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Escola Básica/Secundária da Bemposta, 7º ano A Professora: Ana Filipa Balancho
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Nome
N.º Turma Data
Vulcões – atividade vulcânica
Como se manifesta a atividade vulcânica?
O que são vulcões? De que profundidade vem o magma?
O termo vulcão tem origem no latim Vulcãnus – Vulcano, deus do fogo; fogo, incêndio. Os vulcões constituem uma
forma de relevo que resulta da subida à superfície de materiais provenientes das regiões internas da Terra. A
acumulação dos materiais lançados pelo vulcão forma, frequentemente, uma elevação que se designa por cone
vulcânico. É importante fazer notar aos alunos que o cone é apenas a parte externa e visível de um sistema vulcânico
que existe em profundidade. As condições de pressão e temperatura a profundidades entre os 20 km e os 200 km são
favoráveis à fusão parcial dos materiais, formando-se magmas. Entende-se por magma (termo de origem grega que
significa matéria rochosa) um material de composição essencialmente silicatada, total ou parcialmente fundido e provido
de mobilidade.
Além da fase líquida, o magma contém uma fase gasosa, composta, geralmente, por vapor de água, dióxido
de carbono, dióxido de enxofre e outros compostos. Considera-se ainda que o magma comporta uma fase sólida,
representada por aqueles minerais que primeiro cristalizam no banho ou que não chegaram a ser fundidos. Os magmas
encontram-se a temperaturas entre os 700 ºC e os 1100 ºC e, ao subirem na crosta, podem acumular-se em
reservatórios ou câmaras magmáticas, situadas a profundidades entre os 10 km e os 30 km. Uma erupção vulcânica
acontece quando o movimento na câmara magmática faz expandir os gases que saem em jato, arrastando a
componente líquida e sólida do magma. As lavas dependem do carácter dos magmas. Em função da sua composição,
estas podem ser mais ou menos viscosas e conter maior ou menor quantidade de gases dissolvidos. Sabe-se que a
viscosidade aumenta com o teor em sílica e que, ao contrário, a fluidez é maior nos magmas mais ricos em ferro e
magnésio. A fluidez aumenta ainda com a temperatura e a quantidade de água contida no magma. Os aparelhos
vulcânicos dizem-se centrais se a lava ascende por condutas do tipo chaminé ou fissurais se sobe através de fissuras.
No primeiro caso, origina-se um cone vulcânico, no topo do qual existe uma depressão ou cratera, onde se abre a
chaminé central. As grandes extensões de lava, no geral resultantes de magmas muito fluidos (como por exemplo os
trapes ou planaltos continentais do Decão na Índia), resultam, sobretudo, de erupções fissurais.
1- Faz a legenda da figura.
③
④
⑤
②
①
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Como se distribuem os vulcões na Terra?
A maioria dos vulcões encontra-se nos limites das placas litosféricas.
Distribuição dos vulcões: Anel de Fogo do Pacífico: abrange os Andes, a América Central, as Montanhas
Rochosas, o Japão, a Indonésia, a Nova Guiné e a Nova Zelândia. O oceano Pacífico é rodeado por inúmeros vulcões,
e quando há alguma notícia trágica da atividade de um vulcão, nove em cada dez vezes trata-se de um vulcão situado
na costa do Pacífico. Cintura Mediterrânica: inclui os vulcões da Itália, Marrocos, Argélia e Grécia. Dorsal médio-
atlântica: além da Islândia e dos Açores inclui as ilhas Jan Mayen, São Paulo, Ascensão, Tristão da Cunha, Gough e
Bouvet.
Apesar da localização dos vulcões coincidir, geralmente, com os limites das placas litosféricas, alguns, como os
do Havai, constituem os chamados vulcões de pontos quentes ou hot spots, os maiores e mais ativos que se
conhecem. À medida que as placas deslizam sobre estes pontos quentes do manto, vai-se formando uma cadeia de
vulcões que são tanto mais antigos quanto mais longe se encontram daquele ponto. As ilhas do arquipélago havaiano
são os topos de uma cadeia de vulcões que se situa sobre um ponto quente do manto que tem vindo a produzir magma
há 6 milhões de anos. O foco da atividade vulcânica parece ter-se movido mas, na realidade, manteve-se estável: foi a
placa do Pacífico que se deslocou, movendo os vulcões para noroeste.
Por vezes questiona-se se um determinado vulcão está adormecido ou extinto. Estes termos têm diferentes
significados para diferentes pessoas e diferentes vulcões. Um vulcão está ativo quando teve pelo menos uma erupção
desde a última glaciação (10 mil anos). Um vulcão está adormecido quando há 10 mil anos não tem uma erupção, mas
espera-se que entre de novo em atividade. Um vulcão extinto é aquele que não se espera que entre em erupção. Estas
definições são explicações humanas para fenómenos naturais e, como tal, falíveis.
Doc. 2
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Tipos de erupções vulcânica
Como se manifesta a atividade vulcânica durante uma erupção?
Quais os tipos de erupções vulcânicas?
A atividade vulcânica depende da viscosidade da lava e, consequentemente, do magma. Um magma fluido com
poucos gases e em que estes se libertam suavemente origina erupções efusivas. À medida que o magma ascende, a
pressão diminui e, com ela, a solubilidade dos componentes voláteis que se libertam sob a forma de bolhas gasosas.
Lavas pouco viscosas, pouco ácidas e pobres em gases derramam-se tranquilamente. Nestas erupções típicas dos
vulcões havaianos, a lava escorre formando “rios” de lava, escoadas ou correntes de lava que cobrem grandes
extensões, constituindo mantos de lava. O aparelho vulcânico é um cone baixo de vertentes suaves, constituído por
camadas de lava sobrepostas. Não há projeção de piroclastos e as erupções são relativamente silenciosas,
transbordando a lava da cratera, muitas vezes transformada num lago de lava. A última erupção do vulcão Maunaloa
em 1984 deu origem a uma ecoada efusiva que percorreu a distância de 53 km até ao mar em 8 dias e que se manteve
durante um ano. A atual erupção do Kilauea é em tudo muito semelhante e ainda não se sabe quando terminará.
Nas erupções fissurais, ao longo de uma falha por vezes muito extensa, comum na Islândia, a lava é muito fluida e
espalha-se por grandes áreas.
A atividade mista tem efusões de lava, geralmente menos fluida do que do tipo efusivo, alternado com períodos
explosivos, de pouca violência, com projeção de materiais piroclásticos, geralmente bombas e lapíli. O aparelho
vulcânico é cónico mas com maior declive do que os cones gerados pela atividade efusiva e é edificado com camadas
alternadas de lavas e de piroclastos. Estes piroclastos, quando litificados, originam brechas vulcânicas. A erupção dos
Capelinhos, na ilha do Faial, e a erupção do Pico são consideradas como sendo deste tipo. A atividade vulcânica que
atingiu, sobretudo, a região de Lisboa-Mafra, no final do Mesozoico e início do Cenozoico, deve ter sido do tipo misto, a
avaliar pelos testemunhos que dela nos ficaram no chamado “complexo vulcânico de Lisboa-Mafra”, no qual são visíveis
alternâncias de basaltos, tufos e de brechas num ritmo que se repete muitas vezes.
Nas lavas viscosas, muito ácidas, ricas em gases, estes têm grande dificuldade em libertar-se, originando
explosões acompanhadas de projeções violentas de jatos de gás (com muito vapor de água), de gotículas líquidas, de
fragmentos maiores ou menores de lava ainda líquida e de blocos de rocha arrancados à própria chaminé (xenólitos)
– atividade explosiva .
Geralmente, os fragmentos de lava arrefecem e consolidam no trajeto (os mais pequenos) ou atingem o solo ainda
não completamente consolidados, deformando-se. No conjunto, estes materiais, designados por piroclastos, possuem
nomenclatura própria, em função dos respetivos tamanhos e formas, tais como poeiras, cinzas, lapíli (ou bagacina),
blocos e bombas. As bombas caracterizam-se pela forma particular que adquirem no trajeto no ar. A acumulação destes
materiais está na origem de rochas com estruturas estratificadas, de que são exemplos os tufos e as brechas
vulcânicas
Nas ilhas dos Açores e da Madeira pode ser proposta a recolha de rochas vulcânicas. As rochas que se formam a
partir de uma erupção vulcânica são muito variadas. É possível encontrar vestígios destas rochas em todo o mundo,
mesmo em regiões onde os vulcões já não se encontram em atividade. Chamar a atenção para a importância de
catalogar cuidadosamente achados e levar as amostras apenas no caso de ter a certeza de que é permitido recolher
material. De qualquer forma, uma fotografia do local e a localização específica do mesmo podem revelar-se de grande
utilidade, se vier a utilizar um guia para identificar as rochas.
Doc. 3
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Nome
N.º Turma Data
Riscos e benefícios da atividade vulcânica
Quais são os riscos da atividade vulcânica?
Os geólogos têm tido bastante sucesso na previsão de episódios eruptivos, quando se concentram no estudo de
um vulcão específico, após o início de uma fase eruptiva. Estes esforços de monitorização envolvem a medição de
mudanças na temperatura exterior do vulcão, procurando a mínima expansão do seu tamanho e prestando atenção à
atividade sísmica local. Antes da erupção de um vulcão, o magma quente ascende em direção à superfície, logo
qualquer manifestação de calor crescente pode significar uma erupção próxima. Observam-se novas nascentes quentes
e mede--se a temperatura da água e vapor nas já existentes. Se o vapor que se escapa não for muito mais quente que
o ponto de ebulição da água, a água à superfície está provavelmente a ser aquecida por rochas quentes subterrâneas,
ou seja, não há problema. Se, no entanto, o vapor for superaquecido, com temperaturas que podem chegar aos 500 ºC,
provém, provavelmente, do magma rico em água, um sinal de que uma erupção pode estar próxima. À medida que o
magma sobe, o cone vulcânico começa a aquecer. A temperatura geral de um cone vulcânico pode ser medida através
de um satélite equipado com sensores infravermelhos preparados para detetar a mais ínfima mudança de temperatura
à superfície. Os vulcões ativos expandem-se em volume, à medida que adquirem novas reservas de magma. Uma
mudança de formato do cone vulcânico pode indicar uma erupção iminente. Para detetar o aumento de volume de um
vulcão, usa-se um telurómetro – aparelho que calcula com precisão distâncias na terra através de sinais de microondas,
em função do tempo que levam para retornar ao ponto de origem. À medida que o magma sobe, empurra as rochas
fraturadas e, nesse processo, fratura outras rochas subterrâneas. Atendendo a que este processo causa tremores de
terra, as erupções são muitas vezes precedidas por um padrão distinto de sismos, chamados sismos harmónicos, uma
contínua batida rítmica. A altura cada vez maior do magma ascendente é determinada por um equipamento sensível
que mede a localização desses sismos. A taxa de ascensão do magma fornece uma estimativa do momento da
erupção.
