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(1) Eu nasci a 12 de junho de 1929, na cidade alemã de Frankfurt am Main, lugar
onde a família do meu pai já vivia há várias gerações. A minha irmã Margot (2), é três
anos e meio mais velha. Nós tivemos uma infância feliz. Os meus pais chamam-se Otto
Frank e Edith Frank (3).
Meu pai administrava o banco da sua família, mas, após 1919, a empresa foi
fortemente afetada pelas consequências financeiras da Primeira Guerra Mundial e
também teve que lidar com restrições legais da moeda e do câmbio. Depois de uma
breve recuperação, a economia alemã foi novamente afetada por uma grande crise após
a quebra da bolsa de valores em 1929. A situação do banco piorou ainda mais.
Na outra empresa que o meu pai dirigia desde 1927 - uma fábrica que produz
pastilhas para a garganta – também há uma queda nos rendimentos.
O meu tio Erich partiu em 1929 para a Suíça, a fim de trabalhar para a
empresa Opekta. Esta empresa trabalhava com pectina, um agente de gelificação, que
era usado para fazer geleia.
Quando Hitler e o Partido Nazista chegam ao poder na Alemanha, em 1933, a
situação de todos os judeus alemães agrava-se. Os professores judeus são demitidos e
crianças judias são insultadas e intimidadas. Muitas crianças judias deixam a escola e as
que continuam recebem em todas as matérias apenas uma nota de "suficiente", em vez
de um "bom" ou "muito bom". A ideia por trás disso é mostrar que os judeus seriam
inferiores e não poderiam parecer inteligentes.
A crise económica, a ascensão de Hitler ao poder e o crescimento do
antissemitismo põem fim à vida tranquila da minha família, e os meus pais decidem,
como vários outros judeus, deixar a Alemanha (4).
Eu, a minha mãe e Margot fomos morar, temporariamente, com a avó e mudamo-
nos para Amsterdão, em fevereiro de 1934. Aí vivemos durante seis anos de forma
tranquila.
A ameaça de guerra cresceu na Europa e a 1 de setembro de 1939, a Alemanha
invadiu a Polônia e começou a Segunda Guerra Mundial.
A 10 de maio de 1940, as tropas alemãs invadem a Holanda e cinco dias depois a
Holanda rende-se.
Com o país ocupado, rapidamente são aplicadas leis contra os judeus. Tais
restrições afetaram a nossa família e o negócio do meu pai, por isso tentámos emigrar
para os EUA, mas não conseguimos. Ficou cada vez mais claro que a nossa família se
tinha de esconder. Foi preparado então o esconderijo, no prédio onde ficava a empresa
de meu pai (5).
A 5 de julho de 1942, a minha irmã Margot recebeu uma convocação para se
apresentar para o campo de trabalho forçado na Alemanha, por isso, no dia seguinte, a
minha família foi para o esconderijo.
No meu 13º aniversário recebi um diário de presente, a quem passei a chamar
Kitty (6). Foi neste diário que descrevi tudo o que se passou durante esse tempo, no
Anexo Secreto e sobre mim mesma.
A família Van Pels (pai, mãe e filho) foi para lá uma semana depois. O Sr. Van
Pels trabalhava na empresa do meu pai. Em novembro de 1942, chegou uma oitava
pessoa ao esconderijo, o dentista Fritz Pfeffer (7). Ficamos todos a morar no Anexo
Secreto durante dois anos.
No esconderijo tínhamos de nos manter em silêncio, frequentemente sentíamos e,
bem ou mal, passávamos o tempo uns com os outros. Fomos ajudados pelos
funcionários do escritório - Johannes, Victor, Miep e Bep. Esses ajudantes tratavam não
só de trazer alimentos, roupas e livros, como também eram o nosso contato com o
mundo exterior.
A 4 de agosto de 1944 fomos presos juntamente com os nossos
ajudantes Johannes e Victor. Nós fomos deportados para Auschwitz (8) e os dois
ajudantes foram enviados para outro campo de concentração.
Imediatamente após a nossa prisão, Miep e Bep resgatam o meu diário e outros
papéis que deixamos para trás no Anexo Secreto. Apesar de intensas investigações,
nunca ficou claro como o esconderijo foi descoberto.
O meu pai foi o único das oito pessoas do esconderijo que sobreviveu à guerra.
Eu e a minha irmã morremos de doença e fome no campo de concentração de Bergen-
Belsen, em fevereiro de 1945.
O Holocausto foi o genocídio ou assassinato em massa de cerca de seis milhões de
judeus durante a Segunda Guerra Mundial, no maior genocídio do século XX. Dos nove
milhões de judeus que residiam na Europa antes do Holocausto, cerca de dois terços
foram mortos; mais de um milhão de crianças, dois milhões de mulheres (9) e três
milhões de homens judeus morreram durante este período (10).
Os campos de concentração foram criados para enviarem para lá presos que eram
submetidos a trabalho escravo até morrerem de exaustão, de fome ou por alguma
doença. Alguns morreram por fuzilamentos em massa (11) e outros eram enviados,
através de comboios de carga, para campos de extermínio, onde, se sobrevivessem à
viagem, a maioria era morta em câmaras de gás (12) e depois colocada nos crematórios
(13).

