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Subsídios para Escola Bíblica Dominical
                                          Igreja Evangélica Assembleia de Deus - Ministério de SBCampo



                        JEREMIAS, O PROFETA DA ESPERANÇA




Resumo
       O subsídio desta semana (Lição 01 – 2º Trimestre de 2010 - de 04/04/2010) da Revista
“Lições Bíblicas” de Jovens e Adultos, que está abordando o tema “Jeremias – Esperança em
tempos de crise”, (um estudo no livro do Profeta Jeremias), traz o assunto da Esperança, com o
título “Jeremias, o Profeta da Esperança” O texto áureo desta lição está registrado em Jeremias
1.7, que diz: “Mas o SENHOR me disse: Não digas: Eu sou uma criança; porque, aonde quer
que eu te enviar, irás; e tudo quanto te mandar dirás”. O comentarista deste trimestre, Pr.
Claudionor de Andrade extraiu do texto base (Jeremias 1.1-10), a seguinte verdade prática: “A
missão do homem de Deus é inegociável. Ele foi chamado para cuidar dos interesses do Todo-
Poderoso, e proclamar com isenção e coragem a sua Palavra”. Este subsídio tem o objetivo
de explorar profunda e exaustivamente este assunto; não sendo, de forma alguma, a última
palavra num assunto tão amplo. Espera-se contribuir, assim, com os objetivos listados na lição
bíblica que é: “conhecer a origem sacerdotal do profeta Jeremias; explicar como se deu o
chamamento do profeta Jeremias; e, conscientizar-se de que somos um povo sacerdotal e
profético”.1 Bons estudos!!!


Palavras-Chaves: Esperança; Chamado; Profeta.



Introdução

      Com esta lição iniciamos mais um trimestre! E, a partir, deste dia 04 de abril, passamos
a estudar o livro do profeta Jeremias. Tão importante quanto falar do profeta é conhecer seu
chamado; seu ofício sacerdotal e profético; o contexto no qual está inserido e entender porque
ele é chamado de “o Profeta da Esperança” e não do castigo. O texto bíblico nos fornece
muitas informações a respeito de Jeremias, mas necessário se faz uma pesquisa para ampliar
mais ainda o conhecimento desse profeta que Eugene H. Peterson, citado pelo Pr. Claudionor
de Andrade2, procura descrever o caráter do mais sofrido dos mensageiros de Jeová,
descrevendo-o como aquele “vigoroso na batalha, desafiou e contestou a injustiça, a
falsidade e a vilania”.


1
    LIÇÕES BÍBLICAS. Jovens e Adultos. 2º Trimestre de 2010. CPAD, 2010. 04 p.
2
    LIÇÕES BÍBLICAS. Jovens e Adultos. 2º Trimestre de 2010. CPAD, 2010. 05 p.


                                                                                 www.iead-msbc.com.br - 1
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     Procuraremos, também, definir o que significava ser profeta naquela época, em como
expor o chamado que Deus faz ao homem.

      No texto sagrado, em Jeremias 1.4-5, temos, logo no início, como se deu o chamamento
de Jeremias, “Assim veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo: Antes que eu te formasse no
ventre, eu te conheci; e, antes que saísses da madre, te santifiquei e às nações te dei pro
profeta”. Algumas questões podem nos guiar nessa “viagem panorâmica” pela vida de
Jeremias. Em quais circunstâncias Jeremias profetizava? Quanto ao seu chamamento, é Deus
que comissiona o profeta? Qual a personalidade desse profeta? Pois bem!! Comecemos pela
pessoa de Jeremias; e, posteriormente, trataremos do contexto em que viveu, e depois,
esclareceremos quanto ao seu chamado, para finalmente, concluir com sua mensagem de
esperança.

       Jeremias terminou seus dias quando a situação em Judá se complicou rapidamente,
quando um príncipe davídico chamado Ismael, que escapara para Amon, voltou e assassinou
Godolias, provavelmente em outubro de 586 a.C., segundo Jr 41.1-18. Os sobreviventes, entre
eles, Jeremias, fogem para o Egito, temendo uma represália babilônica (Jr 42.1-43.7). Lá no
Egito, em Táfnis, cidade situada a leste do delta do Nilo, o incansável profeta, que já devia ter
uns 70 anos de idade, passa a repreender a idolatria que seus conterrâneos ali praticavam,
segundo Jr 44.1-30. Depois disso, nada mais sabemos sobre Jeremias. Diz a tradição que o
profeta de Anatot foi apedrejado e morto por seus conterrâneos, lá no Egito. Esta lenda está
no apócrifo Vida dos profetas, um texto escrito por um judeu da Palestina no século I d.C.

      Ressaltamos a riqueza do texto do Dr. Airton José da Silva, professor de Antigo
Testamento e Bíblica Hebraica na Faculdade de Teologia do CEARP, cujos textos, que neste
subsídio estão sob os títulos “Quem é Jeremias?”, “Fatos e profecias: contexto histórico”,
“Um homem que se envolveu”, “Mas há alguma mensagem de esperança em Jeremias?”, são
transcrições suas, cujas referências encontram-se no site: www.airtonjo.com, com exceção das
referências dos textos do livro “Jeremias e Lamentações – Introdução e Comentário”. Seus
textos são de uma clareza imensa, então vejamos.



Quem é Jeremias?

      Jeremias nasceu no povoado de Anatot, pertinho de Jerusalém, entre 650 e 640 a.C. Ele
era filho do sacerdote Helcias, da casa de Eli. Talvez descendesse de Abiatar, chefe dos
levitas em Jerusalém na época do rei Davi, e que foi desterrado para Anatot por Salomão,
segundo 1 Rs. 2.26-27.3 Há duas possibilidades para o significado do nome de Jeremias:
Yirmeyâhû, que quer dizer “Iahweh exalta”, “Iahweh é sublime” ou “Iahweh abre (=faz
nascer)”. Este nome era bastante comum nos tempos bíblicos. São conhecidos pelo menos
sete personagens, mais ou menos importantes, com este nome. Quase nada sabemos da
infância e da formação de Jeremias. Parece que ele jamais assumiu qualquer função
sacerdotal. Pelo contrário, denunciou duramente o papel exercido pelos sacerdotes de seu

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  Disponível em http://www.airtonjo.com/faq_jeremias.htm#Onde nasceu o profeta Jeremias?, acessado em
02/04/2010, às 00h48)


                                                                          www.iead-msbc.com.br - 2
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tempo. O que, por outro lado, aponta para sua rigorosa visão levítica, e possível formação, de
como deveria agir um sacerdote. Consta, nesta linha, que o rei Josias (640-609 a.C.) proibira o
exercício do ofício aos sacerdotes não provenientes de Jerusalém, segundo 2 Rs. 23.8-9.

      Jeremias atuou cerca de 50 anos, de 627 a.C. até 580 a. C., sob os governos de Josias
(629-609 a.C.), Joaquim (609-598 a.C.), Sedecias (597-586 a.C.) e Godolias [exílio] (586/580
a.C.). Por isso, costumamos dividir, didaticamente, sua atuação segundo estes quatro
períodos. Quanto à influência do profeta Oséias sobre Jeremias, não existe nenhuma dúvida
acerca disso sobre o pensamento do profeta da esperança. Além dos fatores geográficos –
Anatot pertence à tribo de Benjamim – e familiares – Jeremias descendia, talvez, de Eli,
sacerdote de Silo – é possível que a educação de Jeremias tenha incluído os ensinamentos de
Oséias. “Entendo que Oséias e Jeremias foram os dois profetas mais radicais de todo o Israel,
pois foram os que mais perto chegaram de uma compreensão profunda das causas da opressão
que o povo de Israel vivia naquele tempo. Ambos entendem, por exemplo, que onde o
javismo caducou ou se oficializou e foi, por isso, neutralizado por práticas institucionais do
aparelho estatal, a corrupção, a opressão e o despotismo generalizado dominaram. O processo
(rîbh) que fazem a Israel por não ‘conhecer a Deus’ é sintomático, como em Os. 4.1-3 e Jr.
2.8; 4.22 e a interessantíssima crítica ao rei Joaquim (609-598 a.C.) em Jr. 22.13-19”.4

                                 Antes que eu te formasse no ventre materno, eu te conheci. Este versículo
                                 enfatiza como a vontade divina governa a vida humana. Nada havia de
                                 acidental na chamada e missão de Jeremias. Ele foi predestinado para
                                 desempenhar esse papel. Presume-se que a mesma vontade que tornou isso
                                 verdade a respeito de Jeremias, também opera em uma base larga, se não
                                 mesmo em uma base universal. Isso explicaria a vida de muitos homens
                                 verdadeiramente grandes. Deus estava com eles desde o começo de sua
                                 vida física, e talvez tenha estado com eles em espírito no salão das
                                 experiências e memórias de Deus, recuando até onde a imaginação nos
                                 possa transportar. Então lhe disse eu: Ah! Senhor Deus! Eis que não sei
                                 falar... Jeremias... hesitou e encontrou desculpas para que alguns homens
                                 fossem chamados. Ele era apenas uma criança, um jovem... Não temos
                                 meios para saber qual a idade de Jeremias quando ele foi chamado, mas ele
                                 se reputava muito jovem e inexperiente para a tarefa. Mas o Senhor me
                                 disse: Não digas: Não passo de uma criança. Yahweh sabia melhor que
                                 Jeremias. Ele conhecia Jeremias e suas qualificações; sabia que ele sofreria
                                 muito às mãos de homens iníquos e teria razões para temer suas cataduras.
                                 Portanto, desde o começo Deus, advertiu Jeremias a não cair na síndrome
                                 do temor. A presença divina estaria com ele, para conferir-lhe poder, para
                                 guiá-lo e, quando necessário, para livrá-lo das perturbações que o
                                 acossassem. Além disso, ser-lhe-iam dadas as palavras certas, porquanto
                                 haveria uma série de oráculos que formariam o conteúdo do que deveria ser
                                 dito pelo profeta... Jeremias tinha autoridade para agir, a autoridade de
                                 Yahweh. Embora fosse jovem, ele possuía as habilidades inerentes para
                                 cumprir sua missão. Além disso, ele contava com a proteção divina. A
                                 presença de Deus o acompanharia. A mensagem que seria transmitida por
                                 Jeremias viria inspirada por Yahweh. Jeremias não teria de rebuscar idéias
                                 e palavras certas. É apenas natural que os homens tentem fugir de Deus,
                                 especialmente quando mais próximos se chagaram a Ele, em suas


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                                 experiências. Quanto maior o homem, maior a tendência para fugir, até que,
                                 à semelhança de Jeremias, o homem se sinta mais confortável na presença
                                 do Ser divino.5

       A garantia que Deus dá àqueles que Ele chama é a certeza de que o empreendimento, se
praticados dentro dos parâmetros divinos, terá êxito. Jeremias, mesmo receoso não precisava
retrair-se, pois o Senhor era sua garantia. Deus, assim, o capacitou.