O Eyjafjallajökull é um vulcão situado na Islândia e entrou em erupção no dia 20 de março de 2010. Após um
período de estabilidade, voltou a eclodir a 14 de abril, derretendo o glaciar e lançando uma enorme nuvem de cinzas
que alcançou mais de 10 quilómetros de altura para a atmosfera. Por estar sob uma grande camada de gelo, a erupção
provocou um fenómeno em que a lava vulcânica entra em contato com o gelo e provoca inundações, enormes colunas
de fumo e deslizamentos gerados pelos blocos de gelo. Quando esta nuvem começou a sobrevoar o Reino Unido, um
dia depois, os aeroportos começaram a ser fechados e os meios aéreos a serem suspensos. A situação arrastou-se
durante seis dias com pessoas a ficarem retidas por toda a Europa. As erupções vulcânicas são frequentes na Islândia,
cerca de um a cada três anos, pois a ilha de origem vulcânica tem muitos vulcões ativos. Os vulcões Hekla e Katla,
ambos ativos, estão muito próximos do vulcão Eyjafjallajökull e os cientistas temiam que também entrassem em
erupção. Em maio de 2011, o vulcão Grimsvotn, também localizado na Islândia, libertou cinzas, impedindo a circulação
no espaço aéreo de alguns países do Norte da Europa.
Doc. 4
Doc. 5
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Nome
N.º Turma Data
Formação de caldeiras vulcânicas
Muito esquematicamente, pode imaginar--se a génese das caldeiras como resultado do esvaziamento parcial da
câmara magmática existente em profundidade, na vertical do cone vulcânico. O edifício vulcânico fica instável por falta de
apoio e uma parte do cone, geralmente a central, abate, dando origem a uma zona deprimida limitada por rebordos abruptos.
Na sequência da atividade vulcânica podem surgir novos cones vulcânicos no interior da caldeira, que pode, eventualmente,
reter águas pluviais, como é o caso da caldeira das Sete Cidades, na ilha de S. Miguel, nos Açores.
Quais são os benefícios da atividade vulcânica?
As fumarolas, ou emanações de vapor de água, são muitas vezes acompanhadas de outros produtos gasosos ou de
substâncias volatilizadas, que persistem para além do termo da atividade extrusiva ou, o mais frequente, que se verificam
nos períodos de acalmia entre duas fases ativas. Designam-se por sulfataras, quando nelas predominam substâncias
sulfuradas (enxofre, dióxido de enxofre, ácido sulfídrico), ou mofetas, quando acompanhadas pela libertação de dióxido de
carbono. As nascentes termais, como atividade vulcânica remanescente, umas vezes de águas magmáticas ou juvenis,
outras resultantes de águas meteóricas que se infiltram no aparelho vulcânico, onde aquecem em profundidade, acabando
por ressurgir a temperatura mais elevada. Os géiseres são repuxos de água fervente. O conhecimento profundo do
comportamento destas manifestações desenvolveu um ramo da Geologia – a Geotermia –, o qual procura dar resposta à
necessidade crescente de fontes de energia, cada vez mais procuradas. O método mais simples de aproveitamento desta
energia consiste na utilização das águas quentes e vapores para acionar turbinas que, à superfície, estão acopladas a
alternadores. As explorações mais interessantes existem nos Açores e a mais importante é a Central Geotérmica da Ribeira
Grande, em São Miguel.
Doc. 6
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Nome
N.º Turma Data
Erupções históricas nos Açores
Ano Local Características Consequências
1563
São Miguel (caldeira do
vulcão do Fogo e Pico do
Sapateiro)
Atividade explosiva (subpliniana)
na caldeira seguida de atividade
efusiva no Pico do Sapateiro.
Uma escoada lávica oriunda do Pico do
Sapateiro soterrou parte da povoação da
Ribeira Seca.
1630
São Miguel (caldeira do
vulcão das Furnas)
Atividade magmática e
freatomagmática (esta última de
magnitude subpliniana)
Formação de escoadas piroclásticas que terão
vitimado uma centena de pessoas em Ponta
Garça. No total, terão perecido 195 pessoas em
São Miguel, durante esta fase vulcânica.
1672 Faial (Cabeço do Fogo)
Atividade explosiva, seguida de
atividade efusiva prolongada
Escoadas de lava destruíram quase totalmente
as povoações de Praia do Norte e do Capelo.
1808 São Jorge
Atividade essencialmente
estromboliana
Uma escoada lávica destruiu parcialmente a
povoação da Urzelina. Uma nuvem ardente terá
matado 8 pessoas.
1957-1958 Faial (Capelinhos)
Erupção surtseyana, de setembro
de 1957 a maio de 1958. De maio a
outubro de 1958, atividade
estromboliana.
Prejuízos materiais devido à forte queda de
cinzas, com danificação de habitações e
culturas agrícolas na freguesia do
Capelo. Cerca de 700 pessoas desalojadas.
No quadro resumem-se as características e as consequências das principais erupções ocorridas nos Açores no tempo histórico.
Assinale-se que a mais recente erupção vulcânica dos Açores ocorreu ao largo da ilha Terceira, a cerca de 9 km
do Farol da Serreta. Descoberta por pescadores terceirences no dia 18 de maio de 1998, a atividade eruptiva só viria a
cessar completamente em 2001. A erupção, intermitente, foi caracterizada por uma alternância de emissão de bolas de
gases e de projeção de piroclastos finos e de lavas em almofada, que chegavam até à superfície das águas. Ao contrário
das duas erupções submarinas mais recentes (a dos Capelinhos e a da Serreta), as erupções históricas que ocorreram
no mar dos açores parecem ter durado apenas algumas semanas, dando origem a ilhotas que foram rapidamente
destruídas pela erosão marinha ou se afundaram depois da erupção.
António de Brum Ferreira, Geodinâmica e perigosidade natural
nas ilhas dos Açores
Doc. 8
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Nome
N.º Turma Data
Combustível do futuro? Margem sul rica em vulcões de lama
Nos últimos anos, no golfo de Cádis, uma equipa de geofísicos, geólogos e biólogos portugueses, com a ajuda de
cientistas estrangeiros, tem investigado a ocorrência de vulcões de lama. Até à data foram descobertos 28, seis dos quais
em águas territoriais portuguesas, numa investigação financiada pela Fundação para a Ciência e Tecnologia.
Estas estruturas cónicas são formadas pela libertação, para a superfície, de gás em profundidade, que chega ao
fundo do oceano envolvido numa massa de sedimentos. No seu interior encontram-se frequentemente hidratos de
metano, resultantes da combinação de moléculas de água e metano, e hoje consideradas uma das energias do futuro,
podendo mesmo funcionar como alternativa aos combustíveis fósseis – as estimativas atuais indicam que os depósitos de
hidratos no planeta podem igualar ou exceder as reservas destes. Apesar de a exploração de hidratos de metano estar
ainda distante, “tanto o Japão como os Estados Unidos estão a investir na tecnologia para a sua extração e aplicações
várias”, diz Luís Menezes Pinheiro, da Universidade de Aveiro.
National Geographic Portugal, n.º 21
Doc. 9
Doc. 7
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Nome
N.º Turma Data
A 3500 metros de profundidade, esta fonte hidrotermal de
“fumarolas negras” jorra água aquecida a 350 ºC pelo
magma localizado sob o leito do Atlântico.
Quando esta pluma entra em contacto com o mar gelado, os
sulfuretos metálicos cristalizam e formam chaminés
minerais, verdadeiros paraísos para bactérias e outros
organismos.
Chaminés no fundo do mar
São chaminés no fundo do mar. Jorram plumas fumarentas e negras que fazem lembrar as antigas fábricas sem filtro da
margem sul do Tejo. Ali concentram-se metano e enxofre em
ambientes extremamente tóxicos. Mas estes laboratórios de
poluição natural – fontes hidrotermais – são o novo entusiasmo
científico dos Açores, uma espécie de projeto geotérmico do
século XXI, uma nova área que se abre repleta de potencialidades
comerciais e de investigação. Ricardo Serrão, responsável pelo
Departamento de Oceanografia e Pescas (DOP) da Universidade
dos Açores, é um entusiasta desta causa, verdadeiro advogado de
defesa da investigação no oceano profundo. As estimativas
apontam para 4 a 10 milhões de espécies neste espaço silencioso
e escuro tão mal conhecido. Fernando Barriga, responsável pelo
Creminer – Centro de Recursos Minerais, Mineralogia e
Cristalografia –, é um dos entusiastas pelo estudo dos campos
hidrotermais dos Açores. “Estas fontes apresentam situações
muito interessantes para a geologia.” A investigação no oceano
profundo será um dos temas mais importantes da ciência do
futuro. São cerca de 307 milhões de quilómetros quadrados ainda
por conhecer. Dois terços da superfície do Globo.
Fernando Barriga tem participado também em várias
missões do Ocean Drilling Program, um projeto internacional
arrojado, destinado a prospetar os materiais geológicos (rochas,
fluidos, minérios) e biológicos (micróbios) abaixo do fundo do mar.
“Sabemos que há atividade hidrotermal debaixo dos sedimentos.”
Fernando Barriga coordenou a missão Seahma-I, uma missão
composta quase na totalidade por investigadores portugueses. No
futuro, pretende--se que os meios técnicos também sejam
portugueses, e o Instituto de Sistemas e Robótica do Instituto
Superior Técnico está a desenvolver um veículo de controlo
remoto (ROV) que possa trabalhar a mil metros de profundidade,
de acordo com as necessidades de biólogos e geólogos.
A raridade deste fenómeno natural não passou despercebida ao World Wildlife Fund, que atribuiu a duas zonas os
campos hidrotermais dos Açores a distinção de “Gift to the Earth”. O fundo do mar tem de ser preservado, através de
algumas faixas interditas à atividade humana. Os Açores têm condições naturais para a pesquisa científica e para a
exploração comercial no âmbito do hidrotermalismo. Mas é fundamental preservar áreas puras, sem intervenção humana.
E como não se pode proteger sem dar a conhecer, está em planificação um observatório do oceano profundo, que trará à
superfície o fundo de mar escuro e misterioso.
Doc. 10
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Campos Hidrotermais
Em 1992, uma equipa americana de petrologia dragava o fundo marinho ao largo dos Açores em busca de
basaltos. Uma das dragas chegou à superfície repleta de chaminés e de seres vivos e assim se descobriu o primeiro
campo hidrotermal em águas portuguesas. Desde então foram descobertos mais campos a sudoeste do Faial, graças aos
esforços continuados de várias missões internacionais.
National Geographic Portugal, n.º 23
O que entendes por Petrologia?
O que são fontes hidrotermais?
Como foi descoberto e onde se localiza o primeiro campo hidrotermal português?
Identifica o investigador:
4.1. responsável pelo DOP.
4.2. coordenador da missão Seahma-I.
Relativamente à distinção “Gift to the Earth” a duas zonas dos campos hidrotermais:
5.1. Qual a entidade que a atribuiu?
5.2. Concordas com a atribuição desta distinção? Justifica.
5.3. Refere um local que conheças merecedor de uma distinção.
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Dois rivais: Krakatoa e Katmai
Um rival do Krakatoa em escala de atividade
foi o monte Katmai das ilhas Aleutas (costa
noroeste da América do Norte). Em 1912, uma
área de uns 150 km2 foi coberta, atingindo uma
profundidade de 200 m, por partículas quentes
projetadas quando um novo vulcão, o Novarupta,
a 10 km de distância, esgotou o reservatório de
magma do Katmai. O monte Katmai
desmoronou-se e surgiu o “vale dos dez mil
fumos”, onde o depósito de cinzas quentes deu
origem a vapor, à medida que estas entravam
em contacto com a água do solo. A pequena
cidade de Kodiak ficou envolvida por um manto
de partículas finas de cinza vulcânica, a qual se
acumulou em montes que atingiram 2 m de
espessura.
National Geographic Portugal, n.º 21
Por que motivo o Katmai é considerado um rival do Krakatoa?
Qual o outro nome do reservatório de magma de um vulcão?
Explica o desmoronamento do Katmai.
Seleciona a opção que completa corretamente a frase:
“O nome da estrutura resultante do desmoronamento de um vulcão é…”
A – cratera.
