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OCENTRO UNIVERSITÁRIO METODISTA IZABELA HENDRIX 
CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO 
GUILHERME GOMES DA SILVA 
TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO - TFG 
LUGAR E IDENTIDADE CONFLITOS GERADOS PELA VALORIZAÇÃO DO ESPAÇO 
Belo Horizonte 
2012
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GUILHERME GOMES DA SILVA 
TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO - TFG 
LUGAR E IDENTIDADE CONFLITOS GERADOS PELA VALORIZAÇÃO DO ESPAÇO 
Trabalho Final de Graduação – TFG - apresentado ao curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix como requisito para a aprovação na disciplina. 
Orientador: José Júlio Vieira 
BELO HORIZONTE 
2012
Dedicatória 
A meu irmão Cláudio, pelo carinho e tempo jogando vídeo-game pra me ajudar a pensar, a minha irmã Claudia por fazer com que esse trabalho conseguisse existir e por me ensinar a nunca desistir dos meus sonhos, a minha mãe, Dalva, por se fazer presente até nos momentos que eu achei não ser mais capaz de escrever, aos meus amigos, em especial para Aline, Amanda, Fernando, Junior, Jeffersom e Warlley, por nunca me abandonarem e por me lembrarem do significado da expressão amizade.
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Agradecimentos 
Agradeço a todos que colaboraram de alguma forma pra que esse trabalho viabiliza- se, em especial destaque para: 
O querido professor José Júlio que demonstrou ser mais que um mestre, ser um amigo, me orientando e mostrando ser possível e viável o presente trabalho acadêmico. 
Aos professores que me ensinaram durante todo curso e me mostraram que a Arquitetura deve começar a ser construída a partir dos sonhos. 
As professoras Karine Carneiro e Raquel Garcia que me ajudaram a dar os primeiros passos neste trabalho, definindo tema e finalizando a pré monografia. 
A toda equipe de funcionários do Instituto Metodista Izabela Hendrix, que com um simples bom dia me ajudavam a ter animo para mais um dia de estudos e compromissos. 
Enfim, agradeço a todos que de alguma forma tornaram possível que hoje eu atingi- se o ponto de finalizar essa pesquisa e acima de tudo me torna-se uma pessoa melhor.
Resumo 
O presente projeto de pesquisa visa analisar os efeitos da valorização e dos conflitos sucedidos no espaço urbano do bairro Serra, a partir da perspectiva de seus lugares, territórios e territorialidades. Para tanto, são abordados conceitos desenvolvidos por autores que tratam dos referidos temas, bem como apresentados relatos da história do bairro, levantamentos de campo e análise do material coletado, com vistas à identificação dos lugares do bairro e dos fatores que influenciaram sua perda ou manutenção. 
Abstract 
This research project aims to analyze the effects of successful recovery and conflicts in the urban neighborhood of Serra, from the perspective of their places, territories and territoriality. For both, are discussed concepts developed by the authors dealing with these issues, as well as presented accounts of the history of the neighborhood, field surveys and analyze the collected data, in order to identify the places in the neighborhood and the factors that influenced their loss or maintenance.
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IMAGENS 
IMAGEM 1: Ligação Rua Desembarcador Drumond com Avenida do Contorno. Trecho marcado por edificações de maior porte, mais que 15 pavimentos, e com uso predominantemente diurno. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes ..................................................................................................... 40 
IMAGEM 2: Esquina Rua Desembargador Drumond e Avenida do Contorno. Edificação modificada para atender a demandas comerciais. Foto dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes. ............................................................................... 41 
IMAGEM 3: Vista da Avenida do Contorno, próximo a Rua Estevão Pinto, a altura das edificações nesse trecho é destoante de praticamente todo o resto do bairro, onde as edificações costumam ter até 15 pavimentos. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes ........................................................................... 41 
IMAGEM 4: Exemplo da diferenciação da altimetria das edificações deste entorno, Prédio Lifecenter. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes .................................................................................................................................. 42 
IMAGEM 5: Esquina de Capivari e Capelinha, edificação com uso misto, em que o primeiro pavimento funciona como galeria de pequenos comércios. Foto tirada no dia 18/08/2012 às 16hrs. Autor: Guilherme Gomes .................................................. 43 
IMAGEM 6: Edificação, no entroncamento de Rua Capivari e Rua Herval, em que o uso misto é dado em salas comerciais e restaurante. Foto tirada no dia 18/08/2012 às 17hrs. Autor: Guilherme Gomes ........................................................................... 43 
IMAGEM 7: Esquina conformada por Rua do Ouro, Rua Palmira e Rua Amapa, ponto em que é comum o uso do primeiro pavimento para comércios. Aqui vale ressaltar a presença do Bar do Salomão, ponto de destaque em uso pelos usuários do bairro, principalmente em dias de jogos de futebol. Foto tirada no dia 18/08/2012 às 17hrs. Autor: Guilherme Gomes. .......................................................................... 44 
IMAGEM 8: Casa localizada na Rua do Ouro, novamente o primeiro andar é utilizado como comercio. A presença de edificações de ocupação pretérita do bairro é notada inclusive ligação da edificação com a rua, sem contar com afastamento. Foto tirada no dia 18/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes. ............................................ 44 
IMAGEM 9: Rua do Ouro 187. Seguindo a configuração de uso misto com a mesma colada a divisa frontal. Foto tirada no dia 18/08/2012 às 17:30hrs. Autor: Guilherme Gomes ....................................................................................................................... 45
IMAGEM 10: Rua Estevão Pinto esquina com Monte Alegre a tonalidade de cor funciona como um dos divisores entre comércio e moradia. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes ........................................................ 45 
IMAGEM 11: Rua Estevão Pinto esquina com Monte Alegre. O uso de cores pra diferenciação não é utilizado, mas a presença de platibanda gera o dialogo de época entre as duas edificações de esquina. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes ..................................................................................................... 46 
IMAGEM 12: Rua Monte Alegre, a utilização de casas para comercio é comum na faixa de via apresentada. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes ....................................................................................................................... 46 
IMAGEM 13: Rua Capelinha, sentido Rua Sacramento, apesar de não fazerem parte da atual verticalização do bairro o trecho já é marcado por prédios com, no mínimo, cinco pavimentos. Foto tirada no dia 18/08/2012 às 17hrs. Autor: Guilherme Gomes .................................................................................................................................. 47 
IMAGEM 14: Rua Capivari esquina com Capelinha. Na imagem, lado esquerdo, já é possível observar uma das edificações que fazem parte do novo processo de verticalização. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes .... 47 
IMAGEM 15: Rua Níquel, à esquerda tapume da Aguimar marcando mais um local com edificação que terá uso multifamiliar. Na rua já é possível observar o efeito da verticalização, visto que a mesma não possui presença de usuários na rua, sendo a mesma utilizada como estacionamento de carros. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes ................................................................................ 48 
IMAGEM 16: Rua Henrique Passini nº720. Edificação que também faz parte do novo processo de verticalização do bairro. Foto tirada no dia 21/08/2012 às 16hrs. Autor: Guilherme Gomes. .................................................................................................... 48 
IMAGEM 17: Rua Caraça nº 777, trecho próximo ao ponto final do ônibus 2102. A ocupação da rua nesse espaço é dada tanto pelos usuários do ônibus, quanto por pessoas que utilizam os pequenos comércios que são mantidos lindeiros a Rua Caraça. Foto tirada no dia 21/08/2012 às 16hrs. Autor: Guilherme Gomes. ............. 49 
IMAGEM 18: Rua Caraça, final dos ônibus 2102, 9106 e 8150. Edificações de baixo porte e próximas a entrada do Parque das Mangabeiras. Foto tirada no dia 21/08/2012 às 16hrs. Autor: Guilherme Gomes. ....................................................... 50 
IMAGEM 19: Esquina de Rua Caraça e Rua Serranos. Foto tirada no dia 21/08/2012 às 17hrs. Autor: Guilherme Gomes. .......................................................................... 50
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IMAGEM 20: Rua Caraça. Apesar do afastamento em relação a rua o uso de grade e vegetação ainda trazem a ligação entre rua e residência. Foto tirada no dia 21/08/2012 às 16hrs. Autor: Guilherme Gomes. ....................................................... 51 
IMAGEM 21: Avenida do Contorno, esquina com Desembargador Drumond, nº 4631. Uma das edificações que compõem a área que marcam essa verticalização de alto gabarito da região. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes .................................................................................................................................. 53 
IMAGEM 22: Vista geral da Avenida do Contorno, sentido Avenida Getúlio Vargas, prédios com características semelhantes ao estreitamento e verticalização acentuada. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes ......... 53 
IMAGEM 23: Rua Estevão Pinto, a tendência de estreitamento também faz-se presente no trecho, mas em menor medida que na Avenida do Contorno. Outro ponto importante é a maior presença de arborização na área. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme ..................................................................... 54 
IMAGEM 24: Rua Alumínio, esquina com Rua Estevão Pinto. Rua que também é marcada por presença de edificações extremamente verticalizadas e com muros que tornam-nas voltadas para seu interior sem ligação com a rua. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes ........................................................ 54 
IMAGEM 25: Vista da Rua Luz a partir da Rua Estevão Pinto, apesar de isolada a edificação ultrapassa os 15 pavimentos comuns a área do Bairro Serra. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes ............................................. 55 
IMAGEM 26: Esquina de Rua Estavão Pinto e Rua Alumínio. Primeira edificação da serie que compõem a verticalização da área. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes ........................................................................................... 55 
IMAGEM 27: Rua Caraça, esquina com Rua Estevão Pinto. Em primeiro plano edificação de pequeno porte que é cercada por zona de verticalização. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 16hrs. Autor: Guilherme Gomes ............................................. 56 
IMAGEM 28: Rua Palmira, esquina com Rua do Ouro. Apesar de ter uso multifamiliar e tendência a verticalização, o gabarito das edificações é mais suave. Foto tirada no dia 21/08/2012 às 16hrs. Autor: Guilherme Gomes .................................................. 56 
IMAGEM 29: Rua Capivari, esquina com Ruas Capelinha e Amapá. Apesar da verticalização, o gabarito das construções é menor em relação as que ocorrem em torno da Avenida Estevão Pinto. Foto tirada no dia 21/08/2012 às 16hrs. Autor: Guilherme Gomes ..................................................................................................... 57
IMAGEM 30: Rua Capivari, esquina com Oriente. Novamente a verticalização é feita, mas com porte menor das edificações. Foto tirada no dia 21/08/2012 às 16hrs. Autor: Guilherme Gomes ........................................................................................... 57 
IMAGEM 31: Rua Oriente, ainda com traços da primeira verticalização do bairro, decada de 50 e 60, a relação de proporção não é tão marcante quanto em outras regiões do bairro. Foto tirada no dia 21/08/2012 às 16hrs. Autor: Guilherme Gomes .................................................................................................................................. 58 
IMAGEM 32: Rua Capivari. A presença da verticalização faz-se presente, mas com gabarito que permite uma leitura pelo pedestre sem a necessidade de inclinar demais a cabeça, como ocorre nas proximidades da Rua Estevão Pinto principalmente na ligação com rua Alumín ................................................................ 58 
IMAGEM 33: Ocupação aglomerado. Com exceção a edificação da prefeitura para o programa Vila Viva as casas constituem-se em dois ou três pavimentos. Foto tirada no dia 23/08/2012 às 12hrs. Autor: Guilherme Gomes ............................................. 59 
IMAGEM 34: Ocupação favela, próximo a comunidade da Igrejinha. Foto tirada no dia 21/08/2012 às 16hrs. Autor: Guilherme Gomes .................................................. 59 
IMAGEM 35: Ocupação próxima a Avenida Mendes Sá. A construção em vermelho marca a inserção de uma UMEI na região. Foto tirada no dia 21/08/2012 às 16hrs. Autor: Guilherme Gomes ........................................................................................... 60 
IMAGEM 36: Rua Capivari, próximo a esquina com a Rua Oriente. O mesmo imóvel funciona como conserto de móveis e roubas (entrada na esquina). Foto tirada no dia 18/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes ........................................................ 62 
IMAGEM 37: Rua Itapemerim, esquina com Rua Capivari. A Padaria Gênova é uma das responsáveis pela movimentação diurna no local. Foto tirada no dia 18/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes ........................................................................... 63 
IMAGEM 38: Padaria Santíssimo Pão, influência diretamente o fluxo de pessoas na região. Foto tirada no dia 18/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes ............... 63 
IMAGEM 39: Rua do Ouro. Apesar da proximidade a região do bar do Salomão a região conta com pouca utilização na sua parte residencial. Foto tirada no dia 18/08/2012 às 16hrs. Autor: Guilherme Gomes ........................................................ 64 
IMAGEM 40: A Auto Escola Cesinha tem seu horário de funcionamento iniciado a partir das 16hrs, o que garante o uso da região também durante a noite garantindo segurança a área. Foto tirada no dia 18/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes .................................................................................................................................. 65
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IMAGEM 41: Rua Capivari nº 429, o uso do espaço é dado principalmente por clientes da loja de roupa e do salão de beleza. Dessa forma a maioria das pessoas que se utilizam do local são mulheres. Foto tirada no dia 18/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes ..................................................................................................... 65 
IMAGEM 42: Rua Caraça, próximo à entrada do Parque das Mangabeiras. A ocupação do espaço público pelo pedestre já é perceptível. Foto tirada no dia 18/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes ........................................................ 66 
IMAGEM 43: Rua do Ouro, foto tirada a partir da esquina com Rua Capivari, aqui o número de carros na rua já é mais marcante que o número de pedestres. Foto tirada no dia 17/08/2012 às 18hrs. Autor: Guilherme Gomes. ............................................ 94 
IMAGEM 44: Rua do Ouro, proximo a esquina com Rua Caraça. Ponto marcado por movimentação associado a característica comercial da área. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes ........................................................ 94 
IMAGEM 45: Rua do Ouro, esquina com Caraça. Ponto onde se localiza o Fotos Mendes, responsável, juntamente com as demais lojas do trecho, pelo movimento da região. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes .......... 95 
IMAGEM 46: Rua Caraça, esquina com Rua do Ouro. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes ........................................................................... 95 
IMAGEM 47: Rua Caraça, a partir da esquina com Rua do Ouro. Ponto onde ocorre movimento e utilização da rua pela proximidade entre comerciantes e moradores da área. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes .................. 96 
IMAGEM 48: Rua Estevão Pinto, próximo a Rua Caraça, o comércio tradicional garante o movimento e uso da rua. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes ..................................................................................................... 96 
IMAGEM 49: Esquina de Rua Estevão Pinto e Caraça, ponto com destaque para movimentação ligada ao comercio. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes ..................................................................................................... 97 
IMAGEM 50: Rua Estevão Pinto, esquina com Caraça. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes ........................................................................... 97 
IMAGEM 51: Prédio localizado na Rua Capivari, a tipologia construtiva é marca do novo processo de verticalização do bairro. Foto tirada no dia 18/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes. ........................................................................................ 102
IMAGEM 52: Prédio localizado na Rua Capivari, próximo a esquina com a Rua Capelinha, mesma tipologia construtiva de prédio na região. Foto tirada no dia 18/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes. ..................................................... 102 
IMAGEM 53: Rua Caraça, esquina com Rua Serranos, nesse ponto a leitura pelo pedestre é dificultada pela altimetria da edificação. Foto tirada no dia 19/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes. ............................................................................. 103 
IMAGEM 54: Rua Capivari, próximo a esquina com Rua Angustura, o muro fechado não permite a visualização pelo pedestre, dificultando a identidade do mesmo com a edificação. Foto tirada no dia 18/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes. ...... 107 
IMAGEM 55: Rua Capelinha, esquina com Rua Capivari, o muro torna o ambiente privado fechado ao contato com o espaço público. Mantêm-se a ideia de segurança por dispositivos de inibição não pela proteção do proprio pedestre. Foto tirada no dia 18/08/2012 às 15hrs. ............................................................................................... 107 
IMAGEM 56: Rua Capelinha, o número de fachadas fechadas para o contato com a rua tornam o ambiente pouco atrativo ao caminhar pelo pedestre. Foto tirada no dia 18/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes. ..................................................... 108 
IMAGEM 57: Rua Capivari, esquina com Rua Angustura, apesar da presença da grade, a permeabilidade do elemento permite o contato entre o pedestre e o interior da edificação. Foto tirada no dia 18/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes. . 108 
IMAGEM 58: Rua Serranos, esquina com Rua Caraça, a edificação conta com três elementos que conformam a separação entre espaço público e espaço privado (muro em alvenaria, gradil e vegetação). Essa combinação torna o ambiente ainda permeável a visualização pelo pedestre. Foto tirada no dia 19/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes. ........................................................................................ 109 
IMAGEM 59: Rua Estevão Pinto, nº313, a mescla de tipos de fechamento pode configurar-se como bom partido para execução da transição, possibilitando o contato e ainda mantendo a descrição do privado. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes. ........................................................................................ 110 
IMAGEM 60: Bar do Salomão, primeiro ponto identifica do com características de lugar. Foto tirada no dia 18/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes. .............. 111 
IMAGEM 61: Rua do Ouro, esquina com Rua Palmira, ponto com característica de lugar pelo comércio desenvolvido no local. Foto tirada no dia 18/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes. ........................................................................................ 111
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IMAGEM 62: Rua Estevão Pinto, ponto com características que o permitem a aplicação do conceito de lugar pelo caráter local do comércio. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes. ..................................................... 112 
IMAGEM 63: Bar Boiadeiro, entroncamento das Ruas Palmira, Niquel e Desembargador Mário Matos, a foto mostra um horário em que o comercio encontra- se fechado, evidenciando a queda do movimento na região. Foto tirada no dia 18/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes. ..................................................... 112 
IMAGEM 64: Trecho na esquina de Rua Caraça e Rua Estevão Pinto, primeiro ponto indicado para fechamento. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes. .................................................................................................................... 114 
IMAGEM 65: Rua do Ouro, esquina com Palmira, segundo ponto indicado para fechamento. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes. .... 114 
IMAGEM 66: Vista do segundo trecho a partir da Rua do Ouro. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes. ..................................................... 115 
IMAGEM 67: Trecho de fechamento na esquina de Rua Estevão Pinto e Rua Monte Alegre, é indicado o fechamento até a esquina com a Rua Alumínio e com a Avenida do Contorno. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes. ... 115 
IMAGEM 68: Rua Níquel, esquina com Capivari, serie de quatro casas foram derrubas para dar lugar a empreendimento vertical. Foto tirada no dia 18/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes. ............................................................................. 119 
IMAGEM 69: Vista do mesmo empreendimento a partir da Rua Capivari. Foto tirada no dia 18/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes. .......................................... 119 
IMAGEM 70: Rua Capivari, prédio localizado em frente ao empreendimento da Agmar. Foto tirada no dia 18/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes. ............ 119 
IMAGEM 71: Empreendimento localizado na Rua Herval, esquina com Rua Joanésia. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes. ........ 120
FIGURAS 
FIGURA 1: Diagrama com etapas previstas para realização do trabalho. ....... 31 
FIGURA 2: Planta cadastral de Belo Horizonte de 1898, marcado em vermelho a primeira conformação do Bairro Serra. ............................................................ 34 
FIGURA 3: Ocupação do aglomerado na década de 50, a menor mancha representa a ocupação que deu lugar ao Minas Tênis Clube, a mancha média representa a Favela do Pendura Saia e a terceira e maior mancha representa a favela da Serra. FONTE: Cadernos de Arquitetura e Urbanismo. 1999 ed. PUC Minas, Belo Horizonte. p. 71. ............................................................................................... 35 
FIGURA 4: Ocupação pelo aglomerado, ao final do estudo de Manoel Teixeira. Nele a menor ocupação da Figura 2 já havia dado lugar ao Minas Tênis Clube e a favela do Pendura Saia já havia praticamente desaparecido, restando apenas três pequenas manchas da antiga ocupação. Em contra partida a mancha conformada pela Favela da Serra aumenta de proporção, tornando-se uma das ligações do bairro com o Bairro São Lucas. FONTE: Cadernos de Arquitetura e Urbanismo. 1999 ed. PUC Minas, Belo Horizonte. p. 71. ............................................................. 36 
FIGURA 5: Ocupação recente do aglomerado. Atualmente a área é maior do que a representada por Manoel Teixeira, mas concentra-se em somente um local, formando conurbação do bairro e o Bairro São Lucas. .................................... 37 
FIGURA 6: Em vermelho área de intervenção, Bairro Serra. Fonte: Google Mapas. ......................................................................................................................... 40 
FIGURA 7: Em vermelho, edificações com uso predominantemente comercial. Em laranja, edificações com uso predominantemente misto. Em azul, uso predominantemente residencial multifamiliar. Em magenta, uso predominantemente residencial unifamiliar. FONTE: Google Maps. ................................................. 51 
FIGURA 8: Em vermelho, construções acima de 15 pavimentos. Em amarelo, construções até 15 metros de altura. Em laranja, ocupação irregular, zona do aglomerado da Vila Cafezal. Fonte: Google Maps. .......................................... 52 
FIGURA 9: Em roxo, ocupação aglomerado. Em laranja, ocupação mista, com maior peso para ocupação residencial. Em verde, zona de uso residencial. Em Marrom uso misto, com predominância comercial, grande rotatividade de pessoas durante o dia, horário de uso ligado muito ao comercio, pouca atividade quando esse termina seu
14 
expediente. Em vermelho, Minas Tênis Clube. Em magenta, ocupação com características comerciais. FONTE: Google Earth. .......................................... 61
GRÁFICOS 
GRÁFICO 1: Gráfico mostra idade média dos usuários entrevistados, em “y” número de usuários por área e em “x” intervalos de idade propostos. Essa media mostra que o bairro varia a dominância de acordo com a área, tendo a repetição de idade predominante quase escassa. .......................................................................... 71 
GRÁFICO 2: Tempo de convívio no Bairro Serra, em “y” é apresentado o número de usuários por região e em “x” é representado o tempo que eles convivem no Bairro Serra. Segundo o analisado em nenhum setor as pessoas convivem no bairro a mais de 60 anos e em todos os cinco setores há predominância do menor tempo de convívio possível. Apontando mudança populacional do bairro. ...................... 72 
GRÁFICO 3: Gráfico com número de usuários que moram, trabalham ou fazem as duas atividades no bairro, em “y” é representado o número de cada usuário por área, em "x” é apresentado qual é o tipo de atividade realizada. As áreas 5 e 6 tem a maior concentração da combinação de usos do bairro. ................................... 72
16 
TABELAS 
TABELA 1: Locais mais utilizados pelos questionados. Na tabela faz-se o diagnóstico através das atividades mais citadas pelos entrevistados e número de usuários a citá-las por área. ........................................................................... 123 
TABELA 2: Locais mais movimentados do Bairro Serra. Vale ressaltar a variedade de áreas que apontam as Ruas Alípio Goulart, Rua Estevão Pinto e Rua do Ouro como movimentadas. ..................................................................................... 124 
TABELA 3: Mudanças no Bairro Serra. vale ressaltar o caráter de destaque que a verticalização tem como ponto de observação pela população. .................... 125 
TABELA 4: Pontos de referência do Bairro Serra. Destaque para o número de citações do Hospital Evangélico como Ponto de Referência. ........................ 126 
TABELA 5: Pontos de referência do Bairro Serra. Destaque para o número de citações do Hospital Evangélico como Ponto de Referência. ........................ 127 
TABELA 6: Pontos de referência do Bairro Serra. Destaque para o número de citações do Hospital Evangélico como Ponto de Referência. ........................ 128 
TABELA 7: Pontos de referência do Bairro Serra. Destaque para o número de citações do Hospital Evangélico como Ponto de Referência. ........................ 129 
TABELA 8: Pontos de referência que apareceram. Destaque para as nove citações da Praça do Cardoso e para as 13 e 12 (área 1 e 5) do não aparecimento de pontos de referência. ................................................................................................. 130 
TABELA 9: Pontos de referência que desapareceram. Destaque para o grande número de vezes a ser citado a não recordação de desaparecimentos. ....... 131 
TABELA 10: Pontos de referência que desapareceram. Destaque para o grande número de vezes a ser citado a não recordação de desaparecimentos. ....... 132 
TABELA 11: Pontos de referência que desapareceram. Destaque para o grande número de vezes a ser citado a não recordação de desaparecimentos. ....... 133
SUMÁRIO 
Dedicatória .................................................................................................................. 3 
Agradecimentos .......................................................................................................... 4 
Resumo ....................................................................................................................... 5 
Abstract ....................................................................................................................... 5 
IMAGENS .................................................................................................................... 6 
FIGURAS .................................................................................................................. 13 
GRÁFICOS ................................................................................................................ 15 
TABELAS .................................................................................................................. 16 
SUMÁRIO .................................................................................................................. 17 
1 - APRESENTAÇÃO DO TRABALHO ..................................................................... 19 
1.1 - Introdução ...................................................................................................... 19 
1.2 - Problema ....................................................................................................... 21 
1.3 - Objetivos ........................................................................................................ 23 
1.3.1 – Objetivo geral ............................................................................................. 23 
1.3.2 – Objetivos específicos ................................................................................. 23 
1.4 - Justificativa .................................................................................................... 24 
1.6 - Metodologia ................................................................................................... 29 
1.7 - Cronograma ................................................................................................... 32 
2 – DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO .............................................................. 33 
2.1 – Histórico ........................................................................................................... 33 
2.1.1 – Histórico do bairro Serra ............................................................................ 33 
2.1.2 – Abordagem da história e do lugar segundo Manoel Teixeira de Azevedo Junior ..................................................................................................................... 37 
2.2 – Diagnóstico ....................................................................................................... 39 
2.2.1 – Área de estudo .......................................................................................... 39 
2.2.2 Usos do solo ................................................................................................. 40 
2.2.3 – Altimetria das edificações .......................................................................... 52 
2.2.4 – Apropriação diurna ..................................................................................... 60 
2.3 – Percepções da comunidade sobre o bairro Serra ............................................ 68 
2.3.1 – Metodologia de pesquisa ........................................................................... 68 
2.3.2 – Questionário para obtenção dos lugares de destaque ............................... 69
18 
2.3.3 – Caracterização dos usuários por idade, tipo de atividade e tempo de relação com o bairro .............................................................................................. 71 
2.3.4 – Percepção sobre a região .......................................................................... 73 
2.3.5 – Percepção quanto aos pontos de referência ............................................. 80 
2.3.6 – Conclusão a cerca das entrevistas ............................................................ 85 
2.3.7 – Análise dos lugares do bairro segundo definição de Ana Fani Carlos ....... 87 
2.3.8 – Analise dos motivos de manutenção/ perdas dos lugares do bairro Serra 91 
3 – CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 104 
3.1 – Diretrizes para intervenção no bairro Serra ................................................ 104 
3.1.1 – Primeira Diretriz – Valorização da relação das esquinas como espaço de convivência e identidade ..................................................................................... 104 
3.1.2 – Segunda diretriz – Desenvolvimento de tipologias e soluções projetuais que valorizem uma melhor relação entre espaço público e espaço privado ........ 105 
3.1.3 – Terceira diretriz – Inventário dos locais comerciais de destaque no bairro Serra .................................................................................................................... 111 
3.1.4 – Quarta diretriz – Estimular atividades que aconteçam no espaço público ............................................................................................................................. 113 
3.1.5 – Quinta diretriz – Realização de inventário das edificações de interesse de preservação no bairro Serra, com vistas á posterior definição de conjunto urbano. ............................................................................................................................. 118 
ANEXOS ................................................................................................................. 123 
TABELAS COM ANALISE DOS QUESTIONÁRIOS ............................................ 123 
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 134
1 - APRESENTAÇÃO DO TRABALHO 
1.1 - Introdução 
O presente trabalho objetiva problematizar as formas como o crescimento urbano e as políticas formadoras da cidade influenciaram os lugares, segundo definição de Ana Fani Carlos (1996), conformados no bairro Serra, identificados através de entrevistas com moradores e usuários da região. Para tanto, busca-se discutir como as mudanças recentes na conformação do espaço do bairro, decorrentes do trabalho de diversos agentes – com destaque para as formas como o mercado (entendido como a disputa por pontos de venda ou ações do âmbito das políticas urbanas (CORRÊA,2002) de Belo Horizonte) e o Poder Público influenciam a dinâmica de formação do espaço, as territorialidades e os lugares que caracterizam determinada área. 