                                 Depois estendeu o Senhor a mão, tocou-me na boca, e me disse. O Toque
                                 Divino. Além de encorajar o profeta, Yahweh deu-lhe unção divina, ao
                                 tocar em sua boca. Precisamos do toque místico! É maravilhoso conhecer as
                                 realidades espirituais. É maravilhoso ser capaz de usar a oração e ver
                                 grandes coisas acontecer pela intervenção divina. Mas também é
                                 maravilhoso e necessário ter contato com o Ser divino. É a isso que os
                                 filósofos e teólogos chamam de Misticismo. Além de transmitir-nos poder,
                                 essa é uma das maneiras pelas quais obtemos desenvolvimento espiritual...
                                 O toque divino em Jeremias “tornou-lhe a boca pura e poderosa”. Uma
                                 brasa viva foi posta na boca de Isaías (Is. 6.7), idéia semelhante à que
                                 temos no texto presente. “Achadas as tuas palavras, logo as comi; as tuas
                                 palavras me foram gozo e alegria para o coração, pois pelo teu nome sou
                                 chamado, ó Senhor, Deus dos Exércitos” (Jr. 15.16). Olha que hoje te
                                 constituo sobre as nações, e sobre os reinos. Essência da Missão e da
                                 Mensagem. Considere o leitor estes quatro pontos: (1) Jeremias tinha
                                 autoridade até sobre as nações, e não somente sobre Israel. Ele teria uma
                                 missão internacional. (2) Mediante sua mensagem, Jeremias arrancaria,
                                 derribaria, destruiria e arruinaria potências humanas. (3) Mas ele também
                                 seria capaz de construir e plantar. Em outras palavras, tanto a providência
                                 negativa quanto a providência positiva de Deus operariam por intermédio
                                 do profeta. (4) A predestinação divina estaria no que ele fizesse, pelo que o
                                 seu bom êxito estava garantido desde o começo. Ele seria uma figura
                                 poderosa com uma missão importante e eficaz. “A seqüência inteira do
                                 livro é um comentário sobre essas palavras. Passava pelo terror e pelas
                                 trevas para a glória e as bênçãos do Novo Pacto (Jr. 31.31)” (Ellicott, in
                                 loc.). O profeta possuiria o fogo capaz de consumir o povo (Jr. 4.14);
                                 possuiria o malho com o qual despedaçaria qualquer obstáculo, mesmo que
                                 fosse feito de rochas (Jr. 23.29). Cf. Is. 55.10, quanto a algo similar. Quanto
                                 à destruição eficaz dos culpados, ver Ez. 43.3. Quanto ao ato de desarraigar,
                                 ver Mt. 15.13. Quanto a arrancar, ver II Cor. 10.4. Em seu trabalho,
                                 Jeremias seria como um agricultor, um técnico em demolição e um
                                 construtor. 6

      Jeremias atuou como profeta por cerca de 50 anos, de 627 a 580 a.C. É possível que
Jeremias tenha começado a profetizar em Anatot. Mas foi perseguido, quiseram matá-lo em
sua própria terra, segundo Jr. 11.18 – 12.6. Não conhecemos o motivo desse complô armado
contra Jeremias por seus conterrâneos (Jr. 11.21) e até por seus familiares (Jr. 12.6). Talvez
por ter apoiado a reforma do rei Josias, que destruiu os santuários regionais e centralizou as
atividades cultuais em Jerusalém, ele tenha prejudicado os interesses de sua família de

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 CHAMPLIN, Russel Norman. O Antigo Testamento Interpretado: versículo por versículo – volume 5. R. N.
Champlin, Ph. D. 1ª Edição – São Paulo: CANDEIA, 2000. 2985 e 2986 p..
6
 CHAMPLIN, Russel Norman. O Antigo Testamento Interpretado: versículo por versículo – volume 5. R. N.
Champlin, Ph. D. 1ª Edição – São Paulo: CANDEIA, 2000. 2986 p..


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sacerdotes. Ou, quem sabe, o duro teor de sua crítica social e religiosa tenha provocado tão
violenta reação. Durante toda a sua vida Jeremias irá incomodar muita gente, que tentará, a
qualquer custo, calar a sua boca.7
                                 Amante da natureza, ele tirou exemplos da vida no campo para dar força e
                                 clareza à sua mensagem, como Amós (compare 24.1-10 com Amós 8.13).
                                 Como aquele celebrado profeta judeu, Jeremias afirmava que Deus era
                                 Senhor supremo sobre a natureza e as nações (32.16-25) e Amós 4.13). Sua
                                 visão espiritual ampla combinava o destemor de Amós, o amor de Oséias e
                                 a dignidade austera de Isaías. Herdeiro desta grande tradição de
                                 espiritualidade, ele era tão comprometido em sua mensagem como João
                                 Batista, dizendo às pessoas que dessem frutos dignos de arrependimento
                                 (Lc. 3.8). Os pronunciamentos sobre a cólera divina eram, para Judá e
                                 Israel, pungentes como uma provação ardente (compare 5.14; 11.16 com
                                 Mt. 3.7-12; Lc. 15.17), e sua atitude direta contra um governante indigno
                                 provocou uma reação violenta das autoridades nos dois casos (36.20-31;
                                 38.1-13; Mt. 1.1-12; Mc. 6.14-29). O quadro trágico de Jeremias, como
                                 homem de Deus que lamenta com grande pesar no coração as tribulações
                                 que em breve sobreviriam à nação impenitente, atravessou os séculos e se
                                 fixou profundamente na consciência dos escritores do Novo Testamento.
                                 Há umas quarenta citações diretas à sua profecia, a metade no Apocalipse,
                                 principalmente em relação à queda da Babilônia (compare 50.8 com Ap.
                                 18.4; 50.32 com Ap. 18.8; 51.49s com Ap. 18.24, etc.). As denúncias
                                 diretas de Jeremias contra seu povo como incircunciso de coração e ouvido
                                 (6.10; 9.26) foram repetidas com força igual por Estevão (Atos 7.51), num
                                 discurso que lhe custou a vida. As lições tiradas da visita à casa do oleiro
                                 (18.1-10) foram aplicadas por Paulo para a chamada dos gentios por Deus
                                 (Rm. 9.20-24). O que mais impressiona, porém, é a maneira com que o
                                 povo associou Jesus Cristo com Jeremias. Quando Jesus fez uma pesquisa
                                 de opinião pública entre seus discípulos (Mt. 16.13s), alguns o
                                 identificaram com esta figura profética proeminente do sétimo século a.C.
                                 Não é de surpreender que alguns confundiram o Homem de Dores com o
                                 profeta do coração partido, porque tanto Jeremias como Jesus choraram e
                                 lamentaram sobre seus contemporâneos (compare 9.1 com Lc 19.41).
                                 Condenar a maldade sem escrúpulos trouxe rejeição e sofrimento para
                                 Jeremias e para Cristo, e Jeremias até se comparou com um cordeiro ou boi
                                 levado para o matadouro (11.19). Ambos ensinavam no Templo de Herodes
                                 ele citou em parte as acusações de 7.11, como tendo finalmente se tornado
                                 realidade (Mt. 21.13). Porém é compreensível que haja diferenças entre
                                 estas duas personalidades. Cristo permaneceu firme em seu chamado até ao
                                 ponto de entregar sua vida na cruz, mas Jeremias apresentou menos
                                 resolução, pedindo para ser poupado quando ameaçado de prisão e suas
                                 conseqüências (37.20). Em comparação com Cristo, que já morrendo orou
                                 pelo perdão dos seus inimigos (Lc. 23.34), Jeremias insistia em que os
                                 maus deveriam ser castigados (12.3; 18.23). Porém os dois homens
                                 exemplificaram com sua vida o ideal da aliança, um relacionamento íntimo
                                 e pessoal com Deus baseado em santidade de vida, e demonstraram com




7
  Disponível em http://www.airtonjo.com/faq_jeremias.htm#Onde nasceu o profeta Jeremias?, acessado em
02/04/2010, às 00h48)


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                                 suas ações que sua maior missão era fazer a vontade de Deus toda,
                                 responsavelmente.8

        Ainda, segundo Harrison, professor de Antigo Testamento do Colégio Wycliffe e da
Universidade de Toronto, o profeta Jeremias, em seus ensinos, deu destaque ao caráter
absoluto da antiga aliança do Sinai, prevendo um tempo em que ela seria substituída por uma
comunhão mais íntima com Deus. No livro fica evidente que as experiências da sua vida
anteciparam isto, apontando das profundezas da sua angústia e tristeza o caminho para o que
se tornou uma das bênçãos espirituais mais procuradas pelo homem. Jeremias foi obrigado a
procurar refúgio pessoal em seu Deus por causa da separação forçada do relacionamento
social normal, pelas pressões emocionais a que ele esteve sujeito na maior parte do seu
ministério. Vitória e derrota, tristeza e alegria, exaltação e humilhação, timidez e coragem,
tudo o envolvia continuamente; mas a despeito de todos os obstáculos ele permaneceu
firmemente comprometido com seu chamado profético. No fim a realidade da sua vocação
como profeta de Deus ficou confirmada, quase como uma coisa lógica, pelos ventos da
história.9



Fatos e profecias: contexto histórico10

       No tempo de Josias, 10período de sua atuação, Jeremias proclamou um julgamento
contra Israel por causa de sua infidelidade a Iahweh e sua adesão a outros deuses,
especialmente os deuses que garantiam a fertilidade da natureza, os chamados baalim. Os
comentaristas reconhecem como sendo deste período Jr 2.1-4,4 e Jr 30.1-31,37.

        O texto que exemplifica bem a sua pregação neste período é Jr 2.1-37. É um texto
escrito em um gênero literário muito usado pelos profetas, o rîbh (= processo). Funciona
assim: parte-se do pressuposto de uma aliança entre as duas partes em questão, Iahweh e
Israel. Iahweh abre, então, através do profeta, um processo contra Israel, motivado por sua
quebra do pacto. Como parte ofendida, Iahweh convoca a natureza como testemunha,
questiona o comportamento de Israel, relembra os benefícios passados e ameaça com uma
punição.

        Neste texto, rico em imagens, à moda de Oséias, Jeremias relembra com nostalgia a
fidelidade dos primeiros tempos e a contrapõe à infidelidade atual, pois Israel trocou Iahweh
pelos ídolos que nada valem e não podem socorrê-lo na hora do aperto.

8
 HARRISON, R.K. Jeremias and Lamentations, an Introduction and Commentary. Tradução de Hans Udo
Fuchs. SOCIEDADE RELIGIOSA EDIÇÕES VIDA NOVA e ASSOCIAÇÃO RELIGIOSA EDITORA
MUNDO CRISTÃO, 1989. 29 p.. (Série Cultura Bíblica).
9
 HARRISON, R.K. Jeremias and Lamentations, an Introduction and Commentary. Tradução de Hans Udo
Fuchs. SOCIEDADE RELIGIOSA EDIÇÕES VIDA NOVA e ASSOCIAÇÃO RELIGIOSA EDITORA
MUNDO CRISTÃO, 1989. 30 p.. (Série Cultura Bíblica).
10
  Disponível em http://www.airtonjo.com/faq_jeremias.htm#Onde nasceu o profeta Jeremias?, acessado em
02/04/2010, às 00h48)



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       Jeremias responsabiliza quatro tipos de autoridades pela idolatria e pela desgraça em
que caiu o país: são os reis, os príncipes, os sacerdotes e os profetas. A volta ao javismo é
possível se Israel resolver praticar a verdade ('emeth), o direito (mishpât) e a justiça
(sedhâqâh), segundo Jr 4.2.

       O que pensava Jeremias da reforma de Josias? Esta é a coisa mais estranha desta fase
da pregação de Jeremias: ele não faz nenhuma alusão à reforma social e religiosa
empreendida pelo rei Josias naqueles anos (sobre a reforma cf. 2 Rs 22.1-23,27). É possível
que, embora visse com muita expectativa a ação do governo, ele tenha se decepcionado com
os escassos resultados de um movimento imposto de cima para baixo, pela força das armas.
Assim, teria preferido manter prudente silêncio a respeito.

        No tempo do rei Joaquim, quando, aos 25 anos de idade, assumiu, a mando do faraó
do Egito, o governo de Judá em 609 a.C., Jeremias rompeu, de vez, com as instituições do
Estado. Jeremias tornou-se, então, um ferrenho adversário da classe sacerdotal de Jerusalém,
já que sob os desmandos do governo de Joaquim a reforma de seu pai Josias se perdeu
totalmente, restando um culto superestimado como garantia da nação, conseqüência da
centralização de todas as atividades religiosas no Templo de Jerusalém e na mão de seus
sacerdotes. Culto agora usado para mascarar os males sociais e os crimes contra o povo.

       Jeremias, em sua 1a intervenção na época de Joaquim, proferiu um violento discurso
contra o Templo, que foi conservado em duas versões: Jr 7.1-15 e Jr 26.1-24. O primeiro
destaca o conteúdo, o segundo as circunstâncias do discurso.

       Entre setembro de 609 e abril de 608 a.C., talvez durante uma festa, Jeremias coloca-
se no pátio do Templo e denuncia a confiança da população judaíta no Templo de Iahweh
como falsa e promete a destruição do santuário, tal qual outrora acontecerá com Silo.

        A morte de Josias em combate contra o faraó, o curto governo de seu filho Joacaz (3
meses), seu exílio, a dependência do Egito sob Joaquim: tudo isso criara um clima de
incerteza e insegurança geral. O que faz o povo? Refugia-se na crença de que a presença de
Iahweh no Templo garante a cidade e a sua liberdade.

        Jeremias denuncia esta crença porque, segundo ele, só a aliança Iahweh-Israel poderia
garantir o povo. Mas esta não funcionava, pois nos tribunais não se praticava o direito,
oprimiam-se o estrangeiro residente, o órfão e a viúva, condenava-se o inocente e, além disso,
seguiam-se deuses estrangeiros.

