O documento introduz os conceitos fundamentais da biogeografia, definindo-a como a ciência que estuda a distribuição dos seres vivos no espaço e tempo. Apresenta as divisões da biogeografia em ecológica e histórica, e discute as dificuldades em inferir processos passados com base em evidências contemporâneas. Destaca o papel fundamental de Leon Croizat na biogeografia vicariante e como a deriva continental ajuda a explicar padrões de distribuição.
2. Segundo Brown e Lomolino (2006) aSegundo Brown e Lomolino (2006) a
Biogeografia é a ciência que:Biogeografia é a ciência que:
Biogeografia é a área da ciência biológicaBiogeografia é a área da ciência biológica
que estuda a distribuição dos seres vivos noque estuda a distribuição dos seres vivos no
espaço e através do tempo. Assim, estuda-espaço e através do tempo. Assim, estuda-
se a distribuição da vida com base em suase a distribuição da vida com base em sua
dinâmica na escala espacial e temporal nodinâmica na escala espacial e temporal no
planeta Terra.planeta Terra.
Entender a forma como os organismos estãoEntender a forma como os organismos estão
distribuídos no planeta - "por que osdistribuídos no planeta - "por que os
organismos estão onde estão?" - e estudar oorganismos estão onde estão?" - e estudar o
seu padrão de distribuição.seu padrão de distribuição.
3. Segundo Brown e Lomolino (2006) aSegundo Brown e Lomolino (2006) a
Biogeografia é a ciência que:Biogeografia é a ciência que:
Biogeografia é a área da ciência biológicaBiogeografia é a área da ciência biológica
que estuda a distribuição dos seres vivos noque estuda a distribuição dos seres vivos no
espaço e através do tempo. Assim, estuda-espaço e através do tempo. Assim, estuda-
se a distribuição da vida com base em suase a distribuição da vida com base em sua
dinâmica na escala espacial e temporal nodinâmica na escala espacial e temporal no
planeta Terra.planeta Terra.
Entender a forma como os organismos estãoEntender a forma como os organismos estão
distribuídos no planeta - "por que osdistribuídos no planeta - "por que os
organismos estão onde estão?" - e estudar oorganismos estão onde estão?" - e estudar o
seu padrão de distribuição.seu padrão de distribuição.
4. A ciência pode serA ciência pode ser
caracterizada por perguntas,caracterizada por perguntas,
tais como:tais como:
Por que há tantos seres vivos?Por que há tantos seres vivos?
Como e por que uma espécie ou um grupo taxonômicoComo e por que uma espécie ou um grupo taxonômico
superior está(ão) ocupando a presente área de ocorrência?superior está(ão) ocupando a presente área de ocorrência?
O que possibilita uma espécie a viver onde se encontra e oO que possibilita uma espécie a viver onde se encontra e o
que impossibilita a colonizar outra área?que impossibilita a colonizar outra área?
Qual o papel do clima, solo, topografia, e interações comQual o papel do clima, solo, topografia, e interações com
outros organismos limitando a distribuição de uma espécie?outros organismos limitando a distribuição de uma espécie?
Como diferentes tipos de organismos são substituídos porComo diferentes tipos de organismos são substituídos por
outros com as alterações nos sítios?outros com as alterações nos sítios?
Como dada espécie ficou restrita a uma determinada área deComo dada espécie ficou restrita a uma determinada área de
ocorrência?ocorrência?
Quais são as espécies aparentadas e onde são encontradas?Quais são as espécies aparentadas e onde são encontradas?
Em que local vive seus ancestrais?Em que local vive seus ancestrais?
5. Como eventos históricos, tais como, a derivaComo eventos históricos, tais como, a deriva
continental e as glaciações no Pleistocenocontinental e as glaciações no Pleistoceno
afetaram a distribuição das espécies?afetaram a distribuição das espécies?
Por que há muito mais espécies nos trópicosPor que há muito mais espécies nos trópicos
do que em latitudes temperadas ou árticas?do que em latitudes temperadas ou árticas?
Como ilhas oceânicas isoladas sãoComo ilhas oceânicas isoladas são
colonizadas e por que há quase sempre umcolonizadas e por que há quase sempre um
número reduzido de espécies em ilhas do quenúmero reduzido de espécies em ilhas do que
nos mesmos tipos de habitats no continente?nos mesmos tipos de habitats no continente?
Como uma espécie se limitou a seu espaçoComo uma espécie se limitou a seu espaço
natural?natural?
6. Biogeografia Ecológica eBiogeografia Ecológica e
HistóricaHistórica
De Candolle (1820)De Candolle (1820)
Fonte:
http://www.ib.usp.br/silvionihei/biogeografia.htm
7. O botânico De Candolle dividiu aO botânico De Candolle dividiu a
Biogeografia em duas sub-áreas:Biogeografia em duas sub-áreas:
8. Biogeografia EcológicaBiogeografia Ecológica
Estuda como os processos ecológicosEstuda como os processos ecológicos
que ocorrem a curto prazo atuam sobre oque ocorrem a curto prazo atuam sobre o
padrão de distribuição dos organismos.padrão de distribuição dos organismos.