O espaço, segundo Lefebvre, “está além de uma simples análise econômica, pois deriva das formas de relação entre indivíduos, sendo ele maior do que a análise de coleção de objetos, coisas e mercadorias, definindo-se assim pelo desenvolvimento das atividades do cotidiano na forma dinâmica de corelações entre as pessoas” (LEVEBVRE, 2008, p.35). 
A abordagem de espaço apresentada por Lefebvre conduz à busca pela definição do segundo termo de importância para a pesquisa, o lugar. Sendo assim, o lugar é definido de acordo com a teoria de Ana Fani Alessandri Carlos (1996), como, essencialmente, “a base de relação da vida de determinado individuo”. Portanto, o lugar seria o âmbito representado pela cotidianidade, sejam as coisas rotineiras ou as acidentais, e na forma de apropriação que o individuo faz do espaço. 
O ponto de partida do presente trabalho é a relação de identidade desenvolvida entre a população e um determinado lugar, aqui assinalada pelo Bairro Serra. Propõe-se a realização de análises acerca das discussões inerentes a essa territorialidade que se permeia no que é lembrado e sentido no cotidiano dos moradores da região. Nesse sentido, faz-se necessário entender que “os territórios são construídos, e desconstruídos, dentro de variadas escalas temporais: séculos,
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décadas, anos, meses ou dias; podendo ter como característica ser permanentes, mas também podem ter uma existência efêmera, periódica ou cíclica” (SOUZA, 2005, p. 85). 
Pretende-se trabalhar um viés ligado a história e identidade que determinado grupo social cria com um local. Essa territorialidade, entendidos os territórios como os espaços ligados primariamente às relações projetadas no espaço antes mesmo que sejam espaços concretos (SOUZA, 2005) será base para o desenvolvimento da pesquisa. 
Assim sendo, “a história tem uma dimensão social que emerge do cotidiano das pessoas, no modo de vida, no relacionamento com o outro, entre estes e o lugar, no uso” (CARLOS, 1996, p.19). A investigação da permanência ou perda dos lugares no cotidiano atual do bairro, bem como de suas causas, constitui o escopo do presente trabalho.
1.2 - Problema 
A busca pela compreensão dos aspectos relacionados a um determinado tema passa pela identificação de uma amplitude de ramificações relacionada ao foco principal. A modificação do espaço e como essa reflete, frequentemente, em situações de conflito – sejam elas decorrentes da falta de interesse dos usuários tradicionais do bairro pelo novo espaço conformado, da expulsão causada por um critério anterior, a valorização do local aonde a pessoa realiza suas atividades – é a base que norteia a interdisciplinaridade associada ao Urbanismo. 
Esta valorização dos imóveis de uma determinada área frequentemente relaciona-se à atuação do mercado, principalmente a de adquirir lotes ou casas para construção de um empreendimento de grande porte por imobiliárias, sendo o grupo denominado “promotores imobiliários” (CORRÊA, 2002). Isso pode ocasionar uma expulsão, mesmo que indiretamente, dos usuários comuns à área, seja pela falta de condições de adquirir esse novo bem, ou pelo simples desinteresse na ambiência criada, seja pela saída das pessoas que se utilizavam de determinado comércio tradicional do bairro. 
É importante ressaltar que o impacto causado pelos empreendimentos imobiliários afeta, em muito, as formas de ocupação do espaço público, visto que mudanças relacionadas à quantidade de tráfego, à falta de ligação e identificação dos novos usuários com o local e ao tamanho dos empreendimentos, prejudica a leitura do nível do usuário realizada tanto pelos pedestres quanto pelos motoristas (mesmo que seja, a segunda, uma leitura mais dinâmica e superficial do espaço) (JUNIOR, 1999, p.85) perdidas na paisagem geral, além das condições de habitabilidade das edificações já existentes de menor porte, notadamente no que diz respeito à ventilação e à insolação. 
O poder público é, segundo Corrêa (2002), um dos agentes conformadores do espaço, uma vez que frequentemente é responsável por políticas que buscam requalificar ou preservar uma determinada área. Por vezes, tais políticas acabam por elevar os custos de permanência num determinado espaço, de modo a ocasionar a
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expulsão de seus moradores ou usuários. Nesse sentido, o trabalho inclui a leitura da atuação do Município no processo evolutivo do bairro. 
A busca, em resumo, é pela compreensão da influência das recentes mudanças ocorridas no bairro nos conflitos de apropriação, em situações de relevância entre usuários e personagens de destaque do Serra, em ações de uso do espaço público, para além das atividades de rotina, e, em menor escala, na identificação espacial característica do Bairro, podendo ter este conflitos ligações com o interesse público ou com o interesse privado.
1.3 - Objetivos 
1.3.1 – Objetivo geral 
Analisar a influência gerada pelas transformações urbanas recentes na perda ou manutenção dos lugares conformados no bairro Serra 
1.3.2 – Objetivos específicos 
- Analisar história de formação e transformações do Bairro Serra; 
- Identificar os lugares do bairro, segundo conceito de Ana Fani Carlos; 
- Analisar se o lugar ainda se mantêm, se ele perdeu relevância e se outro lugar surgiu para substituí-lo. 
- Analisar os fatores que influenciam, direta ou indiretamente, nessa perda ou manutenção.
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1.4 - Justificativa 
As escolhas baseiam-se numa busca de compreensão do que ocorre nas grandes metrópoles, em específico em Belo Horizonte, o crescimento e transformações que causam a perda dos lugares que caracterizam uma dada região, aqui assinalada pelo Bairro da Serra. 
O grande acervo bibliográfico acerca do tema, mesmo que em áreas diferentes – ainda que próximas da arquitetura –, como os autores já citados e outros (Pierre George, Michel Foucault dentre outros), a proximidade e ligação desenvolvidas com o bairro, gerando conhecimento suficiente de pessoas que são importantes para a história local (como o Senhor Melo, da mercearia, ou a vendedora de frutas da esquina, Senhora Ilma, e a disponibilidade de tempo para realizar a pesquisa) conduziram à escolha do tema e do local. 
Questões de conflitos urbanos são documentadas desde a Grécia antiga, onde nem todos eram considerados cidadãos (esse já sendo um conflito de gênero). O tema busca entender em sua essência os locais que tornam-se pontos de encontro e convívio dentro de uma dada região e como esses são influenciados por questões relativas a valorização do espaço e a perda de identidade entre usuários e o local. Entendê-los conduz a considerar um tema que segue rumo ao que Henri Lefebvre denomina de “mitos de época”1, em que questionar-se-á e embasar-se-á para buscar as unidades significantes de uma determinada região. 
O Bairro Serra passa por processo de redefinição dos locais que podem receber o conceito de lugar, com significativa perda da identidade entre usuários e bairro2. Nesse sentido, o presente trabalho visa identificar o processo pelo qual o bairro passa com definição dos locais que se mantém no bairro. Apontando o motivo da manutenção e identificando os locais que se perderam, com apontamento dos motivos que geraram tal fato. 
1 Sobre o tema ver LEFEBVRE, H., A revolução urbana, Belo Horizonte, UFMG, 1999. 
2 Sobre esse ponto ler o diagnostico realizado sobre as entrevistas com os usuários, que segue o trabalho.
O presente trabalho também busca servir como base de pesquisa para discussões acerca dos conflitos ocasionados pela atuação do mercado imobiliário em áreas de ocupação tradicional. Além disso, pretende-se que o mesmo sirva de referência para futuras ações de planejamento para a área, inclusive de revisão da legislação válida para o bairro e para estudos que busquem inventariar e preservar o patrimônio imaterial levantado nesse estudo. 
Sendo assim, justifica-se o problema e a escolha na tentativa de entender algo que é contemporâneo. A forma que determinado lugar, aqui entendido como o espaço gerado pelo que é vivido e pelas relações do individuo com a área, podem ser influenciados pelos conflitos gerados pelas questões políticas/privadas de conduzir a cidade, em termos de moradia e valorização do espaço – bem como nos possíveis benefícios para o desenvolvimento de propostas de planejamento para a área que o estudo deverá fornecer.
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1.5 – Referencial teórico 
Este capítulo trata das referências que servem de ponto de partida para o desenvolvimento do presente trabalho. A seguir, são apresentados definições e conceitos de autores que trataram sobre o tema, bem como sua forma de contribuição para o desenvolvimento do estudo. 
Para definição de espaço, a referência é a obra de Henri Lefebvre, contida no trecho a seguir: 
Não se pode dizer que o espaço seja um produto como um outro, objeto ou soma de objetos, coisa ou coleção de coisas, mercadoria ou conjunto de mercadorias. Não se pode dizer que se trata simplesmente de um instrumento, o mais importante dos instrumentos, o pré suposto de toda produção e de toda troca. O espaço estaria essencialmente ligado à reprodução das relações (sociais) de produção (LEFEBVRE, 2008, p.48). 
Este conceito torna possível elucidar a forma em que se busca identificar o mercado enquanto agente transformador de espaço, sendo ele co-responsável (juntamente com outros fatores) pela mudança no espaço arquitetônico e urbanístico. 
Outro conceito importante para definição de espaço é a cedido por Roberto Lobato Corrêa, sobre os agentes formadores do espaço urbano. Segundo Corrêa (2002), o espaço é formado por 5 agentes principais, os proprietários dos meios de produção, os proprietários fundiários, os promotores imobiliários, o Estado e os grupos sociais excluídos (CORRÊA, 2002, p.12). 
Esse conceito de agentes formadores faz-se importante para o projeto de pesquisa para melhor esclarecimento de uma abordagem dos que seriam responsáveis pela forma que o espaço urbano toma desde seu planejamento até sua apropriação. 
Segundo Milton Santos o espaço ainda pode ser entendido como algo mútuo e associado, dessa forma: 
O espaço é formado por um conjunto indissociável, solidário e também contraditório, de sistema de objetos e sistemas de ações, não considerados isoladamente, mas como o quadro único no qual a história se dá (SANTOS, 2009, p.62).
Abordando o conceito de território, pretende-se discutir com a noção cedida por Marcelo José Lopes de Souza. É interessante ressaltar uma das possíveis noções de territorialidade contidas no artigo do professor para o livro Geografia: conceitos e temas, aonde o termo é definido da seguinte forma: 
Outra forma de se abordar a temática da territorialidade, mais abrangente e crítica, pressupõem não propriamente um deslocamento entre as dimensões política e cultural da sociedade, mas uma flexibilização da visão do que seja território. Aqui, o território será um campo de forças, uma teia ou rede de relações sociais que, a par de sua complexidade interna, define, ao mesmo tempo, um limite, uma alteridade: a diferença entre “nós” (o grupo, os membros da coletividade ou “comunidade”, os insiders) e os “outros” (os de fora, os estranhos, os outsiders) (SOUZA, 2009, p.86). 
Outro autor a tratar sobre o conceito de território, também na obra Geografia: conceitos e temas é Rogério Haesbaert. Sua contribuição para o artigo em desenvolvimento está na sua abordagem de território através da tríade “territorialização, desterritorialização e reterritorialização” (HAESBAERT, 2009, p.169). 
Para o estudo são relevantes, principalmente, os conceitos de reterritorialização e desterritorialização, que podem estar ligados ou ocorrer em um mesmo momento no mesmo território, sendo originados de diferentes fatores, como velocidade de alterações da informação ou por agentes políticos (HAESBAERT, 2009). 
Por fim, reforça-se aqui já apresentado conceito de lugar de Ana Fani Alessandri Carlos (1996), referência chave para o desenvolvimento do trabalho: 
O lugar é a base da reprodução da vida e pode ser analisado pela tríade habitante-identidade-lugar. A cidade, por exemplo, produz-se e revela-se no plano da vida do indivíduo. Este plano é aquele do local. As relações que os indivíduos mantêm com os espaços habitados se exprimem todos os dias nos modos do uso, nas condições banais, no secundário, no acidental. É o espaço passível de ser sentido, pensado, apropriado e vivido pelo corpo (CARLOS, 1996, p.22). 
Dessa forma, utilizando principalmente a definição de Ana Fani Carlos sobre lugar, as definições de espaços cedidas por Henri Lefebvre e Milton Santos e a tríade de Rogério Haesbaert sobre território será embasado o presente trabalho acadêmico
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para a tentativa de compreensão de como diferentes fatores podem influenciar na presença e permanência dos lugares identificados no âmbito do Bairro Serra.
1.6 - Metodologia 
A pesquisa será desenvolvida em três etapas. 
A primeira etapa é formada por tópicos de apresentação da base utilizada para o desenvolvimento do trabalho acadêmico, como trabalho de Manoel Teixeira Azevedo sobre o Bairro Serra, e por passos que deem inicio ao projeto de pesquisa, com aplicação do questionário para identificação dos personagens de destaque no bairro e diagnóstico que apresente a área de atuação e demarque as zonas de pesquisa. 
Explicando a etapa em detalhes, seria possível traduzi-la da seguinte maneira: 
- Apresentação da História do Bairro Serra; 
- Apresentação do trabalho de Manoel Teixeira, trabalho esse que servirá como ponto de partida para escolha do marco temporal da pesquisa, 
- Elaboração do diagnóstico atual da área; 
- Comparação com o trabalho de Manoel Teixeira, mudanças e permanências; 
- Definição da metodologia para as entrevistas; 
- Aplicação das entrevistas, com usuários do Bairro Serra. 
A investigação documental “é realizada em documentos conservados no interior de órgãos públicos e privados de qualquer natureza entre outros” (VERGARA, 2004, p. 48). Em termos de investigação documental, o trabalho inclui a busca, junto ao Arquivo Público Mineiro e à Diretoria de Patrimônio Cultural da Fundação Municipal de Cultura, informações sobre a história do Bairro Serra e o mapa cadastral de Belo Horizonte, com vistas especialmente à identificação do período inicial de ocupação do bairro. 
O trabalho de Manoel Teixeira servirá como marco por explicar em detalhes o Bairro até o final do seu período de estudo, com o objetivo de fornecer subsídios à identificação dos lugares do bairro. Quanto às entrevistas, estas serão feitas com pessoas que tenham no mínimo 25 anos de idade e vivência de treze anos do bairro desde a data estipulada. Dessa forma, caso a pessoa tenha vindo para o bairro com maior idade, ela terá desenvolvido tempo suficiente de vivência do local e para quem
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cresceu na região é possível que a pessoa tenha no mínimo 12 anos de idade na data de início, tornando-a apta a perceber as mudanças que o bairro sofreu. 
Na segunda etapa serão realizadas as análises dos questionários/entrevistas aplicados na primeira etapa e, a partir daí, identificados os lugares do bairro. 
Será ainda analisada a legislação urbanística incidente no bairro, com vistas a identificar possíveis fatores responsáveis pela mudança da configuração dos espaços e atividades em sua área. 
Na terceira e última etapa serão apontados os fatores responsáveis pela perda ou manutenção dos lugares e a perspectivas para estudos futuros a partir do trabalho realizado.
Figura 1: Diagrama com etapas previstas para realização do trabalho.
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1.7 - Cronograma
2 – DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO 
2.1 – Histórico 
2.1.1 – Histórico do bairro Serra 
Pensar um bairro é abordar, inicialmente, a sua identidade, o modo específico de ele ser, aquilo que o diferencia das áreas em volta e determina características próprias, perceptíveis para quem o frequenta ou percorre seus espaços (JUNIOR, 1996, p.69). 
A toponímia Serra tem referência ao Córrego da Serra, que corta a região desde o Parque das Mangabeiras (com 59 nascentes no local) até a Rua Dona Cecília, contanto com boa parte do seu percurso hoje pavimentado3. 
Essa configuração é característica do inicio da formação da nova capital de Minas Gerais, sendo o bairro já pensado no plano original de Aarão Reis, como parte componente da primeira e segunda região suburbana de Belo Horizonte (Figura 2). 
A figura 2 apresenta a planta cadastral de Belo Horizonte em 1898, no período a ocupação do bairro era dada predominantemente pelos cofundadores da cidade (como Estevão Pinto e o Professor Antônio Aleixo) com grandes terrenos e chácaras. 