       Conta-nos Jr 26.1-24 que Jeremias quase morre por fazer tal denúncia. Aos olhos do
pessoal do Templo, como sacerdotes e profetas, Jeremias cometera duas blasfêmias: falara em
nome de Iahweh e falara contra a casa de Iahweh. Perante o tribunal a que é levado, ele,
porém, confirma suas palavras e só não morre porque alguém se lembrou do profeta
Miquéias, que, um século antes, pregara destino parecido para o Templo e para a cidade e
nada sofrera.

       Denuncia o governo de Joaquim como ganancioso, assassino e violento, segundo Jr
22.13-19, um dos mais duros oráculos proféticos já pronunciados contra um rei. Jeremias



                                                                     www.iead-msbc.com.br - 7
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compara Joaquim ao seu pai Josias e denuncia o rei como antijavista, pois não cumpre sua
função real de exercer a justiça e o direito e de proteger os mais fracos.

       No começo de seu governo, Joaquim preocupa-se em construir um novo palácio - ou
um anexo ao antigo - exatamente no momento em que a crise econômica se agravava.
Dependente do Egito, a quem pagava tributo, colocou a população para trabalhar de graça na
construção. Jeremias vai dizer ao rei que ele, quando morrer, nem merece ser sepultado, mas
como um jumento deverá ser jogado para fora das muralhas de Jerusalém, pois, ao contrário
de seu pai, Joaquim "não conhece Iahweh ".

        O que mais ameaça Judá neste momento? Jr 4.5-6.30 e Jr 8.13-17 falam de um
"inimigo que vem do norte". Embora haja várias possibilidades de identificação desse
inimigo, muitos comentaristas pensam que Jeremias está falando de Nabucodonosor, o rei
babilônico, que invade regiões da Palestina em 605/604 a.C., trazendo o terror da guerra para
as fronteiras de Judá.

        Muitos dos versos de Jeremias, nestes poemas, são de uma dramaticidade
impressionante, como Jr 5.15-17, sobre a nação que vem de longe para atacar Judá: nação
antiga, nação duradoura, cujos homens são heróis. Nação que devorará os filhos, os animais e
todo o alimento de Judá, destruindo pela espada suas fortalezas. Segundo Jeremias, é Iahweh
quem aplicará a Judá tal castigo.

        O motivo de tão cruel castigo de Judá deve-se à ruptura da aliança. Em Judá, Jeremias
só vê rebeldia contra Iahweh, levando o povo a maldades e crimes sem conta. Não há o
mínimo "conhecimento de Deus", que só é possível através da prática do direito, da justiça, da
solidariedade. Os poderosos tramam sistematicamente contra o povo, todos buscam
desesperadamente a riqueza e não há paz. A mentira domina, desde o ensinamento dos
profetas à lei dos sacerdotes, levando o país ao caos. Todos se tornam inimigos de todos.
Impera a idolatria. O fim será trágico, segundo os capítulos 8 e 9 de Jeremias.

        Percorrendo as ruas de Jerusalém, Jeremias constata a ausência do direito e da verdade
entre as pessoas comuns (Jr 5.1), mas, maior corrupção encontra entre os grandes e poderosos,
que não agem mal por ignorância, senão por determinação consciente e persistente (Jr 5.4-5).
Quanto mais a crise nacional se aprofunda, mais os líderes se recusam a encontrar soluções.
Só procuram satisfazer seus interesses imediatos e deixam o país afundar: "Eles cuidam da
ferida do meu povo superficialmente, dizendo: 'Paz! Paz!', quando não há paz", diz Jr 6.14.

      Com extremo realismo - válido para todas as épocas - em Jr 5.26-28 são descritos os
poderosos e suas armadilhas de apanhar o povo e escravizá-lo impunemente.

        Jeremias foi proibido de entrar no Templo porque, segundo Jr 19.14-20,6,
possivelmente por volta de 605 a.C., quando Nabucodonosor venceu o faraó Necao II e
ameaçou Judá, o profeta foi ao pátio do Templo e anunciou a destruição de Jerusalém.
Acabou preso por Fassur, chefe da guarda do Templo, surrado e colocado no tronco por uma
noite. Depois disso, foi-lhe proibida, segundo Jr 36,5, a entrada no Templo.




                                                                     www.iead-msbc.com.br - 8
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       Sem poder ir até o povo, Jeremias convoca o escriba Baruc e dita-lhe os oráculos de
julgamento contra a nação. Este episódio da primeira escrita do livro, narrado em Jr 36.1-32,
aconteceu no quarto ano do governo de Joaquim, em 605 a.C.

        No ano seguinte, em dezembro de 604 a.C. Jeremias manda Baruc ler o livro (= rolo)
no Templo. O momento é dramático: Nabucodonosor atacava, então, a cidade filistéia de
Ascalon, vizinha de Judá. Por isso, talvez, Jeremias, tenha acreditado ter soado a hora da
verdade para Judá. O "inimigo do norte" está às portas. Ou conversão ou destruição, alerta o
profeta.

        Joaquim, ao tomar conhecimento do manuscrito, queimou-o e mandou prender
Jeremias e Baruc, segundo Jr 36.21-26. A leitura feita por Baruc no Templo foi ouvida por
membros do governo de Joaquim que não apoiavam as suas atitudes. Na esperança de
convencer o rei a mudar sua política, levaram o manuscrito até Joaquim, que o ouviu mas não
se convenceu. Jeremias e Baruc, bem escondidos, não foram achados. Após algum tempo,
Jeremias, que não é de desistir, manda que Baruc escreva tudo de novo e ainda acrescente ao
livro outras palavras, diz Jr 36.27-32.

       Nenhum profeta da época, de forma alguma, pensava como Jeremias. Acreditam
alguns especialistas que talvez o fato mais desorientador para Jeremias nesta época era a
análise errada da situação feita por pessoas que se apresentavam para falar em nome de
Iahweh como seus profetas.

       Por isso, em Jr 14.13-16 e Jr 23.13-40 podemos ver como Jeremias luta para
desmascarar os falsos profetas que, falando em seu próprio interesse, "fortalecem as mãos dos
perversos, para que ninguém se converta de sua maldade", que seduzem o povo com suas
mentiras e seus enganos, roubando um do outro a palavra de Iahweh. Jeremias conclui que
dos profetas de Jerusalém saiu a impiedade para todo o país.

        Aconteceu algo terrível com o rei Joaquim. Em 600 a.C. Nabucodonosor tentou
invadir o Egito e não conseguiu. Joaquim rebelou-se e morreu em dezembro de 598 a.C.,
provavelmente assassinado, enquanto os babilônios marchavam para tomar Jerusalém. Seu
filho Joaquin, de 18 anos de idade, o substituiu, mas capitulou 3 meses depois, no dia 16 de
março de 597 a.C.. O rei foi deportado para a Babilônia com a corte e a classe dirigente.

       No seu lugar, os babilônios deixaram seu tio, outro filho de Josias, de nome Sedecias,
então com 21 anos de idade, para dirigir Judá uma nação toda arruinada. Com várias cidades
destruídas e com a economia do país desorganizada, pouco restava ao fraco Sedecias que
pudesse ser feito.

        Sob o governo de Sedecias, neste 3º período, Jeremias começa criticando as pretensões
do novo governo através da visão dos dois cestos de figos de Jr 24.1-10. Segundo o profeta,
os exilados correspondem a figos bons, enquanto o atual governo se parece com figos
estragados. É possível que o novo governo instalado no poder sob Sedecias, se afirmasse
como a solução para o país, já que os "maus", os governantes anteriores, tinham sido exilados,
pagando por seus crimes. Jeremias é de opinião contrária. Para ele o problema continua. Nada
fora resolvido e a sombra do Templo não garantirá ninguém.



                                                                     www.iead-msbc.com.br - 9
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       Jeremias escreve, então, uma carta aos exilados. Ainda nos primeiros anos do governo
de Sedecias, Jeremias escreveu aos exilados de 597 a.C., segundo Jr 29.1-23. Ele tenta
desfazer as ilusões alimentadas por falsos profetas, durante convulsões sociais acontecidas no
império babilônico, de que o exílio estava para acabar. Segundo Jeremias, os exilados devem
aprender a viver tranqüilamente entre os babilônios, pois o exílio será longo.

       Em Jr 27.1-22 e Jr 28.1-17, Jeremias se opõe radicalmente a tal aventura incitada em
Jerusalém pelos pequenos reinos da Síria-Palestina que se encontravam na mesma situação de
Judá. Colocando um jugo (= haste apoiada no pescoço e ombros para transportar carga) sobre
o próprio pescoço, Jeremias simboliza o domínio babilônico a que estavam submetidos (Jr
27.2-3). Confrontando-se com o profeta Hananias, que, ao quebrar o jugo de Jeremias,
simbolicamente prega a necessidade da rebelião e a libertação fácil, Jeremias consegue
convencer o governo a se manter quieto.

       Quando Jerusalém foi cercada pelas tropas babilônicas em janeiro de 587 a.C.,
Jeremias disse ao rei Sedecias que a vitória de Nabucodonosor era inevitável, pois Iahweh
entregara a cidade nas mãos do inimigo, já que não houve conversão (Jr 34.1-7).

       Jeremias, nesta época, é preso. Segundo Jr 37.11-16, ele tentou sair da cidade para ir a
Anatot tomar posse de um campo que comprara de um primo. Como o Egito enviara um
exército para ajudar Jerusalém, os babilônios tinham levantado temporariamente o cerco da
cidade para enfrentá-lo. É nesta ocasião que Jeremias é acusado por oficiais do exército de
passar para o lado dos babilônios, é preso e jogado numa cisterna de captação de água, onde
quase morre.

       Já segundo Jr 38.1-13, Jeremias é preso, acusado de traição pelos nobres, ministros de
Sedecias, porque estaria exortando o povo à rendição. É provável que temos aqui dois relatos
diferentes do mesmo episódio.



Um homem que se envolveu11

       Mais do que "confissões", deveríamos falar aqui de diálogos com Iahweh, lamentos,
orações, disputas. Foi durante este período de sua vida, durante o governo de Joaquim, que
Jeremias mais sentiu o peso de sua missão. Obrigado a ser do contra, a pregar a desgraça para
o seu povo, a remar contra a corrente, ameaçado, rejeitado, caluniado, desprezado, ele se
lamenta, amaldiçoando até mesmo o dia em que nasceu.

        São textos difíceis de ser datados com precisão. É possível que tenham sido escritos
em 605 a.C. como um desabafo, não como oráculos previamente ditos ao povo. Talvez
possam ser lidos como uma síntese das crises vividas pelo profeta desde o começo de sua
atividade. São 5 textos: 1a confissão: Jr 11.18-12,6; 2a confissão: Jr 15.10-11.15-21;
3a confissão: Jr 17.14-18; 4a confissão: Jr 18.18-23; e, 5a confissão: Jr 20.7-10.14-18.


