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Yes!!!!!!! pensava eu, enquanto ia conseguindo nadar!  Sou a maior! Que bom!  E, muito concentrada nos movimentos, quase não pensava em nada.   Lá bem à frente a Zita, sempre com um sorriso nos lábios, ia-me incentivando a chegar até perto dela com as suas mãos e cabeça. E eu continuava! 29/05/2007
De repente, parei porque um turbilhão de lembranças vieram ao meu pensamento, lembranças essas que apesar de extremamente desagradáveis, foram uma das razões que me levaram a aprender a nadar. Tive de parar porque o meu peito pareceu inchar e chorei, bem lá debaixo da água para ninguém ver!
Mesmo que o não tivesse feito, ninguém perceberia pois na água, quem sabe se aquelas gotinhas são de lágrimas ou de água? Mas é aquela mania que eu tenho de nunca chorar à frente de alguém, a menos que a dor seja muito grande e não consiga aguentar. Nunca choro?
Claro que choro e muito, mas evitando sempre que alguém me veja, mesmo que esse alguém sejam os meus filhos, o meu marido ou os amigos mais próximos. Nadei mais um bocadinho até à Zita e ela sorria para mim, como que a me congratular pela vitória de ter conseguido nadar.
Naquele momento senti novamente uma alegria desmedida!  Senti-me incrivelmente feliz e uma vontade imensurável de a abraçar pela força que me transmitiu naquele momento, mas contive-me até porque, apesar de sermos colegas, não tenho ainda a confiança necessária para o fazer. Sorri-lhe e tal como uma criança, saltei, pulei, deixei-me afundar,… sei lá o que me apetecia mais!
Olhei lá para trás para ver a reacção do professor, mas estava ocupado com a Celeste.  Parei a olhar e apeteceu-me abraçar aquele homem que tornou possível o inimaginável!  Ninguém em casa acreditava, e eu muito menos, que um dia iria conseguir nadar.  Na escola e não só, costumava dizer às minhas colegas, à laia da brincadeira mais ou menos isto: Fiz a festa da vitória sozinha!
_  Estou na natação. Conseguir nadar acho que não vou conseguir mas já valeu a pena tê-lo feito porque consegui três vitórias: .  estar bem com a água e brincar com ela; .   sentir os prazeres que ela proporciona; .  que cada   um exibe o rabo que tem. E pronto!
De repente, pensei na aula anterior e fiquei assim um pouco apreensiva pois, mais uma vez, o professor ia chamar-me à atenção por ter ido muito para a frente sem a sua autorização.  Sim porque eu, apesar de cinquentona, tenho muito daquela menina distraída que na maior parte das vezes não ouve o que os outros dizem, ou porque anda na lua, ou então porque lhe dá para fazer o que lhe apetece!
Por isso, muitas vezes faço asneiras e ele não gosta nada!  Eu sei, porque apesar do seu sorriso e simpatia, faz uma careta de desagrado quando nos distraímos ou somos de alguma forma inconvenientes. Toca nadar para trás mais preocupada com os movimentos do que com o sabonete que ia ouvir e aproximei-me dele.
A minha idade já me permite fazer asneiras sem que tenha de ligar aos sabonetes! Entram num ouvido e saem pelo outro, ora essa!  Eheheheheheheh….
Com aquele sorriso bonito que ele tem, fez um gesto de quem gostou da peripécia e mandou continuar. E assim, fui nadando para cá e para lá, frenética e feliz da vida!  Eu não queria parar, apesar do cansaço que sentia!
Saí da piscina, desejando ficar lá mais um pouco para treinar. Mas enfim, nestes lugares chega a hora temos de sair e pronto.  Lá em cima o professor congratulou-me pela peripécia e estendia a mão para me cumprimentar. E eu pensei : Num misto de timidez e nervosismo perguntei-lhe se lhe podia dar um beijo. Então agradeci-lhe e dei-lhe não um mas dois beijos na face! _ A mão? Nada disso!
Tenho no meu coração um cantinho reservado às pessoas que, de alguma forma contribuíram para a minha felicidade.  Ele não sabe mas eu digo que: Você está lá!  Obrigada Filipe! Espero continuar a receber os seus ensinamentos!