3 Prefeitura de Belo Horizonte. Disponível em <http://portalpbh.pbh.gov.br/pbh/ecp/contents.do?evento=conteudo&idConteudo=23748&chPlc=23748&termos=Bairro%20Serra.> Acesso em 19/03/2012 às 18h16min
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Figura 2: Planta cadastral de Belo Horizonte de 1898, marcado em vermelho a primeira conformação do Bairro Serra. 
.Fonte:http://3.bp.blogspot.com. Acesso em 17/04/2012 às 21:30 
O Bairro Serra constituiu-se junto às encostas da Serra do Curral, outro motivo responsável pela denominação da região, sendo a única forma de acessar a região montanhosa, já que a Avenida Afonso Pena continuou seu percurso somente nos arredores da década de 60 (com a idealização do Bairro Mangabeiras). Desta forma, para os interessados em visitar ou se aventurar na Serra do Curral, o Bairro Serra e suas vias principais, Rua Estevão Pinto, Rua do Ouro, Palmira e Caraça eram o único meio de ter acesso a região montanhosa (JUNIOR, 1999, p. 69-75) 
A ocupação do aglomerado se confunde com o inicio da história do Bairro Serra, tendo ocorrido a partir da década de 1920, juntamente com o inicio dos parcelamentos dos terrenos das chácaras. Apesar da ocupação pretérita, foram necessários cerca de trinta anos para que o processo de ocupação do aglomerado fosse consolidado; segundo Junior (1999) essa primeira ocupação ocorre em três manchas básicas (Figura 3): a primeira marcada pela área ocupada em terreno de topografia íngreme a leste e nordeste do bairro, recebendo o nome de favela da Serra, a segunda ocorre em área denominada de favela do Pendura Saia, ao sul da Praça Milton Campos, sendo esta hoje componente de parte do bairro Cruzeiro. A
ultima porção já inexiste, tendo dado lugar ao Minas Tênis Clube, sendo conformada pelo final da Rua Trifana e Avenida Bandeirantes. 
Ainda seguindo a analise de Azevedo (Ibid.) a favela do Pendura Saia foi outra a sofrer com processo de elitização da região, tendo sido sua área cedida a órgãos da iniciativa privada e publica e outro grande trecho sendo retirado para dar continuidade a Avenida Afonso Pena, sendo assim, do trecho original da favela restavam, até o final do estudo realizado por Manoel Teixeira, três pequenas porções de ocupação (Figura 4). 
Na configuração atual do bairro, já não perdura a ocupação do Pendura Saia, tendo maioria dos seus terrenos tornado-se edificações multifamiliares de classe média do Bairro Cruzeiro. E, mais recentemente, a favela da Serra já passa por modificações com desocupação, com a abertura da Avenida Mem de Sá (popularmente conhecida como Avenida do Cardoso) e com os projetos de urbanização conhecidos como Vila Viva (Figura 5). 
Figura 3: Ocupação do aglomerado na década de 50, a menor mancha representa a ocupação que deu lugar ao Minas Tênis Clube, a mancha média representa a Favela do Pendura Saia e a terceira e maior mancha representa a favela da Serra. FONTE: Cadernos de Arquitetura e Urbanismo. 1999 ed. PUC Minas, Belo Horizonte. p. 71.
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Figura 4: Ocupação pelo aglomerado, ao final do estudo de Manoel Teixeira. Nele a menor ocupação da Figura 2 já havia dado lugar ao Minas Tênis Clube e a favela do Pendura Saia já havia praticamente desaparecido, restando apenas três pequenas manchas da antiga ocupação. Em contra partida a mancha conformada pela Favela da Serra aumenta de proporção, tornando-se uma das ligações do bairro com o Bairro São Lucas. FONTE: Cadernos de Arquitetura e Urbanismo. 1999 ed. PUC Minas, Belo Horizonte. p. 71.
Figura 5: Ocupação recente do aglomerado. Atualmente a área é maior do que a representada por Manoel Teixeira, mas concentra-se em somente um local, formando conurbação do bairro e o Bairro São Lucas. 
Dessa forma, a ocupação inicial do bairro mostra já antecipa característica relevante de sua configuração atual, marcada pela heterogeneidade, com clara mescla entre diferentes setores sociais. Na mesma medida, a evolução de ocupação do bairro é influenciada diretamente pela configuração do aglomerado, visto que enquanto o bairro formal desenvolvia-se em torno da Avenida do Contorno e das ruas que faziam ligações com a mesma, eram iniciados novos parcelamentos e ocupações em trechos que hoje são conformados pelas ruas Capivari e adjacências que cortam as vias principais, como Rua do Ouro, Rua Caraça, Rua Estevão Pinto e Rua Trifana. 
2.1.2 – Abordagem da história e do lugar segundo Manoel Teixeira de Azevedo Junior 
Manoel T. A. Junior (1999) identifica o bairro a partir da observação e análise do mesmo, realizada por Pedro Nava no seu livro Chão de Ferro (1976). Nessa obra, Nava pontua as relações entre edificação e terreno e entre os moradores da região, com destaque para o contato entre os diversos estratos socioeconômicos que formam o bairro.
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Para tanto, Manoel T. A. Junior se apropria da analise cedida por Pedro Nava para fazer um estudo sobre a identidade característica do bairro a partir do seu sistema viário e pelas Avenidas e ruas que o separam dos bairros que fazem vizinhança e pela forma como os moradores se apropriam do mesmo e como é a relação dinâmica e transforma do exterior para o interior do bairro. 
Na analise do sistema viário Manoel T. A. Junior aponta a forma em que o bairro está inserido na cidade e delimitado pelas vias estruturantes que o contornam. A Avenida Afonso Pena, a Avenida Bandeirantes e a Avenida do Contorno formando um eixo de vias importantes que demarcam os limites do bairro e caracterizam a diferença, tanto do traçado quanto da arquitetura, entre o Serra e os bairros circunvizinhos, como Anchieta, Cruzeiro, Funcionários e Mangabeiras. 
Em relação aos bairros Mangabeiras, Anchieta e Cruzeiro a mudança é marcada pela uniformização da ocupação do primeiro, com arquitetura horizontalizada e unifamiliar, e pela verticalização de médio e alto porte dos dois outros. Outra característica que difere os bairros citados e o Bairro Serra é o relevo acidentado de ambos os espaços, relevo esse, que apesar de íngreme no Serra, ainda é mais suave que nos vizinhos Mangabeiras, Anchieta e Cruzeiro. Grande semelhança entre os bairros está na forma orgânica de organização viária, muitas vezes com as ruas mantendo o mesmo em alguns casos (JUNIOR, 1999). 
Em relação ao Bairro Funcionários essa diferença se caracteriza pelo traçado das vias, no Serra elas tendem a ser orgânicas e muitas das vezes não contando com ortogonalidade. Já no Bairro Funcionários esse traçado segue ortogonal, equivalente ao parcelamento original proposto por Aarão Reis para o perímetro interno da Avenida do Contorno. 
Essa explicação em termos viários continua sendo realizada por Manoel T. A. Junior para delimitar a forma de organização do bairro, partindo do macro para o micro, onde a rua movimentada e com usos diversificados e de intensa velocidade das Avenidas que circundam o bairro vão dando lugar a ruas tranquilas e com menor fluxo de usuários na rua e por fim chegam na casa, espaço reservado pro privado.
Nessa analise é possível elucidar a organização das edificações pretéritas do bairro, onde a ligação com a rua é feita por meio de arborização e aberturas através de grades vazadas ou sem nenhuma medida de intrusão tornando a proximidade e ligação entre público e privado em maior medida do que a arquitetura que se torna vigente no bairro a partir da década de 80, onde essa proximidade cede lugar a afastamentos, exigidos pela legislação, revolvendo a ligação entre público e privado prejudicada. 
Dessa forma, Manoel T. A. Junior identifica o bairro a partir da sua formação e da forma como ele desenvolveu-se a partir dos seus dois eixos viários principais, Rua do Ouro e Rua Estevão Pinto (antiga Rua Chumbo). 
2.2 – Diagnóstico 
2.2.1 – Área de estudo 
A área de estudo consiste nas duas ramificações do Bairro Serra, o bairro formal e o aglomerado. Essa divisão ocorre por motivos didáticos, para que seja possível a identificação de lugares nos dois meios tornando assim a pesquisa com maior amplidão. 
Outra divisão ocorrerá na área composta pelo aglomerado, visto que o mesmo ocupa grande trecho do bairro e, pelo tempo disposto para realização do trabalho acadêmico seria inviável a pesquisa e levantamento de dados em todo seu perímetro. 
Dessa forma o trecho representado como área de estudo consiste em todo o bairro formal e no trecho limitado pelas Ruas Capelinha, Bandonion e Sacramento para demarcação da área de estudo no aglomerado como é representado no mapa a seguir:
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Figura 6: Em vermelho área de intervenção, Bairro Serra. Fonte: Google Mapas. 
2.2.2 Usos do solo 
O Bairro da Serra tem a marcação de usos, de certa forma, clara. As regiões polarizada pelas avenidas do Contorno, Afonso Pena e Bandeirantes conformam um uso com características marcadas pelo uso predominantemente comercial, com maior parte das edificações voltadas para essa demanda (Erro! Fonte de referência não encontrada. à Imagem 4). 
Imagem 1: Ligação Rua Desembarcador Drumond com Avenida do Contorno. Trecho marcado por edificações de maior porte, mais que 15 pavimentos, e com uso predominantemente diurno. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes
Imagem 2: Esquina Rua Desembargador Drumond e Avenida do Contorno. Edificação modificada para atender a demandas comerciais. Foto dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes. 
Imagem 3: Vista da Avenida do Contorno, próximo a Rua Estevão Pinto, a altura das edificações nesse trecho é destoante de praticamente todo o resto do bairro, onde as edificações costumam ter até 15 pavimentos. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes
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Imagem 4: Exemplo da diferenciação da altimetria das edificações deste entorno, Prédio Lifecenter. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes 
Nesta mesma linha, o perímetro conformado entre Rua Estevão Pinto e Rua Capelinha apresenta traços marcantes de uso misto, principalmente com uso de casas tradicionais para o mesmo. Tendo o primeiro pavimento o uso comercial e o segundo sendo usado, normalmente, para moradia. Desta forma, esse trecho ainda conta com grande parte da arquitetura conformada até a década de 80 no bairro, mantendo as características históricas do mesmo (Imagem 5 à Imagem 12).
Imagem 5: Esquina de Capivari e Capelinha, edificação com uso misto, em que o primeiro pavimento funciona como galeria de pequenos comércios. Foto tirada no dia 18/08/2012 às 16hrs. Autor: Guilherme Gomes 
Imagem 6: Edificação, no entroncamento de Rua Capivari e Rua Herval, em que o uso misto é dado em salas comerciais e restaurante. Foto tirada no dia 18/08/2012 às 17hrs. Autor: Guilherme Gomes
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Imagem 7: Esquina conformada por Rua do Ouro, Rua Palmira e Rua Amapa, ponto em que é comum o uso do primeiro pavimento para comércios. Aqui vale ressaltar a presença do Bar do Salomão, ponto de destaque em uso pelos usuários do bairro, principalmente em dias de jogos de futebol. Foto tirada no dia 18/08/2012 às 17hrs. Autor: Guilherme Gomes. 
Imagem 8: Casa localizada na Rua do Ouro, novamente o primeiro andar é utilizado como comercio. A presença de edificações de ocupação pretérita do bairro é notada inclusive ligação da edificação com a rua, sem contar com afastamento. Foto tirada no dia 18/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes.
Imagem 9: Rua do Ouro 187. Seguindo a configuração de uso misto com a mesma colada a divisa frontal. Foto tirada no dia 18/08/2012 às 17:30hrs. Autor: Guilherme Gomes 
Imagem 10: Rua Estevão Pinto esquina com Monte Alegre a tonalidade de cor funciona como um dos divisores entre comércio e moradia. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes
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Imagem 11: Rua Estevão Pinto esquina com Monte Alegre. O uso de cores pra diferenciação não é utilizado, mas a presença de platibanda gera o dialogo de época entre as duas edificações de esquina. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes 
Imagem 12: Rua Monte Alegre, a utilização de casas para comercio é comum na faixa de via apresentada. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes 
Seguindo com a caracterização do bairro enquanto usos das edificações, vale ressaltar a porção que passa pelas modificações de verticalização mais acentuadas no processo recente de reorganização. O trecho é conformado pela Rua Capelinha até a ligação com o aglomerado através da Rua Caraça, Sacramento e Alípio Goulart, sendo a última um limite que tem ligação com as Ruas Capivari e
Sacramento (Imagem 13 à Imagem 16). O processo de verticalização neste trecho é intenso e, segundo observações realizadas durante toda a estadia no bairro4, já ocorre há cerca de sete anos, com casas sendo demolidas para dar origem a prédios – motivo que gerou a identificação do mesmo como moradia majoritariamente multifamiliar. 
Imagem 13: Rua Capelinha, sentido Rua Sacramento, apesar de não fazerem parte da atual verticalização do bairro o trecho já é marcado por prédios com, no mínimo, cinco pavimentos. Foto tirada no dia 18/08/2012 às 17hrs. Autor: Guilherme Gomes 
Imagem 14: Rua Capivari esquina com Capelinha. Na imagem, lado esquerdo, já é possível observar uma das edificações que fazem parte do novo processo de verticalização. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes 
4 É interessante ressaltar que a relação do pesquisador com o bairro ocorre a 22 anos, tornando possível essa identificação.
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Imagem 15: Rua Níquel, à esquerda tapume da Aguimar marcando mais um local com edificação que terá uso multifamiliar. Na rua já é possível observar o efeito da verticalização, visto que a mesma não possui presença de usuários na rua, sendo a mesma utilizada como estacionamento de carros. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes 
Imagem 16: Rua Henrique Passini nº720. Edificação que também faz parte do novo processo de verticalização do bairro. Foto tirada no dia 21/08/2012 às 16hrs. Autor: Guilherme Gomes. 
Por fim, a ultima ocupação identificada é a das casas unifamiliares, moradias que marcaram o inicio da ocupação do bairro e foram responsáveis pela principal forma de construção ocorrida até a década de 50 – quando as ideias modernistas de verticalização começam a ser inseridas na região da Serra – (JUNIOR, Ibid).
O trecho apontado como ainda remanescente desta ocupação unifamiliar compreende pequena porção do bairro formal, entorno da Rua Alípio Goulart, Caraça (Imagem 17 à Imagem 20) e Sacramento. O uso residencial unifamiliar é também marcante na porção correspondente ao aglomerado, que, apesar do processo de urbanização recente com o Programa Vila Viva, ainda tem forte traço de unifamiliar. É importante ressaltar, nesse ponto, a peculiaridade da forma de expansão das edificações no aglomerado, na maior parte dos casos, forma de manter familiares próximos ou decorrência da falta de lugares disponíveis na mesma região para que se mantenha a proximidade a área central da cidade. 
Imagem 17: Rua Caraça nº 777, trecho próximo ao ponto final do ônibus 2102. A ocupação da rua nesse espaço é dada tanto pelos usuários do ônibus, quanto por pessoas que utilizam os pequenos comércios que são mantidos lindeiros a Rua Caraça. Foto tirada no dia 21/08/2012 às 16hrs. Autor: Guilherme Gomes.
50 
Imagem 18: Rua Caraça, final dos ônibus 2102, 9106 e 8150. Edificações de baixo porte e próximas a entrada do Parque das Mangabeiras. Foto tirada no dia 21/08/2012 às 16hrs. Autor: Guilherme Gomes. 
Imagem 19: Esquina de Rua Caraça e Rua Serranos. Foto tirada no dia 21/08/2012 às 17hrs. Autor: Guilherme Gomes.
Imagem 20: Rua Caraça. Apesar do afastamento em relação a rua o uso de grade e vegetação ainda trazem a ligação entre rua e residência. Foto tirada no dia 21/08/2012 às 16hrs. Autor: Guilherme Gomes. 
O diagnóstico desenvolvido evidencia que a residência multifamiliar é vem tornando- se a principal forma de ocupação ocorrente no bairro, mesmo que não seja marcada somente pelo novo processo de transformação do Bairro Serra, com número cada vez maior de casas sendo derrubadas para que seja possível a construção de prédios. Esse processo só não ocorre de forma tão clara na ocupação do aglomerado, onde as moradias unifamiliares – ainda que com a citada expansão horizontal – permanecem como tipologia mais comum. Desse modo, georreferenciando a leitura apresentada, segue-se a forma de organização do bairro. 
Figura 7: Em vermelho, edificações com uso predominantemente comercial. Em laranja, edificações com uso predominantemente misto. Em azul, uso predominantemente residencial multifamiliar. Em magenta, uso predominantemente residencial unifamiliar. FONTE: Google Maps.
52 
2.2.3 – Altimetria das edificações 
No que tange a referência altimétrica do Bairro Serra a divisão foi simplificada em três zonas (Erro! Fonte de referência não encontrada.) com altura maior do que 15 pavimentos (maiores que 30m de altura), edificações até 15 pavimentos (cerca de 30 metros de altura) e edificações do aglomerado que mantêm gabarito entre 9 e 12 m de altura. 
Figura 8: Em vermelho, construções acima de 15 pavimentos. Em amarelo, construções até 15 metros de altura. Em laranja, ocupação irregular, zona do aglomerado da Vila Cafezal. Fonte: Google Maps. 
Nesse sentido, é interessante ressaltar que o trecho que agrega as edificações superiores a trinta metros de altura tem coincidência com a região com características marcadamente comerciais no Bairro, apesar de estender-se ao interior do bairro, chegando ao entorno da Rua Estevão Pinto (IMAGEM 21 à IMAGEM 26). Esse fato pode ser explicado pela proximidade das construções com a Avenida do Contorno, garantindo que o afastamento da via tenha que ser maior – de acordo com a Lei n 7.166/96, esse deve ser de, no mínimo, 4m entre fachada frontal do lote e inicio da edificação e desta forma concentrando o potencial construtivo verticalmente.
Imagem 21: Avenida do Contorno, esquina com Desembargador Drumond, nº 4631. Uma das edificações que compõem a área que marcam essa verticalização de alto gabarito da região. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes 
Imagem 22: Vista geral da Avenida do Contorno, sentido Avenida Getúlio Vargas, prédios com características semelhantes ao estreitamento e verticalização acentuada. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes
54 
Imagem 23: Rua Estevão Pinto, a tendência de estreitamento também faz-se presente no trecho, mas em menor medida que na Avenida do Contorno. Outro ponto importante é a maior presença de arborização na área. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme 
Imagem 24: Rua Alumínio, esquina com Rua Estevão Pinto. Rua que também é marcada por presença de edificações extremamente verticalizadas e com muros que tornam-nas voltadas para seu interior sem ligação com a rua. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes
Imagem 25: Vista da Rua Luz a partir da Rua Estevão Pinto, apesar de isolada a edificação ultrapassa os 15 pavimentos comuns a área do Bairro Serra. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes 
Imagem 26: Esquina de Rua Estavão Pinto e Rua Alumínio. Primeira edificação da serie que compõem a verticalização da área. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes 
As edificações até quinze pavimentos encontram-se, por sua vez, distribuídas entre as vias internas ao bairro, sendo as de maior altura aquelas que circundam a Rua
56 
Estevão Pinto, a partir da sua ligação com a Rua Monte Alegre, até Rua Trifana (IMAGEM 27 à IMAGEM 32). Esse mesmo trecho marca a intensa verticalização da configuração atual do Bairro, sendo composto quase que inteiramente por edificações de uso residencial multifamiliar, exceção marcada pelas antigas chácaras do Professor Estevão Pinto e pela casa do Professor Antônio Aleixo (atual sede da Diretoria do Patrimônio Cultural da Fundação Municipal de Cultura). 
Imagem 27: Rua Caraça, esquina com Rua Estevão Pinto. Em primeiro plano edificação de pequeno porte que é cercada por zona de verticalização. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 16hrs. Autor: Guilherme Gomes 
Imagem 28: Rua Palmira, esquina com Rua do Ouro. Apesar de ter uso multifamiliar e tendência a verticalização, o gabarito das edificações é mais suave. Foto tirada no dia 21/08/2012 às 16hrs. Autor: Guilherme Gomes
Imagem 29: Rua Capivari, esquina com Ruas Capelinha e Amapá. Apesar da verticalização, o gabarito das construções é menor em relação as que ocorrem em torno da Avenida Estevão Pinto. Foto tirada no dia 21/08/2012 às 16hrs. Autor: Guilherme Gomes 
Imagem 30: Rua Capivari, esquina com Oriente. Novamente a verticalização é feita, mas com porte menor das edificações. Foto tirada no dia 21/08/2012 às 16hrs. Autor: Guilherme Gomes
58 
Imagem 31: Rua Oriente, ainda com traços da primeira verticalização do bairro, decada de 50 e 60, a relação de proporção não é tão marcante quanto em outras regiões do bairro. Foto tirada no dia 21/08/2012 às 16hrs. Autor: Guilherme Gomes 
Imagem 32: Rua Capivari. A presença da verticalização faz-se presente, mas com gabarito que permite uma leitura pelo pedestre sem a necessidade de inclinar demais a cabeça, como ocorre nas proximidades da Rua Estevão Pinto principalmente na ligação com rua Alumín 
Por fim, na área polarizada pelas ruas Capivari, Caraça e Sacramento e em direção ao aglomerado marca uma ruptura com o padrão verticalizado das edificações que ocorre nos demais trechos. Nessa porção, a predominância é de construções verticais de altimetria reduzida e de pavimento único (IMAGEM 33 à IMAGEM 35).
Imagem 33: Ocupação aglomerado. Com exceção a edificação da prefeitura para o programa Vila Viva as casas constituem-se em dois ou três pavimentos. Foto tirada no dia 23/08/2012 às 12hrs. Autor: Guilherme Gomes 
Imagem 34: Ocupação favela, próximo a comunidade da Igrejinha. Foto tirada no dia 21/08/2012 às 16hrs. Autor: Guilherme Gomes
60 
Imagem 35: Ocupação próxima a Avenida Mendes Sá. A construção em vermelho marca a inserção de uma UMEI na região. Foto tirada no dia 21/08/2012 às 16hrs. Autor: Guilherme Gomes 
2.2.4 – Apropriação diurna 
A presente leitura visa identificar a relação estabelecidas entre usuários e espaços públicos no Bairro Serra, considerando o período do dia, de 8:00 às 18:00, concentrando dessa forma o período em que os moradores costumam deixar o bairro e dirigir-se ao local em que trabalham e também o contrário, quando usuários do bairro chegam para realizar a atividade diária. O trabalho conduziu à identificação de seis áreas distintas (Fig.4), delimitadas de acordo com o que ocorre de mais representativo em cada uma delas.