11
  Disponível em http://www.airtonjo.com/faq_jeremias.htm#Onde nasceu o profeta Jeremias?, acessado em
02/04/2010, às 00h48)


                                                                         www.iead-msbc.com.br - 10
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                               Jeremias se destaca entre os profetas hebreus por causa da dimensão em
                               que revelou seus sentimentos pessoais. Os outros faziam suas profecias sem
                               dizer muito do que se passava dentro deles, mas Jeremias revela seu
                               coração turbulento de homem que foi escolhido um pouco contra sua
                               vontade para ser o arauto de Deus em sua geração. Sabemos muito pouco
                               da sua vida anterior... Não temos evidência se Jeremias foi educado como
                               sacerdote ou se oficiou como tal. Mas há pouca dúvida de que ele estava
                               cônscio das responsabilidades tradicionais dos sacerdotes em relação à Lei,
                               e do modo flagrante com que as desprezavam (veja 8.8). Ao invés de
                               interpretar para o povo as obrigações da aliança, eles tinham incentivado o
                               culto pagão que floresceu sob Manassés e Amom (veja 2 Rs. 21.1-22). Não
                               podemos nos admirar que Jeremias os fez responsáveis em grande parte
                               pela decadência espiritual de Judá... O livro, como o temos hoje, evidencia
                               bem os conflitos emocionais pelos quais Jeremias passou. Naturalmente ele
                               não tinha nenhum desejo de ser um profeta de tragédias, ardente patriota
                               que era, mas ele não teve escolha, tinha de proclamar a iminência do
                               desastre a uma nação rebelde e idólatra. Conseqüentemente sua angústia
                               mental contida irrompeu às vezes emocionalmente contra seu destino na
                               vida (veja 15.10; 20.8, 14, 18), e houve épocas em que ele aceitaria com
                               alegria ser desincumbido das suas obrigações de profeta. Sofrendo pressão
                               por causa da rejeição e da zombaria do povo (20.7), da oposição ativa à sua
                               mensagem (26.9-19; 28.5-17), das acusações de subversão (38.4) e
                               constante perseguição por aqueles cujo bem-estar ele mais desejou,
                               Jeremias chegou a dizer que nunca mais falaria em nome de Deus (20.9).
                               Mas, a compreensão de que ele tinha sido escolhido como instrumento
                               supremo da revelação de Deus para a sua geração endurecida levava-o sem
                               tréguas ao cumprimento da sua missão profética. Uma parte importante do
                               seu legado espiritual à humanidade foi sua capacidade de fazer sua vida
                               religiosa essencialmente um assunto de relacionamento pessoal com Deus,
                               situação quase obrigatória por causa da perseguição que teve de enfrentar.
                               Podemos ver seu patriotismo no seu desejo ardente de uma união espiritual
                               permanente entre Judá e seu Deus, baseado nas prescrições da aliança. Mas
                               a apostasia resoluta da nação fazia disto algo muito remoto...12

       Da primeira "confissão", Jeremias diz que seus conterrâneos e familiares tentam matá-
lo em Anatot, quando jovem. Mas Jeremias amplia o problema, questionando porque persiste
a prosperidade dos ímpios e a paz dos apóstatas. Daqueles que vivem falando em Iahweh, mas
na verdade estão muito longe dele. Daqueles que têm uma fachada de piedade, mas não estão,
de fato, com Iahweh. E Jeremias conclui que este é um problema para o qual ele não tem
resposta.

       Na segunda confissão a questão colocada por Jeremias é: vale a pena ser profeta?
Jeremias confessa estar vivendo a suprema tentação profética, que é a vontade de se
acomodar, de desistir, de aceitar a cooptação, de "ser normal", de passar para o lado daqueles
a quem ele critica para sair da solidão a que é obrigado a viver.




12
  HARRISON, R.K. Jeremias and Lamentations, an Introduction and Commentary. Tradução de Hans Udo
Fuchs. SOCIEDADE RELIGIOSA EDIÇÕES VIDA NOVA e ASSOCIAÇÃO RELIGIOSA EDITORA
MUNDO CRISTÃO, 1989. 27, 28 E 29 p.. (Série Cultura Bíblica).



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        Na terceira confissão Jeremias apela a Iahweh contra os seus perseguidores que lhe
cobram a realização da palavra de Iahweh por ele pregada e o profeta não sabe mais o que
fazer. Jeremias se sente desacreditado perante seus ouvintes, porque as desgraças prometidas
não acontecem. Vive duramente pressionado.

       Na quarta confissão Jeremias denuncia nova trama contra a sua vida. Seus adversários
argumentam que podem tranqüilamente eliminá-lo, já que o sacerdote, o sábio e o profeta
(ligado aos interesses da corte) não lhes faltarão. Com tristeza o profeta constata: estes que
querem eliminá-lo são os mesmos a quem ele tantas vezes defendeu diante de Iahweh.

       Na quinta confissão, a mais dramática e a mais conhecida de todas, usando fortes
imagens, Jeremias chega ao máximo de sua angústia. Acredita que Iahweh o enganou: o
seduziu para ser profeta e o dominou, para depois abandoná-lo. Agora todos querem sua
queda, inclusive seus amigos. Por isso, ele quer parar de ser profeta, mas o problema é que
não consegue, pois as palavras de Iahweh queimam-no como fogo. Fogo que atinge até os
ossos. Então, Jeremias amaldiçoa o dia em que nasceu: "Maldito o dia em que eu nasci! (...)
Maldito o homem que deu a meu pai a boa nova: 'Nasceu-te um filho homem!' (...) porque ele
não me matou desde o seio materno, para que minha mãe fosse para mim o meu sepulcro e
suas entranhas estivessem grávidas para sempre. Por que saí do seio materno para ver
trabalhos e penas e terminar os meus dias na vergonha?".



Mas, há alguma mensagem de esperança em Jeremias?13

       "Para arrancar e para destruir": esta foi a principal missão de Jeremias. Mas também
para "construir e para plantar", como diz Jr 1.10. Na verdade, espalhados pelo livro de
Jeremias, encontramos poucos textos que manifestam alguma esperança. Jr 31.31-34, o
famoso texto que fala da nova aliança, é um destes.

       Em geral, sua autenticidade tem sido contestada. Argumenta-se, por exemplo, que
Jeremias nunca chegou a tais alturas teológicas, porque o texto é perfeito, completo e assim
por diante. Porém, alguns pensam que Jeremias pode ter tido tal idéia no começo de sua
pregação e a aplicado ao reino do norte, tendo depois, nestes últimos dias, adaptado a fala a
Judá. Claro que o texto final, redigido em prosa, tem a mão de algum redator posterior, talvez
deuteronomista. Mas isto não é suficiente para negar a paternidade da idéia a Jeremias.

                                 O pensamento messiânico de Jeremias relacionava o Renovo de Justiça,
                                 descendente de Davi (33.14-18) com a paz e a prosperidade com que Deus
                                 abençoaria uma nação arrependida e purificada (33.8s). Por isto ele foi
                                 capaz de olhar além da situação momentânea de exílio e contemplar uma
                                 comunidade israelita novamente instalada na Palestina (30.17-22; 33.9-13).
                                 Nesta existência futura haveria abundância de dádivas materiais de Deus
                                 (31.12-14), a cidade de Jerusalém, centro restaurado das aspirações
                                 nacionais e espirituais, seria santa para o Senhor recebendo o nome especial



13
  Disponível em http://www.airtonjo.com/faq_jeremias.htm#Onde nasceu o profeta Jeremias?, acessado em
02/04/2010, às 00h48)


                                                                             www.iead-msbc.com.br - 12
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                                 de “Senhor, Justiça Nossa” (33.16). Aprendendo as lições amargas do exílio
                                 o povo que retornasse adoraria a Deus com coração penitente e indiviso
                                 (31.18-20; 24.7). Por isto suas transgressões passadas seriam perdoadas, e
                                 eles passariam a ser governados pelo príncipe messiânico (23.5s). Este
                                 sistema de governo seria tão glorioso que até as nações gentias aspirariam e
                                 receberiam uma parte da bênção derramada sobre a nação restaurada e
                                 revigorada (conforme a esperança expressa em Dt. 28-30) é resposta
                                 suficiente às objeções daqueles que dizem que Jeremias é somente um
                                 profeta de castigo.14

        Faz uma contraposição entre a antiga aliança, feita após o êxodo, e a nova aliança, a
ser feita no futuro. Enquanto a antiga aliança precisava de intermediários, a nova não
precisará, pois a lei será colocada no íntimo (= coração, seio) do povo de Israel. Se a antiga
aliança foi rompida pelos pais de Israel, a nova não o será jamais, porque haverá perfeita
sintonia entre Iahweh e Israel.

       O objetivo desta nova aliança: é conhecer Iahweh. É o repetido tema do conhecimento
de Iahweh que aqui volta. É um tema da maior importância e explica muitas das atitudes e
palavras de Jeremias.

       Jeremias chegou mais perto do que ninguém da compreensão do verdadeiro problema
de Israel de sua época, que era a estrutura tributária do Estado. Sua rejeição de instituições
como o Templo e seu aparelho cultual ou a corte e sua administração é, na verdade, a
denúncia dos aparelhos do Estado tributário como antijavistas e perniciosos para o povo.

        A proclamação de uma nova aliança, onde o javismo não precisaria de mediações para
ser vivido, é a radicalização utópica de sua pregação. É o sonho de Jeremias.

       Segundo Champlin, Jeremias viu um brilhante e novo dia, que haveria de raiar, apesar
da melancolia do momento. Em primeiro lugar, haveria uma restauração do povo de Israel à
sua terra, no tempo certo (Jr. 30.17-22; 32.15, 44; 33.9-13). Em segundo lugar, haveria o
estabelecimento do governo do Príncipe messiânico sobre Israel (Jr. 23.5ss.) e sobre todas as
nações da terra (Jr. 3.17; 16.19; 30.9). 15

       Após a queda de Jerusalém em 19.07.586 a.C., assistimos, em eu 4º período de
atuação, ao crepúsculo do profeta. Deixado livre pelos babilônios, Jeremias escolheu ficar
com o governador Godolias, neto de Safã, escriba chefe da reforma de Josias, membro de uma
família que sempre apoiara Jeremias em Jerusalém. Assim, junto ao resto do povo pobre que
ficou no país, Jeremias certamente alimenta ainda a esperança de "construir e plantar", como
conta o texto que fala de sua vocação em Jr 1.10.



14
  HARRISON, R.K. Jeremias and Lamentations, an Introduction and Commentary. Tradução de Hans Udo
Fuchs. SOCIEDADE RELIGIOSA EDIÇÕES VIDA NOVA e ASSOCIAÇÃO RELIGIOSA EDITORA
MUNDO CRISTÃO, 1989. 27, 28 E 29 p.. (Série Cultura Bíblica).
15
  CHAMPLIN, Russel Norman. O Antigo Testamento Interpretado: versículo por versículo – volume 5. R. N.
Champlin, Ph. D. 1ª Edição – São Paulo: CANDEIA, 2000. 2983 p..



                                                                             www.iead-msbc.com.br - 13
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Conclusão

       Os homens ficam ofuscados e escravizados às formas religiosas externas, cerimônias e
instituições. Porém, a fé religiosa genuína é, essencialmente, uma condição moral e espiritual,
na qual a alma é unida a Deus (Jr. 31.31-34). Esse foi um dos temas fundamentais da prédica
do Senhor Jesus, conforme fica demonstrado pelo Sermão da Montanha (Mt. 5-7), um tema
que teve continuidade nos escritos de Paulo, do qual o segundo capítulo de Romanos é um
bom exemplo.

      Precisamos, nós, responsáveis pela atual geração, comprometer-nos com Deus de
maneira que, anunciemos a vontade de Deus, denunciemos os caminhos tortuosos dos
apóstatas, e proclamemos a esperança da volta de Cristo que restaurará todas as coisas,
trazendo justiça, paz, solidariedade e comunhão. Estando para sempre com Ele. Isso a
despeito das ameaças, das perseguições, das angústias e tribulações, das dificuldades inerentes
a todos aqueles que amam a Deus e compreendem a extensão desse comprometimento.

     Marson Guedes, em seu livro “O Caminho de Jeremias”16, nos mostra que:

                                                  “é possível ter crises com Deus e, ao mesmo
                                       tempo, estar no centro de sua vontade. Também mostra
                                         que cumprir a vontade do Pai não implica que nossa
                                           mensagem será ouvida nem que os abençoados por
                                      nossa obediência se arrependerão. Vivemos num mundo
                                          complicado, e as respostas religiosas não dão conta
                                     dessas experiências. É preciso conhecer melhor o Deus a
                                                                              quem servimos”




16
   GUEDES, Marson. O Caminho de Jeremias: o que o profeta nos ensina sobre esperança em meio ao
sofrimento. São Paulo: Mundo Cristão, 2004. 130 p..


                                                                     www.iead-msbc.com.br - 14
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                                                 Referências

BÍBLIA. Português. Bíblia de Referência Thompson. São Paulo. Editora Vida.

BÍBLIA. Português. Bíblia de Estudo Plenitude. São Paulo, Sociedade Bíblica do Brasil.

BÍBLIA. Português. Novo Testamento King James – Edição de Estudo. Tradução King James
Atualizada (KJA). São Paulo, Sociedade Ibero-Americana.

CHAMPLIN, Russel Norman. O Antigo Testamento Interpretado: versículo por versículo –
volume 5. R. N. Champlin, Ph. D. 1ª Edição – São Paulo: CANDEIA, 2000.

GUEDES, Marson. O Caminho de Jeremias: o que o profeta nos ensina sobre esperança em
meio ao sofrimento. São Paulo: Mundo Cristão, 2004

HARRISON, R.K. Jeremias and Lamentations, an Introduction and Commentary. Tradução
de Hans Udo Fuchs. SOCIEDADE RELIGIOSA EDIÇÕES VIDA NOVA e ASSOCIAÇÃO
RELIGIOSA EDITORA MUNDO CRISTÃO, 1989. (Série Cultura Bíblica).