A conduzir em direcção a casa eu chorei, cantei, rezei e agradeci a Deus por tudo o que tenho, pelo que sou e pela capacidade que tenho demonstrado de ultrapassar os problemas que me vão surgindo na vida. Porquê toda esta reacção só porque consegui nadar? Vamos lá ver se consigo explicar; Era uma vez…
… uma menina que, tendo vivido a sua infância com os seus avós e tias solteiras, era muito protegida e mimada.  Não saía se não com a família porque a boneca podia partir-se ou alguém a podia roubar.  Não ia à praia porque nessa altura quase ninguém o fazia e se o fizesse não era muito bem vista.
Um dia já uma jovem, sem que ninguém soubesse, comprou um fato-de-banho e lá foi ela para o mar com uma amigas.  Por sorte não morreu. A partir daí, ficou a ter muito medo da água, fosse do mar, da ribeira ou da banheira.  A sério! Durante algum tempo, mesmo no duche, a água a escorrer pelo meu corpo causava-me um certo incómodo.
E banho de imersão então nem se fala! Mas, a pouco e pouco, fui-me libertando desse trauma e tudo se normalizou. No entanto, continuei a ter medo do mar e não era capaz de entrar numa piscina, até há bem pouco tempo! Juntando a todos os medos, havia ainda um enorme complexo; detestava o meu corpo e sentia-me muito desconfortável usando fato de banho. Foi assim até Dezembro  de 2006!
O Natal aproximava-se e tal como todas as famílias eu ia preparando tudo para receber a família e amigos naquela quadra festiva que para mim tem um significado especial. Um dos meus filhos acabou os seus estudos e vivia diariamente connosco desde o mês de Julho anterior. Em Novembro iniciara uma experiência de trabalho no Registo Civil de São Vicente. O João é um rapaz que sempre revelou algumas dificuldades em adaptar-se às pessoas que o rodeiam.
Muito tímido e complexado, passava a maior parte do seu tempo no computador a conversar com os seus amigos virtuais. Como passávamos muito tempo juntos, conversávamos e quase que posso dizer que éramos confidentes um do outro.  Era muito carinhoso comigo e até me apoiava nos trabalhos caseiros se eu precisasse de ajuda. Era Dezembro!
O João comunicou que ia ao Funchal e que iria a casa de uma amiga, a um aniversário.  Lá foi e lá ficou sem nunca dar explicações. Não passou o Natal em casa, não atendia os nossos telefonemas, não sabíamos onde estava, enfim…  Foram momentos muito difíceis!  Entretanto soubemos que estava na casa de uma mulher com quatro filhos e muito mais velha do que ele.
Também que a casa onde estava era e é muito pobre e que aquela família vive com o apoio e vigilância da Segurança Social.  Enfim, que dizer duma situação destas? Quanto mais sabíamos, através de amigos e familiares mais preocupados ficávamos, eu , o meu marido e os meus outros filhos.
Todos em casa sofremos imenso mas eu cheguei a um ponto em que nada fazia sentido para mim e comecei a sentir que estava a caminho de uma depressão nervosa.  Tentando ir contra ela, passei a sair mais vezes ao cinema, ao teatro… mas nada resultava. Piorava de dia para dia.   Deixei de sair e depois do trabalho ficava em casa e dali não saia se não para ir trabalhar.
Vezes de mais desejei partir para outra dimensão, tal era a vergonha e o sentimento de culpa que sentia. Isso deixava-me apavorada! Emagrecia a olhos vistos e sentia-me muito fraca!  Foi então que uma luz se fez e uma força enorme se apossou de mim. Decidi que teria de passar por cima desta situação, consciente de que isso só dependia de mim.  Mudei muitas coisas na minha vida e tenho-o feito para meu bem e não só.
Uma das decisões que tomei foi libertar-me dos medos, complexos e traumas possíveis.  Foi assim que um dia, sem avisar ninguém, fui fazer a minha inscrição na natação e danças de salão, ao Clube Naval.  E foi assim que tudo começou na natação! No primeiro dia lá fui eu muito cedo e nervosa. Toda equipada com o que me foi exigido, não sabendo a quem me dirigir.