Figura 9: Em roxo, ocupação aglomerado. Em laranja, ocupação mista, com maior peso para ocupação residencial. Em verde, zona de uso residencial. Em Marrom uso misto, com predominância comercial, grande rotatividade de pessoas durante o dia, horário de uso ligado muito ao comercio, pouca atividade quando esse termina seu expediente. Em vermelho, Minas Tênis Clube. Em magenta, ocupação com características comerciais. FONTE: Google Earth. 
A primeira área é marcada por uso com características comerciais, tendo seu uso ligado ao horário de funcionamento do mesmo. 
A segunda área de apropriação, conformada pelo Minas Tênis Clube, também possui caráter diurno, principalmente pelo horário de funcionamento do clube – até as 20 horas – tendo como principais frequentadores pessoas que praticam algum exercício físico no local, os lavadores de carros que exercem seu serviço nos arredores pela facilidade de adquirir clientes e os alunos da Escola Estadual Pedro Aleixo e do Colégio Promove, que costumam passar os períodos sem aula nos arredores das escolas citadas e do clube. 
É importante mencionar que a região também conta com uma companhia de polícia, 142º distrito, e com uma das entradas do Parque das Mangabeiras. A portaria é utilizada como local declaradamente de passagem, tanto para pessoas que pretendem embarcar no ônibus 4111 ou para trabalhadores que tem empregos nos bairros Anchieta, Mangabeiras e Sion, que descem a pé para o local e utilizam da entrada do parque como um atalho.
62 
Esta área não será tratada como área isolada no desenvolvimento do trabalho devido ao seu caráter pendular de apropriação, sendo praticamente todos os usuários de outras regiões de Belo Horizonte e não necessariamente do Bairro Serra, desta forma tendo relação superficial com bairro. 
Seguindo a analise de apropriação, a terceira zona apresenta uma maior ligação com o bairro e as relações que se desenvolvem nele. Ela é conformada pelas ruas Estevão Pinto, Palmira, Doutor Camilo e Níquel (Erro! Fonte de referência não encontrada., Erro! Fonte de referência não encontrada.). Essa área tem caráter predominante ao uso residencial, mas com pontos de funcionamento de comércio que garantem a utilização da mesma durante o dia. 
Imagem 36: Rua Capivari, próximo a esquina com a Rua Oriente. O mesmo imóvel funciona como conserto de móveis e roubas (entrada na esquina). Foto tirada no dia 18/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes
Imagem 37: Rua Itapemerim, esquina com Rua Capivari. A Padaria Gênova é uma das responsáveis pela movimentação diurna no local. Foto tirada no dia 18/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes 
Os pontos comerciais concentram-se ao redor das Ruas Estevão Pinto e Palmira, com destaque para o Bar do Salomão e a padaria Santíssimo Pão (Erro! Fonte de referência não encontrada.7) que garantem grande movimentação a região, principalmente ao final da tarde. Outros pontos que podem receber destaque são a Sorveteria Palmira e a Max Vídeo Locadora, que já mantêm serviços há aproximadamente dez anos no bairro. 
Imagem 38: Padaria Santíssimo Pão, influência diretamente o fluxo de pessoas na região. Foto tirada no dia 18/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes
64 
Nas porções com caráter residencial, é possível notar a pouca apropriação das áreas públicas, visto que, por ser uma das regiões com pessoas de maior poder aquisitivo do bairro, a maioria dos residentes desenvolvem suas atividades profissionais fora da região, ou costumam utilizar veículos motorizados para se locomover, fazendo pouco uso da rua como pedestres (Erro! Fonte de referência não encontrada.38). 
Imagem 39: Rua do Ouro. Apesar da proximidade a região do bar do Salomão a região conta com pouca utilização na sua parte residencial. Foto tirada no dia 18/08/2012 às 16hrs. Autor: Guilherme Gomes 
Essa característica também se repete na quarta área, em marrom, onde o uso do automóvel é um dos responsáveis pelo esvaziamento da rua. Nesta área, marcada pelas Ruas do Ouro, Palmira, Pouso Alto e Avenida do Contorno, temos o uso misto, com predominância comercial, como característica básica. Dessa forma, a ocupação da rua se dá, principalmente, em horários em que a parte comercial das edificações está aberta tendo seu movimento coordenado por esse horário. 
Outro ponto que faz com que a área seja utilizada são as linhas de ônibus do bairro que passam pelo local (4102, 4107 e 2151 – no sentido bairro/centro – e 4102, 2102, 2151, 4107 e os suplementares que atendem no sentido centro/bairro), que são responsáveis diretos pelo número de pedestres no local. 
Como quinta área tem-se a região de transição entre bairro formal e aglomerado, marcada pelas Ruas Níquel, Oriente, Caraça, Sacramento e Alípio Goulart (IMAGEM
39 à Imagem 41). A área é caracterizada por ocupação mista, com predominância a ocupação residencial multifamiliar. 
Imagem 40: A Auto Escola Cesinha tem seu horário de funcionamento iniciado a partir das 16hrs, o que garante o uso da região também durante a noite garantindo segurança a área. Foto tirada no dia 18/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes 
Imagem 41: Rua Capivari nº 429, o uso do espaço é dado principalmente por clientes da loja de roupa e do salão de beleza. Dessa forma a maioria das pessoas que se utilizam do local são mulheres. Foto tirada no dia 18/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes
66 
Ao contrário da área mista comercial e da área de características residenciais essa mancha conta com ocupação quase que constante em seus limites, principalmente pela proximidade e uso do comercio da mesma também pelos moradores do aglomerado. A presença do Supermercado EPA é um dos destaques para o uso da região sendo utilizado pelas diferentes camadas sociais que habitam o Bairro. O tamanho dos comércios e a tipologia também tem influência direta na apropriação, sendo lojas de menor porte ou com donos que permitem vendas “fiadas” aos seus clientes tornando a relação proprietário e morador mais próxima e intima. 
Imagem 42: Rua Caraça, próximo à entrada do Parque das Mangabeiras. A ocupação do espaço público pelo pedestre já é perceptível. Foto tirada no dia 18/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes 
Por fim, apresenta-se a sexta região, conformada pelo trecho do aglomerado que faz parte do estudo. Assim como na quinta região, a utilização da área é feita de forma intensiva e independente do horário sendo marcada por uma proximidade ainda maior entre moradores e comerciantes, sendo o trato marcado por apelidos e nomes carinhos, como o “Sr. Tonho da mercearia” e o “Sr. Manquinha” que mostram uma relação intima e de confiança que muitas vezes garante segurança ao comercio de forma a não necessitar, às vezes, da presença do dono para que o mesmo esteja seguro de roubos.
Desta forma, com a divisão realizada em termos de uso do espaço urbano, é possível observar que a proximidade entre os usuários e os comerciantes e a diversidade entre tipologias de ocupação, comércio e residência, tem caráter decisivo na apropriação por parte das pessoas, sendo um dos principais responsáveis pela utilização do local por pedestres e trazendo aos mesmos o sentimento de segurança.
68 
2.3 – Percepções da comunidade sobre o bairro Serra 
O presente questionário busca levantar e analisar dados e temas que possam apontar os locais passiveis de identificação como lugares, segundo definição do termo por Ana Fani Alessandri Carlos, no Bairro Serra. Para tanto, visa-se questionar os pesquisados sobre sua vivencia do Bairro, sobre o tempo que os mesmos convivem na região e como identificam-na no presente momento e a perspectiva para o futuro local. Essa construção permitirá o embasamento para desenvolvimento do trabalho acadêmico e a forma de conduzir a próxima etapa, relativa à identificação e análise dos fatores responsáveis pela perda ou manutenção dos lugares do bairro. 
2.3.1 – Metodologia de pesquisa 
A definição do método de pesquisa levou em conta o Mapa de Usos (Fig. 4) juntamente com o diagnóstico fornecido nesse ponto e o estudo anteriormente realizado pelo professor Manoel Teixeira Azevedo Junior (1999) que trata do bairro por um longo período e com sólido embasamento teórico. 
A pesquisa de Manoel Azevedo trata do período até 1999. A analise comparativa entre a obra de Manoel Teixeira e o diagnóstico realizado nesse trabalho permite observar mudanças na conformação espacial do bairro desde então. Desse modo, a obra foi tomada como ponto de partida para investigação das alterações ou manutenção dos personagens de destaque do bairro. 
A resolução partiu desse mapa devido a divisão que melhor elucidou a apropriação por parte dos usuários do Bairro Serra, sendo possível dividir a área de estudo em cinco áreas, com a parte formada pelo Minas Tênis Clube sendo incorporada à terceira área. 
A pesquisa foi realizada observando-se a proporção de 70%/30%, aplicada de acordo com a característica de maior destaque da zona conformada segundo o Mapa de Usos. Dessa forma, para as porções identificadas como de caráter predominantemente comercial, a pesquisa deu-se com 70% dos entrevistados sendo
comerciantes ou funcionários do comércio e 30% sendo moradores; nas porções com predominância residencial a lógica é a mesma, mas com os valores invertidos. No caso das áreas de uso misto, foram aplicados questionários com igualdade entre a quantidade de entrevistados dos dois setores. 
O questionário aplicado nas entrevistas teve como objetivo identificar a percepção dos usuários sobre o Bairro Serra, podendo ocasionar o apontamento de personagens de destaque ou de lugares de referência ou que remetam a memória do bairro, levando em conta para analise dos lugares a definição de Ana Fani Carlos (1996). O mesmo foi aplicado exclusivamente a usuários que tenham idade mínima de 23 anos, para que seja possível a vivência desde a finalização da pesquisa de Manoel Teixeira Azevedo Junior, concluída em 1996. 
A abordagem inicial deu-se com o pesquisador apresentando a si e ao objetivo da pesquisa, bem como os resultados que ele pretendia obter. Concluída essa fase, passou-se à análise do material, com vistas à identificação dos lugares do bairro a partir da percepção dos entrevistados. 
2.3.2 – Questionário para obtenção dos lugares de destaque 
A seguir, é apresentado o questionário que conduziu as entrevistas com os usuários do bairro para futura identificação dos lugares no Bairro Serra.
70 
Ordem 
Questões Aplicadas aos Usuários do Bairro Serra 
1ª 
Idade 
2ª 
Grau de escolaridade 
3ª 
Profissão 
4ª 
Qual tipo de relação com o bairro: residente, trabalha ou ambos? 
5ª 
Caso seja residente, qual o tipo de moradia: multifamiliar ou unifamiliar? 
6ª 
Onde mora ou trabalha? 
7ª 
Em caso de moradia: é proprietário ou é alugado? Em caso de estabelecimento: dono ou empregado? 
8ª 
De quanto tempo é a relação desenvolvida com o bairro? 
9ª 
Quais lugares do bairro costuma frequentar? 
10ª 
Quais os lugares do bairro que destacaria como de maior movimento? 
11ª 
Percebe mudanças no bairro? 
12ª 
Quais os lugares que, na sua concepção, são pontos de referencia no bairro? 
13ª 
Os lugares/pontos de referencia são recentes? 
14ª 
Identifica lugares/pontos de referencia que existiram e não existem mais? 
15ª 
Apontaria o desaparecimento ou aparecimento de alguma referencia no bairro?
2.3.3 – Caracterização dos usuários por idade, tipo de atividade e tempo de 
relação com o bairro 
A primeira parte da entrevista visou delimitação etária dos usuários do bairro (Gráfico 
1). 
Analisando-se os questionários, foi possível perceber que a variação concentra-se, 
principalmente, entre as duas primeiras faixas de divisão etária dos usuários (25 a 
40 e 41 a 60) sendo os dois trechos predominantes nos setores 3 e 4, de 25 à 40 
anos, e 1 e 5, de 41 à 60 anos. O trecho 4, representado pela entrada do bairro à 
partir da Rua do Ouro mostra que os usuários são pautados em uma idade mais 
avançada. 
0 
1 
2 
3 
4 
5 
6 
7 
8 
9 
DE 25 A 40 ANOS DE 41 A 60 ANOS ACIMA DE 60 ANOS 
ÁREA 1 
ÁREA 3 
ÁREA 4 
ÁREA 5 
ÁREA 6 
Gráfico 1: Gráfico mostra idade média dos usuários entrevistados, em “y” número de usuários 
por área e em “x” intervalos de idade propostos. Essa media mostra que o bairro varia a 
dominância de acordo com a área, tendo a repetição de idade predominante quase escassa. 
Em termos de convivência na região ( 
Gráfico 2) todas as cinco áreas tem predominância ao menor tempo delineado, entre 
13 e 30 anos, mostrando uma temporalidade e contato com bairro pautado por 
relações a partir da década de 80, onde a região já havia sofrido processos de 
mudanças pela verticalização e pela conclusão da Avenida Afonso Pena até o Bairro 
Mangabeiras. Nesse momento, o bairro não mais constituía o único caminho 
possível de ligação a Serra do Curral, fato que o reforçava sua identidade dentro da 
cidade de Belo Horizonte.
72 
0 
1 
2 
3 
4 
5 
6 
7 
8 
9 
10 
13 A 30 
ANOS DE 
CONVÍVIO 
DE 31 A 45 
ANOS 
DE 45 A 60 
ANOS 
ACIMA DE 
60 ANOS 
ÁREA 1 
ÁREA 3 
ÁREA 4 
ÁREA 5 
ÁREA 6 
Gráfico 2: Tempo de convívio no Bairro Serra, em “y” é apresentado o número de usuários por 
região e em “x” é representado o tempo que eles convivem no Bairro Serra. Segundo o 
analisado em nenhum setor as pessoas convivem no bairro a mais de 60 anos e em todos os 
cinco setores há predominância do menor tempo de convívio possível. Apontando mudança 
populacional do bairro. 
Seguindo a pesquisa, foi questionado aos usuários qual era o tipo de relação que 
eles desenvolviam com o bairro (Gráfico 3), trabalho, moradia ou os dois. Por meio de 
tal indagação, buscou-se identificar o motivo da predominância do menor tempo de 
relação com a região. 
0 
1 
2 
3 
4 
5 
6 
7 
8 
9 
MORA TRABALHA MORA E 
TRABALHA 
ÁREA 1 
ÁREA 3 
ÁREA 4 
ÁREA 5 
ÁREA 6 
Gráfico 3: Gráfico com número de usuários que moram, trabalham ou fazem as duas 
atividades no bairro, em “y” é representado o número de cada usuário por área, em "x” é 
apresentado qual é o tipo de atividade realizada. As áreas 5 e 6 tem a maior concentração da 
combinação de usos do bairro.
Foi possível perceber que, mesmo não sendo predominante dentre os entrevistados em nenhuma das áreas, o número de pessoas que moram e trabalham no bairro é relevante em comparação às que somente trabalham ou somente residem. Esse fato só não é ocorrente na área 1, apontando um grau de ligação com o bairro que pode ser impactado pela característica comercial do perímetro. 
Dessa forma, analisando-se o bairro no comparativo idade x tempo de convivência x tipo de utilização, é possível perceber que, apesar de terem sido identificadas faixas etárias de ocupação variadas, o tempo de convívio da população no bairro é baixo, independente do tipo de ocupação dos usuários (residente ou trabalho) podendo afetar assim os processos de percepção temporal da região e de identificação das transformações sofridas pela mesma. 
2.3.4 – Percepção sobre a região 
Após identificação inicial do padrão de usuários do bairro, seguiu-se o questionamento buscando-se incentivar a reflexão sobre quais locais eles utilizam, sobre quais locais consideram movimentados na região e, principalmente, sobre as mudanças sofridas recentemente pelo bairro. Ao contrário da analise realizada no item 2.3.3, esse item contou com divisão do diagnóstico da pesquisa feita área a área, para que fosse possível analisar as especificidades detectadas em cada uma das regiões. 
Em termos de utilização do bairro (Tabela 1), foi possível identificar situações de similaridade em alguns dos termos utilizados. 
Para a primeira porção, os usuários mostraram não identificar ruas do bairro como áreas de utilização comum, sendo muitos dos locais citados utilizados pela mesma pessoa ou por pequeno grupo de pessoas. Nesta porção, a apropriação da rua é afetada, principalmente, pelo caráter da área, sendo a utilização baseada em critérios ligados a necessidade imediata do usuário e não no interesse de usufruir do espaço público.
74 
Dando sequencia a analise na mesma porção, pontos foram citados como utilizados predominantemente, sendo eles bares e farmácias. No caso dos bares não houve uma coincidência entre o nome do bar utilizado. No caso das farmácias, todos os usuários apontaram a Drogaria Araújo como principal drogaria da região, sendo lembrada por todas as pessoas que apontaram usar locais do bairro. 
A porção 1 foi a que apresentou maior número de usuários a não identificar nenhuma rua ou serviço do bairro como lugares de uso, tendo a resposta “eu só frequento meu trabalho” sido utilizada por dez dos quinze entrevistados na área. 
A área três apresenta maior utilização do bairro pelos entrevistados, ocorrendo somente duas respostas em que não havia locais de utilização, e com diversidade nas áreas citadas como de uso. Sendo os bares a porção predominante (cinco citações) e as farmácias e supermercados os que o seguem (três citações cada). 
Entre os bares houve destaque para citação do Boiadeiro, com duas citações, e o Bar do Salomão, também com duas citações. Além deles, foram incluídos na lista de bares utilizados o Bar do Baltazar e o Bar do Caçapa, com uma citação cada. Em termos de supermercado, todas as pessoas a indicar o item apontaram o Supermercado EPA como local de utilização. Para o item drogarias também houve unanimidade no local indicado, sendo ele a Drogaria Araujo, localizada na esquina de Rua Palmira e Rua do Ouro. 
Na área 4, ocorreu a identificação de ruas como locais de utilização, apesar de não serem destaque, sendo as Ruas Estevão Pinto (duas citações) e Rua do Ouro (uma citação) lembradas. Outra tipologia de destaque na região foi o de escola, sendo a Escola Estadual Dulce Pinto Rodrigues citada por três entrevistados. 
Também foram mencionados os bares – quatro vezes entre os entrevistados. Não ocorreu, no entanto, a lembrança de nenhum estabelecimento em especifico, sendo o item sempre mencionado no plural.
A área 5, área que representa transição entre bairro formal e aglomerado, apresenta a maior diversidade de utilizações entre os setores de divisão sugeridos, tendo sido nove os lugares lembrados entre os de uso por parte da população. 
O destaque do setor fica a cargo dos bares e da Praça Alípio Goulart, sendo ambos citados três vezes, a rua de mesma alcunha e o Clube Olímpico vem em seguida, com duas citações cada. 
Aqui, novamente, surgem a citação dos bares Boiadeiro, Caçapa e Salomão, sendo cada um lembrado pelo menos uma vez por parte dos usuários (2 vezes, 1 e 1, respectivamente). 
É importante ressaltar também o caráter recente da Praça Alípio Goulart, que tem, aproximadamente, um ano de execução e já é vista como local de apropriação por parte da população do bairro. 
Por fim, em termos de analise da utilização do bairro pelos usuários, temos a área 6, conformada pelas ruas que margeiam o aglomerado e pelo trecho do mesmo abordado para delimitação da área de pesquisa (Figura 9). Há dois locais que se igualam quanto a utilização por parte dos entrevistados, sendo eles o próprio aglomerado e a Rua Alípio Goulart (com quatro citações cada). 
Os outros dois setores com relevância em termos de citação são recorrentes de outras áreas já mencionadas, sendo eles a Praça Alípio Goulart e o Supermercado EPA (com três menções cada). 
Em termos de movimentação ( 
Tabela 2) o número de locais citados teve a inclusão de cinco novos pontos, sendo eles as Ruas Herval, Capivari, Palmira e Caraça, a Avenida Afonso Pena e os pontos de ônibus do bairro. 
Na área 1, houve destaque para citação da Avenida Afonso Pena, tendo sido mencionada sete vezes entre os entrevistados, seguida pelas menções à Drogaria Araújo, (5). Essas menções sugerem o caráter comercial e de serviço dessa camada
76 
do bairro, tendo as lembranças sido concentradas em locais de uso rápido e não em locais de estadia prolongada. 
A área 3 mostra-se mais diversificada em termos de locais citados como movimentados, tendo a Rua do Ouro sido apontada como a de maior movimento (cinco menções). Apesar do destaque houve também recordação de outros três pontos com relevância as menções, sendo eles a Rua Estevão Pinto, o Parque das Mangabeiras e as praças da região (visto que a população também considerava a Praça do Papa parte do bairro). Todos os três foram citados quatro vezes. 
Destaca-se também o número de menções às Ruas Alípio Goulart e Caraça, duas e três menções respectivamente. Esse detalhe é interessante principalmente pelo fato da Rua Alípio Goulart ter sido lembrada, já que ela possui considerável afastamento em relação à área demarcada como trecho três. Isso poderia ser justificado por menções realizadas por usuários que apontaram morar e trabalhar na região e foram entrevistados na área três, mas apenas um dos dois que afirmou morar e trabalhar indicou a rua como ponto movimentado. 
A área 4 volta a apontar a Rua do Ouro como local mais movimentado (cinco alusões), seguido pela Rua Estevão Pinto(quatro citações). Outros três pontos voltam a ser novamente citados, sendo eles os bares, aqui direcionados ao Bar do Salomão (com duas citações), a Rua Alípio Goulart (uma menção) e o Parque das Mangabeiras (uma menção) apontando seu caráter marcante no bairro. 
As Ruas do Ouro e Estevão Pinto incluem-se entre as mais características do bairro, sendo parte do traçado original e dos limites entre o Bairro Serra e o restante da cidade, compondo duas das três portas de entrada para a região pelo bairro formal, ficando a terceira a cargo da Avenida Bandeirantes. Há também a entrada para o bairro através do Bairro São Lucas pela Avenida Mem de Sá, próximo a Rua Alípio Goulart, mas essa tem seus limites baseados na inserção pelo aglomerado. 