Analisa a distribuição dos seres vivos emAnalisa a distribuição dos seres vivos em
função de suas adaptações às condiçõesfunção de suas adaptações às condições
atuais do meio.atuais do meio.
9. Biogeografia HistóricaBiogeografia Histórica
Estuda como os processos ecológicos queEstuda como os processos ecológicos que
ocorrem a longo prazo atuam sobre oocorrem a longo prazo atuam sobre o
padrão de distribuição dos organismos.padrão de distribuição dos organismos.
Explica a distribuição dos seres vivos emExplica a distribuição dos seres vivos em
função de fatores históricos.função de fatores históricos.
10. Biogeografia Ecológica XBiogeografia Ecológica X
Histórica: uma divisãoHistórica: uma divisão
necessária?necessária?
Entretanto, como "ecologia" e "história"Entretanto, como "ecologia" e "história"
têm desempenhado papéis lado a ladotêm desempenhado papéis lado a lado
desde sempre, é óbvio que elas estãodesde sempre, é óbvio que elas estão
indissoluvelmente "amarradas" uma àindissoluvelmente "amarradas" uma à
outra.outra.
11. Como funciona (cientificamente) aComo funciona (cientificamente) a
Biogeografia Histórica?Biogeografia Histórica?
12.
13. LEÓN CROIZAT (Pai daLEÓN CROIZAT (Pai da
Biogeografia Vicariante)Biogeografia Vicariante)
Este excêntrico botânico e biogeógrafoEste excêntrico botânico e biogeógrafo
cunhou as bases para o que nóscunhou as bases para o que nós
entendemos hoje como Biogeografiaentendemos hoje como Biogeografia
Vicariante.Vicariante.
(Croizat, 1964).(Croizat, 1964).
14. Este italiano, que se naturalizou naEste italiano, que se naturalizou na
Venezuela onde viveu até o fim de suaVenezuela onde viveu até o fim de sua
vida, quis mostrar ao mundo que a vida evida, quis mostrar ao mundo que a vida e
o planeta são co-relacionados em suao planeta são co-relacionados em sua
história.história.
Ou seja, a história geológica pode ajudar-Ou seja, a história geológica pode ajudar-
nos a compreender a história dosnos a compreender a história dos
organismos, assim como a história dosorganismos, assim como a história dos
organismos pode ajudar-nos a entender aorganismos pode ajudar-nos a entender a
história de nosso planeta.história de nosso planeta.
15. Antes mesmo do conhecimento da derivaAntes mesmo do conhecimento da deriva
continental e tectônica de placas, Croizatcontinental e tectônica de placas, Croizat
já dava mostras, pelo seus estudos dejá dava mostras, pelo seus estudos de
padrão de distribuição de plantas, que ospadrão de distribuição de plantas, que os
continentes se movimentavam.continentes se movimentavam.
Chegou a concluir que os oceanosChegou a concluir que os oceanos
Atlântico, Índico e Pacífico já foram maisAtlântico, Índico e Pacífico já foram mais
próximos entre si no passado do que dapróximos entre si no passado do que da
forma como são hoje conhecidos (Craw,forma como são hoje conhecidos (Craw,
1984).1984).
16.
17. Quais os processos espaço-Quais os processos espaço-
temporais dos seres vivos?temporais dos seres vivos?
18.
19. VicariânciaVicariância ouou efeito vicarianteefeito vicariante é oé o
mecanismo evolutivo no qual ocorre umamecanismo evolutivo no qual ocorre uma
fragmentação de uma área biótica,fragmentação de uma área biótica,
separando populações de determinadasseparando populações de determinadas
espécies.espécies.
A falta deA falta de fluxo genéticofluxo genético entre as duasentre as duas
sub-populações agora formadas fará comsub-populações agora formadas fará com
que elas fiquem cada vez mais diferentesque elas fiquem cada vez mais diferentes
e, mantendo-se a barreira por tempoe, mantendo-se a barreira por tempo
suficiente, levará à especiação.suficiente, levará à especiação.
20. Dificuldades na inferênciaDificuldades na inferência
dos tipos de processosdos tipos de processos
Entretanto, há sérias dificuldadesEntretanto, há sérias dificuldades
impostas que tornam problemática aimpostas que tornam problemática a
inferência do tipo de processo que gerouinferência do tipo de processo que gerou
o padrão de distribuição que vemos noo padrão de distribuição que vemos no
presente.presente.