Sorte a minha que, quando me estava a preparar nos balneários, a Zita chegou e tudo foi mais fácil.  Chegou a nossa hora e lá fui eu muito incomodada fazer aquela caminhada breve, dos balneários até onde estava o professor.  Sentia-me como uma adolescente, tímida e envergonhada.  Foi difícil este passo que ninguém pode imaginar! Lá estava o professor que depois das apresentações da praxe, quis saber ao que vínhamos, o que sabíamos…
Quando olhei para ele achei que o conhecia de algum lado. Pensei…e nada! Mas também não interessava!  Tinha ali alguém que me ia ajudar e isso era o que interessava. Então lá fomos nós para a piscina e o que me coube fazer? Agarrar-me na piscina, meter a cabeça na água controlando a respiração.  Ai como foi difícil! De tanta força que eu fazia na beira da piscina, as mãos ficaram-me a doer bastante.
Timidamente fui fazendo os exercícios e sentia muita dificuldade em controlar a respiração. Mais calma, fui andando pela piscina dentro, sempre agarrada. A dada altura reparei que o nosso professor estava longe, comecei a ficar enervada e depois entrei em pânico! Senti-me angustiada e tive de sair dali! O meu coração batia descompassado e sentia-me pessimamente! Mais tarde voltei para a água, para continuar, pois estava decidida a ultrapassar aquele medo.
Quando a aula acabou, recebi um grande incentivo do professor.  Mesmo assim, regressei a casa muito indecisa e sem saber bem se iria voltar ou não.  A caminho de casa, não parava de pensar de onde conhecia o meu professor. Teria sido meu aluno?   Às tantas!  Mas não, tem sotaque continental! Ia eu pensando com os meus botões. Dia seguinte!
Durante todo dia estive melancólica e via tudo muito negro. Apeteceu-me não ir à aula pois tinha um sentimento muito forte de que nunca seria capaz de me reconciliar com a água, muito menos ser capaz de nadar. Estava completamente desmotivada e aborrecida com tudo o que se passava à minha volta. No entanto arranjei força para ir e lá fui, assim como quem vai por ir.  Chegou a hora e eis que íamos ter a aula no outro lado da piscina.
Chegou a hora e eis que íamos ter a aula no outro lado da piscina.  Ihhhhh, que confusão que foi na minha cabeça, ter de andar em fato de banho até onde estava o professor!  Respirei fundo e, anda que não és cambada, lá fui meia coberta com a toalha, na companhia das colegas. Fomos recebidas novamente com um sorriso simpático e… SURPRESA!  Lembrei-me logo de onde conhecia o professor.
Um dia, no Verão anterior tinha ido com a minha filha tomar um café, ao Clube Naval.  Lá ficámos algum tempo e quando, já no carro, nos preparávamos para arrancar, o carro não pegou.   Aiii….o costume! Devo ter-me esquecido de desligar os faróis, de certeza!  Zanguei-me comigo. Sim, porque eu zango-me muitas vezes com esta menina que anda sempre na lua!
Enquanto esperávamos surgiu um grupo de rapazes que pararam para conversar, bem perto do meu carro.  Pensámos pedir-lhes ajuda mas, como não os conhecíamos desistimos da ideia.  Sem nada para fazer, tivemos tempo para observar a paisagem que se deparava à nossa frente, o mar, e também aqueles rapazes.  A minha filha dizia-me: _ A mãe está sempre a olhar, eles vão perceber!
_  Ora essa, estão lá a ver-nos aqui, e depois? _ Mas está a ser inconveniente! _ Desde quando olhar é uma inconveniência? Os olhos são para ver, ora essa! _ Está bem, então vá olhando que eu vou comprar um gelado!  Eu ia brincando com ela para disfarçar também o incómodo de estarmos ali sós, dentro do carro sem fazer nada.
Entre esses jovens estava um que me chamou a atenção porque tinha uma face simpática, sempre com um sorriso.  Experimentei de novo o arranque mas, nada!  Não houve alternativa se não chamar o meu marido. Veio prontamente socorrer-nos mas pouco pôde fazer, o carro não tinha mesmo bateria.  Foi então que aqueles rapazes se disponibilizaram para nos ajudar, empurrando o carro.