Para área 5, a Rua Alípio Goulart assume o posto de local mais movimentado, com sete menções, seguida pela Rua do Ouro, com cinco, e pela Rua Capivari e Praça Alípio Goulart, com três citações cada. Na área houve também menções de destaque para Rua Estevão Pinto, para o Clube Olímpico e bares, com duas
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  • 1. OCENTRO UNIVERSITÁRIO METODISTA IZABELA HENDRIX CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO GUILHERME GOMES DA SILVA TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO - TFG LUGAR E IDENTIDADE CONFLITOS GERADOS PELA VALORIZAÇÃO DO ESPAÇO Belo Horizonte 2012
  • 2. 2 GUILHERME GOMES DA SILVA TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO - TFG LUGAR E IDENTIDADE CONFLITOS GERADOS PELA VALORIZAÇÃO DO ESPAÇO Trabalho Final de Graduação – TFG - apresentado ao curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix como requisito para a aprovação na disciplina. Orientador: José Júlio Vieira BELO HORIZONTE 2012
  • 3. Dedicatória A meu irmão Cláudio, pelo carinho e tempo jogando vídeo-game pra me ajudar a pensar, a minha irmã Claudia por fazer com que esse trabalho conseguisse existir e por me ensinar a nunca desistir dos meus sonhos, a minha mãe, Dalva, por se fazer presente até nos momentos que eu achei não ser mais capaz de escrever, aos meus amigos, em especial para Aline, Amanda, Fernando, Junior, Jeffersom e Warlley, por nunca me abandonarem e por me lembrarem do significado da expressão amizade.
  • 4. 4 Agradecimentos Agradeço a todos que colaboraram de alguma forma pra que esse trabalho viabiliza- se, em especial destaque para: O querido professor José Júlio que demonstrou ser mais que um mestre, ser um amigo, me orientando e mostrando ser possível e viável o presente trabalho acadêmico. Aos professores que me ensinaram durante todo curso e me mostraram que a Arquitetura deve começar a ser construída a partir dos sonhos. As professoras Karine Carneiro e Raquel Garcia que me ajudaram a dar os primeiros passos neste trabalho, definindo tema e finalizando a pré monografia. A toda equipe de funcionários do Instituto Metodista Izabela Hendrix, que com um simples bom dia me ajudavam a ter animo para mais um dia de estudos e compromissos. Enfim, agradeço a todos que de alguma forma tornaram possível que hoje eu atingi- se o ponto de finalizar essa pesquisa e acima de tudo me torna-se uma pessoa melhor.
  • 5. Resumo O presente projeto de pesquisa visa analisar os efeitos da valorização e dos conflitos sucedidos no espaço urbano do bairro Serra, a partir da perspectiva de seus lugares, territórios e territorialidades. Para tanto, são abordados conceitos desenvolvidos por autores que tratam dos referidos temas, bem como apresentados relatos da história do bairro, levantamentos de campo e análise do material coletado, com vistas à identificação dos lugares do bairro e dos fatores que influenciaram sua perda ou manutenção. Abstract This research project aims to analyze the effects of successful recovery and conflicts in the urban neighborhood of Serra, from the perspective of their places, territories and territoriality. For both, are discussed concepts developed by the authors dealing with these issues, as well as presented accounts of the history of the neighborhood, field surveys and analyze the collected data, in order to identify the places in the neighborhood and the factors that influenced their loss or maintenance.
  • 6. 6 IMAGENS IMAGEM 1: Ligação Rua Desembarcador Drumond com Avenida do Contorno. Trecho marcado por edificações de maior porte, mais que 15 pavimentos, e com uso predominantemente diurno. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes ..................................................................................................... 40 IMAGEM 2: Esquina Rua Desembargador Drumond e Avenida do Contorno. Edificação modificada para atender a demandas comerciais. Foto dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes. ............................................................................... 41 IMAGEM 3: Vista da Avenida do Contorno, próximo a Rua Estevão Pinto, a altura das edificações nesse trecho é destoante de praticamente todo o resto do bairro, onde as edificações costumam ter até 15 pavimentos. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes ........................................................................... 41 IMAGEM 4: Exemplo da diferenciação da altimetria das edificações deste entorno, Prédio Lifecenter. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes .................................................................................................................................. 42 IMAGEM 5: Esquina de Capivari e Capelinha, edificação com uso misto, em que o primeiro pavimento funciona como galeria de pequenos comércios. Foto tirada no dia 18/08/2012 às 16hrs. Autor: Guilherme Gomes .................................................. 43 IMAGEM 6: Edificação, no entroncamento de Rua Capivari e Rua Herval, em que o uso misto é dado em salas comerciais e restaurante. Foto tirada no dia 18/08/2012 às 17hrs. Autor: Guilherme Gomes ........................................................................... 43 IMAGEM 7: Esquina conformada por Rua do Ouro, Rua Palmira e Rua Amapa, ponto em que é comum o uso do primeiro pavimento para comércios. Aqui vale ressaltar a presença do Bar do Salomão, ponto de destaque em uso pelos usuários do bairro, principalmente em dias de jogos de futebol. Foto tirada no dia 18/08/2012 às 17hrs. Autor: Guilherme Gomes. .......................................................................... 44 IMAGEM 8: Casa localizada na Rua do Ouro, novamente o primeiro andar é utilizado como comercio. A presença de edificações de ocupação pretérita do bairro é notada inclusive ligação da edificação com a rua, sem contar com afastamento. Foto tirada no dia 18/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes. ............................................ 44 IMAGEM 9: Rua do Ouro 187. Seguindo a configuração de uso misto com a mesma colada a divisa frontal. Foto tirada no dia 18/08/2012 às 17:30hrs. Autor: Guilherme Gomes ....................................................................................................................... 45
  • 7. IMAGEM 10: Rua Estevão Pinto esquina com Monte Alegre a tonalidade de cor funciona como um dos divisores entre comércio e moradia. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes ........................................................ 45 IMAGEM 11: Rua Estevão Pinto esquina com Monte Alegre. O uso de cores pra diferenciação não é utilizado, mas a presença de platibanda gera o dialogo de época entre as duas edificações de esquina. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes ..................................................................................................... 46 IMAGEM 12: Rua Monte Alegre, a utilização de casas para comercio é comum na faixa de via apresentada. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes ....................................................................................................................... 46 IMAGEM 13: Rua Capelinha, sentido Rua Sacramento, apesar de não fazerem parte da atual verticalização do bairro o trecho já é marcado por prédios com, no mínimo, cinco pavimentos. Foto tirada no dia 18/08/2012 às 17hrs. Autor: Guilherme Gomes .................................................................................................................................. 47 IMAGEM 14: Rua Capivari esquina com Capelinha. Na imagem, lado esquerdo, já é possível observar uma das edificações que fazem parte do novo processo de verticalização. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes .... 47 IMAGEM 15: Rua Níquel, à esquerda tapume da Aguimar marcando mais um local com edificação que terá uso multifamiliar. Na rua já é possível observar o efeito da verticalização, visto que a mesma não possui presença de usuários na rua, sendo a mesma utilizada como estacionamento de carros. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes ................................................................................ 48 IMAGEM 16: Rua Henrique Passini nº720. Edificação que também faz parte do novo processo de verticalização do bairro. Foto tirada no dia 21/08/2012 às 16hrs. Autor: Guilherme Gomes. .................................................................................................... 48 IMAGEM 17: Rua Caraça nº 777, trecho próximo ao ponto final do ônibus 2102. A ocupação da rua nesse espaço é dada tanto pelos usuários do ônibus, quanto por pessoas que utilizam os pequenos comércios que são mantidos lindeiros a Rua Caraça. Foto tirada no dia 21/08/2012 às 16hrs. Autor: Guilherme Gomes. ............. 49 IMAGEM 18: Rua Caraça, final dos ônibus 2102, 9106 e 8150. Edificações de baixo porte e próximas a entrada do Parque das Mangabeiras. Foto tirada no dia 21/08/2012 às 16hrs. Autor: Guilherme Gomes. ....................................................... 50 IMAGEM 19: Esquina de Rua Caraça e Rua Serranos. Foto tirada no dia 21/08/2012 às 17hrs. Autor: Guilherme Gomes. .......................................................................... 50
  • 8. 8 IMAGEM 20: Rua Caraça. Apesar do afastamento em relação a rua o uso de grade e vegetação ainda trazem a ligação entre rua e residência. Foto tirada no dia 21/08/2012 às 16hrs. Autor: Guilherme Gomes. ....................................................... 51 IMAGEM 21: Avenida do Contorno, esquina com Desembargador Drumond, nº 4631. Uma das edificações que compõem a área que marcam essa verticalização de alto gabarito da região. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes .................................................................................................................................. 53 IMAGEM 22: Vista geral da Avenida do Contorno, sentido Avenida Getúlio Vargas, prédios com características semelhantes ao estreitamento e verticalização acentuada. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes ......... 53 IMAGEM 23: Rua Estevão Pinto, a tendência de estreitamento também faz-se presente no trecho, mas em menor medida que na Avenida do Contorno. Outro ponto importante é a maior presença de arborização na área. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme ..................................................................... 54 IMAGEM 24: Rua Alumínio, esquina com Rua Estevão Pinto. Rua que também é marcada por presença de edificações extremamente verticalizadas e com muros que tornam-nas voltadas para seu interior sem ligação com a rua. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes ........................................................ 54 IMAGEM 25: Vista da Rua Luz a partir da Rua Estevão Pinto, apesar de isolada a edificação ultrapassa os 15 pavimentos comuns a área do Bairro Serra. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes ............................................. 55 IMAGEM 26: Esquina de Rua Estavão Pinto e Rua Alumínio. Primeira edificação da serie que compõem a verticalização da área. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes ........................................................................................... 55 IMAGEM 27: Rua Caraça, esquina com Rua Estevão Pinto. Em primeiro plano edificação de pequeno porte que é cercada por zona de verticalização. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 16hrs. Autor: Guilherme Gomes ............................................. 56 IMAGEM 28: Rua Palmira, esquina com Rua do Ouro. Apesar de ter uso multifamiliar e tendência a verticalização, o gabarito das edificações é mais suave. Foto tirada no dia 21/08/2012 às 16hrs. Autor: Guilherme Gomes .................................................. 56 IMAGEM 29: Rua Capivari, esquina com Ruas Capelinha e Amapá. Apesar da verticalização, o gabarito das construções é menor em relação as que ocorrem em torno da Avenida Estevão Pinto. Foto tirada no dia 21/08/2012 às 16hrs. Autor: Guilherme Gomes ..................................................................................................... 57
  • 9. IMAGEM 30: Rua Capivari, esquina com Oriente. Novamente a verticalização é feita, mas com porte menor das edificações. Foto tirada no dia 21/08/2012 às 16hrs. Autor: Guilherme Gomes ........................................................................................... 57 IMAGEM 31: Rua Oriente, ainda com traços da primeira verticalização do bairro, decada de 50 e 60, a relação de proporção não é tão marcante quanto em outras regiões do bairro. Foto tirada no dia 21/08/2012 às 16hrs. Autor: Guilherme Gomes .................................................................................................................................. 58 IMAGEM 32: Rua Capivari. A presença da verticalização faz-se presente, mas com gabarito que permite uma leitura pelo pedestre sem a necessidade de inclinar demais a cabeça, como ocorre nas proximidades da Rua Estevão Pinto principalmente na ligação com rua Alumín ................................................................ 58 IMAGEM 33: Ocupação aglomerado. Com exceção a edificação da prefeitura para o programa Vila Viva as casas constituem-se em dois ou três pavimentos. Foto tirada no dia 23/08/2012 às 12hrs. Autor: Guilherme Gomes ............................................. 59 IMAGEM 34: Ocupação favela, próximo a comunidade da Igrejinha. Foto tirada no dia 21/08/2012 às 16hrs. Autor: Guilherme Gomes .................................................. 59 IMAGEM 35: Ocupação próxima a Avenida Mendes Sá. A construção em vermelho marca a inserção de uma UMEI na região. Foto tirada no dia 21/08/2012 às 16hrs. Autor: Guilherme Gomes ........................................................................................... 60 IMAGEM 36: Rua Capivari, próximo a esquina com a Rua Oriente. O mesmo imóvel funciona como conserto de móveis e roubas (entrada na esquina). Foto tirada no dia 18/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes ........................................................ 62 IMAGEM 37: Rua Itapemerim, esquina com Rua Capivari. A Padaria Gênova é uma das responsáveis pela movimentação diurna no local. Foto tirada no dia 18/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes ........................................................................... 63 IMAGEM 38: Padaria Santíssimo Pão, influência diretamente o fluxo de pessoas na região. Foto tirada no dia 18/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes ............... 63 IMAGEM 39: Rua do Ouro. Apesar da proximidade a região do bar do Salomão a região conta com pouca utilização na sua parte residencial. Foto tirada no dia 18/08/2012 às 16hrs. Autor: Guilherme Gomes ........................................................ 64 IMAGEM 40: A Auto Escola Cesinha tem seu horário de funcionamento iniciado a partir das 16hrs, o que garante o uso da região também durante a noite garantindo segurança a área. Foto tirada no dia 18/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes .................................................................................................................................. 65
  • 10. 10 IMAGEM 41: Rua Capivari nº 429, o uso do espaço é dado principalmente por clientes da loja de roupa e do salão de beleza. Dessa forma a maioria das pessoas que se utilizam do local são mulheres. Foto tirada no dia 18/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes ..................................................................................................... 65 IMAGEM 42: Rua Caraça, próximo à entrada do Parque das Mangabeiras. A ocupação do espaço público pelo pedestre já é perceptível. Foto tirada no dia 18/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes ........................................................ 66 IMAGEM 43: Rua do Ouro, foto tirada a partir da esquina com Rua Capivari, aqui o número de carros na rua já é mais marcante que o número de pedestres. Foto tirada no dia 17/08/2012 às 18hrs. Autor: Guilherme Gomes. ............................................ 94 IMAGEM 44: Rua do Ouro, proximo a esquina com Rua Caraça. Ponto marcado por movimentação associado a característica comercial da área. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes ........................................................ 94 IMAGEM 45: Rua do Ouro, esquina com Caraça. Ponto onde se localiza o Fotos Mendes, responsável, juntamente com as demais lojas do trecho, pelo movimento da região. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes .......... 95 IMAGEM 46: Rua Caraça, esquina com Rua do Ouro. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes ........................................................................... 95 IMAGEM 47: Rua Caraça, a partir da esquina com Rua do Ouro. Ponto onde ocorre movimento e utilização da rua pela proximidade entre comerciantes e moradores da área. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes .................. 96 IMAGEM 48: Rua Estevão Pinto, próximo a Rua Caraça, o comércio tradicional garante o movimento e uso da rua. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes ..................................................................................................... 96 IMAGEM 49: Esquina de Rua Estevão Pinto e Caraça, ponto com destaque para movimentação ligada ao comercio. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes ..................................................................................................... 97 IMAGEM 50: Rua Estevão Pinto, esquina com Caraça. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes ........................................................................... 97 IMAGEM 51: Prédio localizado na Rua Capivari, a tipologia construtiva é marca do novo processo de verticalização do bairro. Foto tirada no dia 18/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes. ........................................................................................ 102
  • 11. IMAGEM 52: Prédio localizado na Rua Capivari, próximo a esquina com a Rua Capelinha, mesma tipologia construtiva de prédio na região. Foto tirada no dia 18/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes. ..................................................... 102 IMAGEM 53: Rua Caraça, esquina com Rua Serranos, nesse ponto a leitura pelo pedestre é dificultada pela altimetria da edificação. Foto tirada no dia 19/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes. ............................................................................. 103 IMAGEM 54: Rua Capivari, próximo a esquina com Rua Angustura, o muro fechado não permite a visualização pelo pedestre, dificultando a identidade do mesmo com a edificação. Foto tirada no dia 18/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes. ...... 107 IMAGEM 55: Rua Capelinha, esquina com Rua Capivari, o muro torna o ambiente privado fechado ao contato com o espaço público. Mantêm-se a ideia de segurança por dispositivos de inibição não pela proteção do proprio pedestre. Foto tirada no dia 18/08/2012 às 15hrs. ............................................................................................... 107 IMAGEM 56: Rua Capelinha, o número de fachadas fechadas para o contato com a rua tornam o ambiente pouco atrativo ao caminhar pelo pedestre. Foto tirada no dia 18/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes. ..................................................... 108 IMAGEM 57: Rua Capivari, esquina com Rua Angustura, apesar da presença da grade, a permeabilidade do elemento permite o contato entre o pedestre e o interior da edificação. Foto tirada no dia 18/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes. . 108 IMAGEM 58: Rua Serranos, esquina com Rua Caraça, a edificação conta com três elementos que conformam a separação entre espaço público e espaço privado (muro em alvenaria, gradil e vegetação). Essa combinação torna o ambiente ainda permeável a visualização pelo pedestre. Foto tirada no dia 19/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes. ........................................................................................ 109 IMAGEM 59: Rua Estevão Pinto, nº313, a mescla de tipos de fechamento pode configurar-se como bom partido para execução da transição, possibilitando o contato e ainda mantendo a descrição do privado. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes. ........................................................................................ 110 IMAGEM 60: Bar do Salomão, primeiro ponto identifica do com características de lugar. Foto tirada no dia 18/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes. .............. 111 IMAGEM 61: Rua do Ouro, esquina com Rua Palmira, ponto com característica de lugar pelo comércio desenvolvido no local. Foto tirada no dia 18/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes. ........................................................................................ 111
  • 12. 12 IMAGEM 62: Rua Estevão Pinto, ponto com características que o permitem a aplicação do conceito de lugar pelo caráter local do comércio. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes. ..................................................... 112 IMAGEM 63: Bar Boiadeiro, entroncamento das Ruas Palmira, Niquel e Desembargador Mário Matos, a foto mostra um horário em que o comercio encontra- se fechado, evidenciando a queda do movimento na região. Foto tirada no dia 18/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes. ..................................................... 112 IMAGEM 64: Trecho na esquina de Rua Caraça e Rua Estevão Pinto, primeiro ponto indicado para fechamento. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes. .................................................................................................................... 114 IMAGEM 65: Rua do Ouro, esquina com Palmira, segundo ponto indicado para fechamento. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes. .... 114 IMAGEM 66: Vista do segundo trecho a partir da Rua do Ouro. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes. ..................................................... 115 IMAGEM 67: Trecho de fechamento na esquina de Rua Estevão Pinto e Rua Monte Alegre, é indicado o fechamento até a esquina com a Rua Alumínio e com a Avenida do Contorno. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes. ... 115 IMAGEM 68: Rua Níquel, esquina com Capivari, serie de quatro casas foram derrubas para dar lugar a empreendimento vertical. Foto tirada no dia 18/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes. ............................................................................. 119 IMAGEM 69: Vista do mesmo empreendimento a partir da Rua Capivari. Foto tirada no dia 18/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes. .......................................... 119 IMAGEM 70: Rua Capivari, prédio localizado em frente ao empreendimento da Agmar. Foto tirada no dia 18/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes. ............ 119 IMAGEM 71: Empreendimento localizado na Rua Herval, esquina com Rua Joanésia. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes. ........ 120
  • 13. FIGURAS FIGURA 1: Diagrama com etapas previstas para realização do trabalho. ....... 31 FIGURA 2: Planta cadastral de Belo Horizonte de 1898, marcado em vermelho a primeira conformação do Bairro Serra. ............................................................ 34 FIGURA 3: Ocupação do aglomerado na década de 50, a menor mancha representa a ocupação que deu lugar ao Minas Tênis Clube, a mancha média representa a Favela do Pendura Saia e a terceira e maior mancha representa a favela da Serra. FONTE: Cadernos de Arquitetura e Urbanismo. 1999 ed. PUC Minas, Belo Horizonte. p. 71. ............................................................................................... 35 FIGURA 4: Ocupação pelo aglomerado, ao final do estudo de Manoel Teixeira. Nele a menor ocupação da Figura 2 já havia dado lugar ao Minas Tênis Clube e a favela do Pendura Saia já havia praticamente desaparecido, restando apenas três pequenas manchas da antiga ocupação. Em contra partida a mancha conformada pela Favela da Serra aumenta de proporção, tornando-se uma das ligações do bairro com o Bairro São Lucas. FONTE: Cadernos de Arquitetura e Urbanismo. 1999 ed. PUC Minas, Belo Horizonte. p. 71. ............................................................. 36 FIGURA 5: Ocupação recente do aglomerado. Atualmente a área é maior do que a representada por Manoel Teixeira, mas concentra-se em somente um local, formando conurbação do bairro e o Bairro São Lucas. .................................... 37 FIGURA 6: Em vermelho área de intervenção, Bairro Serra. Fonte: Google Mapas. ......................................................................................................................... 40 FIGURA 7: Em vermelho, edificações com uso predominantemente comercial. Em laranja, edificações com uso predominantemente misto. Em azul, uso predominantemente residencial multifamiliar. Em magenta, uso predominantemente residencial unifamiliar. FONTE: Google Maps. ................................................. 51 FIGURA 8: Em vermelho, construções acima de 15 pavimentos. Em amarelo, construções até 15 metros de altura. Em laranja, ocupação irregular, zona do aglomerado da Vila Cafezal. Fonte: Google Maps. .......................................... 52 FIGURA 9: Em roxo, ocupação aglomerado. Em laranja, ocupação mista, com maior peso para ocupação residencial. Em verde, zona de uso residencial. Em Marrom uso misto, com predominância comercial, grande rotatividade de pessoas durante o dia, horário de uso ligado muito ao comercio, pouca atividade quando esse termina seu