B – caldeira.
C – chaminé.
D – cone.
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Espécies marinhas afetadas por vulcão submarino nas Canárias
A erupção submarina registada desde o dia 10 de outubro de 2011 perto da ilha El Hierro (Canárias) afetou já 96 espécies de
fauna marinha na Reserva Marinha do Mar de las Calmas e não está a ser detetada vida num raio de 2,4 quilómetros à volta do
foco da erupção. Animais que se movem a grande velocidade refugiaram-se em zonas menos afetadas.
Entre os animais afetados não se encontram os que se movem a grandes velocidades, como o charuteiro, a
manta, o atum, o peixe-imperador ou a baleia-de-bico. Estas espécies refugiaram-se na zona de Las Playas, menos
afetada pela erupção. Os efeitos da erupção na fauna marinha foram analisados por biólogos da Universidade de Laguna
e do Instituto Oceanográfico das Canárias.
Las Calmas tornou-se num verdadeiro laboratório científico que pode dar pistas sobre como se regenera o
ecossistema depois de uma erupção submarina. Os investigadores chegaram à conclusão que num raio de 2,4
quilómetros não há vida, mas que nas profundidades entre 200 e 700 metros a água manteve-se estável e as condições
de vida melhoraram.
Como a mancha do Mar de las Calmas não está a dispersar, verifica-se sedimentação, o que preocupa os investigadores.
Devido à erupção já morreram, pelo menos, 1145 peixes.
Os biólogos estudaram também o estado das algas e dos invertebrados na costa e a qualidade das águas através
da análise de 17 parâmetros físico-químicos. Os pescadores e os centros de mergulho exigiram já que se estabeleça um
período de repouso biológico na ilha, que se lute eficazmente contra a pesca ilegal, que sejam reintroduzidas espécies e
que se definam novos pontos para a prática de mergulho. Estes aspetos vão ser tratados na próxima reunião depois de
se avaliar o desenvolvimento da erupção vulcânica nos próximos dias.
http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=51685&op=all
Doc. 13
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N.º Turma Data
Lisboa, 1755
O Portugal do século XVII devia ao mar a sua grandeza. Graças às viagens aventureiras, ao longo da costa atlântica de
África, promovidas pelo Infante D. Henrique, o Navegador, a passagem
do cabo da Boa Esperança por Bartolomeu Dias em 1488, a abertura do
caminho marítimo para a Índia por Vasco da Gama e a “descoberta” do
Brasil por Pedro Álvares Cabral em 1500, pelo ano do Senhor de 1750, o
pequeno reino de Portugal tinha-se tornado um império, estendendo-se
desde a África às Américas e à Ásia.
Livre do jugo espanhol e dos invasores mouros, Portugal era uma
monarquia absoluta governada pelo débil rei D. José I, dirigida de facto
pelo progressista, ainda que brutal, ditador Marquês de Pombal, que tinha
lutado com sucesso contra a nobreza, abolido as Cortes e enfrentado a
influência da Igreja Católica, representada pelos poderosos Jesuítas.
Lisboa, a capital do reino e um dos centros comerciais mais
importantes da Europa, era uma encantadora cidade com 275 mil
habitantes onde magníficos palácios da nobreza confinavam com igrejas
e mosteiros, mais numerosos que em qualquer outra cidade europeia, com possível exceção de Roma.
Alfama, o velho bairro da cidade, de origens romanas e mouriscas, elevava-se em socalcos pelas encostas das colinas a leste
e estava pejado de casas modestas, dispostas ao longo de íngremes e sinuosos becos. O aspeto mais característico da cidade era –
e ainda é – a colina rochosa circundada pelo castelo de S. Jorge, uma cidadela mourisca.
A cidade, cujo antigo nome, Olissipo, faz alusão a uma cidade mítica fundada por Ulisses, não era estranha a tremores de
Terra. Não obstante, embora a Sé Patriarcal, fundada em 1150 por D. Afonso Henriques, tivesse sido destruída por um tremor de
terra e reconstruída em 1380, os habitantes de Lisboa não estavam preparados para os acontecimentos que se desenrolaram no dia
1 de novembro de 1755, Dia de Todos os Santos.
Por volta das 9:30 da manhã, a sudoeste do Cabo de São Vicente (Banco de Gorringe), a tensão acumulada durante séculos
num setor da cintura alpina foi bruscamente libertada e, partindo de um ponto abaixo da superfície da Terra, chamado foco, três
grandes ondas de choque irradiaram em rápida sucessão, demolindo muitas casas na zona baixa da cidade. A cúpula da catedral foi
destruída e o teto e o campanário arderam a seguir, ficando de pé apenas o coro e a fachada. Uma igreja gótica, a venerada Igreja do
Carmo, erigida no século XIV, sofreu danos terríveis; só a abside, os pilares das naves laterais e as paredes exteriores ficaram de pé.
Toda a cidade se tornou, num instante, numa ruína.
Minutos passados, o tremor fez-se sentir em Fez, Argel, Madrid e Estrasburgo, enquanto as notícias levaram quase duas
semanas a chegar a Londres. O tremor foi tão poderoso que as águas do lago Lomond, na Escócia, subiram e desceram quase 1 m e
as dos lagos nos planaltos dos Alpes agitaram-se, baloiçando para trás e para diante, no que é chamado uma seicha. E Lisboa, como
se não tivesse sido suficientemente castigada, sofreu duas réplicas devastadoras.
Doc. 14
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N.º Turma Data
Por volta das 10 da manhã, o mar recuou, deixando a descoberto um monte de areia à entrada do estuário, mas regressou
sobre a forma de um tsunami, uma onda de 12 m de altura que subiu pelo estuário, submergindo os cais e afundando todos os barcos
fundeados no Tejo. As águas do rio precipitaram-se então para o porto de Lisboa em três vagas sucessivas, arremessando para terra
os barcos ancorados, destruindo as docas e arrasando os principais edifícios da principal praça da cidade, o Terreiro do Paço.
Grandes ondas do tsunami continuaram o seu
movimento de fluxo e refluxo durante dois dias,
deslocando-se em todos os sentidos no Atlântico e
atingindo, a norte, a Holanda, com 3 m de altura, e a
ocidente, com 4 m, as ilhas tão distantes de Antígua e
Maritaca, nas Caraíbas.
Finalmente, ao meio-dia de 1 de novembro, quando
uma nuvem de pó cobriu a cidade em ruínas e
transformou a manhã brilhante numa tarde tenebrosa,
um último abalo atingiu a parte norte da cidade e, pouco
depois, irromperam fogos por todo o lado. O palácio real, o recentemente concluído edifício da ópera e a magnificente Sé Catedral
(que, ainda que danificada, tinha sobrevivido ao tremor de terra) foram consumidos pelo fogo.
Nos terríveis tempos que se seguiram (no ano seguinte foram mais de 500 as réplicas sentidas), um homem usou os seus
poderes para devolver a sanidade mental aos cidadãos lisboetas; o Marquês de Pombal queria os edifícios reconstruídos e os mortos
enterrados antes que a peste se instalasse. Impassível perante o desastre, ele alimentava um sonho: ver a cidade reconstruída
segundo um plano mais magnificente que o da capital destruída. Era um ditador brutal e admitia que nada podia acontecer no mundo
sem a vontade de Deus, mas também acreditava que o tremor de terra não tinha sido um castigo divino, mas antes um fenómeno
natural e que aquele era o tempo para construir e não para ouvir os profetas da desgraça. A porta para o estudo científico dos
tremores de terra, a sismologia, tinha sido aberta por este homem odiado mas extraordinário. Em poucas décadas, Lisboa ficou
reconstruída.
Mathys Levy, Porque Treme a Terra
Qual o assunto do texto?
Porque se considera um texto narrativo?
Situa, no tempo e no espaço, o sismo, referindo:
3.1. o século em que ocorreu.
3.2. quem governava Portugal nessa altura.
3.3. o local de Lisboa onde o primeiro tremor foi sentido.
Transcreve dois excertos que descrevam:
4.1. uma réplica.
4.2. um tsunami.
Quem ordenou a reconstrução de Lisboa?5
4
3
2
1
A seicha é uma onda estacionária que se desenvolve, por
vezes, em corpos hídricos confinados (bacias portuárias,
estuários, lagos, baías, mares, albufeiras, etc.). As seichas
podem ser provocadas por sismos.
Escola Básica/Secundária da Bemposta, 7º ano A Professora: Ana Filipa Balancho
14
Nome
N.º Turma Data
Escala Macrossísmica Europeia – EMS (1998)
A Escala Macrossísmica Europeia, cuja revisão mais recente data de 1998, sendo por isso mais conhecida pelo
acrónimo EMS-98, é uma escala destinada a avaliar os efeitos de um sismo sobre as construções. Pretende constituir um
padrão europeu de uso generalizado para avaliação da intensidade dos sismos, substituindo a escala de Mercalli e outras
escalas similares. A EMS é a primeira escala de intensidade que foi concebida com o objetivo de encorajar a cooperação
entre engenheiros e sismólogos, em vez de ser concebida como um mero instrumento para uso sismológico. Foi
aprovada pela European Seismological Commission na sua XXIII Assembleia Geral, realizada em Praga em 1992, sendo,
após um período experimental, aprovada em 1998 na sua versão final, acompanhada por um manual detalhado com
diretivas de aplicação, ilustrações e exemplos.
Ao contrário das escalas de magnitude sísmica (como a escala de Richter), que expressam a energia libertada
pelo sismo, a EMS-98 é uma escala de intensidade que pretende avaliar os efeitos do sismo sobre um local específico.
Mantendo a estrutura clássica de graus, a Escala Macrossísmica Europeia tem 12 divisões.
Graus de intensidade Descrição
I – Não sentido Não sentido.
II – Escassamente sentido Apenas sentido por muito poucas pessoas a descansar dentro de casa.
III – Fraco
Sentido no interior das casas por poucas pessoas. Pessoas em descanso sentem um
balanceamento ou um estremecimento leve.
IV – Amplamente observado
Sentido no interior das casas por muitas pessoas e por muito poucas fora de casa. Poucas pessoas
são acordadas. As janelas, portas e pratos chocalham.
V – Forte
Sentido no interior das casas pela maioria das pessoas e por poucas fora de casa. Muitas pessoas a
dormir são acordadas. Algumas pessoas assustam-se. Os prédios estremecem de forma
generalizada. Objetos suspensos baloiçam consideravelmente. Pequenos objetos são deslocados.
Algumas janelas ou portas abrem-se ou fecham-se.
VI – Ligeiramente danificante
Muitas pessoas assustam-se e fogem para fora das casas. Alguns objetos caem. Muitas casas
sofrem ligeiros danos não estruturais, como fissuras e queda de pequenos pedaços de recobrimento.
VII – Danificante
A maior parte das pessoas assusta-se e foge para fora das casas. Os móveis são deslocados e
numerosos objetos caem das prateleiras. Muitos edifícios comuns de boa construção sofrem danos
moderados: pequenas fendas nas paredes, quedas de estuque, quedas parciais de chaminés. Os
edifícios mais antigos podem apresentar grandes fendas nas paredes e rotura nas paredes de
enchimento.
VIII – Muito danificante
Muitas pessoas têm dificuldade em permanecer em pé. Muitas casas apresentam grandes fendas
nas paredes. Alguns edifícios comuns de boa construção mostram grandes roturas nas paredes,
enquanto as estruturas mais antigas e fracas podem colapsar.
