Este documento descreve a história e situação atual dos países Bálticos da Letônia, Estônia e Lituânia. Ao longo dos séculos, esses pequenos países estiveram sob o domínio de diferentes potências europeias até ganharem independência após a Primeira Guerra Mundial. No entanto, acabaram sob controle soviético de 1945 a 1991. Atualmente, depois de se separarem da URSS, esses países desfrutam de forte crescimento econômico e são considerados promissores membros da União Europeia.
1. De satélites soviéticos a “tigres” da Europa
Além desses três países o Mar Báltico banha também os litorais da Finlândia,
Suécia, Alemanha, Polônia, Rússia e Dinamarca. Este último país, juntamente com
a Suécia, tem o controle sobre os estreitos que ligam o Báltico ao Mar do Norte. Ao
longo dos últimos séculos a Suécia, a Polônia, a Alemanha e a Rússia foram
responsáveis pelas turbulências políticas que atingiram os três países região.
Letônia, Estônia e Lituânia possuem reduzida dimensão, perfazendo juntas cerca
175 mil km2, superfície um pouco inferior ao estado do Paraná. A Lituânia é a mais
extensa e a Estônia a de menor área. O total de habitantes dos três países é de
cerca de 7,5 milhões de pessoas (mais ou menos a população de Pernambuco),
sendo também a Lituânia o mais populoso dos Estados. Vale destacar que as
populações dos três países embora tenham sofrido influência dos países próximos
mais fortes, apresentam expressivas diferenças culturais em relação às sociedades
germânicas, eslavas e escandinavas presentes nos países vizinhos.
Apesar das semelhanças, existem algumas diferenças entre os três países no que
concerne aos aspectos etno-culturais. Os estonianos, por exemplo, estão ligados ao
grupo de línguas e povo fino-ugrianos, enquanto letões e lituanos fazem parte do
grupo báltico, no seio da família etnicamente eslava. Sob o aspecto religioso, os
lituanos são majoritariamente católicos (influência polonesa) enquanto letões e
estonianos são dominantemente protestantes.
Pequenos e fracos, os Países Bálticos estiveram sob o jugo sucessivo de
dinamarqueses, suecos, poloneses e alemães e, a partir do século XVIII, passaram
para o domínio do Império Russo. Só ao final da Primeira Guerra Mundial, com o
fim do império dos czares, é que os povos das três repúblicas bálticas obtiveram
sua soberania, tornando-se independentes.
No entanto, a independência teve curta duração. O Pacto Germano-Soviético
(Molotov-Ribbentrop) firmado entre a Alemanha nazista e a União Soviética em
1939 fez com que os países Bálticos passassem para o controle soviético. Dois anos
mais tarde, com a invasão da Alemanha nazista, os povos bálticos foram
“libertados” do domínio soviético.
Entre 1944 e 1945, devido ao recuo das forças nazistas por conta do avanço das
tropas soviéticas, a URSS retomou o controle sobre a região, cuja população sofreu
fortes represálias, acusada de colaboracionismo com os alemães. Foi a partir dessa
retomada que o governo soviético estimulou a imigração de russos para a região. É
isso que explica a importância numérica de minorias de origem russa nos três
países. Na Estônia e na Letônia, os russófonos são cerca de 30% da população,
enquanto na Lituânia eles perfazem um pouco menos de 10%.
A partir de 1945, os países Bálticos passaram a ser três das quinze repúblicas que
compunham a URSS. Esta situação se perpetuou até o final da década de 1980,
quando os três países evoluíram em direção à independência em função da crise
que levou à desintegração da URSS. A Lituânia foi a primeira república a se separar
da URSS, em março de 1990. Em agosto de 1991, o mesmo se verificou com a
Estônia e Letônia. Os países Bálticos foram as únicas das 15 repúblicas que
compunham a União Soviética que decidiram não participar da Comunidade de
Estados Independentes (CEI).
Novos rumos
Depois da independência, a evolução dos países Bálticos tem sido mais ou menos
similar, tendo todos eles acumulado uma série de sucessos, especialmente no
âmbito econômico, a ponto de serem considerados como os mais promissores dos
2. novos membros da União Européia.
Os três países, nos primeiros anos de sua vida independente, passaram por
grandes dificuldades econômicas em função do fechamento dos grandes
conglomerados estatais russos, da perda de mercado em relação aos países da
Comunidade de Estados Independentes (CEI) e da supressão do controle de preços.
O resultado foi uma grande baixa da produção e crescimento expressivo das taxas
de inflação. A economia só começou a se recuperar após1994 e a crescer de forma
acelerada a partir de 2000.
Depois disso, a perspectiva de serem aceitos como membros da União Européia
levou a um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da ordem de 7 a 8% nos
últimos anos. Esse crescimento recente do PIB dos países Bálticos é o maior que
vem se registrando em toda a Europa. Do ponto de vista do comércio externo,
União Européia é a principal cliente e fornecedora de produtos, perfazendo cerca de
2/3 do intercâmbio comercial dos países Bálticos.
Em função dos ritmos de “chineses” de crescimento econômico dos últimos anos, já
há aqueles que, comparando a evolução econômica dos países Bálticos a dos Tigres
Asiáticos, vêm denominando-os de “tigres” da Europa.