                                                         São Bernardo do Campo, 02 de abril de 2010.




                                                                           Valter Borges dos Santos17




17
     Evangelista, pastor AD Thelma. E-mail: valtergislene@uol.com.br


                                                                            www.iead-msbc.com.br - 15

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EBD 2º Tri 2010 - Lição 01 - 04042010 - Subsídio

  • 1. Subsídios para Escola Bíblica Dominical Igreja Evangélica Assembleia de Deus - Ministério de SBCampo JEREMIAS, O PROFETA DA ESPERANÇA Resumo O subsídio desta semana (Lição 01 – 2º Trimestre de 2010 - de 04/04/2010) da Revista “Lições Bíblicas” de Jovens e Adultos, que está abordando o tema “Jeremias – Esperança em tempos de crise”, (um estudo no livro do Profeta Jeremias), traz o assunto da Esperança, com o título “Jeremias, o Profeta da Esperança” O texto áureo desta lição está registrado em Jeremias 1.7, que diz: “Mas o SENHOR me disse: Não digas: Eu sou uma criança; porque, aonde quer que eu te enviar, irás; e tudo quanto te mandar dirás”. O comentarista deste trimestre, Pr. Claudionor de Andrade extraiu do texto base (Jeremias 1.1-10), a seguinte verdade prática: “A missão do homem de Deus é inegociável. Ele foi chamado para cuidar dos interesses do Todo- Poderoso, e proclamar com isenção e coragem a sua Palavra”. Este subsídio tem o objetivo de explorar profunda e exaustivamente este assunto; não sendo, de forma alguma, a última palavra num assunto tão amplo. Espera-se contribuir, assim, com os objetivos listados na lição bíblica que é: “conhecer a origem sacerdotal do profeta Jeremias; explicar como se deu o chamamento do profeta Jeremias; e, conscientizar-se de que somos um povo sacerdotal e profético”.1 Bons estudos!!! Palavras-Chaves: Esperança; Chamado; Profeta. Introdução Com esta lição iniciamos mais um trimestre! E, a partir, deste dia 04 de abril, passamos a estudar o livro do profeta Jeremias. Tão importante quanto falar do profeta é conhecer seu chamado; seu ofício sacerdotal e profético; o contexto no qual está inserido e entender porque ele é chamado de “o Profeta da Esperança” e não do castigo. O texto bíblico nos fornece muitas informações a respeito de Jeremias, mas necessário se faz uma pesquisa para ampliar mais ainda o conhecimento desse profeta que Eugene H. Peterson, citado pelo Pr. Claudionor de Andrade2, procura descrever o caráter do mais sofrido dos mensageiros de Jeová, descrevendo-o como aquele “vigoroso na batalha, desafiou e contestou a injustiça, a falsidade e a vilania”. 1 LIÇÕES BÍBLICAS. Jovens e Adultos. 2º Trimestre de 2010. CPAD, 2010. 04 p. 2 LIÇÕES BÍBLICAS. Jovens e Adultos. 2º Trimestre de 2010. CPAD, 2010. 05 p. www.iead-msbc.com.br - 1
  • 2. Subsídios para Escola Bíblica Dominical Igreja Evangélica Assembleia de Deus - Ministério de SBCampo Procuraremos, também, definir o que significava ser profeta naquela época, em como expor o chamado que Deus faz ao homem. No texto sagrado, em Jeremias 1.4-5, temos, logo no início, como se deu o chamamento de Jeremias, “Assim veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo: Antes que eu te formasse no ventre, eu te conheci; e, antes que saísses da madre, te santifiquei e às nações te dei pro profeta”. Algumas questões podem nos guiar nessa “viagem panorâmica” pela vida de Jeremias. Em quais circunstâncias Jeremias profetizava? Quanto ao seu chamamento, é Deus que comissiona o profeta? Qual a personalidade desse profeta? Pois bem!! Comecemos pela pessoa de Jeremias; e, posteriormente, trataremos do contexto em que viveu, e depois, esclareceremos quanto ao seu chamado, para finalmente, concluir com sua mensagem de esperança. Jeremias terminou seus dias quando a situação em Judá se complicou rapidamente, quando um príncipe davídico chamado Ismael, que escapara para Amon, voltou e assassinou Godolias, provavelmente em outubro de 586 a.C., segundo Jr 41.1-18. Os sobreviventes, entre eles, Jeremias, fogem para o Egito, temendo uma represália babilônica (Jr 42.1-43.7). Lá no Egito, em Táfnis, cidade situada a leste do delta do Nilo, o incansável profeta, que já devia ter uns 70 anos de idade, passa a repreender a idolatria que seus conterrâneos ali praticavam, segundo Jr 44.1-30. Depois disso, nada mais sabemos sobre Jeremias. Diz a tradição que o profeta de Anatot foi apedrejado e morto por seus conterrâneos, lá no Egito. Esta lenda está no apócrifo Vida dos profetas, um texto escrito por um judeu da Palestina no século I d.C. Ressaltamos a riqueza do texto do Dr. Airton José da Silva, professor de Antigo Testamento e Bíblica Hebraica na Faculdade de Teologia do CEARP, cujos textos, que neste subsídio estão sob os títulos “Quem é Jeremias?”, “Fatos e profecias: contexto histórico”, “Um homem que se envolveu”, “Mas há alguma mensagem de esperança em Jeremias?”, são transcrições suas, cujas referências encontram-se no site: www.airtonjo.com, com exceção das referências dos textos do livro “Jeremias e Lamentações – Introdução e Comentário”. Seus textos são de uma clareza imensa, então vejamos. Quem é Jeremias? Jeremias nasceu no povoado de Anatot, pertinho de Jerusalém, entre 650 e 640 a.C. Ele era filho do sacerdote Helcias, da casa de Eli. Talvez descendesse de Abiatar, chefe dos levitas em Jerusalém na época do rei Davi, e que foi desterrado para Anatot por Salomão, segundo 1 Rs. 2.26-27.3 Há duas possibilidades para o significado do nome de Jeremias: Yirmeyâhû, que quer dizer “Iahweh exalta”, “Iahweh é sublime” ou “Iahweh abre (=faz nascer)”. Este nome era bastante comum nos tempos bíblicos. São conhecidos pelo menos sete personagens, mais ou menos importantes, com este nome. Quase nada sabemos da infância e da formação de Jeremias. Parece que ele jamais assumiu qualquer função sacerdotal. Pelo contrário, denunciou duramente o papel exercido pelos sacerdotes de seu 3 Disponível em http://www.airtonjo.com/faq_jeremias.htm#Onde nasceu o profeta Jeremias?, acessado em 02/04/2010, às 00h48) www.iead-msbc.com.br - 2
  • 3. Subsídios para Escola Bíblica Dominical Igreja Evangélica Assembleia de Deus - Ministério de SBCampo tempo. O que, por outro lado, aponta para sua rigorosa visão levítica, e possível formação, de como deveria agir um sacerdote. Consta, nesta linha, que o rei Josias (640-609 a.C.) proibira o exercício do ofício aos sacerdotes não provenientes de Jerusalém, segundo 2 Rs. 23.8-9. Jeremias atuou cerca de 50 anos, de 627 a.C. até 580 a. C., sob os governos de Josias (629-609 a.C.), Joaquim (609-598 a.C.), Sedecias (597-586 a.C.) e Godolias [exílio] (586/580 a.C.). Por isso, costumamos dividir, didaticamente, sua atuação segundo estes quatro períodos. Quanto à influência do profeta Oséias sobre Jeremias, não existe nenhuma dúvida acerca disso sobre o pensamento do profeta da esperança. Além dos fatores geográficos – Anatot pertence à tribo de Benjamim – e familiares – Jeremias descendia, talvez, de Eli, sacerdote de Silo – é possível que a educação de Jeremias tenha incluído os ensinamentos de Oséias. “Entendo que Oséias e Jeremias foram os dois profetas mais radicais de todo o Israel, pois foram os que mais perto chegaram de uma compreensão profunda das causas da opressão que o povo de Israel vivia naquele tempo. Ambos entendem, por exemplo, que onde o javismo caducou ou se oficializou e foi, por isso, neutralizado por práticas institucionais do aparelho estatal, a corrupção, a opressão e o despotismo generalizado dominaram. O processo (rîbh) que fazem a Israel por não ‘conhecer a Deus’ é sintomático, como em Os. 4.1-3 e Jr. 2.8; 4.22 e a interessantíssima crítica ao rei Joaquim (609-598 a.C.) em Jr. 22.13-19”.4 Antes que eu te formasse no ventre materno, eu te conheci. Este versículo enfatiza como a vontade divina governa a vida humana. Nada havia de acidental na chamada e missão de Jeremias. Ele foi predestinado para desempenhar esse papel. Presume-se que a mesma vontade que tornou isso verdade a respeito de Jeremias, também opera em uma base larga, se não mesmo em uma base universal. Isso explicaria a vida de muitos homens verdadeiramente grandes. Deus estava com eles desde o começo de sua vida física, e talvez tenha estado com eles em espírito no salão das experiências e memórias de Deus, recuando até onde a imaginação nos possa transportar. Então lhe disse eu: Ah! Senhor Deus! Eis que não sei falar... Jeremias... hesitou e encontrou desculpas para que alguns homens fossem chamados. Ele era apenas uma criança, um jovem... Não temos meios para saber qual a idade de Jeremias quando ele foi chamado, mas ele se reputava muito jovem e inexperiente para a tarefa. Mas o Senhor me disse: Não digas: Não passo de uma criança. Yahweh sabia melhor que Jeremias. Ele conhecia Jeremias e suas qualificações; sabia que ele sofreria muito às mãos de homens iníquos e teria razões para temer suas cataduras. Portanto, desde o começo Deus, advertiu Jeremias a não cair na síndrome do temor. A presença divina estaria com ele, para conferir-lhe poder, para guiá-lo e, quando necessário, para livrá-lo das perturbações que o acossassem. Além disso, ser-lhe-iam dadas as palavras certas, porquanto haveria uma série de oráculos que formariam o conteúdo do que deveria ser dito pelo profeta... Jeremias tinha autoridade para agir, a autoridade de Yahweh. Embora fosse jovem, ele possuía as habilidades inerentes para cumprir sua missão. Além disso, ele contava com a proteção divina. A presença de Deus o acompanharia. A mensagem que seria transmitida por Jeremias viria inspirada por Yahweh. Jeremias não teria de rebuscar idéias e palavras certas. É apenas natural que os homens tentem fugir de Deus, especialmente quando mais próximos se chagaram a Ele, em suas 4 Disponível em http://www.airtonjo.com/faq_jeremias.htm#Onde nasceu o profeta Jeremias?, acessado em 02/04/2010, às 00h48) www.iead-msbc.com.br - 3