IX – Destrutivo
Pânico geral. Muitas construções fracas colapsam. Mesmo os edifícios comuns de boa construção
apresentam danos muito severos: colapso parcial das paredes e colapsos estruturais parciais.
X – Muito destrutivo Muitos edifícios comuns de boa construção colapsam.
XI – Devastador
A maioria dos edifícios de boa construção colapsam. Mesmo alguns edifícios construídos com um
bom projeto sismorresistente são destruídos.
XII – Completamente devastador Praticamente todos os edifícios são destruídos.
http://www.meteo.pt/pt/enciclopedia/sismologia/escalas.macro/ems/index.html
A EMS é quantitativa ou qualitativa. Justifica.
Explica a vantagem da existência de uma escala europeia de medição dos sismos.
1
2
Doc. 15
Escola Básica/Secundária da Bemposta, 7º ano A Professora: Ana Filipa Balancho
15
Nome
N.º Turma Data
Portugal não tem um sistema de alerta de tsunamis
O tsunami gerado pelo grande sismo do Japão veio tornar evidente que Portugal – que em 1755 também sofreu os
efeitos devastadores de uma onda gigante de origem sísmica – continua sem um sistema de alerta. “Portugal tem de
estar preparado. Mas não está”, diz Maria Ana Baptista, especialista em tsunamis do Instituto Superior de Engenharia de
Lisboa e do Instituto Dom Luiz da Universidade de Lisboa. “Fizeram-se muitos progressos do ponto de vista da deteção.
O Instituto de Meteorologia (IM) é capaz de determinar a magnitude, a localização e a profundidade de um sismo em
cinco minutos.
Se a magnitude for superior a 6,5 [na escala de Richter], se o epicentro for no mar e se a profundidade [na crosta
terrestre] for igual ou inferior a 30 quilómetros, neste momento o IM pode enviar uma mensagem à proteção civil”, refere
Maria Ana Baptista, que coordena, com o sismólogo Fernando Carrilho, do IM, o Grupo para a Implementação do
Sistema de Alerta de Tsunamis em Portugal.
Depois de o IM lhe transmitir as mensagens de aviso, é a Autoridade Nacional de Proteção Civil que tem poderes
para difundir avisos à população portuguesa. “Mas é preciso que o IM tenha nas suas atribuições legais essas funções.
Temos tentado junto das autoridades que tenha esse mandato”, acrescenta Maria Ana Baptista.
“O Governo ainda não disse que Portugal vai construir o seu centro de alerta. Tem havido outras prioridades.”
Maria Ana Baptista foi quem simulou, pela primeira vez, o tsunami que se abateu nas costas portuguesas,
espanholas, marroquinas e até das Caraíbas, em novembro de 1755. Com uma magnitude estimada de 8,7 e 8,8, este
sismo está entre os mais fortes de que há memória na Terra. O tsunami demorou apenas 15 minutos até ao Cabo de São
Vicente, aí com uma onda de dez metros de altura (também agora no Japão há registo de que numa praia de Sendai, na
prefeitura de Miyagi, o tsunami chegou com dez metros). E 25 minutos após o sismo, já atingia a zona de Oeiras, com
uma onda de seis metros, para em seguida avançar pelo estuário do Tejo. Desde o sismo até à inundação de toda a zona
ribeirinha da cidade de então, passaram-se cerca de 90 minutos. Nessa Lisboa do século XVIII, a água avançou 250
metros terra adentro. As zonas mais atingidas foram o Terreiro do Paço e o que é hoje o Cais do Sodré. Estima-se que,
em Lisboa, só o tsunami causou a morte a 900 pessoas.
Público, 11 de março de 2011
Doc. 16
Escola Básica/Secundária da Bemposta, 7º ano A Professora: Ana Filipa Balancho
16
Nome
N.º Turma Data
Ondas sísmicas
As rochas no interior da Terra, quando expostas a stress, deformam-se plasticamente. A profundidades menores,
no entanto, onde as rochas estão relativamente frias e sujeitas a menor pressão litostática (pressão exercida pelo peso
de uma coluna de rocha que está sobre um determinado ponto abaixo da superfície), deformam-se elasticamente até que
o stresse, se não for aliviado, as rompa. Em ambos os casos há libertação de energia.
A energia de um sismo, como qualquer outro tipo de energia, é transmitida de um ponto a outro sob a forma de
ondas. Quando lançamos uma pedra num lago, a energia da queda da pedra é transferida para a água e forma ondas em
todas as direções. Quando alguém fala, a energia sonora produzida pela vibração das cordas vocais é transmitida através
do ar sob a forma de ondas sonoras. Algo de semelhante se passa com as ondas sísmicas. As ondas P são as primeiras
a chegar. São ondas paralelas à direção de propagação. As ondas S são mais lentas, também chamadas de
cisalhamento, originando movimentos para cima e para baixo perpendiculares à direção da onda. Quando ocorre um
sismo, algumas das ondas anteriores movem-se do foco para o epicentro, causando a vibração da superfície. Esta
vibração origina as ondas de superfície ou ondas L que viajam na superfície terrestre e são as mais destruidoras.
A – As ondas P, ou ondas primárias,
são ondas de compressão. Resultam
da contração e expansão das rochas
numa direção paralela à da
propagação da onda.
B – As ondas S, ou ondas secundárias, são
ondas de cisalhamento. Geram um movimento
“para cima e para baixo” que desloca as rochas
numa direção perpendicular à direção de
propagação da onda.
C – As ondas L são as ondas mais destrutivas. Os dois tipos mais
comuns de ondas de superfície produzem diferentes padrões de
movimento das rochas: um movimento “lado a lado”, como o
serpentear de uma cobra, e um movimento rotatório “para cima e para
baixo”, como as ondas do mar.
Doc. 17
Escola Básica/Secundária da Bemposta, 7º ano A Professora: Ana Filipa Balancho
17
Nome
N.º Turma Data
Controlar os sismos
Em certas zonas do sistema de falhas de Santo André, verificou-se que movimentos relativos ligados a falha-
mento horizontal ocorrem sem abalos; este processo de falhamento parece ser, pelo menos localmente, um importante
tipo de informação. Partes da falha podem mover--se, em episódios diferentes, a valores de 10 cm/ano, enquanto outras
partes permanecem estáveis. Nestas, a deformação provocada pela deslocação da litosfera conduz à acumulação de
energia que, ao libertar-se, poderá provocar um forte abalo. Os conhecimentos atuais sobre a formação de sismos não
são suficientes para estabelecer programas de engenharia de controlo, mas subsistem esperanças na descoberta de
métodos que permitam libertar a energia acumulada nas partes bloqueadas da falha, de modo que os blocos passem uns
pelos outros, apenas libertando energia através de pequenos sismos ou mesmo sem sismos.
Uma das hipóteses para evitar tremores de terra será provocar pequenos abalos na altura conveniente, havendo
dados que evidenciam a possibilidade de os tremores de terra poderem ser disparados de várias maneiras.
A ocorrência de tremores de terra aparece ligada à
construção de barragens e consequente enchimento de
albufeiras com largas massas de água; parecem
também associar-se a injeções de fluidos no subsolo e
flutuações sazonais de atividade sísmica; parecem
correlacionar-se com as chuvas, enquanto as explosões
nucleares subterrâneas parecem ativar os abalos
sísmicos, ao provocarem, segundo parece, a libertação
de energia armazenada num raio de 15 km.
O papel desempenhado na atividade sísmica
pelos fluidos contidos nos poros já havia sido estudado
antes do aparecimento do modelo distância-difusão. As
primeiras sugestões sérias visando o controlo sísmico
nasceram, depois de estudos feitos em Denver, com a
injeção de fluidos num poço situado no arsenal do
Exército, nas Montanhas Rochosas. Entre 1962 e 1966
injetaram-se líquidos em rochas fraturadas situadas por
baixo do arsenal. Durante 6 meses, em 1965, injetaram-
se, em média, 26,6 milhões de litros por mês, tendo a
atividade sísmica aumentado, atingindo, mesmo, um
pico de 45 abalos/mês. Nos meses seguintes, até a
bombagem parar, o ritmo de injeção baixou para 12
milhões/mês e a frequência de abalos baixou também
para 18 abalos/mês; fechou-se depois o poço, tendo a
frequência passado a 10 abalos/mês.
Esta experiência de causa-efeito entre injeção
de líquido e disparo de abalos é concludente para a
região de Denver. Nesta altura foram levantadas várias questões sobre a continuação dos abalos após terminar a injeção,
tendo em conta que a migração da água através das rochas da região se faz de uma maneira muito lenta. Até que a
elevada pressão do fluido no local de injeção não seja igual à dada pela do reservatório, a possibilidade de movimento
das rochas continua a existir. A esta experiência seguiu--se, em 1970, a do campo petrolífero de Rangly, no noroeste do
Colorado, que tornou evidente que os abalos podiam ser provocados ou parados conforme o desejo do Homem.
Atualmente, parece que pequenas quantidades de água produzem efeitos lubrificantes nas falhas, fenómeno este
diferente do processo de redução de fricção numa superfície de falha e, sendo assim, a injeção de água pode permitir o
deslocamento de um sistema de falhas “bloqueado”, libertando energia acumulada antes que atinja níveis perigosos.
Doc. 18
Escola Básica/Secundária da Bemposta, 7º ano A Professora: Ana Filipa Balancho
18
Nome
N.º Turma Data
Estes pressupostos constituem a base do esquema ilustrado na figura, elaborado para a região da falha de Santo
André, na Califórnia, com vista a evitar sismos de grande intensidade. O primeiro passo é bombear a água dos furos
exteriores, o que provocará o aumento de “resistência” da rocha em profundidade, com consequente diminuição da
atividade sísmica. A falha fica bloqueada e “mais resistente”. Procede-se então à injeção de água no furo central (figura
C), o que diminuirá a resistência da rocha e possibilitará o aumento de movimentos. O objetivo pretendido é que a
energia acumulada se liberte através de pequenos abalos, à medida que a pressão da água aumenta no furo central. O
esquema seria repetido para novo grupo de furos triplos.
Existem numerosos problemas teóricos e técnicos por resolver e não se sabe se o esquema será alguma vez
operativo, para além de que, neste momento, parece existir já tanta energia acumulada em certas partes da falha de
Santo André que a injeção de água no furo central pode despoletar um forte abalo que é o que, no fim de contas, o
esquema tenta evitar. Não há sequer garantias de que os compartimentos indicados na figura C limitem o deslocamento
da falha.
O projeto envolve cerca de 500 perfurações orçamentadas em 500 milhões de dólares que, embora seja um valor
alto, é baixo quando comparado com os prejuízos causados pelo terramoto de S. Fernando em 1971, estimados em mil
milhões de dólares, ou com os 30 mil milhões, valor estimado para um terramoto igual ao de S. Francisco de 1906.
Muitos engenheiros são de opinião que não é o abalo que mata as pessoas, mas o desmoronamento dos edifícios;
daí dizerem que o melhor será construir bons edifícios e não procurar prever e controlar os sismos. Eles apontam a
necessidade de estabelecer normas de construção e escolha de locais apropriados à construção.
Wyllie, A Terra: Nova Geologia Global
A figura indica uma série de perfurações triplas até 4 km, distanciadas 10 km, ao longo da zona de falha em
cada abertura do conjunto. Os furos estão afastados entre si 500 m, conforme se indica na figura B.