21. A maior dificuldade de se trabalhar comA maior dificuldade de se trabalhar com
áreas da ciência biológica que lidamáreas da ciência biológica que lidam
diretamente com a reconstrução dodiretamente com a reconstrução do
passado (sistemática, biogeografia,passado (sistemática, biogeografia,
genética evolutiva, ecologia evolutiva) égenética evolutiva, ecologia evolutiva) é
sempre imposta pelo seguinte paradoxo:sempre imposta pelo seguinte paradoxo:
Não podemos ver o passadoNão podemos ver o passado
acontecendo, muito menos temos algumacontecendo, muito menos temos algum
testemunho desse passado (escassez detestemunho desse passado (escassez de
fósseis), sendo assim, estudos históricosfósseis), sendo assim, estudos históricos
são geralmente feitos com base emsão geralmente feitos com base em
informações contemporâneas. O quadroinformações contemporâneas. O quadro
abaixo exemplifica o problema em relaçãoabaixo exemplifica o problema em relação
à biogeografia.à biogeografia.
22.
23. No primeiro caso, houve especiação pré-No primeiro caso, houve especiação pré-
barreira geográfica, ou seja, houvebarreira geográfica, ou seja, houve
diferenciação da espécie ancestral nas espéciesdiferenciação da espécie ancestral nas espécies
A e BA e B SEMSEM barreira geográfica.barreira geográfica.
Somente depois é que surgiu uma barreiraSomente depois é que surgiu uma barreira
geográfica entre A e B. Com base nasgeográfica entre A e B. Com base nas
evidências atuais, concluiríamos incorretamenteevidências atuais, concluiríamos incorretamente
que ocorreu especiação por isolamentoque ocorreu especiação por isolamento
geográfico (alopatria, vicariância).geográfico (alopatria, vicariância).
24. No segundo caso, houve realmenteNo segundo caso, houve realmente
especiação pelo surgimento de uma barreiraespeciação pelo surgimento de uma barreira
geográfica que fez com que a espéciegeográfica que fez com que a espécie
ancestral se diferenciasse em duasancestral se diferenciasse em duas
espécies, uma de cada lado da barreira.espécies, uma de cada lado da barreira.
Posteriormente, essa barreira geográficaPosteriormente, essa barreira geográfica
desapareceu. Com base nas evidênciasdesapareceu. Com base nas evidências
atuais, concluiríamos incorretamente queatuais, concluiríamos incorretamente que
não houve vicariância ou especiação comnão houve vicariância ou especiação com
barreira geográfica, porque não há dadosbarreira geográfica, porque não há dados
que nos mostrem que a barreira tenhaque nos mostrem que a barreira tenha
existido no passado.existido no passado.
25. Quais os processos espaço-Quais os processos espaço-
temporais do planeta?temporais do planeta?
Há vários tipos de processos espaço-Há vários tipos de processos espaço-
temporais que podemos citar, como:temporais que podemos citar, como:
tectônica de placas, alterações no níveltectônica de placas, alterações no nível
do mar, ciclos glaciais, etc.do mar, ciclos glaciais, etc.
No quadro abaixo, está exemplificado aNo quadro abaixo, está exemplificado a
movimentação das grandes massasmovimentação das grandes massas
continentais ao longo do tempocontinentais ao longo do tempo
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28.
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30. AudiovisualAudiovisual
A origem da vidaA origem da vida
https://www.youtube.com/watch?v=hvmyQFs2ink&t=43s
A ORIGEM DA VIDA 90 MIN
31. REFERÊNCIAS CITADASREFERÊNCIAS CITADAS
Crisci, J.V. 2001. The voice of historicalCrisci, J.V. 2001. The voice of historical
biogeography. Journal of Biogeography,biogeography. Journal of Biogeography,
28: 157–168.28: 157–168.
Crisci J.V., Katinas L. & Posadas P. 2003.Crisci J.V., Katinas L. & Posadas P. 2003.
Historical biogeography: an introductionHistorical biogeography: an introduction..
Cambridge, Harvard University Press.Cambridge, Harvard University Press.
32. Craw, R.C. 1984. Biogeography andCraw, R.C. 1984. Biogeography and
biogeographical principles. New Zealandbiogeographical principles. New Zealand
Entomologist, 8:49-52.Entomologist, 8:49-52.
Croizat, L. 1964. Space, time, form: theCroizat, L. 1964. Space, time, form: the
biological synthesis. Publicado pelo autor,biological synthesis. Publicado pelo autor,
Caracas. (Disponível em Caracas. (Disponível em
Morrone, J.J. 1993. Beyond binaryMorrone, J.J. 1993. Beyond binary
oppositions. Cladistics, 9: 437–438.oppositions. Cladistics, 9: 437–438.
33. Morrone, J.J. 2004. Morrone, J.J. 2004. HomologíaHomología
biogeográfica: las coordenadasbiogeográfica: las coordenadas
espaciales de la vidaespaciales de la vida. Cuadernos del . Cuadernos del
Instituto de Biología 37, Instituto deInstituto de Biología 37, Instituto de
Biología, UNAM, México D.F.Biología, UNAM, México D.F.