Pois é, o professor Filipe era um desses rapazes. Bom, mas o segundo dia de aulas foi quase igual ao primeiro com a diferença que não entrei em pânico e consegui controlar melhor a respiração.  Quando acabou a aula achei que afinal já estava mais à vontade na água.  Saí dali com vontade de voltar, o que era bom sinal.  Assim, a pouco e pouco fui aprendendo e fui descobrindo sensações fantásticas!
Elas deixavam-me surpreendida, entusiasmada e maravilhada! Então, eu desligava completamente do que se passava à minha volta para poder saborear ao máximo aquelas sensações espectaculares! Depois de uns dias eu estava mais à vontade na água e divertia-me até.   Ria-me muito e fazia rir as minhas colegas de grupo, sempre que tinha oportunidade de o fazer.
Estou a rir-me por me estar a lembrar-me de algumas loucuras que fiz e disse que nos fizeram rir imenso.  Claro que havia dias em que saia desmotivada mas, quando chegava a hora de voltar, lá ia eu com vontade de aprender mais alguma coisa. Pois é, a certa altura, os dias de natação passaram a ser os melhores da semana e a aula de natação passou a ser a melhor hora do dia.
Foi também nessa altura que a olhos vistos, foi melhorando o meu estado de espírito e fui adquirindo força para me libertar da angústia que se apossara de mim.  Espero que continue a ser assim pois tenho ainda muito que aprender! A Natação foi a cura?
Assim eu pudesse dizer que estou curada mas a verdade é que ainda não consegui libertar-me totalmente das minhas preocupações, dos meus medos.  Que está a ser um grande passo nesse sentido,  lá isso é verdade!  À cura lá chegarei, com o apoio do meu marido, filhos e de todos os que gostam de mim.
Mais importante que esse apoio, é esta luz que continua a me iluminar o caminho para a serenidade e esta força que sinto que me permitirá, com certeza, vencer os obstáculos que se depararão ao longo do meu percurso de vida. ACREDITO DE FACTO, QUE “ESTOU A DAR UM PASSO EM FRENTE NA MINHA CURA”!  (Louise L.Hay)
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Aprendendo a nadar e ultrapassando medos

  • 2. Yes!!!!!!! pensava eu, enquanto ia conseguindo nadar! Sou a maior! Que bom! E, muito concentrada nos movimentos, quase não pensava em nada. Lá bem à frente a Zita, sempre com um sorriso nos lábios, ia-me incentivando a chegar até perto dela com as suas mãos e cabeça. E eu continuava! 29/05/2007
  • 3. De repente, parei porque um turbilhão de lembranças vieram ao meu pensamento, lembranças essas que apesar de extremamente desagradáveis, foram uma das razões que me levaram a aprender a nadar. Tive de parar porque o meu peito pareceu inchar e chorei, bem lá debaixo da água para ninguém ver!
  • 4. Mesmo que o não tivesse feito, ninguém perceberia pois na água, quem sabe se aquelas gotinhas são de lágrimas ou de água? Mas é aquela mania que eu tenho de nunca chorar à frente de alguém, a menos que a dor seja muito grande e não consiga aguentar. Nunca choro?
  • 5. Claro que choro e muito, mas evitando sempre que alguém me veja, mesmo que esse alguém sejam os meus filhos, o meu marido ou os amigos mais próximos. Nadei mais um bocadinho até à Zita e ela sorria para mim, como que a me congratular pela vitória de ter conseguido nadar.
  • 6. Naquele momento senti novamente uma alegria desmedida! Senti-me incrivelmente feliz e uma vontade imensurável de a abraçar pela força que me transmitiu naquele momento, mas contive-me até porque, apesar de sermos colegas, não tenho ainda a confiança necessária para o fazer. Sorri-lhe e tal como uma criança, saltei, pulei, deixei-me afundar,… sei lá o que me apetecia mais!
  • 7. Olhei lá para trás para ver a reacção do professor, mas estava ocupado com a Celeste. Parei a olhar e apeteceu-me abraçar aquele homem que tornou possível o inimaginável! Ninguém em casa acreditava, e eu muito menos, que um dia iria conseguir nadar. Na escola e não só, costumava dizer às minhas colegas, à laia da brincadeira mais ou menos isto: Fiz a festa da vitória sozinha!
  • 8. _ Estou na natação. Conseguir nadar acho que não vou conseguir mas já valeu a pena tê-lo feito porque consegui três vitórias: . estar bem com a água e brincar com ela; . sentir os prazeres que ela proporciona; . que cada um exibe o rabo que tem. E pronto!