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  • 1. Escola Básica/Secundária da Bemposta, 7º ano A Professora: Ana Filipa Balancho 1 Nome N.º Turma Data Vulcões – atividade vulcânica Como se manifesta a atividade vulcânica? O que são vulcões? De que profundidade vem o magma? O termo vulcão tem origem no latim Vulcãnus – Vulcano, deus do fogo; fogo, incêndio. Os vulcões constituem uma forma de relevo que resulta da subida à superfície de materiais provenientes das regiões internas da Terra. A acumulação dos materiais lançados pelo vulcão forma, frequentemente, uma elevação que se designa por cone vulcânico. É importante fazer notar aos alunos que o cone é apenas a parte externa e visível de um sistema vulcânico que existe em profundidade. As condições de pressão e temperatura a profundidades entre os 20 km e os 200 km são favoráveis à fusão parcial dos materiais, formando-se magmas. Entende-se por magma (termo de origem grega que significa matéria rochosa) um material de composição essencialmente silicatada, total ou parcialmente fundido e provido de mobilidade. Além da fase líquida, o magma contém uma fase gasosa, composta, geralmente, por vapor de água, dióxido de carbono, dióxido de enxofre e outros compostos. Considera-se ainda que o magma comporta uma fase sólida, representada por aqueles minerais que primeiro cristalizam no banho ou que não chegaram a ser fundidos. Os magmas encontram-se a temperaturas entre os 700 ºC e os 1100 ºC e, ao subirem na crosta, podem acumular-se em reservatórios ou câmaras magmáticas, situadas a profundidades entre os 10 km e os 30 km. Uma erupção vulcânica acontece quando o movimento na câmara magmática faz expandir os gases que saem em jato, arrastando a componente líquida e sólida do magma. As lavas dependem do carácter dos magmas. Em função da sua composição, estas podem ser mais ou menos viscosas e conter maior ou menor quantidade de gases dissolvidos. Sabe-se que a viscosidade aumenta com o teor em sílica e que, ao contrário, a fluidez é maior nos magmas mais ricos em ferro e magnésio. A fluidez aumenta ainda com a temperatura e a quantidade de água contida no magma. Os aparelhos vulcânicos dizem-se centrais se a lava ascende por condutas do tipo chaminé ou fissurais se sobe através de fissuras. No primeiro caso, origina-se um cone vulcânico, no topo do qual existe uma depressão ou cratera, onde se abre a chaminé central. As grandes extensões de lava, no geral resultantes de magmas muito fluidos (como por exemplo os trapes ou planaltos continentais do Decão na Índia), resultam, sobretudo, de erupções fissurais. 1- Faz a legenda da figura. ③ ④ ⑤ ② ① Doc. 1
  • 2. Escola Básica/Secundária da Bemposta, 7º ano A Professora: Ana Filipa Balancho 2 Nome N.º Turma Data Como se distribuem os vulcões na Terra? A maioria dos vulcões encontra-se nos limites das placas litosféricas. Distribuição dos vulcões: Anel de Fogo do Pacífico: abrange os Andes, a América Central, as Montanhas Rochosas, o Japão, a Indonésia, a Nova Guiné e a Nova Zelândia. O oceano Pacífico é rodeado por inúmeros vulcões, e quando há alguma notícia trágica da atividade de um vulcão, nove em cada dez vezes trata-se de um vulcão situado na costa do Pacífico. Cintura Mediterrânica: inclui os vulcões da Itália, Marrocos, Argélia e Grécia. Dorsal médio- atlântica: além da Islândia e dos Açores inclui as ilhas Jan Mayen, São Paulo, Ascensão, Tristão da Cunha, Gough e Bouvet. Apesar da localização dos vulcões coincidir, geralmente, com os limites das placas litosféricas, alguns, como os do Havai, constituem os chamados vulcões de pontos quentes ou hot spots, os maiores e mais ativos que se conhecem. À medida que as placas deslizam sobre estes pontos quentes do manto, vai-se formando uma cadeia de vulcões que são tanto mais antigos quanto mais longe se encontram daquele ponto. As ilhas do arquipélago havaiano são os topos de uma cadeia de vulcões que se situa sobre um ponto quente do manto que tem vindo a produzir magma há 6 milhões de anos. O foco da atividade vulcânica parece ter-se movido mas, na realidade, manteve-se estável: foi a placa do Pacífico que se deslocou, movendo os vulcões para noroeste. Por vezes questiona-se se um determinado vulcão está adormecido ou extinto. Estes termos têm diferentes significados para diferentes pessoas e diferentes vulcões. Um vulcão está ativo quando teve pelo menos uma erupção desde a última glaciação (10 mil anos). Um vulcão está adormecido quando há 10 mil anos não tem uma erupção, mas espera-se que entre de novo em atividade. Um vulcão extinto é aquele que não se espera que entre em erupção. Estas definições são explicações humanas para fenómenos naturais e, como tal, falíveis. Doc. 2
  • 3. Escola Básica/Secundária da Bemposta, 7º ano A Professora: Ana Filipa Balancho 3 Nome N.º Turma Data Tipos de erupções vulcânica Como se manifesta a atividade vulcânica durante uma erupção? Quais os tipos de erupções vulcânicas? A atividade vulcânica depende da viscosidade da lava e, consequentemente, do magma. Um magma fluido com poucos gases e em que estes se libertam suavemente origina erupções efusivas. À medida que o magma ascende, a pressão diminui e, com ela, a solubilidade dos componentes voláteis que se libertam sob a forma de bolhas gasosas. Lavas pouco viscosas, pouco ácidas e pobres em gases derramam-se tranquilamente. Nestas erupções típicas dos vulcões havaianos, a lava escorre formando “rios” de lava, escoadas ou correntes de lava que cobrem grandes extensões, constituindo mantos de lava. O aparelho vulcânico é um cone baixo de vertentes suaves, constituído por camadas de lava sobrepostas. Não há projeção de piroclastos e as erupções são relativamente silenciosas, transbordando a lava da cratera, muitas vezes transformada num lago de lava. A última erupção do vulcão Maunaloa em 1984 deu origem a uma ecoada efusiva que percorreu a distância de 53 km até ao mar em 8 dias e que se manteve durante um ano. A atual erupção do Kilauea é em tudo muito semelhante e ainda não se sabe quando terminará. Nas erupções fissurais, ao longo de uma falha por vezes muito extensa, comum na Islândia, a lava é muito fluida e espalha-se por grandes áreas. A atividade mista tem efusões de lava, geralmente menos fluida do que do tipo efusivo, alternado com períodos explosivos, de pouca violência, com projeção de materiais piroclásticos, geralmente bombas e lapíli. O aparelho vulcânico é cónico mas com maior declive do que os cones gerados pela atividade efusiva e é edificado com camadas alternadas de lavas e de piroclastos. Estes piroclastos, quando litificados, originam brechas vulcânicas. A erupção dos Capelinhos, na ilha do Faial, e a erupção do Pico são consideradas como sendo deste tipo. A atividade vulcânica que atingiu, sobretudo, a região de Lisboa-Mafra, no final do Mesozoico e início do Cenozoico, deve ter sido do tipo misto, a avaliar pelos testemunhos que dela nos ficaram no chamado “complexo vulcânico de Lisboa-Mafra”, no qual são visíveis alternâncias de basaltos, tufos e de brechas num ritmo que se repete muitas vezes. Nas lavas viscosas, muito ácidas, ricas em gases, estes têm grande dificuldade em libertar-se, originando explosões acompanhadas de projeções violentas de jatos de gás (com muito vapor de água), de gotículas líquidas, de fragmentos maiores ou menores de lava ainda líquida e de blocos de rocha arrancados à própria chaminé (xenólitos) – atividade explosiva . Geralmente, os fragmentos de lava arrefecem e consolidam no trajeto (os mais pequenos) ou atingem o solo ainda não completamente consolidados, deformando-se. No conjunto, estes materiais, designados por piroclastos, possuem nomenclatura própria, em função dos respetivos tamanhos e formas, tais como poeiras, cinzas, lapíli (ou bagacina), blocos e bombas. As bombas caracterizam-se pela forma particular que adquirem no trajeto no ar. A acumulação destes materiais está na origem de rochas com estruturas estratificadas, de que são exemplos os tufos e as brechas vulcânicas Nas ilhas dos Açores e da Madeira pode ser proposta a recolha de rochas vulcânicas. As rochas que se formam a partir de uma erupção vulcânica são muito variadas. É possível encontrar vestígios destas rochas em todo o mundo, mesmo em regiões onde os vulcões já não se encontram em atividade. Chamar a atenção para a importância de catalogar cuidadosamente achados e levar as amostras apenas no caso de ter a certeza de que é permitido recolher material. De qualquer forma, uma fotografia do local e a localização específica do mesmo podem revelar-se de grande utilidade, se vier a utilizar um guia para identificar as rochas. Doc. 3
  • 4. Escola Básica/Secundária da Bemposta, 7º ano A Professora: Ana Filipa Balancho 4 Nome N.º Turma Data Riscos e benefícios da atividade vulcânica Quais são os riscos da atividade vulcânica? Os geólogos têm tido bastante sucesso na previsão de episódios eruptivos, quando se concentram no estudo de um vulcão específico, após o início de uma fase eruptiva. Estes esforços de monitorização envolvem a medição de mudanças na temperatura exterior do vulcão, procurando a mínima expansão do seu tamanho e prestando atenção à atividade sísmica local. Antes da erupção de um vulcão, o magma quente ascende em direção à superfície, logo qualquer manifestação de calor crescente pode significar uma erupção próxima. Observam-se novas nascentes quentes e mede--se a temperatura da água e vapor nas já existentes. Se o vapor que se escapa não for muito mais quente que o ponto de ebulição da água, a água à superfície está provavelmente a ser aquecida por rochas quentes subterrâneas, ou seja, não há problema. Se, no entanto, o vapor for superaquecido, com temperaturas que podem chegar aos 500 ºC, provém, provavelmente, do magma rico em água, um sinal de que uma erupção pode estar próxima. À medida que o magma sobe, o cone vulcânico começa a aquecer. A temperatura geral de um cone vulcânico pode ser medida através de um satélite equipado com sensores infravermelhos preparados para detetar a mais ínfima mudança de temperatura à superfície. Os vulcões ativos expandem-se em volume, à medida que adquirem novas reservas de magma. Uma mudança de formato do cone vulcânico pode indicar uma erupção iminente. Para detetar o aumento de volume de um vulcão, usa-se um telurómetro – aparelho que calcula com precisão distâncias na terra