  • 4. Subsídios para Escola Bíblica Dominical Igreja Evangélica Assembleia de Deus - Ministério de SBCampo experiências. Quanto maior o homem, maior a tendência para fugir, até que, à semelhança de Jeremias, o homem se sinta mais confortável na presença do Ser divino.5 A garantia que Deus dá àqueles que Ele chama é a certeza de que o empreendimento, se praticados dentro dos parâmetros divinos, terá êxito. Jeremias, mesmo receoso não precisava retrair-se, pois o Senhor era sua garantia. Deus, assim, o capacitou. Depois estendeu o Senhor a mão, tocou-me na boca, e me disse. O Toque Divino. Além de encorajar o profeta, Yahweh deu-lhe unção divina, ao tocar em sua boca. Precisamos do toque místico! É maravilhoso conhecer as realidades espirituais. É maravilhoso ser capaz de usar a oração e ver grandes coisas acontecer pela intervenção divina. Mas também é maravilhoso e necessário ter contato com o Ser divino. É a isso que os filósofos e teólogos chamam de Misticismo. Além de transmitir-nos poder, essa é uma das maneiras pelas quais obtemos desenvolvimento espiritual... O toque divino em Jeremias “tornou-lhe a boca pura e poderosa”. Uma brasa viva foi posta na boca de Isaías (Is. 6.7), idéia semelhante à que temos no texto presente. “Achadas as tuas palavras, logo as comi; as tuas palavras me foram gozo e alegria para o coração, pois pelo teu nome sou chamado, ó Senhor, Deus dos Exércitos” (Jr. 15.16). Olha que hoje te constituo sobre as nações, e sobre os reinos. Essência da Missão e da Mensagem. Considere o leitor estes quatro pontos: (1) Jeremias tinha autoridade até sobre as nações, e não somente sobre Israel. Ele teria uma missão internacional. (2) Mediante sua mensagem, Jeremias arrancaria, derribaria, destruiria e arruinaria potências humanas. (3) Mas ele também seria capaz de construir e plantar. Em outras palavras, tanto a providência negativa quanto a providência positiva de Deus operariam por intermédio do profeta. (4) A predestinação divina estaria no que ele fizesse, pelo que o seu bom êxito estava garantido desde o começo. Ele seria uma figura poderosa com uma missão importante e eficaz. “A seqüência inteira do livro é um comentário sobre essas palavras. Passava pelo terror e pelas trevas para a glória e as bênçãos do Novo Pacto (Jr. 31.31)” (Ellicott, in loc.). O profeta possuiria o fogo capaz de consumir o povo (Jr. 4.14); possuiria o malho com o qual despedaçaria qualquer obstáculo, mesmo que fosse feito de rochas (Jr. 23.29). Cf. Is. 55.10, quanto a algo similar. Quanto à destruição eficaz dos culpados, ver Ez. 43.3. Quanto ao ato de desarraigar, ver Mt. 15.13. Quanto a arrancar, ver II Cor. 10.4. Em seu trabalho, Jeremias seria como um agricultor, um técnico em demolição e um construtor. 6 Jeremias atuou como profeta por cerca de 50 anos, de 627 a 580 a.C. É possível que Jeremias tenha começado a profetizar em Anatot. Mas foi perseguido, quiseram matá-lo em sua própria terra, segundo Jr. 11.18 – 12.6. Não conhecemos o motivo desse complô armado contra Jeremias por seus conterrâneos (Jr. 11.21) e até por seus familiares (Jr. 12.6). Talvez por ter apoiado a reforma do rei Josias, que destruiu os santuários regionais e centralizou as atividades cultuais em Jerusalém, ele tenha prejudicado os interesses de sua família de 5 CHAMPLIN, Russel Norman. O Antigo Testamento Interpretado: versículo por versículo – volume 5. R. N. Champlin, Ph. D. 1ª Edição – São Paulo: CANDEIA, 2000. 2985 e 2986 p.. 6 CHAMPLIN, Russel Norman. O Antigo Testamento Interpretado: versículo por versículo – volume 5. R. N. Champlin, Ph. D. 1ª Edição – São Paulo: CANDEIA, 2000. 2986 p.. www.iead-msbc.com.br - 4
  • 5. Subsídios para Escola Bíblica Dominical Igreja Evangélica Assembleia de Deus - Ministério de SBCampo sacerdotes. Ou, quem sabe, o duro teor de sua crítica social e religiosa tenha provocado tão violenta reação. Durante toda a sua vida Jeremias irá incomodar muita gente, que tentará, a qualquer custo, calar a sua boca.7 Amante da natureza, ele tirou exemplos da vida no campo para dar força e clareza à sua mensagem, como Amós (compare 24.1-10 com Amós 8.13). Como aquele celebrado profeta judeu, Jeremias afirmava que Deus era Senhor supremo sobre a natureza e as nações (32.16-25) e Amós 4.13). Sua visão espiritual ampla combinava o destemor de Amós, o amor de Oséias e a dignidade austera de Isaías. Herdeiro desta grande tradição de espiritualidade, ele era tão comprometido em sua mensagem como João Batista, dizendo às pessoas que dessem frutos dignos de arrependimento (Lc. 3.8). Os pronunciamentos sobre a cólera divina eram, para Judá e Israel, pungentes como uma provação ardente (compare 5.14; 11.16 com Mt. 3.7-12; Lc. 15.17), e sua atitude direta contra um governante indigno provocou uma reação violenta das autoridades nos dois casos (36.20-31; 38.1-13; Mt. 1.1-12; Mc. 6.14-29). O quadro trágico de Jeremias, como homem de Deus que lamenta com grande pesar no coração as tribulações que em breve sobreviriam à nação impenitente, atravessou os séculos e se fixou profundamente na consciência dos escritores do Novo Testamento. Há umas quarenta citações diretas à sua profecia, a metade no Apocalipse, principalmente em relação à queda da Babilônia (compare 50.8 com Ap. 18.4; 50.32 com Ap. 18.8; 51.49s com Ap. 18.24, etc.). As denúncias diretas de Jeremias contra seu povo como incircunciso de coração e ouvido (6.10; 9.26) foram repetidas com força igual por Estevão (Atos 7.51), num discurso que lhe custou a vida. As lições tiradas da visita à casa do oleiro (18.1-10) foram aplicadas por Paulo para a chamada dos gentios por Deus (Rm. 9.20-24). O que mais impressiona, porém, é a maneira com que o povo associou Jesus Cristo com Jeremias. Quando Jesus fez uma pesquisa de opinião pública entre seus discípulos (Mt. 16.13s), alguns o identificaram com esta figura profética proeminente do sétimo século a.C. Não é de surpreender que alguns confundiram o Homem de Dores com o profeta do coração partido, porque tanto Jeremias como Jesus choraram e lamentaram sobre seus contemporâneos (compare 9.1 com Lc 19.41). Condenar a maldade sem escrúpulos trouxe rejeição e sofrimento para Jeremias e para Cristo, e Jeremias até se comparou com um cordeiro ou boi levado para o matadouro (11.19). Ambos ensinavam no Templo de Herodes ele citou em parte as acusações de 7.11, como tendo finalmente se tornado realidade (Mt. 21.13). Porém é compreensível que haja diferenças entre estas duas personalidades. Cristo permaneceu firme em seu chamado até ao ponto de entregar sua vida na cruz, mas Jeremias apresentou menos resolução, pedindo para ser poupado quando ameaçado de prisão e suas conseqüências (37.20). Em comparação com Cristo, que já morrendo orou pelo perdão dos seus inimigos (Lc. 23.34), Jeremias insistia em que os maus deveriam ser castigados (12.3; 18.23). Porém os dois homens exemplificaram com sua vida o ideal da aliança, um relacionamento íntimo e pessoal com Deus baseado em santidade de vida, e demonstraram com 7 Disponível em http://www.airtonjo.com/faq_jeremias.htm#Onde nasceu o profeta Jeremias?, acessado em 02/04/2010, às 00h48) www.iead-msbc.com.br - 5
  • 6. Subsídios para Escola Bíblica Dominical Igreja Evangélica Assembleia de Deus - Ministério de SBCampo suas ações que sua maior missão era fazer a vontade de Deus toda, responsavelmente.8 Ainda, segundo Harrison, professor de Antigo Testamento do Colégio Wycliffe e da Universidade de Toronto, o profeta Jeremias, em seus ensinos, deu destaque ao caráter absoluto da antiga aliança do Sinai, prevendo um tempo em que ela seria substituída por uma comunhão mais íntima com Deus. No livro fica evidente que as experiências da sua vida anteciparam isto, apontando das profundezas da sua angústia e tristeza o caminho para o que se tornou uma das bênçãos espirituais mais procuradas pelo homem. Jeremias foi obrigado a procurar refúgio pessoal em seu Deus por causa da separação forçada do relacionamento social normal, pelas pressões emocionais a que ele esteve sujeito na maior parte do seu ministério. Vitória e derrota, tristeza e alegria, exaltação e humilhação, timidez e coragem, tudo o envolvia continuamente; mas a despeito de todos os obstáculos ele permaneceu firmemente comprometido com seu chamado profético. No fim a realidade da sua vocação como profeta de Deus ficou confirmada, quase como uma coisa lógica, pelos ventos da história.9 Fatos e profecias: contexto histórico10 No tempo de Josias, 10período de sua atuação, Jeremias proclamou um julgamento contra Israel por causa de sua infidelidade a Iahweh e sua adesão a outros deuses, especialmente os deuses que garantiam a fertilidade da natureza, os chamados baalim. Os comentaristas reconhecem como sendo deste período Jr 2.1-4,4 e Jr 30.1-31,37. O texto que exemplifica bem a sua pregação neste período é Jr 2.1-37. É um texto escrito em um gênero literário muito usado pelos profetas, o rîbh (= processo). Funciona assim: parte-se do pressuposto de uma aliança entre as duas partes em questão, Iahweh e Israel. Iahweh abre, então, através do profeta, um processo contra Israel, motivado por sua quebra do pacto. Como parte ofendida, Iahweh convoca a natureza como testemunha, questiona o comportamento de Israel, relembra os benefícios passados e ameaça com uma punição. Neste texto, rico em imagens, à moda de Oséias, Jeremias relembra com nostalgia a fidelidade dos primeiros tempos e a contrapõe à infidelidade atual, pois Israel trocou Iahweh pelos ídolos que nada valem e não podem socorrê-lo na hora do aperto. 8 HARRISON, R.K. Jeremias and Lamentations, an Introduction and Commentary. Tradução de Hans Udo Fuchs. SOCIEDADE RELIGIOSA EDIÇÕES VIDA NOVA e ASSOCIAÇÃO RELIGIOSA EDITORA MUNDO CRISTÃO, 1989. 29 p.. (Série Cultura Bíblica). 9 HARRISON, R.K. Jeremias and Lamentations, an Introduction and Commentary. Tradução de Hans Udo Fuchs. SOCIEDADE RELIGIOSA EDIÇÕES VIDA NOVA e ASSOCIAÇÃO RELIGIOSA EDITORA MUNDO CRISTÃO, 1989. 30 p.. (Série Cultura Bíblica). 10 Disponível em http://www.airtonjo.com/faq_jeremias.htm#Onde nasceu o profeta Jeremias?, acessado em 02/04/2010, às 00h48) www.iead-msbc.com.br - 6
  • 7. Subsídios para Escola Bíblica Dominical Igreja Evangélica Assembleia de Deus - Ministério de SBCampo Jeremias responsabiliza quatro tipos de autoridades pela idolatria e pela desgraça em que caiu o país: são os reis, os príncipes, os sacerdotes e os profetas. A volta ao javismo é possível se Israel resolver praticar a verdade ('emeth), o direito (mishpât) e a justiça (sedhâqâh), segundo Jr 4.2. O que pensava Jeremias da reforma de Josias? Esta é a coisa mais estranha desta fase da pregação de Jeremias: ele não faz nenhuma alusão à reforma social e religiosa empreendida pelo rei Josias naqueles anos (sobre a reforma cf. 2 Rs 22.1-23,27). É possível que, embora visse com muita expectativa a ação do governo, ele tenha se decepcionado com os escassos resultados de um movimento imposto de cima para baixo, pela força das armas. Assim, teria preferido manter prudente silêncio a respeito. No tempo do rei Joaquim, quando, aos 25 anos de idade, assumiu, a mando do faraó do Egito, o governo de Judá em 609 a.C., Jeremias rompeu, de vez, com as instituições do Estado. Jeremias tornou-se, então, um ferrenho adversário da classe sacerdotal de Jerusalém, já que sob os desmandos do governo de Joaquim a reforma de seu pai Josias se perdeu totalmente, restando um culto superestimado como garantia da nação, conseqüência da centralização de todas as atividades religiosas no Templo de Jerusalém e na mão de seus sacerdotes. Culto agora usado para mascarar os males sociais e os crimes contra o povo. Jeremias, em sua 1a intervenção na época de Joaquim, proferiu um violento discurso contra o Templo, que foi conservado em duas versões: Jr 7.1-15 e Jr 26.1-24. O primeiro destaca o conteúdo, o segundo as circunstâncias do discurso. Entre setembro de 609 e abril de 608 a.C., talvez durante uma festa, Jeremias coloca- se no pátio do Templo e denuncia a confiança da população judaíta no Templo de Iahweh como falsa e promete a destruição do santuário, tal qual outrora acontecerá com Silo. A morte de Josias em combate contra o faraó, o curto governo de seu filho Joacaz (3 meses), seu exílio, a dependência do Egito sob Joaquim: tudo isso criara um clima de incerteza e insegurança geral. O que faz o povo? Refugia-se na crença de que a presença de Iahweh no Templo garante a cidade e a sua liberdade. Jeremias denuncia esta crença porque, segundo ele, só a aliança Iahweh-Israel poderia garantir o povo. Mas esta não funcionava, pois nos tribunais não se praticava o direito, oprimiam-se o estrangeiro residente, o órfão e a viúva, condenava-se o inocente e, além disso, seguiam-se deuses estrangeiros. Conta-nos Jr 26.1-24 que Jeremias quase morre por fazer tal denúncia. Aos olhos do pessoal do Templo, como sacerdotes e profetas, Jeremias cometera duas blasfêmias: falara em nome de Iahweh e falara contra a casa de Iahweh. Perante o tribunal a que é levado, ele, porém, confirma suas palavras e só não morre porque alguém se lembrou do profeta Miquéias, que, um século antes, pregara destino parecido para o Templo e para a cidade e nada sofrera. Denuncia o governo de Joaquim como ganancioso, assassino e violento, segundo Jr 22.13-19, um dos mais duros oráculos proféticos já pronunciados contra um rei. Jeremias www.iead-msbc.com.br - 7