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  • 1. (1) Eu nasci a 12 de junho de 1929, na cidade alemã de Frankfurt am Main, lugar onde a família do meu pai já vivia há várias gerações. A minha irmã Margot (2), é três anos e meio mais velha. Nós tivemos uma infância feliz. Os meus pais chamam-se Otto Frank e Edith Frank (3). Meu pai administrava o banco da sua família, mas, após 1919, a empresa foi fortemente afetada pelas consequências financeiras da Primeira Guerra Mundial e também teve que lidar com restrições legais da moeda e do câmbio. Depois de uma breve recuperação, a economia alemã foi novamente afetada por uma grande crise após a quebra da bolsa de valores em 1929. A situação do banco piorou ainda mais. Na outra empresa que o meu pai dirigia desde 1927 - uma fábrica que produz pastilhas para a garganta – também há uma queda nos rendimentos. O meu tio Erich partiu em 1929 para a Suíça, a fim de trabalhar para a empresa Opekta. Esta empresa trabalhava com pectina, um agente de gelificação, que era usado para fazer geleia. Quando Hitler e o Partido Nazista chegam ao poder na Alemanha, em 1933, a situação de todos os judeus alemães agrava-se. Os professores judeus são demitidos e crianças judias são insultadas e intimidadas. Muitas crianças judias deixam a escola e as que continuam recebem em todas as matérias apenas uma nota de "suficiente", em vez de um "bom" ou "muito bom". A ideia por trás disso é mostrar que os judeus seriam inferiores e não poderiam parecer inteligentes. A crise económica, a ascensão de Hitler ao poder e o crescimento do antissemitismo põem fim à vida tranquila da minha família, e os meus pais decidem, como vários outros judeus, deixar a Alemanha (4). Eu, a minha mãe e Margot fomos morar, temporariamente, com a avó e mudamo- nos para Amsterdão, em fevereiro de 1934. Aí vivemos durante seis anos de forma tranquila. A ameaça de guerra cresceu na Europa e a 1 de setembro de 1939, a Alemanha invadiu a Polônia e começou a Segunda Guerra Mundial. A 10 de maio de 1940, as tropas alemãs invadem a Holanda e cinco dias depois a Holanda rende-se. Com o país ocupado, rapidamente são aplicadas leis contra os judeus. Tais restrições afetaram a nossa família e o negócio do meu pai, por isso tentámos emigrar para os EUA, mas não conseguimos. Ficou cada vez mais claro que a nossa família se tinha de esconder. Foi preparado então o esconderijo, no prédio onde ficava a empresa de meu pai (5). A 5 de julho de 1942, a minha irmã Margot recebeu uma convocação para se apresentar para o campo de trabalho forçado na Alemanha, por isso, no dia seguinte, a minha família foi para o esconderijo.
  • 2. No meu 13º aniversário recebi um diário de presente, a quem passei a chamar Kitty (6). Foi neste diário que descrevi tudo o que se passou durante esse tempo, no Anexo Secreto e sobre mim mesma. A família Van Pels (pai, mãe e filho) foi para lá uma semana depois. O Sr. Van Pels trabalhava na empresa do meu pai. Em novembro de 1942, chegou uma oitava pessoa ao esconderijo, o dentista Fritz Pfeffer (7). Ficamos todos a morar no Anexo Secreto durante dois anos. No esconderijo tínhamos de nos manter em silêncio, frequentemente sentíamos e, bem ou mal, passávamos o tempo uns com os outros. Fomos ajudados pelos funcionários do escritório - Johannes, Victor, Miep e Bep. Esses ajudantes tratavam não só de trazer alimentos, roupas e livros, como também eram o nosso contato com o mundo exterior. A 4 de agosto de 1944 fomos presos juntamente com os nossos ajudantes Johannes e Victor. Nós fomos deportados para Auschwitz (8) e os dois ajudantes foram enviados para outro campo de concentração. Imediatamente após a nossa prisão, Miep e Bep resgatam o meu diário e outros papéis que deixamos para trás no Anexo Secreto. Apesar de intensas investigações, nunca ficou claro como o esconderijo foi descoberto. O meu pai foi o único das oito pessoas do esconderijo que sobreviveu à guerra. Eu e a minha irmã morremos de doença e fome no campo de concentração de Bergen- Belsen, em fevereiro de 1945. O Holocausto foi o genocídio ou assassinato em massa de cerca de seis milhões de judeus durante a Segunda Guerra Mundial, no maior genocídio do século XX. Dos nove milhões de judeus que residiam na Europa antes do Holocausto, cerca de dois terços foram mortos; mais de um milhão de crianças, dois milhões de mulheres (9) e três milhões de homens judeus morreram durante este período (10). Os campos de concentração foram criados para enviarem para lá presos que eram submetidos a trabalho escravo até morrerem de exaustão, de fome ou por alguma doença. Alguns morreram por fuzilamentos em massa (11) e outros eram enviados, através de comboios de carga, para campos de extermínio, onde, se sobrevivessem à viagem, a maioria era morta em câmaras de gás (12) e depois colocada nos crematórios (13).