através de sinais de microondas, em função do tempo que levam para retornar ao ponto de origem. À medida que o magma sobe, empurra as rochas fraturadas e, nesse processo, fratura outras rochas subterrâneas. Atendendo a que este processo causa tremores de terra, as erupções são muitas vezes precedidas por um padrão distinto de sismos, chamados sismos harmónicos, uma contínua batida rítmica. A altura cada vez maior do magma ascendente é determinada por um equipamento sensível que mede a localização desses sismos. A taxa de ascensão do magma fornece uma estimativa do momento da erupção. O Eyjafjallajökull é um vulcão situado na Islândia e entrou em erupção no dia 20 de março de 2010. Após um período de estabilidade, voltou a eclodir a 14 de abril, derretendo o glaciar e lançando uma enorme nuvem de cinzas que alcançou mais de 10 quilómetros de altura para a atmosfera. Por estar sob uma grande camada de gelo, a erupção provocou um fenómeno em que a lava vulcânica entra em contato com o gelo e provoca inundações, enormes colunas de fumo e deslizamentos gerados pelos blocos de gelo. Quando esta nuvem começou a sobrevoar o Reino Unido, um dia depois, os aeroportos começaram a ser fechados e os meios aéreos a serem suspensos. A situação arrastou-se durante seis dias com pessoas a ficarem retidas por toda a Europa. As erupções vulcânicas são frequentes na Islândia, cerca de um a cada três anos, pois a ilha de origem vulcânica tem muitos vulcões ativos. Os vulcões Hekla e Katla, ambos ativos, estão muito próximos do vulcão Eyjafjallajökull e os cientistas temiam que também entrassem em erupção. Em maio de 2011, o vulcão Grimsvotn, também localizado na Islândia, libertou cinzas, impedindo a circulação no espaço aéreo de alguns países do Norte da Europa. Doc. 4 Doc. 5
  • 5. Escola Básica/Secundária da Bemposta, 7º ano A Professora: Ana Filipa Balancho 5 Nome N.º Turma Data Formação de caldeiras vulcânicas Muito esquematicamente, pode imaginar--se a génese das caldeiras como resultado do esvaziamento parcial da câmara magmática existente em profundidade, na vertical do cone vulcânico. O edifício vulcânico fica instável por falta de apoio e uma parte do cone, geralmente a central, abate, dando origem a uma zona deprimida limitada por rebordos abruptos. Na sequência da atividade vulcânica podem surgir novos cones vulcânicos no interior da caldeira, que pode, eventualmente, reter águas pluviais, como é o caso da caldeira das Sete Cidades, na ilha de S. Miguel, nos Açores. Quais são os benefícios da atividade vulcânica? As fumarolas, ou emanações de vapor de água, são muitas vezes acompanhadas de outros produtos gasosos ou de substâncias volatilizadas, que persistem para além do termo da atividade extrusiva ou, o mais frequente, que se verificam nos períodos de acalmia entre duas fases ativas. Designam-se por sulfataras, quando nelas predominam substâncias sulfuradas (enxofre, dióxido de enxofre, ácido sulfídrico), ou mofetas, quando acompanhadas pela libertação de dióxido de carbono. As nascentes termais, como atividade vulcânica remanescente, umas vezes de águas magmáticas ou juvenis, outras resultantes de águas meteóricas que se infiltram no aparelho vulcânico, onde aquecem em profundidade, acabando por ressurgir a temperatura mais elevada. Os géiseres são repuxos de água fervente. O conhecimento profundo do comportamento destas manifestações desenvolveu um ramo da Geologia – a Geotermia –, o qual procura dar resposta à necessidade crescente de fontes de energia, cada vez mais procuradas. O método mais simples de aproveitamento desta energia consiste na utilização das águas quentes e vapores para acionar turbinas que, à superfície, estão acopladas a alternadores. As explorações mais interessantes existem nos Açores e a mais importante é a Central Geotérmica da Ribeira Grande, em São Miguel. Doc. 6 Doc. 7
  • 6. Escola Básica/Secundária da Bemposta, 7º ano A Professora: Ana Filipa Balancho 6 Nome N.º Turma Data Erupções históricas nos Açores Ano Local Características Consequências 1563 São Miguel (caldeira do vulcão do Fogo e Pico do Sapateiro) Atividade explosiva (subpliniana) na caldeira seguida de atividade efusiva no Pico do Sapateiro. Uma escoada lávica oriunda do Pico do Sapateiro soterrou parte da povoação da Ribeira Seca. 1630 São Miguel (caldeira do vulcão das Furnas) Atividade magmática e freatomagmática (esta última de magnitude subpliniana) Formação de escoadas piroclásticas que terão vitimado uma centena de pessoas em Ponta Garça. No total, terão perecido 195 pessoas em São Miguel, durante esta fase vulcânica. 1672 Faial (Cabeço do Fogo) Atividade explosiva, seguida de atividade efusiva prolongada Escoadas de lava destruíram quase totalmente as povoações de Praia do Norte e do Capelo. 1808 São Jorge Atividade essencialmente estromboliana Uma escoada lávica destruiu parcialmente a povoação da Urzelina. Uma nuvem ardente terá matado 8 pessoas. 1957-1958 Faial (Capelinhos) Erupção surtseyana, de setembro de 1957 a maio de 1958. De maio a outubro de 1958, atividade estromboliana. Prejuízos materiais devido à forte queda de cinzas, com danificação de habitações e culturas agrícolas na freguesia do Capelo. Cerca de 700 pessoas desalojadas. No quadro resumem-se as características e as consequências das principais erupções ocorridas nos Açores no tempo histórico. Assinale-se que a mais recente erupção vulcânica dos Açores ocorreu ao largo da ilha Terceira, a cerca de 9 km do Farol da Serreta. Descoberta por pescadores terceirences no dia 18 de maio de 1998, a atividade eruptiva só viria a cessar completamente em 2001. A erupção, intermitente, foi caracterizada por uma alternância de emissão de bolas de gases e de projeção de piroclastos finos e de lavas em almofada, que chegavam até à superfície das águas. Ao contrário das duas erupções submarinas mais recentes (a dos Capelinhos e a da Serreta), as erupções históricas que ocorreram no mar dos açores parecem ter durado apenas algumas semanas, dando origem a ilhotas que foram rapidamente destruídas pela erosão marinha ou se afundaram depois da erupção. António de Brum Ferreira, Geodinâmica e perigosidade natural nas ilhas dos Açores Doc. 8
  • 7. Escola Básica/Secundária da Bemposta, 7º ano A Professora: Ana Filipa Balancho 7 Nome N.º Turma Data Combustível do futuro? Margem sul rica em vulcões de lama Nos últimos anos, no golfo de Cádis, uma equipa de geofísicos, geólogos e biólogos portugueses, com a ajuda de cientistas estrangeiros, tem investigado a ocorrência de vulcões de lama. Até à data foram descobertos 28, seis dos quais em águas territoriais portuguesas, numa investigação financiada pela Fundação para a Ciência e Tecnologia. Estas estruturas cónicas são formadas pela libertação, para a superfície, de gás em profundidade, que chega ao fundo do oceano envolvido numa massa de sedimentos. No seu interior encontram-se frequentemente hidratos de metano, resultantes da combinação de moléculas de água e metano, e hoje consideradas uma das energias do futuro, podendo mesmo funcionar como alternativa aos combustíveis fósseis – as estimativas atuais indicam que os depósitos de hidratos no planeta podem igualar ou exceder as reservas destes. Apesar de a exploração de hidratos de metano estar ainda distante, “tanto o Japão como os Estados Unidos estão a investir na tecnologia para a sua extração e aplicações várias”, diz Luís Menezes Pinheiro, da Universidade de Aveiro. National Geographic Portugal, n.º 21 Doc. 9 Doc. 7
  • 8. Escola Básica/Secundária da Bemposta, 7º ano A Professora: Ana Filipa Balancho 8 Nome N.º Turma Data A 3500 metros de profundidade, esta fonte hidrotermal de “fumarolas negras” jorra água aquecida a 350 ºC pelo magma localizado sob o leito do Atlântico. Quando esta pluma entra em contacto com o mar gelado, os sulfuretos metálicos cristalizam e formam chaminés minerais, verdadeiros paraísos para bactérias e outros organismos. Chaminés no fundo do mar São chaminés no fundo do mar. Jorram plumas fumarentas e negras que fazem lembrar as antigas fábricas sem filtro da margem sul do Tejo. Ali concentram-se metano e enxofre em ambientes extremamente tóxicos. Mas estes laboratórios de poluição natural – fontes hidrotermais – são o novo entusiasmo científico dos Açores, uma espécie de projeto geotérmico do século XXI, uma nova área que se abre repleta de potencialidades comerciais e de investigação. Ricardo Serrão, responsável pelo Departamento de Oceanografia e Pescas (DOP) da Universidade dos Açores, é um entusiasta desta causa, verdadeiro advogado de defesa da investigação no oceano profundo. As estimativas apontam para 4 a 10 milhões de espécies neste espaço silencioso e escuro tão mal conhecido. Fernando Barriga, responsável pelo Creminer – Centro de Recursos Minerais, Mineralogia e Cristalografia –, é um dos entusiastas pelo estudo dos campos hidrotermais dos Açores. “Estas fontes apresentam situações muito interessantes para a geologia.” A investigação no oceano profundo será um dos temas mais importantes da ciência do futuro. São cerca de 307 milhões de quilómetros quadrados ainda por conhecer. Dois terços da superfície do Globo. Fernando Barriga tem participado também em várias missões do Ocean Drilling Program, um projeto internacional arrojado, destinado a prospetar os materiais geológicos (rochas, fluidos, minérios) e biológicos (micróbios) abaixo do fundo do mar. “Sabemos que há atividade hidrotermal debaixo dos sedimentos.” Fernando Barriga coordenou a missão Seahma-I, uma missão composta quase na totalidade por investigadores portugueses. No futuro, pretende--se que os meios técnicos também sejam portugueses, e o Instituto de Sistemas e Robótica do Instituto Superior Técnico está a desenvolver um veículo de controlo remoto (ROV) que possa trabalhar a mil metros de profundidade, de acordo com as necessidades de biólogos e geólogos. A raridade deste fenómeno natural não passou despercebida ao World Wildlife Fund, que atribuiu a duas zonas os campos hidrotermais dos Açores a distinção de “Gift to the Earth”. O fundo do mar tem de ser preservado, através de algumas faixas interditas à atividade humana. Os Açores têm condições naturais para a pesquisa científica e para a exploração comercial no âmbito do hidrotermalismo. Mas é fundamental preservar áreas puras, sem intervenção humana. E como não se pode proteger sem dar a conhecer, está em planificação um observatório do oceano profundo, que trará à superfície o fundo de mar escuro e misterioso. Doc. 10