  • 8. Subsídios para Escola Bíblica Dominical Igreja Evangélica Assembleia de Deus - Ministério de SBCampo compara Joaquim ao seu pai Josias e denuncia o rei como antijavista, pois não cumpre sua função real de exercer a justiça e o direito e de proteger os mais fracos. No começo de seu governo, Joaquim preocupa-se em construir um novo palácio - ou um anexo ao antigo - exatamente no momento em que a crise econômica se agravava. Dependente do Egito, a quem pagava tributo, colocou a população para trabalhar de graça na construção. Jeremias vai dizer ao rei que ele, quando morrer, nem merece ser sepultado, mas como um jumento deverá ser jogado para fora das muralhas de Jerusalém, pois, ao contrário de seu pai, Joaquim "não conhece Iahweh ". O que mais ameaça Judá neste momento? Jr 4.5-6.30 e Jr 8.13-17 falam de um "inimigo que vem do norte". Embora haja várias possibilidades de identificação desse inimigo, muitos comentaristas pensam que Jeremias está falando de Nabucodonosor, o rei babilônico, que invade regiões da Palestina em 605/604 a.C., trazendo o terror da guerra para as fronteiras de Judá. Muitos dos versos de Jeremias, nestes poemas, são de uma dramaticidade impressionante, como Jr 5.15-17, sobre a nação que vem de longe para atacar Judá: nação antiga, nação duradoura, cujos homens são heróis. Nação que devorará os filhos, os animais e todo o alimento de Judá, destruindo pela espada suas fortalezas. Segundo Jeremias, é Iahweh quem aplicará a Judá tal castigo. O motivo de tão cruel castigo de Judá deve-se à ruptura da aliança. Em Judá, Jeremias só vê rebeldia contra Iahweh, levando o povo a maldades e crimes sem conta. Não há o mínimo "conhecimento de Deus", que só é possível através da prática do direito, da justiça, da solidariedade. Os poderosos tramam sistematicamente contra o povo, todos buscam desesperadamente a riqueza e não há paz. A mentira domina, desde o ensinamento dos profetas à lei dos sacerdotes, levando o país ao caos. Todos se tornam inimigos de todos. Impera a idolatria. O fim será trágico, segundo os capítulos 8 e 9 de Jeremias. Percorrendo as ruas de Jerusalém, Jeremias constata a ausência do direito e da verdade entre as pessoas comuns (Jr 5.1), mas, maior corrupção encontra entre os grandes e poderosos, que não agem mal por ignorância, senão por determinação consciente e persistente (Jr 5.4-5). Quanto mais a crise nacional se aprofunda, mais os líderes se recusam a encontrar soluções. Só procuram satisfazer seus interesses imediatos e deixam o país afundar: "Eles cuidam da ferida do meu povo superficialmente, dizendo: 'Paz! Paz!', quando não há paz", diz Jr 6.14. Com extremo realismo - válido para todas as épocas - em Jr 5.26-28 são descritos os poderosos e suas armadilhas de apanhar o povo e escravizá-lo impunemente. Jeremias foi proibido de entrar no Templo porque, segundo Jr 19.14-20,6, possivelmente por volta de 605 a.C., quando Nabucodonosor venceu o faraó Necao II e ameaçou Judá, o profeta foi ao pátio do Templo e anunciou a destruição de Jerusalém. Acabou preso por Fassur, chefe da guarda do Templo, surrado e colocado no tronco por uma noite. Depois disso, foi-lhe proibida, segundo Jr 36,5, a entrada no Templo. www.iead-msbc.com.br - 8
  • 9. Subsídios para Escola Bíblica Dominical Igreja Evangélica Assembleia de Deus - Ministério de SBCampo Sem poder ir até o povo, Jeremias convoca o escriba Baruc e dita-lhe os oráculos de julgamento contra a nação. Este episódio da primeira escrita do livro, narrado em Jr 36.1-32, aconteceu no quarto ano do governo de Joaquim, em 605 a.C. No ano seguinte, em dezembro de 604 a.C. Jeremias manda Baruc ler o livro (= rolo) no Templo. O momento é dramático: Nabucodonosor atacava, então, a cidade filistéia de Ascalon, vizinha de Judá. Por isso, talvez, Jeremias, tenha acreditado ter soado a hora da verdade para Judá. O "inimigo do norte" está às portas. Ou conversão ou destruição, alerta o profeta. Joaquim, ao tomar conhecimento do manuscrito, queimou-o e mandou prender Jeremias e Baruc, segundo Jr 36.21-26. A leitura feita por Baruc no Templo foi ouvida por membros do governo de Joaquim que não apoiavam as suas atitudes. Na esperança de convencer o rei a mudar sua política, levaram o manuscrito até Joaquim, que o ouviu mas não se convenceu. Jeremias e Baruc, bem escondidos, não foram achados. Após algum tempo, Jeremias, que não é de desistir, manda que Baruc escreva tudo de novo e ainda acrescente ao livro outras palavras, diz Jr 36.27-32. Nenhum profeta da época, de forma alguma, pensava como Jeremias. Acreditam alguns especialistas que talvez o fato mais desorientador para Jeremias nesta época era a análise errada da situação feita por pessoas que se apresentavam para falar em nome de Iahweh como seus profetas. Por isso, em Jr 14.13-16 e Jr 23.13-40 podemos ver como Jeremias luta para desmascarar os falsos profetas que, falando em seu próprio interesse, "fortalecem as mãos dos perversos, para que ninguém se converta de sua maldade", que seduzem o povo com suas mentiras e seus enganos, roubando um do outro a palavra de Iahweh. Jeremias conclui que dos profetas de Jerusalém saiu a impiedade para todo o país. Aconteceu algo terrível com o rei Joaquim. Em 600 a.C. Nabucodonosor tentou invadir o Egito e não conseguiu. Joaquim rebelou-se e morreu em dezembro de 598 a.C., provavelmente assassinado, enquanto os babilônios marchavam para tomar Jerusalém. Seu filho Joaquin, de 18 anos de idade, o substituiu, mas capitulou 3 meses depois, no dia 16 de março de 597 a.C.. O rei foi deportado para a Babilônia com a corte e a classe dirigente. No seu lugar, os babilônios deixaram seu tio, outro filho de Josias, de nome Sedecias, então com 21 anos de idade, para dirigir Judá uma nação toda arruinada. Com várias cidades destruídas e com a economia do país desorganizada, pouco restava ao fraco Sedecias que pudesse ser feito. Sob o governo de Sedecias, neste 3º período, Jeremias começa criticando as pretensões do novo governo através da visão dos dois cestos de figos de Jr 24.1-10. Segundo o profeta, os exilados correspondem a figos bons, enquanto o atual governo se parece com figos estragados. É possível que o novo governo instalado no poder sob Sedecias, se afirmasse como a solução para o país, já que os "maus", os governantes anteriores, tinham sido exilados, pagando por seus crimes. Jeremias é de opinião contrária. Para ele o problema continua. Nada fora resolvido e a sombra do Templo não garantirá ninguém. www.iead-msbc.com.br - 9
  • 10. Subsídios para Escola Bíblica Dominical Igreja Evangélica Assembleia de Deus - Ministério de SBCampo Jeremias escreve, então, uma carta aos exilados. Ainda nos primeiros anos do governo de Sedecias, Jeremias escreveu aos exilados de 597 a.C., segundo Jr 29.1-23. Ele tenta desfazer as ilusões alimentadas por falsos profetas, durante convulsões sociais acontecidas no império babilônico, de que o exílio estava para acabar. Segundo Jeremias, os exilados devem aprender a viver tranqüilamente entre os babilônios, pois o exílio será longo. Em Jr 27.1-22 e Jr 28.1-17, Jeremias se opõe radicalmente a tal aventura incitada em Jerusalém pelos pequenos reinos da Síria-Palestina que se encontravam na mesma situação de Judá. Colocando um jugo (= haste apoiada no pescoço e ombros para transportar carga) sobre o próprio pescoço, Jeremias simboliza o domínio babilônico a que estavam submetidos (Jr 27.2-3). Confrontando-se com o profeta Hananias, que, ao quebrar o jugo de Jeremias, simbolicamente prega a necessidade da rebelião e a libertação fácil, Jeremias consegue convencer o governo a se manter quieto. Quando Jerusalém foi cercada pelas tropas babilônicas em janeiro de 587 a.C., Jeremias disse ao rei Sedecias que a vitória de Nabucodonosor era inevitável, pois Iahweh entregara a cidade nas mãos do inimigo, já que não houve conversão (Jr 34.1-7). Jeremias, nesta época, é preso. Segundo Jr 37.11-16, ele tentou sair da cidade para ir a Anatot tomar posse de um campo que comprara de um primo. Como o Egito enviara um exército para ajudar Jerusalém, os babilônios tinham levantado temporariamente o cerco da cidade para enfrentá-lo. É nesta ocasião que Jeremias é acusado por oficiais do exército de passar para o lado dos babilônios, é preso e jogado numa cisterna de captação de água, onde quase morre. Já segundo Jr 38.1-13, Jeremias é preso, acusado de traição pelos nobres, ministros de Sedecias, porque estaria exortando o povo à rendição. É provável que temos aqui dois relatos diferentes do mesmo episódio. Um homem que se envolveu11 Mais do que "confissões", deveríamos falar aqui de diálogos com Iahweh, lamentos, orações, disputas. Foi durante este período de sua vida, durante o governo de Joaquim, que Jeremias mais sentiu o peso de sua missão. Obrigado a ser do contra, a pregar a desgraça para o seu povo, a remar contra a corrente, ameaçado, rejeitado, caluniado, desprezado, ele se lamenta, amaldiçoando até mesmo o dia em que nasceu. São textos difíceis de ser datados com precisão. É possível que tenham sido escritos em 605 a.C. como um desabafo, não como oráculos previamente ditos ao povo. Talvez possam ser lidos como uma síntese das crises vividas pelo profeta desde o começo de sua atividade. São 5 textos: 1a confissão: Jr 11.18-12,6; 2a confissão: Jr 15.10-11.15-21; 3a confissão: Jr 17.14-18; 4a confissão: Jr 18.18-23; e, 5a confissão: Jr 20.7-10.14-18. 11 Disponível em http://www.airtonjo.com/faq_jeremias.htm#Onde nasceu o profeta Jeremias?, acessado em 02/04/2010, às 00h48) www.iead-msbc.com.br - 10
