O artigo discute a importância das cabras e das abelhas para a prevenção de incêndios florestais e para a polinização de plantas. As cabras comem vegetação que pode pegar fogo e as abelhas polinizam muitos alimentos. Recentemente, milhões de colmeias tem ficado vazias em todo o mundo, o que pode afetar a produção de alimentos.

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Cabras e abelhas
Hoje não falarei de política. Ainda que cresça sem
tino o número de candidatos a Belém; embora
Sócrates, findas as férias num resort de luxo,
ostente um novo élan; apesar do PSD e Passos
Coelho teimarem na doxa ultraliberal, farei como
Cavaco - não comento. Nada direi sobre a
economia. Pode o país ter menos 12 mil
empresas, perdidas nos últimos dois anos,
enquanto os quatro maiores bancos privados
lucram 4,5 milhões de euros por dia; pode a
confiança dos consumidores continuar a cair e o
risco da dívida pública portuguesa ser o segundo
que mais sobe no Mundo que, também aqui,
imitarei Cavaco - não comento.
Igualmente, assobiarei para o lado face ao novo ano
lectivo, amputado de centenas de escolas mas com Patrocínio
novos mega-agrupamentos de ensino e milhares de
pais sem saber quem pagará o transporte das suas crianças para os locais de transferência.
Hoje, venho a esta coluna discorrer acerca de cabras e abelhas. Sobre cabras, para louvar a parceria
entre Portugal e Espanha, com vista a introduzir 150 mil destes animais nas zonas florestais
fronteiriças dos distritos da Guarda, Bragança, Zamora e Salamanca.
Depois de, no século passado, se terem proibido as cabras e as queimadas nas florestas para evitar
incêndios, reintroduz-se agora a caprinicultura com o mesmo objectivo, desta vez acertadamente. Pelo
seu comportamento no terreno, as cabras são verdadeiros sapadores florestais, a preços baixos e sem
precisarem de formação. Ecologicamente são unidades de reciclagem de vegetação que envolve risco
de incêndios, em produtos de importância vital para as populações e para as economias locais.
As abelhas não são menos importantes. Embora não evitem fogos, são um dos principais agentes da
polinização das plantas, contribuindo para a produção de boa parte dos alimentos que consumimos. A
este papel ecológico, associa-se um significado económico relevante. Ora, há quatro ou cinco anos, as
abelhas começaram a desaparecer. Dos Estados Unidos à China, da Inglaterra a Portugal, são já
milhões as colmeias vazias.
As abelhas vão-se sem deixar rasto e sem que haja uma explicação consensual para o fenómeno. Há
quem veja nisso um sinal do fim do tempo e cite, em abono da tese, uma frase que Einstein nunca
proferiu ("Quando as abelhas desaparecerem da face da Terra, o Homem tem apenas quatro anos de
vida."). É, seguramente, um medo excessivo. Mas é também um desastre biológico anunciado que
pode mudar o Mundo.
MÁRIO CONTUMÉLIAS
publicado a 2010-08-27 às 00:00
Para mais detalhes consulte:
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