  • 9. Escola Básica/Secundária da Bemposta, 7º ano A Professora: Ana Filipa Balancho 9 Nome N.º Turma Data Campos Hidrotermais Em 1992, uma equipa americana de petrologia dragava o fundo marinho ao largo dos Açores em busca de basaltos. Uma das dragas chegou à superfície repleta de chaminés e de seres vivos e assim se descobriu o primeiro campo hidrotermal em águas portuguesas. Desde então foram descobertos mais campos a sudoeste do Faial, graças aos esforços continuados de várias missões internacionais. National Geographic Portugal, n.º 23 O que entendes por Petrologia? O que são fontes hidrotermais? Como foi descoberto e onde se localiza o primeiro campo hidrotermal português? Identifica o investigador: 4.1. responsável pelo DOP. 4.2. coordenador da missão Seahma-I. Relativamente à distinção “Gift to the Earth” a duas zonas dos campos hidrotermais: 5.1. Qual a entidade que a atribuiu? 5.2. Concordas com a atribuição desta distinção? Justifica. 5.3. Refere um local que conheças merecedor de uma distinção. 5 4 3 2 1 Doc. 11
  • 10. Escola Básica/Secundária da Bemposta, 7º ano A Professora: Ana Filipa Balancho 10 Nome N.º Turma Data Dois rivais: Krakatoa e Katmai Um rival do Krakatoa em escala de atividade foi o monte Katmai das ilhas Aleutas (costa noroeste da América do Norte). Em 1912, uma área de uns 150 km2 foi coberta, atingindo uma profundidade de 200 m, por partículas quentes projetadas quando um novo vulcão, o Novarupta, a 10 km de distância, esgotou o reservatório de magma do Katmai. O monte Katmai desmoronou-se e surgiu o “vale dos dez mil fumos”, onde o depósito de cinzas quentes deu origem a vapor, à medida que estas entravam em contacto com a água do solo. A pequena cidade de Kodiak ficou envolvida por um manto de partículas finas de cinza vulcânica, a qual se acumulou em montes que atingiram 2 m de espessura. National Geographic Portugal, n.º 21 Por que motivo o Katmai é considerado um rival do Krakatoa? Qual o outro nome do reservatório de magma de um vulcão? Explica o desmoronamento do Katmai. Seleciona a opção que completa corretamente a frase: “O nome da estrutura resultante do desmoronamento de um vulcão é…” A – cratera. B – caldeira. C – chaminé. D – cone. 4 3 2 1 Doc. 12
  • 11. Escola Básica/Secundária da Bemposta, 7º ano A Professora: Ana Filipa Balancho 11 Nome N.º Turma Data Espécies marinhas afetadas por vulcão submarino nas Canárias A erupção submarina registada desde o dia 10 de outubro de 2011 perto da ilha El Hierro (Canárias) afetou já 96 espécies de fauna marinha na Reserva Marinha do Mar de las Calmas e não está a ser detetada vida num raio de 2,4 quilómetros à volta do foco da erupção. Animais que se movem a grande velocidade refugiaram-se em zonas menos afetadas. Entre os animais afetados não se encontram os que se movem a grandes velocidades, como o charuteiro, a manta, o atum, o peixe-imperador ou a baleia-de-bico. Estas espécies refugiaram-se na zona de Las Playas, menos afetada pela erupção. Os efeitos da erupção na fauna marinha foram analisados por biólogos da Universidade de Laguna e do Instituto Oceanográfico das Canárias. Las Calmas tornou-se num verdadeiro laboratório científico que pode dar pistas sobre como se regenera o ecossistema depois de uma erupção submarina. Os investigadores chegaram à conclusão que num raio de 2,4 quilómetros não há vida, mas que nas profundidades entre 200 e 700 metros a água manteve-se estável e as condições de vida melhoraram. Como a mancha do Mar de las Calmas não está a dispersar, verifica-se sedimentação, o que preocupa os investigadores. Devido à erupção já morreram, pelo menos, 1145 peixes. Os biólogos estudaram também o estado das algas e dos invertebrados na costa e a qualidade das águas através da análise de 17 parâmetros físico-químicos. Os pescadores e os centros de mergulho exigiram já que se estabeleça um período de repouso biológico na ilha, que se lute eficazmente contra a pesca ilegal, que sejam reintroduzidas espécies e que se definam novos pontos para a prática de mergulho. Estes aspetos vão ser tratados na próxima reunião depois de se avaliar o desenvolvimento da erupção vulcânica nos próximos dias. http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=51685&op=all Doc. 13
  • 12. Escola Básica/Secundária da Bemposta, 7º ano A Professora: Ana Filipa Balancho 12 Nome N.º Turma Data Lisboa, 1755 O Portugal do século XVII devia ao mar a sua grandeza. Graças às viagens aventureiras, ao longo da costa atlântica de África, promovidas pelo Infante D. Henrique, o Navegador, a passagem do cabo da Boa Esperança por Bartolomeu Dias em 1488, a abertura do caminho marítimo para a Índia por Vasco da Gama e a “descoberta” do Brasil por Pedro Álvares Cabral em 1500, pelo ano do Senhor de 1750, o pequeno reino de Portugal tinha-se tornado um império, estendendo-se desde a África às Américas e à Ásia. Livre do jugo espanhol e dos invasores mouros, Portugal era uma monarquia absoluta governada pelo débil rei D. José I, dirigida de facto pelo progressista, ainda que brutal, ditador Marquês de Pombal, que tinha lutado com sucesso contra a nobreza, abolido as Cortes e enfrentado a influência da Igreja Católica, representada pelos poderosos Jesuítas. Lisboa, a capital do reino e um dos centros comerciais mais importantes da Europa, era uma encantadora cidade com 275 mil habitantes onde magníficos palácios da nobreza confinavam com igrejas e mosteiros, mais numerosos que em qualquer outra cidade europeia, com possível exceção de Roma. Alfama, o velho bairro da cidade, de origens romanas e mouriscas, elevava-se em socalcos pelas encostas das colinas a leste e estava pejado de casas modestas, dispostas ao longo de íngremes e sinuosos becos. O aspeto mais característico da cidade era – e ainda é – a colina rochosa circundada pelo castelo de S. Jorge, uma cidadela mourisca. A cidade, cujo antigo nome, Olissipo, faz alusão a uma cidade mítica fundada por Ulisses, não era estranha a tremores de Terra. Não obstante, embora a Sé Patriarcal, fundada em 1150 por D. Afonso Henriques, tivesse sido destruída por um tremor de terra e reconstruída em 1380, os habitantes de Lisboa não estavam preparados para os acontecimentos que se desenrolaram no dia 1 de novembro de 1755, Dia de Todos os Santos. Por volta das 9:30 da manhã, a sudoeste do Cabo de São Vicente (Banco de Gorringe), a tensão acumulada durante séculos num setor da cintura alpina foi bruscamente libertada e, partindo de um ponto abaixo da superfície da Terra, chamado foco, três grandes ondas de choque irradiaram em rápida sucessão, demolindo muitas casas na zona baixa da cidade. A cúpula da catedral foi destruída e o teto e o campanário arderam a seguir, ficando de pé apenas o coro e a fachada. Uma igreja gótica, a venerada Igreja do Carmo, erigida no século XIV, sofreu danos terríveis; só a abside, os pilares das naves laterais e as paredes exteriores ficaram de pé. Toda a cidade se tornou, num instante, numa ruína. Minutos passados, o tremor fez-se sentir em Fez, Argel, Madrid e Estrasburgo, enquanto as notícias levaram quase duas semanas a chegar a Londres. O tremor foi tão poderoso que as águas do lago Lomond, na Escócia, subiram e desceram quase 1 m e as dos lagos nos planaltos dos Alpes agitaram-se, baloiçando para trás e para diante, no que é chamado uma seicha. E Lisboa, como se não tivesse sido suficientemente castigada, sofreu duas réplicas devastadoras. Doc. 14
  • 13. Escola Básica/Secundária da Bemposta, 7º ano A Professora: Ana Filipa Balancho 13 Nome N.º Turma Data Por volta das 10 da manhã, o mar recuou, deixando a descoberto um monte de areia à entrada do estuário, mas regressou sobre a forma de um tsunami, uma onda de 12 m de altura que subiu pelo estuário, submergindo os cais e afundando todos os barcos fundeados no Tejo. As águas do rio precipitaram-se então para o porto de Lisboa em três vagas sucessivas, arremessando para terra os barcos ancorados, destruindo as docas e arrasando os principais edifícios da principal praça da cidade, o Terreiro do Paço. Grandes ondas do tsunami continuaram o seu movimento de fluxo e refluxo durante dois dias, deslocando-se em todos os sentidos no Atlântico e atingindo, a norte, a Holanda, com 3 m de altura, e a ocidente, com 4 m, as ilhas tão distantes de Antígua e Maritaca, nas Caraíbas. Finalmente, ao meio-dia de 1 de novembro, quando uma nuvem de pó cobriu a cidade em ruínas e transformou a manhã brilhante numa tarde tenebrosa, um último abalo atingiu a parte norte da cidade e, pouco depois, irromperam fogos por todo o lado. O palácio real, o recentemente concluído edifício da ópera e a magnificente Sé Catedral (que, ainda que danificada, tinha sobrevivido ao tremor de terra) foram consumidos pelo fogo. Nos terríveis tempos que se seguiram (no ano seguinte foram mais de 500 as réplicas sentidas), um homem usou os seus poderes para devolver a sanidade mental aos cidadãos lisboetas; o Marquês de Pombal queria os edifícios reconstruídos e os mortos enterrados antes que a peste se instalasse. Impassível perante o desastre, ele alimentava um sonho: ver a cidade reconstruída segundo um plano mais magnificente que o da capital destruída. Era um ditador brutal e admitia que nada podia acontecer no mundo sem a vontade de Deus, mas também acreditava que o tremor de terra não tinha sido um castigo divino, mas antes um fenómeno natural e que aquele era o tempo para construir e não para ouvir os profetas da desgraça. A porta para o estudo científico dos tremores de terra, a sismologia, tinha sido aberta por este homem odiado mas extraordinário. Em poucas décadas, Lisboa ficou reconstruída. Mathys Levy, Porque Treme a Terra Qual o assunto do texto? Porque se considera um texto narrativo? Situa, no tempo e no espaço, o sismo, referindo: 3.1. o século em que ocorreu. 3.2. quem governava Portugal nessa altura. 3.3. o local de Lisboa onde o primeiro tremor foi sentido. Transcreve dois excertos que descrevam: 4.1. uma réplica. 4.2. um tsunami. Quem ordenou a reconstrução de Lisboa?5 4 3 2 1 A seicha é uma onda estacionária que se desenvolve, por vezes, em corpos hídricos confinados (bacias portuárias, estuários, lagos, baías, mares, albufeiras, etc.). As seichas podem ser provocadas por sismos.