  • 11. Subsídios para Escola Bíblica Dominical Igreja Evangélica Assembleia de Deus - Ministério de SBCampo Jeremias se destaca entre os profetas hebreus por causa da dimensão em que revelou seus sentimentos pessoais. Os outros faziam suas profecias sem dizer muito do que se passava dentro deles, mas Jeremias revela seu coração turbulento de homem que foi escolhido um pouco contra sua vontade para ser o arauto de Deus em sua geração. Sabemos muito pouco da sua vida anterior... Não temos evidência se Jeremias foi educado como sacerdote ou se oficiou como tal. Mas há pouca dúvida de que ele estava cônscio das responsabilidades tradicionais dos sacerdotes em relação à Lei, e do modo flagrante com que as desprezavam (veja 8.8). Ao invés de interpretar para o povo as obrigações da aliança, eles tinham incentivado o culto pagão que floresceu sob Manassés e Amom (veja 2 Rs. 21.1-22). Não podemos nos admirar que Jeremias os fez responsáveis em grande parte pela decadência espiritual de Judá... O livro, como o temos hoje, evidencia bem os conflitos emocionais pelos quais Jeremias passou. Naturalmente ele não tinha nenhum desejo de ser um profeta de tragédias, ardente patriota que era, mas ele não teve escolha, tinha de proclamar a iminência do desastre a uma nação rebelde e idólatra. Conseqüentemente sua angústia mental contida irrompeu às vezes emocionalmente contra seu destino na vida (veja 15.10; 20.8, 14, 18), e houve épocas em que ele aceitaria com alegria ser desincumbido das suas obrigações de profeta. Sofrendo pressão por causa da rejeição e da zombaria do povo (20.7), da oposição ativa à sua mensagem (26.9-19; 28.5-17), das acusações de subversão (38.4) e constante perseguição por aqueles cujo bem-estar ele mais desejou, Jeremias chegou a dizer que nunca mais falaria em nome de Deus (20.9). Mas, a compreensão de que ele tinha sido escolhido como instrumento supremo da revelação de Deus para a sua geração endurecida levava-o sem tréguas ao cumprimento da sua missão profética. Uma parte importante do seu legado espiritual à humanidade foi sua capacidade de fazer sua vida religiosa essencialmente um assunto de relacionamento pessoal com Deus, situação quase obrigatória por causa da perseguição que teve de enfrentar. Podemos ver seu patriotismo no seu desejo ardente de uma união espiritual permanente entre Judá e seu Deus, baseado nas prescrições da aliança. Mas a apostasia resoluta da nação fazia disto algo muito remoto...12 Da primeira "confissão", Jeremias diz que seus conterrâneos e familiares tentam matá- lo em Anatot, quando jovem. Mas Jeremias amplia o problema, questionando porque persiste a prosperidade dos ímpios e a paz dos apóstatas. Daqueles que vivem falando em Iahweh, mas na verdade estão muito longe dele. Daqueles que têm uma fachada de piedade, mas não estão, de fato, com Iahweh. E Jeremias conclui que este é um problema para o qual ele não tem resposta. Na segunda confissão a questão colocada por Jeremias é: vale a pena ser profeta? Jeremias confessa estar vivendo a suprema tentação profética, que é a vontade de se acomodar, de desistir, de aceitar a cooptação, de "ser normal", de passar para o lado daqueles a quem ele critica para sair da solidão a que é obrigado a viver. 12 HARRISON, R.K. Jeremias and Lamentations, an Introduction and Commentary. Tradução de Hans Udo Fuchs. SOCIEDADE RELIGIOSA EDIÇÕES VIDA NOVA e ASSOCIAÇÃO RELIGIOSA EDITORA MUNDO CRISTÃO, 1989. 27, 28 E 29 p.. (Série Cultura Bíblica). www.iead-msbc.com.br - 11
  • 12. Subsídios para Escola Bíblica Dominical Igreja Evangélica Assembleia de Deus - Ministério de SBCampo Na terceira confissão Jeremias apela a Iahweh contra os seus perseguidores que lhe cobram a realização da palavra de Iahweh por ele pregada e o profeta não sabe mais o que fazer. Jeremias se sente desacreditado perante seus ouvintes, porque as desgraças prometidas não acontecem. Vive duramente pressionado. Na quarta confissão Jeremias denuncia nova trama contra a sua vida. Seus adversários argumentam que podem tranqüilamente eliminá-lo, já que o sacerdote, o sábio e o profeta (ligado aos interesses da corte) não lhes faltarão. Com tristeza o profeta constata: estes que querem eliminá-lo são os mesmos a quem ele tantas vezes defendeu diante de Iahweh. Na quinta confissão, a mais dramática e a mais conhecida de todas, usando fortes imagens, Jeremias chega ao máximo de sua angústia. Acredita que Iahweh o enganou: o seduziu para ser profeta e o dominou, para depois abandoná-lo. Agora todos querem sua queda, inclusive seus amigos. Por isso, ele quer parar de ser profeta, mas o problema é que não consegue, pois as palavras de Iahweh queimam-no como fogo. Fogo que atinge até os ossos. Então, Jeremias amaldiçoa o dia em que nasceu: "Maldito o dia em que eu nasci! (...) Maldito o homem que deu a meu pai a boa nova: 'Nasceu-te um filho homem!' (...) porque ele não me matou desde o seio materno, para que minha mãe fosse para mim o meu sepulcro e suas entranhas estivessem grávidas para sempre. Por que saí do seio materno para ver trabalhos e penas e terminar os meus dias na vergonha?". Mas, há alguma mensagem de esperança em Jeremias?13 "Para arrancar e para destruir": esta foi a principal missão de Jeremias. Mas também para "construir e para plantar", como diz Jr 1.10. Na verdade, espalhados pelo livro de Jeremias, encontramos poucos textos que manifestam alguma esperança. Jr 31.31-34, o famoso texto que fala da nova aliança, é um destes. Em geral, sua autenticidade tem sido contestada. Argumenta-se, por exemplo, que Jeremias nunca chegou a tais alturas teológicas, porque o texto é perfeito, completo e assim por diante. Porém, alguns pensam que Jeremias pode ter tido tal idéia no começo de sua pregação e a aplicado ao reino do norte, tendo depois, nestes últimos dias, adaptado a fala a Judá. Claro que o texto final, redigido em prosa, tem a mão de algum redator posterior, talvez deuteronomista. Mas isto não é suficiente para negar a paternidade da idéia a Jeremias. O pensamento messiânico de Jeremias relacionava o Renovo de Justiça, descendente de Davi (33.14-18) com a paz e a prosperidade com que Deus abençoaria uma nação arrependida e purificada (33.8s). Por isto ele foi capaz de olhar além da situação momentânea de exílio e contemplar uma comunidade israelita novamente instalada na Palestina (30.17-22; 33.9-13). Nesta existência futura haveria abundância de dádivas materiais de Deus (31.12-14), a cidade de Jerusalém, centro restaurado das aspirações nacionais e espirituais, seria santa para o Senhor recebendo o nome especial 13 Disponível em http://www.airtonjo.com/faq_jeremias.htm#Onde nasceu o profeta Jeremias?, acessado em 02/04/2010, às 00h48) www.iead-msbc.com.br - 12
  • 13. Subsídios para Escola Bíblica Dominical Igreja Evangélica Assembleia de Deus - Ministério de SBCampo de “Senhor, Justiça Nossa” (33.16). Aprendendo as lições amargas do exílio o povo que retornasse adoraria a Deus com coração penitente e indiviso (31.18-20; 24.7). Por isto suas transgressões passadas seriam perdoadas, e eles passariam a ser governados pelo príncipe messiânico (23.5s). Este sistema de governo seria tão glorioso que até as nações gentias aspirariam e receberiam uma parte da bênção derramada sobre a nação restaurada e revigorada (conforme a esperança expressa em Dt. 28-30) é resposta suficiente às objeções daqueles que dizem que Jeremias é somente um profeta de castigo.14 Faz uma contraposição entre a antiga aliança, feita após o êxodo, e a nova aliança, a ser feita no futuro. Enquanto a antiga aliança precisava de intermediários, a nova não precisará, pois a lei será colocada no íntimo (= coração, seio) do povo de Israel. Se a antiga aliança foi rompida pelos pais de Israel, a nova não o será jamais, porque haverá perfeita sintonia entre Iahweh e Israel. O objetivo desta nova aliança: é conhecer Iahweh. É o repetido tema do conhecimento de Iahweh que aqui volta. É um tema da maior importância e explica muitas das atitudes e palavras de Jeremias. Jeremias chegou mais perto do que ninguém da compreensão do verdadeiro problema de Israel de sua época, que era a estrutura tributária do Estado. Sua rejeição de instituições como o Templo e seu aparelho cultual ou a corte e sua administração é, na verdade, a denúncia dos aparelhos do Estado tributário como antijavistas e perniciosos para o povo. A proclamação de uma nova aliança, onde o javismo não precisaria de mediações para ser vivido, é a radicalização utópica de sua pregação. É o sonho de Jeremias. Segundo Champlin, Jeremias viu um brilhante e novo dia, que haveria de raiar, apesar da melancolia do momento. Em primeiro lugar, haveria uma restauração do povo de Israel à sua terra, no tempo certo (Jr. 30.17-22; 32.15, 44; 33.9-13). Em segundo lugar, haveria o estabelecimento do governo do Príncipe messiânico sobre Israel (Jr. 23.5ss.) e sobre todas as nações da terra (Jr. 3.17; 16.19; 30.9). 15 Após a queda de Jerusalém em 19.07.586 a.C., assistimos, em eu 4º período de atuação, ao crepúsculo do profeta. Deixado livre pelos babilônios, Jeremias escolheu ficar com o governador Godolias, neto de Safã, escriba chefe da reforma de Josias, membro de uma família que sempre apoiara Jeremias em Jerusalém. Assim, junto ao resto do povo pobre que ficou no país, Jeremias certamente alimenta ainda a esperança de "construir e plantar", como conta o texto que fala de sua vocação em Jr 1.10. 14 HARRISON, R.K. Jeremias and Lamentations, an Introduction and Commentary. Tradução de Hans Udo Fuchs. SOCIEDADE RELIGIOSA EDIÇÕES VIDA NOVA e ASSOCIAÇÃO RELIGIOSA EDITORA MUNDO CRISTÃO, 1989. 27, 28 E 29 p.. (Série Cultura Bíblica). 15 CHAMPLIN, Russel Norman. O Antigo Testamento Interpretado: versículo por versículo – volume 5. R. N. Champlin, Ph. D. 1ª Edição – São Paulo: CANDEIA, 2000. 2983 p.. www.iead-msbc.com.br - 13
  • 14. Subsídios para Escola Bíblica Dominical Igreja Evangélica Assembleia de Deus - Ministério de SBCampo Conclusão Os homens ficam ofuscados e escravizados às formas religiosas externas, cerimônias e instituições. Porém, a fé religiosa genuína é, essencialmente, uma condição moral e espiritual, na qual a alma é unida a Deus (Jr. 31.31-34). Esse foi um dos temas fundamentais da prédica do Senhor Jesus, conforme fica demonstrado pelo Sermão da Montanha (Mt. 5-7), um tema que teve continuidade nos escritos de Paulo, do qual o segundo capítulo de Romanos é um bom exemplo. Precisamos, nós, responsáveis pela atual geração, comprometer-nos com Deus de maneira que, anunciemos a vontade de Deus, denunciemos os caminhos tortuosos dos apóstatas, e proclamemos a esperança da volta de Cristo que restaurará todas as coisas, trazendo justiça, paz, solidariedade e comunhão. Estando para sempre com Ele. Isso a despeito das ameaças, das perseguições, das angústias e tribulações, das dificuldades inerentes a todos aqueles que amam a Deus e compreendem a extensão desse comprometimento. Marson Guedes, em seu livro “O Caminho de Jeremias”16, nos mostra que: “é possível ter crises com Deus e, ao mesmo tempo, estar no centro de sua vontade. Também mostra que cumprir a vontade do Pai não implica que nossa mensagem será ouvida nem que os abençoados por nossa obediência se arrependerão. Vivemos num mundo complicado, e as respostas religiosas não dão conta dessas experiências. É preciso conhecer melhor o Deus a quem servimos” 16 GUEDES, Marson. O Caminho de Jeremias: o que o profeta nos ensina sobre esperança em meio ao sofrimento. São Paulo: Mundo Cristão, 2004. 130 p.. www.iead-msbc.com.br - 14
  • 15. Subsídios para Escola Bíblica Dominical Igreja Evangélica Assembleia de Deus - Ministério de SBCampo Referências BÍBLIA. Português. Bíblia de Referência Thompson. São Paulo. Editora Vida. BÍBLIA. Português. Bíblia de Estudo Plenitude. São Paulo, Sociedade Bíblica do Brasil. BÍBLIA. Português. Novo Testamento King James – Edição de Estudo. Tradução King James Atualizada (KJA). São Paulo, Sociedade Ibero-Americana. CHAMPLIN, Russel Norman. O Antigo Testamento Interpretado: versículo por versículo – volume 5. R. N. Champlin, Ph. D. 1ª Edição – São Paulo: CANDEIA, 2000. GUEDES, Marson. O Caminho de Jeremias: o que o profeta nos ensina sobre esperança em meio ao sofrimento. São Paulo: Mundo Cristão, 2004 HARRISON, R.K. Jeremias and Lamentations, an Introduction and Commentary. Tradução de Hans Udo Fuchs. SOCIEDADE RELIGIOSA EDIÇÕES VIDA NOVA e ASSOCIAÇÃO RELIGIOSA EDITORA MUNDO CRISTÃO, 1989. (Série Cultura Bíblica). São Bernardo do Campo, 02 de abril de 2010. Valter Borges dos Santos17 17 Evangelista, pastor AD Thelma. E-mail: valtergislene@uol.com.br www.iead-msbc.com.br - 15