  • 14. 14 expediente. Em vermelho, Minas Tênis Clube. Em magenta, ocupação com características comerciais. FONTE: Google Earth. .......................................... 61
  • 15. GRÁFICOS GRÁFICO 1: Gráfico mostra idade média dos usuários entrevistados, em “y” número de usuários por área e em “x” intervalos de idade propostos. Essa media mostra que o bairro varia a dominância de acordo com a área, tendo a repetição de idade predominante quase escassa. .......................................................................... 71 GRÁFICO 2: Tempo de convívio no Bairro Serra, em “y” é apresentado o número de usuários por região e em “x” é representado o tempo que eles convivem no Bairro Serra. Segundo o analisado em nenhum setor as pessoas convivem no bairro a mais de 60 anos e em todos os cinco setores há predominância do menor tempo de convívio possível. Apontando mudança populacional do bairro. ...................... 72 GRÁFICO 3: Gráfico com número de usuários que moram, trabalham ou fazem as duas atividades no bairro, em “y” é representado o número de cada usuário por área, em "x” é apresentado qual é o tipo de atividade realizada. As áreas 5 e 6 tem a maior concentração da combinação de usos do bairro. ................................... 72
  • 16. 16 TABELAS TABELA 1: Locais mais utilizados pelos questionados. Na tabela faz-se o diagnóstico através das atividades mais citadas pelos entrevistados e número de usuários a citá-las por área. ........................................................................... 123 TABELA 2: Locais mais movimentados do Bairro Serra. Vale ressaltar a variedade de áreas que apontam as Ruas Alípio Goulart, Rua Estevão Pinto e Rua do Ouro como movimentadas. ..................................................................................... 124 TABELA 3: Mudanças no Bairro Serra. vale ressaltar o caráter de destaque que a verticalização tem como ponto de observação pela população. .................... 125 TABELA 4: Pontos de referência do Bairro Serra. Destaque para o número de citações do Hospital Evangélico como Ponto de Referência. ........................ 126 TABELA 5: Pontos de referência do Bairro Serra. Destaque para o número de citações do Hospital Evangélico como Ponto de Referência. ........................ 127 TABELA 6: Pontos de referência do Bairro Serra. Destaque para o número de citações do Hospital Evangélico como Ponto de Referência. ........................ 128 TABELA 7: Pontos de referência do Bairro Serra. Destaque para o número de citações do Hospital Evangélico como Ponto de Referência. ........................ 129 TABELA 8: Pontos de referência que apareceram. Destaque para as nove citações da Praça do Cardoso e para as 13 e 12 (área 1 e 5) do não aparecimento de pontos de referência. ................................................................................................. 130 TABELA 9: Pontos de referência que desapareceram. Destaque para o grande número de vezes a ser citado a não recordação de desaparecimentos. ....... 131 TABELA 10: Pontos de referência que desapareceram. Destaque para o grande número de vezes a ser citado a não recordação de desaparecimentos. ....... 132 TABELA 11: Pontos de referência que desapareceram. Destaque para o grande número de vezes a ser citado a não recordação de desaparecimentos. ....... 133
  • 17. SUMÁRIO Dedicatória .................................................................................................................. 3 Agradecimentos .......................................................................................................... 4 Resumo ....................................................................................................................... 5 Abstract ....................................................................................................................... 5 IMAGENS .................................................................................................................... 6 FIGURAS .................................................................................................................. 13 GRÁFICOS ................................................................................................................ 15 TABELAS .................................................................................................................. 16 SUMÁRIO .................................................................................................................. 17 1 - APRESENTAÇÃO DO TRABALHO ..................................................................... 19 1.1 - Introdução ...................................................................................................... 19 1.2 - Problema ....................................................................................................... 21 1.3 - Objetivos ........................................................................................................ 23 1.3.1 – Objetivo geral ............................................................................................. 23 1.3.2 – Objetivos específicos ................................................................................. 23 1.4 - Justificativa .................................................................................................... 24 1.6 - Metodologia ................................................................................................... 29 1.7 - Cronograma ................................................................................................... 32 2 – DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO .............................................................. 33 2.1 – Histórico ........................................................................................................... 33 2.1.1 – Histórico do bairro Serra ............................................................................ 33 2.1.2 – Abordagem da história e do lugar segundo Manoel Teixeira de Azevedo Junior ..................................................................................................................... 37 2.2 – Diagnóstico ....................................................................................................... 39 2.2.1 – Área de estudo .......................................................................................... 39 2.2.2 Usos do solo ................................................................................................. 40 2.2.3 – Altimetria das edificações .......................................................................... 52 2.2.4 – Apropriação diurna ..................................................................................... 60 2.3 – Percepções da comunidade sobre o bairro Serra ............................................ 68 2.3.1 – Metodologia de pesquisa ........................................................................... 68 2.3.2 – Questionário para obtenção dos lugares de destaque ............................... 69
  • 18. 18 2.3.3 – Caracterização dos usuários por idade, tipo de atividade e tempo de relação com o bairro .............................................................................................. 71 2.3.4 – Percepção sobre a região .......................................................................... 73 2.3.5 – Percepção quanto aos pontos de referência ............................................. 80 2.3.6 – Conclusão a cerca das entrevistas ............................................................ 85 2.3.7 – Análise dos lugares do bairro segundo definição de Ana Fani Carlos ....... 87 2.3.8 – Analise dos motivos de manutenção/ perdas dos lugares do bairro Serra 91 3 – CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 104 3.1 – Diretrizes para intervenção no bairro Serra ................................................ 104 3.1.1 – Primeira Diretriz – Valorização da relação das esquinas como espaço de convivência e identidade ..................................................................................... 104 3.1.2 – Segunda diretriz – Desenvolvimento de tipologias e soluções projetuais que valorizem uma melhor relação entre espaço público e espaço privado ........ 105 3.1.3 – Terceira diretriz – Inventário dos locais comerciais de destaque no bairro Serra .................................................................................................................... 111 3.1.4 – Quarta diretriz – Estimular atividades que aconteçam no espaço público ............................................................................................................................. 113 3.1.5 – Quinta diretriz – Realização de inventário das edificações de interesse de preservação no bairro Serra, com vistas á posterior definição de conjunto urbano. ............................................................................................................................. 118 ANEXOS ................................................................................................................. 123 TABELAS COM ANALISE DOS QUESTIONÁRIOS ............................................ 123 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 134
  • 19. 1 - APRESENTAÇÃO DO TRABALHO 1.1 - Introdução O presente trabalho objetiva problematizar as formas como o crescimento urbano e as políticas formadoras da cidade influenciaram os lugares, segundo definição de Ana Fani Carlos (1996), conformados no bairro Serra, identificados através de entrevistas com moradores e usuários da região. Para tanto, busca-se discutir como as mudanças recentes na conformação do espaço do bairro, decorrentes do trabalho de diversos agentes – com destaque para as formas como o mercado (entendido como a disputa por pontos de venda ou ações do âmbito das políticas urbanas (CORRÊA,2002) de Belo Horizonte) e o Poder Público influenciam a dinâmica de formação do espaço, as territorialidades e os lugares que caracterizam determinada área. O espaço, segundo Lefebvre, “está além de uma simples análise econômica, pois deriva das formas de relação entre indivíduos, sendo ele maior do que a análise de coleção de objetos, coisas e mercadorias, definindo-se assim pelo desenvolvimento das atividades do cotidiano na forma dinâmica de corelações entre as pessoas” (LEVEBVRE, 2008, p.35). A abordagem de espaço apresentada por Lefebvre conduz à busca pela definição do segundo termo de importância para a pesquisa, o lugar. Sendo assim, o lugar é definido de acordo com a teoria de Ana Fani Alessandri Carlos (1996), como, essencialmente, “a base de relação da vida de determinado individuo”. Portanto, o lugar seria o âmbito representado pela cotidianidade, sejam as coisas rotineiras ou as acidentais, e na forma de apropriação que o individuo faz do espaço. O ponto de partida do presente trabalho é a relação de identidade desenvolvida entre a população e um determinado lugar, aqui assinalada pelo Bairro Serra. Propõe-se a realização de análises acerca das discussões inerentes a essa territorialidade que se permeia no que é lembrado e sentido no cotidiano dos moradores da região. Nesse sentido, faz-se necessário entender que “os territórios são construídos, e desconstruídos, dentro de variadas escalas temporais: séculos,
  • 20. 20 décadas, anos, meses ou dias; podendo ter como característica ser permanentes, mas também podem ter uma existência efêmera, periódica ou cíclica” (SOUZA, 2005, p. 85). Pretende-se trabalhar um viés ligado a história e identidade que determinado grupo social cria com um local. Essa territorialidade, entendidos os territórios como os espaços ligados primariamente às relações projetadas no espaço antes mesmo que sejam espaços concretos (SOUZA, 2005) será base para o desenvolvimento da pesquisa. Assim sendo, “a história tem uma dimensão social que emerge do cotidiano das pessoas, no modo de vida, no relacionamento com o outro, entre estes e o lugar, no uso” (CARLOS, 1996, p.19). A investigação da permanência ou perda dos lugares no cotidiano atual do bairro, bem como de suas causas, constitui o escopo do presente trabalho.
  • 21. 1.2 - Problema A busca pela compreensão dos aspectos relacionados a um determinado tema passa pela identificação de uma amplitude de ramificações relacionada ao foco principal. A modificação do espaço e como essa reflete, frequentemente, em situações de conflito – sejam elas decorrentes da falta de interesse dos usuários tradicionais do bairro pelo novo espaço conformado, da expulsão causada por um critério anterior, a valorização do local aonde a pessoa realiza suas atividades – é a base que norteia a interdisciplinaridade associada ao Urbanismo. Esta valorização dos imóveis de uma determinada área frequentemente relaciona-se à atuação do mercado, principalmente a de adquirir lotes ou casas para construção de um empreendimento de grande porte por imobiliárias, sendo o grupo denominado “promotores imobiliários” (CORRÊA, 2002). Isso pode ocasionar uma expulsão, mesmo que indiretamente, dos usuários comuns à área, seja pela falta de condições de adquirir esse novo bem, ou pelo simples desinteresse na ambiência criada, seja pela saída das pessoas que se utilizavam de determinado comércio tradicional do bairro. É importante ressaltar que o impacto causado pelos empreendimentos imobiliários afeta, em muito, as formas de ocupação do espaço público, visto que mudanças relacionadas à quantidade de tráfego, à falta de ligação e identificação dos novos usuários com o local e ao tamanho dos empreendimentos, prejudica a leitura do nível do usuário realizada tanto pelos pedestres quanto pelos motoristas (mesmo que seja, a segunda, uma leitura mais dinâmica e superficial do espaço) (JUNIOR, 1999, p.85) perdidas na paisagem geral, além das condições de habitabilidade das edificações já existentes de menor porte, notadamente no que diz respeito à ventilação e à insolação. O poder público é, segundo Corrêa (2002), um dos agentes conformadores do espaço, uma vez que frequentemente é responsável por políticas que buscam requalificar ou preservar uma determinada área. Por vezes, tais políticas acabam por elevar os custos de permanência num determinado espaço, de modo a ocasionar a
  • 22. 22 expulsão de seus moradores ou usuários. Nesse sentido, o trabalho inclui a leitura da atuação do Município no processo evolutivo do bairro. A busca, em resumo, é pela compreensão da influência das recentes mudanças ocorridas no bairro nos conflitos de apropriação, em situações de relevância entre usuários e personagens de destaque do Serra, em ações de uso do espaço público, para além das atividades de rotina, e, em menor escala, na identificação espacial característica do Bairro, podendo ter este conflitos ligações com o interesse público ou com o interesse privado.
  • 23. 1.3 - Objetivos 1.3.1 – Objetivo geral Analisar a influência gerada pelas transformações urbanas recentes na perda ou manutenção dos lugares conformados no bairro Serra 1.3.2 – Objetivos específicos - Analisar história de formação e transformações do Bairro Serra; - Identificar os lugares do bairro, segundo conceito de Ana Fani Carlos; - Analisar se o lugar ainda se mantêm, se ele perdeu relevância e se outro lugar surgiu para substituí-lo. - Analisar os fatores que influenciam, direta ou indiretamente, nessa perda ou manutenção.
  • 24. 24 1.4 - Justificativa As escolhas baseiam-se numa busca de compreensão do que ocorre nas grandes metrópoles, em específico em Belo Horizonte, o crescimento e transformações que causam a perda dos lugares que caracterizam uma dada região, aqui assinalada pelo Bairro da Serra. O grande acervo bibliográfico acerca do tema, mesmo que em áreas diferentes – ainda que próximas da arquitetura –, como os autores já citados e outros (Pierre George, Michel Foucault dentre outros), a proximidade e ligação desenvolvidas com o bairro, gerando conhecimento suficiente de pessoas que são importantes para a história local (como o Senhor Melo, da mercearia, ou a vendedora de frutas da esquina, Senhora Ilma, e a disponibilidade de tempo para realizar a pesquisa) conduziram à escolha do tema e do local. Questões de conflitos urbanos são documentadas desde a Grécia antiga, onde nem todos eram considerados cidadãos (esse já sendo um conflito de gênero). O tema busca entender em sua essência os locais que tornam-se pontos de encontro e convívio dentro de uma dada região e como esses são influenciados por questões relativas a valorização do espaço e a perda de identidade entre usuários e o local. Entendê-los conduz a considerar um tema que segue rumo ao que Henri Lefebvre denomina de “mitos de época”1, em que questionar-se-á e embasar-se-á para buscar as unidades significantes de uma determinada região. O Bairro Serra passa por processo de redefinição dos locais que podem receber o conceito de lugar, com significativa perda da identidade entre usuários e bairro2. Nesse sentido, o presente trabalho visa identificar o processo pelo qual o bairro passa com definição dos locais que se mantém no bairro. Apontando o motivo da manutenção e identificando os locais que se perderam, com apontamento dos motivos que geraram tal fato. 1 Sobre o tema ver LEFEBVRE, H., A revolução urbana, Belo Horizonte, UFMG, 1999. 2 Sobre esse ponto ler o diagnostico realizado sobre as entrevistas com os usuários, que segue o trabalho.
  • 25. O presente trabalho também busca servir como base de pesquisa para discussões acerca dos conflitos ocasionados pela atuação do mercado imobiliário em áreas de ocupação tradicional. Além disso, pretende-se que o mesmo sirva de referência para futuras ações de planejamento para a área, inclusive de revisão da legislação válida para o bairro e para estudos que busquem inventariar e preservar o patrimônio imaterial levantado nesse estudo. Sendo assim, justifica-se o problema e a escolha na tentativa de entender algo que é contemporâneo. A forma que determinado lugar, aqui entendido como o espaço gerado pelo que é vivido e pelas relações do individuo com a área, podem ser influenciados pelos conflitos gerados pelas questões políticas/privadas de conduzir a cidade, em termos de moradia e valorização do espaço – bem como nos possíveis benefícios para o desenvolvimento de propostas de planejamento para a área que o estudo deverá fornecer.
  • 26. 26 1.5 – Referencial teórico Este capítulo trata das referências que servem de ponto de partida para o desenvolvimento do presente trabalho. A seguir, são apresentados definições e conceitos de autores que trataram sobre o tema, bem como sua forma de contribuição para o desenvolvimento do estudo. Para definição de espaço, a referência é a obra de Henri Lefebvre, contida no trecho a seguir: Não se pode dizer que o espaço seja um produto como um outro, objeto ou soma de objetos, coisa ou coleção de coisas, mercadoria ou conjunto de mercadorias. Não se pode dizer que se trata simplesmente de um instrumento, o mais importante dos instrumentos, o pré suposto de toda produção e de toda troca. O espaço estaria essencialmente ligado à reprodução das relações (sociais) de produção (LEFEBVRE, 2008, p.48). Este conceito torna possível elucidar a forma em que se busca identificar o mercado enquanto agente transformador de espaço, sendo ele co-responsável (juntamente com outros fatores) pela mudança no espaço arquitetônico e urbanístico. Outro conceito importante para definição de espaço é a cedido por Roberto Lobato Corrêa, sobre os agentes formadores do espaço urbano. Segundo Corrêa (2002), o espaço é formado por 5 agentes principais, os proprietários dos meios de produção, os proprietários fundiários, os promotores imobiliários, o Estado e os grupos sociais excluídos (CORRÊA, 2002, p.12). Esse conceito de agentes formadores faz-se importante para o projeto de pesquisa para melhor esclarecimento de uma abordagem dos que seriam responsáveis pela forma que o espaço urbano toma desde seu planejamento até sua apropriação. Segundo Milton Santos o espaço ainda pode ser entendido como algo mútuo e associado, dessa forma: O espaço é formado por um conjunto indissociável, solidário e também contraditório, de sistema de objetos e sistemas de ações, não considerados isoladamente, mas como o quadro único no qual a história se dá (SANTOS, 2009, p.62).
  • 27. Abordando o conceito de território, pretende-se discutir com a noção cedida por Marcelo José Lopes de Souza. É interessante ressaltar uma das possíveis noções de territorialidade contidas no artigo do professor para o livro Geografia: conceitos e temas, aonde o termo é definido da seguinte forma: Outra forma de se abordar a temática da territorialidade, mais abrangente e crítica, pressupõem não propriamente um deslocamento entre as dimensões política e cultural da sociedade, mas uma flexibilização da visão do que seja território. Aqui, o território será um campo de forças, uma teia ou rede de relações sociais que, a par de sua complexidade interna, define, ao mesmo tempo, um limite, uma alteridade: a diferença entre “nós” (o grupo, os membros da coletividade ou “comunidade”, os insiders) e os “outros” (os de fora, os estranhos, os outsiders) (SOUZA, 2009, p.86). Outro autor a tratar sobre o conceito de território, também na obra Geografia: conceitos e temas é Rogério Haesbaert. Sua contribuição para o artigo em desenvolvimento está na sua abordagem de território através da tríade “territorialização, desterritorialização e reterritorialização” (HAESBAERT, 2009, p.169). Para o estudo são relevantes, principalmente, os conceitos de reterritorialização e desterritorialização, que podem estar ligados ou ocorrer em um mesmo momento no mesmo território, sendo originados de diferentes fatores, como velocidade de alterações da informação ou por agentes políticos (HAESBAERT, 2009). Por fim, reforça-se aqui já apresentado conceito de lugar de Ana Fani Alessandri Carlos (1996), referência chave para o desenvolvimento do trabalho: O lugar é a base da reprodução da vida e pode ser analisado pela tríade habitante-identidade-lugar. A cidade, por exemplo, produz-se e revela-se no plano da vida do indivíduo. Este plano é aquele do local. As relações que os indivíduos mantêm com os espaços habitados se exprimem todos os dias nos modos do uso, nas condições banais, no secundário, no acidental. É o espaço passível de ser sentido, pensado, apropriado e vivido pelo corpo (CARLOS, 1996, p.22). Dessa forma, utilizando principalmente a definição de Ana Fani Carlos sobre lugar, as definições de espaços cedidas por Henri Lefebvre e Milton Santos e a tríade de Rogério Haesbaert sobre território será embasado o presente trabalho acadêmico
  • 28. 28 para a tentativa de compreensão de como diferentes fatores podem influenciar na presença e permanência dos lugares identificados no âmbito do Bairro Serra.
  • 29. 1.6 - Metodologia A pesquisa será desenvolvida em três etapas. A primeira etapa é formada por tópicos de apresentação da base utilizada para o desenvolvimento do trabalho acadêmico, como trabalho de Manoel Teixeira Azevedo sobre o Bairro Serra, e por passos que deem inicio ao projeto de pesquisa, com aplicação do questionário para identificação dos personagens de destaque no bairro e diagnóstico que apresente a área de atuação e demarque as zonas de pesquisa. Explicando a etapa em detalhes, seria possível traduzi-la da seguinte maneira: - Apresentação da História do Bairro Serra; - Apresentação do trabalho de Manoel Teixeira, trabalho esse que servirá como ponto de partida para escolha do marco temporal da pesquisa, - Elaboração do diagnóstico atual da área; - Comparação com o trabalho de Manoel Teixeira, mudanças e permanências; - Definição da metodologia para as entrevistas; - Aplicação das entrevistas, com usuários do Bairro Serra. A investigação documental “é realizada em documentos conservados no interior de órgãos públicos e privados de qualquer natureza entre outros” (VERGARA, 2004, p. 48). Em termos de investigação documental, o trabalho inclui a busca, junto ao Arquivo Público Mineiro e à Diretoria de Patrimônio Cultural da Fundação Municipal de Cultura, informações sobre a história do Bairro Serra e o mapa cadastral de Belo Horizonte, com vistas especialmente à identificação do período inicial de ocupação do bairro. O trabalho de Manoel Teixeira servirá como marco por explicar em detalhes o Bairro até o final do seu período de estudo, com o objetivo de fornecer subsídios à identificação dos lugares do bairro. Quanto às entrevistas, estas serão feitas com pessoas que tenham no mínimo 25 anos de idade e vivência de treze anos do bairro desde a data estipulada. Dessa forma, caso a pessoa tenha vindo para o bairro com maior idade, ela terá desenvolvido tempo suficiente de vivência do local e para quem
  • 30. 30 cresceu na região é possível que a pessoa tenha no mínimo 12 anos de idade na data de início, tornando-a apta a perceber as mudanças que o bairro sofreu. Na segunda etapa serão realizadas as análises dos questionários/entrevistas aplicados na primeira etapa e, a partir daí, identificados os lugares do bairro. Será ainda analisada a legislação urbanística incidente no bairro, com vistas a identificar possíveis fatores responsáveis pela mudança da configuração dos espaços e atividades em sua área. Na terceira e última etapa serão apontados os fatores responsáveis pela perda ou manutenção dos lugares e a perspectivas para estudos futuros a partir do trabalho realizado.
  • 31. Figura 1: Diagrama com etapas previstas para realização do trabalho.
