 13. 13 e andou o mais rápido que podia em direção à saída. Avistou o recepcionista do local. Pelo semblante de pavor que o cliente demonstrou, percebeu que havia acontecido algo muito grave. No entanto, mal teve tempo de fazer ou dizer alguma coisa. Na mesma hora, pegou a lanterna na recepção e dirigiu-se apressa- damente ao corredor da casa. Na última cabine, encontrou o problema. Havia um belo rapaz de 22 anos, outrora repleto de vida, que fora sentenciado pela morte.
  • 14. 14 UMA SEMANA DEPOIS. 12 DE ABRIL DE 2016. V inícius olhou para o anúncio do jornal que segurava e confirmou a numeração do prédio à sua frente. Deveria se dirigir ao terceiro andar, sala 303. Entrou e logo percebeu a decadência do prédio. Chão sujo, paredes descas- cando, elevador desativado. Teria que subir as escadas. Chegou ao terceiro andar. Trezentos e cinco, 304, 303. Parou em frente. A porta estava aberta e havia um homem alto, branco, de uns trinta e poucos anos sentado à cadeira, barba por fazer, mexendo no celular com os pés apoiados na mesa. Antes de perguntar qualquer coisa, Vinícius olhou para a porta, checando se havia alguma identificação sobre a sala. Não havia nada. Quando estava prestes a fazer uma pergunta, o homem, sem tirar os olhos do celular e mantendo a mesma postura, disse: — É, eu sei que deveria ter uma placa aí dizendo “detetive particular”, mas não tem. E pra falar a verdade, não tô muito a fim de colocar, não. É o que está procurando ou bateu na sala errada? Em outra hora, Vinícius teria virado as costas não se dando ao trabalho de responder àquele homem rude e sem nenhuma educação. No entanto, o momento pedia calma e controle; preci- sava dos serviços daquele profissional. Decidiu dar uma segunda chance após a péssima primeira impressão: — Sim, é o que estou procurando. 2
  • 15. Ítalo encarou Vinícius, retirou os pés da mesa, apontou para a cadeira à sua frente e disse: — Pois então sente-se pra gente conversar. Desde que entrara, Vinícius havia reparado no péssimo aspecto da sala, condizente com o prédio em que estava. Uma porta capenga de madeira, chão sujo, parede com mofo, uma mesa velha. Vinícius cogitou alguns segundos se deveria ou não se sentar naquela cadeira pouco convidativa. Porém, estava disposto a dar uma terceira chance ao detetive. Ajeitou-se desconfortavel- mente no assento, olhou para a porta e pediu: — Pode encostar a porta, por favor? Quando o cliente pede para encostar a porta, é porque o negócio é complicado. Será que é mais um corno tomando chifre da mulher?, pensou Ítalo, enquanto atendia ao pedido. Após Ítalo se sentar em sua cadeira, Vinícius então começou: — É a primeira vez que eu procuro um detetive. Nem sei como funciona. Eu nem sabia como procurar um. Eu encontrei o seu anúncio folheando o jornal. O que me interessa saber isso, cara? Desembucha logo, pensou Ítalo ficando entediado. — E o que quer investigar, senhor…? — Vinícius. — Pois então. — Ítalo fez um gesto com as mãos para que Vinícius continuasse a história. — Bom, há uma semana atrás eu… recebi a péssima notícia do assassinato do meu irmão. Vinícius olhou para o detetive buscando ao menos uma ponta de sentimento nele. Não encontrou. Ítalo continuou enca- rando-o friamente. Vinícius continuou: — Meu irmão, Patrick, de 22 anos, foi brutalmente assas- sinado. — Onde? 15
  • 16. 16 Vinícius levou mais do que o esperado para responder. A resposta era demasiadamente constrangedora: — É difícil de explicar. Ele… meu irmão era gay e frequen- tava bares para esse público. Mas esse onde ele foi assassinado não era um bar gay comum, entende? Ítalo fechou a cara, sem gostar muito dos rumos da conversa. Quis logo saber o que o cliente pretendia dizer: — Como assim não era um “bar gay comum”? Vinícius remexeu-se na cadeira e respondeu: — Bom… é que nesse bar há cabines onde os clientes fazem sexo. Lá é um lugar para encontros sexuais. — Já ouvi falar de lugares assim. É um bar disfarçado de puteiro. Não é isso? Vinícius não havia gostado da descrição hostil. Conten- tou-se a responder: — É. Pode-se dizer que sim. — Você disse que o assassinato tem uma semana. Então a polícia provavelmente ainda está investigando. Não acredita que eles consigam pegar o assassino? Com a pergunta, Vinícius reforçou o que já havia cogitado. Aquele assunto havia incomodado o detetive. Estava visível que ele não gostaria de investigar um caso como aquele, envol- vendo um homem gay. Porém, mesmo percebendo isso, arriscou responder: — A polícia está investigando. Mas não acredito que eles vão se empenhar no caso. Meu irmão vai ser mais um gay assassinado no Rio de Janeiro. Não vai dar em nada. Sei como é isso. Ítalo franziu a testa ao ouvir “sei como é isso” e, curioso, perguntou: — Como assim sei como é isso? Vinícius encarou o detetive e respondeu: — Também sou homossexual, detetive.
  • 17. 17 Aquela resposta surpreendeu a Ítalo. Olhou imediatamente para Vinícius, dessa vez avaliando-o. Vinícius era um homem magro, branco, de no máximo trinta anos, cabelo curto, que vestia calca jeans e uma blusa polo. Nenhum trejeito afeminado ou nada que evidenciasse que ele era gay. Um homem que Ítalo poderia considerar bonito, senão fosse o seu machismo e homo- fobia. Homens como Ítalo, no máximo, diriam que Vinícius era um cara “boa pinta”. Após o avaliar durante alguns segundos, Ítalo deu uma resposta completamente desnecessária: — Você não parece gay. — E de que modo um gay deve parecer? — perguntou Vinícius, já irritado. Sem graça, Ítalo pôs a mão na boca, tossiu e fugiu do assunto: — Essa coisa de assassinato não é muito a minha praia. Vamos fazer assim: eu vou pegar o seu contato e falar com um amigo detetive que atua mais nessa área. Ele vai poder te ajudar melhor do que eu. Vinícius havia desistido de tentar. Entendeu, enfim, que o detetive não queria ajudá-lo por puro preconceito. Resolveu informar o contato e finalizar logo aquele encontro que não daria em nada. Ítalo anotou o número em um pedaço de papel e depois disse: — Está anotado. Vinícius se levantou, deu uma olhada no detetive querendo dizer “você é um tremendo imbecil”, despediu-se e foi embora. Assim que o cliente bateu a porta, Ítalo pegou o pedaço de papel com o contato e jogou no lixo.