Fotografia Ensaio 40

FOTOGRAFIA
ANALÓGICA (FAN)
Prof.ª MSc. Fernanda Pozza
Aula 06
Ensaio Fotográﬁco

FAN - Fotografia analógica Prof.a Fernanda Pozza
Ensaio fotográfico
O conceito de ensaio vem da filosofia.
O primeiro a desenvolver o formato em
tempos modernos foi o filósofo francês
Michel de Montaigne (1533-1592).
Em seus Ensaios, ele criou uma forma
mais solta de escrever, dispensando o
rigor dos tratados filosóficos por uma
estrutura de pensamento baseada em
livres associações.

De acordo com a deﬁnição do Dicionário Aurélio:
Ensaio. [Do lat.Tardio Exagiu.] S.m. 1. Prova, experiência: O novo avião
falhou logo no ensaio. 2. Exame, estudo: tubo de ensaio. 3.Tentativa,
experiência: Fez um ensaio de falar, mas não pôde. 4.Treino,
treinamento: Hoje há ensaio de jogadores; Os artistas submetem-se a
muitos ensaios. [Sin. (p. us.), nessa acepç.: ensaiamento.] 5.Teat.
Treinamento das falas e marcações dos atores para seus papéis, e/ou
repetição dos movimentos cenográﬁcos, de iluminação, de sonoplastia,
etc., objetivando a unidade, o aprimoramento e a perfeita execução
da montagem. Ensaio2. [Do fr. essai] S. ƒ. Liter. Estudo sobre
determinado assunto, porém menos aprofundado e/ou menor que um
tratado formal acabado.

Na fotograﬁa, o Ensaio Fotográﬁco consolidou-se por meio de
uma série de publicações entre as décadas de 20 e 30, na Europa
e Estados Unidos.
Munchener Illustrierte PresseVu

A revista americanda Life contribuiu enormemente para este gênero, sendo uma das mais
fortes editoras dos trabalhos ensaísticos de seus fotógrafos, sobre os mais variados temas.

Na revista Life destacou-se Eugene Smith que se
tornou o mestre dos ensaios. Suas fotograﬁas
possuíam caráter extremamente humanista, com
temas sociais profundos e muita emoção.
Smith pensou sempre os detalhes do seu trabalho,
vendo como fator indispensável a boa disposição
das suas imagens sobre o suporte explorado.Viu
nos detalhes minuciosos a diferença entre um bom
trabalho e um trabalho inesquecível.

O ensaio fotográﬁco é, por deﬁnição, uma narrativa
contada por imagens que apresentam unidade, sem
que sejam redundantes. Cada foto traz uma nova pose
ou revela nova nuance.

De acordo com Hoffer (1983):
“[...] seu impacto depende não só de imagens individualmente
fortes, mas também da inter-relação entre estas imagens. [...] O
formato pode assumir várias formas e tamanhos – de uma
matéria em revista, de poucas páginas, a um livro bem maior,
envolvendo talvez uma centena de imagens ou mais. Os temas
também podem variar [...]. Uma qualidade que todos os ensaios
têm é sua independência pictórica (estética)”.

É através do ensaio que o fotógrafo pode expressar:
. sua visão sobre determinado tema;
. a singularidade que seu ponto de vista permite ao trabalho.
Ao mergulhar em um ensaio o autor se vê inserido em um
processo que exige muito mais que a captura de imagens.

O principal critério para avaliar a qualidade de um
ensaio fotográﬁco é a unidade obtida entre as
imagens.
Há três tipos de unidade que podem guiar fotógrafos
em busca de ensaios coerentes:
. temática
. formal
. conceitual.

A unidade temática é a mais fácil de obter.
Ela diz respeito ao tema escolhido para o ensaio.
Pode ser um lugar, uma manifestação cultural ou
religiosa ou até mesmo algo mais subjetivo, como a
solidão ou a loucura.
> Unidades temáticas

Uma estratégia interessante para editar um ensaio
baseado em unidade temática é a busca de contar
uma história, seja de forma sequencial e cronológica
ou não.
Seguindo uma lógica narrativa, cada foto deve trazer
novos aspectos sobre o tema, mantendo uma ligação
com a foto anterior, mas sem criar redundâncias.

A unidade formal é obtida, em parte, pela escolha dos
recursos técnicos.
Cada tipo de ensaio ganha uma leitura especíﬁca
dependendo do equipamento utilizado e do
tratamento realizado posteriormente.
Ensaios baseados em uma unidade formal se
sustentam em padrões de diferença e repetição. A
unidade formal se confunde com o estilo, algo duro de
ser conquistado, que demanda anos de prática e
maturação

A unidade conceitual é a mais difícil de se obter e de
entender. O “instante decisivo”, conceito desenvolvido
por Henri Cartier-Bresson ao longo de sua trajetória
fotográﬁca, é uma das formas mais conhecidas de
unidade conceitual.

Os três tipos de unidade citados podem ocorrer de
forma separada ou concomitante, em um mesmo
ensaio fotográﬁco.
Diferentes ensaios também podem guardar relações
entre si, seja de um mesmo fotógrafo ou de fotógrafos
diferentes.

Prêmio PierreVerger. Autor:André Hauck - “Desvios”

Prêmio Conrado Wessel.Autor: Gustavo Lacerda “Albinos”

Premio Porto Seguro 2012
Autora: Natalie Laufer Salazar

Prêmio Leica Fotografe 2009.Autor: Daniel Marenco

Premio Leica Fotografe 2009.Autor: Daniel Marenco

Um dos passo mais importantes na concepção de um
ensaio é a busca por referências.
Sem saber o que já foi feito, não é possível criar algo
novo, a não ser por acaso.
> O processo ensaístico

As referências não precisam e não devem se limitar ao
campo da fotografia. Podem expandir-se para outros
campos da arte, como a literatura e o cinema. Ou
ainda, vir de fontes externas como a filosofia, ciências
exatas ou biológicas.

Para a busca de inspiração:
Agência Magnum (magnumphotos.com)
Fundação World Press Photo (worldpressphoto.org)

Referências
FERREIRA,Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Aurélio. 3.ed. Rio de
Janeiro: Nova Fronteira, 1999.
HOFFER, Mary Jane. Technical and aesthetic developments of the photo-essay.
NewYork, Columbia University, 1983.
http://www.fotografemelhor.com.br

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