  • 9. De repente, pensei na aula anterior e fiquei assim um pouco apreensiva pois, mais uma vez, o professor ia chamar-me à atenção por ter ido muito para a frente sem a sua autorização. Sim porque eu, apesar de cinquentona, tenho muito daquela menina distraída que na maior parte das vezes não ouve o que os outros dizem, ou porque anda na lua, ou então porque lhe dá para fazer o que lhe apetece!
  • 10. Por isso, muitas vezes faço asneiras e ele não gosta nada! Eu sei, porque apesar do seu sorriso e simpatia, faz uma careta de desagrado quando nos distraímos ou somos de alguma forma inconvenientes. Toca nadar para trás mais preocupada com os movimentos do que com o sabonete que ia ouvir e aproximei-me dele.
  • 11. A minha idade já me permite fazer asneiras sem que tenha de ligar aos sabonetes! Entram num ouvido e saem pelo outro, ora essa! Eheheheheheheh….
  • 12. Com aquele sorriso bonito que ele tem, fez um gesto de quem gostou da peripécia e mandou continuar. E assim, fui nadando para cá e para lá, frenética e feliz da vida! Eu não queria parar, apesar do cansaço que sentia!
  • 13. Saí da piscina, desejando ficar lá mais um pouco para treinar. Mas enfim, nestes lugares chega a hora temos de sair e pronto. Lá em cima o professor congratulou-me pela peripécia e estendia a mão para me cumprimentar. E eu pensei : Num misto de timidez e nervosismo perguntei-lhe se lhe podia dar um beijo. Então agradeci-lhe e dei-lhe não um mas dois beijos na face! _ A mão? Nada disso!
  • 14. Tenho no meu coração um cantinho reservado às pessoas que, de alguma forma contribuíram para a minha felicidade. Ele não sabe mas eu digo que: Você está lá! Obrigada Filipe! Espero continuar a receber os seus ensinamentos!
  • 15. A conduzir em direcção a casa eu chorei, cantei, rezei e agradeci a Deus por tudo o que tenho, pelo que sou e pela capacidade que tenho demonstrado de ultrapassar os problemas que me vão surgindo na vida. Porquê toda esta reacção só porque consegui nadar? Vamos lá ver se consigo explicar; Era uma vez…
  • 16. … uma menina que, tendo vivido a sua infância com os seus avós e tias solteiras, era muito protegida e mimada. Não saía se não com a família porque a boneca podia partir-se ou alguém a podia roubar. Não ia à praia porque nessa altura quase ninguém o fazia e se o fizesse não era muito bem vista.
  • 17. Um dia já uma jovem, sem que ninguém soubesse, comprou um fato-de-banho e lá foi ela para o mar com uma amigas. Por sorte não morreu. A partir daí, ficou a ter muito medo da água, fosse do mar, da ribeira ou da banheira. A sério! Durante algum tempo, mesmo no duche, a água a escorrer pelo meu corpo causava-me um certo incómodo.
  • 18. E banho de imersão então nem se fala! Mas, a pouco e pouco, fui-me libertando desse trauma e tudo se normalizou. No entanto, continuei a ter medo do mar e não era capaz de entrar numa piscina, até há bem pouco tempo! Juntando a todos os medos, havia ainda um enorme complexo; detestava o meu corpo e sentia-me muito desconfortável usando fato de banho. Foi assim até Dezembro de 2006!
  • 19. O Natal aproximava-se e tal como todas as famílias eu ia preparando tudo para receber a família e amigos naquela quadra festiva que para mim tem um significado especial. Um dos meus filhos acabou os seus estudos e vivia diariamente connosco desde o mês de Julho anterior. Em Novembro iniciara uma experiência de trabalho no Registo Civil de São Vicente. O João é um rapaz que sempre revelou algumas dificuldades em adaptar-se às pessoas que o rodeiam.
  • 20. Muito tímido e complexado, passava a maior parte do seu tempo no computador a conversar com os seus amigos virtuais. Como passávamos muito tempo juntos, conversávamos e quase que posso dizer que éramos confidentes um do outro. Era muito carinhoso comigo e até me apoiava nos trabalhos caseiros se eu precisasse de ajuda. Era Dezembro!
