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Informativo 03/2011 Tenho um chamado que me inquieta nestes últimos dias e peço ao Soberano Deus que  toque em seu coração para realização dessa obra. Tenho como meta ir  até a África e levar algo da parte de Deus, preciso das passagens de ida e volta e de levar alimentos pastosos pois a fome das crianças daquele lugar já as impossibilita de comerem algo sólido devido a estreitamento de estomago entre outros . Não queremos dinheiro, somos verdadeiros trabalhadores da seara do Senhor e não tenho a menor intenção financeira, ao contrário disto, sendo assim caso você possa ou deseje patrocinar esta viagem missionária, entre em contato conosco que estarei enviando os dados para as compras das passagens. ( jardelzlaf@hotmail.com) Agora clique e veja alguns dados que nos levam ao desejo missionário de visitar Moçambique
As reservas alimentares em Moçambique estão a esgotar-se, sendo só suficientes para este mês, devido a factores como inundações e seca, de acordo com a Angola Press. Desde 2009, a situação de insegurança alimentar só tem piorado no país, tendo aumentado 80%, para 350 mil pessoas afectadas. Houve produção, mas, devido à seca, não foi possível colher produtos suficientes, outras culturas foram dadas como perdidas devido às cheias. A situação é grave nas províncias do centro e sul do país, sendo que Maputo e Zambézia têm reservas suficientes para responder às necessidades da população até à próxima sementeira, que decorrerá em Dezembro. Para contrariar os números, o governo moçambicano está a apostar na disseminação do uso de tecnologias de conservação e processamentos de alimentos, para diminuir as perdas. Além disso, as populações ameaçadas pela fome estão a ser observadas e estão a receber fertilizantes para que a próxima época agrícola possa vir a ter melhores resultados.
“Comecei por ir a Tete à missão de Cluny, centro que acolhe crianças (cerca de150). Vi os bebés órfãos a quem morreram os pais (a maior parte de Sida mas também de malária) e de fome. As irmãs de Cluny iam dizendo o nome deles e explicando em que situações tinham chegado: “Aqui o João vinha desnutrido, pesava 1Kg e sabem como o salvámos? Com o leite em pó que veio no contentor! Ali o Samuel tinha três meses e vinha desidratado (ainda tinha a barriga inchada) pois esteve sem comer três dias (a mãe morreu de parto, o pai abandonou-o na cabana e só depois o descobriram). Sabem como está a ser alimentado? Com o leite em pó e umas colherezinhas daquelas papas Cerelac que mandaram …já abre os olhos….E os biberões que maravilha! Aqui não temos, são muito caros!” Havia vários bebés com Sida e que tinham que ter cuidados especiais. Vi os colchões sem lençóis, as fraldas de pano presas com um nó (não havia alfinetes e nem pensar em fraldas de papel…) e nas prateleiras de madeira cobertas com um pano reconheci muitas das roupas que embaláramos! Passámos aos outros meninos/as que nos receberam cheios de alegria. Vinham descalços, a roupa bastante suja (ali é tudo terra), mas estavam a contar com as gomas e chocolates que lhes levámos. Punham-se em fila e nós dávamos duas a cada um. Ver a cara deles, o entusiasmo de provar uma goma, um chocolate, um rebuçado… No “refeitório” tinham uma colher e um prato pequenos, que ajudávamos a encher e naquele dia era “especial “devido à nossa chegada! Sabem o que era? Massa esparguete e um bocadinho de salsicha …Um bocadinho mesmo …porque uma lata de 12 salsichas tinha que dar para dividir por 50 crianças (entre os 3 e os 10 anos). Já imaginam quanto daria a cada um, não é? Os mais pequenos (1 até aos 3) comiam sozinhos. Imaginam crianças de 1 ano a comer num banco com as mãos? Pois era… Nós ajudamos e sentamo-los ao colo mas no dia-a-dia não há pessoas que tenham tempo de lhes dar de comer, de dar colo. E são os mais velhinhos que vão até lá dar-lhes uma ajuda. Sobremesa? Água? Mas que luxos! Um prato de massa e dois bocadinhos de salsicha…isso era uma refeição especial! À tarde comiam umas bolachas das que nós mandávamos e contava-se duas bolachas para cada u … um pacote …nada mais. Ao jantar …a comida normal …farinha de mandioca, às vezes com um bocado de feijão, E quando de manhã comiam Cerelac misturado com farinha de soja, para poupar? Não comiam a papa com água (e muito menos leite) mas com soja …ficava uma papa parecia cimento…eles adoravam! A maior parte das crianças de Moçambique come uma /duas refeições. Percebi que em Moçambique as crianças comem para sobreviver …e o que for mais nutritivo é o melhor! Vimos tudo o que tínhamos enviado no contentor e que tinha que durar para um ano e para as outras duas missões …daí a poupança em tudo … Quando vi o armazém com a comida toda dividida (o arroz, a massa, as bolachas, os enlatados, o leite, as papas), a roupa, os brinquedos, o material escolar …tive a certeza que tínhamos que continuar a enviar um contentor todos os anos mas CHEIO CHEIO DE COMIDA!” Raquel Guimarães

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  • 2. As reservas alimentares em Moçambique estão a esgotar-se, sendo só suficientes para este mês, devido a factores como inundações e seca, de acordo com a Angola Press. Desde 2009, a situação de insegurança alimentar só tem piorado no país, tendo aumentado 80%, para 350 mil pessoas afectadas. Houve produção, mas, devido à seca, não foi possível colher produtos suficientes, outras culturas foram dadas como perdidas devido às cheias. A situação é grave nas províncias do centro e sul do país, sendo que Maputo e Zambézia têm reservas suficientes para responder às necessidades da população até à próxima sementeira, que decorrerá em Dezembro. Para contrariar os números, o governo moçambicano está a apostar na disseminação do uso de tecnologias de conservação e processamentos de alimentos, para diminuir as perdas. Além disso, as populações ameaçadas pela fome estão a ser observadas e estão a receber fertilizantes para que a próxima época agrícola possa vir a ter melhores resultados.