  • 14. Escola Básica/Secundária da Bemposta, 7º ano A Professora: Ana Filipa Balancho 14 Nome N.º Turma Data Escala Macrossísmica Europeia – EMS (1998) A Escala Macrossísmica Europeia, cuja revisão mais recente data de 1998, sendo por isso mais conhecida pelo acrónimo EMS-98, é uma escala destinada a avaliar os efeitos de um sismo sobre as construções. Pretende constituir um padrão europeu de uso generalizado para avaliação da intensidade dos sismos, substituindo a escala de Mercalli e outras escalas similares. A EMS é a primeira escala de intensidade que foi concebida com o objetivo de encorajar a cooperação entre engenheiros e sismólogos, em vez de ser concebida como um mero instrumento para uso sismológico. Foi aprovada pela European Seismological Commission na sua XXIII Assembleia Geral, realizada em Praga em 1992, sendo, após um período experimental, aprovada em 1998 na sua versão final, acompanhada por um manual detalhado com diretivas de aplicação, ilustrações e exemplos. Ao contrário das escalas de magnitude sísmica (como a escala de Richter), que expressam a energia libertada pelo sismo, a EMS-98 é uma escala de intensidade que pretende avaliar os efeitos do sismo sobre um local específico. Mantendo a estrutura clássica de graus, a Escala Macrossísmica Europeia tem 12 divisões. Graus de intensidade Descrição I – Não sentido Não sentido. II – Escassamente sentido Apenas sentido por muito poucas pessoas a descansar dentro de casa. III – Fraco Sentido no interior das casas por poucas pessoas. Pessoas em descanso sentem um balanceamento ou um estremecimento leve. IV – Amplamente observado Sentido no interior das casas por muitas pessoas e por muito poucas fora de casa. Poucas pessoas são acordadas. As janelas, portas e pratos chocalham. V – Forte Sentido no interior das casas pela maioria das pessoas e por poucas fora de casa. Muitas pessoas a dormir são acordadas. Algumas pessoas assustam-se. Os prédios estremecem de forma generalizada. Objetos suspensos baloiçam consideravelmente. Pequenos objetos são deslocados. Algumas janelas ou portas abrem-se ou fecham-se. VI – Ligeiramente danificante Muitas pessoas assustam-se e fogem para fora das casas. Alguns objetos caem. Muitas casas sofrem ligeiros danos não estruturais, como fissuras e queda de pequenos pedaços de recobrimento. VII – Danificante A maior parte das pessoas assusta-se e foge para fora das casas. Os móveis são deslocados e numerosos objetos caem das prateleiras. Muitos edifícios comuns de boa construção sofrem danos moderados: pequenas fendas nas paredes, quedas de estuque, quedas parciais de chaminés. Os edifícios mais antigos podem apresentar grandes fendas nas paredes e rotura nas paredes de enchimento. VIII – Muito danificante Muitas pessoas têm dificuldade em permanecer em pé. Muitas casas apresentam grandes fendas nas paredes. Alguns edifícios comuns de boa construção mostram grandes roturas nas paredes, enquanto as estruturas mais antigas e fracas podem colapsar. IX – Destrutivo Pânico geral. Muitas construções fracas colapsam. Mesmo os edifícios comuns de boa construção apresentam danos muito severos: colapso parcial das paredes e colapsos estruturais parciais. X – Muito destrutivo Muitos edifícios comuns de boa construção colapsam. XI – Devastador A maioria dos edifícios de boa construção colapsam. Mesmo alguns edifícios construídos com um bom projeto sismorresistente são destruídos. XII – Completamente devastador Praticamente todos os edifícios são destruídos. http://www.meteo.pt/pt/enciclopedia/sismologia/escalas.macro/ems/index.html A EMS é quantitativa ou qualitativa. Justifica. Explica a vantagem da existência de uma escala europeia de medição dos sismos. 1 2 Doc. 15
  • 15. Escola Básica/Secundária da Bemposta, 7º ano A Professora: Ana Filipa Balancho 15 Nome N.º Turma Data Portugal não tem um sistema de alerta de tsunamis O tsunami gerado pelo grande sismo do Japão veio tornar evidente que Portugal – que em 1755 também sofreu os efeitos devastadores de uma onda gigante de origem sísmica – continua sem um sistema de alerta. “Portugal tem de estar preparado. Mas não está”, diz Maria Ana Baptista, especialista em tsunamis do Instituto Superior de Engenharia de Lisboa e do Instituto Dom Luiz da Universidade de Lisboa. “Fizeram-se muitos progressos do ponto de vista da deteção. O Instituto de Meteorologia (IM) é capaz de determinar a magnitude, a localização e a profundidade de um sismo em cinco minutos. Se a magnitude for superior a 6,5 [na escala de Richter], se o epicentro for no mar e se a profundidade [na crosta terrestre] for igual ou inferior a 30 quilómetros, neste momento o IM pode enviar uma mensagem à proteção civil”, refere Maria Ana Baptista, que coordena, com o sismólogo Fernando Carrilho, do IM, o Grupo para a Implementação do Sistema de Alerta de Tsunamis em Portugal. Depois de o IM lhe transmitir as mensagens de aviso, é a Autoridade Nacional de Proteção Civil que tem poderes para difundir avisos à população portuguesa. “Mas é preciso que o IM tenha nas suas atribuições legais essas funções. Temos tentado junto das autoridades que tenha esse mandato”, acrescenta Maria Ana Baptista. “O Governo ainda não disse que Portugal vai construir o seu centro de alerta. Tem havido outras prioridades.” Maria Ana Baptista foi quem simulou, pela primeira vez, o tsunami que se abateu nas costas portuguesas, espanholas, marroquinas e até das Caraíbas, em novembro de 1755. Com uma magnitude estimada de 8,7 e 8,8, este sismo está entre os mais fortes de que há memória na Terra. O tsunami demorou apenas 15 minutos até ao Cabo de São Vicente, aí com uma onda de dez metros de altura (também agora no Japão há registo de que numa praia de Sendai, na prefeitura de Miyagi, o tsunami chegou com dez metros). E 25 minutos após o sismo, já atingia a zona de Oeiras, com uma onda de seis metros, para em seguida avançar pelo estuário do Tejo. Desde o sismo até à inundação de toda a zona ribeirinha da cidade de então, passaram-se cerca de 90 minutos. Nessa Lisboa do século XVIII, a água avançou 250 metros terra adentro. As zonas mais atingidas foram o Terreiro do Paço e o que é hoje o Cais do Sodré. Estima-se que, em Lisboa, só o tsunami causou a morte a 900 pessoas. Público, 11 de março de 2011 Doc. 16
  • 16. Escola Básica/Secundária da Bemposta, 7º ano A Professora: Ana Filipa Balancho 16 Nome N.º Turma Data Ondas sísmicas As rochas no interior da Terra, quando expostas a stress, deformam-se plasticamente. A profundidades menores, no entanto, onde as rochas estão relativamente frias e sujeitas a menor pressão litostática (pressão exercida pelo peso de uma coluna de rocha que está sobre um determinado ponto abaixo da superfície), deformam-se elasticamente até que o stresse, se não for aliviado, as rompa. Em ambos os casos há libertação de energia. A energia de um sismo, como qualquer outro tipo de energia, é transmitida de um ponto a outro sob a forma de ondas. Quando lançamos uma pedra num lago, a energia da queda da pedra é transferida para a água e forma ondas em todas as direções. Quando alguém fala, a energia sonora produzida pela vibração das cordas vocais é transmitida através do ar sob a forma de ondas sonoras. Algo de semelhante se passa com as ondas sísmicas. As ondas P são as primeiras a chegar. São ondas paralelas à direção de propagação. As ondas S são mais lentas, também chamadas de cisalhamento, originando movimentos para cima e para baixo perpendiculares à direção da onda. Quando ocorre um sismo, algumas das ondas anteriores movem-se do foco para o epicentro, causando a vibração da superfície. Esta vibração origina as ondas de superfície ou ondas L que viajam na superfície terrestre e são as mais destruidoras. A – As ondas P, ou ondas primárias, são ondas de compressão. Resultam da contração e expansão das rochas numa direção paralela à da propagação da onda. B – As ondas S, ou ondas secundárias, são ondas de cisalhamento. Geram um movimento “para cima e para baixo” que desloca as rochas numa direção perpendicular à direção de propagação da onda. C – As ondas L são as ondas mais destrutivas. Os dois tipos mais comuns de ondas de superfície produzem diferentes padrões de movimento das rochas: um movimento “lado a lado”, como o serpentear de uma cobra, e um movimento rotatório “para cima e para baixo”, como as ondas do mar. Doc. 17
  • 17. Escola Básica/Secundária da Bemposta, 7º ano A Professora: Ana Filipa Balancho 17 Nome N.º Turma Data Controlar os sismos Em certas zonas do sistema de falhas de Santo André, verificou-se que movimentos relativos ligados a falha- mento horizontal ocorrem sem abalos; este processo de falhamento parece ser, pelo menos localmente, um importante tipo de informação. Partes da falha podem mover--se, em episódios diferentes, a valores de 10 cm/ano, enquanto outras partes permanecem estáveis. Nestas, a deformação provocada pela deslocação da litosfera conduz à acumulação de energia que, ao libertar-se, poderá provocar um forte abalo. Os conhecimentos atuais sobre a formação de sismos não são suficientes para estabelecer programas de engenharia de controlo, mas subsistem esperanças na descoberta de métodos que permitam libertar a energia acumulada nas partes bloqueadas da falha, de modo que os blocos passem uns pelos outros, apenas libertando energia através de pequenos sismos ou mesmo sem sismos. Uma das hipóteses para evitar tremores de terra será provocar pequenos abalos na altura conveniente, havendo dados que evidenciam a possibilidade de os tremores de terra poderem ser disparados de várias maneiras. A ocorrência de tremores de terra aparece ligada à construção de barragens e consequente enchimento de albufeiras com largas massas de água; parecem também associar-se a injeções de fluidos no subsolo e flutuações sazonais de atividade sísmica; parecem correlacionar-se com as chuvas, enquanto as explosões nucleares subterrâneas parecem ativar os abalos sísmicos, ao provocarem, segundo parece, a libertação de energia armazenada num raio de 15 km. O papel desempenhado na atividade sísmica pelos fluidos contidos nos poros já havia sido estudado antes do aparecimento do modelo distância-difusão. As primeiras sugestões sérias visando o controlo sísmico nasceram, depois de estudos feitos em Denver, com a injeção de fluidos num poço situado no arsenal do Exército, nas Montanhas Rochosas. Entre 1962 e 1966 injetaram-se líquidos em rochas fraturadas situadas por baixo do arsenal. Durante 6 meses, em 1965, injetaram- se, em média, 26,6 milhões de litros por mês, tendo a atividade sísmica aumentado, atingindo, mesmo, um pico de 45 abalos/mês. Nos meses seguintes, até a bombagem parar, o ritmo de injeção baixou para 12 milhões/mês e a frequência de abalos baixou também para 18 abalos/mês; fechou-se depois o poço, tendo a frequência passado a 10 abalos/mês. Esta experiência de causa-efeito entre injeção de líquido e disparo de abalos é concludente para a região de Denver. Nesta altura foram levantadas várias questões sobre a continuação dos abalos após terminar a injeção, tendo em conta que a migração da água através das rochas da região se faz de uma maneira muito lenta. Até que a elevada pressão do fluido no local de injeção não seja igual à dada pela do reservatório, a possibilidade de movimento das rochas continua a existir. A esta experiência seguiu--se, em 1970, a do campo petrolífero de Rangly, no noroeste do Colorado, que tornou evidente que os abalos podiam ser provocados ou parados conforme o desejo do Homem. Atualmente, parece que pequenas quantidades de água produzem efeitos lubrificantes nas falhas, fenómeno este diferente do processo de redução de fricção numa superfície de falha e, sendo assim, a injeção de água pode permitir o deslocamento de um sistema de falhas “bloqueado”, libertando energia acumulada antes que atinja níveis perigosos. Doc. 18
  • 18. Escola Básica/Secundária da Bemposta, 7º ano A Professora: Ana Filipa Balancho 18 Nome N.º Turma Data Estes pressupostos constituem a base do esquema ilustrado na figura, elaborado para a região da falha de Santo André, na Califórnia, com vista a evitar sismos de grande intensidade. O primeiro passo é bombear a água dos furos exteriores, o que provocará o aumento de “resistência” da rocha em profundidade, com consequente diminuição da atividade sísmica. A falha fica bloqueada e “mais resistente”. Procede-se então à injeção de água no furo central (figura C), o que diminuirá a resistência da rocha e possibilitará o aumento de movimentos. O objetivo pretendido é que a energia acumulada se liberte através de pequenos abalos, à medida que a pressão da água aumenta no furo central. O esquema seria repetido para novo grupo de furos triplos. Existem numerosos problemas teóricos e técnicos por resolver e não se sabe se o esquema será alguma vez operativo, para além de que, neste momento, parece existir já tanta energia acumulada em certas partes da falha de Santo André que a injeção de água no furo central pode despoletar um forte abalo que é o que, no fim de contas, o esquema tenta evitar. Não há sequer garantias de que os compartimentos indicados na figura C limitem o deslocamento da falha. O projeto envolve cerca de 500 perfurações orçamentadas em 500 milhões de dólares que, embora seja um valor alto, é baixo quando comparado com os prejuízos causados pelo terramoto de S. Fernando em 1971, estimados em mil milhões de dólares, ou com os 30 mil milhões, valor estimado para um terramoto igual ao de S. Francisco de 1906. Muitos engenheiros são de opinião que não é o abalo que mata as pessoas, mas o desmoronamento dos edifícios; daí dizerem que o melhor será construir bons edifícios e não procurar prever e controlar os sismos. Eles apontam a necessidade de estabelecer normas de construção e escolha de locais apropriados à construção. Wyllie, A Terra: Nova Geologia Global A figura indica uma série de perfurações triplas até 4 km, distanciadas 10 km, ao longo da zona de falha em cada abertura do conjunto. Os furos estão afastados entre si 500 m, conforme se indica na figura B.