  • 21. O João comunicou que ia ao Funchal e que iria a casa de uma amiga, a um aniversário. Lá foi e lá ficou sem nunca dar explicações. Não passou o Natal em casa, não atendia os nossos telefonemas, não sabíamos onde estava, enfim… Foram momentos muito difíceis! Entretanto soubemos que estava na casa de uma mulher com quatro filhos e muito mais velha do que ele.
  • 22. Também que a casa onde estava era e é muito pobre e que aquela família vive com o apoio e vigilância da Segurança Social. Enfim, que dizer duma situação destas? Quanto mais sabíamos, através de amigos e familiares mais preocupados ficávamos, eu , o meu marido e os meus outros filhos.
  • 23. Todos em casa sofremos imenso mas eu cheguei a um ponto em que nada fazia sentido para mim e comecei a sentir que estava a caminho de uma depressão nervosa. Tentando ir contra ela, passei a sair mais vezes ao cinema, ao teatro… mas nada resultava. Piorava de dia para dia. Deixei de sair e depois do trabalho ficava em casa e dali não saia se não para ir trabalhar.
  • 24. Vezes de mais desejei partir para outra dimensão, tal era a vergonha e o sentimento de culpa que sentia. Isso deixava-me apavorada! Emagrecia a olhos vistos e sentia-me muito fraca! Foi então que uma luz se fez e uma força enorme se apossou de mim. Decidi que teria de passar por cima desta situação, consciente de que isso só dependia de mim. Mudei muitas coisas na minha vida e tenho-o feito para meu bem e não só.
  • 25. Uma das decisões que tomei foi libertar-me dos medos, complexos e traumas possíveis. Foi assim que um dia, sem avisar ninguém, fui fazer a minha inscrição na natação e danças de salão, ao Clube Naval. E foi assim que tudo começou na natação! No primeiro dia lá fui eu muito cedo e nervosa. Toda equipada com o que me foi exigido, não sabendo a quem me dirigir.
  • 26. Sorte a minha que, quando me estava a preparar nos balneários, a Zita chegou e tudo foi mais fácil. Chegou a nossa hora e lá fui eu muito incomodada fazer aquela caminhada breve, dos balneários até onde estava o professor. Sentia-me como uma adolescente, tímida e envergonhada. Foi difícil este passo que ninguém pode imaginar! Lá estava o professor que depois das apresentações da praxe, quis saber ao que vínhamos, o que sabíamos…
  • 27. Quando olhei para ele achei que o conhecia de algum lado. Pensei…e nada! Mas também não interessava! Tinha ali alguém que me ia ajudar e isso era o que interessava. Então lá fomos nós para a piscina e o que me coube fazer? Agarrar-me na piscina, meter a cabeça na água controlando a respiração. Ai como foi difícil! De tanta força que eu fazia na beira da piscina, as mãos ficaram-me a doer bastante.
  • 28. Timidamente fui fazendo os exercícios e sentia muita dificuldade em controlar a respiração. Mais calma, fui andando pela piscina dentro, sempre agarrada. A dada altura reparei que o nosso professor estava longe, comecei a ficar enervada e depois entrei em pânico! Senti-me angustiada e tive de sair dali! O meu coração batia descompassado e sentia-me pessimamente! Mais tarde voltei para a água, para continuar, pois estava decidida a ultrapassar aquele medo.
  • 29. Quando a aula acabou, recebi um grande incentivo do professor. Mesmo assim, regressei a casa muito indecisa e sem saber bem se iria voltar ou não. A caminho de casa, não parava de pensar de onde conhecia o meu professor. Teria sido meu aluno? Às tantas! Mas não, tem sotaque continental! Ia eu pensando com os meus botões. Dia seguinte!
  • 30. Durante todo dia estive melancólica e via tudo muito negro. Apeteceu-me não ir à aula pois tinha um sentimento muito forte de que nunca seria capaz de me reconciliar com a água, muito menos ser capaz de nadar. Estava completamente desmotivada e aborrecida com tudo o que se passava à minha volta. No entanto arranjei força para ir e lá fui, assim como quem vai por ir. Chegou a hora e eis que íamos ter a aula no outro lado da piscina.