  • 32. 32 1.7 - Cronograma
  • 33. 2 – DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO 2.1 – Histórico 2.1.1 – Histórico do bairro Serra Pensar um bairro é abordar, inicialmente, a sua identidade, o modo específico de ele ser, aquilo que o diferencia das áreas em volta e determina características próprias, perceptíveis para quem o frequenta ou percorre seus espaços (JUNIOR, 1996, p.69). A toponímia Serra tem referência ao Córrego da Serra, que corta a região desde o Parque das Mangabeiras (com 59 nascentes no local) até a Rua Dona Cecília, contanto com boa parte do seu percurso hoje pavimentado3. Essa configuração é característica do inicio da formação da nova capital de Minas Gerais, sendo o bairro já pensado no plano original de Aarão Reis, como parte componente da primeira e segunda região suburbana de Belo Horizonte (Figura 2). A figura 2 apresenta a planta cadastral de Belo Horizonte em 1898, no período a ocupação do bairro era dada predominantemente pelos cofundadores da cidade (como Estevão Pinto e o Professor Antônio Aleixo) com grandes terrenos e chácaras. 3 Prefeitura de Belo Horizonte. Disponível em <http://portalpbh.pbh.gov.br/pbh/ecp/contents.do?evento=conteudo&idConteudo=23748&chPlc=23748&termos=Bairro%20Serra.> Acesso em 19/03/2012 às 18h16min
  • 34. 34 Figura 2: Planta cadastral de Belo Horizonte de 1898, marcado em vermelho a primeira conformação do Bairro Serra. .Fonte:http://3.bp.blogspot.com. Acesso em 17/04/2012 às 21:30 O Bairro Serra constituiu-se junto às encostas da Serra do Curral, outro motivo responsável pela denominação da região, sendo a única forma de acessar a região montanhosa, já que a Avenida Afonso Pena continuou seu percurso somente nos arredores da década de 60 (com a idealização do Bairro Mangabeiras). Desta forma, para os interessados em visitar ou se aventurar na Serra do Curral, o Bairro Serra e suas vias principais, Rua Estevão Pinto, Rua do Ouro, Palmira e Caraça eram o único meio de ter acesso a região montanhosa (JUNIOR, 1999, p. 69-75) A ocupação do aglomerado se confunde com o inicio da história do Bairro Serra, tendo ocorrido a partir da década de 1920, juntamente com o inicio dos parcelamentos dos terrenos das chácaras. Apesar da ocupação pretérita, foram necessários cerca de trinta anos para que o processo de ocupação do aglomerado fosse consolidado; segundo Junior (1999) essa primeira ocupação ocorre em três manchas básicas (Figura 3): a primeira marcada pela área ocupada em terreno de topografia íngreme a leste e nordeste do bairro, recebendo o nome de favela da Serra, a segunda ocorre em área denominada de favela do Pendura Saia, ao sul da Praça Milton Campos, sendo esta hoje componente de parte do bairro Cruzeiro. A
  • 35. ultima porção já inexiste, tendo dado lugar ao Minas Tênis Clube, sendo conformada pelo final da Rua Trifana e Avenida Bandeirantes. Ainda seguindo a analise de Azevedo (Ibid.) a favela do Pendura Saia foi outra a sofrer com processo de elitização da região, tendo sido sua área cedida a órgãos da iniciativa privada e publica e outro grande trecho sendo retirado para dar continuidade a Avenida Afonso Pena, sendo assim, do trecho original da favela restavam, até o final do estudo realizado por Manoel Teixeira, três pequenas porções de ocupação (Figura 4). Na configuração atual do bairro, já não perdura a ocupação do Pendura Saia, tendo maioria dos seus terrenos tornado-se edificações multifamiliares de classe média do Bairro Cruzeiro. E, mais recentemente, a favela da Serra já passa por modificações com desocupação, com a abertura da Avenida Mem de Sá (popularmente conhecida como Avenida do Cardoso) e com os projetos de urbanização conhecidos como Vila Viva (Figura 5). Figura 3: Ocupação do aglomerado na década de 50, a menor mancha representa a ocupação que deu lugar ao Minas Tênis Clube, a mancha média representa a Favela do Pendura Saia e a terceira e maior mancha representa a favela da Serra. FONTE: Cadernos de Arquitetura e Urbanismo. 1999 ed. PUC Minas, Belo Horizonte. p. 71.
  • 36. 36 Figura 4: Ocupação pelo aglomerado, ao final do estudo de Manoel Teixeira. Nele a menor ocupação da Figura 2 já havia dado lugar ao Minas Tênis Clube e a favela do Pendura Saia já havia praticamente desaparecido, restando apenas três pequenas manchas da antiga ocupação. Em contra partida a mancha conformada pela Favela da Serra aumenta de proporção, tornando-se uma das ligações do bairro com o Bairro São Lucas. FONTE: Cadernos de Arquitetura e Urbanismo. 1999 ed. PUC Minas, Belo Horizonte. p. 71.
  • 37. Figura 5: Ocupação recente do aglomerado. Atualmente a área é maior do que a representada por Manoel Teixeira, mas concentra-se em somente um local, formando conurbação do bairro e o Bairro São Lucas. Dessa forma, a ocupação inicial do bairro mostra já antecipa característica relevante de sua configuração atual, marcada pela heterogeneidade, com clara mescla entre diferentes setores sociais. Na mesma medida, a evolução de ocupação do bairro é influenciada diretamente pela configuração do aglomerado, visto que enquanto o bairro formal desenvolvia-se em torno da Avenida do Contorno e das ruas que faziam ligações com a mesma, eram iniciados novos parcelamentos e ocupações em trechos que hoje são conformados pelas ruas Capivari e adjacências que cortam as vias principais, como Rua do Ouro, Rua Caraça, Rua Estevão Pinto e Rua Trifana. 2.1.2 – Abordagem da história e do lugar segundo Manoel Teixeira de Azevedo Junior Manoel T. A. Junior (1999) identifica o bairro a partir da observação e análise do mesmo, realizada por Pedro Nava no seu livro Chão de Ferro (1976). Nessa obra, Nava pontua as relações entre edificação e terreno e entre os moradores da região, com destaque para o contato entre os diversos estratos socioeconômicos que formam o bairro.
  • 38. 38 Para tanto, Manoel T. A. Junior se apropria da analise cedida por Pedro Nava para fazer um estudo sobre a identidade característica do bairro a partir do seu sistema viário e pelas Avenidas e ruas que o separam dos bairros que fazem vizinhança e pela forma como os moradores se apropriam do mesmo e como é a relação dinâmica e transforma do exterior para o interior do bairro. Na analise do sistema viário Manoel T. A. Junior aponta a forma em que o bairro está inserido na cidade e delimitado pelas vias estruturantes que o contornam. A Avenida Afonso Pena, a Avenida Bandeirantes e a Avenida do Contorno formando um eixo de vias importantes que demarcam os limites do bairro e caracterizam a diferença, tanto do traçado quanto da arquitetura, entre o Serra e os bairros circunvizinhos, como Anchieta, Cruzeiro, Funcionários e Mangabeiras. Em relação aos bairros Mangabeiras, Anchieta e Cruzeiro a mudança é marcada pela uniformização da ocupação do primeiro, com arquitetura horizontalizada e unifamiliar, e pela verticalização de médio e alto porte dos dois outros. Outra característica que difere os bairros citados e o Bairro Serra é o relevo acidentado de ambos os espaços, relevo esse, que apesar de íngreme no Serra, ainda é mais suave que nos vizinhos Mangabeiras, Anchieta e Cruzeiro. Grande semelhança entre os bairros está na forma orgânica de organização viária, muitas vezes com as ruas mantendo o mesmo em alguns casos (JUNIOR, 1999). Em relação ao Bairro Funcionários essa diferença se caracteriza pelo traçado das vias, no Serra elas tendem a ser orgânicas e muitas das vezes não contando com ortogonalidade. Já no Bairro Funcionários esse traçado segue ortogonal, equivalente ao parcelamento original proposto por Aarão Reis para o perímetro interno da Avenida do Contorno. Essa explicação em termos viários continua sendo realizada por Manoel T. A. Junior para delimitar a forma de organização do bairro, partindo do macro para o micro, onde a rua movimentada e com usos diversificados e de intensa velocidade das Avenidas que circundam o bairro vão dando lugar a ruas tranquilas e com menor fluxo de usuários na rua e por fim chegam na casa, espaço reservado pro privado.
  • 39. Nessa analise é possível elucidar a organização das edificações pretéritas do bairro, onde a ligação com a rua é feita por meio de arborização e aberturas através de grades vazadas ou sem nenhuma medida de intrusão tornando a proximidade e ligação entre público e privado em maior medida do que a arquitetura que se torna vigente no bairro a partir da década de 80, onde essa proximidade cede lugar a afastamentos, exigidos pela legislação, revolvendo a ligação entre público e privado prejudicada. Dessa forma, Manoel T. A. Junior identifica o bairro a partir da sua formação e da forma como ele desenvolveu-se a partir dos seus dois eixos viários principais, Rua do Ouro e Rua Estevão Pinto (antiga Rua Chumbo). 2.2 – Diagnóstico 2.2.1 – Área de estudo A área de estudo consiste nas duas ramificações do Bairro Serra, o bairro formal e o aglomerado. Essa divisão ocorre por motivos didáticos, para que seja possível a identificação de lugares nos dois meios tornando assim a pesquisa com maior amplidão. Outra divisão ocorrerá na área composta pelo aglomerado, visto que o mesmo ocupa grande trecho do bairro e, pelo tempo disposto para realização do trabalho acadêmico seria inviável a pesquisa e levantamento de dados em todo seu perímetro. Dessa forma o trecho representado como área de estudo consiste em todo o bairro formal e no trecho limitado pelas Ruas Capelinha, Bandonion e Sacramento para demarcação da área de estudo no aglomerado como é representado no mapa a seguir:
  • 40. 40 Figura 6: Em vermelho área de intervenção, Bairro Serra. Fonte: Google Mapas. 2.2.2 Usos do solo O Bairro da Serra tem a marcação de usos, de certa forma, clara. As regiões polarizada pelas avenidas do Contorno, Afonso Pena e Bandeirantes conformam um uso com características marcadas pelo uso predominantemente comercial, com maior parte das edificações voltadas para essa demanda (Erro! Fonte de referência não encontrada. à Imagem 4). Imagem 1: Ligação Rua Desembarcador Drumond com Avenida do Contorno. Trecho marcado por edificações de maior porte, mais que 15 pavimentos, e com uso predominantemente diurno. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes
  • 41. Imagem 2: Esquina Rua Desembargador Drumond e Avenida do Contorno. Edificação modificada para atender a demandas comerciais. Foto dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes. Imagem 3: Vista da Avenida do Contorno, próximo a Rua Estevão Pinto, a altura das edificações nesse trecho é destoante de praticamente todo o resto do bairro, onde as edificações costumam ter até 15 pavimentos. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes
  • 42. 42 Imagem 4: Exemplo da diferenciação da altimetria das edificações deste entorno, Prédio Lifecenter. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes Nesta mesma linha, o perímetro conformado entre Rua Estevão Pinto e Rua Capelinha apresenta traços marcantes de uso misto, principalmente com uso de casas tradicionais para o mesmo. Tendo o primeiro pavimento o uso comercial e o segundo sendo usado, normalmente, para moradia. Desta forma, esse trecho ainda conta com grande parte da arquitetura conformada até a década de 80 no bairro, mantendo as características históricas do mesmo (Imagem 5 à Imagem 12).
  • 43. Imagem 5: Esquina de Capivari e Capelinha, edificação com uso misto, em que o primeiro pavimento funciona como galeria de pequenos comércios. Foto tirada no dia 18/08/2012 às 16hrs. Autor: Guilherme Gomes Imagem 6: Edificação, no entroncamento de Rua Capivari e Rua Herval, em que o uso misto é dado em salas comerciais e restaurante. Foto tirada no dia 18/08/2012 às 17hrs. Autor: Guilherme Gomes
  • 44. 44 Imagem 7: Esquina conformada por Rua do Ouro, Rua Palmira e Rua Amapa, ponto em que é comum o uso do primeiro pavimento para comércios. Aqui vale ressaltar a presença do Bar do Salomão, ponto de destaque em uso pelos usuários do bairro, principalmente em dias de jogos de futebol. Foto tirada no dia 18/08/2012 às 17hrs. Autor: Guilherme Gomes. Imagem 8: Casa localizada na Rua do Ouro, novamente o primeiro andar é utilizado como comercio. A presença de edificações de ocupação pretérita do bairro é notada inclusive ligação da edificação com a rua, sem contar com afastamento. Foto tirada no dia 18/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes.
  • 45. Imagem 9: Rua do Ouro 187. Seguindo a configuração de uso misto com a mesma colada a divisa frontal. Foto tirada no dia 18/08/2012 às 17:30hrs. Autor: Guilherme Gomes Imagem 10: Rua Estevão Pinto esquina com Monte Alegre a tonalidade de cor funciona como um dos divisores entre comércio e moradia. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes
  • 46. 46 Imagem 11: Rua Estevão Pinto esquina com Monte Alegre. O uso de cores pra diferenciação não é utilizado, mas a presença de platibanda gera o dialogo de época entre as duas edificações de esquina. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes Imagem 12: Rua Monte Alegre, a utilização de casas para comercio é comum na faixa de via apresentada. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes Seguindo com a caracterização do bairro enquanto usos das edificações, vale ressaltar a porção que passa pelas modificações de verticalização mais acentuadas no processo recente de reorganização. O trecho é conformado pela Rua Capelinha até a ligação com o aglomerado através da Rua Caraça, Sacramento e Alípio Goulart, sendo a última um limite que tem ligação com as Ruas Capivari e
  • 47. Sacramento (Imagem 13 à Imagem 16). O processo de verticalização neste trecho é intenso e, segundo observações realizadas durante toda a estadia no bairro4, já ocorre há cerca de sete anos, com casas sendo demolidas para dar origem a prédios – motivo que gerou a identificação do mesmo como moradia majoritariamente multifamiliar. Imagem 13: Rua Capelinha, sentido Rua Sacramento, apesar de não fazerem parte da atual verticalização do bairro o trecho já é marcado por prédios com, no mínimo, cinco pavimentos. Foto tirada no dia 18/08/2012 às 17hrs. Autor: Guilherme Gomes Imagem 14: Rua Capivari esquina com Capelinha. Na imagem, lado esquerdo, já é possível observar uma das edificações que fazem parte do novo processo de verticalização. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes 4 É interessante ressaltar que a relação do pesquisador com o bairro ocorre a 22 anos, tornando possível essa identificação.
  • 48. 48 Imagem 15: Rua Níquel, à esquerda tapume da Aguimar marcando mais um local com edificação que terá uso multifamiliar. Na rua já é possível observar o efeito da verticalização, visto que a mesma não possui presença de usuários na rua, sendo a mesma utilizada como estacionamento de carros. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes Imagem 16: Rua Henrique Passini nº720. Edificação que também faz parte do novo processo de verticalização do bairro. Foto tirada no dia 21/08/2012 às 16hrs. Autor: Guilherme Gomes. Por fim, a ultima ocupação identificada é a das casas unifamiliares, moradias que marcaram o inicio da ocupação do bairro e foram responsáveis pela principal forma de construção ocorrida até a década de 50 – quando as ideias modernistas de verticalização começam a ser inseridas na região da Serra – (JUNIOR, Ibid).
  • 49. O trecho apontado como ainda remanescente desta ocupação unifamiliar compreende pequena porção do bairro formal, entorno da Rua Alípio Goulart, Caraça (Imagem 17 à Imagem 20) e Sacramento. O uso residencial unifamiliar é também marcante na porção correspondente ao aglomerado, que, apesar do processo de urbanização recente com o Programa Vila Viva, ainda tem forte traço de unifamiliar. É importante ressaltar, nesse ponto, a peculiaridade da forma de expansão das edificações no aglomerado, na maior parte dos casos, forma de manter familiares próximos ou decorrência da falta de lugares disponíveis na mesma região para que se mantenha a proximidade a área central da cidade. Imagem 17: Rua Caraça nº 777, trecho próximo ao ponto final do ônibus 2102. A ocupação da rua nesse espaço é dada tanto pelos usuários do ônibus, quanto por pessoas que utilizam os pequenos comércios que são mantidos lindeiros a Rua Caraça. Foto tirada no dia 21/08/2012 às 16hrs. Autor: Guilherme Gomes.
  • 50. 50 Imagem 18: Rua Caraça, final dos ônibus 2102, 9106 e 8150. Edificações de baixo porte e próximas a entrada do Parque das Mangabeiras. Foto tirada no dia 21/08/2012 às 16hrs. Autor: Guilherme Gomes. Imagem 19: Esquina de Rua Caraça e Rua Serranos. Foto tirada no dia 21/08/2012 às 17hrs. Autor: Guilherme Gomes.
  • 51. Imagem 20: Rua Caraça. Apesar do afastamento em relação a rua o uso de grade e vegetação ainda trazem a ligação entre rua e residência. Foto tirada no dia 21/08/2012 às 16hrs. Autor: Guilherme Gomes. O diagnóstico desenvolvido evidencia que a residência multifamiliar é vem tornando- se a principal forma de ocupação ocorrente no bairro, mesmo que não seja marcada somente pelo novo processo de transformação do Bairro Serra, com número cada vez maior de casas sendo derrubadas para que seja possível a construção de prédios. Esse processo só não ocorre de forma tão clara na ocupação do aglomerado, onde as moradias unifamiliares – ainda que com a citada expansão horizontal – permanecem como tipologia mais comum. Desse modo, georreferenciando a leitura apresentada, segue-se a forma de organização do bairro. Figura 7: Em vermelho, edificações com uso predominantemente comercial. Em laranja, edificações com uso predominantemente misto. Em azul, uso predominantemente residencial multifamiliar. Em magenta, uso predominantemente residencial unifamiliar. FONTE: Google Maps.
  • 52. 52 2.2.3 – Altimetria das edificações No que tange a referência altimétrica do Bairro Serra a divisão foi simplificada em três zonas (Erro! Fonte de referência não encontrada.) com altura maior do que 15 pavimentos (maiores que 30m de altura), edificações até 15 pavimentos (cerca de 30 metros de altura) e edificações do aglomerado que mantêm gabarito entre 9 e 12 m de altura. Figura 8: Em vermelho, construções acima de 15 pavimentos. Em amarelo, construções até 15 metros de altura. Em laranja, ocupação irregular, zona do aglomerado da Vila Cafezal. Fonte: Google Maps. Nesse sentido, é interessante ressaltar que o trecho que agrega as edificações superiores a trinta metros de altura tem coincidência com a região com características marcadamente comerciais no Bairro, apesar de estender-se ao interior do bairro, chegando ao entorno da Rua Estevão Pinto (IMAGEM 21 à IMAGEM 26). Esse fato pode ser explicado pela proximidade das construções com a Avenida do Contorno, garantindo que o afastamento da via tenha que ser maior – de acordo com a Lei n 7.166/96, esse deve ser de, no mínimo, 4m entre fachada frontal do lote e inicio da edificação e desta forma concentrando o potencial construtivo verticalmente.
  • 53. Imagem 21: Avenida do Contorno, esquina com Desembargador Drumond, nº 4631. Uma das edificações que compõem a área que marcam essa verticalização de alto gabarito da região. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes Imagem 22: Vista geral da Avenida do Contorno, sentido Avenida Getúlio Vargas, prédios com características semelhantes ao estreitamento e verticalização acentuada. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes
  • 54. 54 Imagem 23: Rua Estevão Pinto, a tendência de estreitamento também faz-se presente no trecho, mas em menor medida que na Avenida do Contorno. Outro ponto importante é a maior presença de arborização na área. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Imagem 24: Rua Alumínio, esquina com Rua Estevão Pinto. Rua que também é marcada por presença de edificações extremamente verticalizadas e com muros que tornam-nas voltadas para seu interior sem ligação com a rua. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes
  • 55. Imagem 25: Vista da Rua Luz a partir da Rua Estevão Pinto, apesar de isolada a edificação ultrapassa os 15 pavimentos comuns a área do Bairro Serra. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes Imagem 26: Esquina de Rua Estavão Pinto e Rua Alumínio. Primeira edificação da serie que compõem a verticalização da área. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes As edificações até quinze pavimentos encontram-se, por sua vez, distribuídas entre as vias internas ao bairro, sendo as de maior altura aquelas que circundam a Rua
  • 56. 56 Estevão Pinto, a partir da sua ligação com a Rua Monte Alegre, até Rua Trifana (IMAGEM 27 à IMAGEM 32). Esse mesmo trecho marca a intensa verticalização da configuração atual do Bairro, sendo composto quase que inteiramente por edificações de uso residencial multifamiliar, exceção marcada pelas antigas chácaras do Professor Estevão Pinto e pela casa do Professor Antônio Aleixo (atual sede da Diretoria do Patrimônio Cultural da Fundação Municipal de Cultura). Imagem 27: Rua Caraça, esquina com Rua Estevão Pinto. Em primeiro plano edificação de pequeno porte que é cercada por zona de verticalização. Foto tirada no dia 22/08/2012 às 16hrs. Autor: Guilherme Gomes Imagem 28: Rua Palmira, esquina com Rua do Ouro. Apesar de ter uso multifamiliar e tendência a verticalização, o gabarito das edificações é mais suave. Foto tirada no dia 21/08/2012 às 16hrs. Autor: Guilherme Gomes
  • 57. Imagem 29: Rua Capivari, esquina com Ruas Capelinha e Amapá. Apesar da verticalização, o gabarito das construções é menor em relação as que ocorrem em torno da Avenida Estevão Pinto. Foto tirada no dia 21/08/2012 às 16hrs. Autor: Guilherme Gomes Imagem 30: Rua Capivari, esquina com Oriente. Novamente a verticalização é feita, mas com porte menor das edificações. Foto tirada no dia 21/08/2012 às 16hrs. Autor: Guilherme Gomes
  • 58. 58 Imagem 31: Rua Oriente, ainda com traços da primeira verticalização do bairro, decada de 50 e 60, a relação de proporção não é tão marcante quanto em outras regiões do bairro. Foto tirada no dia 21/08/2012 às 16hrs. Autor: Guilherme Gomes Imagem 32: Rua Capivari. A presença da verticalização faz-se presente, mas com gabarito que permite uma leitura pelo pedestre sem a necessidade de inclinar demais a cabeça, como ocorre nas proximidades da Rua Estevão Pinto principalmente na ligação com rua Alumín Por fim, na área polarizada pelas ruas Capivari, Caraça e Sacramento e em direção ao aglomerado marca uma ruptura com o padrão verticalizado das edificações que ocorre nos demais trechos. Nessa porção, a predominância é de construções verticais de altimetria reduzida e de pavimento único (IMAGEM 33 à IMAGEM 35).