  • 3. “Comecei por ir a Tete à missão de Cluny, centro que acolhe crianças (cerca de150). Vi os bebés órfãos a quem morreram os pais (a maior parte de Sida mas também de malária) e de fome. As irmãs de Cluny iam dizendo o nome deles e explicando em que situações tinham chegado: “Aqui o João vinha desnutrido, pesava 1Kg e sabem como o salvámos? Com o leite em pó que veio no contentor! Ali o Samuel tinha três meses e vinha desidratado (ainda tinha a barriga inchada) pois esteve sem comer três dias (a mãe morreu de parto, o pai abandonou-o na cabana e só depois o descobriram). Sabem como está a ser alimentado? Com o leite em pó e umas colherezinhas daquelas papas Cerelac que mandaram …já abre os olhos….E os biberões que maravilha! Aqui não temos, são muito caros!” Havia vários bebés com Sida e que tinham que ter cuidados especiais. Vi os colchões sem lençóis, as fraldas de pano presas com um nó (não havia alfinetes e nem pensar em fraldas de papel…) e nas prateleiras de madeira cobertas com um pano reconheci muitas das roupas que embaláramos! Passámos aos outros meninos/as que nos receberam cheios de alegria. Vinham descalços, a roupa bastante suja (ali é tudo terra), mas estavam a contar com as gomas e chocolates que lhes levámos. Punham-se em fila e nós dávamos duas a cada um. Ver a cara deles, o entusiasmo de provar uma goma, um chocolate, um rebuçado… No “refeitório” tinham uma colher e um prato pequenos, que ajudávamos a encher e naquele dia era “especial “devido à nossa chegada! Sabem o que era? Massa esparguete e um bocadinho de salsicha …Um bocadinho mesmo …porque uma lata de 12 salsichas tinha que dar para dividir por 50 crianças (entre os 3 e os 10 anos). Já imaginam quanto daria a cada um, não é? Os mais pequenos (1 até aos 3) comiam sozinhos. Imaginam crianças de 1 ano a comer num banco com as mãos? Pois era… Nós ajudamos e sentamo-los ao colo mas no dia-a-dia não há pessoas que tenham tempo de lhes dar de comer, de dar colo. E são os mais velhinhos que vão até lá dar-lhes uma ajuda. Sobremesa? Água? Mas que luxos! Um prato de massa e dois bocadinhos de salsicha…isso era uma refeição especial! À tarde comiam umas bolachas das que nós mandávamos e contava-se duas bolachas para cada u … um pacote …nada mais. Ao jantar …a comida normal …farinha de mandioca, às vezes com um bocado de feijão, E quando de manhã comiam Cerelac misturado com farinha de soja, para poupar? Não comiam a papa com água (e muito menos leite) mas com soja …ficava uma papa parecia cimento…eles adoravam! A maior parte das crianças de Moçambique come uma /duas refeições. Percebi que em Moçambique as crianças comem para sobreviver …e o que for mais nutritivo é o melhor! Vimos tudo o que tínhamos enviado no contentor e que tinha que durar para um ano e para as outras duas missões …daí a poupança em tudo … Quando vi o armazém com a comida toda dividida (o arroz, a massa, as bolachas, os enlatados, o leite, as papas), a roupa, os brinquedos, o material escolar …tive a certeza que tínhamos que continuar a enviar um contentor todos os anos mas CHEIO CHEIO DE COMIDA!” Raquel Guimarães