  • 31. Chegou a hora e eis que íamos ter a aula no outro lado da piscina. Ihhhhh, que confusão que foi na minha cabeça, ter de andar em fato de banho até onde estava o professor! Respirei fundo e, anda que não és cambada, lá fui meia coberta com a toalha, na companhia das colegas. Fomos recebidas novamente com um sorriso simpático e… SURPRESA! Lembrei-me logo de onde conhecia o professor.
  • 32. Um dia, no Verão anterior tinha ido com a minha filha tomar um café, ao Clube Naval. Lá ficámos algum tempo e quando, já no carro, nos preparávamos para arrancar, o carro não pegou. Aiii….o costume! Devo ter-me esquecido de desligar os faróis, de certeza! Zanguei-me comigo. Sim, porque eu zango-me muitas vezes com esta menina que anda sempre na lua!
  • 33. Enquanto esperávamos surgiu um grupo de rapazes que pararam para conversar, bem perto do meu carro. Pensámos pedir-lhes ajuda mas, como não os conhecíamos desistimos da ideia. Sem nada para fazer, tivemos tempo para observar a paisagem que se deparava à nossa frente, o mar, e também aqueles rapazes. A minha filha dizia-me: _ A mãe está sempre a olhar, eles vão perceber!
  • 34. _ Ora essa, estão lá a ver-nos aqui, e depois? _ Mas está a ser inconveniente! _ Desde quando olhar é uma inconveniência? Os olhos são para ver, ora essa! _ Está bem, então vá olhando que eu vou comprar um gelado! Eu ia brincando com ela para disfarçar também o incómodo de estarmos ali sós, dentro do carro sem fazer nada.
  • 35. Entre esses jovens estava um que me chamou a atenção porque tinha uma face simpática, sempre com um sorriso. Experimentei de novo o arranque mas, nada! Não houve alternativa se não chamar o meu marido. Veio prontamente socorrer-nos mas pouco pôde fazer, o carro não tinha mesmo bateria. Foi então que aqueles rapazes se disponibilizaram para nos ajudar, empurrando o carro.
  • 36. Pois é, o professor Filipe era um desses rapazes. Bom, mas o segundo dia de aulas foi quase igual ao primeiro com a diferença que não entrei em pânico e consegui controlar melhor a respiração. Quando acabou a aula achei que afinal já estava mais à vontade na água. Saí dali com vontade de voltar, o que era bom sinal. Assim, a pouco e pouco fui aprendendo e fui descobrindo sensações fantásticas!
  • 37. Elas deixavam-me surpreendida, entusiasmada e maravilhada! Então, eu desligava completamente do que se passava à minha volta para poder saborear ao máximo aquelas sensações espectaculares! Depois de uns dias eu estava mais à vontade na água e divertia-me até. Ria-me muito e fazia rir as minhas colegas de grupo, sempre que tinha oportunidade de o fazer.
  • 38. Estou a rir-me por me estar a lembrar-me de algumas loucuras que fiz e disse que nos fizeram rir imenso. Claro que havia dias em que saia desmotivada mas, quando chegava a hora de voltar, lá ia eu com vontade de aprender mais alguma coisa. Pois é, a certa altura, os dias de natação passaram a ser os melhores da semana e a aula de natação passou a ser a melhor hora do dia.
  • 39. Foi também nessa altura que a olhos vistos, foi melhorando o meu estado de espírito e fui adquirindo força para me libertar da angústia que se apossara de mim. Espero que continue a ser assim pois tenho ainda muito que aprender! A Natação foi a cura?
  • 40. Assim eu pudesse dizer que estou curada mas a verdade é que ainda não consegui libertar-me totalmente das minhas preocupações, dos meus medos. Que está a ser um grande passo nesse sentido, lá isso é verdade! À cura lá chegarei, com o apoio do meu marido, filhos e de todos os que gostam de mim.
  • 41. Mais importante que esse apoio, é esta luz que continua a me iluminar o caminho para a serenidade e esta força que sinto que me permitirá, com certeza, vencer os obstáculos que se depararão ao longo do meu percurso de vida. ACREDITO DE FACTO, QUE “ESTOU A DAR UM PASSO EM FRENTE NA MINHA CURA”! (Louise L.Hay)
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