1) Portugal implementou um rigoroso plano de austeridade supervisionado pela Troika para lidar com a crise da zona do euro que inclui medidas fiscais e financeiras rigorosas.
2) A crise afeta severamente os portugueses, mas há setores como vinho, azeite e calçados que continuam exportando com sucesso.
3) O livro "Produção Lean" ensina empresários do calçado português sobre práticas de melhoria contínua baseadas nos princípios do Lean para vencer a crise.
Portugal frente à crise do euro: indústria de calçados
1. PORTUGAL FRENTE À CRISE DO EURO
Artigo da autoria do escritor João Ferreira
31 de dezembro de 2011
Há mil debates sobre a crise européia e a crise do euro. Para debelar esta
crise que também o atinge, Portugal, elaborou um rigoroso plano de
reajuste supervisionado por uma Troika formada pela Comissão Europeia,
FMI e Banco Central Europeu. Nesse plano estão incluídas rigorosas
medidas que controlam as contas do Estado. Nesse controle há medidas
financeiras e fiscais rigorosas que atingem a educação, a saúde, as contas
públicas, as empresas estatais e outras. Portugal, tal como a Itália, a
Irlanda e a Grécia está contido, inseguro, em recesso. O PIB está no
negativo e o ano 2012 vai ser um ano de recessão. Isto aflige os
portugueses. O Governo tem uma missão muito árdua. A aposta está em
saber se o tempo de reajuste fiscal e financeiro vai gerar finalmente uma
infra-estrutura estatal e uma disciplina capazes de levar o país a um
patamar de crescimento após o ano de 2013. Os portugueses, estão
sentindo na pele todos os efeitos da crise. Há portugueses e portugueses.
Tem cidadãos que torcem a favor da superação da crise. Esses tentam
centrar sua esperança desejando ao país saúde, estabilidade financeira e
energia positiva. Outros acham que o ano deverá trazer também coisas
boas. Neste início do ano 2012 há notícias de aumentos nas portagens
rodoviárias. Mas também há notícia de que os remédios passam a ficar mais
baratos em contraste com o aumento das taxas moderadoras a pagar nos
centros de saúde e hospitais. Por outro lado, o incremento da energia eólica
é uma realidade de ponta na Europa e a nível mundial. E há avanços em
outros setores. Além de grande presença de investimento português no
Brasil, Polônia, Espanha, Holanda e Angola, há 20 empresas portuguesas
instaladas atualmente na China fazendo grandes negócios. O mercado de
vinho, e de azeite têm significativa exportação. Por todos os motivos seria
interessante que repórteres independentes fizessem uma pesquisa sobre
aquilo que faz Portugal dependente de sua crise financeira e aquilo que está
para além da crise financeira. Neste panorama, é justo fazer um destaque
especial para a indústria portuguesa de calçados. Esta indústria coloca
Portugal no ranking mundial como oitavo país exportador do mundo.
Saiu neste ano de 2011 um livro especial que mostra bem o nível e a
organização portuguesa na indústria de calçados. Trata-se de “Produção
Lean” – um Guia do Empresário editado pelo Centro Tecnológico do Calçado
de Portugal.
O autor do texto é o Consultor e Formador Engenheiro Industrial Miguel
Montenegro de Araújo. Trata-se de um jovem de 34 anos formado pela
2. Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP). Seu livro consta
de uma introdução e de vários minicapítulos que tentam apresentar a
matéria de uma maneira simultaneamente tecnológica, administrativa e
didática. A primeira questão é: como implementar Lean nas empresas? A
segunda é sobre os conceitos de valor e desperdício no Lean. A terceira
sobre o mapeamento da cadeia de valor(VSM). A quarta sobre as
ferramentas do Lean. A quinta sobre as equipas Lean(pessoas). A sexta
trata da implementação do Lean nas empresas. A sétima e última sobre o
Lean e sua aplicação ao setor do calçado. O livro finaliza com conclusões e
bibliografia.
O objetivo da obra é apresentar aos empresários do calçado em Portugal
um conjunto de boas práticas industriais que motivem as organizações a
buscar a aplicação de vários princípios rumo à melhoria contínua dos
produtos. É este o sentido desdobrado do Lean – de melhoria contínua. Para
atingir este grau e este estado de melhoria contínua, o industrial terá de
atender cinco princípios. Primeiro: é necessário que as empresas consigam
definir de que forma podem adicionar valor aos produtos. Segundo: há que
definir a cadeia de valor, que é a forma de conquistar e atrelar o cliente ao
produto. Terceiro: otimizar os fluxos. Quarto: implementar o sistema “pull”.
“Pull” significa puxar, ou seja, produzir apenas quando os clientes
encomendam os produtos ou serviços. Quinto: busca de melhoria contínua
nos produtos. Associada ao processo de gestão e de qualidade de produção
está o auto-controle da execução do produto.
Entre várias coisas, o livrinho escrito pelo engenheiro Miguel de Araújo
pretende passar para os empresários do calçado a aplicação do “lean” no
setor que é de muita qualidade em Portugal. Dar destaque ao livro
"Produção Lean" é dar destaque ao esforço silencioso que em Portugal se
faz também para vencer a crise.
João Ferreira