  • 59. Imagem 33: Ocupação aglomerado. Com exceção a edificação da prefeitura para o programa Vila Viva as casas constituem-se em dois ou três pavimentos. Foto tirada no dia 23/08/2012 às 12hrs. Autor: Guilherme Gomes Imagem 34: Ocupação favela, próximo a comunidade da Igrejinha. Foto tirada no dia 21/08/2012 às 16hrs. Autor: Guilherme Gomes
  • 60. 60 Imagem 35: Ocupação próxima a Avenida Mendes Sá. A construção em vermelho marca a inserção de uma UMEI na região. Foto tirada no dia 21/08/2012 às 16hrs. Autor: Guilherme Gomes 2.2.4 – Apropriação diurna A presente leitura visa identificar a relação estabelecidas entre usuários e espaços públicos no Bairro Serra, considerando o período do dia, de 8:00 às 18:00, concentrando dessa forma o período em que os moradores costumam deixar o bairro e dirigir-se ao local em que trabalham e também o contrário, quando usuários do bairro chegam para realizar a atividade diária. O trabalho conduziu à identificação de seis áreas distintas (Fig.4), delimitadas de acordo com o que ocorre de mais representativo em cada uma delas.
  • 61. Figura 9: Em roxo, ocupação aglomerado. Em laranja, ocupação mista, com maior peso para ocupação residencial. Em verde, zona de uso residencial. Em Marrom uso misto, com predominância comercial, grande rotatividade de pessoas durante o dia, horário de uso ligado muito ao comercio, pouca atividade quando esse termina seu expediente. Em vermelho, Minas Tênis Clube. Em magenta, ocupação com características comerciais. FONTE: Google Earth. A primeira área é marcada por uso com características comerciais, tendo seu uso ligado ao horário de funcionamento do mesmo. A segunda área de apropriação, conformada pelo Minas Tênis Clube, também possui caráter diurno, principalmente pelo horário de funcionamento do clube – até as 20 horas – tendo como principais frequentadores pessoas que praticam algum exercício físico no local, os lavadores de carros que exercem seu serviço nos arredores pela facilidade de adquirir clientes e os alunos da Escola Estadual Pedro Aleixo e do Colégio Promove, que costumam passar os períodos sem aula nos arredores das escolas citadas e do clube. É importante mencionar que a região também conta com uma companhia de polícia, 142º distrito, e com uma das entradas do Parque das Mangabeiras. A portaria é utilizada como local declaradamente de passagem, tanto para pessoas que pretendem embarcar no ônibus 4111 ou para trabalhadores que tem empregos nos bairros Anchieta, Mangabeiras e Sion, que descem a pé para o local e utilizam da entrada do parque como um atalho.
  • 62. 62 Esta área não será tratada como área isolada no desenvolvimento do trabalho devido ao seu caráter pendular de apropriação, sendo praticamente todos os usuários de outras regiões de Belo Horizonte e não necessariamente do Bairro Serra, desta forma tendo relação superficial com bairro. Seguindo a analise de apropriação, a terceira zona apresenta uma maior ligação com o bairro e as relações que se desenvolvem nele. Ela é conformada pelas ruas Estevão Pinto, Palmira, Doutor Camilo e Níquel (Erro! Fonte de referência não encontrada., Erro! Fonte de referência não encontrada.). Essa área tem caráter predominante ao uso residencial, mas com pontos de funcionamento de comércio que garantem a utilização da mesma durante o dia. Imagem 36: Rua Capivari, próximo a esquina com a Rua Oriente. O mesmo imóvel funciona como conserto de móveis e roubas (entrada na esquina). Foto tirada no dia 18/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes
  • 63. Imagem 37: Rua Itapemerim, esquina com Rua Capivari. A Padaria Gênova é uma das responsáveis pela movimentação diurna no local. Foto tirada no dia 18/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes Os pontos comerciais concentram-se ao redor das Ruas Estevão Pinto e Palmira, com destaque para o Bar do Salomão e a padaria Santíssimo Pão (Erro! Fonte de referência não encontrada.7) que garantem grande movimentação a região, principalmente ao final da tarde. Outros pontos que podem receber destaque são a Sorveteria Palmira e a Max Vídeo Locadora, que já mantêm serviços há aproximadamente dez anos no bairro. Imagem 38: Padaria Santíssimo Pão, influência diretamente o fluxo de pessoas na região. Foto tirada no dia 18/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes
  • 64. 64 Nas porções com caráter residencial, é possível notar a pouca apropriação das áreas públicas, visto que, por ser uma das regiões com pessoas de maior poder aquisitivo do bairro, a maioria dos residentes desenvolvem suas atividades profissionais fora da região, ou costumam utilizar veículos motorizados para se locomover, fazendo pouco uso da rua como pedestres (Erro! Fonte de referência não encontrada.38). Imagem 39: Rua do Ouro. Apesar da proximidade a região do bar do Salomão a região conta com pouca utilização na sua parte residencial. Foto tirada no dia 18/08/2012 às 16hrs. Autor: Guilherme Gomes Essa característica também se repete na quarta área, em marrom, onde o uso do automóvel é um dos responsáveis pelo esvaziamento da rua. Nesta área, marcada pelas Ruas do Ouro, Palmira, Pouso Alto e Avenida do Contorno, temos o uso misto, com predominância comercial, como característica básica. Dessa forma, a ocupação da rua se dá, principalmente, em horários em que a parte comercial das edificações está aberta tendo seu movimento coordenado por esse horário. Outro ponto que faz com que a área seja utilizada são as linhas de ônibus do bairro que passam pelo local (4102, 4107 e 2151 – no sentido bairro/centro – e 4102, 2102, 2151, 4107 e os suplementares que atendem no sentido centro/bairro), que são responsáveis diretos pelo número de pedestres no local. Como quinta área tem-se a região de transição entre bairro formal e aglomerado, marcada pelas Ruas Níquel, Oriente, Caraça, Sacramento e Alípio Goulart (IMAGEM
  • 65. 39 à Imagem 41). A área é caracterizada por ocupação mista, com predominância a ocupação residencial multifamiliar. Imagem 40: A Auto Escola Cesinha tem seu horário de funcionamento iniciado a partir das 16hrs, o que garante o uso da região também durante a noite garantindo segurança a área. Foto tirada no dia 18/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes Imagem 41: Rua Capivari nº 429, o uso do espaço é dado principalmente por clientes da loja de roupa e do salão de beleza. Dessa forma a maioria das pessoas que se utilizam do local são mulheres. Foto tirada no dia 18/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes
  • 66. 66 Ao contrário da área mista comercial e da área de características residenciais essa mancha conta com ocupação quase que constante em seus limites, principalmente pela proximidade e uso do comercio da mesma também pelos moradores do aglomerado. A presença do Supermercado EPA é um dos destaques para o uso da região sendo utilizado pelas diferentes camadas sociais que habitam o Bairro. O tamanho dos comércios e a tipologia também tem influência direta na apropriação, sendo lojas de menor porte ou com donos que permitem vendas “fiadas” aos seus clientes tornando a relação proprietário e morador mais próxima e intima. Imagem 42: Rua Caraça, próximo à entrada do Parque das Mangabeiras. A ocupação do espaço público pelo pedestre já é perceptível. Foto tirada no dia 18/08/2012 às 15hrs. Autor: Guilherme Gomes Por fim, apresenta-se a sexta região, conformada pelo trecho do aglomerado que faz parte do estudo. Assim como na quinta região, a utilização da área é feita de forma intensiva e independente do horário sendo marcada por uma proximidade ainda maior entre moradores e comerciantes, sendo o trato marcado por apelidos e nomes carinhos, como o “Sr. Tonho da mercearia” e o “Sr. Manquinha” que mostram uma relação intima e de confiança que muitas vezes garante segurança ao comercio de forma a não necessitar, às vezes, da presença do dono para que o mesmo esteja seguro de roubos.
  • 67. Desta forma, com a divisão realizada em termos de uso do espaço urbano, é possível observar que a proximidade entre os usuários e os comerciantes e a diversidade entre tipologias de ocupação, comércio e residência, tem caráter decisivo na apropriação por parte das pessoas, sendo um dos principais responsáveis pela utilização do local por pedestres e trazendo aos mesmos o sentimento de segurança.
  • 68. 68 2.3 – Percepções da comunidade sobre o bairro Serra O presente questionário busca levantar e analisar dados e temas que possam apontar os locais passiveis de identificação como lugares, segundo definição do termo por Ana Fani Alessandri Carlos, no Bairro Serra. Para tanto, visa-se questionar os pesquisados sobre sua vivencia do Bairro, sobre o tempo que os mesmos convivem na região e como identificam-na no presente momento e a perspectiva para o futuro local. Essa construção permitirá o embasamento para desenvolvimento do trabalho acadêmico e a forma de conduzir a próxima etapa, relativa à identificação e análise dos fatores responsáveis pela perda ou manutenção dos lugares do bairro. 2.3.1 – Metodologia de pesquisa A definição do método de pesquisa levou em conta o Mapa de Usos (Fig. 4) juntamente com o diagnóstico fornecido nesse ponto e o estudo anteriormente realizado pelo professor Manoel Teixeira Azevedo Junior (1999) que trata do bairro por um longo período e com sólido embasamento teórico. A pesquisa de Manoel Azevedo trata do período até 1999. A analise comparativa entre a obra de Manoel Teixeira e o diagnóstico realizado nesse trabalho permite observar mudanças na conformação espacial do bairro desde então. Desse modo, a obra foi tomada como ponto de partida para investigação das alterações ou manutenção dos personagens de destaque do bairro. A resolução partiu desse mapa devido a divisão que melhor elucidou a apropriação por parte dos usuários do Bairro Serra, sendo possível dividir a área de estudo em cinco áreas, com a parte formada pelo Minas Tênis Clube sendo incorporada à terceira área. A pesquisa foi realizada observando-se a proporção de 70%/30%, aplicada de acordo com a característica de maior destaque da zona conformada segundo o Mapa de Usos. Dessa forma, para as porções identificadas como de caráter predominantemente comercial, a pesquisa deu-se com 70% dos entrevistados sendo
  • 69. comerciantes ou funcionários do comércio e 30% sendo moradores; nas porções com predominância residencial a lógica é a mesma, mas com os valores invertidos. No caso das áreas de uso misto, foram aplicados questionários com igualdade entre a quantidade de entrevistados dos dois setores. O questionário aplicado nas entrevistas teve como objetivo identificar a percepção dos usuários sobre o Bairro Serra, podendo ocasionar o apontamento de personagens de destaque ou de lugares de referência ou que remetam a memória do bairro, levando em conta para analise dos lugares a definição de Ana Fani Carlos (1996). O mesmo foi aplicado exclusivamente a usuários que tenham idade mínima de 23 anos, para que seja possível a vivência desde a finalização da pesquisa de Manoel Teixeira Azevedo Junior, concluída em 1996. A abordagem inicial deu-se com o pesquisador apresentando a si e ao objetivo da pesquisa, bem como os resultados que ele pretendia obter. Concluída essa fase, passou-se à análise do material, com vistas à identificação dos lugares do bairro a partir da percepção dos entrevistados. 2.3.2 – Questionário para obtenção dos lugares de destaque A seguir, é apresentado o questionário que conduziu as entrevistas com os usuários do bairro para futura identificação dos lugares no Bairro Serra.
  • 70. 70 Ordem Questões Aplicadas aos Usuários do Bairro Serra 1ª Idade 2ª Grau de escolaridade 3ª Profissão 4ª Qual tipo de relação com o bairro: residente, trabalha ou ambos? 5ª Caso seja residente, qual o tipo de moradia: multifamiliar ou unifamiliar? 6ª Onde mora ou trabalha? 7ª Em caso de moradia: é proprietário ou é alugado? Em caso de estabelecimento: dono ou empregado? 8ª De quanto tempo é a relação desenvolvida com o bairro? 9ª Quais lugares do bairro costuma frequentar? 10ª Quais os lugares do bairro que destacaria como de maior movimento? 11ª Percebe mudanças no bairro? 12ª Quais os lugares que, na sua concepção, são pontos de referencia no bairro? 13ª Os lugares/pontos de referencia são recentes? 14ª Identifica lugares/pontos de referencia que existiram e não existem mais? 15ª Apontaria o desaparecimento ou aparecimento de alguma referencia no bairro?
  • 71. 2.3.3 – Caracterização dos usuários por idade, tipo de atividade e tempo de relação com o bairro A primeira parte da entrevista visou delimitação etária dos usuários do bairro (Gráfico 1). Analisando-se os questionários, foi possível perceber que a variação concentra-se, principalmente, entre as duas primeiras faixas de divisão etária dos usuários (25 a 40 e 41 a 60) sendo os dois trechos predominantes nos setores 3 e 4, de 25 à 40 anos, e 1 e 5, de 41 à 60 anos. O trecho 4, representado pela entrada do bairro à partir da Rua do Ouro mostra que os usuários são pautados em uma idade mais avançada. 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 DE 25 A 40 ANOS DE 41 A 60 ANOS ACIMA DE 60 ANOS ÁREA 1 ÁREA 3 ÁREA 4 ÁREA 5 ÁREA 6 Gráfico 1: Gráfico mostra idade média dos usuários entrevistados, em “y” número de usuários por área e em “x” intervalos de idade propostos. Essa media mostra que o bairro varia a dominância de acordo com a área, tendo a repetição de idade predominante quase escassa. Em termos de convivência na região ( Gráfico 2) todas as cinco áreas tem predominância ao menor tempo delineado, entre 13 e 30 anos, mostrando uma temporalidade e contato com bairro pautado por relações a partir da década de 80, onde a região já havia sofrido processos de mudanças pela verticalização e pela conclusão da Avenida Afonso Pena até o Bairro Mangabeiras. Nesse momento, o bairro não mais constituía o único caminho possível de ligação a Serra do Curral, fato que o reforçava sua identidade dentro da cidade de Belo Horizonte.
  • 72. 72 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 13 A 30 ANOS DE CONVÍVIO DE 31 A 45 ANOS DE 45 A 60 ANOS ACIMA DE 60 ANOS ÁREA 1 ÁREA 3 ÁREA 4 ÁREA 5 ÁREA 6 Gráfico 2: Tempo de convívio no Bairro Serra, em “y” é apresentado o número de usuários por região e em “x” é representado o tempo que eles convivem no Bairro Serra. Segundo o analisado em nenhum setor as pessoas convivem no bairro a mais de 60 anos e em todos os cinco setores há predominância do menor tempo de convívio possível. Apontando mudança populacional do bairro. Seguindo a pesquisa, foi questionado aos usuários qual era o tipo de relação que eles desenvolviam com o bairro (Gráfico 3), trabalho, moradia ou os dois. Por meio de tal indagação, buscou-se identificar o motivo da predominância do menor tempo de relação com a região. 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 MORA TRABALHA MORA E TRABALHA ÁREA 1 ÁREA 3 ÁREA 4 ÁREA 5 ÁREA 6 Gráfico 3: Gráfico com número de usuários que moram, trabalham ou fazem as duas atividades no bairro, em “y” é representado o número de cada usuário por área, em "x” é apresentado qual é o tipo de atividade realizada. As áreas 5 e 6 tem a maior concentração da combinação de usos do bairro.
  • 73. Foi possível perceber que, mesmo não sendo predominante dentre os entrevistados em nenhuma das áreas, o número de pessoas que moram e trabalham no bairro é relevante em comparação às que somente trabalham ou somente residem. Esse fato só não é ocorrente na área 1, apontando um grau de ligação com o bairro que pode ser impactado pela característica comercial do perímetro. Dessa forma, analisando-se o bairro no comparativo idade x tempo de convivência x tipo de utilização, é possível perceber que, apesar de terem sido identificadas faixas etárias de ocupação variadas, o tempo de convívio da população no bairro é baixo, independente do tipo de ocupação dos usuários (residente ou trabalho) podendo afetar assim os processos de percepção temporal da região e de identificação das transformações sofridas pela mesma. 2.3.4 – Percepção sobre a região Após identificação inicial do padrão de usuários do bairro, seguiu-se o questionamento buscando-se incentivar a reflexão sobre quais locais eles utilizam, sobre quais locais consideram movimentados na região e, principalmente, sobre as mudanças sofridas recentemente pelo bairro. Ao contrário da analise realizada no item 2.3.3, esse item contou com divisão do diagnóstico da pesquisa feita área a área, para que fosse possível analisar as especificidades detectadas em cada uma das regiões. Em termos de utilização do bairro (Tabela 1), foi possível identificar situações de similaridade em alguns dos termos utilizados. Para a primeira porção, os usuários mostraram não identificar ruas do bairro como áreas de utilização comum, sendo muitos dos locais citados utilizados pela mesma pessoa ou por pequeno grupo de pessoas. Nesta porção, a apropriação da rua é afetada, principalmente, pelo caráter da área, sendo a utilização baseada em critérios ligados a necessidade imediata do usuário e não no interesse de usufruir do espaço público.
  • 74. 74 Dando sequencia a analise na mesma porção, pontos foram citados como utilizados predominantemente, sendo eles bares e farmácias. No caso dos bares não houve uma coincidência entre o nome do bar utilizado. No caso das farmácias, todos os usuários apontaram a Drogaria Araújo como principal drogaria da região, sendo lembrada por todas as pessoas que apontaram usar locais do bairro. A porção 1 foi a que apresentou maior número de usuários a não identificar nenhuma rua ou serviço do bairro como lugares de uso, tendo a resposta “eu só frequento meu trabalho” sido utilizada por dez dos quinze entrevistados na área. A área três apresenta maior utilização do bairro pelos entrevistados, ocorrendo somente duas respostas em que não havia locais de utilização, e com diversidade nas áreas citadas como de uso. Sendo os bares a porção predominante (cinco citações) e as farmácias e supermercados os que o seguem (três citações cada). Entre os bares houve destaque para citação do Boiadeiro, com duas citações, e o Bar do Salomão, também com duas citações. Além deles, foram incluídos na lista de bares utilizados o Bar do Baltazar e o Bar do Caçapa, com uma citação cada. Em termos de supermercado, todas as pessoas a indicar o item apontaram o Supermercado EPA como local de utilização. Para o item drogarias também houve unanimidade no local indicado, sendo ele a Drogaria Araujo, localizada na esquina de Rua Palmira e Rua do Ouro. Na área 4, ocorreu a identificação de ruas como locais de utilização, apesar de não serem destaque, sendo as Ruas Estevão Pinto (duas citações) e Rua do Ouro (uma citação) lembradas. Outra tipologia de destaque na região foi o de escola, sendo a Escola Estadual Dulce Pinto Rodrigues citada por três entrevistados. Também foram mencionados os bares – quatro vezes entre os entrevistados. Não ocorreu, no entanto, a lembrança de nenhum estabelecimento em especifico, sendo o item sempre mencionado no plural.
  • 75. A área 5, área que representa transição entre bairro formal e aglomerado, apresenta a maior diversidade de utilizações entre os setores de divisão sugeridos, tendo sido nove os lugares lembrados entre os de uso por parte da população. O destaque do setor fica a cargo dos bares e da Praça Alípio Goulart, sendo ambos citados três vezes, a rua de mesma alcunha e o Clube Olímpico vem em seguida, com duas citações cada. Aqui, novamente, surgem a citação dos bares Boiadeiro, Caçapa e Salomão, sendo cada um lembrado pelo menos uma vez por parte dos usuários (2 vezes, 1 e 1, respectivamente). É importante ressaltar também o caráter recente da Praça Alípio Goulart, que tem, aproximadamente, um ano de execução e já é vista como local de apropriação por parte da população do bairro. Por fim, em termos de analise da utilização do bairro pelos usuários, temos a área 6, conformada pelas ruas que margeiam o aglomerado e pelo trecho do mesmo abordado para delimitação da área de pesquisa (Figura 9). Há dois locais que se igualam quanto a utilização por parte dos entrevistados, sendo eles o próprio aglomerado e a Rua Alípio Goulart (com quatro citações cada). Os outros dois setores com relevância em termos de citação são recorrentes de outras áreas já mencionadas, sendo eles a Praça Alípio Goulart e o Supermercado EPA (com três menções cada). Em termos de movimentação ( Tabela 2) o número de locais citados teve a inclusão de cinco novos pontos, sendo eles as Ruas Herval, Capivari, Palmira e Caraça, a Avenida Afonso Pena e os pontos de ônibus do bairro. Na área 1, houve destaque para citação da Avenida Afonso Pena, tendo sido mencionada sete vezes entre os entrevistados, seguida pelas menções à Drogaria Araújo, (5). Essas menções sugerem o caráter comercial e de serviço dessa camada
  • 76. 76 do bairro, tendo as lembranças sido concentradas em locais de uso rápido e não em locais de estadia prolongada. A área 3 mostra-se mais diversificada em termos de locais citados como movimentados, tendo a Rua do Ouro sido apontada como a de maior movimento (cinco menções). Apesar do destaque houve também recordação de outros três pontos com relevância as menções, sendo eles a Rua Estevão Pinto, o Parque das Mangabeiras e as praças da região (visto que a população também considerava a Praça do Papa parte do bairro). Todos os três foram citados quatro vezes. Destaca-se também o número de menções às Ruas Alípio Goulart e Caraça, duas e três menções respectivamente. Esse detalhe é interessante principalmente pelo fato da Rua Alípio Goulart ter sido lembrada, já que ela possui considerável afastamento em relação à área demarcada como trecho três. Isso poderia ser justificado por menções realizadas por usuários que apontaram morar e trabalhar na região e foram entrevistados na área três, mas apenas um dos dois que afirmou morar e trabalhar indicou a rua como ponto movimentado. A área 4 volta a apontar a Rua do Ouro como local mais movimentado (cinco alusões), seguido pela Rua Estevão Pinto(quatro citações). Outros três pontos voltam a ser novamente citados, sendo eles os bares, aqui direcionados ao Bar do Salomão (com duas citações), a Rua Alípio Goulart (uma menção) e o Parque das Mangabeiras (uma menção) apontando seu caráter marcante no bairro. As Ruas do Ouro e Estevão Pinto incluem-se entre as mais características do bairro, sendo parte do traçado original e dos limites entre o Bairro Serra e o restante da cidade, compondo duas das três portas de entrada para a região pelo bairro formal, ficando a terceira a cargo da Avenida Bandeirantes. Há também a entrada para o bairro através do Bairro São Lucas pela Avenida Mem de Sá, próximo a Rua Alípio Goulart, mas essa tem seus limites baseados na inserção pelo aglomerado. Para área 5, a Rua Alípio Goulart assume o posto de local mais movimentado, com sete menções, seguida pela Rua do Ouro, com cinco, e pela Rua Capivari e Praça Alípio Goulart, com três citações cada. Na área houve também menções de destaque para Rua Estevão Pinto, para o Clube Olímpico e bares, com duas